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Aula_09_Gestão_Recursos_Hídricos

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Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOVERNO DO BRASIL 
 
Presidente da República 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
 
Ministro da Educação 
FERNANDO HADADD 
 
Secretário de Educação a Distância 
CARLOS EDUARDO BIELSCHOWSKY 
 
Reitor do IFRN 
BELCHIOR DA SILVA ROCHA 
 
Coordenador da DETED 
ERIVALDO CABRAL 
 
Coordenadora da UAB 
ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE 
 
Coordenadora Adjunta da UAB 
ILANE CAVALCANTE 
 
Coordenadora do Curso de Tecnologia 
em Gestão Ambiental 
NARLA SATHLER MUSSE 
 
 
 
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 
– AULA 09 
 
Professor Pesquisador/Conteudista 
ROBERTO PEREIRA 
 
Coordenação da Produção de Material 
Didático 
ARTEMILSON LIMA 
 
Design Instrucional 
ILANE CAVALCANTE 
 
Coordenação de Tecnologia 
ELIZAMA LEMOS 
 
Revisão Linguística 
KLÉBIA DE SOUZA 
ELIZETH HERLEIN 
 
Formatação Gráfica 
MARCELO POLICARPO 
EDICLEIDE PINHEIRO 
LUCIANA DANTAS 
JOSERILDE FERREIRA 
 
Ilustrador 
MARCELO POLICARPO 
EDICLEIDE PINHEIRO 
LUCIANA DANTAS 
JOSERILDE FERREIRA 
 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
2 
 
 
Aula 09 
 
 
Conteúdo: LAGOS 
 
APRESENTANDO A AULA 
 
Como você já viu as águas subterrâneas e os rios no 
contexto das bacias hidrográficas, verá, agora, um pouco 
onde os lagos se situam, como parte desse conjunto, e 
algumas das características que os diferenciam dos sistemas 
já estudados. 
Você já parou para pensar como os lagos são 
formados? Já refletiu se as águas subterrâneas contribuem 
para a sustentação dos seus níveis? E se cada lago tem uma 
bacia de contribuição superficial e subterrânea dentro de outra 
maior? 
Pois bem, nesta aula você terá a oportunidade de 
conhecer esses aspectos conceituais e hidrológicos 
associados aos fluxos superficiais e subterrâneos dos 
sistemas lacustres. Por fim, será visto um estudo de caso 
interessante da lagoa do Bonfim – RN, por meio do qual você 
poderá compreender melhor o funcionamento hidrodinâmico. 
 
 
DEFININDO OBJETIVOS 
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: 
- conhecer a origem dos diferentes tipos de lagos; 
- entender a interação das águas superficiais com as águas 
subterrâneas. 
- compreender o funcionamento hidrológico de uma lagoa 
costeira do RN. 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
3 
 
TIPOS DE LAGOS 
 
Inicialmente, vamos fazer uma comparação das 
propriedades hidrodinâmicas entre os rios, águas 
subterrâneas e os lagos, conforme estudo apresentado por 
Meybeck e Helmer (1996). Nesse trabalho, as águas 
subterrâneas são caracterizadas por padrões de fluxos 
constantes em termos de direção e velocidade. A velocidade 
média comumente encontrada em aquíferos varia de 10-10 a 
10-3 m/s e é largamente governada pela porosidade e 
permeabilidade do material geológico. Como consequência, a 
mistura é pobre e, dependendo das feições hidrogeológicas 
locais, a dinâmica da água subterrânea pode ser altamente 
diversa. 
Os rios, segundo eles, são caracterizados pela 
corrente unidirecional com velocidade de fluxo média a alta, 
variando de 0,1 a 1 m/s. Os fluxos dos rios são altamente 
variáveis no tempo, dependendo da situação climática e do 
padrão de drenagem. No geral, uma mistura vertical é 
alcançada devido a correntes de turbulência. Misturas laterais 
podem ocorrer após longas distâncias abaixo das principais 
confluências. 
Já os lagos são caracterizados por velocidade de 
corrente baixa a média com valores variando de 0,001 a 0,01 
m/s. Correntes dentro de lagos são multidirecionais. Muitos 
lagos têm, alternadamente, períodos de estratificação e 
mistura vertical, sendo essa periodicidade regulada pelas 
condições climáticas e profundidade do lago. Embora que 
reservatórios mostrem feições similares a lagos, alguns 
apresentam características específicas para os quais foram 
criados. 
Uma feição comum para a maioria dos reservatórios é 
o gerenciamento planejado dos inputs e/ou outputs de águas 
para específicos propósitos, como o controle do seu volume-
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
4 
 
descarga para fins individuais ou para múltiplas finalidades, 
como a regularização de rios à jusante, o abastecimento, a 
irrigação, a manutenção de volume para geração de 
hidrelétricas, o controle de cheias etc. Sendo assim, a sua 
hidrodinâmica é grandemente influenciada pelo seu regime de 
gerenciamento operacional. 
No Brasil, os conceitos de lago e lagoa são 
normalmente usados de maneira indistinta, todavia costuma-
se diferenciar o primeiro do segundo pelo seu maior tamanho, 
mas genericamente são depressões no terreno preenchidas 
por água. 
Vamos, agora, conhecer os tipos de lagos e os 
processos que os originaram. Vejamos: 
 Lagos de planície de inundação: formado por 
ocasião do transbordamento dos rios nas cheias. Ex.: 
pantanal e lagos amazônicos; 
 Lagos de barragem: formam-se quando um 
obstáculo natural ou antrópico represa as águas dos 
rios ou mares; 
 Lagoas costeiras: são formadas quando cordões 
arenosos (restingas) fecham antigas baías, enseadas 
e até estuários, como no estado de Alagoas. 
Geralmente, podem permanecer com água salgada ou 
salobra; 
 Lagunas: quando as lagoas costeiras têm 
comunicação direta com o mar (Ex.: laguna dos Patos, 
no Rio Grande do Sul); 
 Lagoas interdunares costeiras: formada pelo 
afloramento do lençol freático nos vales interdunares; 
 Dolinas: lagoas formadas pelo afundamento 
cárstico de camadas carbonáticas subjacentes (Ex.: 
lagoa do Bonfim) devido às águas acidas. 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
5 
 
 Alagamentos: incluímos aqui os alagamentos 
formados por impermeabilização dos terrenos nas 
cidades. 
Existem, ainda, em outras partes do mundo, lagos das 
mais variadas origens: 
 Lagos tectônicos: alojados em depressões ou 
fossas tectônicas. Ex.: Tanganica (África oriental) e 
Titicaca (América do Sul); 
 Lagos vulcânicos: alojados em crateras de 
vulcões. Ex.: Atitlan (Guatemala); 
 Lagos glaciais: formados em depressões 
cavadas pelas geleiras ou nos vales das montanhas, 
onde se acumulou a água proveniente do degelo. Ex.: 
Grandes lagos da América do Norte (Superior, Ontário, 
Erie, Huron, Michigam). 
 
INTERAÇÃO ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS 
 
Você sabia que Winter (2003) considera os lagos como 
feições integrais do sistema hidrológico? 
Bem, para esse autor os lagos interagem diretamente 
com todos os componentes do ciclo hidrológico, ou seja, com 
a água atmosférica (precipitação e evaporação), a água de 
superfície e a água subterrânea. É bom lembrar que, desses 
três grandes componentes, a maior interface de um lago 
ocorre com a água subterrânea (pelo menos em terrenos 
porosos). 
Tendo em vista esses fatos, para se ter um 
entendimento dos processos hidrológicos relativos às 
entradas e saídas de águas desse sistema, é necessário que 
se leve em conta o sistema hidrológico como um todo, 
principalmente a interação dos lagos com as águas 
subterrâneas. 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
6 
 
Mas qual a predominância das águas que abastecem 
os lagos? As águas subterrâneas ou as superficiais? As 
particularidades de cada lago, como lagos fechados ou 
semiconfinados, decorrem dos diferentes aspectos 
fisiográficos e climáticos. Esses aspectos, de um modo geral, 
determinam a composição das águas dos lagos, ou seja, se 
são influenciados mais por águas de superfície ou por águas 
subterrâneas. 
Os tipos A, B, C, D, E, F e G, da figura 01, podem ser 
considerados como tipos extremos em relaçãoaos fluxos 
dominantes subterrâneos e superficiais, sendo os demais uma 
combinação desses. Enquanto umas combinações são raras, 
algumas dessas situações devem ser frequentes em terrenos 
sedimentares e também em terrenos cristalinos. 
O tipo CD é o que mais se aproxima de um lago 
artificial criado por uma barragem em rio. Quando a 
evaporação torna-se o fluxo dominante, esse lago 
representaria um lago terminal. Acrescente-se, ainda, que não 
se pode esquecer as influências das atividades antrópicas e 
mudanças sazonais como componentes de modificação 
permanente dessa hidrodinâmica. 
 
 
 
 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
7 
 
 
 
 
Interação lago versus águas subterrâneas 
Existem diferenças químicas nas águas dos lagos? 
Pois é, o movimento das águas subterrâneas faz parte de um 
sistema de fluxo tridimensional de diferentes tamanhos e 
profundidades, desde a sua zona de recarga, onde nascem as 
águas, até a descarga, podendo interagir com as águas 
superficiais de diferentes maneiras, através de sistemas de 
fluxos locais, intermediários e regionais ou pela superposição 
desses (Figura 02). Os intermediários e regionais tendem a 
alimentar os lagos das partes baixas do relevo. 
 
 
 
 
 
Figura 01 – Possibilidades de interações entre águas subterrâneas, superficiais e lagos (naturais ou artificiais). 
Fonte: Modificado de Fetter (1994) e Winter et al. (1998). 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
8 
 
 
 
 
Os sistemas de fluxos locais são os mais dinâmicos e 
mais rasos de todos, e representam a maioria das descargas 
subterrâneas em corpos de águas superficiais. Por outro lado, 
os sistemas mais profundos, com maior tempo de residência, 
têm caminhos mais longos e maior tempo de contato com os 
materiais em subsuperfície, podendo conter mais elementos 
químicos dissolvidos, o que poderá ter grande efeito sobre as 
características químicas das águas superficiais receptoras. 
Isso pode significar que a posição dos mananciais 
superficiais, dentro das configurações dos sistemas de fluxos 
subterrâneos, pode indicar as suas particularidades químicas, 
uma vez que podem ser alimentados por fluxos locais, 
intermediários ou regionais. 
De um modo geral, lagos interagem com a água 
subterrânea de três maneiras básicas (Figura 01 A, B, C). Na 
primeira situação (Figura 01 A), recebem água subterrânea de 
todos os lados (caráter efluente), incluindo fluxos ascendentes 
sob o mesmo. Normalmente, estão localizados em terrenos 
Figura 02 – Esquema de circulação d’água em terrenos permeáveis evidenciando desde circulação local até regional. 
Fonte: (CUSTODIO; LLAMAS, 1996). 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
9 
 
regionalmente baixos, onde o lençol freático que o circunda é 
mais alto do que o nível do lago. Todavia, a existência de 
substrato geológico do lago com elevadas condutividades 
hidráulicas podem favorecer o fluxo descendente do mesmo. 
 Na segunda maneira (Figura 01 B), os lagos têm 
perdas por infiltração para a água subterrânea através de 
todos os lados (caráter influente). Esse caso poderia 
representar lagos localizados em áreas topograficamente 
mais elevadas, funcionando como áreas de recargas 
subterrâneas. Uma situação transiente é aquela em que, 
acentuadas contribuições de escoamento superficial e 
precipitações pluviais sobre o espelho, invertem o nível do 
lago em relação às águas subterrâneas. 
 Provavelmente, a maioria dos lagos recebe água 
subterrânea de um lado e perde por infiltração em outra 
margem (Figura 01 C). Entretanto, podem apresentar padrões 
bastante complexos e difíceis de serem quantificados, 
especialmente em sistema de múltiplos lagos, como é o caso 
de terrenos de dunas, além de regiões com afundamentos 
cársticos, rompendo estratificações confinantes subjacentes. 
Essas interconexões hidrodinâmicas têm refletido em 
perdas subterrâneas das lagoas para os aquíferos confinados 
subjacentes. Essa complexidade das configurações dos fluxos 
pode também ser revelada pela presença de divisores 
hidrogeológicos transitórios aos fluxos locais, em períodos 
chuvosos, os quais desaparecem quando o lençol freático 
rebaixa, no período de estiagem, revelando maior perda de 
água por infiltração, como no lago Lucerne, na Califórnia 
(LEE; SWANCAR, 1997). 
As configurações dos fluxos também podem ser 
alteradas pelas argilas e siltes associados com depósitos 
orgânicos no fundo dos lagos, os quais têm, geralmente, baixa 
permeabilidade, permitindo pouco fluxo através deles. Desse 
modo, as contribuições provenientes do aquífero ou as fugas 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
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subterrâneas dos lagos são maiores em suas margens e 
menores em seus fundos. 
 Assim como os lagos, você sabia que os rios também 
apresentam essas variações das condições de efluência e 
influência? A análise dessas condições, seja rio ou lago, é só 
uma questão de ponto de vista (Figura 03). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 03 – Condição de efluência e influência de rios. Fonte: (Von SPERLING, 1995). 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
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11 
 
 
ATIVIDADE 01 
Agora, pare um pouco e responda à atividade a seguir. Ela 
deve ser feita antes de prosseguir nos estudos da aula. Caso 
você não se sinta seguro(a) para resolvê-la, retome a leitura 
do conteúdo ao qual ela se refere. 
Com base no que estudamos sobre lagos, responda: 
01 O que você entende por lago semiconfinado? 
02 Que tipo de lago poderia ocorrer em regiões de rochas 
carbonáticas? 
03 Faça uma figura de um lago influente-influente do ponto de 
vista superficial e totalmente influente do ponto de vista das 
águas subterrâneas. 
04 Como ocorre a mudança de um comportamento efluente 
para influente? 
 
 
ESTUDO DE CASO DA LAGOA DO BONFIM - RN 
 
 A lagoa do Bonfim vem sofrendo a interferência 
antrópica intensa devido à transposição de suas águas 
(adutora Monsenhor Expedito) para atender à população do 
Agreste, Trairi e Potengi do RN, pois essas regiões, além de 
falta d’água, mostram salinidade muito elevada. Vamos então, 
primeiramente, aprender a visualizar a diferença entre bacia 
hidrográfica e bacia hidrogeológica. 
 
Bacia hidrográfica do sistema lacustre Bonfim 
 Feitosa e Melo (1997) definiram, do ponto de vista de 
divisores topográficos, a bacia hidrográfica do sistema 
lacustre Bonfim ou do riacho Boacica (Figura 04) 
caracterizando-a em duas porções. 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
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Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
12 
 
 
 
 Na parte de montante desse sistema lacustre 
predominam as rochas areno-argilosas da formação 
barreiras e corresponde à sub-bacia da lagoa do Bonfim, 
onde nos concentraremos, sendo a porção de jusante, a 
leste, definida pelo exutório do riacho Boacica. Nesse 
setor, onde predomina sedimentos eólicos, tem um 
conjunto de lagoas menores, tais como: Redonda, 
Urubu, Boa Água, Ferreira Grande e Carcará. 
 O transbordamento da lagoa do Bonfim somente 
se verifica em períodos anuais de precipitações muito 
favoráveis, e ocorre em direção à lagoa Boa Água, 
Figura 04 – Bacia hidrográfica do riacho Boacica. Fonte: (FEITOSA; MELO, 1997). 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
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13 
 
Ferreira Grande e riacho Boacica. Entretanto, com as 
atividades de transposição de águas dessa lagoa para a 
região do Trairi desde agosto de 1998, esse fato não 
vem mais ocorrendo. 
 
Bacia hidrogeológica do sistema lacustre Bonfim 
Os divisores hidrogeológicos que delimitam a bacia de 
drenagemsubterrânea do sistema lacustre (Figura 05, 
dezembro de 1998) se aproximam bastante ao da bacia 
hidrográfica (Figura 04). As particularidades ocorrem na sub-
bacia Bonfim, conforme apontado no período de 
monitoramento sob condições pluviométricas abaixo da média 
(ano de 1999, com 850 mm) e acima da média (ano de 2000, 
com 2.080 mm). 
Verificou-se, no entorno da lagoa do Bonfim, que a 
mesma é mantida graças à existência dos fluxos subterrâneos 
provenientes do setor oeste, sua principal área de recarga. 
Por outro lado, constitui-se em uma verdadeira caixa de 
passagem desses mesmos fluxos subterrâneos. Isso porque, 
além de alimentar, obviamente, o riacho Boacica - Timbó 
ignora os divisores topográficos, principalmente nos períodos 
de estiagem (Figura 06 A), e repassa subterraneamente no 
sentido dos rios Pium e Trairi, dado ao desaparecimento dos 
divisores hidrogeológicos nesses setores. Esses se 
recuperam nos períodos chuvosos reduzindo as perdas dessa 
lagoa e mostrando uma configuração convergente 
(endorrêica) desses fluxos em relação à lagoa do Bonfim 
(Figura 06 B). 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
14 
 
 
 
 
As modificações mais significativas do seu padrão 
geral de fluxo natural ocorrem entre as lagoas Redonda e 
Bonfim, quando se compara as figuras 05 e 06, de tal modo 
que a lagoa Redonda se comporta como um termômetro da 
fragilidade hidrológica, mediante baixas precipitações. Isso 
porque é a mais alta e tem a menor área de recarga, 
provavelmente por causa da presença de sedimentos mais 
argilosos próximos à superfície, nas imediações dessa lagoa, 
que deve dar um caráter suspenso à mesma. 
Processos de inversão de cota absoluta do espelho 
d`água e de fluxo subterrâneo ocorreram entre as lagoas do 
Urubu e Boa Água e entre as lagoas do Urubu e do Bonfim. 
Entretanto, no segundo caso, houve a predominância da 
5 Km432101
NATAL
MONTE ALEGRE
335
9340KmN
270KmE265260255
250
248
242,5
330
325
323
NATAL
6°S
36°W38°W
RN
PB
CE
LOCALIZAÇÃO
Estrada
Cidade 
Lagoa
Drenagem
Fluxo Subterrâneo
Aqüífero Livre
Curva Isopotenciométrica
Aqüífero Livre
Divisor Hidrogeológico
Fonte: SUDENE(1971); escala 1:100.000.
Ano 1999
38
Bananeira
Jardim
SÃO JOSÉ
DE MIPIBÚ
NÍSIA FLORESTA
O
C
EA
N
O
 A TLÂ
N
TIC
O
Riacho Tim
bó
 Lagoa do
 Bonfim Lagoa
Redonda
 Lagoa
Urubu
La.
Boa
Água
 Lagoa
Ferreira
Grande
 Lagoa do
Carcará
Riacho
Boa Cica
Riac
ho
do Pium
Lagoa P
iu
m
Lagoa Nísia Floresta
Rio Trairí
32
34
36
38
4040
42
44
46
48
50
52
54
20
16
12
8 6 4
2224
26
2830
32
34
36
38
40
42
44
42
4038
36
3432
30
28
2624
22
24
26
28
30
44
42
42
39
37
35
33
31
Figura 5 – Bacia hidrogeológica do sistema lacustre Bonfim – RN. Fonte: Pereira (2001). 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
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Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
15 
 
inversão de cota, mas não de fluxo subterrâneo raso, visto 
que a influência direta só ocorreu de forma discreta e por um 
período muito curto (Figura 07). As contribuições subterrâneas 
para o Pium garantiram a sustentação de seu nível (Figura 
08). 
 
 
 
 
Figura 6 A e B – Fluxos subterrâneos no entorno da lagoa do Bonfim evidenciando inversões de 
fluxos e comportamento transitório dos divisores hidrogeológicos. Fonte: Pereira (2001). 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
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Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
16 
 
 
 
 
 
 
 Muitos outros aspectos devem ser observados entre os 
níveis das lagoas e a interação com as águas subterrâneas, 
tais como, se: 
 durante a recuperação do seu nível, mediante as 
precipitações sobre o espelho d’água, houve também a 
recuperação potenciométrica da área de recarga, 
Figura 08 – Comportamento do nível da lagoa do Pium. Fonte: Pereira (2001). 
 
Figura 07 – Variações dos níveis d’ água observados entre as lagoas do Bonfim e Urubu e o piezômetro 191, o 
qual situa-se entre as mesmas. Fonte: Pereira (2001). 
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apontando para essas contribuições conjuntamente, ou 
se o efeito de retardo das percolações tiveram 
influência na recuperação posterior; 
 a lagoa contribui subterraneamente para um 
aquífero confinado subjacente com níveis 
potenciométricos inferiores a ela, tal como ocorre na 
parte oeste da lagoa do Bonfim (Figura 08); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Variação do Nível Estático do Aquífero Semi-Confinado
30,3
30,35
30,4
1/5 6/5 11/5 16/5 21/5 26/5 31/5N
ív
el
 E
st
át
ic
o 
(m
)
Piez.52.2
Variação do Nível Estático do Aquífero Livre
19
19,1
19,2
19,3
1/5 6/5 11/5 16/5 21/5 26/5 31/5N
ív
el
 E
st
át
ic
o 
(m
)
Piez.52.3
Variação do Nível da Lagoa do Bonfim
40,7
40,75
40,8
40,85
40,9
1/5 6/5 11/5 16/5 21/5 26/5 31/5
C
ot
a 
A
bs
ol
ut
a 
(m
)
L. Bonfim
Pluviometria
0
50
100
150
1/5 6/5 11/5 16/5 21/5 26/5 31/5P
re
ci
pi
ta
çã
o 
(m
m
)
Posto S.Res.
Est.Terra N.
Figura 08 – Comportamento do aquífero semi-confinado no setor SW da lagoa do Bonfim 
mostrando correlação com esta lagoa, mas não com o aquífero livre. Fonte: Pereira (2001). 
 
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Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
18 
 
 o tamanho da área de recarga influenciou na 
elevação do seu nível e mesmo no rebaixamento; 
 o rebaixamento ou mesmo a recuperação sofreu o 
efeito da explotação antrópica, como na lagoa do 
Bonfim, que não mais revela o efeito de retardo da 
recuperação dos seus níveis meses após o término da 
chuva; 
 a cota do vertedor natural (sangradouro) 
estabilizou os níveis impedindo maiores elevações 
desse; 
 ocorreram contribuições dos escoamentos 
superficiais. 
 
 
 
ATIVIDADE 02 
Essa atividade ajudará a você sistematizar as informações 
que acabou de receber. Lembre-se: se você não conseguir 
respondê-la, retome a leitura do conteúdo ao qual ela se 
refere. 
01 O que você espera que ocorra com uma lagoa mediante o 
efeito de retardo das percolações em sua zona de recarga? 
02 Por que o nível da lagoa do Pium permaneceu constante 
ao longo do tempo? 
03 Que tipo de fluxo controla uma lagoa totalmente influente 
do ponto de vista subterrâneo? 
04 A inversão de cota absoluta do espelho entre duas lagoas 
significa que sempre ocorrerá uma migração de fluxos 
subterrâneos de uma para outra? 
05 Qual lago que será mais mineralizado: aquele que é 
alimentado por fluxos locais ou intermediários? 
 
 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
19 
 
 
RESUMINDO 
Nesta aula, você aprendeu quais são os diversos processos 
que originam os lagos, tais como inundação, 
impermeabilização, dissolução, barramento de rios, processos 
da dinâmica costeira, processos geológicos, acumulação 
eólica e processos glaciais. Aprendeu, ainda, o caráter 
efluente e influente tanto das águas superficiais como das 
águas subterrâneas. Viu, ainda, em um estudo de caso de 
uma lagoa costeira – lagoa do Bonfim - diversos processos 
hidrológicos. 
 
 
 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A leitura do artigo Estado da arte da bacia 
hidrogeológica do Sistema Lacustre Bonfim - RN, Nordeste do 
Brasil, de Pereira et al. (2002), permitirá que você 
compreenda um pouco mais sobre a interação de lagos e 
águas subterrâneas. 
 
Disponível em: 
PEREIRA, R.; GUIMARÃES JÚNIOR, J. A.; SILVA JÚNIOR, 
G. C.. Estado da Arte da Bacia Hidrogeológica do Sistema 
Lacustre Bonfim - RN, Nordeste do Brasil. Revista Águas 
Subterrâneas, São Paulo, v. 17, p. 41-47, 2003. 
 
 
 
 
 
 
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Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
20 
 
 
AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS 
 
 
Com base na comparação dos principais dados morfométricosdas três diferentes lagoas na tabela abaixo, seria possível a 
lagoa do Bonfim abastecer uma população de 220 mil 
pessoas, para uma demanda requerida de 452 L/s? 
 
 Lagoa do 
Bonfim 
(fechada) 
Lagoa do Jiqui 
(semi-fechada) – 
Sul de Natal 
Lagoa de Extremoz 
(semi-fechada) – 
Norte de Natal 
 
Área da bacia 
 
25 Km2 
 
 
98 Km2 
 
345 Km2 
 
Área do espelho 
 
8,9 Km2 
 
 
0,30 Km2 
 
4,0 Km2 
 
 
Volume armazenado 
máximo 
 
84,26.106 m3 
 
0,32.106 m3 
 
12.106 m3 
 
Disponibilidade 
hídrica 
 
? 
 
490 L/s 
 
900 L/s 
População 
beneficiada 
 
220.000 
 
130.000 
 
260.000 
 
 
Comentários: 
 
 
 CONHECENDO AS REFERÊNCIAS 
 
 
CUSTODIO, E.; LLAMAS, M.R. - Hidrología subterrânea. 
Tomo I e II. 2. ed. Barcelona: Ediciones Omega S.A., 1996. 
 
 
FEITOSA, E. C.; MELO, J.G. - Relatório diagnóstico dos 
dados e Informações disponíveis. Plano Estadual de 
Recursos Hídricos. Natal, 1997. Trabalho de Consultoria 
realizado pela Hidroservice Engenharia Ltda. 
 
Gestão dos Recursos Hídricos 
Aula 09 – Lagos 
 
 
Tecnologia em Gestão Ambiental a Distância 
21 
 
FETTER, C.W. - Applied hydrogeology. 3. ed. Upper 
Saddle River, New Jersey: Prentice-Hall, 1994, 691 p. 
 
 
LEE, T.M.; SWANCAR, A - Influence of Evaporation, 
Ground Water, and Uncertainty in the Hydrologic Budget 
of Lake Lucerne, a Seepage Lake in Polk County, Florida. 
U.S. Geological Survey Water-Supply; paper 2439, 1997, 61 
p. 
 
 
PEREIRA, R. - Caracterização hidrológica do sistema 
lacustre Bonfim – RN, Brasil. 212 f. Tese. Instituto de 
Geociências - UFRJ. Rio de Janeiro, 2001. 
 
 
MEYBECK, M.; HELMER, R. An Introduction to Water quality. 
In: CHAPMAN, Deborah. Water Quality Assessment. 
London and New York: UNESCO, 1998. 626 p. 
 
 
VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das 
águas e ao tratamento de esgotos. Belo Horizonte: 
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambintal: UFMG: 
1995. 
 
 
WINTER, T.C. et al. - Ground Water and Surface Water. A 
Single Resource. U.S. Geological Survey (Circular 1139), 
1998. 79 p. 
 
 
WINTER, T.C..The Hydrology of Lakes. In: The Lakes Hand 
book. Blacckwell Science, 2003. 
	Lagoa de Extremoz (semi-fechada) – Norte de Natal
	Lagoa do Jiqui (semi-fechada) – Sul de Natal
	Lagoa do Bonfim (fechada)
	345 Km2
	98 Km2
	Área da bacia
	0,30 Km2
	Área do espelho
	0,32.106 m3
	84,26.106 m3
	Volume armazenado máximo
	Disponibilidade hídrica
	490 L/s
	?
	População beneficiada
	130.000
	220.000

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