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A prevalência e incidência de EM no mundo variam de acordo com a geografia e etnia, com taxas de prevalência variando de 2 por 100.000 na Ásia e mais de 100 por 100.000 na Europa e América do Norte. As causas envolve predisposição genética (com alguns genes já identificados que regulam o sistema imunológico) e combinação com fatores ambientais, que funcionam como “gatilhos”: infecções virais (vírus Epstein-Barr) exposição ao sol e consequente níveis baixos de vitamina D prolongadamente exposição ao tabagismo obesidade exposição a solventes orgânicos estes fatores ambientais são considerados na fase da adolescência, um período de maior vulnerabilidade. Nos Individuos com Esclerose múltipla as células imunológicas invertem seu papel: ao invés de protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo inflamações. As inflamações afetam particularmente a bainha de mielina – uma capa protetora que reveste os prolongamentos dos neurônios, denominados axônios, responsáveis por conduzir os impulsos elétricos do sistema nervoso central para o corpo e vice-versa. Com a mielina e os axônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. Desta forma surgem os sintomas típicos da doença, como alterações na visão, na sensibilidade do corpo, no equilíbrio no controle esfincteriano e na força muscular dos membros com consequentemente redução da na mobilidade ou locomoção. Os surtos (desmielinização) ocorrem a partir do surgimento de um novo sintoma neurológico ou piora significativa de um sintoma “antigo”, com duração mínima de 24 horas. Para ser considerado um novo surto é necessário que ocorra um intervalo mínimo de 30 dias entre eles - caso contrário, considera-se o sintoma do mesmo surto em andamento. A recuperação dos ataques destas inflamações (desmielinização), chamados de surtos, pode ser total ou parcial (remielinização). O quadro clínico de cada surto é variável e pode apresentar mais de um sintoma. Trata-se de uma doença neurológica desmielinizante autoimune crônica provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem a bainha de mielina que revestem os neurônios das substâncias branca e cinzenta do sistema nervoso central. Alguns locais no sistema nervoso podem ser alvo preferencial da desmielinização característica da doença, o que explica os sintomas mais frequentes: o cérebro, o tronco cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal. Descrita formalmente, pela primeira vez, em 1868, por Jean M. Charcot, a esclerose múltipla (EM) foi caracterizada pela presença de áreas endurecidas (esclerose em placas) disseminadas pelo sistema nervoso central (SNC).É uma doença autoimune adquirida, inflamatória e geralmente degenerativa, direcionada à mielina do SNC. As placas de desmielinização são acompanhadas por morte dos oligodendrócitos e processo inflamatório, o que ocasiona fibrose por gliose (cicatrização), prejudicando a neurotransmissão. A doença atinge geralmente entre pessoas jovens em média entre 20 e 40 anos de idade, predominando entre as mulheres. Alguns pacientes apresentam piora dos sintomas na ocorrência de febre ou infecções, frio extremo, calor, fadiga, exercício físico, desidratação, variações hormonais e estresse emocional – no geral são situações transitórias. Atenção especial às infecções, pois agravam o quadro clínico do paciente desencadeando sintomas que podem ser considerados surtos mas nestas situações é considerado “falso ou pseudo-surto”. SINAIS E SINTOMAS MAIS COMUNS SÃO: Fadiga (fraqueza ou cansaço); Sensitivas: parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face); Visuais: neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho – escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla); Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade); Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios; Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino; Cognitivas: problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação); Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade. FORMAS CLÍNICAS DA EM: - remitente-recorrente (EMRR) - secundária progressiva (EMSP) - primária progressiva (EMPP) A primeira forma de esclerose múltipla chamada surto-remissão ou remitente-recorrente (EMRR) engloba cerca de 85% dos casos. Ele é caracterizada pela ocorrência dos surtos e melhora após o tratamento (ou espontaneamente). Geralmente ocorre nos primeiros anos da doença com recuperação completa e sem sequelas. Os surtos duram dias ou semanas. Em média os surtos se repetem uma vez por ano caso não inicie o tratamento adequado. Em um prazo de 10 anos aproximadamente, metade desses pacientes evoluirá para a segunda forma da doença, conhecida como secundariamente progressiva (EMSP). Nesta etapa os pacientes não se recuperam mais plenamente dos surtos e acumulam sequelas. Eles têm, por exemplo, uma perda visual definitiva ou maior dificuldade para andar, o que pode levar à necessidade de auxílio para mobilidade ou locomoção, como apoio de bengala ou cadeira de rodas. Nos 10% dos casos restantes ocorre a chamada forma progressiva primária (EMPP), quando ocorre gradativa piora surtos. E 5% dos pacientes apresentam a quarta forma doa doença, mais rápida e agressiva, chamada progressiva com surtos (EMPS). Nesta quarta forma estão combinados a progressão paralela do processo desmielinizante e comprometimento mais precoce dos axônios. O tratamento da EM requer uma equipe interdisciplinar, pois qualquer região do SNC pode ser acometida em diversos graus. Inúmeros quadros clínicos podem surgir, podendo ser necessária a intervenção de toda a equipe assistencial para a reabilitação do paciente. A fisioterapia tem se mostrando de grande importância para o tratamento da EM, pois tem trazido uma melhora significativa na manutenção do equilíbrio, na força muscular e nos demais sintomas desencadeados pela doença. No entanto não há um consenso em relação aos protocolos de tratamento. Os métodos mais utilizados foram: exercícios aeróbicos, treinamento de resistência progressiva, exercícios aquáticos, fortalecimento do assoalho pélvico e reeducação neuromuscular, sendo que os métodos relacionados a cinesioterapia apresentaram maior efetividade, demonstrando melhora na qualidade de vida, funcionalidade e independência dos pacientes.
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