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1- Caracterizar o planejamento para cirurgia pré-protética em ASA III. FONTE: HUPP PRINCÍPIOS DE AVALIAÇÃO DO PACIENTE E PLANO DE TRATAMENTO Antes de qualquer tratamento cirúrgico ou protético, deve-se desenvolver uma avaliação meticulosa, delineando os problemas a serem resolvidos e um plano de tratamento detalhado para cada paciente. É fundamental que nenhum procedimento cirúrgico seja iniciado sem um claro entendimento do desenho desejado para a prótese final. O tratamento cirúrgico pré-protético deve iniciar-se com a história clínica e o exame físico completo do paciente. Um aspecto importante da história é obter uma ideia clara da queixa principal do indivíduo e de suas expectativas quanto ao tratamento cirúrgico e protético. Devem-se avaliar cuidadosamente os objetivos funcionais e estéticos do paciente e determinar se essas expectativas podem ser alcançadas. Uma avaliação completa da saúde geral é especialmente importante quando se consideram técnicas cirúrgicas pré-protéticas mais avançadas, pois muitas abordagens requerem anestesia geral, cirurgia de área doadora para a coleta de material para enxerto autógeno e procedimentos cirúrgicos múltiplos. Convém dar atenção específica a possíveis doenças sistêmicas que possam ser responsáveis por graus elevados de reabsorção óssea. Testes laboratoriais, como níveis plasmáticos de cálcio, fósforo, hormônio paratireoidiano e fosfatase alcalina, podem ser úteis para identificar potenciais problemas metabólicos que afetam a reabsorção óssea. Fatores psicológicos e a adaptabilidade dos pacientes são determinantes importantes de sua habilidade em lidar adequadamente com próteses totais ou parciais. Informações sobre sucessos ou fracassos com aparelhos protéticos prévios podem ser úteis para determinar a adaptabilidade e a atitude do paciente diante de um tratamento protético. A história deve incluir informações relevantes, como o estado de risco do paciente a cirurgias, com ênfase particular nas doenças sistêmicas que podem afetar a cicatrização óssea ou do tecido mole. Um exame intra e extrabucal do paciente deve contemplar uma avaliação das relações oclusais existentes (se houver dentes remanescentes), a quantidade e o contorno do osso remanescente, a qualidade do tecido mole que recobre a área chapeável, a profundidade de vestíbulo, a localização das inserções musculares, as relações intermaxilares e a existência de condição patológica do tecido mole ou ósseo. Avaliação do tecido ósseo de suporte A avaliação do tecido ósseo de suporte deve incluir inspeção visual, palpação, exame radiográfico e, em alguns casos, avaliação de modelos. Em geral, anormalidades do osso remanescente podem ser avaliadas durante a inspeção visual. No entanto, em razão da reabsorção óssea e da localização das inserções musculares e dos tecidos moles, muitas anormalidades ósseas podem ser mascaradas. É necessária a palpação de todas as áreas da maxila e mandíbula, inclusive a área chapeável primária e a área vestibular. A avaliação da área chapeável da maxila inclui a avaliação completa da forma do rebordo ósseo. Não se deve permitir a permanência de nenhuma irregularidade ou protuberância óssea grosseira na área de rebordo alveolar, vestíbulo ou abóbada palatina que impeça a correta inserção da prótese. Deve-se observar a existência de torus palatino que necessite de intervenção. A incisura posterior à tuberosidade é necessária para a estabilização e o selamento periférico da prótese posterior. O rebordo mandibular remanescente deve ser avaliado visualmente, observando-se sua forma e seu contorno e a existência de irregularidades grosseiras, torus e exostoses vestibulares. OBS: Em casos de reabsorção moderada a grave do osso alveolar, o contorno do rebordo não pode ser adequadamente avaliado por inspeção visual apenas. Inserções musculares e de mucosa próximas à crista do rebordo podem mascarar a anatomia óssea subjacente, sobretudo na área posterior da mandíbula, na qual frequentemente se pode palpar uma depressão entre a linha oblíqua externa e a linha milo-hióidea. A localização do forame mentual e do feixe neurovascular mentual pode ser palpada com relação à face superior da mandíbula, e podem-se notar distúrbios neurossensoriais. A avaliação da relação maxilomandibular é importante e inclui o exame das relações anteroposterior e vertical, assim como qualquer possível assimetria esquelética que possa existir entre a maxila e a mandíbula. Nos pacientes parcialmente edêntulos, deve-se observar a existência de dentes extrudados ou mal posicionados. A relação anteroposterior deve ser avaliada com o paciente na dimensão vertical adequada. O fechamento demasiado da mandíbula pode resultar em uma relação de classe III esquelética, mas pode parecer normal se avaliada com a mandíbula na posição postural adequada. As radiografias cefalométricas laterais e posteroanterior com os maxilares na posição postural adequada podem ser úteis para confirmar a discrepância esquelética. Deve-se dar bastante atenção à distância interarcos, sobretudo nas regiões posteriores, em que o excesso vertical da tuberosidade, tanto ósseo quanto de tecido mole, pode interferir no espaço necessário para a instalação de uma prótese adequadamente confeccionada Radiografias adequadas são parte importante do diagnóstico inicial e do plano de tratamento. As técnicas radiográficas panorâmicas proporcionam visão geral excelente para a avaliação da estrutura óssea subjacente e de condições patológicas.5 As radiografias podem revelar lesões ósseas patológicas, dentes impactados ou partes de raízes remanescentes, o padrão ósseo do rebordo alveolar e a pneumatização do seio maxilar As radiografias cefalométricas também podem ser úteis na avaliação da configuração transversal da região anterior do rebordo mandibular e da relação entre os rebordos. Para avaliar a relação do rebordo nas dimensões vertical e anteroposterior, pode ser necessário obter a radiografia cefalométrica na dimensão vertical apropriada. Com frequência, isso requer o ajuste ou a readaptação das próteses nessa posição ou a confecção de placas de mordida para serem usadas como posicionadores no momento da tomada radiográfica. Exames radiográficos mais sofisticados, como as tomografias computadorizadas (TC), podem proporcionar informações adicionais. As imagens de TC são particularmente úteis na avaliação da anatomia transversal da maxila, inclusive do formato do rebordo e da anatomia do seio. A anatomia transversal da mandíbula, envolvendo a configuração do osso basal, o rebordo alveolar e a localização do nervo alveolar inferior, pode ser avaliada com mais precisão. Avaliação do tecido mole de suporte A avaliação da qualidade do tecido da área de suporte primário que recobre o rebordo alveolar é de extrema importância. A quantidade de tecido queratinizado firmemente aderido ao osso subjacente na área de suporte da prótese deve ser distinguida do tecido pouco queratinizado ou móvel. A palpação pode revelar um tecido fibroso hipermóvel que é inadequado para a estabilidade da base da prótese A área vestibular deve estar livre de alterações inflamatórias, como áreas cicatriciais ou ulceradas causadas pela pressão da dentadura, ou de tecido hiperplásico resultante de dentadura mal-adaptada. O tecido do fundo de vestíbulo deve ser flexível e sem irregularidades para um selamento periférico máximo da dentadura. A avaliação do fundo de vestíbulo deve incluir a manipulação manual das inserções musculares adjacentes. Tensionando o tecido mole adjacente à área do rebordo alveolar, o cirurgião-dentista pode notar as inserções de músculos ou de tecido mole (como freios) que se aproximam da crista do rebordo alveolare que são frequentemente responsáveis pela perda do selamento periférico da dentadura durante a fala ou a mastigação. A face lingual da mandíbula deve ser inspecionada para determinar o nível da inserção do músculo milo- hióideo com relação à crista do rebordo mandibular e à inserção do músculo genioglosso na região anterior da mandíbula. A profundidade do assoalho da boca deve ser avaliada com a língua em várias posições, pois a movimentação da língua, acompanhada pela elevação dos músculos milo-hióideo e genioglosso, é causa frequente de movimentação e deslocamento da dentadura inferior. FONTE: PETERSON Considerações do plano de tratamento A prótese convencional suportada por mucosa deu lugar a dispositivos apoiados pelo implante que se revelaram superiores em proporcionar estética, confiança e aumento da função ao paciente. A preparação cirúrgica pré-protética das áreas diretamente envolvidas com a estabilidade e o suporte de dispositivo são fundamentais e devem ser abordados no início do plano de tratamento. Não é preciso tentar realizar procedimentos dos tecidos moles de recobrimento até que o posicionamento satisfatório dos tecidos ósseos subjacentes seja concluído. Como regra geral, o profissional sempre deve manter uma cobertura excessiva de tecidos moles quando disponível até o completo aumento ósseo final. Complicações como deiscência, perda da mucosa queratinizada e obliteração da profundidade vestibular podem ser evitadas se os tecidos moles sobrejacentes forem respeitados. Uma vez completa a reparação óssea, se o tecido sobrejacente for claramente excessivo, pode-se prosseguir à remoção do tecido mole em excesso sem complicações. Usando a classificação dos maxilares desdentados segundo Cawood e Howell7, o cirurgião reconstrutivo pode planejar o tratamento para seus pacientes de acordo com esses parâmetros. Muitos planos de reconstrução excelentes alcançam resultados abaixo de satisfatórios em virtude do manejo anestésico inadequado do paciente durante o procedimento. Embora muitos procedimentos possam ser realizados sob anestesia local ou sedação, o clínico deve ter um baixo limiar para fornecer anestesia geral em um ambiente operatório controlado para permitir a manipulação adequada do sítio cirúrgico, a fim de atingir as metas necessárias do procedimento cirúrgico. Desejos dos pacientes, questões de saúde, conforto do cirurgião e magnitude da deformidade são aspectos que devem ser considerados na tomada de decisões sobre o tipo de anestésico empregado. A perda do osso maxilar e mandibular pode ter efeitos leves a graves sobre o bem-estar do indivíduo. Curiosamente, o tamanho do defeito nem sempre se correlaciona com o nível de deficiência percebida pelo paciente. Indivíduos com ausência de um único dente anterior com um defeito associado da parede vestibular podem se sentir bastante comprometidos, enquanto, embora seja raro, encontram-se pacientes edêntulos que vivem e exercem suas funções sem usar sequer uma prótese removível. Essa variabilidade ressalta a necessidade de a equipe odontológica compreender a queixa principal do paciente e as metas restauradoras desejadas. Depois de obter uma história clínica odontológica e o banco de dados de diagnóstico, o tempo despendido com a orientação do paciente sobre seu problema pode ajudá-lo a refinar os objetivos e tornar mais fácil o desenvolvimento de um plano de tratamento satisfatório. Como a reconstrução protética aceitável pode ser atingida com uma diversidade de tratamentos que variam em complexidade, invasividade, tempo de conclusão, simplicidade de manutenção, atributos funcionais, atributos estéticos e custo, é razoável desenvolver mais de um plano de tratamento que possa atender às necessidades do paciente. Estado de saúde geral do paciente, potencial de complacência, paciência e capacidade de manter a(s) prótese(s) final(ais) são aspectos que devem ser considerados ao planejar os procedimentos cirúrgicos de reconstrução pré-protética, bem como a futura reabilitação protética. Além disso, uma abordagem multidisciplinar que envolva as opiniões do paciente é imprescindível para o sucesso a longo prazo e a satisfação do paciente 2- Caracterizar cirurgias pré-protéticas de tecido mole e de tecido duro. FONTE: PRADO A cirurgia pré-protética vem passando por várias mudanças ao longo dos anos, principalmente devido às novas tecnologias associadas ao processo de recuperação do sistema estomatognático. Apesar dos avanços obtidos na área de prevenção e de cuidado dental no último século, o Brasil ainda apresenta elevado número de indivíduos com edentulismo parcial ou total e necessidade de confecção de próteses dentárias em larga escala. Uma parcela significativa dos pacientes submetidos à cirurgia pré-protética é idosa, sendo mais prevalente em pacientes acima de 40 anos de idade, predominantemente nas 5a e 6a décadas de vida, pois as perdas dentárias acometem particularmente a população idosa, em decorrência de fatores como má higiene oral, agravados por patologias como diabetes, doença periodontal e cárie. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2010 no Brasil, 63,1% dos indivíduos com idade entre 65 e 74 anos usavam prótese total e, segundo estatísticas, até o ano de 2025, o Brasil será a sexta maior população idosa do mundo, com mais de trinta milhões de habitantes, sendo esta faixa etária aquela cuja demanda de reabilitação por próteses dentárias é mais significativa. Mesmo com o advento dos implantes dentários, as próteses convencionais continuam sendo prevalentes na população, particularmente em áreas de menor influência de fator econômico. As próteses possibilitam a reabilitação oral funcional e estética dos pacientes, no entanto precisam ser confeccionadas adequadamente para que não interfiram no sistema estomatognático. A reconstrução protética de dentes perdidos ou ausentes naturalmente requer uma área ideal de suporte para as próteses. Em algumas ocasiões podem ser necessárias abordagens cirúrgicas prévias dos tecidos bucais, denominadas tradicionalmente como cirurgias pré-protéticas, e consistem em toda manobra cirúrgica realizada na cavidade bucal necessária para manter bem adaptada uma prótese, objetivando a recuperação estética e funcional do paciente. Estas cirurgias podem ser realizadas em tecidos moles e/ou no tecido ósseo da maxila ou mandíbula Dessa forma, toda a indicação cirúrgica deverá prever as características ideais da prótese indicada. Nos casos de próteses convencionais mucossuportadas, a sua retenção, suporte e estabilidade, assegurados por um bom selamento periférico, contato com os tecidos de suporte e boa dimensão da área chapeável. Avaliação radiográfica Até este momento, a radiografia panorâmica fornece a melhor fonte de triagem para a avaliação global e o levantamento das estruturas ósseas e das afecções do esqueleto maxilofacial. A partir das radiografias, é possível identificar e avaliar a condição patológica, estimar as variações anatômicas e a pneumatização do seio maxilar, localizar dentes impactados ou ápices de raiz retidos e obter uma impressão global do contorno, da localização e da altura do osso basal, da crista alveolar e do canal neurovascular alveolar inferior e dos forames mentonianos associados. É preciso calibrar as radiografias para ampliação a fim de determinar as dimensões espaciais necessárias para planejar as restaurações com implantes adjacentes às estruturas neurovasculares ou ao seio maxilar, determinar o tamanho do defeito e a forma na osteogênese por distração e prever as dimensões necessárias para os materiais de aumento planejados. Radiografias cefalométricas posteroanteriores e laterais podem ser usadas para avaliar o espaço intermaxilar,os excessos esqueléticos ou as deficiências – relativos e absolutos – existentes na maxila ou na mandíbula e a orientação do rebordo alveolar entre as arcadas. São extremamente úteis quando a presença de discrepâncias esqueléticas pode exigir a correção ortognática, para que sejam promovidas relações funcionais aceitáveis para a reabilitação protética. A análise cefalométrica em combinação com modelos dentários montados em articulador ajuda a estabelecer a trajetória de inserção planejada de futuros dispositivos protéticos, bem como a identificar as discrepâncias nas relações intermaxilares que afetam o plano de tratamento restaurador. Nos últimos anos, a tomografia computadorizada (TC) tem desempenhado um papel crescente no planejamento do tratamento de casos complexos. Uma avaliação detalhada do contorno alveolar, da posição neurovascular e da anatomia do seio está disponível para o planejamento subsequente de aplicações avançadas de implante. Implantes zigomáticos que eliminam a necessidade de elevação do seio podem ser usados em casos que envolvem seios maxilares desdentados atróficos (Figura 6.4). A avaliação cuidadosa da trajetória de inserção é facilmente obtigada usando o exame de TC coronal dos seios maxilares. A TC também pode fornecer ao clínico as informações sobre a quantidade de osso e volume ósseo, bem como a respeito de sua densidade Em muitos casos, a combinação de modalidades de exames de imagens e modelos montados com diagnóstico de enceramento pode ser útil para determinar o plano de reconstrução. Esses elementos também podem servir para a fabricação de goteiras cirúrgicas guias para a colocação de implantes ou em procedimentos de enxertia. As goteiras cirúrgicas fabricadas a partir de modelos baseados em TC combinam considerações estéticas e cirúrgicas, bem como a ponte entre a cirurgia modelo e a operação real, e permitem a cooperação entre o cirurgião, o técnico de laboratório, o periodontista, o protesista e o ortodontista, o que resulta em uma reconstrução protética com boa relação custo-efetividade com resultados estéticos melhorados (Figura 6.6). Além disso, a exatidão do procedimento cirúrgico pode ser bastante elevada em detrimento de uma diminuição global da duração do procedimento. Tecidos ósseos EXODONTIAS MÚLTIPLAS As exodontias múltiplas são cirurgias pré-protéticas realizadas em situações específicas e devem ser entendidas como uma opção terapêutica ao paciente que anseia por um resultado estético e funcional e a dentição não mais permite. O cirurgião-dentista deve promover, de maneira conservadora, a remoção dos elementos dentários, preservando a integridade dos tecidos moles e ósseos de suporte. OBS: As exodontias podem ser seguidas ou não de alveoloplastia. Exodontia seguida de prótese imediata Às próteses totais ou parciais imediatas, são atribuídas as funções de restaurar o sistema estomatognático, bem como recuperar a estética do indivíduo. Acrescentados a estes fatores estão o favorecimento do processo de cicatrização, a promoção de hemostasia local pela estabilização do coágulo, o auxílio na determinação da dimensão vertical e ser um facilitador para o paciente na adaptação ao aparelho protético. Assim sendo, as próteses imediatas, principalmente as próteses totais, são de fundamental importância no restabelecimento do indivíduo. Entretanto, cabe ressaltar algumas desvantagens na sua indicação, como: quantidade maior de consultas a que o paciente deverá se submeter devido aos ajustes necessários à prótese total imediata; menor precisão da moldagem usada para a confecção da mesma; dor local associada à instabilidade da prótese imediata, bem como o maior custo, visto que essa peça protética é provisória. A realização de uma prótese total final está prevista para ser confeccionada 6 meses após a cirurgia. Para a indicação de uma prótese total imediata deve- se avaliar a ausência de: mucosa hiperplásica, más oclusões graves e radioterapia imediata. O paciente deverá ser submetido, antes das exodontias, a todas as etapas necessárias à confecção de uma prótese total. Estando a prótese total imediata confeccionada o paciente será submetido ao procedimento cirúrgico de extração dentária, que deverá ser realizado com lesão mínima ao remanescente ósseo. Em alguns casos é essencial a realização de alveoloplastia apenas na remoção de irregularidades ósseas que possam gerar dor e desconforto local. Após o procedimento cirúrgico, a prótese é ajustada e reembasada com material condicionador de tecido que auxilia na estabilização da prótese e no processo de cicatrização tecidual. A remoção da sutura acontecerá em 1 semana de pós-cirúrgico. ALVEOLOPLASTIAS Intervenções cirúrgicas que intentam alterar, de forma planejada, a conformação do tecido ósseo alveolar com propósito de favorecer a reparação tecidual ou obter um rebordo residual ausente de irregularidades que possam interferir na estabilidade e na retenção do aparelho protético para que haja uma distribuição homogênea de forças sobre a área chapeável. São assim subdivididas e conceituadas: Alveoloplastia primária Realizada no momento das cirurgias de exodontia, cujo objetivo é favorecer a cicatrização da ferida cirúrgica Alveoloplastia secundária Realizada em regiões edêntulas, cujo objetivo é a remoção das irregularidades presentes no rebordo para que um contorno ósseo adequado seja obtido. A técnica de alveoloplastia após exodontia tem se tornado cada vez mais conservadora devido ao conhecimento que se tem com relação ao processo de remodelação do osso alveolar. Desse modo, as pequenas irregularidades ósseas, no momento das exodontias, seriam removidas com uso de alveolótomos e limas para osso. As alveoloplastias intrasseptais têm sido abolidas devido à diminuição em espessura da estrutura óssea, o que poderia dificultar a instalação futura de implantes. Alveoloplastias mais complexas, em áreas com múltiplas irregularidades devem ser realizadas utilizando manobras cirúrgicas com elevação de retalho. Devem ser executadas cuidadosamente para que o tecido mole seja deslocado o mínimo possível, pois a diminuição no suprimento vascular, fornecida pelo periósteo, contribui para o aumento da reabsorção do osso exposto. Após a elevação do retalho a estrutura óssea é nivelada, com instrumentos manuais ou rotatórios. Posteriormente é realizada a irrigação local e a sutura. Caso ocorra excesso de tecido mole, o mesmo é removido antes da sutura REDUÇÃO DE TUBÉRCULO GENIANO Anatomicamente o tubérculo geniano é uma proeminência óssea localizada na face interna e na linha média da mandíbula, local de inserção do músculo genioglosso, em sua porção superior. Quando grandes atrofias se instalam na mandíbula, o tubérculo geniano torna-se proeminente, o que poderia dificultar a manutenção de uma prótese. Assim sendo, a decisão para remoção cirúrgica dessa proeminência está vinculada tanto a este fator como à impossibilidade de aumento da estrutura mandibular por meio de enxerto ósseo. ➤ Técnica cirúrgica. Anestesia mentual associada ao bloqueio do nervo lingual bilateral, seguida de incisão linear sobre o rebordo mandibular, na região anterior, entre os forames mentuais. Divulsão total do retalho por lingual para acesso à região, com desinserção do músculo genioglosso. A osteotomia da proeminência pode ser realizada com instrumentos rotatórios de baixa ou alta rotação, com irrigação constante. A sutura é realizada com pontos contínuos e o músculo genioglosso deverá reposicionar-se casualmente REDUÇÃO DE CRISTA MILO-HIÓIDEA A estrutura anatômica na qual se insere o músculo milo-hióideo denomina-se crista milo-hióidea. À medida que a reabsorção mandibular avança, a localização da inserçãodessa musculatura torna-se desfavorável para a estabilização das próteses. Em mandíbula com intensa reabsorção, a superficialização da crista milo-hióidea resulta em sintomatologia dolorosa, por vezes intensa. Nestes casos, se faz necessário o aplainamento da crista milo-hióidea, associado ou não ao aprofundamento do assoalho bucal. Com o advento dos implantes e enxertos ósseos este deslocamento da musculatura está em desuso. ➤ Técnica cirúrgica. O bloqueio dos nervos bucal, lingual e alveolar inferior é realizado seguido de uma incisão linear sobre o rebordo, com desvio em sua porção posterior para vestibular a fim de se evitar o nervo lingual. O tecido é rebatido em direção lingual para acesso à crista. A desinserção do músculo poderá ser realizada com bisturi elétrico ou apenas deslocada com o descolador de Molt. A redução da crista será feita por meio de instrumento rotatório e broca cirúrgica esférica no 8 e formato de pera para alisamento final. Na síntese utiliza-se sutura contínua após abundante irrigação local. A musculatura pode ser inserida de forma aleatória, ou pode-se utilizar um guia cirúrgico ou uma prótese na tentativa de estabilizar o mais inferiormente possível o músculo milo-hióideo TRATAMENTO DE EXOSTOSE Consideradas anomalias do desenvolvimento benignas, as exostoses têm origem tanto em osso cortical como esponjoso. São classificadas de acordo com sua localização em exostose vestibular, na mandíbula ou maxila e exostose palatina na maxila, com predileção pela região da tuberosidade. Sua remoção cirúrgica está indicada apenas quando interferem na estética do indivíduo ou na funcionalidade do sistema estomatognático ou impossibilitam a confecção de peças protéticas ➤ Técnica cirúrgica. A partir da extensão da exostose será definida a anestesia a ser utilizada. Em pacientes desdentados totais a incisão se fará sobre o rebordo maxilar ou mandibular com uma extensão de 1 a 1,5 cm em incisões lineares além da área que será removida (pode-se utilizar incisão relaxante anterior à área das exostoses vestibulares). A divulsão do retalho será de espessura total em direção ao tecido ósseo em excesso. Para a remoção da exostose serão utilizados instrumentos rotatórios, pinça goiva e lima de osso na sua regularização. O tecido mole deverá ser reposicionado para verificar, na inspeção tátil, a presença de espículas ósseas. Na síntese poderão ser utilizadas suturas simples ou contínuas EXÉRESE DE TÓRUS PALATINO E MANDIBULAR O tórus é considerado uma exostose comum e benigna e não requer tratamento, a menos que seja local de frequentes traumas em sua superfície, resultando em ulceração e dor local ou, ainda, interferindo nos movimentos da língua, na fonação e na fisiologia da mastigação. Se o tamanho do tórus for discreto e não interferir na adaptação da prótese, sua remoção estará contraindicada. Podem apresentar-se como massa única ou lobular, em tamanhos variados O tórus palatino ocorre na linha média do palato duro, mais frequentemente em pacientes jovens, e sua incidência varia de 9 a 65%, dependendo do grupo étnico estudado, com leve predileção pelo sexo feminino. O local mais comum de implantação do tórus mandibular é na superfície lingual, sobre a linha milo-hióidea, na região de pré-molares. Pode ser unilateral, principalmente do lado direito, ou bilateral e simétrico; sendo este mais frequente. O tamanho pode variar de 3 a 4 cm de diâmetro, mas são em geral menores que 1,5 cm. Em raras ocasiões, os tórus bilaterais podem se tornar tão grandes na iminência de se unirem na linha média. ➤ Técnica cirúrgica na maxila. Bloqueio dos nervos palatinos maiores e do incisivo seguido por infiltração local ao redor da mucosa de revestimento do tórus. A incisão em Y ou duplo Y deverá ser selecionada de acordo com o volume do tórus. O duplo Y promove maior exposição palatina, entretanto, há maior dificuldade em suturar a região posterior dessa incisão. O descolamento subperiosteal deverá ser realizado de forma delicada, tendo em vista ser este tecido bastante friável e suscetível a lacerações. Instrumentos rotatórios são utilizados para a remoção do tórus, devendo ser selecionadas brocas cirúrgicas multilaminadas, considerando a estrutura óssea cortical dessa exostose. Em tórus de grandes dimensões poderá ser realizada a sua segmentação com brocas cirúrgicas tronco-cônicas e estes segmentos removidos com alveolótomos seguido de alisamento final para regularização da região. Atenção especial deverá ser conferida no momento da osteotomia para que não ocorra comunicação da cavidade nasal com a cavidade bucal e que seja realizada com abundante irrigação. A sutura deverá ser em pontos simples O tecido suturado deverá ser protegido pela prótese ou por um guia confeccionado de resina acrílica reembasado com condicionador de tecido Esta etapa proporcionará conforto ao paciente e reduzirá o risco de formação de espaço morto e de deiscência de sutura pela compressão do tecido de encontro ao palato duro. ➤ Técnica cirúrgica na mandíbula. Bloqueio dos nervos alveolar inferior lingual e bucal. Em pacientes que apresentem tórus bilateral, o procedimento poderá ser realizado no mesmo momento cirúrgico. A incisão será linear sobre o rebordo em pacientes edêntulos ou interpapilar em pacientes parcialmente dentados. A divulsão mucoperiosteal lingual deverá ser cuidadosa devido à fragilidade do tecido de recobrimento e poderá se estender à linha média mandibular, ultrapassando a mesma de acordo com a extensão da exostose. Importante que se entenda que esta manobra aumenta a possibilidade de formação de hematoma sublingual e pode diminuir a profundidade mandibular. A remoção do tórus poderá ser realizada com a utilização de cinzéis ou alveolótomos sempre antecedidos pela fragmentação do mesmo com uso de brocas cirúrgicas. O cirurgião determinará, com sua sensibilidade tátil, a ausência de áreas de retenção e o nivelamento do osso será realizado com instrumentos rotatórios. Irrigação constante e abundante é indispensável durante o procedimento. A sutura poderá ser contínua em rebordos edêntulos. Próteses temporárias ou guias de acrílico podem ser utilizados no pós-operatório imediato com intuito de redução de hematoma; entretanto, este recurso não é indispensável ao prognóstico dessa cirurgia REDUÇÃO DA TUBEROSIDADE Excesso de tecido ósseo ou mole na região de tuberosidade maxilar pode acarretar diminuição da distância entre os arcos, tornando-o inadequado à confecção de uma prótese. Durante o planejamento, o cirurgião-dentista deve identificar o excesso tecidual e a altura final que se deseja obter. A avaliação radiográfica da região, por meio de uma imagem panorâmica, auxilia na quantificação do tecido a ser reduzido e identifica a extensão do seio maxilar, minimizando os riscos no transcirúrgico. ➤ Técnica cirúrgica. Após bloqueio do nervo alveolar superior posterior e palatino maior, realiza-se uma incisão linear sobre o rebordo até a região posterior da tuberosidade maxilar. O retalho é então rebatido em toda a sua extensão e nos excessos ósseos a osteotomia é realizada com instrumento rotatório e irrigação constante. Após a osteotomia o excesso de tecido mole deverá ser removido tendo como limite a incisão realizada sobre o rebordo. Quando existir apenas um excedente de tecido mole, poderá ser realizada uma incisão em forma de cunha, sobre o rebordo, com posterior remoção do feixe central do tecido incisado. Posteriormente realiza-se uma redução interna nos bordos laterais do tecido para que se alcance elasticidade suficiente e fechamento da incisão. Um guia cirúrgico poderá ser utilizado para facilitar a visualização da quantidade de tecido que deveráser removida. Após inspeção da área operada, a sutura é realizada por meio de pontos simples ou contínuos Nas cirurgias pré-protéticas associadas à correção das estruturas ósseas, exceção às alveoloplastias, está prevista a remoção da sutura em 7 dias após a realização da cirurgia e a moldagem para a confecção de nova prótese a partir de 4 semanas após o início do tratamento. Entretanto, é importante que se reavalie o resultado obtido e a recuperação clínica do paciente, pois cada indivíduo responde de maneira distinta no seu processo de recuperação pós- operatória. Tecidos moles CIRURGIA DOS FRÊNULOS E BRIDECTOMIAS Os freios ou frênulos bucais são estruturas de origem congênita, consistem em cordões de tecido conjuntivo fibroso, muscular ou fibromuscular, recobertos por membrana mucosa e localizados na linha média. Os freios labiais superior e inferior desempenham a função de delimitar os movimentos labiais, estabilizando-os na linha média e impedindo a excessiva exposição da mucosa gengival e, juntamente com o freio lingual, unem o lábio e a língua ao rebordo alveolar. Em pacientes edêntulos, um freio labial hipertrófico, firme e tenaz, ou com inserção inadequada, devido à reabsorção vertical do rebordo alveolar, pode interferir na estabilidade e promover o deslocamento de próteses dentárias, tornando necessária a sua remoção cirúrgica As cirurgias dos frênulos compreendem as frenectomias (remoção cirúrgica do freio), as frenulotomias (secção do freio sem, no entanto, removê-lo) e a reinserção do freio que promove o seu reposicionamento). Para os procedimentos cirúrgicos dos freios, é importante a imobilização dos lábios e a tração simétrica bidigital por um auxiliar. Pode-se realizar anestesia locorregional ou terminal infiltrativa a cada lado do freio, respeitando uma distância de aproximadamente 1 cm para prevenir distorção do mesmo. Anestesia do nervo nasopalatino deve ser considerada, devido à aproximação do freio labial superior com a crista do rebordo ou mesmo com inserção na papila incisiva. As intervenções nos freios labiais inferiores podem exigir complementação da anestesia parcial do nervo lingual. As principais técnicas de frenectomias descritas na literatura incluem: •Técnica de Federspiel (1933): é realizada uma incisão circunferencial ou elíptica em toda a extensão do freio labial, abrangendo o periósteo subjacente, seguida de divulsão, exérese do freio e sutura •Técnica do pinçamento único: utilizando-se uma pinça hemostática reta, faz-se o pinçamento único na bissetriz formada entre o lábio e o rebordo alveolar. Com auxílio da pinça, traciona-se a pinça para um dos lados e realiza-se uma incisão em cunha adjacente e a cada lado do freio, a expensas do rebordo alveolar. Em seguida promove-se o descolamento mucoperiostal das fibras aderidas no rebordo alveolar. Traciona-se o freio para frente e realiza-se a frenectomia propriamente dita por meio da incisão do freio adjacente ao lábio. Após divulsão das bordas da ferida cirúrgica procede-se à sutura. Uma goteira cirúrgica ou a prótese do paciente reembasada com condicionador de tecido pode ser útil para cicatrização (Figura 11.13) •Técnica do pinçamento duplo ou de Archer (1956, apud Archer, 1975): são utilizadas duas pinças, uma na extremidade labial e outra na extremidade alveolar do freio. Para exérese do freio, são realizadas incisões adjacentes às pinças. Nos casos de inserção palatina do freio, podem ser necessárias incisões adicionais para remoção do freio nesta região. Em seguida promovem-se a desinserção das fibras inseridas no osso alveolar, a divulsão da mucosa labial nas bordas da incisão e a sutura. As frenulotomias incluem: •Técnica da simples secção: secciona-se o freio com tesoura ou bisturi. Um “pique” na porção mediana do freio distendido promove a liberação do freio •Técnica da incisão em Z ou zetaplastia: uma demarcação em Z no freio pode ser útil na orientação das incisões. Realiza-se uma incisão vertical no longo eixo do freio e outras duas nas extremidades da primeira e em sentidos opostos, perpendicular ou oblíqua à incisão vertical. A mucosa é então divulsionada junto às incisões, dando origem a dois retalhos triangulares. Promove-se a inversão do posicionamento dos retalhos e realiza-se a sutura com pontos isolados. Remoção adicional da porção próximo à papila incisiva pode ser necessária. A reinserção do freio ou técnica de Ries Centeno é também preconizada para freios labiais presentes em pacientes desdentados, que interfiram na confecção e na retenção de prótese total. Consiste em uma incisão trapezoidal na mucosa gengival, suficientemente distante da base de inserção do freio labial, nas vertentes vestibulares do rebordo ósseo alveolar; divulsão de todo tecido mole circunscrito pelo traçado incisional, inclusive a inserção no periósteo, do freio labial; deslizamento e sutura de todo o tecido divulsionado em sentido às fossas nasais, o suficiente para que o freio labial não interfira na adaptação da prótese e para mantê-lo nesta nova posição por suturas com pontos isolados. Quando os freios linguais interferem na instalação de uma prótese, a cirurgia deve ser realizada antes de iniciar a reabilitação protética. ➤ Técnica cirúrgica. A língua deve ser imobilizada e tracionada em direção ao palato, mantendo-se o freio lingual tenso. Para isto, pode-se realizar uma glossorrafia com a transfixação da ponta da língua com fio de seda, algodão ou náilon, preso por uma pinça hemostática para tornar possível, com segurança, o tracionamento e a imobilização da língua, expondo o campo cirúrgico. Freios linguais membranosos podem ser submetidos à simples secção. Para freios mais volumosos podem ser utilizadas as técnicas de pinçamento único ou duplo. A divulsão das estruturas do freio promove a liberação e a funcionalidade da língua. Durante a sutura, deve-se ter o cuidado para não provocar o aparecimento de um cisto de retenção mucoso com o fechamento do conduto excretor da glândula sublingual na região da carúncula lingual As técnicas para cirurgias dos frênulos também são úteis para remoção de bridas e inserções musculares, quando estas comprometem a instalação das próteses. Neste caso as cirurgias são denominadas bridectomias. VESTIBULOPLASTIAS O processo de reabsorção óssea alveolar acontece em virtude da falta de estimulação ocorrida com a perda do elemento dentário. A reabsorção óssea alveolar é diferente ao se compararem maxila e mandíbula; esta sofre uma perda quatro vezes maior. O processo pode ser crônico, progressivo, irreversível e cumulativo, e como principais causas destacam-se menor suprimento vascular, menor espessura de tecido fibromucoso e maior área de forças compressivas provocadas pelo maior número de inserções musculares. A atrofia mandibular é uma das principais indicações para vestibuloplastia, que tem como objetivo criar, cirurgicamente, maior área chapeável. Quando ocorre reabsorção vertical dos rebordos alveolares, um fundo de vestíbulo raso compromete fortemente o desempenho e a estabilidade da prótese. O aumento da profundidade do vestíbulo pode se dar por meio de enxertos ósseos ou substitutos ósseos, com ganho verdadeiro da altura do rebordo; ou por meio de deslocamento de músculos, ligamentos e da mucosa oral em direção à base óssea, o que denominamos de aprofundamento de sulco vestibular. Inúmeras técnicas de aprofundamento de sulco foram descritas na literatura. Dentre as técnicas de vestibuloplastia, as mais classicamente descritas foram (a) técnica de Kazanjian (1935), praticada com incisão da mucosa labial, distante 1,5 cm da crista óssea; e (b) técnica de Clarck (1953), na qual a incisão é confeccionada sobre a crista do rebordo alveolar.No entanto, o procedimento de aprofundamento de sulco vestibular vem gradualmente caindo em desuso, visto que os resultados são imprevisíveis e muitas vezes insatisfatórios, restringindo-o às regiões anteriores dos maxilares. ➤ Técnica cirúrgica. O procedimento cirúrgico de vestibuloplastia com epitelização secundária consiste basicamente na incisão e no reposicionamento da mucosa que recobre o osso alveolar e das inserções musculares, o retalho é suturado no periósteo, promovendo um aprofundamento do sulco vestibular. O periósteo pode ficar exposto e cicatrizar por segunda intenção. Técnicas de enxertia de tecidos moles podem ser úteis para prevenir encurtamento do lábio. Uma goteira ou mesmo a prótese do paciente pode ser reembasada com condicionador de tecido ou cimento cirúrgico, para auxiliar na manutenção da mucosa na nova posição e na proteção do periósteo exposto. Após 3 ou 4 semanas, a reepitelização do fundo de vestíbulo propiciará uma área adequada para moldagem pré-protética do rebordo EXÉRESE DE HIPERPLASIAS A hiperplasia fibrosa inflamatória (HFI) é a melhor denominação dada a lesões proliferativas benignas com origem na cavidade bucal a partir de um traumatismo crônico de baixa intensidade. Clinicamente, a HFI é uma lesão exofítica bem definida, de consistência firme ou flácida à palpação, superfície lisa, com base séssil ou ocasionalmente pediculada, coloração variando de semelhante à mucosa adjacente à eritematosa, de crescimento lento e geralmente assintomático. Esta lesão pode ser pequena ou atingir alguns centímetros de diâmetro e, ocasionalmente, apresenta-se ulcerada em sua superfície. O aumento do período de uso das próteses está associado com o aumento da HFI. Próteses totais e parciais removíveis, mal adaptadas e antigas, geralmente ocasionam traumas constantes e inflamação dos tecidos bucais. O aparecimento da lesão com o uso de próteses novas pode ocorrer em resposta à pressão exercida pelos bordos cortantes da prótese. Levantamentos epidemiológicos são unânimes em demonstrar a grande quantidade de lesões diagnosticadas como HFI, liderando um escore em relação às demais lesões do complexo bucomaxilofacial e geralmente estão associadas ao uso de próteses totais ou parciais removíveis mal adaptadas. Sempre que possível, as HFIs da cavidade bucal deveriam ser tratadas com excisão local, e exame microscópico do tecido excisado, uma vez que a HFI possui amplo diagnóstico diferencial com lesões do tipo lipofibroma, neurofibroma, tumores de glândulas salivares menores, dentre outras. Outras modalidades terapêuticas podem ser adotadas em alguns casos, como a utilização do laser, a mucoabrasão ou a crioterapia. Em qualquer modalidade terapêutica, o prognóstico da exérese de HFI é excelente. As HFI não apresentam potencial maligno. As taxas de recidiva são baixas quando o agente traumático é removido. As recorrências após a excisão são quase sempre o resultado da falha na eliminação da forma particular de irritação crônica. Cuidados com confecção de novas próteses são adotados e orientações sobre higiene bucal e protética devem ser ministradas. ➤ Técnica cirúrgica. A técnica anestésica varia de acordo com o tamanho e a localização da hiperplasia, variando de terminal infiltrativa a bloqueio dos nervos locorregionais. Lesões pediculadas são facilmente removidas, tracionando-se o tecido hiperplásico e incisando a base do pedículo. Lesões sésseis podem ser removidas com incisões elípticas, envolvendo a lesão com 1 a 2 mm além dos limites da sua inserção. Os bordos da incisão podem ser aproximados e suturados. Em grandes hiperplasias, principalmente localizadas em fundo de vestíbulo bucal, para se manter ou aumentar a profundidade do vestíbulo pode ser necessário remover a hiperplasia e deixar o periósteo que reveste o rebordo exposto para cicatrização por segunda intenção REMOÇÃO DE HIPERMOBILIDADE TECIDUAL A reabsorção do osso alveolar após exodontia pode resultar em hipermobilidade dos tecidos moles de recobrimento. Se a reabilitação incluir o aumento do tecido ósseo por meio de enxertos, o tecido mole deve ser mantido, pois será útil para recobrir o enxerto. Caso a morfologia e as dimensões do rebordo alveolar estejam apropriadas para receber a prótese, a incisão do tecido com hipermobilidade pode ser indicada. ➤ Técnica cirúrgica. Após anestesia terminal infiltrativa adjacente à área do tecido mole excedente, realizam-se duas incisões mucoperiostais paralelas, uma por vestibular e outra por lingual/palatino, tangenciando a base do tecido hipermóvel. Um descolador de Molt pode auxiliar na exérese deste tecido. Em seguida, realiza-se a aproximação dos bordos e observa-se a necessidade de remoção adicional para possibilitar adequada coaptação para a sutura. Pode-se realizar sutura por meio de pontos simples ou, preferencialmente, sutura contínua Após 3 ou 4 semanas, uma cicatrização normal propiciará condições adequadas para moldagem e confecção de nova prótese. 419d6365cc0e5110a5acdaaa137c08caf5aad40471eb864ef5e909368d3142f9.pdf f99dc18844e860b233e1b43504ea2cdfc58b27b33cce153fb44a8f122801c74a.pdf 419d6365cc0e5110a5acdaaa137c08caf5aad40471eb864ef5e909368d3142f9.pdf
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