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F.R.M., sexo masculino, 21 anos, foi atendido no ambulatório de hematologia com história de episódios de icterícia e urina escura pela manhã há 6 meses. Relatou palidez progressiva, fraqueza e dispnéia aos médios esforços. Além de palidez cutâneo- mucosa e de discreta icterícia, não exibia outra alteração ao exame físico. Exames laboratoriais revelaram: Hb=6,8g/dl, Ht=20,8%, VCM=95fl, HCM= 30pg, CHCM=33g/dl, RDW=16, GL=4.500/mm³ (1% bastão, 60% segmentados, 37% linfócitos, 2% monócitos); Plaquetas=240.000/mm³; reticulócitos corrigidos=4,6%. Discreto aumento da bilirrubina indireta, LDH elevado, haptoglobina sérica reduzida e níveis séricos de metemalbumina elevados. Pesquisa de hemossiderina e hemoglobina na urina positivas. EXPLIQUE as alterações nos exames laboratoriais do paciente. O caso acima se trata de um quadro de anemia hemolítica. Essa condição se associa ao quadro clínico apresentando pelo paciente, como palidez cutâneo-mucosa, fraqueza e dispneia aos médios esforços, além de icterícia discreta e relato de colúria. Pensando neste provável diagnóstico o médico solicitou exames laboratoriais que evidenciaram quadro de anemia normo/normo, com Hb e Ht baixos e, VCM, HCM e CHCM normais, tais características confirmam a condição de hemólise, que ultrapassa a capacidade de compensação da medula, além disso os reticulócitos estão aumentados, caracterizando hiperproliferação e o RDW também aumentado caracterizando anisocitose, devido a diferença no tamanho das hemácias o que também pode induzir indiretamente a hemólise por alteração conformacional da hemácia. Ademais, o leucograma e a contagem de plaqueta estão normais, afastando pancitopenia e outras doenças que as causam. Além disso, a paciente apresenta também hiperbilirrubinemia indireta, sendo esta a causa da icterícia, devido a hemólise exagerada, ultrapassando a capacidade do fígado em conjugar a bilirrubina e, LDH elevada, pois é uma enzima liberada quando a hemácia é destruída, além da haptoglobina baixa que indica uma grande quantidada de globina no plasma, sendo transportada por ela até o fígado. A metemalbumina elevada confirma a hemólise intravascular, sendo que o grupo heme, da hemoglina, se liga a albumina e forma a metemalbumina. Ademais a hemoglobinúria se deve ao fato da grande quantidade de hemoglobina do plasma sendo filtrada pelo rim, assim como a hemossiderinúria indicando altas taxas de ferro sendo filtradas com a hemoglobina, podendo haver inclusive, necrose tubular aguda, com insuficiência renal aguda. Dessa forma, a partir do quadro clínico e dos resultados dos exames é possível dizer que o paciente apresenta uma anemia hemolítica e assim a causa precisa ser investigada e tratada. QUESTÃO 1 P1 DO MÓDULO III – ANEMIAS E PERDA DE SANGUE QUESTÃO 2 R.P.A., 26 anos, sexo feminino, procura o cirurgião plástico para realizar abdominoplastia. Encontra-se assintomática. Nega doenças e cirurgias pregressas ou uso de medicações. O médico solicita hemograma com plaquetas, tempos de coagulação e sangria, além de atividade protrombina/RNI e tempo de tromboplastina ativada (PTTA). ANALISE o caso, considerando os exames solicitados. O caso acima faz referência a investigação da hemostasia do paciente, tendo em vista que ele passará por uma cirurgia. A partir dos exames solicitados é possível avaliar alterações na hemostasia primária ou secundária deste paciente. É sabido que a hemostasia se trata de um processo fisiológico a fim de estancar sangramento, sendo a primária relacionada as plaquetas, nos processos de vasoconstrição, adesão, ativação e agregação plaquetária para formar o trombo – tampão plaquetário e, a secundária relacionada a atuação dos fatores da cascata de coagulação para formação da fibrina que dará sustentação/firmeza ao trombo. Antes solicitar os exames é importante uma boa anamnese para investigação de doenças de base, fatores de risco, histórico familiar e/ou uso de medicamentos, uma vez que antes de cirurgias são necessários suspensão de alguns medicamentos como o AAS, que bloqueia a Cox1 de forma irreversível, não formando Tramboxane A2 e inibindo a agregação plaquetária, devendo, portanto, ser suspensa sete dias antes da cirurgia. Quanto aos exames foram solicitados hemograma com plaquetas, para investigação de anemia e também para avaliar as plaquetas de maneira qualitativa, foi solicitado também tempo de sangramento, que somada a contagem de plaquetas avalia a funcionalidade das mesmas, ambos analisando a hemostasia primária. O tempo de coagulação indica o tempo preciso para o sangue coagular dentro de um tubo de ensaio com superfície eletronegativa, sendo o normal de cinco a dez minutos e, portanto, avaliando a hemostasia secundária pela via intrínseca. Ademais, a atividade de protrombina/RNI e o tempo de tromboplastina parcial ativada (PTTA) irão avaliar a hemostasia secundária, pela via extrínseca e intrínseca, respectivamente. Sendo que, a via intrínseca não necessita do fator tecidual, enquanto que a via extrínseca necessita do FT para ser ativada, ambos se convertem para ativação do Fator Xa formando a protrombinase, que transforma protrombina em trombina e essa, por sua vez, transforma fibrinogênio em fibrina, molécula muito importante para a hemostasia secundária, dando firmeza ao trombo e evitando um ressangramento. Por fim, todos esses exames são de suma importância antes da realização do procedimento cirúrgico na paciente. QUESTÃO 3 M.V.S., 60 anos, etilista de longa data, é levado ao HGG com quadro de parestesias e astenia progressiva com dificuldade da marcha nos últimos meses. Ao exame: palidez mucocutânea, hiporreflexia em MMII, sem outras alterações. O médico solicita exames laboratoriais gerais que mostram Hb: 8,0 VCM: 110, GL: 2500 (N: 40%/ L: 50%/ E: 2%/ M:8%), plaquetas: 90.000, e opta por internar o paciente para investigação adequada. ANALISE o caso, considerando a principal hipótese diagnóstica. O paciente do caso acima apresenta provavelmente anemia megaloblástica por carência de ácido fólico e vitamina B12. Isso é justificado pelo histórico do paciente somado ao exame físico, uma vez que relata etilismo de longa data e se apresenta com alterações neurológicas. Dito isso, bebidas alcoólicas possuem elevado índice calórico, causando saciedade e consequentemente, uma má alimentação que resulta em déficit nutricional, associado a isso a ingestão de álcool cronicamente interfere na absorção do folato de forma direta. Além disso, a hipótese de carência de vitamina B12 está associada ao quadro neurológico do paciente que se apresenta com parestesia, astenia, dificuldade da marcha e hiporreflexia em MMII. A deficiência desses nutrientes ocasionarão defeitos na síntese de DNA, uma vez que o folato é precursor da timidina, base nitrogenada constituinte do DNA, e a vitamina B12 é de suma importância para atuação efetiva do folato. Logo, a alteração na síntese de DNA resulta em modificação do ciclo celular, com atraso na proliferação celular e, consequentemente, na maturação das linhagens mieloides, isso ocasionará uma anemia caracterizada por desproporção núcleo/citoplasma, com aumento no tamanho das células e núcleo pequeno, o que é evidenciado no hemograma, que demonstra Hb baixa e VCM aumentado – macrocitose –, além disso há alteração no GL, com baixa de linfócitos, megacariócitos e plaquetas, o que caracteriza uma anemia megaloblástica com pancitopenia. Quanto as alterações neurológicas, são decorrentes principalmente da carência de vitamina B12, que tem função especifica na formação da bainha de mielina e dos axônios, através da formação de metionina, sendo que sua falta resulta em alterações nos impulsos e nas manifestações neurológicas apresentadas pelo paciente. QUESTÃO 4 M.T.S., 46 anos, sexo feminino, submetida a cirurgia bariátrica (gastroplastia com desvio intestinal em “Y deRoux”), há 3 anos, procura PSF com relato de piora progressiva da anemia, há 12 meses, tendo feito múltiplos tratamentos irregulares à base de sulfato ferroso. Hemograma do último mês evidencia Hb: 5,8 g/dl; Hct: 23,5%; volume corpuscular médio de 65,4; Hemoglobina corpuscular média de 16,1; RDW: 18.2. JUSTIFIQUE o tipo de anemia da paciente. O paciente do caso acima apresenta uma anemia do tipo carencial, sendo ela, por deficiência de ferro, ou seja, anemia ferropriva. Essa confirmação é possível ao observar a história pregressa do paciente – cirurgia bariátrica (gastroplastia), somado aos resultados dos exames laboratoriais, que evidenciam uma anemia (Hb: 5,8 g/dl) microcítica (VCM: 65,4) e hipocrômica (HCM: 16,1), além de anisocitose (RDW aumentado). Dito isso, tal patologia decorre inicialmente do procedimento cirúrgico, que ocasiona o suprimento inadequado do ferro pela dieta, por dificultar a absorção do mesmo, uma vez que o pH ácido do estômago auxilia na absorção ao converter íon férrico em íon ferroso que é melhor absorvido, consequentemente o ferro necessário para o metabolismo do organismo não é absorvido de forma eficiente e a sua falta ocasiona a diminuição de ferro nos macrófagos, reduzindo o transporte do mesmo para os eritroblastos e, consequentemente, diminuindo a produção de hemoglobina. Sabe- se que a hemoglobina é originada a partir de porções heme que são formadas pelo ferro no seu estado ferroso, capaz de se ligar e transportar o oxigênio para o corpo. Dessa forma, a não produção da hemoglobina ocasionando a anemia, com características microcíticas e hipocrômicas, como é descrita no caso.
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