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Elaborando um Planejamento Estratégico Planejamento Estratégico Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria DAYANNA DOS SANTOS COSTA MACIEL AUTORIA Dayanna dos Santos Costa Maciel Olá! Sou formada em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com Mestrado na mesma área pela Universidade Federal da Paraíba – este, com ênfase em Estratégia e Inovação. Também sou mestra em Gestão de Recursos Naturais (UFCG, 2014) com ênfase em Estratégia Ambiental focada em modelos e ferramentas de gestão nas empresas. Tenho experiência técnico-profissional no ensino da Administração, ministrando disciplinas como Planejamento Estratégico, Cultura organizacional e liderança, Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais, entre outras em nível de graduação e pós-graduação. Sou apaixonada por gestão e planejamento, e lecionar esse conteúdo para mim consiste em emergir junto com os discentes em um universo de possibilidades de gestão, no qual a criatividade para traçar estratégias e analisar cenários torna-se o principal ingrediente presente no processo de ensino e aprendizagem, bem como da atuação dos futuros gestores em formação. Adoro transmitir meus conhecimentos e minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Planejamento Organizacional e Estratégia: Metas e Planos ... 10 Visão Geral de Metas e Planos: O Que São? ............................................................... 10 Propósito das Metas ...................................................................................................................... 13 Metas Organizacionais................................................................................................................. 14 Planejamento com Foco em Metas e Objetivos: Administração por Objetivo (APO).......................................................................................20 Administração por Objetivos: Origens e Características ................................... 20 Critérios e Hierarquia dos Objetivos ..................................................................................23 Modelos de APO e Apreciação Crítica ............................................................................26 Estabelecimento de Planos Ante a Objetivos e Metas ...............29 Tipos de Planos ................................................................................................................................29 Planejamento de Contingência: Administrando a Crise ..................................... 31 Planejamento no Novo Contexto de Trabalho ...........................................................35 A Implantação da Estratégia ..................................................................38 Implementação das Estratégias: Os Passos ............................................................... 38 Construindo o Plano de Ação e Cronograma de Atividades ..........................43 7 UNIDADE 03 Planejamento Estratégico 8 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar em seus objetivos, planos e metas de vida? Como eles estão organizados a fim de proporcionar o seu desenvolvimento pessoal? Como eles estão vinculados a sua estratégia de vida? Pois bem, se você não parou para pensar, digo: as organizações pensam nisso o tempo todo! Isso mesmo! Assim como as pessoas (físicas), as organizações, como pessoas jurídicas, estabelecem objetivos, metas e planos para que possam se desenvolver; e esses objetivos estão diretamente ligados à estratégia da empresa e o seu planejamento. Pois bem, é isso que vamos aprender nessa unidade: como as organizações estabelecem planos, metas e objetivos e como esses se relacionam com o planejamento e estratégia organizacional. Além disso, vamos entender como as estratégias são implementadas nas organizações considerando esses conceitos. Preparado (a) para embarcar nessa viagem de conhecimento? Vamos lá! Planejamento Estratégico 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Listar objetivos, metas e planos organizacionais e a relação entre eles. 2. Demonstrar como o planejamento e o estabelecimento de objetivos e metas ajudam no desempenho organizacional. 3. Discernir sobre os tipos de plano organizacional, estendendo a esse entendimento o planejamento de contingência de acordo com os objetivos e metas estabelecidos. 4. Operacionalizar a implantação do planejamento estratégico nas organizações a partir de planos de ação. Então? Preparado para continuar a navegar no mar do conhecimento? Alçar velas e boa viagem! Planejamento Estratégico 10 Planejamento Organizacional e Estratégia: Metas e Planos OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de compreender a diferença entre metas e planos, e como esses dois elementos do planejamento se relacionam entre si. Isso é de suma importância, uma vez que, a partir desse conhecimento, você poderá objetivamente definir na sua atuação profissional metas e planos consistentes com a estratégia da empresa a qual você estará atuando. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!. Visão Geral de Metas e Planos: O Que São? As organizações precisam de um norte para desempenhar suas atividades, certo? Essa direção, já estudamos em outras atividades, consiste na estratégia da empresa. Mas essa estratégia para que seja colocada em prática precisa ser traduzida em metas e planos. Essa tradução, assim podemos dizer, é o passo a passo das atividades com definição de um padrão almejado. Aqui, vamos aprender inicialmente no que consistem esses dois elementos, metas e planos, no planejamento organizacional. VOCÊ SABIA? Que a definição de metas faz parte do nosso dia a dia? No trabalho, no lazer, nas atividades do lar etc., consciente ou inconsciente, estamos estabelecendo metas. Trazendo essa visão para o dia a dia das organizações, o estabelecimento de planos e metas deve ser consciente, bem como orientado para os objetivos organizacionais e medidas de desempenho. Planejamento Estratégico 11 No contexto empresarial, metas e planos são atribuições dos gerentes. Espera-se que esses sejam capazes de desenvolver planos eficazes que se adaptem às condições da empresa ante um ambiente de incertezas. Diante do que destacamos acima, é fato que metas e planos são conceitos gerais danossa sociedade. Nas empresas, metas e planos são conceitos que definem o planejamento. DEFINIÇÃO: Planejamento é determinar metas e meios da organização para atingi-las. Mas o que é um plano? E o que é uma meta? Sendo objetivos, plano especifica meios e metas, visualiza um estado futuro da organização. Vejamos a seguir a definição desses conceitos. DEFINIÇÃO: Planos são esboços de realização da meta, especificam alocações de recursos, programações, tarefas etc. Metas especificam os fins futuros, um estado futuro que a organização imagina. Deixamos claro em nossas mentes: metas especificam fins e estão relacionadas ao futuro; planos especificam os meios de hoje para atingir fins futuros. Então, metas = fins e planos = meios. Entendido? Prontinho, agora que essa diferença está clara, vamos compreender metas e planos no contexto do planejamento empresarial, para isso, analisamos a Figura 1. Planejamento Estratégico 12 Figura 1 – Níveis de metas e planos nas organizações Declaração de missão Metas e planos estratégicos Alta gerência (organização como um todo) Metas e planos táticos Gerência média (principais divisões, funções) Metas e planos operacionais Gerência baixa (departamentos, individuais) Fonte: Adaptada de Daft (2005). Na Figura 1, temos a visão hierárquica de como metas e planos são estabelecidos considerando os níveis organizacionais. No nível mais alto (estratégico), o estabelecimento de metas e planos tem como foco a apresentação de uma mensagem de legitimidade para o seu ambiente externo. Essa mensagem é direcionada a investidores, clientes, fornecedores e comunidade. Nos níveis mais baixos (tático e operacional) o foco da mensagem é interno, nesse caso, busca-se passar para os colaboradores desses níveis ideias relacionadas à legitimidade da empresa, motivação, guias, fundamentos lógicos e padrões de funcionamento. É importante que você ao atuar nas organizações saiba exatamente o foco do estabelecimento de planos e metas, cada nível e seus respectivos responsáveis. Assim, temos que o planejamento de uma organização começa ante a sua missão formal, que exprime o propósito básico, deixando claro para as pessoas de fora da organização (especialmente) e seus colaboradores internos. Uma vez observada a missão, os gestores da alta gerência da organização estabelecem metas e planos estratégicos, envolvem-se e comprometem os demais níveis com a eficiência e eficácia organizacional. Conseguintemente, ante a missão da empresa, as metas e planos Planejamento Estratégico 13 estratégicos, os gestores médios, ou seja, os chefes de divisões ou unidades, formulam planos táticos, que descrevem as ações necessárias para se cumprir os planos estratégicos. Por sua vez, os gerentes de linha ficam responsáveis por identificar os procedimentos específicos dos departamentos individuais e dos funcionários. Nesse nível, os planos operacionais refletem as tarefas específicas e processos que contribuem para o cumprimento das metas táticas e estratégicas. Propósito das Metas Vimos que as metas não especificam fins organizacionais futuros. Dessa forma, ela tem um propósito. Vamos então deixar claro esse propósito para avançarmos em nossos estudos sobre a compreensão de planos e metas, o propósito das metas é: emitir mensagens ao público interno e externo, visando beneficiar o desempenho da organização. Essas mensagens, bem como suas implicações para o desempenho da organização são apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 – Mensagens emitidas por metas e planos Tipo de mensagem Mensagem Implicações para organização Legitimação “Somos isso. Essa é a nossa identidade”. - A comunidade passa a enxergar a empresa de forma favorável e aceitar sua existência - Comprometimento dos funcionários com a organização, ante autoidentificação de propósitos e objetivos Motivação e Compromisso “Estamos juntos”. - Identificação dos funcionários com a organização. - Motivação e redução do risco de incerteza resultante do esclarecimento das tarefas que cada funcionário deve usar. Guia para ação “Sigamos por esse caminho”. - Senso de direção. - Foco de atenção e esforços para alvos e resultados importantes. Planejamento Estratégico 14 Fundamentos lógicos para a decisão “Estamos tentando realizar x, portanto y e z devem estar alinhados a x”. - Por meio do estabelecimento de metas, as decisões dos gerentes tendem a ser voltadas para garantir que as políticas internas, os papéis, o desempenho, a estrutura, os produtos e as despesas estejam de acordo com o desejado. - Decisões por toda organização estarão alinhadas com o plano. Padrão de desempenho “Temos um padrão de avaliação e desempenho”. - Metas definem resultados desejados e servem como critérios de desempenho e proporcionam um padrão de avaliação. Fonte: Adaptado de Daft (2005). Em suma, podemos concluir que as metas, por meio de suas mensagens, evitam que os gestores pensem apenas no hoje e nas atividades diárias da organização. Esse fato é importante, uma vez que as organizações se dispersam do seu foco, em relação a plano e metas, geralmente pode ter problemas na sua atuação e na competitividade do mercado. Agora que compreendemos a importância dos planos e metas, vamos aprofundar o conhecimento sobre os tipos de planos e a hierarquia de metas. Metas Organizacionais Vimos no começo dessa unidade que os planos e metas seguem a seguinte lógica de estabelecimento e referência: 1. missão organizacional; 2. metas e planos estratégicos; 3. metas e planos táticos; 4. metas e planos operacionais. Agora, entendamos no que consiste cada tipo de meta e planos. No topo de todas as metas e planos, temos a missão da empresa. Ou seja, como estudamos anteriormente, a missão é a razão de existir uma organização. A missão, portanto, é a base do planejamento organizacional e as empresas devem buscar ter essa missão declarada formalmente. Planejamento Estratégico 15 DEFINIÇÃO: A declaração de missão de uma organização é uma definição ampla do escopo de negócios e operações básicas da organização que a diferencia dos tipos similares de organizações (DAFT, 2005, p. 155). O que precisamos ter em mente: estabelecer uma missão é focar no que ela deve conter. Uma missão deve expressar: seu mercado, seus clientes e seus campos de empenho. SAIBA MAIS: Quer conhecer alguns exemplos de missão de empresas? Faça uma busca na internet nos sites de empresas conhecidas; nos sites oficiais, as empresas deixam à vista a sua declaração de missão. Mas, por que é importante ter uma missão organizacional bem- definida? Lembra do que estudamos? A missão direciona todas as metas e planos organizacionais, de modo que, sem uma missão clara, a organização assumirá o risco de desenvolver planos que não a levem para onde ela pretende ir. Com a missão definida, cada nível da organização estabelece metas que levam a organização a cumpri-la. Assim temos três tipos de metas: estratégicas, táticas e operacionais. A Figura 2 apresenta a definição de cada uma dessas metas. Planejamento Estratégico 16 Figura 2 – Tipos de metas Estratégicas Declarações amplas sobre onde a organi- zação quer estar no futuro; referem-se à organização como um todo, em vez das divi- sões ou dos departa- mentos específicos. Táticas Metas que definem os resultados que as principais divisões e departamentos preci- sam alcançar para que a organização possa atingir suas metas em geral. Operacionais Resultados específicos e mensuráveis espera- dos dos departamen- tos, grupos de trabalho e indivíduos dentro da organização. METAS DEFINIÇÃO Fonte: Adaptada de Daft (2005, p. 155-156). Assim como as metas, os planos também se dividem em estratégicos, táticos e operacionais, como apresenta a Figura 3. Figura 3 – Tipos de planos Estratégicos São etapas de ação pelas quais uma orga- nização tem intençãode alcançar metas estratégicas. Táticos São planos elaborados para ajudar a executar os principais planos estratégicos e, conse- quentemente, realizar uma parte específica da estratégia da em- presa. Operacionais São os planos desen- volvidos nos níveis mais baixos da organi- zação que especificam as etapas de ações para alcançar as metas operacionais e que sustentam as ativida- des do planejamento tático. PLANOS DEFINIÇÃO Fonte: Adaptada de Daft (2005, p. 155-156). Agora que você já sabe no que consiste os planos e as metas, é importante destacarmos que essas metas devem levar em consideração um tempo hábil para sua realização, tendo em vista relações de Planejamento Estratégico 17 dependência. É importante, principalmente, quando falamos de metas e planos operacionais, que se tenha uma programação definindo espaços de tempo precisos de cada meta operacional, necessária para as metas táticas e estratégicas. Assim temos que as metas possuem uma hierarquia, ou seja, o atingimento de metas nos níveis baixos possibilita o atingimento de metas dos níveis mais altos. É como subir uma escada, para atingir a meta de chegar a seu topo, tem-se que atingir a meta de subir em cada degrau. Ainda mais, se você tenta pular um degrau, o que acontece? Você pode sofrer uma queda, pois bem assim é na organização, deve-se respeitar a hierarquia das metas. A Figura 4 ilustra um exemplo de hierarquia de metas em uma organização de manufatura. Planejamento Estratégico 18 Figura 4 – Hierarquia das Metas para uma organização de manufatura Manufaturar produtos de metal padronizados e personalizados para várias aplica- ções na indústria de máquina-ferramenta Presidente 12% de retorno sobre o investimento 5% de crescimento Nenhuma demissão de funcionários Serviço excelente para os clientes Missão Metas Estratégicas Metas Táticas Metas Operacionais Gerente de contas a rece- ber Emitir as notas fiscais cinco dias após a venda Verificar o crédito de novos clientes dentro de um dia útil Não permitir que nenhuma conta vencida ultrapasse cinco meses Ligar para as contas inadim- plentes semanalmente Supervisor – Máquinas Automáticas Produzir 150.000 unidades padronizadas a um custo médio de 16 dólares Tornar o tempo de máquina parada menor do que 7% Responder às queixas dos funcionários em 24 horas Gerente de Vendas – Região 1 Responder aos pedidos dos clientes em duas horas Cumprir a cota de vendas 120.600 unidades Trabalhar com os vendedo- res para: Visitar um novo cliente por dia Ligar para os grandes clien- tes a cada quatro semanas Ligar para os pequenos clientes a cada oito semanas Vice-Presidente Financeiro Manter contas circulantes abaixo de 500.000 dólares Manter os empréstimos abaixo de 1.250.000 dólares Proporcionar declarações mensais do orçamento para os departamentos Ter apenas 2% do total de contas inadimplentes Vice-Presidente de Pro- dução Manufaturar 1.200.000 pro- dutos a um custo médio de 19 dólares Aumentar a produtividade da manufatura em 2% Solucionar as queixas en- tre os funcionários dentro de três dias úteis Vice-Presidente de Mar- keting Vender 1.200.000 unidades a um preço médio de 27 dólares Introduzir uma nova linha de produtos Aumentar as vendas em 5% em novas áreas de mercado Abrir um novo escritório de vendas Atingir participação no mer- cado de 19% Fonte: Adaptada de Daft (2005, p. 157). De fato, se você chegou até aqui nos estudos, acredito que se deu conta que as metas trazem benefícios para as organizações. Contudo, esses benefícios podem estar condicionados às características de diretrizes que foram atribuídas às metas. Portanto, vamos definir Planejamento Estratégico 19 aqui algumas características de estabelecimento eficaz de metas, são elas: específicas e mensuráveis, cobrem as áreas-chave de resultados; desafiadoras, porém realistas e ligadas a recompensas. Assim temos as seguintes orientações segundo Draft (2005): • Metas devem sempre que possível ser expressas em termos quantitativos. • Metas devem ser definidas para áreas-chave da organização. • As metas devem ser desafiadoras, mas não impossíveis de serem alcançadas. • Deve-se recompensar os funcionários e equipes no que tange ao atingimento de metas. RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Aqui você basicamente aprendeu a diferença entre planos e metas organizacionais e a relação entre eles. De modo objetivo, as metas remetem ao futuro, aos fins, enquanto os planos referem-se ao presente e aos meios. Vimos que a definição de metas e planos é uma atribuição do gestor, como uma das atividades do planejamento organizacional. Nesse sentido, a empresa, antes de qualquer plano ou meta, deve ter bem definida a sua missão. Ou seja, a declaração de missão da empresa é a base para a definição de planos e metas organizacionais nos níveis estratégicos, táticos e operacionais. Por último, aprendemos que as metas devem ser estabelecidas de forma eficaz, para isso deve-se considerar que as metas devem ser específicas e mensuráveis, focadas em áreas- chave de resultados da empresa, desafiadoras, realistas e ligadas a recompensas. Planejamento Estratégico 20 Planejamento com Foco em Metas e Objetivos: Administração por Objetivo (APO) OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de aprender como o planejamento e o estabelecimento de metas ajudam a organização a alcançar seus objetivos. Aqui, você vai aprender sobre a administração por objetivo, que consiste em um método no qual gerentes e funcionários definem metas por departamento, projetos ou pessoas com foco na melhoria do desempenho organizacional. Esses conhecimentos irão norteá-lo, quando em sua prática profissional, for necessário estabelecer objetivos e metas organizacionais. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante! Administração por Objetivos: Origens e Características Vamos lá! Aqui vamos começar destacando como surgiu a ideia de administrar a organização por intermédio de objetivos e metas. Segundo Chiavenato (2014), a Administração por Objetivos (APO) surgiu em resposta às exigências ambientais internas e externas sofridas pelas organizações na década de 50. A esse respeito, Chiavenato (2014) assevera: A administração por objetivos (APO) ou administração por resultados constitui o modelo administrativo identificado com o espírito pragmático e democrático da Teoria Neoclássica. Seu aparecimento ocorreu em 1954, quando Peter F. Drucker publicou um livro sobre a Administração por Objetivos, sendo considerado o pai da APO (CHIAVENATO, 2014, p. 228). Diante desse contexto de surgimento, a APO consiste em um processo no qual os gerentes e seus subordinados identificam objetivos comuns, definem as responsabilidades de cada um no que tange a resultados almejados, utilizando os objetivos identificados como guia de atividades. Planejamento Estratégico 21 DEFINIÇÃO: “A APO é um método no qual as metas são definidas, responsabilidades são especificadas e passam a constituir os indicadores ou padrões de desempenho” (CHIAVENATO, 2014, p. 228). A ideia central da APO é que os objetivos definidos em comum acordo entre gerentes e subordinados, bem como as metas, sejam mecanismos de avaliação de desempenho deles próprios ao cumprimento dela, de modo que o resultado obtido por esses é comparado aos resultados esperados pela organização. Dentro dessa concepção, a APO tem a seguinte lógica de desenvolvimento apresentada pela Figura 5. Figura 5 – Lógica de trabalho a APO Objetivos, metas e resultados são negociados entre gerente e subor- dinado. A formulação de objetivos é consensual e participativa. A partir da avaliação conjunta, há uma reciclagem do processo: os objetivos são reavaliados ou re- dimensionados,bem como os meios e recursos necessários. O gerente cobra resultados e ga- rante os meios e recursos (treina- mento, habilidades, equipamen- tos etc.) para que o subordinado possa alcançá-los Periodicamente, gerente e su- bordinado se reúnem para uma avaliação conjunta dos resulta- dos e do alcance dos objetivos. O subordinado passa a trabalhar para desempenhar metas e co- bra os meios e recursos neces- sários para alcançar os objetivos. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014). Planejamento Estratégico 22 Dentro da lógica da APO, há algumas características que precisamos entender. Nesse sentido, o Quadro 2 apresenta objetivamente cada uma dessas características. Quadro 2 – Características da APO CARACTERÍSTICAS O QUE ENVOLVE Estabelecimento conjunto de objetivos Tanto o gerente quanto o seu subordinado participam ativamente do processo de definir e fixar objetivos. Estabelecimento de objetivos para cada departamento ou posição Determinação dos resultados que o gerente e o subordinado deverão alcançar. Os objetivos, metas e planos devem ser quantificados e com prazos definidos. Interligação entre os vários objetivos departamentais Os objetivos dos vários departamentos ou gerentes envolvidos devem ser estreitamente correlacionados. Ênfase na mensuração e no controle de resultados APO enfatiza a quantificação, a mensuração e o controle. Torna-se necessário mensurar os resultados atingidos e compará-los com os resultados planejados. Contínua avaliação, revisão e reciclagem dos planos Avaliação e revisão regular do processo e dos objetivos alcançados, permitindo que providências sejam tomadas e novos objetivos sejam fixados para o período seguinte. Participação atuante das gerências e dos subordinados Há intensa participação do gerente e do subordinado. Apoio intensivo do staff Implantação da APO requer o apoio intenso de um staff treinado e preparado. A abordagem do tipo “Faça-o você mesmo” não é aconselhável em APO. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2005). Planejamento Estratégico 23 VOCÊ SABIA? Staff é um grupo de pessoas que compõe um órgão na organização, é responsável por assessorar os gestores. Conforme o disposto sobre a APO, podemos notar a ênfase na definição e escolha dos objetivos. Para tanto, vamos a seguir aprofundar como na APO esses objetivos são selecionados. Critérios e Hierarquia dos Objetivos Para a organização, a definição de objetivos é importante, entre outros motivos, segundo Chiavenato (2010) porque: 1. Proporcionam uma diretriz ou uma finalidade comum; 2. Propiciam o trabalho em equipe; 3. Servem de mecanismo base de avaliação e planos; 4. Melhoram as possibilidades de previsão do futuro; e 5. Ajudam a orientar e prever a distribuição de recursos escassos. As organizações possuem muitos objetivos, entre os quais, os mais comuns, encontram-se listados na Figura 6. Figura 6 – Exemplos de objetivos organizacionais Posição competitiva no mercado. Inovação e criatividade nos produtos. Produtividade, eficiência e qualidade. Aplicação rentável dos recursos físicos e financeiros. Taxa de dividendos ou índice de retorno do capital investido. (lucro) Qualidade da administração e desenvolvimento dos executivos. Satisfação do cliente. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014, p. 233). Planejamento Estratégico 24 Os objetivos assim como as metas devem seguir alguns critérios de definição. Esses critérios buscam definir objetivos que sejam os mais simples e claros possíveis, assim facilitando a direção de esforços organizacionais para o seu atingimento. Portanto, ao se definir objetivos deve-se: • Relacioná-los às atividades que impactam com maior intensidade os resultados da organização. • Buscar sempre a especificidade, mensuração, ser claro e tomar por base dados concretos. • Ter por foco nas atividades da empresa e não nas pessoas. • Traduzir, ou seja, detalhar objetivos em metas subsidiárias. • Fazer uso de linguagem compreensível. • Desenvolver objetivos dentro dos princípios de administração (planejamento, organização, direção e controle). • Concentrar-se nos alvos vitais do negócio e não se dispersar em atividades secundárias. • Indicar os resultados a atingir, mas não restringir a escolha dos métodos de como atingir. • O objetivo deve requerer esforço para ser atingindo, mas não deve ser impossível de se atingir. • Representar uma tarefa suficiente para todo o exercício fiscal da empresa. • Ligar o objetivo ao plano de lucros da empresa. Como as organizações definem vários objetivos? Como organizá- los? Existe relação de dependência? Se você chegou nesse ponto do nosso estudo já sabe que existe uma relação entre objetivos, metas e planos. Sendo assim, consequentemente, temos que os objetivos na empresa são também organizados hierarquicamente nos níveis estratégico, tático (departamento) e operacional, e o atingimento de um objetivo estratégico é condicionado ao cumprimento de objetivos Planejamento Estratégico 25 operacionais e táticos. A Figura 7 exemplifica a organização e relação de dependência dos objetivos. Figura 7 – Hierarquia dos objetivos Programa de melhoria dos equipamentos Programa de Aplicação Programa de aquisição de novos equipamentos Programa de Captação de recursos Recrutamento e seleção de novos empregos Objetivos organizacionais Objetivos departamentais Objetivos operacionais Retorno sobre o investimento empresarial Aumento do retorno Redução do investimento Aumento do faturamento Redução de custos Utilização eficiente dos atuais recursos Aquisição de recursos adicionais Fonte: Adaptada de Chiavenato (2014, p. 234) IMPORTANTE: Devemos ter em mente a seguinte relação lógica em relação ao planejamento. Deve-se definir primeiramente os objetivos ou metas e, em sequência, os planos. Planejamento Estratégico 26 Agora que já esclarecemos a essência da APO, que é administração por objetivos, a seguir, vamos conhecer alguns modelos norteadores de sua aplicação no contexto empresarial, bem como analisar com uma visão crítica essa metodologia utilizada na gestão de empresas. Modelos de APO e Apreciação Crítica A APO surgiu com modelos bastantes variados de aplicação. Embora todos considerem que ela consiste em um processo cíclico, cada modelo propõe as etapas que a compõem. Aqui vamos compreender dois modelos de APO, o proposto por Humble apud Chiavenato (2010) e outro por Odiorne apud Chiavenato (2010). O modelo proposto por Humble é um modelo sintético, conforme destaca Chiavenato (2010), esse modelo concebe a APO como: Um sistema dinâmico que procura integrar as necessidades da companhia em definir seus alvos de lucro e crescimento com a necessidade de o gerente contribuir e desenvolver- se. É um estilo de gerência exigente e recompensador (CHIAVENATO, 2010, p. 242). Em suma, o modelo de Humble estabelece que o processo de APO consiste em cinco etapas, conforme apresenta a Figura 8. Figura 8 – Ciclo da APO segundo Humble Planos estratégicos da empresa Avaliação e controle dos resultados Planos táticos da empresa Planos de cada departamento da empresa Resultado de cada departamento Fonte: Chiavenato (2014, p. 242). Planejamento Estratégico 27 Já Odiorne detalha mais o processo da APO e apresenta essa como o resultado de sete etapas ou atividades, como se pode observar na Figura 9. Figura 9 – Ciclo da APO segundo Odiorne Fonte: Chiavenato (2014, p. 243). É importante destacarmos, e temos claro em nossa mente, que independente de qual modelo a APO seja embasada, ele sempre deve contemplar as seguintes atividades ou etapas: estabelecimento de objetivos ou metas; desenvolvimento de plano de ação; revisão do progresso; e avaliação de desempenho. A APO conforme descrevemos aqui apresenta uma série de benefícios para organização, contudo também há uma série de problemas quepodemos identificar na sua operacionalização. Vamos analisar criticamente essa metodologia. Positivamente, a APO se destaca como uma metodologia que tem por benefícios: direcionar o foco dos gerentes e funcionários nas Planejamento Estratégico 28 atividades que conduzem ao alcance de objetivos/meta; metas/objetivos de desempenho abrangem todos os níveis da empresa, gerando um sentimento de que a empresa pode melhorar seu desempenho em todos os níveis organizacionais; os funcionários passam a se sentir motivados; e alinhamento estratégico entre objetivos/metas estabelecidas. Em contrapartida, a APO pode ser um processo de difícil aplicação ou gestão quando consideramos que as empresas estão em um ambiente organizacional de constante mudanças. Nesse sentido, a constante necessidade de adaptação das empresas a influências ambientais pode dificultar que o processo de APO se estabeleça nas organizações, haja vista que essas influências vão gerar necessidade constante de mudança e revisão de metas e objetivos estabelecidos. Sendo assim, vamos estudar o estabelecimento de planos ante a objetivos e metas definidos no processo de APO e no contexto contingencial das empresas, vamos conhecer então os planos contínuos e os planos de contingência. RESUMINDO: E agora, você está pronto para estabelecer objetivos e metas atuando no seu campo profissional? Para tanto, vamos revisar o que aprendemos. Aqui, vimos que a APO estabelece uma relação entre estabelecimento de objetivos/metas e desenvolvimento organizacional. Entendemos também que cada autor estabelece uma forma cíclica de aplicação prática da APO. Assim, atuando nas empresas, estabelecendo objetivos e metas dentro da perspectiva da APO, podemos criar o nosso próprio ciclo, contudo deve-se considerar as seguintes etapas básicas de desenvolvimento da APO: estabelecimento de objetivos e metas; desenvolvimento de planos de ação; revisão do progresso; e avaliação do desempenho geral. A respeito do estabelecimento de objetivos, vimos que é preciso tomar cuidados, buscando sempre definir objetivos que considerem áreas relevantes de desempenho das empresas, que sejam desafiadores, mas alcançáveis, sejam simples de entendimento, entre outras caraterísticas que os objetivos organizacionais devem ter. Planejamento Estratégico 29 Estabelecimento de Planos Ante a Objetivos e Metas OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de diferenciar os tipos de planos, estendendo esse entendimento para o planejamento e contingência e descentralizado. Saber diferenciar os tipos de plano e entender o planejamento em cenários diferentes irá ajudar você, na prática de sua profissão, a estabelecer planos mais condizentes com a realidade do ambiente da empresa em que esses fazem parte. E então? Pronto para desenvolver esta habilidade? Então, vamos lá. Avante!. Tipos de Planos Olá! Lembra que aprendemos que uma das etapas da APO é o desenvolvimento de planos? Pois bem, aqui vamos tratar dos aspectos importantes relacionados ao estabelecimento de planos, tanto no contexto da APO como em um contexto contingencial. Inicialmente, vamos entender no contexto da APO como os planos devem ser desenvolvidos. Os planos dentro da perspectiva da APO são os mecanismos de operacionalização da estratégia empresarial resultante de um planejamento estratégico. Nesse sentido, assim como os objetivos e metas, são estabelecidos nos três níveis: estratégico, tático e operacional. De modo que temos a seguinte situação: o planejamento estratégico deve ser desmembrado em planos táticos referentes às principais áreas de atuação dos departamentos da empresa. Esses planos precisam ser coordenados e interligados. Seguindo a hierarquia dos objetivos e metas, os planos táticos por sua vez são desmembrados em planos operacionais específicos. Essa lógica pode ser observada na Figura 10, que apresenta um esquema típico de planos táticos e operacionais. Planejamento Estratégico 30 Figura 10 – Esquema típico de planos táticos e operacionais P la n e ja m e n to e st ra té g ic o Planos táticos: Planos operacionais: A lcan ce d e o b je tivo s d e p artam e n tais Plano de reduções Plano de integrações Plano de di- versificações Plano de pesquisa e desenvolvi- mento Plano de fusões e aqui- sições Plano de recursos humanos Plano de materiais Plano de facilidades Plano de fluxos de fundos Plano de mar- keting Plano de fabricação Planos de lucros a curto prazo Planejamento de novos processos Planejamento e desenvolvimento Produto/Mercado Planejamento e Desenvolvimento de recursos Planejamento de operações Fonte: Chiavenato (2014, p. 241). Planejamento Estratégico 31 Embora no contexto da APO, os planos serem classificados em estratégicos, táticos e operacionais, os planos podem também ser classificados conforme a sua utilização em: de uso único, contínuos e de contingência. Os planos de uso único, como sugere a classificação, são desenvolvidos para o atingimento de um conjunto de metas específicas, que não serão possíveis repetição futura. Já os planos contínuos são ao contrário, são desenvolvidos para proporcionar diretrizes para tarefas repetidas dentro da organização. No que tange aos planos de contingência, esses remetem a situações específicas. DEFINIÇÃO: Planos de contingência são os planos que se constituem como resposta a situações não comuns. São exemplos desses planos: os emergenciais, os frutos de contratempos e as condições inesperadas. Os planos de contingência são elaborados para cenários, esses planos remetem ao que chamamos de planejamento da administração em crise. São os planos adequados quando a organização atua em um ambiente organizacional incerto, e lidam com horizontes de tempo a longo prazo. Planejamento de Contingência: Administrando a Crise NOTA: Planejamento da administração em crise refere-se às organizações em momentos de crise na empresa, sendo necessário estabelecerem metas e planos nessas condições. Quando as empresas enfrentam situações de crise (financeira, mercadológica etc.) estabelecer planos não é uma tarefa simples, para Planejamento Estratégico 32 tanto consideremos três estágios essenciais para administrar a crise dentro da perspectiva da definição de planos e metas. A Figura 11 apresenta esses estágios de forma breve, pontuando suas respectivas etapas. Figura 11 – Três estágios da administração de crise Prevenção - Desenvolvimento de relacionamentos. -Detecção de sinais do ambiente. Preparação -Designação da equipe de administração de crise e porta-voz. - Criação de planos detalhados de contigência. - Montagem do sistema eficaz de comunicação Refreamento - Resposta rápida, ativa o plano de administração de crise. Estágios Etapas Fonte: Adaptada de Daft (2010, p. 194) A fase de prevenção remete a tomar iniciativas para antever a crise da organização ou tentar evitá-la. A crise nessa perspectiva pode ser evitada ou prevista a partir da manutenção de bons relacionamentos com clientes, fornecedores, Governo, comunidade e demais partes interessadas. Do mesmo modo, o monitoramento do ambiente organizacional permite identificar indicativos de crise, assim a organização pode se precaver ou agir para evitar que ela ocorra. Na etapa de preparação, é importante selecionar uma equipe multifuncional para entrar em ação no momento de crise, mas o que vamos destacar é os planos de contingência. Nessa etapa, é delineado um Plano de Administração da Crise (PAC). Esse plano é composto por um detalhamento escrito das medidas a serem tomadas e por quem, caso a crise venha a ocorrer. A Figura 12 apresenta objetivamente o que deve conter em um (PAC). Planejamento Estratégico 33 VOCÊ SABIA? A maior parte do PAC é um plano de comunicação que define um dado centro de controle da crise e monta um sistema de comunicação completoentre as partes interessadas da organização. Figura 12 – Elementos do PAC PAC Métodos de comunicação alternativos. Procedimentos de recuperação de informações. Informações com- pletas de contato para partes inte- ressadas. Diretrizes para lidar com a impressa. Planos de garan- tia a segurança dos funcionários e clientes. Planos para operações em sites alterna- tivos. Designação de centros de comando. Fonte: Adaptada de Daft (2010). NOTA: Centros de comando são uma forma de reunir a agrupar informações. Eles servem como um local para encontro da equipe da administração da crise se reunir, agrupar, monitorar e disseminar informações ao público de interesse. Planejamento Estratégico 34 Vejamos um exemplo de aplicação do PAC e da etapa de preparação da administração da crise. Em 2020, uma pandemia se alastra e chega até o Brasil. Ela é causada pelo Corona vírus, um vírus de alto contágio. Pare e pense um pouco: como as empresas poderiam evitar uma crise em suas atividades oriundas dos procedimentos preventivos de contágio, se o procedimento recomendado é que as pessoas evitem sair de suas casas e que os estabelecimentos comerciais deixem de funcionar para evitar aglomerações de pessoas? Bem, tomando como base a fase de prevenção da administração da crise, as empresas deveriam estar monitorando seu ambiente, prevendo quando essa pandemia poderia afetar o Brasil e ir se preparando, construindo relacionamento com seus clientes, de modo que, em caso de crise, os produtos passem a ser comercializados sem a necessidade dos clientes irem às lojas. No caso do PAC, as empresas deveriam planejar formas de atendimento alternativas, bem como formas de comunicação entre clientes, funcionários e fornecedores que não requerem contato social, por exemplo. Esse planejamento, portanto, seria composto por planos contingenciais, como resposta a uma emergência. Compreendeu a importância dos planos contingenciais, PAC e etapa de preparação? Por último, temos a etapa de refreamento. Como dito no parágrafo anterior, algumas crises são inevitáveis, embora a empresa tenha se preparado. Nesse sentido, quando a crise chega, a resposta tem que ser rápida para evitar prejuízos irreparáveis no desempenho da organização. Sendo assim, a equipe deve estar preparada para colocar em prática o plano de administração da crise. Nesse sentido, temos que o treinamento para a prática dos planos contingenciais é de suma importância. Mas o que devemos ter em mente no que tange a relação de estabelecimentos de planos e a administração da crise? Devemos entender que esses planos são embasados no fortalecimento das relações com os stakeholders. Portanto, planos de contingência devem ser delineados considerando os papéis de cada grupo de interesse da organização no momento que haja necessidade de implementação. Mas você sabe quem são os principais grupos de interesses que a organização deve considerar nesse caso? A Figura 13 elenca esses stakeholderes. Planejamento Estratégico 35 ACESSE: Saiba mais sobre os stakeholderes das empresas, sua importância e influência na gestão das organizações clicando aqui. Figura 13 – Stakeholders organizacionais Clientes Concorren- tes Mídia Emprega- dos Acionistas Sindicatos Órgãos do governo Bancos e segurado- ras Fornece- dores Asso- ciações de Comércio e Indústria Grupos de ação política e social Stakeholders Fonte: Adaptada de Daft (2010). Planejamento no Novo Contexto de Trabalho Estudamos até aqui como os planos são delineados nas organizações num contexto da administração por objetivos e em cenário de crise. Em ambos os casos, o que temos até então é uma visão mais atual do planejamento, no qual objetivos, metas e planos são estabelecidos pelos gestores nos diversos níveis organizacionais. Contudo, uma visão tradicional do planejamento defendia a separação entre planejadores e Planejamento Estratégico https://rockcontent.com/blog/stakeholder 36 gestores. Atualmente, a centralização do planejamento, assim podemos considerar, já não é aplicada como nas abordagens tradicionais, nos quais se tinha um departamento de planejamento central. DEFINIÇÃO: Departamento de planejamento central, na visão tradicional de planejamento, é o órgão da empresa que tem por atribuição delinear todo o planejamento organizacional. Esse é composto por pessoas especializadas em planejamento, que tem a função de desenvolver planos para a organização como um todo. Hoje, as empresas flexibilizaram a perspectiva tradicional de centralização do planejamento, passando a adotar uma postura de descentralização. Assim o que temos hoje é o planejamento descentralizado. DEFINIÇÃO: Planejamento descentralizado é a forma de planejamento no qual os gerentes especialistas são substituídos pelos gerentes das áreas funcionais das empresas, os quais assumem a função de peritos e desenvolvem seus próprios planos e metas. Na abordagem do novo local de trabalho para o planejamento, tem-se a ideia de que o planejamento está em qualquer lugar da empresa e aproxima os funcionários nessa função, envolvendo-os no estabelecimento de metas e planos. São diretrizes que a empresa busca adotar nessa visão:: o estabelecimento de uma missão forte; metas estendidas, criação de uma cultura que encoraje o aprendizado, a elaboração de novos papéis para a equipe de planejamento, uso de forças tarefas temporárias e a disseminação da ideia, que embora seja Planejamento Estratégico 37 descentralizado, o estabelecimento de planos e metas devem considerar as diretrizes traçadas a nível estratégico, ou seja, no topo da empresa. RESUMINDO: Gostou de entender mais a elaboração de planos organizacionais? Já é capaz de diferenciar os diferentes tipos de planos que são estabelecidos nas empresas? Para garantir uma resposta positiva a essas questões, vamos reforçar o que aprendemos nesta competência. Aqui, você aprendeu que os planos, assim como os objetivos e metas, podem ser estratégicos, táticos e operacionais. Contudo, essa não é a única forma de classificarmos os planos organizacionais, esses também podem ser classificados de acordo com a sua forma de uso. Nesse sentido, os planos podem ser de uso único, contínuos ou contingenciais. Destacamos, então, a importância dos planos contingenciais quando as empresas se encontram em um cenário de crise, e aprendemos que, nesse contexto, as empresas devem administrar a crise considerando três estágios: prevenção, preparação e refreamento. Por fim, concluímos que hoje nas empresas o delineamento de planos é descentralizado. Planejamento Estratégico 38 A Implantação da Estratégia OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de descrever como as estratégias são implementadas nas organizações a partir de cronogramas de planos e ações. Saber descrever como as estratégias são implementadas nas empresas irá ajudar você em sua prática profissional direcionar e controlar um processo de implementação e estratégia. E então? Pronto para desenvolver esta habilidade? Então, vamos lá! Avante!. Implementação das Estratégias: Os Passos Estudos anteriores nos deram a compreensão de que o planejamento estratégico com foco na competitividade das organizações, em suma, segue a lógica de desenvolvimento de atividades alocadas em fases ou etapas como mostra a Figura 14. Planejamento Estratégico 39 Figura 14 – Passos do processo de (re)formulação da estratégia competitiva Passo 1 Definir a empresa almejada 1. Delinear o negócio 2. Fixar os objetivos perma- nentes Passo 9 Controlar os resultados da estratégia adotada 1. Monitorar e avaliar as respostas dos clientes à nova estratégia 2. Monitorar e avaliar as reações dos concorrentes 3. Alterar a estratégia competitiva de negócio e a operacional confor- me as respostas dos clientes e as reações dos concorrentes 4. Retomar o processo sempre que houver um movimentocompetitivo ou uma alteração no ambiente empresarial Passo 2 Estruturar o sistema de inteligência competitiva da empresa Passo 3 Entender o negócio 1. Entender o macroambiente empresarial 2. Entender a estrutura da indústria e identificar os dispu- tantes do sucesso 3. Entender os clientes e os fornecedores 4. Identificar os concorrentes atuais e tentar descobrir de onde surgirão e quem serão os novos concorrentes 5. Entender os concorrentes atuais Passo 4 Identificar e avaliar as oportuni- dades, ameaças e riscos 1. Identificar oportunidades, ameaças e riscos 2. Analisar a viabilidade de aproveitamento de uma opor- tunidade Passo 6 Decidir a estratégia competitiva de negócio Passo 7 Definir a estratégia competitiva operacional Passo 8 Implementar a estratégia compe- titiva Passo 5 Formular alternativas de estraté- gia competitiva de negócio 1. Identificar o posicionamento competitivo da empresa e dos concorrentes 2. Sugerir alternativas de estraté- gia competitiva de negócio Fonte: Contador (2008, p. 344). Planejamento Estratégico 40 Na Figura 14, a definição de metas, objetivos e planos permeia os passos 5, 6 e 7. Agora que você já sabe como metas, objetivos e planos são delineados, fazem parte do planejamento da empresa e são elementos da estratégia competitiva, vamos aprender agora como essa estratégia pode ser implementada de forma sistemática. Isso porque devemos ter em mente que formular apropriadamente estratégias não dá a garantia de que serão bem implementadas. Nesse sentido, os administradores devem buscar assegurar que sejam implementadas de forma eficaz e eficiente. Então, vamos lá. Sistematicamente podemos conceber os seguintes passos para elaboração de estratégias: 1. definir tarefas estratégicas; 2. avaliar capacidades da organização; 3. desenvolver uma agenda para a implementação; 4. plano de implementação. A Figura 15 faz uma representação visual desses passos, para fins didáticos de fixação. Figura 15 – Passos da implementação de estratégias Definição tarefas estratégi- cas. Avaliação capacidades da organização. Desenvolvimento de uma agenda para a implementação. Plano de implementação. Fonte: Adaptada de Bateman e Snell (2006). Planejamento Estratégico 41 VOCÊ SABIA? Para a implementação de estratégias e planos organizacionais os gestores e funcionários da organização devem compreender o plano ou a estratégia a ser implementada, possuir recursos necessários para esse fim e estarem motivados. Esses fatores colaboram substancialmente para uma implementação adequada. Lembre-se sempre: planos e estratégias excelentes podem ser inúteis se não forem implementados com a devida atenção e empenho. Vejamos, então, o que é importante considerar em cada um desses passos da implementação de estratégias dos planos organizacionais. No primeiro passo, deve-se definir tarefas estratégicas, ou seja, aquelas que irão sustentar uma vantagem competitiva. A descrição dessas tarefas deve ser em uma linguagem de fácil entendimento a fim de mostrar objetivamente aos funcionários como eles colaboram com a organização, bem como, direcionar relações entre as diversas partes da organização. No passo 2, tem-se que, antes de avaliar uma estratégia, é primordial certificar-se se a organização tem capacidade de desempenhar as atividades estratégicas. Nessa fase, recomenda-se a realização de um diagnóstico da empresa por meio de informações obtidas com funcionários e gerentes, por intermédio de entrevistas focadas em questões específicas que podem facilitar ou dificultar a implementação de forma eficaz. Os resultados dessa etapa devem ser analisados pela gerência de alto nível da organização. Podemos dizer que os passos 3 e 4 referem-se à prática da implementação. Os passos 1 e 2, na verdade, são passos que preparam o terreno. Concorda? No passo 3, é desenvolvido uma agenda para implementação, ou seja, são definidos padrões, habilidades, papéis, estruturas, medidas, informações e recompensas que irão ser aplicadas na implementação da estratégia. Já no passo 4, os gerentes e funcionários desenvolvem as atribuições da estratégia ou plano implementado e monitoram os progressos obtidos. Planejamento Estratégico 42 Uma vez esquematizado o processo de implementação de estratégias, devemos considerar que, como todo processo, pode sofrer interferências constituindo barreiras na implementação. O Quadro 3 apresenta e descreve algumas dessas barreiras. Quadro 3 – Barreiras na implementação de planos e estratégias Barreiras Ações para superá-las Estilo de gerência sênior de cima para baixo ou de não intervenção Com a equipe do topo e os níveis mais baixos, o presidente/gerente geral cria uma parceria construída em torno de um rumo convincente para o negócio, da criação de um contexto organizacional apto e da delegação de autoridade a indivíduos e equipes altamente responsáveis. Estratégia obscura e prioridades conflitantes A equipe do topo, como um grupo, desenvolve uma declaração de estratégia e define prioridades que os membros estejam dispostos a apoiar. Equipe gerencial ineficaz A equipe do topo, como um grupo, se envolve em todos os passos do processo de mudança para que a sua eficácia seja testada e desenvolvida. Comunicação vertical deficiente Um diálogo honesto, com base em fatos, é estabelecido com os níveis mais baixos sobre a nova estratégia e sobre as barreiras para implementá-la. Coordenação deficiente entre funções, empresas e fronteiras Define-se um conjunto de iniciativas de toda a empresa e novos papéis e responsabilidades que exigem “que as pessoas certas trabalhem juntas nas coisas certas da maneira certa” para que se implemente a estratégia. Inadequação dos gerentes inferiores em nível de habilidades e desenvolvimento Gerentes de níveis inferiores desenvolvem suas habilidades por meio de oportunidades recém-criadas para gerar mudanças e iniciativas- chave para os negócios. Essas habilidades são sustentadas com orientação imediata no local de trabalho, treinamento e recrutamento específico. Aqueles que ainda assim não forem capazes de se nivelar deverão ser substituídos. Fonte: Adaptado de Bateman e Snell (2006, p. 137). Na implementação de estratégias e planos, as empresas podem fazer uso de metodologias que direcionam a construção de um plano de Planejamento Estratégico 43 ação e o cronograma de atividades. Um plano de ação, assim como o cronograma, facilita o processo de implementação da estratégia no que tange ao desenvolvimento do passo 3. Para tanto, vamos aprofundar um pouco nosso conhecimento nesse aspecto no tópico seguinte. Construindo o Plano de Ação e Cronograma de Atividades Uma vez estabelecidos os planos de estratégias, os planos de ações ou execução podem ser realizados. O objetivo desse plano de ação é proporcionar ao executor da estratégia a reflexão de atividades necessárias e a descrição de uma forma racional, que permita o acompanhamento do andamento da implementação da estratégia em questão. Para elaboração de um plano de ação, vamos tomar por base inicialmente a metodologia do PDCA e a ferramenta 5W2H. DEFINIÇÃO: O ciclo do PDCA é uma metodologia de gestão e melhoria de processos que auxilia na tomada de decisões e alcance de metas. Ela tem por base quatro princípios: planejar, fazer, checar e agir. A aplicação do PDCA é a parte inicial do desenvolvimento de um plano de ação estratégico. Ele irá decompor as metas definidas em ações, visto que as atividades de implementação de uma estratégia, ou plano, devem ser como uma agenda, conforme vimos no passo 3 da implementação da estratégia. A Figura 16 apresenta visualmente a decomposição de metas em ações. Planejamento Estratégico 44 DEFINIÇÃO: 5W2H é uma ferramenta que define atividades que, de forma específica, remetem ao projeto, auxiliando de forma clara na eficiência de execução. Figura16 – Aplicação do plano de execução na decomposição da estratégia como solução de um problema Propósito Valor Prazo Meta 1 Ação 1 Ação y Ação n Desdobrável: Define a Meta do próximo nível hierárquico. Não Desdobrável: Será executada neste nível hierárquico. Desdobramento Plano de Execu- ção Atividade 1. Atividade n Ação x Diretriz 1 Fonte: Adaptada de ABRAPP (2007, p. 28). Após a aplicação do PDC e a vinculação de metas, ações e planos ou estratégias, podemos construir um plano de ação a partir da ferramenta 5W2H. Planejamento Estratégico 45 TESTANDO: Chegou o momento de testar sua compreensão a respeito da definição de objetivos, metas e planos. Corre lá no banco de questões! RESUMINDO: Chegamos ao fim dessa unidade, e nesse finalzinho você aprendeu como as estratégias ou planos devem ser implementados no âmbito das organizações. Aqui, você compreendeu que implementar estratégias requer o desenvolvimento de quatro passos básicos: definição de tarefas estratégicas, avaliação de capacidades da organização, desenvolvimento de uma agenda para implementação e execução de um plano de implementação. Destacamos aqui que uma agenda de implementação pode ser desenvolvida como um plano de ação estratégico. Esse plano pode-se embasar na metodologia do PDCA e na ferramenta 5W2H para sua execução. Planejamento Estratégico 46 REFERÊNCIAS ABRAPP. Planejamento estratégico. São Paulo: SINDAPP, 2007. BATEMAN, T. S.; SNELL, S. A. Administração: novo cenário competitivo. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CHIAVENATO, I. Introdução a Teoria Geral da Administração. 9. ed. São Paulo: Manole, 2014. DAFT, R. L. Administração. 6. ed. São Paulo: Thompson, 2005. ROCKCONTENT. Stakeholders: o que são, quais os tipos e como gerenciá-los. Rock Content, 2018. Disponível em: https://rockcontent. com/blog/stakeholder. Acesso em: 22 mar. de 2020. SOBRAL, F., PERCI, A. Administração teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson, 2010. Planejamento Estratégico Planejamento Organizacional e Estratégia: Metas e Planos Visão Geral de Metas e Planos: O Que São? Propósito das Metas Metas Organizacionais Planejamento com Foco em Metas e Objetivos: Administração por Objetivo (APO) Administração por Objetivos: Origens e Características Critérios e Hierarquia dos Objetivos Modelos de APO e Apreciação Crítica Estabelecimento de Planos Ante a Objetivos e Metas Tipos de Planos Planejamento de Contingência: Administrando a Crise Planejamento no Novo Contexto de Trabalho A Implantação da Estratégia Implementação das Estratégias: Os Passos Construindo o Plano de Ação e Cronograma de Atividades
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