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EXCELENTÍSSIMO(A). SR.(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 7ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CHAPECÓ, SANTA CATARINA. Processo n°. 000018-18-2018.8.24.0018 TH SACADAS, pessoa jurídica de direito privado, com endereço na cidade de Chapecó, Santa Catarina, representada por seu advogado Dr. Cássio Burtet OAB: 0318-SC, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar a presente contestação aos termos da ação indemnizatória proposta por MARIA SALETE, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas: I. PRELIMINARMENTE A presente ação deve ser julgada extinta, sem resolução do mérito, por inépcia da inicial, uma vez que a autora não apresentou os fatos e fundamentos jurídicos que embasam seus pedidos, e também não especificou o valor atribuído a cada um deles, o que contraria o disposto no art. 319, inciso II, e art. 336, inciso III, ambos do CPC. Pode-se observar que a altora não apresentou quaisquer documentos que comprovem a alegação de danos morais, bem como não comprovou a incapacidade para o trabalho. Ademais, a mesma não apresentou nenhuma prova que indique que a empresa TH SACADAS é responsável pelo acidente. Assim, a autora carece de interesse de agir, pois não existe nenhuma controvérsia entre as partes que necessite ser resolvida pelo Poder Judiciário. II. DA AUTENTICIDADE DOS FATOS A requerente contratou os serviços da requerida para que esta instalasse em seu apartamento guarda-corpo de vidro, em razão de ter uma criança de cinco anos de idade. O funcionário da ré orientou a consumidora que não deveria apoiar-se no guarda-corpo, sendo necessário um ínterim de 48 horas para fixação do material. Ademais, o local foi isolado na tentativa de evitar um acidente. Ocorre que, infelizmente, a Autora não observou as recomendações, ou seja, apoiou-se no guarda-corpo e, por conseguinte, caiu do 2º andar. III. DO MÉRITO Defende-se não se tratar, na hipótese, de relação de consumo. 1. Excludente da responsabilidade civil De todo modo, ainda que fosse a situação abordada pela legislação consumerista, o mesmíssimo destino tomaria o resultado da querela, ou seja, a improcedência do pedido indemnizatório. Com respeito à responsabilidade civil do prestador de serviço, vale conferir a dicção contida no Código de Defesa do Consumidor: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. [ ... ] § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Exposto isso, nada mais lógico afirmar-se que inexiste culpa àquele que, nada obstante participe da cadeia de consumo como fornecedor de produto ou serviços, não tenha minimamente dado azo ao resultado danoso do evento. Em outras palavras, não compõe o nexo de causalidade. Como afirmado alhures, a própria parte Autora, ao não tomar os cuidados expostos em contrato de prestação de serviço e também explanação realizada pelo técnico, trouxe para si a responsabilidade das consequências que esse ato traria (no caso da queda). De mais a mais, não se descure que entre as partes, sequer implicitamente, fora formalizado qualquer acerto contratual de responsabilidade, afastando assim o aplicado no artigo 12 do CDC. A orientação da jurisprudência já está firmada nesse mesmo: COMPRA E VENDA. VEÍCULO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. NEGOCIAÇÃO PELA INTERNET. FRAUDE COMETIDA POR ESTELIONATÁRIOS. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO SITE DE ANÚNCIOS MERCADO LIVRE, BEM COMO DA CORRÉ MORAES & MORAES, QUE TAMBÉM FOI VÍTIMA DE FRAUDE. INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. INCIDÊNCIA DO ART. 14, § 3º, II DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA CONFIRMADA POR SEUS FUNDAMENTOS. ART. 252 DO RITJSP. PRECEDENTES DESTA COLENDA CORTE EM CASOS SEMELHANTES. RECURSO NÃO PROVIDO. Não trazendo o apelante fundamentos suficientes a modificar a sentença de primeiro grau, que afastou a responsabilidade das rés por culpa exclusiva do autor diante da ausência de cautela na formalização do negócio, de rigor a manutenção integral da sentença, cujos fundamentos se adotam como razão de decidir na forma do art. 252 do Regimento Interno deste Tribunal. [ ... ] IV. AUSÊNCIA DE DANO MORAL Sabe-se que a indenização, decorrente de experiência danosa extrapatrimonial, encontra suporte no art. 5º, X, da Constituição Federal. Além disso, igualmente à luz dos ditames dos arts. 186 e 927, combinados, um e outro do Código Civil Brasileiro, bem assim sob a égide do art. 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor. Com efeito, a situação fática, descrita na inicial, nem de longe representa qualquer forma de dano ao Autor. A queda, sem a observação das orientações, sem qualquer valor de estima e afeição, é incapaz de considerar ato ilícito capaz de ensejar um dano à moral desse. Acrescente-se que não há qualquer prova mínima de ofensa efetiva à honra, à moral ou imagem da parte prejudicada, como in casu. Os danos ventilados pela Autora não passam de conjecturas. Não fosse isso o suficiente, afirma-se que a dor moral, decorrente da ofensa aos direitos da personalidade, conquanto subjetiva, deve ser diferenciada do mero aborrecimento. Isso qualquer um está sujeito a suportar. Nesse compasso, o dever de indenizar por dano moral reclama um ato ilícito capaz de imputar um sofrimento físico ou espiritual, impingindo tristezas, preocupações, angústias ou humilhações. É dizer, o abalo moral há de ser de tal monta que adentre na proteção jurídica e, por isso, necessária cabal prova de acontecimentos específicos e de sua intensidade. Dessarte, os transtornos, levantados pela Autora, não passam de meros aborrecimentos. E esses, bem como quaisquer chateações do dia a dia, desavenças ou inadimplemento negocial, são fatos corriqueiros e não podem ensejar indenização por danos morais. Afinal, faz parte da vida cotidiana, com seus incômodos normais. Com efeito, para que se possa falar em dano moral, é preciso que a pessoa seja atingida em sua honra, sua reputação, sua personalidade, seu sentimento de dignidade, passe por dor, humilhação, constrangimentos, tenha os seus sentimentos violados. Em nada disso se apoia a peça vestibular. É de se concluir, assim, que o fato narrado não teve maiores consequências e não passou de precaução no cotidiano de qualquer um, não sendo apto a causar constrangimento e dor ao Autor. Por via de consequência, improcedente o pedido de indenização sob o enfoque de dano moral. 3. A empresa TH SACADAS cumpriu com todas as obrigações contratuais e de segurança necessárias para a realização do serviço de instalação do guarda-corpo de vidro, conforme previsto no Código Civil (art. 186 e 927) e no Código de Defesa do Consumidor (art. 14 e 17). 4. A empresa TH SACADAS coletou a assinatura da autora no momento da instalação, com as orientações sobre o processo de secagem do vidro, que deveria ser respeitado o prazo de 48 horas. A autora, no entanto, não respeitou o prazo de secagem recomendado, utilizou o guarda-corpo antes do tempo adequado e, consequentemente, houve o rompimento do vidro, acarretando sua queda. 5. O laudo médico atestou que a autora está apta para exercer as atividades laborativas habituais, o que afasta o pedido de pensão mensal vitalícia e lucros cessantes. 6. A autora não efetuou o pagamento da última parcela do serviço, e, por essa razão, a empresa TH SACADAS inseriu seu nome nos órgãos de proteçãoao crédito de forma correta, haja vista a ausência de pagamento. 7. Não há qualquer indício de que a empresa TH SACADAS tenha agido com negligência ou imperícia na instalação do guarda-corpo de vidro, sendo certo que a autora assumiu os riscos ao não respeitar o prazo acordado em contrato, para a prevenção de incidentes. V. DO INDENIZATÓRIO No entanto, o pedido indenizatório fere os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. É dizer, ocorre o vedado enriquecimento sem justa causa, quando almeja condenação no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) a título da inscrição de seu nome no órgão de proteção ao crédito e R$100.000,000 (Cem mil reais) a título de indenização pela queda sofrida. (CC, art. 884). Impende asseverar que o Código Civil estabeleceu regra clara: aquele que for condenado a reparar um dano, deverá fazê-lo de sorte que a situação patrimonial e pessoal do lesado seja recomposta ao estado anterior (CC, art. 944). Assim, o montante da indenização não pode ser inferior ao prejuízo. Há de ser integral, portanto. Não se pode olvidar, certamente, que o problema da quantificação do valor econômico, a ser reposto ao ofendido, tem motivado intermináveis polêmicas e debates. Até agora, não há pacificação a respeito. De qualquer forma, doutrina e jurisprudência são pacíficas no sentido de que a fixação deve suceder com prudente arbítrio. VI. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer a Vossa Excelência: A- A improcedência dos pedidos formulados pela parte autora, julgando-se totalmente improcedente a demanda indenizatória por danos morais e materiais, uma vez que a empresa TH SACADAS cumpriu com todas as obrigações decorrentes do contrato firmado com a parte autora, sendo que a culpa exclusiva pelo ocorrido foi da própria autora ao não respeitar o prazo de secagem recomendado pela empresa; B- A condenação da parte autora ao pagamento dos valores devidos pelo serviço contratado, referente à última parcela não paga, bem como a restituição das despesas suportadas pela empresa em virtude da inscrição indevida do nome da empresa no cadastro de proteção ao crédito; C- A condenação da parte autora ao pagamento das custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 85, § 2º, do CPC. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente através da oitiva de testemunhas, perícias, juntada de documentos e demais provas que se fizerem necessárias. Dá-se à causa o valor de R$120.000,00 para fins de alçada. Termos em que pede deferimento. Chapecó, 13 de abril de 2023 CÁSSIO BURTET OAB. 0318-SC
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