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A EXPANSÃO DO VAREJO MODERNO NA ZONA NORTE DE NATAL/RN Joseara Lima de Paula Mestranda em Geografia – Programa de PósGraduação e Pesquisa em Geografia– UFRN. Email: josearageo@yahoo.com.br RESUMO O intenso processo de expansão urbana das cidades brasileiras trouxe consigo o rápido e intenso crescimento do setor terciário. Em Natal não foi diferente. O setor terciário obteve um intenso crescimento a partir da década de 1960, quando a cidade sofre um impulso em sua economia, com um período de expansão urbana. O referido setor continuou se expandindo, precisando desconcentrar seus serviços em direção a outras áreas da cidade. A Zona Norte, hoje, é uma das áreas de crescimento do setor terciário em Natal, principalmente, quando falamos em varejo moderno. Diante desse contexto construímos o presente artigo, que tem como objetivo: analisar a influência do uso do território no desenvolvimento e expansão do setor terciário da Zona Norte, considerando a expressão do varejo moderno. Para isso, o trabalho encontrase dividido em três capítulos: Breve histórico do processo urbano de Natal, no qual fazemos um resgate histórico do processo da urbanização da cidade; O caso da Zona Norte de Natal, que trata mais diretamente do processo de ocupação e posterior crescimento do setor terciário; e por fim, temos o uso do território: a dinâmica do terciário na Zona Norte de Natal, onde é feita uma discussão sobre a dinâmica do setor e a influência do uso do território pela sociedade na organização espacial da área em estudo. A Zona Norte é, hoje, um espaço econômico em potencial, fato que resultado das diferentes formas de uso do território pela sociedade capitalista. Palavraschave: Expansão urbana; Zona Norte; Terciário; Varejo moderno. ABSTRACT The intense process of urban expansion of the Brazilian cities brought I get the fast and intense growth of the tertiary section. In Natal it was not different. The tertiary section obtained an intense growth starting from the decade of 1960, when the city suffers a pulse in economy, with a period of urban expansion. Referred him section continued if expanding, needing unconcentrate services in direction to other areas of the city. The North Zone, today, is one of the areas of growth of the tertiary section in Natal, mainly, when we spoke in modern retail. Before of that context we built the present article has as objective: to analyze the influence of the use of the territory in the development and expansion of the tertiary section of the North Zone, considering the expression of the modern retail. For that, the work meets divided in three chapters: Brief historical of the urban process of Christmas, in which do a historical ransom of the process of the urbanization of the city; The case of the North Zone of Natal, that is more directly about the process occupation and posterior growth of the tertiary section; and finally, we have The use of the territory: the dynamics of the tertiary in the North Zone of Natal, where it is made a discussion on the dynamics of the section and the influence of the use of the territory for the society in the space organization of the area in study. The North Zone is, today, mailto:josearageo@yahoo.com.br an economic space in potential, fact that resulted in the different ways of use of the territory for the capitalist society. Keywords: Urban expansion; North zone; Tertiary; Modern retail. INTRODUÇÃO No mundo globalizado o espaço geográfico tem grande importância, porque a eficácia das ações capitalistas está diretamente relacionada com sua localização espacial (SANTOS, 2006). Por isso o crescimento das cidades leva em consideração o fator espacial. Na lógica capitalista as cidades que mais crescem economicamente, são as que estão, de alguma forma, em evidência, ou que exerce alguma influência (mínima que seja) no cenário mundial. Dentro desse contexto, está a cidade de Natal, mesmo que muito timidamente se comparada às grandes cidades mundiais. O município de Natal encontrase localizado no Estado do Rio Grande do Norte, Região Nordeste do Brasil. A cidade tem apresentado um rápido e intenso crescimento urbano, nas últimas décadas. Esse crescimento tem se expressado, principalmente, através da expansão do setor terciário. A expansão dos serviços vem provocando uma desconcentração dos mesmos, em direção a outros locais da cidade, que até poucos anos atrás eram tidos como espaços residenciais. Um notório exemplo disso é a expansão do referido setor econômico que está ocorrendo na Zona Norte de Natal, considerando a expressão do varejo moderno. Dentro desse contexto, elaboramos este artigo: que tem como objetivo estudar as transformações que estão ocorrendo na Zona Norte, com a expansão do setor terciário, considerando a expressão do varejo moderno. Como, onde e por que o uso do território pela sociedade, pelo homem tem influenciado a organização e (re)organização desse espaço, que, originalmente, foi criado para abrigar a camada não solvável da população. Para isso, fezse necessário um estudo sobre o processo de ocupação/ povoamento, a fim de entendermos a evolução urbana da cidade de Natal e da própria Zona Norte. Esse estudo está descrito e analisado nos dois primeiros capítulos: Breve histórico do processo de expansão urbana de Natal e O caso da Zona Norte de Natal, respectivamente. Para finalizar, é feita uma análise da expansão do setor de serviços, tomando como referência o varejo moderno, já que é o que mais cresce na área de estudo. Levando em consideração a influência da ação humana, regida pela lógica capitalista na organização territorial da Zona Norte – em O uso do território: a dinâmica do terciário na Zona Norte de Natal. Para elaboração do presente trabalho foram utilizados: levantamento bibliográfico, no qual encontramos todo o aporte teóricometodlógico e o histórico da expansão da cidade de Natal; e alguns dados empíricos, retirados do Anuário Natal 2006 e do site da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (SEMURB). O espaço é dinâmico. A sociedade é dinâmica. Santos (1998) trata disso quando fala que o fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está, exatamente, na transformação qualitativa e quantitativa do espaço habitado. As transformações acontecem a todo instante. Natal, a Zona Norte, ou qualquer outro lugar no mundo tem na relação sociedadeespaço, espaçosociedade, uma constante e complexa rede de variações, de transformações, que organizam e (re)organizam, continuamente o espaço global ou local. Aí reside a importância do 3 estudo e compreensão da categoria território usado, porque antes de tudo ele é território vivido, território habitado, território animado pela vida humana. 1 BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA DE NATAL A cidade de Natal, assim como as demais cidades capitalistas, passa por um contínuo e intenso processo de expansão urbana nos últimos anos, contudo, nem sempre foi assim. A cidade em tela tem mais de 400 anos de fundação, e somente a partir do século XX dá inicio a seu efetivo processo de urbanização. Para melhor compreensão desse processo fezse necessário e de extrema importância um breve estudo sobre a expansão urbana da cidade. Apesar do crescimento da malha urbana da cidade ter se intensificado no século XX, até o final da década de 1920, a cidade ainda tinha uma população pequena. De acordo com Costa (2000) somente em 1929, quando foi lançado um plano urbanístico pelo prefeito Omar O’Grady, é que o espaço urbano de Natal começa a se transformar verdadeiramente. Foi no contexto da Segunda GuerraMundial (19391945), com a chegada de aproximadamente de 10.000 soldados americanos que se iniciou um intenso fluxo migratório de pessoas vindas do interior do Estado para trabalhar. Esse processo impulsionou o crescimento e a concentração populacional, na cidade de Natal. Na década de 1950 o Brasil passou por um período de reorganização de seu sistema econômico e político, com o governo de Juscelino Kubitschek. Nesse momento, é criado o Plano de Metas que tem por objetivo principal transformar a estrutura econômica nacional através da construção e instalação de indústrias de base e investimento em infraestrutura. Essa reestruturação da economia nacional foi realizada por intervenção direta do Estado que abriu as portas para o capital estrangeiro, que entra como financiador dessa fase de intensa industrialização. Diante dessa realidade o país se expande economicamente, de diferentes maneiras nas diversas regiões brasileiras, conforme coloca Oliveira (1977) produziuse uma diferenciação setorial no interior da própria expansão industrial. Nesse cenário de desenvolvimento e expansão do setor industrial ocorre um rápido e intenso crescimento populacional nas cidades brasileiras, advindo de um também intenso processo migratório. Em Natal não podia ser diferente: as fortes correntes migratórias que se dirigiram a Natal acompanharam o ritmo de crescimento populacional a nível nacional e regional (CUNHA, 1987, p. 24). As correntes migratórias do interior do Estado em direção à capital, que vieram em busca de trabalho nas indústrias, acabaram influenciando efetivamente uma reestruturação do espaço e uma redistribuição da população no território natalense. Posteriormente, esse processo acarretou uma divisão social do trabalho. Segundo Cunha (1987) a cidade de Natal teve um crescimento expressivo no número de habitantes, chagando a mostrar um crescimento em torno de 165% no período 1960 a 1980 (quando sua população atingiu cerca de 430.000 habitantes). Esse aumento expressivo da malha urbana das cidades brasileiras, inclusive da Natal, impulsionou a ampliação de uma demanda populacional por serviços de infra 4 estrutura. Diante desse contexto, Natal ganha expressão dentro do Rio Grande do Norte, tornandose pólo de atração e desenvolvendo consideravelmente seu setor de serviços. Uma das causas principais que facilitaram esse desenvolvimento do espaço urbano da cidade de Natal foi o incentivo financeiro de órgãos políticos como a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) – criada em 1959, pela lei nº 3.692. A SUDENE foi uma estratégia do governo federal para estimular o desenvolvimento regional, com o objetivo de atenuar as desigualdades existentes entre as regiões brasileiras. Segundo Oliveira (1977) ela traz inscrita a marca da intervenção planejada no seu programa, isto é, uma tentativa de superação do conflito de classes intraregional e de uma expansão do capitalismo do CentroSul. Todavia, cabe ressaltar que não foram somente os incentivos da SUDENE que financiaram esse crescimento urbano de Natal, outras políticas públicas e privadas foram de fundamental importância nesse processo. Costa (2000) trata sobre algumas dessas políticas: a política habitacional, a intensificação da atividade industrial, o crescimento do setor terciário, a atividade extrativa do petróleo, a atividade turística e as ‘novas’ demandas de serviços. A partir da década de 1970 com a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH) intensificase a ação da política habitacional (iniciada na década de 1960) com a construção dos conjuntos residenciais. Outra política de extrema importância é a da atividade industrial, que se expande, sobretudo, na década de 1970, com a criação do Parque Têxtil Integrado e o Distrito Industrial de Natal. Com a consolidação do setor industrial cresce, concomitantemente, o setor terciário, que será o maior responsável pelo aumento populacional. Quanto à instalação da atividade extrativa de petróleo em Natal, podese dizer que trouxe consigo empresas subsidiárias e prestadoras de serviços e uma população de alta renda que impulsionou o mercado consumidor local. Por último, mas não menos importante, temos o surgimento da atividade turística e as novas demandas de serviços que acompanham a expansão do turismo: no final da década de 1980 a atividade turística chega com força e dinamiza ainda mais a economia do espaço natalense (COSTA, 2000). A expansão da oferta de serviços, principalmente, serviços econômicos, se concentrou na parte central da cidade, forçando a população a se dirigir para outras áreas da cidade. O direcionamento da população para as diversas áreas foi influenciado por mecanismo de investimentos que transformaram alguns locais em áreas nobres (grifo nosso). Ou seja, o crescimento na direção sul da cidade, que se intensificou a partir de 1980, abarcou boa parte da população solvável, ao passo que a expansão em direção à zona norte, por exemplo, teve por predominância uma população de baixa renda. O crescimento e espacialização dos serviços em Natal e o crescimento do setor industrial estão totalmente interligados. Cunha (1987, p. 31) trata dessa relação quando fala da ampliação da oferta de serviços, principalmente os de infraestrutura, voltada para atender ao crescimento industrial e aos interesses das empresas: [...] determinados espaço da cidade passaram por uma ação mais intensa de ampliação dos equipamentos urbanos de infraestrutura, voltados para os interesses empresariais. Neste processo, tais serviços 5 desempenharam importante papel, porque sem eles o crescimento industrial não poderia ter se realizado. A expansão do setor terciário trouxe a construção de importantes hospitais (Médico Cirúrgico, Walfredo Gurgel etc.), serviços administrativos (criação do Centro Administrativo), escolas públicas e privadas, a construção do Campus Universitário, a ampliação dos serviços bancários, a construção de estabelecimentos do varejo moderno (redes de supermercados, hipermercados, shopping centers, lojas de departamento etc.) e de grandes edifícios que representam muito bem os colossais investimentos de capitais privados. Essa expansão vai criar espaços de estímulo ao crescimento de uma classe média e espaços onde predominam pessoas de baixa renda. Toda essa dinâmica é também e prioritariamente dirigida pelo Estado, que junto ao setor privado vai organizando (grifo nosso) o espaço da cidade de Natal, conforme sua vontade. Santos (1996) citado por Ribeiro (2003) diz que o território é a arena da oposição entre o mercado e a sociedade civil e desse modo envolve, sem distinção, todas as pessoas na organização/ estruturação desse território. Diante da realidade posta surge a necessidade de um estudo mais detalhado sobre uma das áreas da cidade que, originariamente, foi criada para abrigar a classe menos favorecida, mas que tem se tornado um espaço econômico em potencial nos últimos anos, principalmente quando falamos em setor terciário: a Zona Norte de Natal. Esse crescimento econômico tem sido consideravelmente influenciado e realizado de acordo com as necessidades e vontades de uma sociedade que tem seus interesses voltados para o mercado capitalista. 2 O CASO DA ZONA NORTE DE NATAL O crescimento urbano de Natal obrigou a cidade a se desenvolver e expandir seus limites. Conforme a população crescia, surgia a necessidade de novos territórios, novos locais para habitar e para empreender. Nesse contextoas fronteiras da cidade começam a se modificar, expandindose horizontalmente em outras direções: é o caso da Zona Norte de Natal, que até 1953 tinha suas terras pertencentes ao município de Macaíba. Nesse mesmo ano a área correspondente a atual Zona Norte é integrada ao município de Natal, tendo como primeiro bairro: Igapó, incorporado à Natal pelo decreto 981/53. Todavia é na década de 1970, depois da lei municipal de parcelamento do solo de 1974 que possibilitou o surgimento de grandes loteamentos, e da construção da ponte rodoferroviária (Costa e Silva) em 1969, que a Zona Norte ganha maior expressão, principalmente enquanto espaço residencial. A construção e implantação da ponte Costa e Silva (a ponte de Igapó) efetivou a incorporação de Igapó ao contexto urbano de Natal, gerando assim um mercado imobiliário atrativo devido à vasta oferta de terras baratas para a população de baixa renda, conforme nos mostra ARAÚJO (2004, p. 40): 6 O início efetivo da formação do espaço da Zona Norte se deu a partir do final da década de 1960, quando da implantação da ponte Costa e Silva (RN – SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, 1977), a nova ponte rodoferroviária, a qual além de fazer a incorporação do espaço de Igapó ao contexto urbano de Natal, abriu perspectiva a um promissor mercado imobiliário. Esse mercado imobiliário se tornou atrativo pela vasta oferta de terras e pelo baixo preço do solo, visto que outras áreas da cidade já se apresentavam mais valorizadas, em função das benfeitorias implantadas e da importância que a cidade do Natal vinha adquirindo no contexto regional. À construção da ponte Costa e Silva podemse somar os incentivos da SUDENE ao setor industrial; a instalação do Parque Têxtil Integrado e o Distrito Industrial de Natal (DIN) – com a instalação de empresas de grande porte e de capital estrangeiro – que objetivava promover o desenvolvimento econômico urbano a partir da atração de novos investidores para a cidade de Natal; e as políticas habitacionais do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Todos esses fatores contribuíram fundamentalmente para o povoamento/ ocupação e conseqüente a expansão da Zona Norte de Natal. Nesse cenário a Zona Norte passou a ser um espaço de atração populacional, devido ao baixo custo de suas terras e as facilidades da política habitacional, com a construção dos famosos conjuntos habitacionais. Com isso se deu a criação de um espaço residencial, que com o passar do tempo, através de sua extensa e crescente população começa a demandar o consumo de bens e serviços, que até então não eram oferecidas por um mercado local. “Essas demandas vão gerar um incipiente número de empresas comerciais e prestadoras de serviços, que inicialmente pertenciam à população local [...]” (ARAÚJO, 2004, p. 28). Contudo, essa tímida e incipiente dinâmica econômica se expande e intensifica, e passa a atrair empresas de médio e grande porte de outras áreas de Natal. O aumento populacional gerou uma ampliação da necessidade de moradias e de novos espaços, como já foi citado anteriormente. Com isso o número de edificações atinge cerca de 7.500 habitações, em 1977, esse fato começa a atrair investimentos em infraestrutura, abertura de ruas e avenidas, sistema de transportes urbanos, o que vai culminar no aumento expressivo do valor do solo, no período de 1977 a 1981, da área de estudo. A organização do espaço da Zona Norte, o uso de seu território é resultado da ação do homem, é resultado da “ação conjunta dos modeladores do solo, dos proprietários, dos empresários, do Estado” (Cunha, 1987, p. 120), que seguem literalmente a lógica do capital, que buscam acima de qualquer coisa o lucro ao invés de uma organização racional do espaço urbano. A organização espacial de uma área, uma cidade, um lugar, teria que, necessariamente, ser pensada e realizada de maneira racional visando um desenvolvimento harmônico desse espaçosociedade, contudo, sabemos que isso não ocorre na prática. Segundo Corrêa (2003) a cidade é o lugar onde os investimentos de capital são maiores, por ser o principal lugar dos conflitos sociais, talvez isso justifique 7 o fato de que o uso do território nas cidades é realizado de maneira desordenada, visando apenas o crescimento econômico. Na Zona Norte o que acontece é que os diferentes usos do território pela sociedade têm resultado no que vemos hoje, um espaço em pleno crescimento econômico, a fim de atender aos interesses e demandas do capital, sem preocupação com um verdadeiro desenvolvimento socioespacial. Nesse momento é de extrema importância a compreensão do conceito de território usado, que nos é dada por Santos (1998), no qual ele diz que o território usado são objetos e ações, sinônimos de espaço humano, espaço habitado. Esse território, por sua vez é quem vai condicionar a localização dos atores, pois as ações que sobre ele se operam dependem da sua própria constituição (SANTOS e SILVEIRA, 2004). Ainda quanto ao território usado, Ramalho (2003) afirma que ele pode oferecer, ao mesmo tempo, possibilidades e obstáculos, facilidades e dificuldades quanto ao seu uso, relativizados em função da técnica e do projeto social. É o que acontece na Zona Norte, a maneira como a sociedade usa o espaço, usa a técnica é que vai determinar a organização espacial desse lugar ou de qualquer outro. Porque o território usado é habitado, é vivido. Com o passar do tempo, a população da Zona Norte se expande ainda mais, chegando a ultrapassar a população total de Mossoró, que é a segunda cidade mais importante e mais populosa do Rio Grande do Norte. Desta feita, a população começa, cada vez mais, a demandar o consumo de bens e serviços, que até então não eram oferecidas por um mercado local. “Essas demandas vão gerar um incipiente número de empresas comerciais e prestadoras de serviços, que inicialmente pertenciam à população local [...]” (ARAÚJO, 2004, p. 28). Contudo, essa tímida e incipiente dinâmica econômica se expande e intensifica, e passa a atrair empresas de médio e grande porte de outras áreas de Natal. À medida que a população cresce, o mercado consumidor também cresce e exige a presença de novos equipamentos na área em questão. Todavia, a Zona Norte também, e principalmente, é local da ação de agentes modeladores do espaço, agentes que são dirigidos pela lógica capitalista. Corrêa (2003) divide esses agentes em: proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários e incorporadores, o Estado e os grupos sociais excluídos. Na área de estudo o Estado aliado ao interesses dos três primeiros agentes, respectivamente – proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários e incorporadores – tem tomado algumas medidas recentes de forma rápida e intensa a fim de atender às exigências do mercado. Como é o caso da construção da ponte Forte/Redinha e do Projeto Urbanístico da Redinha, atendendo à demanda do turismo. Ou seja, além de ser um espaço em que a população encontrase em constante crescimento, é também um espaço de atração em virtude do turismo. A atuação do Estado se dá objetivando o crescimento ainda maior desse mercado consumidor (não só voltado aos moradores da região em estudo, mas também ao público que vem conhecer as belezas naturais das praias do litoral norte) através da criação de um “corredor” para oturismo, conforme coloca Araújo (2004, p. 187 e 188): Além de atender às demandas da população, as melhorias de circulação na Zona Norte criam um “corredor” para o turismo, que se expande enquanto atividade econômica no RN, e se projeta para a 8 parte norte do litoral oriental do RN. O que apreendemos como sendo uma clara parceria públicoprivado, na cidade do Natal, disponibilizando uma infraestrutura detentora da demanda solvável para o produto que a cidade se propõe a oferecer – o turismo [...]. É o Estado gestor de políticas públicas a serviço das novas configurações que se processam no espaço urbano capitalista; que na cidade do Natal, se expressa por meio da expansão do setor terciário. Dentro desse contexto o espaço da Zona Norte tem se tornado um espaço de atração do capital, da especulação imobiliária. Ele vem se caracterizando, nos últimos anos, como espaço econômico em potencial, fato que está refletido principalmente no crescimento do seu setor terciário. Essa é mais uma prova de como os diversos tipos de usos do território por meio da sociedade (principalmente da parcela que serve e se serve do capital) influenciam a dinâmica, estruturação e organização espacial de um lugar. Para sermos mais objetivos vamos tratar da dinâmica do setor terciário na Zona Norte, considerando a expressão do varejo moderno. O estudo desse setor da economia é de extrema por ser ele o que mais cresce, não só na Zona Norte, mas em toda a cidade de Natal. 3 O USO DO TERRITÓRIO: A EXPANSÃO DO VAREJO MODERNO NA ZONA NORTE DE NATAL/RN Os países chamados subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, passaram por um processo de crescimento econômico diferente dos países tidos como desenvolvidos. Seu processo de urbanização e crescimento econômico está voltado, sobretudo, para a rápida e intensa expansão do setor terciário da economia, sem forte dependência com os demais setores econômicos (setor primário e setor secundário). Na realidade o que aconteceu foi uma superposição temporal dos processos, o que diferenciou e diferencia, até hoje, os países subdesenvolvidos dos desenvolvidos, já que nos desenvolvidos esses processos apareceram em momentos diferentes. Santos (1989, p. 25) explica claramente essa súbita passagem para o setor terciário, quando fala que tivemos uma urbanização terciária: Não houve, nos países subdesenvolvidos, como aconteceu nos países industriais, uma passagem da população do setor primário para o secundário e, em seguida, para o terciário. A urbanização se fez de maneira diferente e tem um conteúdo também diferente: é uma urbanização terciária (SANTOS, 1989, p.25). Em Natal não aconteceu diferente. Desde o início de seu processo de expansão urbana, a cidade já contava com um setor de serviços, que só cresceu com o passar dos anos. As indústrias ocasionaram um aumento considerável da população, que, por sua vez, passou a ter necessidades, cada vez maiores, de oferta de serviços, obrigando o Estado a incentivar o crescimento do terceiro setor da economia. Segundo Cunha (1987) as políticas urbanas implementadas pelo governo reforçaram a economia urbana natalense, com o incremento do Terciário. O que levou a cidade de Natal a 9 passar por um contínuo processo de expansão urbana que se reflete, principalmente, através do crescimento do setor terciário. Dentro do contexto econômico do setor terciário, temos a descentralização econômica nas cidades como uma das principais formas de sua apresentação/ representação capitalista. Segundo Corrêa (1996, p. 129), A descentralização aparece como um processo espacial associada às deseconomias de aglomeração da Área Central, ao crescimento demográfico e espacial da cidade, inserindose no processo de acumulação de capital. De certa forma repete o fenômeno de centralização tornando a organização especial da cidade mais complexa, com o aparecimento de subcentros comerciais e áreas industriais nãocentrais. A descentralização ter por objetivo levar a oferta de serviços a outros pontos da cidade, além das áreas centrais. Natal caminha para uma descentralização econômica, que tem ocorrido ainda de forma gradual. Atualmente a cidade está dividida em quatro regiões administrativas: Região Administrativa Leste, Região Administrativa Oeste, Região Administrativa Sul e Região Administrativa Norte – utilizaremos como sinônimo: Zona Norte. Analisando o texto de Corrêa relacionandoo com o contexto atual de Natal, podemos perceber que a cidade, nos últimos anos, vem passando por um processo de descentralização em direção a outras regiões, além da região onde o centro fica localizado atualmente – a Região Leste. Todavia esse processo de descentralização ainda não ocorre efetivamente na Zona Norte. O que temos observado nos últimos anos é uma desconcentração de serviços, principalmente, econômicos em direção à referida área. Essa realidade é recente, porque até poucos anos atrás, esse espaço era tido como espaço residencial, ou até como alguns autores colocam, um espaço dormitório. É com o desenrolar da história (conforme foi visto no capítulo anterior), com o passar do tempo, que o espaço da Zona Norte vai ganhando importância econômica no contexto capitalista da cidade de Natal. A Zona Norte é o resultado do processo de produção desigual e combinado do capital, é resultado da produção do espaço que é dinâmica. O espaço está em constante processo de produção e reprodução, sofrendo a ação da sociedade e agindo sobre a mesma. Segundo Andrade (1984) citado por Araújo (2004): O processo de produção do espaço é [...] dinâmico, está permanentemente em ação e permanentemente em reformulação. Em sendo dinâmico é também dialético, de vez que a evolução da sociedade e a ação do Estado que a apresenta não se procedem de forma linear, mas sofrem contestações, contradições que reformulam os princípios e as ações. Esse processo de produção do espaço também é dialético, como mencionado anteriormente, por isso podemos falar na interferência que a sociedade tem sobre esse espaço. De acordo com Carlos (1994, p. 22) “[...] a sociedade também produz o espaço e passa a ter dele uma determinada consciência”. Dessa forma fica visível a força da população enquanto mercado consumidor e transformador desse espaço. Afinal, como 10 Souza (2003) afirma o território, modernamente, é entendido também como espaço efetivamente usado pela sociedade e pelas empresas. Por isso dizemos que a ação da sociedade é fundamental para o eventual desenvolvimento e crescimento econômico, para a dinâmica do espaço em tela. O espaço é dinâmico, está em constante transformação. O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá (SANTOS, 2006, p. 39). O espaço é um sistema complexo e dinâmico porque está intimamente ligado ao homem, às relações sociais e conseqüentemente à forma de viver e modificar esse espaço que cada sociedade possui, em diferentes momentos históricos. Santos (1986, p. 122) também afirma que: O espaço deve ser considerado como um conjunto de relações realizadas através de funções e de formas que se apresentam como testemunho de uma história escrita por processos do passado e do presente. Isto é, o espaço se define como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estruturarepresentada por relações sociais que estão acontecendo diante dos nossos olhos e que se manifestam através de processos e funções. Podemos entender a existência de uma íntima e complexa relação entre sociedade e espaço, que é característica de todas as sociedades em qualquer contexto histórico, no qual a sociedade está constantemente agindo sobre o espaço e o espaço agindo sobre ela. Sendo assim, podemos dizer que o espaço geográfico é resultado dessa interação, no qual o homem está constantemente produzindo e (re)produzindo espaço. Por isso não podemos estudar sociedade e espaço enquanto entidades separadas. Espaço é sociedade, e a sociedade, por sua vez, é espaço. Uma vez que a dinâmica do espaço depende da ação do homem, ela estará intimamente ligada ao capital. Vivemos em um momento em que capital significa poder. Aqueles que dispõem do capital têm o poder de decidir o destino da sociedade, interferindo diretamente nessa dinâmica espacial. O capital tem o poder de criar as condições necessárias para seu pleno desenvolvimento, criando/ recriando o espaço, a fim de que a indústria, o comércio os meios de circulação estejam ligados às pessoas, ao mercado consumidor, conforme coloca Carlos (1994, p. 83): A reprodução do espaço urbano recria constantemente as condições gerais a partir das quais se realiza o processo de reprodução do capital. Se de um lado aproxima a indústria, as matériasprimas (e auxiliares), os meios de circulação (distribuição e troca de mercadorias produzidas), a força de trabalho e o exército industrial de reserva, de outro lado “aproxima” pessoas consideradas como consumidoras. Um dos principais objetivos do capitalismo é a expansão do mercado consumidor. Para isso os agentes que servem e se servem desse capitalismo produzem e (re)produzem o espaço, conforme suas necessidades, através das indústrias, da 11 habitação, da oferta de serviços, da especulação imobiliária etc. O foco é o mercado consumidor, porque é ele quem matem as relações capitalistas. Por isso dentro dessa sociedade capitalista o setor econômico que mais cresce é o setor terciário. Ele é responsável pela criação de espacialidades e territorialidades, que se modificam, ao longo do tempo, de acordo com a política econômica empreendida pelas sociedades. De acordo com Gomes, Silva e Silva (2000, p. 74) espacialidades e territorialidades são características do terciário e mostram a dinamicidade desse setor: A espacialidade do terciário tem se expressado, ao longo do tempo, de forma bastante diferenciada, isto é, a cada momento de crescimento econômico, novas espacialidades vão surgindo e, por conseguinte, novas territorialidades vão se configurando, o que demonstra uma forte dinamicidade do setor. Como dito anteriormente, o setor que mais cresce na Zona Norte é o terciário. Esse setor é bastante complexo, ele abarca uma série de serviços desde os de infraestrutura até aos que fazem maior referência ao comércio. No presente artigo nos detemos às atividades do varejo moderno, mas não podemos deixar de citar algumas serviços de extrema importância, que podem ser observado na tabela a seguir: Tabela 1: Serviços e Equipamentos Urbanos REGIÃO ADMINISTRATIVA TIPO DE SERVIÇO PODER TOTAL N O R T E Educação Público 76 Privado 55 Saúde Público e Privado 36 Equipamentos Desportivos Público 75 Segurança Pública Público 19 Equipamentos Urbanos Público 64 SU L Educação Público 51 Privado 44 Saúde Público e Privado 32 Equipamentos Desportivos Público 56 Segurança Pública Público 11 Equipamentos Urbanos Público 73 L E ST E Educação Público 60 Privado 56 Saúde Público e Privado 70 Equipamentos Desportivos Público 17 Segurança Pública Público 17 Equipamentos Urbanos Público 73 O E ST E Educação Público 72 Privado 45 Saúde Público e Privado 26 Equipamentos Desportivos Público 23 Segurança Pública Público 12 Equipamentos Urbanos Público 28 Fonte: Tabela elaborada com base nos dados do Anuário Natal 2006 – SEMURB, 2006. 12 Os serviços (Educação, Saúde, Equipamentos Desportivos, Segurança Pública e Equipamentos Urbanos) expostos na tabela 1 constituem fator fundamental quando nos referimos a estruturação, organização e manutenção de um território. São de grande importância para o lazer e atividades cotidianas os equipamentos desportivos (quadras, campos, estádios, ginásios) e equipamentos urbanos (praças, hortos, mercados, feiras livres, cemitérios). Também de extrema e fundamental importância estão Educação e a Saúde, que são a base para a vida humana. E, não podemos esquecer de mencionar a segurança pública, principalmente, ao falarmos de um mundo como o atual, com suas ações pautadas na lógica cruel do capitalismo, onde cada dia mais impera a miséria e, conseqüentemente, a violência. Atualmente, a Zona Norte dispõe de um bom número desses serviços instalados em sua área, se comparada às demais regiões administrativas da cidade. Todavia, cabe ressaltar que os mesmos não se encontram distribuídos de forma eqüitativa em todos os bairros. Os bairros mais importantes e em maior evidência, detém a maior parte desses serviços, como é o caso de Potengi e Pajuçara, enquanto outros bairros (menos favorecidos) têm o mínimo possível desses equipamentos instalados em seu espaço. Mais uma vez a ação do Estado direcionada aos interesses do capital. Hoje, observamos que o varejo moderno é o ramo econômico que mais se destaca dentro do setor de serviços, na Zona Norte. Existe uma concentração de empresas que caracterizam esse ramo da economia, em direção a essa região. Já é possível ver grandes empreendimentos (como é o caso do hipermercado Carrefour, do North Shopping e outros) instalandose naquela área. Santos (1979, p. 68) nos fala sobre esse comércio moderno da seguinte forma: O comércio moderno realizase através de uma gama de estabelecimentos que vão das grandes lojas, supermercados e mesmo hipermercados, englobando um número considerável de produtos e uma massa importante de consumidores, até as lojas de produtos da moda, que oferecem um pequeno número de artigos de luxo a uma clientela selecionada. A essas formas extremas, que são a modernização do bazar e a especialização sofisticada, é necessário acrescentar um outro gênero de estabelecimentos especializados destinados à venda de um só ou de um número reduzido de produtos. De acordo com a citação de Santos, o varejo moderno é representado pelas grandes lojas de departamentos, supermercados e hipermercados. A Zona Norte é, hoje, local de atração desse varejo moderno, conforme podemos constatar ao transitar pelas principais avenidas da referida região. Esse tipo de comércio caracteriza o processo de descentralização dos centros econômicos através da centralização e concentração da oferta de um grande número de serviços dentro de grandes estabelecimentos (hipermercados, supermercados, shoppings etc.). Dessa forma valoriza outras áreas da cidade que não ficam no centro, como é o caso do espaço em tela, reorganizando assim seu território. Esse processo de espacialização provocado pelo varejo moderno está destinado, principalmente, ao mercado consumidor. Para que essas grandes superfícies sejam implantadas, fazse necessário a presença de grandes espaços (que ainda são encontrados em alguns pontos da cidade, no caso na Zona Norte) bem localizados 13 (acessível ao consumidor), porque ocupam grandes áreas e agrega uma concentração de diferentestipos de serviços destinados a atender à demanda do mercado. Martins Jr. (1999, p. 07) caracteriza os hipermercados para que entendamos um pouco do funcionamento e da extensão dessas superfícies: Os hipermercados ocupam grandes áreas, além disso, devemos destacar o planejamento deste tipo de empreendimento, pois ocorre a agregação de outras funções, criando um espaço não só para o consumo de mercadorias, mas também para atividades ligadas ao lazer. Os hipermercados apresentam ainda uma maior flexibilidade no horário de atendimentos e, também, uma diversificação na oferta de produtos e serviços [...], o que serve como estratégia para atrair maior número de consumidores. Portanto, a organização deste espaço parte de alguns princípios, tais como: área de vendas num único nível, facilidade de acesso, amplo estacionamento, grandes depósitos, além da já citada flexibilidade no horário de atendimento. Os grandes estabelecimentos de concentração de serviços que caracterizam o varejo moderno têm como objetivo abarcar o maior número possível de serviços em seu espaço, para melhor atender ao sistema capitalista, porque induz o consumidor a consumir mais. O uso do território pela sociedade permitiu a criação de uma nova espacialidade do setor terciário no espaço da Zona Norte de Natal. Uma forte migração da força de trabalho e de capitais está ocorrendo em direção a esse setor, reestruturando assim o espaço urbano em questão. Devemos ter em mente que espaço e sociedade são um só, são interdependentes e inseparáveis. Por isso chamamos a atenção para compreensão de toda a dinâmica que ocorre no espaço como um todo, e em especial, no espaço em tela, enquanto resultado do uso do território pelo homem. Habitamos um território vivo, lugar onde a vida acontece, considerando tempos passados e presentes. A Zona Norte é exemplo de um território usado pela e para a sociedade, ou melhor, pelos e para os interesses da sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS O crescimento e expansão urbana de Natal se intensificaram a partir da década de 1940, eventos que se consolidaram durante o decorrer do século XX, ampliando também suas fronteiras em outras direções, como é o caso da Zona Norte. A Zona Norte, em 1953, passa a incorporar o território da cidade, e daí por diante só cresce. Apesar de ter sido criada, originalmente, para ser local de estabelecimento de indústrias, e um espaço residencial (para as camadas mais pobres da população), a área só cresceu nos anos decorrentes, principalmente, a partir da década de 1970. Hoje, a Zona Norte, é um espaço econômico em potencial. Fato que se caracteriza, principalmente, pelo crescimento do setor terciário, considerando a expressão do varejo moderno. E as diversas formas de uso do espaço em questão, 14 através da ação humana, contribuíram e contribuem, de maneira significativa e determinante, quando falamos numa organização/ estruturação espacial dessa área. O crescimento e expansão do setor de serviços, em especial, os estabelecimentos que representam o varejo moderno, na Zona Norte é visível e está presente nas suas principais avenidas. Tudo isso indica o crescimento da região, mas, sobretudo, mostra a ação do Estado e dos agentes modeladores do espaço, em serviço do capitalismo. A Zona Norte é parte de um projeto maior de valorização da atividade turística nas praias do litoral norte. Essa ação vem criando uma espécie de corredor para o turismo (como mencionado no artigo) na referida área. Antes de tudo a área em estudo tem sido local da produção e (re)produção do espaço capitalista. O uso do território pelo Estado aliado ao capital privado tem transformado, de maneira rápida e intensa, essa área. E será que toda essa transformação tem beneficiado a população local? Que tem trazido melhorias no setor econômico, sem dúvidas. Entretanto, essas melhorias, não estão voltadas para a população, aliás, nada que é feito pelo e sob a direção do capitalismo leva em consideração o fator humano. Essa expansão é liderada pelos interesses de uma sociedade que serve e se serve do capital. A organização/ (re)organização espacial do território da Zona Norte tem seguido a direção que convém ao capital. E só o tempo poderá nos dizer o que vai acontecer: como o crescimento desse setor econômico vai se consolidar definitivamente, o que será da população da referida área e como se estruturará espacialmente o território em questão. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Josélia Carvalho de. Outra Leitura do “Outro Lado”: o espaço urbano da Zona Norte em questão. Natal, 2004. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. 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Metamorfoses do Espaço Habitado: fundamentos teórico e metodológico da geografia. São Paulo: Hucitec,1988. ______. Manual de geografia urbana. 2 ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1989. ______. O retorno do território. In: SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia Aparecida de; SILVEIRA, Maria Laura. Território: Globalização e Fragmentação. 4 ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1998. ______. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4 ed. 2ª reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. ______. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 13ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil: território e sociedade no inicio do século XXI. 6 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. SEMURB. Anuário Natal 2006. Natal: Prefeitura Municipal do Natal, 2006. 16 SEMURB. Prefeitura Municipaldo Natal. Mapas e Fotos: Mapas. Disponível em: http://www.natal.rn.gov.br/semurb/mapas_fotos.php. Acesso em: 07.jul.2008. SOUZA, Maria Adélia Aparecida de (et al.). Território Brasileiro: usos e abusos. Campinas: Edições Territorial, 2003. 17 http://www.natal.rn.gov.br/semurb/mapas_fotos.php
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