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A EXPANSÃO DO VAREJO MODERNO NA ZONA NORTE DE NATAL/RN
Joseara Lima de Paula
Mestranda em Geografia – Programa de Pós­Graduação e Pesquisa em Geografia– 
UFRN.
E­mail: josearageo@yahoo.com.br
RESUMO
O intenso processo de expansão urbana das cidades brasileiras trouxe consigo o rápido e intenso 
crescimento do setor terciário. Em Natal não foi diferente. O setor terciário obteve um intenso 
crescimento a partir da década de 1960, quando a cidade sofre um impulso em sua economia, 
com um período de expansão urbana. O referido setor continuou se expandindo, precisando 
desconcentrar seus serviços em direção a outras áreas da cidade. A Zona Norte, hoje, é uma das 
áreas de crescimento do setor terciário em Natal, principalmente, quando falamos em varejo 
moderno. Diante desse contexto construímos o presente artigo, que tem como objetivo: analisar 
a  influência do uso do território no desenvolvimento e expansão do setor  terciário da Zona 
Norte, considerando a expressão do varejo moderno. Para isso, o trabalho encontra­se dividido 
em três capítulos: Breve histórico do processo urbano de Natal, no qual fazemos um resgate 
histórico do processo da urbanização da cidade; O caso da Zona Norte de Natal, que trata mais 
diretamente do processo de ocupação e posterior crescimento do setor terciário; e por fim, temos 
o uso do território: a dinâmica do terciário na Zona Norte de Natal, onde é feita uma discussão 
sobre a dinâmica do setor e a influência do uso do território pela sociedade na organização 
espacial da área em estudo. A Zona Norte é, hoje, um espaço econômico em potencial, fato que 
resultado das diferentes formas de uso do território pela sociedade capitalista.
Palavras­chave: Expansão urbana; Zona Norte; Terciário; Varejo moderno.
ABSTRACT
The intense process of urban expansion of the Brazilian cities brought I get the fast and intense 
growth of the tertiary section. In Natal it was not different. The tertiary section obtained an 
intense growth starting from the decade of 1960, when the city suffers a pulse in economy, with 
a   period   of   urban   expansion.   Referred   him   section   continued   if   expanding,   needing 
unconcentrate services in direction to other areas of the city. The North Zone, today, is one of 
the areas of growth of the tertiary section in Natal, mainly, when we spoke in modern retail. 
Before of that context we built the present article has as objective: to analyze the influence of 
the use of the territory in the development and expansion of the tertiary section of the North 
Zone, considering the expression of the modern retail. For that, the work meets divided in three 
chapters: Brief historical of the urban process of Christmas, in which do a historical ransom of 
the process of the urbanization of the city; The case of the North Zone of Natal, that is more 
directly about the process occupation and posterior growth of the tertiary section; and finally, 
we have The use of the territory: the dynamics of the tertiary in the North Zone of Natal, where 
it   is  made a discussion on the dynamics of   the section and the  influence of  the use of   the 
territory for the society in the space organization of the area in study. The North Zone is, today, 
mailto:josearageo@yahoo.com.br
an economic space in potential, fact that resulted in the different ways of use of the territory for 
the capitalist society.
Key­words: Urban expansion; North zone; Tertiary; Modern retail.
INTRODUÇÃO
      No mundo globalizado o espaço geográfico tem grande importância, porque 
a   eficácia   das   ações   capitalistas   está   diretamente   relacionada   com   sua   localização 
espacial (SANTOS, 2006). Por isso o crescimento das cidades leva em consideração o 
fator espacial. Na lógica capitalista as cidades que mais crescem economicamente, são 
as que estão, de alguma forma, em evidência, ou que exerce alguma influência (mínima 
que seja) no cenário mundial. Dentro desse contexto, está a cidade de Natal, mesmo que 
muito timidamente se comparada às grandes cidades mundiais. 
           O município de Natal encontra­se localizado no Estado do Rio Grande do 
Norte,   Região   Nordeste   do  Brasil.  A   cidade   tem  apresentado   um  rápido   e   intenso 
crescimento   urbano,   nas   últimas   décadas.   Esse   crescimento   tem   se   expressado, 
principalmente, através da expansão do setor terciário. A expansão dos serviços vem 
provocando uma desconcentração dos mesmos, em direção a outros locais da cidade, 
que até poucos anos atrás eram tidos como espaços residenciais. Um notório exemplo 
disso é a expansão do referido setor econômico que está ocorrendo na Zona Norte de 
Natal, considerando a expressão do varejo moderno.
           Dentro desse contexto,  elaboramos  este  artigo:  que tem como objetivo 
estudar as transformações que estão ocorrendo na Zona Norte, com a expansão do setor 
terciário, considerando a expressão do varejo moderno. Como, onde e por que o uso do 
território pela sociedade, pelo homem tem influenciado a organização e (re)organização 
desse  espaço,  que,  originalmente,   foi  criado  para abrigar  a  camada  não solvável  da 
população.
           Para  isso,   fez­se necessário  um estudo sobre o processo de ocupação/ 
povoamento, a fim de entendermos a evolução urbana da cidade de Natal e da própria 
Zona Norte. Esse estudo está descrito e analisado nos dois primeiros capítulos: Breve 
histórico do processo de expansão urbana de Natal e O caso da Zona Norte de Natal, 
respectivamente. 
      Para finalizar, é feita uma análise da expansão do setor de serviços, tomando 
como  referência  o  varejo  moderno,   já   que  é  o  que  mais   cresce  na  área  de  estudo. 
Levando em consideração a influência da ação humana, regida pela lógica capitalista na 
organização territorial da Zona Norte – em O uso do território: a dinâmica do terciário 
na Zona Norte de Natal. 
            Para   elaboração   do   presente   trabalho   foram   utilizados:   levantamento 
bibliográfico, no qual encontramos todo o aporte teórico­metodlógico e o histórico da 
expansão da cidade  de Natal;  e  alguns dados empíricos,  retirados  do Anuário Natal 
2006 e do site da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB).
           O espaço é dinâmico. A sociedade é dinâmica. Santos (1998) trata disso 
quando fala que o fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse 
dinamismo   está,   exatamente,   na   transformação   qualitativa   e   quantitativa   do   espaço 
habitado.   As   transformações   acontecem   a   todo   instante.   Natal,   a   Zona   Norte,   ou 
qualquer  outro   lugar  no  mundo  tem na   relação sociedade­espaço,  espaço­sociedade, 
uma   constante   e   complexa   rede  de  variações,   de   transformações,   que  organizam  e 
(re)organizam,  continuamente  o espaço global  ou  local.  Aí   reside  a   importância  do 
3
estudo e compreensão da categoria território usado, porque antes de tudo ele é território 
vivido, território habitado, território animado pela vida humana.
1 BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA DE NATAL
       A cidade de Natal, assim como as demais cidades capitalistas, passa por um 
contínuo e intenso processo de expansão urbana nos últimos anos, contudo, nem sempre 
foi assim. A cidade em tela tem mais de 400 anos de fundação, e somente a partir do 
século XX dá inicio a seu efetivo processo de urbanização. Para melhor compreensão 
desse processo fez­se necessário e de extrema importância um breve estudo sobre a 
expansão urbana da cidade. 
           Apesar do crescimento da malha urbana da cidade ter se intensificado no 
século XX, até o final da década de 1920, a cidade ainda tinha uma população pequena. 
De   acordo   com   Costa   (2000)   somente   em   1929,   quando   foi   lançado   um   plano 
urbanístico pelo prefeito Omar O’Grady, é que o espaço urbano de Natal começa a se 
transformar verdadeiramente.
      Foi no contexto da Segunda GuerraMundial (1939­1945), com a chegada de 
aproximadamente   de   10.000   soldados   americanos   que   se   iniciou   um   intenso   fluxo 
migratório   de   pessoas   vindas   do   interior   do   Estado   para   trabalhar.   Esse   processo 
impulsionou o crescimento e a concentração populacional, na cidade de Natal.
      Na década de 1950 o Brasil passou por um período de reorganização de seu 
sistema econômico e político, com o governo de Juscelino Kubitschek. Nesse momento, 
é   criado   o   Plano  de  Metas   que   tem   por   objetivo  principal   transformar   a   estrutura 
econômica   nacional   através   da   construção   e   instalação   de   indústrias   de   base   e 
investimento em infra­estrutura.
      Essa reestruturação da economia nacional foi realizada por intervenção direta 
do Estado que abriu as portas para o capital estrangeiro, que entra como financiador 
dessa   fase   de   intensa   industrialização.   Diante   dessa   realidade   o   país   se   expande 
economicamente,   de   diferentes   maneiras   nas   diversas   regiões   brasileiras,   conforme 
coloca Oliveira  (1977) produziu­se uma diferenciação setorial  no interior  da própria 
expansão industrial.
      Nesse cenário de desenvolvimento e expansão do setor industrial ocorre um 
rápido   e   intenso   crescimento   populacional   nas   cidades   brasileiras,   advindo   de   um 
também   intenso   processo   migratório.   Em   Natal   não   podia   ser   diferente:   as   fortes 
correntes migratórias que se dirigiram a Natal acompanharam o ritmo de crescimento 
populacional a nível nacional e regional (CUNHA, 1987, p. 24).
         As correntes migratórias do interior do Estado em direção à capital,  que 
vieram em busca de trabalho nas indústrias, acabaram influenciando efetivamente uma 
reestruturação  do  espaço  e  uma  redistribuição  da  população  no   território  natalense. 
Posteriormente, esse processo acarretou uma divisão social do trabalho. Segundo Cunha 
(1987) a  cidade de Natal   teve um crescimento  expressivo no número de habitantes, 
chagando a mostrar um crescimento em torno de 165% no período 1960 a 1980 (quando 
sua população atingiu cerca de 430.000 habitantes).
      Esse aumento expressivo da malha urbana das cidades brasileiras, inclusive 
da Natal, impulsionou a ampliação de uma demanda populacional por serviços de infra­
4
estrutura. Diante desse contexto, Natal ganha expressão dentro do Rio Grande do Norte, 
tornando­se pólo de atração e desenvolvendo consideravelmente seu setor de serviços.
       Uma das causas principais que facilitaram esse desenvolvimento do espaço 
urbano   da   cidade   de   Natal   foi   o   incentivo   financeiro   de   órgãos   políticos   como   a 
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) – criada em 1959, pela 
lei   nº   3.692.   A   SUDENE   foi   uma   estratégia   do   governo   federal   para   estimular   o 
desenvolvimento regional, com o objetivo de atenuar as desigualdades existentes entre 
as regiões brasileiras. Segundo Oliveira (1977) ela traz inscrita a marca da intervenção 
planejada no seu programa, isto é, uma tentativa de superação do conflito de classes 
intra­regional e de uma expansão do capitalismo do Centro­Sul.
         Todavia, cabe ressaltar que não foram somente os incentivos da SUDENE 
que financiaram esse crescimento urbano de Natal, outras políticas públicas e privadas 
foram de fundamental importância nesse processo. Costa (2000) trata  sobre algumas 
dessas   políticas:   a   política   habitacional,   a   intensificação   da   atividade   industrial,   o 
crescimento do setor terciário, a atividade extrativa do petróleo, a atividade turística e as 
‘novas’ demandas de serviços.
      A partir da década de 1970 com a criação do Banco Nacional de Habitação 
(BNH) intensifica­se a ação da política habitacional (iniciada na década de 1960) com a 
construção dos conjuntos  residenciais.  Outra política  de extrema importância  é  a da 
atividade industrial, que se expande, sobretudo, na década de 1970, com a criação do 
Parque Têxtil Integrado e o Distrito Industrial de Natal. Com a consolidação do setor 
industrial  cresce,  concomitantemente,  o setor terciário,  que será  o maior responsável 
pelo aumento populacional. Quanto à instalação da atividade extrativa de petróleo em 
Natal, pode­se dizer que trouxe consigo empresas subsidiárias e prestadoras de serviços 
e   uma população  de   alta   renda  que   impulsionou  o  mercado   consumidor   local.   Por 
último, mas não menos importante, temos o surgimento da atividade turística e as novas 
demandas de serviços que acompanham a expansão do turismo: no final da década de 
1980 a atividade turística chega com força e dinamiza ainda mais a economia do espaço 
natalense (COSTA, 2000).
         A expansão da oferta de serviços, principalmente, serviços econômicos, se 
concentrou na parte central  da cidade,  forçando a população a se dirigir  para outras 
áreas da cidade. O direcionamento da população para as diversas áreas foi influenciado 
por  mecanismo de   investimentos  que   transformaram alguns   locais  em  áreas  nobres 
(grifo nosso). Ou seja, o crescimento na direção sul da cidade, que se intensificou a 
partir de 1980, abarcou boa parte da população solvável, ao passo que a expansão em 
direção à  zona norte, por exemplo, teve por predominância uma população de baixa 
renda. 
         O crescimento e espacialização dos serviços em Natal e o crescimento do 
setor industrial estão totalmente interligados. Cunha (1987, p. 31) trata dessa relação 
quando fala da ampliação da oferta de serviços, principalmente os de infra­estrutura, 
voltada para atender ao crescimento industrial e aos interesses das empresas:
[...]   determinados   espaço  da   cidade  passaram por  uma  ação  mais 
intensa de ampliação dos equipamentos  urbanos de  infra­estrutura, 
voltados para os interesses empresariais. Neste processo, tais serviços 
5
desempenharam  importante  papel,   porque   sem eles  o   crescimento 
industrial não poderia ter se realizado.
         A expansão do setor terciário trouxe a construção de importantes hospitais 
(Médico Cirúrgico, Walfredo Gurgel etc.), serviços administrativos (criação do Centro 
Administrativo), escolas públicas e privadas, a construção do Campus Universitário, a 
ampliação dos serviços bancários, a construção de estabelecimentos do varejo moderno 
(redes de supermercados, hipermercados, shopping centers, lojas de departamento etc.) 
e de grandes edifícios que representam muito bem os colossais investimentos de capitais 
privados. 
         Essa expansão vai criar espaços de estímulo ao crescimento de uma classe 
média   e   espaços  onde  predominam  pessoas  de  baixa   renda.  Toda   essa  dinâmica  é 
também   e   prioritariamente   dirigida   pelo   Estado,   que   junto   ao   setor   privado   vai 
organizando (grifo nosso) o espaço da cidade de Natal, conforme sua vontade. Santos 
(1996) citado por Ribeiro (2003) diz que o território  é  a arena da oposição entre  o 
mercado e a sociedade civil e desse modo envolve, sem distinção, todas as pessoas na 
organização/ estruturação desse território.
      Diante da realidade posta surge a necessidade de um estudo mais detalhado 
sobre uma das áreas da cidade que, originariamente,  foi criada para abrigar a classe 
menos favorecida,  mas que  tem se  tornado um espaço econômico em potencial  nos 
últimos anos, principalmente quando falamos em setor terciário: a Zona Norte de Natal. 
Esse crescimento econômico tem sido consideravelmente influenciado e realizado de 
acordo  com as  necessidades   e  vontades  de  uma   sociedade  que   tem seus   interesses 
voltados para o mercado capitalista.
2 O CASO DA ZONA NORTE DE NATAL
     O crescimento urbano de Natal obrigou a cidade a se desenvolver e expandir 
seus limites. Conforme a população crescia, surgia a necessidade de novos territórios, 
novos locais  para habitar  e para empreender.  Nesse contextoas fronteiras da cidade 
começam a se modificar, expandindo­se horizontalmente em outras direções: é o caso 
da Zona Norte de Natal, que até 1953 tinha suas terras pertencentes ao município de 
Macaíba. Nesse mesmo ano a área correspondente a atual Zona Norte é integrada ao 
município   de   Natal,   tendo   como   primeiro   bairro:   Igapó,   incorporado   à   Natal   pelo 
decreto 981/53. 
         Todavia é na década de 1970, depois da lei municipal de parcelamento do 
solo de 1974 que possibilitou o surgimento de grandes loteamentos, e da construção da 
ponte   rodo­ferroviária   (Costa   e   Silva)   em   1969,   que   a   Zona   Norte   ganha   maior 
expressão, principalmente enquanto espaço residencial. A construção e implantação da 
ponte Costa e Silva (a ponte de Igapó) efetivou a incorporação de Igapó ao contexto 
urbano de Natal, gerando assim um mercado imobiliário atrativo devido à vasta oferta 
de   terras  baratas  para   a  população  de  baixa   renda,  conforme nos  mostra  ARAÚJO 
(2004, p. 40):
6
O início efetivo da formação do espaço da Zona Norte se deu a partir 
do final da década de 1960, quando da implantação da ponte Costa e 
Silva (RN – SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, 
1977),   a   nova   ponte   rodo­ferroviária,   a   qual   além   de   fazer   a 
incorporação do espaço de Igapó ao contexto urbano de Natal, abriu 
perspectiva   a   um   promissor   mercado   imobiliário.   Esse   mercado 
imobiliário se tornou atrativo pela vasta oferta de terras e pelo baixo 
preço do solo, visto que outras áreas da cidade já  se apresentavam 
mais   valorizadas,   em   função   das   benfeitorias   implantadas   e   da 
importância   que   a   cidade   do   Natal   vinha   adquirindo   no   contexto 
regional.
         À  construção da ponte  Costa  e  Silva podem­se somar  os   incentivos  da 
SUDENE  ao   setor   industrial;   a   instalação  do  Parque  Têxtil   Integrado   e   o  Distrito 
Industrial de Natal (DIN) – com a instalação de empresas de grande porte e de capital 
estrangeiro – que objetivava promover o desenvolvimento econômico urbano a partir da 
atração de novos investidores para a cidade de Natal; e as políticas habitacionais do 
Sistema   Financeiro   de   Habitação   (SFH).   Todos   esses   fatores   contribuíram 
fundamentalmente para o povoamento/ ocupação e conseqüente a expansão da Zona 
Norte de Natal.
     Nesse cenário a Zona Norte passou a ser um espaço de atração populacional, 
devido ao baixo custo de suas terras e as facilidades da política habitacional, com a 
construção  dos   famosos  conjuntos  habitacionais.  Com  isso  se  deu  a  criação  de  um 
espaço  residencial,  que com o passar  do  tempo,  através  de sua extensa  e  crescente 
população começa a demandar o consumo de bens e serviços, que até então não eram 
oferecidas por um mercado local. “Essas demandas vão gerar um incipiente número de 
empresas comerciais e prestadoras de serviços, que inicialmente pertenciam à população 
local   [...]”   (ARAÚJO,   2004,   p.   28).   Contudo,   essa   tímida   e   incipiente   dinâmica 
econômica se expande e intensifica, e passa a atrair empresas de médio e grande porte 
de outras áreas de Natal.
     O aumento populacional gerou uma ampliação da necessidade de moradias e 
de novos espaços, como já foi citado anteriormente. Com isso o número de edificações 
atinge cerca de 7.500 habitações, em 1977, esse fato começa a atrair investimentos em 
infra­estrutura, abertura de ruas e avenidas, sistema de transportes urbanos, o que vai 
culminar no aumento expressivo do valor do solo, no período de 1977 a 1981, da área 
de estudo.
     A organização do espaço da Zona Norte, o uso de seu território é resultado da 
ação   do   homem,   é   resultado   da   “ação   conjunta   dos   modeladores   do   solo,   dos 
proprietários,   dos   empresários,   do   Estado”   (Cunha,   1987,   p.   120),   que   seguem 
literalmente a lógica do capital, que buscam acima de qualquer coisa o lucro ao invés de 
uma organização racional do espaço urbano.
         A organização  espacial  de  uma área,  uma cidade,  um  lugar,   teria  que, 
necessariamente,   ser   pensada   e   realizada   de   maneira   racional   visando   um 
desenvolvimento  harmônico desse espaço­sociedade,  contudo,  sabemos que  isso não 
ocorre na prática.  Segundo Corrêa (2003) a cidade é o lugar onde os investimentos de 
capital são maiores, por ser o principal lugar dos conflitos sociais, talvez isso justifique 
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o  fato  de  que  o  uso  do   território  nas  cidades  é   realizado  de  maneira  desordenada, 
visando apenas o crescimento econômico.
         Na Zona Norte o que acontece é que os diferentes usos do território pela 
sociedade   têm   resultado   no   que   vemos   hoje,   um   espaço   em   pleno   crescimento 
econômico, a fim de atender aos interesses e demandas do capital,  sem preocupação 
com   um   verdadeiro   desenvolvimento   socioespacial.   Nesse   momento   é   de   extrema 
importância a compreensão do conceito de território usado, que nos é dada por Santos 
(1998), no qual ele diz que o território usado são objetos e ações, sinônimos de espaço 
humano,   espaço   habitado.   Esse   território,   por   sua   vez   é   quem   vai   condicionar   a 
localização dos atores, pois as ações que sobre ele se operam dependem da sua própria 
constituição (SANTOS e SILVEIRA, 2004).
           Ainda quanto ao território  usado, Ramalho (2003) afirma que ele pode 
oferecer,   ao   mesmo   tempo,   possibilidades   e   obstáculos,   facilidades   e   dificuldades 
quanto ao seu uso,  relativizados  em função da técnica e do projeto social.  É  o que 
acontece na Zona Norte, a maneira como a sociedade usa o espaço, usa a técnica é que 
vai   determinar   a   organização   espacial   desse   lugar   ou  de  qualquer   outro.  Porque  o 
território usado é habitado, é vivido.
      Com o passar do tempo, a população da Zona Norte se expande ainda mais, 
chegando a ultrapassar  a população total  de Mossoró,  que é  a segunda cidade mais 
importante e mais populosa do Rio Grande do Norte. Desta feita, a população começa, 
cada vez mais,  a demandar  o consumo de bens e serviços,  que até  então não eram 
oferecidas por um mercado local. “Essas demandas vão gerar um incipiente número de 
empresas comerciais e prestadoras de serviços, que inicialmente pertenciam à população 
local   [...]”   (ARAÚJO,   2004,   p.   28).   Contudo,   essa   tímida   e   incipiente   dinâmica 
econômica se expande e intensifica, e passa a atrair empresas de médio e grande porte 
de outras áreas de Natal.  À  medida que a população cresce,  o mercado consumidor 
também cresce e exige a presença de novos equipamentos na área em questão.
      Todavia, a Zona Norte também, e principalmente, é local da ação de agentes 
modeladores do espaço, agentes que são dirigidos pela lógica capitalista. Corrêa (2003) 
divide esses agentes em: proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, 
promotores imobiliários e incorporadores, o Estado e os grupos sociais excluídos.
       Na área de estudo o Estado aliado ao interesses dos três primeiros agentes, 
respectivamente   –   proprietários   dos   meios   de   produção,   proprietários   fundiários, 
promotores imobiliários e incorporadores – tem tomado algumas medidas recentes de 
forma rápida e intensa a fim de atender às exigências do mercado. Como é o caso da 
construção da ponte Forte/Redinha e do Projeto Urbanístico da Redinha, atendendo à 
demanda do turismo. Ou seja, além de ser um espaço em que a população encontra­se 
em constante crescimento, é também um espaço de atração em virtude do turismo. A 
atuação   do   Estado   se   dá   objetivando   o   crescimento   ainda   maior   desse   mercado 
consumidor   (não   só   voltado   aos   moradores   da   região   em   estudo,   mas   também   ao 
público que vem conhecer as belezas naturais  das praias do litoral  norte)  através da 
criação de um “corredor” para oturismo, conforme coloca Araújo (2004, p. 187 e 188):
Além   de   atender   às   demandas   da   população,   as   melhorias   de 
circulação na Zona Norte criam um “corredor” para o turismo, que se 
expande enquanto atividade econômica no RN,  e se  projeta  para  a 
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parte norte do litoral oriental do RN. O que apreendemos como sendo 
uma   clara   parceria   público­privado,   na   cidade   do   Natal, 
disponibilizando uma infra­estrutura detentora da demanda solvável 
para o produto que a cidade se propõe a oferecer – o turismo [...]. É o 
Estado gestor de políticas públicas a serviço das novas configurações 
que   se  processam  no   espaço  urbano   capitalista;   que  na   cidade  do 
Natal, se expressa por meio da expansão do setor terciário. 
      Dentro desse contexto o espaço da Zona Norte tem se tornado um espaço de 
atração do capital, da especulação imobiliária. Ele vem se caracterizando, nos últimos 
anos, como espaço econômico em potencial, fato que está refletido principalmente no 
crescimento do seu setor terciário. Essa é mais uma prova de como os diversos tipos de 
usos do território por meio da sociedade (principalmente da parcela que serve e se serve 
do capital) influenciam a dinâmica, estruturação e organização espacial de um lugar. 
Para sermos mais objetivos vamos tratar da dinâmica do setor terciário na Zona Norte, 
considerando a expressão do varejo moderno. O estudo desse setor da economia é de 
extrema por ser ele o que mais cresce, não só na Zona Norte, mas em toda a cidade de 
Natal.
3   O   USO  DO   TERRITÓRIO:   A   EXPANSÃO   DO   VAREJO  MODERNO   NA 
ZONA NORTE DE NATAL/RN
         Os países chamados subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, passaram 
por   um   processo   de   crescimento   econômico   diferente   dos   países   tidos   como 
desenvolvidos.  Seu  processo  de  urbanização  e  crescimento  econômico  está  voltado, 
sobretudo, para a rápida e intensa expansão do setor terciário da economia, sem forte 
dependência com os demais setores econômicos (setor primário e setor secundário). Na 
realidade   o   que   aconteceu   foi   uma   superposição   temporal   dos   processos,   o   que 
diferenciou e diferencia, até hoje, os países subdesenvolvidos dos desenvolvidos, já que 
nos desenvolvidos esses processos apareceram em momentos diferentes. Santos (1989, 
p. 25) explica claramente essa súbita passagem para o setor terciário, quando fala que 
tivemos uma urbanização terciária:
Não houve, nos países subdesenvolvidos, como aconteceu nos países 
industriais,  uma passagem da  população do   setor  primário  para  o 
secundário e, em seguida, para o terciário. A urbanização se fez de 
maneira   diferente   e   tem   um   conteúdo   também   diferente:   é   uma 
urbanização terciária (SANTOS, 1989, p.25).
           Em Natal  não aconteceu  diferente.  Desde o  início  de seu processo de 
expansão urbana, a cidade já contava com um setor de serviços, que só cresceu com o 
passar  dos anos.  As indústrias ocasionaram um aumento considerável  da população, 
que, por sua vez, passou a ter necessidades, cada vez maiores, de oferta de serviços, 
obrigando o Estado a incentivar o crescimento do terceiro setor da economia. Segundo 
Cunha (1987) as políticas urbanas implementadas pelo governo reforçaram a economia 
urbana natalense,  com o incremento  do Terciário.  O que levou a cidade  de Natal  a 
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passar por um contínuo processo de expansão urbana que se reflete,  principalmente, 
através do crescimento do setor terciário. 
       Dentro do contexto econômico do setor terciário, temos a descentralização 
econômica   nas   cidades   como   uma   das   principais   formas   de   sua   apresentação/ 
representação capitalista. Segundo Corrêa (1996, p. 129),
A descentralização aparece como um processo espacial associada às 
deseconomias   de   aglomeração   da   Área   Central,   ao   crescimento 
demográfico   e   espacial   da   cidade,   inserindo­se   no   processo   de 
acumulação   de   capital.   De   certa   forma   repete   o   fenômeno   de 
centralização   tornando   a   organização   especial   da   cidade   mais 
complexa,   com   o   aparecimento   de   subcentros   comerciais   e   áreas 
industriais não­centrais.
      A descentralização ter por objetivo levar a oferta de serviços a outros pontos 
da cidade, além das áreas centrais. Natal caminha para uma descentralização econômica, 
que tem ocorrido ainda de forma gradual. Atualmente a cidade está dividida em quatro 
regiões   administrativas:   Região  Administrativa  Leste,   Região  Administrativa  Oeste, 
Região   Administrativa   Sul   e   Região   Administrativa   Norte   –   utilizaremos   como 
sinônimo: Zona Norte. Analisando o texto de Corrêa relacionando­o com o contexto 
atual de Natal, podemos perceber que a cidade, nos últimos anos, vem passando por um 
processo de descentralização em direção a outras regiões, além da região onde o centro 
fica localizado atualmente – a Região Leste.
                 Todavia esse processo de descentralização ainda não ocorre efetivamente na 
Zona   Norte.   O   que   temos   observado   nos   últimos   anos   é   uma   desconcentração   de 
serviços,   principalmente,   econômicos   em   direção   à   referida   área.   Essa   realidade   é 
recente, porque até poucos anos atrás, esse espaço era tido como espaço residencial, ou 
até como alguns autores colocam, um espaço dormitório. É com o desenrolar da história 
(conforme foi visto no capítulo anterior), com o passar do tempo, que o espaço da Zona 
Norte vai ganhando importância econômica no contexto capitalista da cidade de Natal.
       A Zona Norte é o resultado do processo de produção desigual e combinado 
do   capital,  é   resultado  da  produção  do   espaço  que  é   dinâmica.  O   espaço   está   em 
constante processo de produção e reprodução, sofrendo a ação da sociedade e agindo 
sobre a mesma. Segundo Andrade (1984) citado por Araújo (2004):
O   processo   de   produção   do   espaço   é   [...]   dinâmico,   está 
permanentemente em ação e permanentemente em reformulação. Em 
sendo   dinâmico   é   também   dialético,   de   vez   que   a   evolução   da 
sociedade e a ação do Estado que a apresenta não se procedem de 
forma linear, mas sofrem contestações, contradições que reformulam 
os princípios e as ações.
      Esse processo de produção do espaço também é dialético, como mencionado 
anteriormente, por isso podemos falar na interferência que a sociedade tem sobre esse 
espaço. De acordo com Carlos (1994, p. 22) “[...] a sociedade também produz o espaço 
e passa a ter dele uma determinada consciência”. Dessa forma fica visível a força da 
população enquanto mercado consumidor e transformador desse espaço. Afinal, como 
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Souza  (2003)  afirma  o   território,  modernamente,  é   entendido   também como espaço 
efetivamente usado pela sociedade e pelas empresas. Por isso dizemos que a ação da 
sociedade é  fundamental para o eventual desenvolvimento e crescimento econômico, 
para a dinâmica do espaço em tela.
     O espaço é dinâmico, está em constante transformação. O espaço é formado 
por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos 
e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual 
a história se dá (SANTOS, 2006, p. 39). O espaço é um sistema complexo e dinâmico 
porque está intimamente ligado ao homem, às relações sociais e conseqüentemente à 
forma  de   viver   e  modificar   esse   espaço  que   cada   sociedade  possui,   em  diferentes 
momentos históricos. Santos (1986, p. 122) também afirma que:
O   espaço   deve   ser   considerado   como   um   conjunto   de   relações 
realizadas através de funções e de formas que se apresentam como 
testemunho de uma história  escrita  por  processos  do passado e  do 
presente.   Isto  é,   o   espaço se  define  como um conjunto  de   formas 
representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma 
estruturarepresentada   por   relações   sociais   que   estão   acontecendo 
diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e 
funções.
           Podemos entender a existência de uma íntima e complexa relação entre 
sociedade e espaço, que é característica de todas as sociedades em qualquer contexto 
histórico, no qual a sociedade está constantemente agindo sobre o espaço e o espaço 
agindo sobre ela. Sendo assim, podemos dizer que o espaço geográfico é resultado dessa 
interação, no qual o homem está constantemente produzindo e (re)produzindo espaço. 
Por isso não podemos estudar sociedade e espaço enquanto entidades separadas. Espaço 
é sociedade, e a sociedade, por sua vez, é espaço.
        Uma vez que a dinâmica do espaço depende da ação do homem, ela estará 
intimamente   ligada   ao   capital.  Vivemos   em  um momento   em que   capital   significa 
poder. Aqueles que dispõem do capital têm o poder de decidir o destino da sociedade, 
interferindo diretamente  nessa dinâmica espacial.  O capital   tem o poder  de criar  as 
condições necessárias para seu pleno desenvolvimento, criando/ recriando o espaço, a 
fim de que a indústria, o comércio os meios de circulação estejam ligados às pessoas, ao 
mercado consumidor, conforme coloca Carlos (1994, p. 83):
A reprodução do espaço urbano recria constantemente as condições 
gerais   a   partir   das   quais   se   realiza   o   processo   de   reprodução   do 
capital.  Se de um lado aproxima a  indústria,  as matérias­primas (e 
auxiliares),   os   meios   de   circulação   (distribuição   e   troca   de 
mercadorias produzidas), a força de trabalho e o exército industrial de 
reserva,   de   outro   lado   “aproxima”   pessoas   consideradas   como 
consumidoras.
           Um dos principais  objetivos  do capitalismo é  a  expansão do mercado 
consumidor. Para isso os agentes que servem e se servem desse capitalismo produzem e 
(re)produzem   o   espaço,   conforme   suas   necessidades,   através   das   indústrias,   da 
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habitação, da oferta de serviços, da especulação imobiliária etc. O foco é o mercado 
consumidor, porque é ele quem matem as relações capitalistas. Por isso dentro dessa 
sociedade   capitalista   o   setor   econômico  que  mais   cresce  é   o   setor   terciário.  Ele  é 
responsável  pela  criação  de  espacialidades  e   territorialidades,  que  se modificam,  ao 
longo do tempo, de acordo com a política econômica empreendida pelas sociedades. De 
acordo com Gomes, Silva e Silva (2000, p. 74) espacialidades e territorialidades são 
características do terciário e mostram a dinamicidade desse setor:
A espacialidade do terciário tem se expressado, ao longo do tempo, 
de   forma   bastante   diferenciada,   isto   é,   a   cada   momento   de 
crescimento   econômico,   novas   espacialidades  vão   surgindo   e,   por 
conseguinte,   novas   territorialidades   vão   se   configurando,   o   que 
demonstra uma forte dinamicidade do setor.
           Como dito  anteriormente,  o  setor  que mais  cresce na Zona Norte  é  o 
terciário. Esse setor é bastante complexo, ele abarca uma série de serviços desde os de 
infra­estrutura até aos que fazem maior referência ao comércio. No presente artigo nos 
detemos às atividades do varejo moderno, mas não podemos deixar de citar algumas 
serviços de extrema importância, que podem ser observado na tabela a seguir:
Tabela 1: Serviços e Equipamentos Urbanos
REGIÃO 
ADMINISTRATIVA
TIPO DE SERVIÇO PODER TOTAL
N
O
R
T
E
Educação Público 76
Privado 55
Saúde Público e Privado 36
Equipamentos Desportivos Público 75
Segurança Pública Público 19
Equipamentos Urbanos Público 64
SU
L
Educação Público 51
Privado 44
Saúde Público e Privado 32
Equipamentos Desportivos Público 56
Segurança Pública Público 11
Equipamentos Urbanos Público 73
L
E
ST
E
Educação Público 60
Privado 56
Saúde Público e Privado 70
Equipamentos Desportivos Público 17
Segurança Pública Público 17
Equipamentos Urbanos Público 73
O
E
ST
E
Educação Público 72
Privado 45
Saúde Público e Privado 26
Equipamentos Desportivos Público 23
Segurança Pública Público 12
Equipamentos Urbanos Público 28
Fonte: Tabela elaborada com base nos dados do Anuário Natal 2006 – SEMURB, 2006.
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           Os   serviços   (Educação,  Saúde,  Equipamentos  Desportivos,  Segurança 
Pública e Equipamentos Urbanos) expostos na tabela 1 constituem fator fundamental 
quando nos referimos a estruturação, organização e manutenção de um território. São de 
grande importância para o lazer e atividades  cotidianas os equipamentos desportivos 
(quadras,   campos,   estádios,   ginásios)   e   equipamentos   urbanos   (praças,   hortos, 
mercados,   feiras   livres,  cemitérios).  Também de extrema e  fundamental   importância 
estão Educação e a Saúde, que são a base para a vida humana. E, não podemos esquecer 
de mencionar a segurança pública, principalmente, ao falarmos de um mundo como o 
atual,  com suas  ações  pautadas  na  lógica  cruel  do capitalismo,  onde cada  dia  mais 
impera a miséria e, conseqüentemente, a violência. Atualmente, a Zona Norte dispõe de 
um  bom  número  desses   serviços   instalados   em   sua  área,   se   comparada  às   demais 
regiões   administrativas   da   cidade.   Todavia,   cabe   ressaltar   que   os   mesmos   não   se 
encontram   distribuídos   de   forma   eqüitativa   em   todos   os   bairros.   Os   bairros   mais 
importantes e em maior evidência, detém a maior parte desses serviços, como é o caso 
de  Potengi   e  Pajuçara,   enquanto  outros  bairros   (menos   favorecidos)   têm o  mínimo 
possível desses equipamentos instalados em seu espaço. Mais uma vez a ação do Estado 
direcionada aos interesses do capital.
         Hoje, observamos que o varejo moderno é o ramo econômico que mais se 
destaca   dentro   do   setor   de   serviços,   na   Zona   Norte.   Existe   uma   concentração   de 
empresas  que caracterizam esse   ramo da  economia,  em direção a  essa   região.   Já  é 
possível ver grandes empreendimentos (como é o caso do hipermercado Carrefour, do 
North Shopping e outros) instalando­se naquela área. Santos (1979, p. 68) nos fala sobre 
esse comércio moderno da seguinte forma:
O   comércio   moderno   realiza­se   através   de   uma   gama   de 
estabelecimentos que vão das grandes lojas, supermercados e mesmo 
hipermercados,  englobando um número considerável  de  produtos  e 
uma massa importante de consumidores, até as lojas de produtos da 
moda, que oferecem um pequeno número de artigos de luxo a uma 
clientela   selecionada.   A   essas   formas   extremas,   que   são   a 
modernização do bazar  e   a   especialização sofisticada,  é   necessário 
acrescentar   um   outro   gênero   de   estabelecimentos   especializados 
destinados à venda de um só ou de um número reduzido de produtos.
       De acordo com a citação de Santos, o varejo moderno é representado pelas 
grandes lojas de departamentos, supermercados e hipermercados. A Zona Norte é, hoje, 
local de atração desse varejo moderno, conforme podemos constatar ao transitar pelas 
principais avenidas da referida região. Esse tipo de comércio caracteriza o processo de 
descentralização dos  centros  econômicos  através  da  centralização e  concentração  da 
oferta   de   um   grande   número   de   serviços   dentro   de   grandes   estabelecimentos 
(hipermercados, supermercados, shoppings etc.). Dessa forma valoriza outras áreas da 
cidade que não ficam no centro, como é o caso do espaço em tela, reorganizando assim 
seu território.
           Esse  processo  de   espacialização  provocado  pelo  varejo  moderno   está 
destinado, principalmente, ao mercado consumidor. Para que essas grandes superfícies 
sejam  implantadas,   faz­se necessário  a  presença  de  grandes  espaços  (que  ainda  são 
encontrados  em alguns  pontos  da  cidade,  no  caso  na  Zona Norte)  bem  localizados 
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(acessível ao consumidor), porque ocupam grandes áreas e agrega uma concentração de 
diferentestipos de serviços destinados a atender à demanda do mercado. Martins Jr. 
(1999,   p.   07)   caracteriza   os   hipermercados   para   que   entendamos   um   pouco   do 
funcionamento e da extensão dessas superfícies:
Os   hipermercados   ocupam   grandes   áreas,   além   disso,   devemos 
destacar o planejamento deste tipo de empreendimento, pois ocorre a 
agregação   de   outras   funções,   criando   um   espaço   não   só   para   o 
consumo   de   mercadorias,   mas   também   para   atividades   ligadas   ao 
lazer. Os hipermercados apresentam ainda uma maior flexibilidade no 
horário de atendimentos e, também, uma diversificação na oferta de 
produtos e serviços [...], o que serve como estratégia para atrair maior 
número de consumidores. Portanto, a organização deste espaço parte 
de   alguns  princípios,   tais   como:  área  de  vendas  num  único  nível, 
facilidade de acesso, amplo estacionamento, grandes depósitos, além 
da já citada flexibilidade no horário de atendimento.
      Os grandes estabelecimentos de concentração de serviços que caracterizam o 
varejo moderno têm como objetivo abarcar o maior número possível de serviços em seu 
espaço,   para   melhor   atender   ao   sistema   capitalista,   porque   induz   o   consumidor   a 
consumir mais. 
            O   uso   do   território   pela   sociedade   permitiu   a   criação   de   uma   nova 
espacialidade do setor terciário no espaço da Zona Norte de Natal. Uma forte migração 
da força de trabalho e de capitais está ocorrendo em direção a esse setor, reestruturando 
assim o espaço urbano em questão.
            Devemos   ter   em   mente   que   espaço   e   sociedade   são   um   só,   são 
interdependentes  e  inseparáveis.  Por  isso chamamos a atenção para compreensão de 
toda a dinâmica que ocorre no espaço como um todo, e em especial, no espaço em tela, 
enquanto  resultado do uso do  território  pelo homem.  Habitamos  um território  vivo, 
lugar onde a vida acontece, considerando tempos passados e presentes. A Zona Norte é 
exemplo de um território usado pela e para a sociedade, ou melhor, pelos e para os 
interesses da sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
         O crescimento e expansão urbana de Natal  se intensificaram a partir  da 
década   de   1940,   eventos   que   se   consolidaram   durante   o   decorrer   do   século   XX, 
ampliando também suas fronteiras em outras direções, como é o caso da Zona Norte. A 
Zona Norte,  em 1953, passa a incorporar  o território  da cidade,  e daí  por diante  só 
cresce. Apesar de ter sido criada, originalmente, para ser local de estabelecimento de 
indústrias, e um espaço residencial (para as camadas mais pobres da população), a área 
só cresceu nos anos decorrentes, principalmente, a partir da década de 1970.
         Hoje,  a Zona Norte,  é  um espaço econômico em potencial.  Fato que se 
caracteriza,   principalmente,   pelo   crescimento   do   setor   terciário,   considerando   a 
expressão do  varejo  moderno.  E  as  diversas   formas  de  uso  do  espaço em questão, 
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através   da   ação   humana,   contribuíram   e   contribuem,   de   maneira   significativa   e 
determinante, quando falamos numa organização/ estruturação espacial dessa área.
          O   crescimento   e   expansão   do   setor   de   serviços,   em   especial,   os 
estabelecimentos que representam o varejo moderno,  na Zona Norte é  visível e está 
presente nas suas principais avenidas. Tudo isso indica o crescimento da região, mas, 
sobretudo, mostra a ação do Estado e dos agentes modeladores do espaço, em serviço 
do capitalismo. A Zona Norte é parte de um projeto maior de valorização da atividade 
turística nas praias do litoral norte. Essa ação vem criando uma espécie de corredor para 
o turismo (como mencionado no artigo) na referida área. 
     Antes de tudo a área em estudo tem sido local da produção e (re)produção do 
espaço   capitalista.   O   uso   do   território   pelo   Estado   aliado   ao   capital   privado   tem 
transformado, de maneira rápida e intensa, essa área. E será que toda essa transformação 
tem beneficiado a população local? Que tem trazido melhorias no setor econômico, sem 
dúvidas. Entretanto, essas melhorias, não estão voltadas para a população, aliás, nada 
que é feito pelo e sob a direção do capitalismo leva em consideração o fator humano. 
Essa expansão é  liderada pelos interesses de uma sociedade que serve e se serve do 
capital. A organização/ (re)organização espacial do território da Zona Norte tem seguido 
a direção que convém ao capital. E só o tempo poderá nos dizer o que vai acontecer: 
como o crescimento desse setor econômico vai se consolidar definitivamente, o que será 
da   população  da   referida  área   e   como   se   estruturará   espacialmente  o   território   em 
questão.
REFERÊNCIAS
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