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NHB Circulação Cerebral: EXAME NEUROLÓGICO Prof. Douglas Espíndola OBJETIVOS Estabelecer o exame neurológico inicial na admissão do paciente; Identificar as disfunções presentes no sistema nervoso; Determinar os efeitos dessas disfunções na vida diária deste paciente. CONTEÚDOS ABORDADOS Avaliação da consciência; Avaliação das pupilas; Avaliação dos pares de nervos cranianos; Avaliação do sistema motor; Tipos de marcha; Avaliação de reflexos; Avaliação do sistema sensorial; e Sinais de irritação meníngea. AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA Estado em que o indivíduo está cônscio de si mesmo e do ambiente; é conhecedor das circunstâncias que lhe dizem respeito e daquelas com que se relaciona (tempo, espaço, pessoas e fatos). A consciência é a capacidade do indivíduo de reconhecer a si mesmo e os estímulos do meio ambiente. Características básicas: - nível da consciência - conteúdo da consciência (TANNURE, 2108; PORTO, 2017;BICKLEY, 2015) NÍVEL DE CONSCIÊNCIA É basicamente a capacidade de despertar do paciente, ou da vigília, determinada pelo nível de atividade que se obtém do paciente como resposta a estímulos crescentes por parte do examinador. (TANNURE, 2108; PORTO, 2017;BICKLEY, 2015) CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Alerta/vigília: é o indivíduo que está acordado, alerta, que responde adequadamente ao estímulo verbal, que está orientado no tempo e no espaço. Letargia/ hipersônia: estado de sono anormalmente prolongado. Obnubilação: sonolento, despertável com estímulos sonoros, perda do sentido de orientação no tempo e no espaço, estando normais as resposta às perguntas e ordens banais. Torpor/Estupor: Grau mais profundo da obnubilação, não responde as ordens banais. Coma: indivíduo em sono profundo, inconsciente, com os olhos fechados, não emite som verbal, não interage consigo ou com o ambiente. Alerta - Vigília Orientação autopsíquica (se o paciente consegue falar adequadamente quem é, seu nome, sua idade), Orientação alopsíquica (se o paciente consegue localizar onde está, que tipo de local é); e Orientação temporal (se ele consegue dizer o ano, o mês e o dia). (TANNURE, 2108) AVALIAÇÃO E DURAÇÃO DO COMA Escala de Coma de Glasgow (ECG) Padronização da avaliação do nível de consciência; é a mais conhecida. Pode ser usada no trauma e na clínica. Vantagens: Linguagem universal; Reduz erros de avaliação; Objetiva; Simples; Rápida; Permite reavaliações subsequentes. PONTOS IMPORTANTES Registra-se sempre a melhor resposta a um estímulo. Registra-se “obstáculos” na realização do exame. Valor 15 – tronco cerebral e córtex preservados. Valor menor ou igual a 8 – coma. Coma induzido. Valor 3 – compatível com M.E. ou M.C. Redução de pontos – retrata piora do quadro. Aumento de pontos - retrata melhora do quadro. 2018 atualização Glasgow P. (BRENNAN; MURRAY; TEASDALE, 2018) (BRENNAN; MURRAY; TEASDALE, 2018) (BRENNAN; MURRAY; TEASDALE, 2018) 15 16 17 CONTEÚDO DA CONSCIÊNCIA É a somatória das funções mentais cerebrais, isto é, das funções cognitivas e afetivas do indivíduo, estar ciente e perceber as coisas em relação ao meio externo. (PORTO, 2017) FUNÇÕES COGNITIVAS (CORTICAIS) memória global capacidade de cálculo pensamento lógico capacidade de julgamento compreensão e expressão do pensamento (fala, escrita, leitura) capacidade de abstração orientação temporal e espacial capacidade de interação adequada com o meio manifestação coerente de emoções (PORTO, 2017) ALTERAÇÕES -Delirium: estado confusional; desorientação temporal e espacial; desorganização do pensamento; flutuante - Demência: perda progressiva das funções cognitivas - Mutismo acinético: imobilidade silenciosa, olhar vivo, funções cognitivas não registradas, ciclo sono/vigília presente . - estado vegetativo crônico: funções vitais mantidas, sem qualquer manifestação cortical perceptível - Síndrome do cativeiro: tetraplegia e paralisia dos nervos cranianos inferiores; move olhos, com o que pode se comunicar. AVALIAÇÃO DAS PUPILAS AVALIAÇÃO PUPILAR Diâmetro; Simetria; Forma; Fotorreação (reação a luz); Velocidade de reação. Possui intrínseca relação com a PIC. DIÂMETRO PUPILAR O diâmetro da pupila varia de 1 a 9 mm, sendo considerada um variação normal de 2 a 6 mm, com um diâmetro médio em torno de 3,5 mm. (TANNURE, 2108; PORTO, 2017;BICKLEY, 2015) SIMETRIA PUPILAR ISOCÓRICAS: pupilas com o mesmo diâmetro; ANISOCÓRICAS: uma pupila é maior que a outra; OBS: Quando anisocóricas, sempre anotar a pupila maior em relação à menor - pupilas anisocóricas, esquerda maior que direita (E> D). Pupila miótica: < 3 mm Pupila midriática: >5 mm (TANNURE, 2108) ALTERAÇÕES Anisocoria - herniação cerebral, hematoma subdural ou epidural e aumento de pressão intracraniana (PIC). Pupilas mióticas - opioides e lesões em ponte. Pupilas midriáticas - lesões neurológicas mesencefálicas, em parada cardiorrespiratória e em uso de fármacos anticolinérgicos (intoxicação por esse tipo de medicação). SÍNDROMES DE HERNIAÇÃO (PHTLS, 2108) (PHTLS, 2108) (PHTLS, 2108) FORMA PUPILAR A forma das pupilas geralmente é arredondada, como um círculo, e a sua avaliação deve ser feita pela observação do contorno das mesmas. Formas anormais de pupilas: ovóide, buraco de fechadura ou irregular. 1. Forma ovóide = sinal precoce de herniação transtentorial devido à hipertensão intracraniana. 2. Forma buraco de fechadura = comum em pacientes submetidos à cirurgia de catarata. 3. Forma irregular = encontrada em pacientes com trauma de órbita. FOTORREAÇÃO PUPILAR O reflexo fotomotor da pupila depende do nervo óptico e do nervo oculomotor e dos músculos intrínsecos do globo ocular (dilatador e constritor da pupila, inervados pelo SNA). A fotorreação é observada com o auxílio do foco de luz de uma lanterna. 1. Reflexo fotomotor direto 2. Reflexo fotomotor consensual REFLEXO FOTOMOTOR DIRETO 1. Fechar os olhos; 2. Aguardar 10 segundos; 3. Levantar rapidamente a pálpebra dirigindo o foco de luz diretamente sobre a área da pupila; 4. Repetir do outro lado. Incidência da luz: constrição. Retirada da luz: retorno a dilatação REFLEXO FOTOMOTOR CONSENSUAL Incidir o foco de luz sobre um olho e verificar se ocorre miose no outro. A pupila do outro olho deve contrair simultaneamente e com a mesma intensidade. Pedir ao paciente para fechar os olhos novamente e, após 10 s, repetir o exame, incidindo o foco de luz no outro olho. Fonte: Google imagens VELOCIDADE DE REAÇÃO Normal: constrição rápida; Alterações: constrição lenta, arreativa ou fixa. (TANNURE, 2108; PORTO, 2017;BICKLEY, 2015) AVALIAÇÃO DOS PARES DE NERVOS CRANIANOS 12 PARES CRANIANOS I NERVO OLFATÓRIO SENSITIVO FUNÇÃO: Olfato TESTE: Identificar itens com odores muito específicos (p.ex., sabão, café e cravo), colocados junto ao nariz do paciente. Cada narina deve ser testada separadamente. ALTERAÇÕES: Hiposmia - redução da olfação; Anosmia - ausência da olfação; Parosmia - percepção alterada do odor - perversão; Cacosmia - sensação olfatória desagradável na ausência de qualquer substância capaz de originar odor. II NERVO ÓPTICO SENSITIVO FUNÇÃO: Visão TESTE: Acuidade e campo visual. ALTERAÇÕES: 1. Hemianopsia: ausência da visão em metade do campo visual de cada olho; 2. Amaurose: perda total da visão do lado lesado III OCULOMOTOR IV TROCLEAR VI ABDUCENTE MOTOR e VEGETATIVO FUNÇÃO: Movimentos dos olhos Oculomotor: constrição pupilar, abertura dos olhos, movimento do olho para cima e para fora, para cima e para dentro, para dentro, para baixo. Troclear: para baixo e para fora. Abducente: para fora. ALTERAÇÕES: Estrabismos convergentes e divergentes: os olhos não se fixam no mesmo objeto; Nistagmo: tremordo globo ocular. Ptose palpebral: queda da pálpebra V TRIGÊMIO MISTO: MOTOR E SENSITIVO Raiz motora. É representada pelo nervo mastigador, que inerva os músculos destinados à mastigação (temporal, masseter e pterigóideos). Raízes sensitivas. Compreendem os nervos oftálmico, maxilar e mandibular FUNÇÃO: Reflexos da córnea, sensibilidade facial e movimentos mandibulares. TESTE: 1. Ramo Motor – solicite que o paciente cerre os dentes, enquanto faz a palpação do músculo temporal e masseter. 2. Ramo sensitivo – estimule as áreas com objeto rombo alternando com pontiagudo, o paciente deve estar com os olhos fechados. REFLEXO CÓRNEOPALPEBRAL: Piscar e lacrimejar os olhos ao toque na superfície da córnea. REFLEXO CORNEOPALPEBRAL VII NERVO FACIAL MISTO: Motor, sensitivo, sensorial e vegetativo FUNÇÃO: 1. P. Motora - Movimentos faciais. 2. P. sensitiva – sensibilidade tátil, térmica e dolorosa do pavilhão auditivo, conduto auditivo externo e tímpano. 3. P. sensorial - Gustação dos 2/3 anteriores da língua. 4. P. vegetativa - natureza secretória (lacrimais e salivares) TESTE: Motor = Solicitar ao paciente que: 1. Levante os supercílios; 2. Franza o cenho; 3. Feche os olhos firmemente; 4. Sorria; 5. Encha as bochechas de ar; 6. Assobie; ALTERAÇÕES: Fraqueza e assimetria. Ausência de diferenciação entre doce e salgado. Ageusia (não sente gosto) ou Hipoageusia (diminuição do gosto). VIII NERVO VESTIBULO-COCLEAR PORÇÃO VESTIBULAR E PORÇÃO COCLEAR FUNÇÃO: 1. P. Vestibular: Percepção consciente da cabeça, do movimento e do equilíbrio. Sinal de Romberg. 2. P. Coclear: Sensibilidade auditiva. ALTERAÇÕES: Nistagmo. IX NERVO GLOSSOFARINGEO MISTO: Motor, sensorial, vegetativo e sensitivo P. sensorial – sensibilidade gustativa do terço posterior da língua; P. sensitiva – membrana mucosa da faringe P. vegetativa - glândula parótida; P. Motora – Elevação e contração do palato mole e úvula e deglutição. TESTE: Peça ao paciente para dizer “ Ah” ou boceje. X NERVO VAGO MISTO: Motor, sensitivo, vegetativo e sensorial. FUNÇÃO: 1. P. motora – Inervam músculo do palato mole, faringe e laringe (fonação); 2. P. sensitivo-sensoriais - sensibilidade geral de área cutânea retroauricular e do conduto externo auditivo, da mucosa da laringe e porção inferior da faringe. 3. P. vegetativa – inervação parassimpática de vísceras torácicas e abdominais. TESTE: reflexo do vômito, reflexo oculocardíaco e sinocarotidiano. ALTERAÇÕES: Vômito em jato (HIC), ritmo de cheyne-stokes, soluços e bocejos patológicos. Desvio do véu do palato para o lado comprometido à inspeção estática e para o lado oposto à inspeção dinâmica. XI NERVO ACESSÓRIO MOTOR FUNÇÃO: Movimentação do ombro e rotação da cabeça contra uma resistência exercida. TESTE: Observe a presença de atrofia ou fasciculações no músculo trapézio. XII NERVO HIPOGLOSSO MOTOR FUNÇÃO: Simetria e posição da língua. TESTE: Solicite ao paciente que exteriorize a língua, observe simetria, presença de fasciculações ou desvio em relação a linha média. Solicite que empurre a língua contra as bochechas de modo alternado, e palpe externamente para sentir a força do movimento. AVALIAÇÃO MOTORA INSPEÇÃO Observar atrofias e hipertrofias. Observar tônus muscular. Cabeça e pescoço – Flexão, extensão, rotação e inclinação para ambos os lados. MOVIMENTOS ATIVOS Membros Superiores – Dedos (flexão, extensão, adução, abdução e oponência do polegar), Mãos (flexão, extensão, adução, abdução, pronação, supinação e rotação), Antebraço (flexão, extensão, pronação e supinação) Braço (flexão, extensão, adução, abdução), Ombro ( rotação, projeção para frente e para trás). Tronco – Flexão, extensão, rotação e inclinação para os lados. Membros Inferiores - Artelhos (flexão, extensão, separação e aproximação) Pés (flexão, extensão adução, abdução e ro- tacão) Pernas (flexão e extensão) Coxas (flexão, extensão, adução, abdução e rotação). TÔNUS MUSCULAR Estado de tensão constante a que estão submetidos os músculos, tanto em repouso (tônus de postura), como em movimento (tônus de ação). O exame do tônus é efetuado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular, obedecendo-se à seguinte técnica: 1. Inspeção: verifica-se se há ou não achatamento das massas musculares de encontro ao plano do leito. É mais evidente nas coxas e só apresenta valor significativo quando há acentuada diminuição do tônus. 2. Palpação das massas musculares: averigua-se o grau de consistência muscular, a qual se mostra aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas. (PORTO, 2017) 1. Movimentos passivos: imprimem-se movimentos naturais de flexão e extensão nos membros e se observam: Passividade: se há resistência (tônus aumentado) ou se a passividade está aquém do normal (tônus diminuído) Extensibilidade: se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fibra muscular. Assim, na flexão da perna sobre a coxa, sugere-se diminuição do tônus quando o calcanhar toca a região glútea de modo fácil. A diminuição do tônus (hipotonia) ou o seu aumento (hipertonia) devem ser registrados com as respectivas graduação e sede. EXEMPLO: moderada hipotonia nos membros inferiores e acentuada hipertonia dos membros direitos. ESPASTICIDADE: Aumento varia ́vel da resistência que comumente piora nos extremos da amplitude do movimento. RIGIDEZ: Resistência que persiste por toda a amplitude do movimento nas duas direço ̃es. FLACIDEZ: Ausência de resistência durante o movimento. NOMENCLATURA TÔNUS MUSCULAR FORÇA MUSCULAR A análise da força muscular faz-se comparando um grupo muscular com seu homônimo contralateral. Para os grupos musculares do membro superior e cintura escapular, as seguintes manobras são utilizadas na prática: Grupo muscular da cintura escapular Grupo muscular bicipital e tricipital Grupo muscular do carpo Grupo muscular dos dedos (interósseos); Manobra ativa, sem auxílio do examinador. Colocando os braços estendidos à frente do corpo, o membro comprometido cai antes que o sadio. Para o membro inferior e a cintura pélvica, as manobras utilizadas são as seguintes: 1. Manobra de Barré - O membro comprometido cai primeiro que o sadio. 1. Manobra de Mingazzini - O membro comprometido cai primeiro que o sadio. Grupo muscular da coxa e cintura pélvica. Grupo muscular da perna. Grupo muscular do tarso. Grau 0: ausência de contracão muscular; Grau 1: presenc ̧a de contracão muscular sem deslocamento de segmento (a contração e ́ percepti ́vel apenas a palpac ̧ão) Grau 2: contração muscular com deslocamento de segmento, desde que eliminada a ação da gravidade; Grau 3: movimento ativo contra a ação da gravidade; Grau - 4: movimento ativo contra a gravidade e discreta contra resistência; Grau 4: movimento ativo contra a gravidade e moderado contra resistência; Grau + 4: movimento ativo contra a gravidade e submáximo contra resistência; Grau 5: movimento ativo contra resistência total sem fadiga evidente – normal. CLASSIFICAÇÃO MUSCULAR NOMENCLATURA FORÇA MUSCULAR PARESIA: Reduça ̃o da força muscular. PLEGIA: Ausência de força muscular. HEMIPARESIA: Reduça ̃o da força muscular em um dimidio do corpo. HEMIPLEGIA: Ausência de força muscular em um dimidio do corpo. PARAPLEGIA: Ausência de força muscular nos membros inferiores. TETRAPLEGIA: Ausência de força muscular nos quatros membros (MMSS, MMII). Capacidade de realizar movimentos múltiplos e complexos, coordenada e harmonicamente. A coordenac ̧ão ou taxia é dividida em esta ́tica e dinâmica. Estática: Romberg simples e sensiblizado. Dina ̂mica: Provas – Dedo-nariz; dedo-dedo; agarra o polegar; calcanhar-joelho COORDENAÇÃO Prova dedo-nariz - O paciente, em movimentos sucessivos, tenta colocar a ponta do indicadorna extremidade do nariz, estendendo e afastando-o a cada movimento. A prova realiza-se para os dois lados e com o paciente de olhos abertos e fechados. Prova dedo-dedo - O paciente tenta fazer coincidir seu indicador com o do examinador, em movimentos rápidos e sucessivos. Esta prova pode ser sensibilizada, se o examinador desloca suavemente seu próprio dedo da posição originária, obrigando o paciente a “perseguir” o dedo do examinador. A prova é realizada somente com os olhos abertos. Prova calcanhar-joelho - O paciente, em decúbito dorsal, tenta colocar o calcanhar direito no joelho esquerdo e vice-versa e em seqüência procura deslizar o calcanhar ao longo da crista da tíbia. Mais sensível que a prova anterior, é solicitar ao paciente, estando na mesma posição de decúbito dorsal, que “martele” seguidamente o joelho por intermédio do calcanhar. Detecta-se a incoordenação dinâmica quando o paciente é submetido às provas descritas, além do movimento incoordenado posto em evidência durante o trajeto que cada prova exige (decomposição do movimento), erra o alvo. A observação dos detalhes apontados é o que se denomina Dismetria. Prova dos movimentos alternantes – Solicitar que o cliente realize movimentos ra ́pidos e sucessivos de pronac ̧a ̃o e supinaça ̃o das ma ̃os (prova das marionetes). A capacidade de execuça ̃o de tais movimentos: EUDIADOCOCINESIA; Alteraça ̃o: DISDIADOCOCINESIA. Incapacidade: ADIADOCOCINESIA. MARCHA Cada pessoa tem um modo próprio de andar, ato extremamente variável, individualizado pelas suas características físicas, mentais e culturais. Observando-se a maneira pela qual o paciente se locomove, é possível, em algumas afecções neurológicas, suspeitar-se ou fazer-se o diagnóstico sindrômico. A todo e qualquer distúrbio da marcha dá-se o nome de Disbasia, a qual pode ser uni ou bilateral. TIPOS DE MARCHAS Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica: ao andar, o paciente mantém o membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução e a mão fechada em leve pronação. O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona. Por essa razão, a perna tem de se arrastar pelo chão, descrevendo um semicírculo quando o paciente troca o passo. Este modo de caminhar lembra o movimento de uma foice em ação, daí o nome de marcha ceifante. Ocorre nos pacientes que apresentam hemiplegia, cuja causa mais comum é acidente vascular cerebral. https://www.youtube.com/watch?v=EvFQHTucCz0&list=PLB3D3067F13CED7AF&index=8 https://www.youtube.com/watch?v=EvFQHTucCz0&list=PLB3D3067F13CED7AF&index=8 Marcha anserina ou de pato: para caminhar, o paciente acentua a lordose lombar e inclina o tronco ora para a direita ora para a esquerda, lembrando o andar de um pato. É observada em doenças musculares e traduz uma diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas; Marcha parkinsoniana: o doente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento automático dos braços. A cabeça permanece inclinada para frente e os passos são miúdos e rápidos, dando a impressão de que o doente “corre atrás do seu centro de gravidade” e que irá sofrer uma queda para frente. Ocorre na síndrome parkinsoniana. https://www.youtube.com/watch?v=Pv5VwI5GGMw https://www.youtube.com/watch?v=Pv5VwI5GGMw Marcha escarvante: quando o doente tem paralisia do movimento de flexão dorsal do pé, ao tentar caminhar toca com a ponta do pé o solo e tropeça. Para evitar isso, levanta acentuadamente o membro inferior, lembrando o “passo de ganso” dos soldados prussianos. https://www.youtube.com/watch?v=-Dusn7cSh0U&list=PLpNaSZxi63p- uFNiIogQNqhJFlKFbCDJ5&index=8 Marcha em tesoura ou espástica: os dois membros inferiores enrijecidos e espásticos permanecem semifletidos, os pés se arrastam, e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar. O movimento das pernas lembra uma tesoura em ação. Este tipo de marcha é bastante frequente nas formas espásticas da paralisia cerebral. Marcha claudicante: ao caminhar, o paciente “manca” para um dos lados. Ocorre na insuficiência arterial periférica e em lesões do aparelho locomotor. https://www.youtube.com/watch?v=-Dusn7cSh0U&list=PLpNaSZxi63p-uFNiIogQNqhJFlKFbCDJ5&index=8 REFLEXOS DEFINIÇÃO Resposta motora ou secretora a um estímulo adequado, externo ou interno. Base anatômica da motricidade reflexa é o arco reflexo, sendo; 1. Via aferente ( receptor e nervo sensitivo); 2. Centro ( substância cinzenta do SNC); 3. Via eferente ( nervo motor e órgão efetor). REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS OU SUPERFICIAIS Nestes reflexos o estímulo é feito na pele ou na mucosa por meio de um estilete rombo. Alguns reflexos mucosos serão vistos quando forem estudados os nervos cranianos. REFLEXO CUTANEOPLANTAR Com o paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos, o examinador estimula superficialmente a região plantar, próxima à borda lateral e no sentido posteroanterior, fazendo um leve semicírculo na parte mais anterior A resposta normal é representada pela flexão dos dedos. A abolição deste reflexo ocorre quando há interrupção do arco reflexo e, algumas vezes, na fase inicial da lesão da via piramidal. A extensão do hálux (os demais podem ou não apresentar abertura em forma de leque), constitui o sinal de Babinski, um dos mais importantes elementos semiológicos do sistema nervoso. Este sinal indica lesão da via piramidal ou corticoespinal. REFLEXOS CUTANEOABDOMINAIS. Ainda com o paciente em decúbito dorsal, mantendo a parede abdominal em completo relaxamento, o examinador estimula o abdome no sentido da linha mediana em três níveis: superior, médio e inferior. Resposta normal é a contração dos músculos abdominais, que determina um leve deslocamento da cicatriz umbilical para o lado estimulado. Podem estar abolidos quando houver interrupção do arco reflexo, na lesão da via piramidal e, às vezes, mesmo na ausência de alterações do sistema nervoso (obesidade, pessoas idosas, multíparas). REFLEXOS PROFUNDOS E MIOTÁTICOS Mantenha o paciente relaxado, posicione os membros correta e simetricamente, e percuta o tendão de forma brusca, usando um movimento rápido do punho. A pancada deve ser rápida e direta, sem resvalar. Pode-se usar a extremidade pontuda ou achatada do martelo de Déjérine. A extremidade pontuda serve para atingir áreas pequenas, como o dedo colocado sobre o tendão bicipital. A extremidade achatada causa menos desconforto ao paciente na área braquiorradial. TÉCNICA Segure o martelo de Déjérine entre o polegar e o indicador, de modo que oscile livremente dentro dos limites definidos pela palma da sua mão e os dedos. Observe a velocidade, força e amplitude da resposta reflexa. Compare sempre um lado com o outro. OS REFLEXOS COSTUMAM SER GRADUADOS SEGUNDO UMA ESCALA DE 0 A 4+: 4+ Muito vigorosos, hiperativos, com clono (oscilações rítmicas entre flexão e extensão) - Hiperrreflexia; 3+ Mais vigorosos que a média, possível, porém não necessariamente indicativos de patologia – Reflexo vivo; 2 + Médios;normais - Normoreflexia; 1 + Um pouco diminuídos: limite inferior da normalidade - Hiporreflexia; 0 Ausência de resposta - Arreflexia REFLEXO BICIPITAL (C5, C6) O braço do paciente deve ser parcialmente fletido no cotovelo, com a palma da mão para baixo. Coloque seu polegar ou outro dedo firmemente sobre o tendão bicipital. Golpeie com o martelo de reflexo, de modo que o golpe vise diretamente o seu dedo na direção do tendão bicipital. REFLEXO TRICIPITAL (C6, C7) Flexione o braço do paciente no cotovelo, com a palma da mão virada para o corpo, e puxe o braço um pouco por sobre o tórax. Percuta o tendão do tríceps acima do cotovelo. Dê um golpe direto por detrás do tendão. Observe a contração do músculo tríceps e a extensão do cotovelo. REFLEXO SUPINADOR OU BRAQUIORRADIAL (C5, C6) O paciente deve manter a mão sobre o abdome ou colo, com o antebraçoparcialmente pronado. Percuta o rádio cerca de 2,5 a 5 cm acima do punho. Observe a flexão e a supinação do antebraço. REFLEXO PATELAR (L2, L3, L4) O paciente pode ficar sentado ou deitado, contanto que o joelho esteja fletido. Percuta bruscamente o tendão patelar logo abaixo da patela. Observe a contração do quadríceps com a extensão do joelho. A colocação da mão sobre a região anterior da coxa do paciente ajudará a sentir este reflexo. REFLEXO AQUILEU (S1) • Se o paciente estiver sentado, faça a dorsiflexão do pé ao nível do tornozelo. Consiga que o paciente relaxe, e percuta o tendão de Aquiles. Observe e palpe a presença de flexão plantar no tornozelo. Verifique, também, a velocidade de relaxamento após a contração muscular. AVALIAÇÃO SENSITIVA SENSIBILIDADE Inervação Aferente; Dermátomos: é a faixa de pele inervada pela raiz sensitiva de um único nervo espinhal CLASSIFICAÇÃO DA SENSIBILIDADE EXTEROCEPTIVA (superficial): dor superficial, térmica (frio e calor) e tátil. PROPRIOCEPTIVA (profunda): cinético-postural, vibratória, barestésica, dor profunda e estereognóstica. PONTOS IMPORTANTES O exame da sensibilidade deve ser realizado por etapas, evitando cansar o paciente; Explicar ao paciente previamente cada um dos tipos de pesquisa que serão empregados, a fim de que as respostas sejam precisas. Ambiente tranqüilo; Os olhos vendados a fim de se evitar o controle visual; Entrevista: evitar empregar qualquer palavra capaz de sugestioná-lo: não se deve, por exemplo, perguntar “sentiu a agulhada” durante a pesquisa da sensibilidade dolorosa. Instruir o paciente a acusar as excitações provocadas independentemente de qualquer interrogatório. SENSIBILIDADE SUPERFICIAL A sensibilidade tátil deve ser pesquisada utilizando-se uma mecha de algodão ou um pincel macio; a sensibilidade dolorosa é pesquisada por meio de estilete rombo capaz de provocar dor sem ferir o paciente. A agulha hipodérmica é inadequada, sobretudo em mãos inábeis e a sensibilidade térmica (frio e calor) deve ser explorada utilizando-se dois tubos de ensaio, um contendo água gelada e outro água quente (temperatura entre 40 e 45 ºC). SENSIBILIDADES PROFUNDAS CINÉTICO POSTURAL ou ARTROCINÉTICA (Batiestesia) é explorada deslocando-se suavemente qualquer segmento do corpo em várias direções (flexão, extensão). Em dado momento, fixa-se o segmento em uma determinada posição que deverá ser reconhecida pelo paciente. Para facilitar o exame, elegem-se algumas partes do corpo, como o hálux, o polegar, o pé ou a mão. VIBRATÓRIA (Palestesia) É pesquisada com o auxílio de um diapasão de vibrações lentas (128 ciclos/segundo), que se faz vibrar mediante golpe sobre o ramo U. O diapasão é aplicado, sucessivamente nas diversas saliências ósseas (artelhos, maléolos, tuberosidade anterior da tíbia e dedos), devendo o paciente acusar ou não as vibrações. SENSIBILIDADES PROFUNDAS SENSIBILIDADES PROFUNDAS BARESTÉSICA (Barestesia) - Sensibilidade à pressão – exercendo pressão progressiva, com a polpa de um dedo ou um objeto rombo, sobre a pele, especialmente de massas musculares. DOLOROSA PROFUNDA - Pesquisada aplicando compressão das massas musculares, dos nervos e dos tendões. ESTEREOGNOSIA Capacidade de se reconhecer um objeto com a mão sem o auxílio da visão. É função tátil discriminativa ou epicrítica com componente proprioceptivo. Perda da função - Astereognosia ou Agnosia Tátil, indicativa de lesão do lobo parietal contralateral. Diminuição da sensibilidade tátil - Hipoestesia; Abolição - Anestesia; Aumento – Hiperestesia; Dor - Hipoalgesia, Analgesia e Hiperalgesia. Objetos: pente, chave, moeda, lápis, objetos de madeira entre outros. Evitar objetos cujo reconhecimento possa ser feito por intermédio da sensibilidade sensorial, como molho de chaves pela audição ou isqueiro, pelo odor do fluído. ALTERAÇÕES DA S. ESTEREOGNÓSTICA Morfoagnosia: perda da capacidade de distinguir a forma do objeto; Hiloagnosia: incapacidade de reconhecer a estrutura material do objeto ( vidro, metal, madeira). Assimbolia Tátil: qualidades do objeto (forma, tamanho, material, consistência), são reconhecidas, porém o paciente é incapaz de reconhecer o objeto dentro de sua significação. LOCALIZAÇÃO E DISCRIMINAÇÃO TÁTEIS Grafestesia - Capacidade de identificar números. Pode ser avaliada a partir da escrita de um número, com a ponta romba de um lápis ou de uma caneta na palma do paciente. Em seguida, pede-se a ele que identifique o número escrito. Grafoanestesia – incapacidade de reconhecimento. Discriminação tátil de dois pontos - Pode ser avaliada utilizando os dois lados de um alfinete ou de uma pinça. O examinador deve tocar um dedo da mão do paciente, ora com a ponta dupla, ora com a ponta única da pinça. A distância mínima entre os dois pontos (ponta dupla da pinça) que o paciente consegue discriminar é, geralmente, menor que 5 mm nas pontas dos dedos. Localização de pontos - Pode ser avaliada com um leve toque em um ponto da pele do paciente. O examinador deve solicitar ao paciente que aponte o local onde foi tocado.Capacidade de localizar um estímulo cutâneo (toognosia). MOBILIDADE DA NUCA: Coloque o paciente em decu ́bito dorsal, sua mão dominante na região do occipto do paciente, flexione o pescoço dele para frente, até que, se possi ́vel, o queixo toque o tórax. Normalidade: pescoço flexi ́vel, o paciente consegue fletir a cabeça e pescoço com facilidade. Alterac ̧ão: dor cervical e resistência a flexão. SINAIS MENÍNGEOS SINAL DE BRUDZINSKI: Idem a mobilidade da nuca Normalidade: quadris e joelhos permanecem relaxados durante a flexão do pescoço. Alterac ̧ão: Contração dos quadris e flexão dos joelhos: Brudzinski positivo. Observar a reação dos quadris e joelhos enquanto estiver flexionando o pescoço SINAL DE KERNIG: Flexione a perna do paciente ao nível do quadril e do joelho, em seguida, extenda o joelho, repita do outro lado. Normalidade: Ausência de dor e resistência Alteração: Dor e aumento de resistência à extensão do joelho. Kernig positivo. REFERÊNCIAS BICKLEY, L. S.;HOELKELMAN, R. A Propedêutica Médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Fisiologia Humana e Mecanismos das doenças. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. HALL, J. E. Guyton& Hall: tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 289-302. JACOB, S. W.;FRANCONE, C. A. ; LOSSOW, W. J. Anatomia e Fisiologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982. M. BRENNAN, Paul; D. MURRAY, Gordon; M. TEASDALE, Graham. Simplifying the use of prognostic information in traumatic brain injury: Part 1: THE GCS- Pupils score: na extended index of clinical severity. Journal Of Neurosurgery, 2018. Acesso em: 02 out. 2020. NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. Comitê do PHTLS. Atendimento Pré Hospitalar ao Traumatizado. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 618 p. PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8 ed. Rio de janeiro: GUANABARA KOOGAN, 2017. TANNURE, M. C. Semiologia: bases clínicas para o processo de enfermagem. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. TORTORA, Gerald J.; GRABOWSKI, Sandra Reynolds. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. http://thejns.org/doi/full/10.3171/2017.12.JNS172780
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