Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ㅤPatologia Aplicadaㅤ Capítulo 11 - Vasos Sanguíneos Uma das principais causas de morbidade e mortalidade. Intencionalidades: 1. Doença Cardiovascular Hipertensiva 2. Arteriosclerose e aterosclerose 3. Eventos trombolíticos Dois mecanismos básicos: a. Estreitamento (estenose) (aterosclerose) ou obstrução (trombose ou embolia) i. Súbita? ii. Progressiva? iii. Impacta na clínica b. Enfraquecimento da parede i. Dilatação ii. Ruptura Doença Hipertensiva Hipotensão: perfusão inadequada dos órgãos e pode levar à disfunção ou à morte tecidual; Hipertensão: danos aos órgãos-alvo e é um dos maiores fatores de risco para aterosclerose; Tanto a pressão sistólica quanto a diastólica são importantes na determinação do risco; Resistência vascular periférica aumentada. Complicações: IAM, Insuficiência Cardíaca, acidentes vasculares encefálicos trombóticos e hemorrágicos. Hipertensão secundária: resultante de uma outra doença (ex: renal ou supra renal subjacente; 90 a 95% da hipertensão é idiopática, sendo a hipertensão essencial; Rins e coração contêm sensores de alteração de volume e pressão; Rins: in�luenciam a resistência periférica e a excreção/retenção de sódio primariamente através do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Renina: é uma enzima proteolítica produzida pelas células justaglomerulares renais, células mioepiteliais que envolvem as arteríolas aferentes glomerulares. ● É liberada em resposta à baixa pressão arterial. ● Renina cliva angiotensinogênio em angiotensina I, que por sua vez é convertida em angiotensina II pela ECA (enzima conversora de angiotensina), produzida pelo endotélio vascular. ● Angiotensina II aumenta a pressão arterial por induzir a contração vascular, estimular a secreção de aldosterona pela supra renal e aumentar a reabsorção de sódio. ● A taxa de filtração glomerular está associada à quantidade de sódio reabsorvido pelos rins. Por isso, tem relação indireta com a pressão arterial. Patogenia da Hipertensão Mecanismos: ● Genéticos; ● Redução da excreção de sódio: pode levar sequencialmente a um aumento no volume de líquido, aumento do débito e à vasoconstrição periférica, elevando a pressão. ● Fatores ambientais: estresse, obesidade, tabagismo, inatividade física, consumo de sal, etc. Patologia vascular da hipertensão: causa alterações degenerativas nas paredes das grandes e médias artérias, o que pode levar à dissecção da aorta e à hemorragia cerebrovascular; I. Multifatorial e genéticos II. Silenciosa III. Complicações graves IV. Mecanismo desconhecido V. PA é regulada pelo débito cardíaco (volume sanguíneo, sódio) e a resistência vascular periférica (arteríolas, fatores endócrinos, fatores neurais); VI. (idade, gênero, IMC, dieta - sódio) VII. Papel do rim: sistema renina-angiotensina-aldosterona. Taxa de filtração glomerular, reabsorção de sódio, fatores natriuréticos. Aterosclerose: Arteriosclerose x Aterosclerose: Arteriosclerose significa: endurecimento das artérias. Aterosclerose: tipo de endurecimento por ateroma. Lesão da camada íntima, com protrusão para a luz dos vasos; I. Placa de ateroma: lesão elevada com centro mole e grumoso de lipídeos, coberta por uma capa fibrosa. II. O principal componente do colesterol sérico associado com um fator de risco é a lipoproteína de baixa densidade do colesterol (LDL) (“colesterol ruim”). LDL é o complexo que entrega colesterol nos tecidos periféricos; ao contrário, a lipoproteína de alta densidade (HDL) é um complexo que mobiliza o colesterol da periferia (incluindo ateromas) e o transporta até o fígado, para excreção biliar. Consequentemente, níveis mais altos de HDL (“colesterol bom”) se correlacionam com redução do risco. III. Obstrução mecânica; IV. Rotura e trombogênese; V. Enfraquecimento da túnica média; VI. Causa desconhecida: interações com macrófagos, linfócitos e lipoproteínas; VII. Muitas lesões da aterosclerose são atribuídas a reações a in�lamações crônicas nas paredes dos vasos; VIII. Estenose (isquemia tecidual) (consequência). IX. Fatores associados: composição da placa, pressão arterial, ação plaquetária. 1. A estabilidade da placa aterosclerótica é uma condição em que não há propensão à rotura. Ocorre por meio de diminuição do conteúdo de células espumosas e controle dos fatores vasoespáticos locais. 2. Fatores modificáveis incluem tabagismo, consumo de álcool e dislipidemia. Devendo ser encorajada a interrupção do uso de álcool e tabaco, assim como orientação sobre estilo de vida e, quando indicado, uso de estatinas para controle da dislipidemia. Aneurisma: Dilatação anormal localizada de um vaso sanguíneo ou do coração Congênita ou adquirida; I. Fragilidade da túnica média (ausência do tecido conjuntivo), propicia a dilatação; II. Verdadeiro III. Falso/pseudoaneurisma (acúmulo de sangue, formando uma dilatação visível externamente) ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL: comum em homem e tabagista. Obstrução com isquemia distal de rins, pernas, medula e adelgaçamento da parede. Aneurismas que ocorrem como consequência da aterosclerose formam‑se mais frequentemente na aorta abdominal e nas artérias ilíacas comuns. Vários fatores discutidos anteriormente colaboram para o enfraquecimento da média, predispondo a formação de aneurismas. Massa abdominal pulsátil; dor hipogástrio e dor lombar; maioria assintomático. ANEURISMA DE AORTA TORÁCICA: se associam, mais comumente, à hipertensão, embora sejam cada vez mais reconhecidas outras causas, como as síndromes de Marfan e de Loeys‑Dieĵ. Eles apresentam sinais e sintomas referidos a: (1) dificuldades respiratórias causadas por invasão dos pulmões e das vias aéreas; (2) dificuldade para deglutir pela compressão esofágica; (3) tosse persistente por compressão dos nervos laríngeos recorrentes; (4) dor causada por erosão óssea DISSECÇÃO: frequentemente aneurismática, se origina quando o sangue penetra em um defeito na parede arterial, escavando e separando as camadas. I. sangue invade parede, dissecando camadas; II. Dissecção da aorta: A dissecção aórtica ocorre quando o sangue separa os planos laminares da média, formando um canal cheio de sangue dentro da parede aórtica. Quadro clínico: dor torácica anterior, com irradiação para dorso, dor intensa (tipo facada), dor súbita; III. Dissecção de aorta abdominal: maioria assintomático, dor hipogástrio ou dor lombar, massa abdominal; Lesão isquêmica de tecidos distais; Capítulo 12: Coração ● Disfunção cardíaca: consequências devastadoras; ● Doença cardiovascular (doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e doença vascular periférica) é a principal causa de mortalidade no mundo. ● Rompimento de qualquer elemento do coração (miocárdio, valvas, sistemas de condução, vasculatura coronariana) pode afetar adversamente a eficiência do bombeamento. ● Intencionalidades: Doença cardíaca; Congestiva - ICC; Isquêmica - IAM; Complicações derrame pleural; Cardiopatias: a. Congênitas; b. Isquêmicas; c. Hipertensiva; d. Doença das Valvas cardíacas; e. Distúrbios primários do miocárdio. Estrutura e Especializações Cardíacas: ● Aumento dos limites normais, indicam hipertrofia; ● Aumento da câmara indicam dilatação; ● Ambos indicam alterações compensatórias, em resposta às sobrecargas de volume e/ou pressão; ● Cardiomegalia; Valvas: As quatro valvas cardíacas: tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica - mantêm o �luxo sanguíneo unidirecional; Alterações patológicas das valvas; Visão Geral da Fisiopatologia Cardíaca: A disfunção cardiovascular pode ser atribuída a um ou mais dos seis mecanismos: a. Falência da bomba (sístole [esvaziamento adequado], diástole [enchimento adequado]) b. Obstrução do �luxo (ex. placa aterosclerótica) c. Fluxo regurgitante d. Fluxo colateral (desvio de �luxo, comunicação entre ventrículos) e. Distúrbios da condução cardíaca f. Ruptura do coração ou de um vaso principal A maioria das doenças cardiovasculares resulta de uma relação complexa de fatores genéticos e ambientais; Afetar a sobrevida do miócito após a lesão; Afetar a contratilidadeou condução elétrica; Insuficiência Cardíaca ● ICC (congestiva); ● Coração é incapaz de bombear o sangue em uma proporção suficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos; ● Quando a carga de trabalho aumenta ou a função cardíaca está comprometida, vários mecanismos fisiológicos: ○ Adaptações miocárdicas, incluindo hipertrofia com ou sem dilatação das câmaras cardíacas; Remodelamento ventricular; ○ Ativação dos sistemas neuro-humorais Hipertrofia Cardíaca: Fisiopatologia e Progressão até a Insuficiência Cardíaca ● Aumento persistente do trabalho mecânico devido à sobrecarga de pressão ou volume; ● Aumento do tamanho dos miócitos (hipertrofia); ● Aumento do tamanho e peso do coração; Hipertrofia cardíaca está associada à maior demanda metabólica devido aumento da massa, frequência cardíaca e contratilidade; O coração hipertrofiado é vulnerável à descompensação relacionada à isquemia, que pode evoluir para ICC, levando à morte. ICC: caracterizada por graus variáveis de débito cardíaco e perfusão tecidual reduzida; Hipóxia: isquemias. Congestão: edemas; 1. Insuficiência Cardíaca Esquerda: Os efeitos clínicos e morfológicos da ICC esquerda são uma consequência da congestão passiva (acúmulo de sangue na circulação pulmonar), estase do sangue nas câmaras esquerdas e perfusão inadequada dos tecidos levando à disfunção do órgão. a. Cardiopatia isquêmica; b. Hipertensão; c. Doenças das valvas aórtica e mitral; d. Doenças miocárdicas primárias; Acúmulo de sangue nos capilares do pulmão, devido à falha do ventrículo esquerdo (geralmente); Estase pulmonar; Ou seja, haverá uma congestão -> extravasamento para os vasos linfáticos (que também fazem drenagem) -> edema pulmonar -> derrame pulmonar. Clínica: Congestão da circulação pulmonar, estase do sangue nas câmaras esquerdas e hipoperfusão dos tecidos. Os sintomas iniciais da insuficiência cardíaca esquerda estão relacionados à congestão e ao edema pulmonar e podem ser muito sutis. A fração de ejeção reduzida leva à diminuição da perfusão renal, provocando a ativação do sistema renina‑angiotensina‑aldosterona como um mecanismo compensatório para corrigir a hipotensão “aparente”. Isso leva à retenção de sal e água, com expansão dos volumes dos líquidos intersticial e intravascular (Caps. 4 e 11), que então exacerbam o edema pulmonar em desenvolvimento. Se a cardiopatia do ventrículo direito acompanhar a do ventrículo esquerdo, a congestão de sangue nos membros inferiores (dificuldade do retorno venoso para o átrio direito -> ventrículo direito), logo, haverá um acúmulo de sangue nos membros periféricos, causando edema de MMII. Ventrículo direito - edema de membros inferiores Ventrículo esquerdo - edema pulmonar/hipertensão pulmonar/derrame pleural; ICC- DIREITA Mais comumente causada pela insuficiência cardíaca esquerda, uma vez que qualquer aumento na pressão da circulação pulmonar, decorrente da IC esquerda, inevitavelmente produz uma carga no lado direito do coração. Cor pulmonale: a IC direita isolada não é frequente e normalmente ocorre em pacientes com um dois vários distúrbios que afetam os pulmões; O aspecto comum desses distúrbios é a hipertensão pulmonar que resulta em hipertrofia e dilatação do lado direito do coração. Fígado e sistema portal: congestão dos vasos hepáticos: hepatomegalia congestiva; Esplenomegalia; Espaço pleural, pericárdico e peritoneal: derrames peritoneais (ascites); Edema generalizado (anasarca); Tratamento: farmacológico, bloqueio do eixo renina-angiotensina-aldosterona. IAM: INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO O infarto do miocárdio, também comumente denominado “ataque cardíaco”, consiste na morte do músculo cardíaco devido à isquemia grave prolongada. Quadro clínico: dor torácica na região retroesternal ou precordial: caracterizada em peso, aperto, pressão ou queimação; Associada a sudorese, palidez, náuseas e vômitos, tontura e dispnéia. Diagnóstico: Níveis sanguíneos de proteínas que vazaram dos miócitos que morreram. Clínico; ECG; biomarcadores cardíacos: mioglobina presente no músculo e esquelético. CK-MB: encontrada quase que exclusivamente no músculo cardíaco. Troponinas I e T: específicas. Complicações Cardiovasculares: Pós IAM: Dependem basicamente do tamanho da área, do local e da espessura do infarto. Cardiopatia isquêmica crônica = icc pós IAM; Capítulo 28 - O Sistema Nervoso Central (Complementar com o Robbins) Intencionalidades: Neuropatologia 1. Doenças Cerebrovasculares - isquêmicos e hemorrágicos 2. Trauma Crânio Encefálico 3. Infecções Neurológicas 1. Doenças Cerebrovasculares O que mais mata: cardiopatias, neoplasias e doenças cerebrovasculares; ● Morbimortalidade ● Trombose, embolismo e Hemorragia Evolução: Hipoxia, isquemia, infarto resultantes do prejuízo do suprimento de sanguíneo e oxigênio ao tecido do SNC; Hemorragia resultante da ruptura de vasos do SNC. Ele pode ser privado de oxigênio por diversos mecanismos: hipoxia causada pela baixa pressão parcial de oxigênio (PO2), comprometimento da capacidade do sangue em transportar oxigênio, ou inibição do uso do oxigênio pelo tecido; ou isquemia, transitória ou permanente, causada pela interrupção do �luxo circulatório normal. A interrupção do �luxo sanguíneo pode resultar da redução na pressão de perfusão (como ocorre na hipotensão), da obstrução dos pequenos ou grandes vasos, ou de ambas. AVC isquêmico: um coágulo bloqueia o �luxo sanguíneo para uma área do cérebro; AVC Hemorrágico: o sangramento ocorre dentro ou ao redor do cérebro; Se a isquemia persistir -> lesão irreversível e necrose; A calcificação desses resíduos de ácidos graxos: formação de sais de cálcio. Morfologia: o encéfalo se apresenta edematoso e intumescido, produzindo o alargamento dos giros e estreitamento dos sulcos. Hipotensão, hipoperfusão e estados de baixo �luxo (isquemia cerebral global) - morte neuronal difusa; Estado vegetativo; morte cerebral; Choques, IAM, Hipotensões Graves; Isquemia Cerebral Focal: A isquemia cerebral focal ocorre após a redução ou interrupção do �luxo sanguíneo para uma área localizada do encéfalo causada pela oclusão arterial ou hipoperfusão. xxxx Doenças Cerebrovasculares Hemorrágicas: 1. Traumáticas a. intencionalidades: os principais determinantes das consequências TCE -> localização anatômica. Fratura craniana e ou lesão parenquimatosa ou lesão vascular; Fraturas cranianes: local: tipo de queda; Consciente -> queda = lobo occiptal Inconsciente -> queda = lobo frontal Lesão cervical, nervos cranianos -> queda = fratura de base craniana (edema e equimose periorbital; otorreia; rinorreia; equimose retroauricular); Lesão parenquimatosa: Concussão, Lesão Direta do Parênquima (contusão e laceração), Lesão Axonal Difusa, Lesão Vascular Traumática (trauma direto ou ruptura vascular [aneurisma], sendo: a. epidural b. subdural c. subaracnóide d. intraparenquimatoso Trauma Crânio-Encefálico: Lesão vascular traumática: Clínica: 48 hrs após lesão: + comum nas faces laterais; sinais neurológicos decorrentes da pressão adjacente, sinais focais ou manifestações clínicas: cefaleia e confusão; Tratamento: remoção do sangue; Sequelas: Hidrocefalia, demências, síndrome punch-drunk, epilepsia pós-traumática, tumores, doenças infecciosas, distúrbios psiquiátricos. Trauma de Medula Espinal: 1. Paraplegia 2. Tetraplegia 3. Parada respiratória/diafragma Lesões envolvendo as vértebras torácicas ou mais inferiores podem levar à paraplegia; lesões cervicais resultam em tetraplegia; as lesões acima de C4 podem, adicionalmente, levar ao comprometimento respiratório pela paralisia do diafragma. Deslocamento da coluna vertebral, seja de forma rápida e transitória. 2. Não traumáticas INFECÇÕES CEREBRAIS: 1. Meningites agudas Agente -> recrutamento do sistema imune -> in�lamação/morte cerebral; 2. Meningites supurativas focais Abscesso encefálico, empiema subdural, abscesso extradural; 3. Meningoencefalite bacteriana crônica Tuberculose, neurosífilis (manifestação do estágio terciário da sífilis, ocorrendo em cerca de 10%dos não tratados; Morfologia: gomas cerebrais (lesões ricas em plasmócitos) reação in�lamatória perivascular (rica em plasmócitos e linfócitos). Micro: dano parenquimatoso (+lobo frontal), perda de neurônios, gliose e depósito de ferro. [Quadro: alteração de humor, demências graves; Se lesão de nervos sensoriais: ataxia sensitiva e perda da sensação à dor, ausência dos re�lexos dos tendões]. 4. Meningoencefalite viral 5. Meningoencefalite fúngica Candida albicans, Aspergillus fumigatus, Cryptococcus neofarmans, Histoplasma capsulatum. Formas: meningite crônica, vasculite e invasão parenquimatosa; 6. Outras - neurotoxoplasmose/amebíase Evolui 1-2 semanas; Sintomas focais e/ou difusos. TC/RM: múltiplas lesões com realce anelar. Infecção Neurológica Meningite: in�lamatório das leptomeninges e do LCR Meningoencefalite: in�lamação do parênquima encefálico A meningite -> maioria por uma infecção, mas pode por irritante não bacteriano. Alguns sinais e sintomas: dor de cabeça, alteração do estado mental, fonofobia, fotofobia, rigidez, febre alta, etc. Meningites infecciosas: a. Piogênica aguda (bacteriana) b. Asséptica (viral) c. Crônica (TB ou criptococco) d. Neurotoxoplasmose Meningites Supurativas Focais a. Abscesso encefálico b. Empiema Subdural c. Abscesso extradural Doenças Degenerativas Intencionalidades Córtex: Alzheimer, demências frontotemporais, demências isquêmicas; Principal: demência, perda progressiva da função cognitiva. Tipos: frontotemporal, doenças vasculares, demência dos corpúsculos de Lewy, neurossífilis. Alzheimer: Inicialmente insidioso nas funções intelectuais superiores, alterações do humor e do comportamento. Posteriormente: desorientação progressiva, perda de memória e afasia, disfunção cortical grave; Fase avançada: lobo temporal medial (hipocampo, córtex entorrinal e amígdala) gravemente atrofiadas. Morfologia: Atrofia cortical e aumento dos sulcos, aumento compensatório dos ventrículos, redução do volume cerebral; Microscopia: formação das placas neuríticas - B amiloide. Emaranhados neurofibrilares - tau. Perda neuronal e gliose reativa/progressivo. 2. Doença de Pick Atrofia lobar, rara, peculiar e progressiva. Alterações comportamentais, alteração da personalidade, distúrbios de linguagem. Núcleos da base e tronco: Parkinsonismo, doença de parkinson, doença de Huntington Capítulo 15 - Pulmão: 1. Anatomia/Histologia ● Os pulmões foram desenvolvidos para desempenhar trocas gasosas, entre o ar inspirado e o sangue; ● A partir da traqueia, tem-se a segmentação em brônquios lobares (3 à direita e 2 à esquerda, por isso, os lobos dos pulmões seguem essa regra, também); ● Brônquios lobares permitem passagem do ar, são cartilaginosos firmes, que fornecem suporte mecânico e são revestidos por epitélio colunar ciliado com glândulas subepiteliais que produzem muco; ● Brônquios ramificam em bronquíolos (ausência de cartilagem e glândulas); ● Bronquíolos terminais > parte distal ao bronquíolo chama-se ácino, que é composto por bronquíolos respiratórios (cada um originando vários alvéolos a partir das suas laterais); ● Um grupo de três a cinco bronquíolos terminais, cada qual com seu ● ácino associado, é chamado de lóbulo pulmonar. A - ATELECTASIA:ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤ Refere-se à expansão incompleta dos pulmões ou ao colapso do pulmão previamente in�lado, produzindo áreas de parênquima pulmonar relativamente sem ar; a. Atelectasia de Reabsorção Se origina de uma obstrução completa da via respiratória - Causada por excesso de secreções ou exsudatos dentro dos brônquios menores, bronquite crônica, bronquiectasia e estados pós-operatórios; b. Atelectasia de compressão Resulta sempre que volumes significados de �luido (transudatos, exsudatos ou sangue), tumor ou ar se acumulam na cavidade pleural; Mediastino desvia para longe do pulmão atelectasiado. c. Atelectasia de contração Ocorre quando a fibrose plerual ou pulmonar focal ou generalizada evita a expansão total do pulmão. Portanto, a atelectasia significativa reduz a oxigenação e predispõe à infecção. Exceto nos casos causados por contração, a atelectasia é uma disfunção reversível; B - EDEMA PULMONARㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ Vazamento do �luido intersticial em excesso que se acumula nos espaços alveolares - pode resultar perturbações hemodinâmicas (I); Aumentos diretos da permeabilidade dos capilares, como resultado de lesão microvascular (II); Causas do Edema Pulmonar: I- Edema pulmonar hemodinâmico Ocorre em razão do aumento da pressão hidrostática (ICC esquerda); O líquido se acumula inicialmente nas regiões basais dos lobos inferiores; II - Causado por Lesão Microvascular (Alveolar) Devido à lesão do septo alveolar; Lesão primária do endotélio vascular ou dano às células epiteliais alveolares produz um exsudato in�lamatório que vaza para dentro do espaço intersticial ou para dentro do alvéolo. C - LESÃO PULMONAR AGUDA E SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA AGUDA A LPA é caracterizada pelo início abrupto de hipoxemia significativa e infiltrados pulmonares bilaterais na ausência de IC; A SARA é uma manifestação de LPA grave; As duas estão ligadas ao aumento da permeabilidade vascular pulmonar associada à in�lamação, além de edema e morte de células epiteliais. a. Condições associadas ao desenvolvimento da SARA: Infecção, sepse, infecções pulmonares difusas, aspiração gástrica, trauma mecânico, lesão/físico, queimaduras; b. Patogenia A LPA/SARA é iniciada com a lesão de pneumócitos (responsáveis pelo surfactante) e do endotélio pulmonar, resultando em um círculo vicioso de aumento de in�lamação e de danos pulmonares. Ativação endotelial; Adesão e extravasamento de neutrófilos; Acúmulo de �luido intra-alveolar e formação de membranas hialinas; Está associada com um pior prognóstico em alcoólatras e fumantes crônicos; SARA é uma síndrome clínica de insuficiência respiratória progressiva, causada pelo dano alveolar difuso no curso da sepse, trauma, etc. Danos às células epiteliais alveolares e endoteliais, com in�lamação, são os eventos desencadeantes principais a base do dano celular. Edema, neutrófilos e macrófagos, além de necrose epitelial, estão presentes. c. Clínica: ● Dispneia e taquipneia, cianose e hipoxemia, insuficiência respiratória, infiltrados bilaterais (RX); ● Desequilíbrio da ventilação-perfusão -> acidose respiratória; ● Pulmões com perda de surfactante -> rigidez; ● Fibrose intersticial -> pulmões rígidos e DPC. D - DOENÇAS PULMONARES OBSTRUTIVAS E RESTRITIVAS Doenças pulmonares obstrutivas (doenças das vias aéreas): caracterizadas por aumento na resistência do �luxo de ar devido à obstrução parcial ou total em qualquer nível desde a traqueia e brônquios maiores aos bronquíolos terminais respiratórios. Diferem das restritivas, que é marcada pela redução da expansão do parênquima do pulmão e diminuição da capacidade total do pulmão. A distinção baseia-se: nos testes de função pulmonar; a. Doenças P. Obstrutiva Incluem doenças do quadro ao lado. Enfisema e Bronquite crônica - geralmente são considerados em conjunto clinicamente e referidos como DPOC, já que a maioria dos pacientes tem características de ambas, porque elas compartilham um desencadeador principal: o tabagismo. DPOC: É a quarta causa principal de morbidade e mortalidade nos EUA. Há uma clara associação entre o tabagismo e o enfisema. Fatores de risco: poluentes ocupacionais e ambientais, hiper-responsividade das vias aéreas e polimorfismos genéticos; a.1 Enfisema Caracterizada pela dilatação irreversível dos espaços aéreos distalmente ao bronquíolo terminal, acompanhada por destruição de suas paredes sem fibrose evidente; Classificação: De acordo com sua distribuição anatômica no lóbulo. 1. Centroacinar (obstrução significativa do �luxo aéreo) - mais comum. 2. Pan-acinar (obstrução significativa do �luxo aéreo) 3. Parasseptal 4. Irregular a.2 Patogenia A inalação da fumaça do cigarro e de outras partículas nocivas causa dano e in�lamação nos pulmões, resultando em destruição parenquimatosa (enfisema)e doença das vias aéreas (bronquiolite e bronquite crônica). Vários fatores contribuem para a obstrução das vias aéreas no enfisema. As pequenas vias aéreas são normalmente mantidas abertas pela força elástica do parênquima pulmonar, e a perda do tecido elástico nas paredes dos alvéolos que circundam os bronquíolos respiratórios reduz a sua tração radial e, consequentemente, causa o colapso dos bronquíolos durante a expiração. Mediadores in�lamatórios e leucócitos. Foi demonstrado que uma ampla variedade de mediadores têm seus níveis aumentados nas partes afetadas (incluindo os leucotrienos B4, IL‑8, TNF e outros). Esses mediadores são liberados pelas células epiteliais residentes e macrófagos, e atraem as células in�lamatórias da circulação (fatores quimiotáticos), amplificam o processo in�lamatório (citocinas pró‑in�lamatórias) e induzem mudanças estruturais (fatores de crescimento). ● Obstrução funcional funcional do �luxo aéreo, mesmo na ausência da obstrução mecânica; ● Hiperplasia das células caliciformes, com rolhas de muco obstruindo a luz; ● Infiltrados in�lamatórios nas paredes brônquicas; ● Espessamento da parede bronquiolar devido à hipertrofia de músculo liso e fibrose peribrônquica; Portanto, essas alterações levam ao estreitamento da luz bronquiolar e contribuem para obstrução das vias aéreas; a.3 Morfologia: Enfisema avançado produz: ● Pulmões volumosos, muitas vezes sobrepostos ao coração; ● Grandes alvéolos podem ser vistos facilmente na superfície de corte do pulmão fixado; a.4 Curso Clínico: ● Sintomas não aparecem até que pelo menos ⅓ do parênquima pulmonar funcional esteja lesado; ● Dispneia geralmente aparece primeiro; ● Tosse ou sibilo (QP); ● Tosse e expectoração variável - dependente da bronquite associada; ● Perda de peso é comum e pode ser severa a ponto de sugerir um câncer oculto; ● Enfisema grave apresenta tórax em barril e dispneia, com prolongamento óbvio da expiração, senta-se inclinado para frente em uma posição encurvada e respira por lábios franzidos; a.5 Tratamento: Abandono do tabagismo, oxigenoterapia, broncodilatadores de longa duração com corticosteróides inalatórios, fisioterapia. Portanto, o enfisema é uma doença obstrutiva crônica das vias aéreas, caracterizada pelo aumento permanente dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais. É um componente da DPOC junto com a bronquite crônica; b. Bronquite Crônica Definida como tosse persistente produtiva por, no mínimo, 3 meses em pelo menos 2 anos consecutivos, na ausência de qualquer outra causa identificável. Comum em fumantes e habitantes de grandes cidades muito poluídas. Associada ao espectro DPOC, com o enfisema no outro extremo. A maioria dos pacientes se encaixa em ambas. Quando a bronquite persiste por anos, ela pode acelerar o declínio da função pulmonar, provar o cor pulmonale e insuficiência cardíaca, proporcionando um terreno fértil para a transformação cancerosa. b.1 Patogenia ● Exposição a substâncias nocivas/irritativas inaladas; ● Hipersecreção de muco: hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. Devido a mediadores in�lamatórios (IL-13 e histamina). Aumento das células caliciformes. Produção excessiva contribui para a obstrução das vias aéreas; ● In�lamação: substâncias causam danos celulares; In�lamação de longa duração é acompanhada de fibrose; b.2 Aspectos Clínicos Sintoma cardinal é a tosse persistente com produção de escarro esparso. Surge dispneia. Progressivamente, e geralmente com a continuação do tabagismo, podem aparecer hipercapnia, hipoxemia, cianose leve (“pletórico azul”). A bronquite crônica severa de longa duração geralmente leva à cor pulmonale e a insuficiência cardíaca. E - ASMAㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤ É uma doença crônica das vias aéreas de condução, geralmente causada por uma reação imunológica, marcada por broncoconstrição reversível episódica devido ao aumento da sensibilidade das vias aéreas a uma variedade de estímulos; In�lamação das paredes brônquicas e aumento da secreção mucosa. Recorrência de sibilância, falta de ar, opressão torácica e tosse. 1. Atópica Evidência de sensibilização a alérgenos e ativação imune, geralmente em pacientes com rinite alérgica ou eczema. 2. Não atópica Sem evidência de sensibilização a alérgenos; Em qualquer uma delas, os episódios de broncoespasmo podem ter diversos desencadeadores, como infecções respiratórias (virais), exposição a irritantes (fumaça, vapores), ar frio, estresse, exercício. O início precoce da asma alérgica associada com in�lamação de linfócito T auxiliar �2. A asma também pode ser classificada de acordo com os agentes ou eventos que desencadeiam a broncoconstrição. 3. Patogenia Asma atópica é causada pela resposta de células �2 e IgE aos alérgenos ambientais em indivíduos geneticamente predispostos; In�lamação das vias aéreas é central na fisiopatologia da doença e causa disfunção das vias aéreas, devido à liberação de mediadores in�lamatórios potentes. À medida que a doença se agrava, há secreção local aumentada de fatores de crescimento, induzindo hipertrofia de glândulas mucosas, proliferação de músculo liso, angiogênese, fibrose e proliferação de feixes nervosos. Anormalidade fundamental: resposta exagerada do �2 aos antígenos ambientais normalmente inofensivos. Reação de fase inicial (hipersensibilidade imediata) -> broncoconstrição, aumento da produção de muco, graus variáveis de vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular A broncoconstrição é mediada por estímulos dos receptores vagais (parassimpático) por meio dos mastócitos e outras células. e a reação de fase tardia. 4. Curso Clínico Uma crise pode durar até várias horas. Em alguns pacientes, sintomas cardinais estão presentes constantemente em menor intensidade. Na sua forma mais severa, o paroxismo persiste por dias ou semanas, causando por vezes uma obstrução de �luxo aéreo que é extrema, levando à cianose intensa ou até mesmo à morte. F - Doenças Intersticiais Difusas Crônicas (Restritivas) Ocorrem em condições gerais: (1) doenças infiltrativas e intersticiais crônicas, como pneumoconiose e fibrose intersticial de etiologia desconhecida, e (2) disfunções da parede torácica (p. ex., doenças neuromusculares como poliomielite, obesidade severa, doenças pleurais e cifoescoliose). Doenças pulmonares intersticiais crônicas são um grupo heterogêneo de desordens caracterizadas predominantemente por in�lamação e fibrose do interstício pulmonar. As alterações funcionais pulmonares e clínicas são as de doenças pulmonares restritivas. Os pacientes apresentam dispneia, taquipneia, crepitações no final da inspiração e eventual cianose, sem sibilos ou outras evidências de obstrução de vias aéreas. As anormalidades funcionais clássicas são a redução da capacidade de difusão, volume pulmonar e complacência pulmonar. Obstrutiva: Maior resistência ao �luxo, obstrução parcial ou completa (traqueia e brônquios ou bronquíolos) Restritiva: Menor expansão do parênquima, diminuição da capacidade pulmonar. G - INFECÇÕES PULMONARES A maioria das infecções pulmonares consiste em infecções do trato respiratório superior causadas por vírus (resfriado comum, faringite), porém infecções bacterianas, virais, por micoplasmas e fúngicas do pulmão (pneumonia), ainda causam uma enorme morbidade e são a oitava principal causa de óbito nos EUA. A pneumonia pode ser definida de um modo muito amplo como qualquer infecção do parênquima pulmonar. Uma pneumonia pode ocorrer sempre que esses mecanismos de defesa locais estiverem prejudicados ou quando a resistência sistêmica do hospedeiro estiver diminuída. Fatores que afetam a resistência em geral incluem doenças crônicas, deficiência imunológica, tratamento com agentes imunossupressores e leucopenia. 1. Mecanismos de defesa locais do pulmão: a. Perda ou supressão do re�lexo da tosse; b. Lesão do aparelho mucociliar; (tabagismo, inalação de gases, doenças virais ou defeito genéticos da função ciliar.) c. Acúmulo de secreções (Por fibrose cística e obstruçãobrônquica.) d. Interferência com a ação fagocítica ou bactericida dos macrófagos (Álcool, tabaco, fumaça) e. Congestão ou edema pulmonares As pneumonias são classificadas pelo agente etiológico específico, que determina o tratamento. 2. Classificação: ● Local de Aquisição: Comunidade ou Hospitalar ● Tempo de Evolução: Aguda, Subaguda, Crônica ● Padrão Radiológico: Infiltrado lobar, intersticial, broncopneumonia, derrame pleural e abscesso ● Tipo de Pneumonia: Típica ou Atípica ● Etiologia: Bactérias, fungos, vírus e outros G.1 Pneumonias Bacterianas Adquiridas na Comunidade A pneumonia aguda adquirida na comunidade se refere a uma infecção pulmonar em indivíduos saudáveis sob os demais aspectos, adquirida em um ambiente normal, podendo ser bacteriana ou viral. Biomarcadores mais novos foram desenvolvidos para identificar pacientes com infecção bacteriana e definir seus prognósticos. A proteína C-reativa e a procalcitonina, ambos reagentes de fase aguda produzidos primariamente no fígado, estão significativamente mais elevadas em infecções bacterianas do que em virais. A invasão bacteriana do parênquima pulmonar causa preenchimento dos alvéolos com um exsudato in�lamatório, consequentemente levando à consolidação (“solidificação”) do tecido pulmonar. a. Curso Clínico: Febre alta de início abrupto; Calafrios com tremores e tosse produtiva com escarro mucopurulento; Pacientes ocasionais podem apresentar hemoptise; RX: todo o lobo é radiopaco na pneumonia lobar, enquanto existem opacidades focais na broncopneumonia. O quadro clínico é modificado dramaticamente com adm. de antibióticos. G.2 Pneumonias Virais Adquiridas na Comunidade Infecções virais comuns incluem as do vírus in�luenza tipos A e B, dos vírus sinciciais respiratórios, o metapneumovírus humano, adenovírus, rinovírus, rubéola e vírus da varicela. Qualquer um desses pode causar uma infecção do trato respiratório superior, reconhecida como um resfriado comum ou uma infecção do trato respiratório inferior mais severa. Fatores que favorecem: a. Extremos de idade b. Alcoolismo c. Doenças debilitantes de base d. Desnutrição a. Curso clínico: Extremamente variado; Muitos casos são mascarados como infecções do trato respiratório superior severas ou como resfriados. Tosse pode estar ausente, e as principais manifestações podem consistir apenas em febre, dor de cabeça, dores musculares e dores nas pernas. Infecções virais geralmente são leves e se resolvem espontaneamente, sem qualquer sequela duradoura. As pneumonias bacterianas são caracterizadas por in�lamações neutrofílicas predominantemente intra‑alveolares, enquanto a pneumonia viral mostra in�lamação linfocítica intersticial. Podem ser observadas inclusões virais características. Capítulo 14 - Distúrbios Eritrocitários e Hemorrágicos Anemias Define-se anemia como uma redução da massa eritrocitária circulante total abaixo dos limites normais. A anemia reduz a capacidade de transporte de oxigênio no sangue, o que leva a uma hipóxia nos tecidos. Em geral é diagnosticada com base na redução do hematócrito (proporção de hemácias em relação ao volume total de sangue) e na concentração de hemoglobina no sangue em níveis abaixo do normal. As características morfológicas que fornecem indicações etiológicas incluem tamanho da hemácia (normocítica, microcítica ou macrocítica), grau de hemoglobinização (re�letido na cor) (normo ou hipocrômica) e forma. Normalmente as microcíticas hipocrômicas são causadas por distúrbios na síntese de hemoglobina (em maioria, deficiência de ferro), enquanto anemias macrocíticas frequentemente têm origem em anormalidades que prejudicam a maturação dos precursores eritróides na medula. Normocíticas e normocrômicas apresentam etiologias diversas; em algumas dessas, anormalidades específicas na forma da hemácia. Aspectos clínicos: pctes. com aspecto pálido, fraqueza, mal-estar, cansaço fácil. O menor teor de oxigênio no sangue circulante provoca dispneia ao esforço livre. A - ANEMIAS POR PERDA DE SANGUE Perda de Sangue Aguda Os efeitos da perda de sangue aguda decorrem principalmente da perda de volume intravascular, que, quando maciça, pode levar a colapso cardiovascular, choque e morte. Se o paciente sobreviver, o volume sanguíneo é rapidamente restaurado por um desvio intravascular da água do compartimento �luido intersticial. A redução da oxigenação, desencadeia aumento de secreção de eritropoetina nos rins, o que estimula a proliferação dos progenitores eritróides comprometidos na medula óssea. O sangramento significativo resulta em alterações previsíveis no sangue, envolvendo não apenas hemácias, mas também os leucócitos e as plaquetas. Se o sangramento for suficientemente maciço para causar diminuição da pressão, a liberação compensatória de hormônios adrenérgicos mobiliza os granulócitos do pool marginal intravascular, resultando leucocitose. No entanto, à medida que a produção vai aumentando na medula, ocorre aumento proeminente na contagem de reticulócitos (reticulocitose), atingindo 10% a 15% após 7 dias. Trombocitose também é evidenciada. B - ANEMIAS HEMOLÍTICAS As anemias hemolíticas compartilham características: a. Encurtamento do ciclo de vida das hemácias, abaixo de 120 dias normais; b. Elevação dos níveis de eritropoietina e aumento compensatório da eritropoiese; c. Acúmulo de produtos de degradação da hemoglobina derivados como parte do processo de hemólise das hemácias. Na maior parte das anemias hemolíticas, a destruição prematura das hemácias também ocorre no interior dos fagócitos, evento referido como hemólise extravascular. Se persistente, a hemólise extra provoca hiperplasia dos fagócitos, manifestada por vários graus de esplenomegalia. Em geral, a hemólise extravascular é causada por alterações que tornam a hemácia menos deformável. Alterações extremas na forma são necessárias para que as hemácias naveguem com sucesso pelos sinusóides esplênicos. A redução da deformabilidade torna essa passagem difícil, levando ao sequestro de hemácias e fagocitose no interior dos cordões esplênicos. Independente da causa, os principais aspectos clínicos da hemólise extravascular são anemia, esplenomegalia e icterícia. Esplenectomia. Hemólise intravascular (menos comum) pode ser causada por lesão mecânica, fixação do complemento, parasitas intracelulares (malária falciparum) ou fatores tóxicos exógenos. Manifestada por anemia, hemoglobinemia, hemoglobinúria, hemossiderinúria e icterícia. Hemoglobina livre - liberadas das hemácias lisadas - são ligadas à haptoglobina (função: retirar a hemoglobina do plasma), produzindo um complexo que logo é eliminado pelas células de Kup�fer. À medida que a haptoglobina sérica vai sendo depletada, a Hb livre é oxidada em metemoglobina, que tem a cor marrom. As células tubulares proximais renais reabsorvem e catabolizam grande parte da Hb e da metemoglobina filtradas, embora uma parte passe para a urina, conferindo-lhe cor castanho-avermelhada. O ferro liberado pela Hb pode acumular, dando origem à hemossiderose renal. Além disso, grupos heme derivados dos complexos hemoglobina-haptoglobina são catabolizados até bilirrubina no interior de fagócitos mononucleares, causando icterícia. A bilirrubina em excesso excretada pelo fígado para TGI provoca maior formação e excreção fecal de urobilina e frequentemente leva à formação de cálculos da vesícula biliar, derivados de pigmentos heme. B1- Esferocitose Hereditária Esse distúrbio hereditário é causado por defeitos intrínsecos do esqueleto da membrana eritrocitária que tornam as hemácias esferóides, menos deformáveis e vulneráveis ao sequestro e à destruição no baço. B2 - Doença Hemolítica Decorrente De Defeitos Enzimáticos Das Hemácias: Deficiência De Glicose 6 Fosfato Desidrogenase Anormalidades na via da hexose‑monofosfato ou no metabolismo da glutationa, resultantes de uma função enzimática deficiente ou prejudicada, reduzem a capacidade das hemácias de se protegerem contra lesões oxidativas e provocam hemólise. B3 - Falciforme Hemoglobinopatiahereditária: mutação pontual na Beta-Globina que promove a polimerização de hemoglobina desoxigenada, levando distorção de hemácias, anemia hemolítica, obstrução microvascular e lesão isquêmica tecidual. Hb é uma proteína tetramérica composta por dois pares de cadeia globina, cada qual com seu próprio grupo heme. Hemácias adultas normais: HbA (α2β2), além de pequena quantidade HbA2 (α2δ2) e HbF (HbF;α2γ2). A doença falciforme é causada por uma mutação pontual da B-globina, que provoca a substituição de um resíduo glutamato por um resíduo valina. As propriedades fisioquímicas anormais da Hb falciforme (HbS) resultantes são responsáveis pela doença. Patogênese As principais manifestações patológicas: hemólise crônica, oclusões microvasculares e danos teciduais, decorrem da tendência das moléculas de HbS de se empilharem em polímeros quando desoxigenadas. Em heterozigotos com traço falciforme, aproximadamente 40% da hemoglobina corresponde a HbS, enquanto o restante em HbA, o que interfere na polimerização de HbS. A depleção de óxido nítrico (NO) também pode ter papel relevante nas oclusões vasculares. A hemoglobina livre, liberada das hemácias falciformes lisadas, pode ligar‑se e inativar NO, que é um potente vasodilatador e inibidor da agregação plaquetária. Portanto, a redução de NO ativo aumenta o tônus vascular (ao estreitar os vasos) e também a agregação plaquetária, duas condições que podem contribuir para estase eritrocitária, falcização e (em alguns casos) trombose. Aspectos Clínicos: Anemia hemolítica moderadamente grave (Ht 18% a 30%), associada a reticulocitose, hiperbilirrubinemia e presença de células irreversivelmente falciformes. Crises vaso-oclusivas, também chamadas de crises dolorosas. Em crianças, crises ósseas dolorosas são extremamente comuns, com frequência, é difícil distingui-las da osteomielite aguda. Priapismo. B4 - Síndromes Talassêmicas Constituem um grupo heterogêneo de distúrbios causados por mutações hereditárias que diminuem a síntese de cadeia alfa-globina e beta-globina, levando a anemia, hipóxia tecidual e hemólise relacionada ao desequilíbrio das cadeias de globina. Alfa: cromossomo 16, beta: cromossomo 11. Defeitos na síntese de globina que fundamentam essas doenças causam anemias através da diminuição da produção e diminuição da expectativa de vida das hemácias. B4.1 B-Talassemias Patogênese molecular (1) Mutações B0, associadas à síntese ausente de b-globina. (2) Mutações B+, síntese reduzida (porém detectável) de b-globina. O prejuízo da síntese resulta em anemia por dois mecanismos: o déficit na síntese de HbA produz hemácias “sub-hemoglobinizadas”, hipocrômicas, microcíticas, com capacidade subnormal de transporte de oxigênio. Ainda mais importante é a diminuição de sobrevida das hemácias e de seus precursores, o que resulta do desequilíbrio na síntese de alfa e beta globina. As hemácias liberadas da medula também contêm inclusões e lesões de membrana, deixando-as propensas a sequestro esplênico e hemólise extravascular. Beta-Talassemia-Maior: 6-9 meses após o nascimento, quando a síntese de Hb passa de HbF para HbA. As hemácias podem apresentar ausência completa de HbA (genótipo β0/β0) ou conter pequenas quantidades (genótipos β+/β+ ou β0/β+). A principal Hb é a HbF (GAMA), que está acentuadamente elevada. Algumas vezes, os níveis de HbA2 (Delta) são elevados, porém mais frequentemente são normais ou baixos. Variação acentuada de tamanho (anisocitose) e da forma (poiquilocitose), microcitose e hipocromia. Beta-talassemia-menor: A maioria dos pacientes consiste de portadores heterozigotos de um alelo B+ ou B0. Hipocromia, microcitose, pontilhado basófilo e células alvo. Eletroforese: HbA2 (α2δ2) (Delta) de até 4% a 8%. B4.2 Alfa-Talassemia: São causadas por deleções hereditárias e resultam na síntese reduzida ou ausente das cadeias de alfa-globina. Em geral, existem 4 genes de alfa-globina, e a gravidade da alfa-talassemia depende de quantos genes são afetados. Como na beta, a anemia se origina tanto da ausência da Hb adequada quanto dos efeitos do excesso de cadeiras alfa não pareadas (Beta, Gama, Delta), que variam de tipo em idades diferentes. Hemoglobina H: hemoglobina anormal que ocorre em alguns casos de talassemia alfa. É composta de quatro cadeias beta (β) e ocorre quando há falta de síntese de cadeias alfa (α). Embora as cadeias beta (β) sejam normais, a função do tetrâmero não é normal. A molécula de hemoglobina resultante tem grande afinidade pelo oxigênio, o que diminui a liberação desse gás para as células. Hemoglobina de Bart: ocorre em alguns fetos com alfa talassemia. É formada por quatro cadeias gama (γ). Como tem afinidade muito grande pelo oxigênio, com frequência causa morte fetal ou nos primeiros meses de vida. Síndromes Clínicas: Determinadas e classificadas pelo número de genes de alfa-globina deletados. ● Estado de portador silencioso: deleção de um único gene de alfa. ● Traço de alfa-talassemia: deleção de dois genes de um único cromossomo (a/a -/-) ou pela deleção de um gene de cada um dos dois cromossomos (a/- a/-). ● Doença de HbH: deleção de 3 genes de alfa-globina. Com apenas um gene normal, a síntese de alfa é reduzida e é formado tetrâmeros de beta-globina, HbH, tendo alta afinidade pelo oxigênio, e, portanto, não é útil ao fornecimento. ● Hidropisia Fetal: Forma mais grave da alfa, causada pela deleção de todos os 4 genes de alfa. Formando a hemoglobina de bart, 4 gama. C - ANEMIAS POR DIMINUIÇÃO DE ERITROPOIESE As anemias mais comuns e importantes associadas à subprodução de hemácias são aquelas causadas por deficiências nutricionais. C1 Anemias Megaloblásticas O tema comum entre as várias causas é um dano na síntese de DNA que provoca alterações morfológicas distintas, incluindo precursores eritróides e hemácias anormalmente grandes. C1.1 Anemias por Deficiência de Vitamina B12: Anemia Perniciosa A anemia perniciosa é uma forma específica de anemia megaloblástica causada por uma gastrite autoimune que compromete a produção do fator intrínseco, que é necessário para a absorção de vitamina B12 pelo intestino. A B12 (cobalamina, composto organometálico complexo). A exigência diária corresponde a 2-3 mg. Uma dieta que inclua produtos animais contém quantidades maiores. A absorção da B12 requer o fator intrínseco, que é secretado pelas células parietais da mucosa fúndica. A B12 é liberada das proteínas de ligação dos alimentos pela ação da pepsina no estômago, ligando-se, então, às proteínas salivares chamadas haptocorrina. No duodeno, a B12 ligada é liberada pela ação das proteases pancreáticas. Então ela se associa ao fator intrínseco. Esse complexo é transportado até o íleo, onde sofre endocitose por enterócitos ileais que expressam o receptor do fator intrínseco, denominado cubilina. Nas células ileais, a B12 se associa à transcobalamina II (transportadora) e é secretada no plasma. C1.1 Anemia Perniciosa Muitos indivíduos afetados exibem tendência a formar anticorpos contra múltiplos autoantígenos. Patogênese: Deficiência do fator intrínseco, dificulta a absorção da B12 e seu uso nos processos importantes de síntese de DNA e divisão celular. Os níveis elevados de homocisteína constituem fator de risco para arteriosclerose e trombose. Aspectos Clínicos: O diagnóstico é baseado em anemia megaloblástica moderada a grave, leucopenia com granulócitos hipersegmentados, baixa vitamina B12 sérica e níveis aumentados de homocisteína e ácido metilmalônico no soro. O diagnóstico é confirmado por aumento significativo nos reticulócitos e pelo aumento dos níveis de hematócrito, começando aproximadamente cinco dias após a administração parenteral de B12. C1.2 Deficiência de Ácido Fólico C1.3 Deficiência de Ferro Distúrbio nutricional mais comum no mundo, resultando em sinais e sintomas clínicos majoritariamente relacionados à síntese inadequada de Hemoglobina. Metabolismo do Ferro Existe o Ferro na forma de heme contido em produtos animais e o inorgânico. Cerca de 80% do Ferro funcional é encontradona Hb; mioglobina; enzimas como catalase e os citocromos. O pool de armazenamento representado pela hemossiderina e pela ferritina contém aproximadamente 15-20% do Ferro corporal total. Os principais locais de armazenamento de ferro são o fígado e os fagócitos mononucleares. É transportado no plasma por uma glicoproteína de ligação de ferro chamada transferrina, que é sintetizada no fígado, sendo responsável por fornecer ferro às células, incluindo os precursores eritróides, que necessitam do ferro para sintetizar a Hb. A ferritina é um complexo de proteína-ferro. A absorção do ferro é regulada pela hepcidina, um pequeno peptídeo circulante sintetizado e liberado do fígado em resposta a aumentos nos níveis de ferro intra-hepático. Etiologia: Ausência dietética, absorção prejudicada, aumento da necessidade ou perda de sangue crônica. O ferro heme é muito mais absorvível que o ferro inorgânico. A absorção do ferro inorgânico é aumentada por ácido ascórbico, ácido cítrico, aminoácidos e açúcares da dieta e inibida por tanatos (encontrados em chás), carbonatos, oxalatos e fosfatos. A gastrectomia prejudica a absorção de ferro pela diminuição de ácido clorídrico e pelo aumento da velocidade através da qual o conteúdo intestinal passa pelo duodeno. Patogênese: Produz anemia microcítica hipocrômica. No início da perda de sangue crônica ou em outros estados negativos do equilíbrio do ferro, as reservas na forma de ferritina e hemossiderina podem ser adequadas para manter os níveis normais de Hb e Ht, assim como o ferro sérico normal e a saturação de transferrina. A depleção progressiva dessas reservas reduz inicialmente o ferro sérico e os níveis de CTLF, sem produção de anemia. No estágio inicial, ocorre apenas aumento da atividade eritróide na medula. A anemia aparece apenas quando os depósitos de ferro estão completamente depletados e se faz acompanhar níveis séricos de Ferro, ferritina e de saturação de transferrina mais baixos que os normais. Aspectos Clínicos: Coiloníquia, alopecia, alterações atróficas na língua e na mucosa gástrica e má absorção intestinal. Perversão do apetite. Tanto a Hb quanto o Ht estão diminuídos, hipocromia, microcitose e poiquilocitose discreta. O ferro sérico e a ferritina são baixos e o CTLF é elevado. C1.4 Anemia da Doença Crônica A condição está associada à redução na proliferação de progenitores eritróides e à utilização prejudicada do Ferro. As doenças crônicas associadas a essa forma de anemia podem ser agrupadas em três categorias: 1. Infecções microbianas crônicas, como osteomielite, endocardite bacteriana e abscesso pulmonar 2. Distúrbios imunológicos crônicos, como artrite reumatoide e enterite regional 3. Neoplasias, como carcinomas do pulmão e da mama e linfoma de Hodgkin Alguns mediadores como a IL-6 estimulam o aumento na produção hepática de hepcidina - hepcidina inibe a função de ferroportina nos macrófagos e reduz a transferência de ferro do pool de armazenamento para os precursores eritróides em desenvolvimento na medula óssea -, com isso, os precursores eritróides são privados de Ferro em meio à abundância. Estuda-se que a hepcidina suprime, direta ou indiretamente a produção de eritropoietina. As hemácias podem ser normocítica e normocrômicas, ou hipocrômicas e microcíticas, como na anemia por deficiência de ferro. O aumento de ferro armazenado nos macrófagos da medula, o alto nível de ferritina sérica e a redução da capacidade de ligação de ferro total descartam rapidamente a deficiência de ferro como causa da anemia. O tratamento da condição subjacente corrige, de modo seguro, a anemia. C1.5 Anemia Aplásica Refere-se a uma síndrome de insuficiência hematopoiética primária crônica e consequente PANCITOPENIA (anemia, neutropenia e trombocitopenia). Suspeita de mecanismos autoimunes, anormalidades hereditárias ou adquiridas das células-tronco hematopoiéticas também parecem contribuir. Etiologia Maioria dos casos: exposição a produtos químicos e medicamentos, quimioterápicos - causam supressão da medula relacionada com a dose, sendo reversível -, em outros casos, anemia aplásica tem origem imprevisível e idiossincrásica após a exposição a medicamentos que normalmente causam pouca ou nenhuma supressão da medula. Irradiação corporal total pode destruir células-tronco hematopoiéticas de modo dose-dependente. Ex. acidente de chernobyl. Patogênese: Supressão extrínseca de progenitores da medula óssea imunologicamente mediada; Anormalidade intrínseca das células-tronco. Morfologia: A medula é hipocelular, desprovida de células hematopoiéticas e permanecem apenas células gordurosas, estroma fibroso, linfócitos e plasmócitos dispersos. Aspectos Clínicos A anemia pode causar fraqueza progressiva, palidez e dispneia; a trombocitopenia é anunciada por petéquias e equimoses; e a neutropenia se manifesta como infecções menos graves, frequentes e persistentes ou com o início súbito de calafrios, febre e prostração. Esplenomegalia caracteristicamente está ausente; e, se estiver presente, o diagnóstico de anemia aplásica deve ser seriamente questionado. Em geral, as hemácias são discretamente macrocíticas e normocrômicas. Reticulocitopenia é a regra. Capítulo 24 - O Sistema Endócrino Consiste em um grupo de órgãos altamente integrados e distribuídos que orquestram um estado de equilíbrio metabólico, ou homeostase, entre vários órgãos do corpo. A sinalização endócrina, as moléculas secretadas, conhecidas como hormônios, atuam em células-alvo que estão distantes de seus locais de síntese. Em resposta à secreção do hormônio, no tecido alvo, é secretado também fatores que regulam negativamente a atividade da glândula produtora do hormônio estimulante, processo conhecido como inibição por retroalimentação. Doenças endócrinas podem ser classificadas: 1. Subprodução ou superprodução de hormônios 2. Doenças associadas ao desenvolvimento de tumores Hipófise: Formada pelo lobo anterior - adenoipófise - e o lobo posterior - neuroipófise. Manifestações Clínicas da Doença Hipofisária As manifestações dos distúrbios da hipófise estão relacionadas ao excesso ou deficiência de hormônios hipofisários ou aos efeitos de massa. A - GLÂNDULA TIREOIDE Localizada anteriormente à laringe, consiste em dois lobos laterais volumosos conectados por um istmo relativamente fino. Em resposta a fatores hipotalâmicos, o TSH (tireotrofina) é liberado pelos tireotrofos da adenoipófise para dentro da circulação. A ligação do TSH a seu receptor no epitélio folicular tireoidiano resultado em ativação do receptor, permitindo que se associe à proteína G (cAMP - crescimento da tireóide, síntese e a liberação dos hormônios através das proteínas cinases dependentes de cAMP). As células epiteliais foliculares convertem a tireoglobulina em tiroxina (T4) e em quantidades menores de Tri-Iodotironina (T3). São liberados na circulação, onde a maioria desses peptídeos está reversivelmente ligada às proteínas plasmáticas circulantes, como a globulina ligada à tiroxina e à transtiretina. O hormônio da tireoide apresenta diversos efeitos celulares, incluindo a estimulação de carboidratos e catabolismo de lipídeos e a estimulação da síntese proteica em uma ampla variedade de células. A glândula tireóide possui dois diferentes tipos celulares: células C (do inglês, clear), que secretam um hormônio regulador de cálcio, chamado de calcitonina (promove absorção de cálcio pelo sistema esquelético e inibe a reabsorção de osso pelos osteoclastos), e as células foliculares, que secretam os hormônios da tireoide. As doenças da tireóide incluem condições associadas a liberação excessiva de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo), deficiência do hormônio (hipo) e lesões de massa da tireoide. A.1 Hipertireoidismo A tireotoxicose é um estado hipermetabólico causado por níveis circulantes elevados de T3 e T4 livres. Como, em geral, essa condição é causada pelo hiperfuncionamento da tireoide, é conhecida como hipertireoidismo. No entanto, em certas condições, o suprimento excessivo está relacionadotanto com a liberação excessiva do hormônio tireoidiano preformado (p. ex., na tireoidite) quanto com uma fonte extratireoidiana, mais que com o hiperfuncionamento da glândula. Portanto, o hipertireoidismo é somente uma das causas da tireotoxicose. 1. Primária (na glândula diretamente) ● Hiperplasia difusa (doença de Graves) ● Bócio multinodular hiperfuncionante (“tóxico”) ● Adenoma hiperfuncionante (“tóxico”) ● Hipertireoidismo induzido por iodo ● Tireotoxicose neonatal associada à doença de Graves materna 2. Secundária (No sistema nervoso central) ● Adenomas hipofisários secretores de TSH (raro)* ● Não Associado ao Hipertireoidismo ● Tireoidite Granulomatosa (de Quervain) (dolorosa) ● Tireoidite subaguda linfocítica (indolor) ● Struma ovarii (teratoma ovariano com tireoide ectópica) ● Tireotoxicose factícia (ingestão de tiroxina exógena) Curso Clínico: Manifestações clínicas variáveis e incluem mudanças conhecidas como estado hipermetabólico induzido pelo excesso de hormônio tireoidiano e pela exacerbação da atividade do sistema nervoso simpático (ou seja, pelo aumento do tônus b-adrenérgico); Aumento da taxa metabólica basal, pele macia, quente e ruborizada por causa do �luxo sanguíneo aumentado e da vasodilatação periférica, adaptações que servem para acentuar a perda de calor. Intolerância ao calor é comum. Sudorese. Metabolismo catabólico é intensificado (perda de peso), a despeito do apetite aumentado. Débito cardíaco aumentado e contratilidade, taquicardia, palpitações e cardiomegalia são comuns. Superatividade do sistema nervoso simpático produz tremor, hiperatividade, labilidade emocional, ansiedade, incapacidade de concentração e insônia. Mudanças oculares: um olhar fixo e arregalado, além de movimentos lentos da pálpebra superior, estão presentes por causa da super estimulação simpática do músculo tarsal superior. O hormônio tireoidiano estimula a reabsorção óssea, aumentando a porosidade do osso cortical e reduzindo o volume do osso trabecular. O diagnóstico de hipertireoidismo é feito tanto através de achados clínicos quanto por meio de achados laboratoriais. A mensuração da concentração sérica de TSH é o teste de mapeamento simples mais útil para o hipertireoidismo, porque seus níveis estão diminuídos mesmo em estágios mais iniciais, quando a doença ainda pode ser subclínica. Em geral, valores baixos de TSH são confirmados com a mensuração do T4 livre, o qual está esperadamente aumentado. A.2 Hipotireoidismo Condição causada por um desarranjo estrutural ou funcional que interfere na produção de níveis adequados do hormônio tireoidiano. Hipotireoidismo congênito: mais frequente resultante de uma deficiência endêmica de iodo na dieta; Hipotireodisimo autoimune: Decorrente da tireoidite de Hashimoto. Ac circulantes, incluindo ac antimicrossomais, antiperoxidase tireoidiana e antitireoglobulina, são encontrados. Hipotireoidismo iatrogênico: abalação tanto cirúrgica quanto induzida por radiação. A.3 Cretinismo Se refere ao hipotireoidismo que se desenvolve no período precoce da infância. Os aspectos clínicos do cretinismo incluem desenvolvimento prejudicado do sistema esquelético e do sistema nervoso central, manifestado por retardo mental grave, estatura baixa, características faciais grosseiras, língua projetada e hérnia umbilical. A gravidade do prejuízo mental parece estar relacionada com o tempo em que a deficiência tireoidiana ocorreu no útero. A.4 Mixedema O termo mixedema é aplicado ao hipotireoidismo que se desenvolve em crianças mais velhas ou em adultos. Caracterizado pela lentidão das atividades físicas e mental. Sintomas iniciais: fadiga generalizada, apatia e preguiça mental, o que pode mimetizar a depressão. Funções intelectuais se tornam lentas. Apáticos, intolerantes ao frio e frequentemente estão acima do peso. A pele é fria e pálida devido à redução do �luxo sanguíneo. Débito cardíaco reduzido. Além disso, o hipotireoidismo promove um perfil aterogênico - aumento dos níveis de colesterol total e lipoproteína de baixa densidade (LDL). Pacientes com aumento inexplicado do peso corporal ou hipercolesterolemia devem ser avaliados para potencial hipotireoidismo. A mensuração dos níveis séricos de TSH é o teste de mapeamento mais sensível para esse distúrbio. O nível de TSH está aumentado no hipotireoidismo primário como resultado da perda da inibição retroativa do TRH e da produção de TSH pelo hipotálamo e pela hipófise, respectivamente. O nível de TSH não está aumentado em pessoas com hipotireoidismo decorrente de doença hipotalâmica ou hipófise primária. Os níveis de T4 estão diminuídos em indivíduos com hipotireoidismo de qualquer origem. A.5 Tireoidite In�lamação da glândula tireóide, abrange um grupo diverso de distúrbios caracterizados por algumas formas de in�lamação da tireoide. (1) tireoidite de Hashimoto, (2) tireoidite granulomatosa (de Quervain) e (3) tireoidite linfocítica subaguda. A.5.1 Tireoidite de Hashimoto Autoimune que resulta na destruição da glândula tireóide e na falência progressiva e gradual da tireoide. Patogenia: Causada por uma falha na autotolerância aos autoantígenos tireoidianos. Isso é exemplificado pela presença de autoanticorpos circulantes contra a tiroglobulina. As possibilidades incluem anormalidade das células T regulatórias (Tregs) ou exposição de antígenos tireoidianos normalmente sequestrados. A indução da autoimunidade tireoidiana é acompanhada por depleção progressiva das células epiteliais da tireoide por apoptose e substituição do parênquima por infiltração celular mononuclear e fibrose. T3/T4 baixos e TSH alto. Ac presentes, hipotireoidismo primário; Subclínico: T3/T4 normal e TSH alto (“mais sutil”); Quando tratar? Risco cardiovascular; > 10 TSH Histórico Risco-benefício A.6 Doença de Graves A doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo endógeno. Patogênese: É um distúrbio autoimune caracterizado pela produção de autoanticorpos contra múltiplas proteínas de tireoide, sendo a mais importante delas o receptor de TSH. Uma variedade de Ac que podem estimular ou bloquear o receptor de TSH é detectada na circulação; O subtipo de anticorpo mais comum, conhecido como imunoglobulina estimuladora da tireoide (TSI) , é observado em 90% dos pacientes com Graves. O TSI se liga ao receptor de TSH e mimetiza sua ação, estimulando adenilciclase e aumentando a liberação de hormônios tireoideanos. Curso Clínico: A tireoide na doença de Graves é caracterizada por hipertrofia e hiperplasia difusa de folículos e infiltrados linfóides; deposição de glicosaminoglicanos e infiltrados linfocitários são responsáveis por o�talmopatia e dermopatia. Características laboratoriais incluem elevações em T3 e T4 livre sérico e diminuição de TSH sérico. A.7 - Bócio Difuso e Multinodular O aumento da tireóide, ou bócio, é causado por uma síntese prejudicada de hormônio tireoidiano, mais frequentemente causada pela deficiência alimentar de iodo. O dano na síntese do hormônio tireoidiano leva ao aumento compensatório no nível sérico do TSH, o qual, por sua vez, causa hipertrofia e hiperplasia das células foliculares tireoidianas e, por fim, aumento macroscópico da glândula tireoidiana. B - PÂNCREAS ENDÓCRINO
Compartilhar