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2MÓDULO R EC U R SO S H U M AN OS Mat_Didatico Modulo RH CP e Cont_CP A4.indd 2 01/04/2013 10:51:19 Grau T Mat�Didatico Folha de Rosto A4.indd 1 27/12/2012 16�03�53 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Recursos Humanos Módulo II INTRODUÇÃO O avanço tecnológico é inevitável. No mundo todo, ele vem quebrando fronteiras econômicas, sociais e culturais. E traz com ele toda uma facilidade no acesso à informação, à liberdade de expressão e à inclusão social. Ao mesmo tempo, também estamos lidando com uma certa desintegração dos valores humanos, com o consumo desenfreado, a marginalização social e a agressão ao meio ambiente. É necessário despertar o ser humano para a importância do conhecimento técnico e suas consequências. Também é preciso conscientizá-lo para a solidariedade, o respeito próprio e ao outro e o trabalho em equipe. A atuação do Grau Técnico, portanto, é abrir caminho para oportunidades que beneficiem tanto o indivíduo, quanto o coletivo. É orientar para a realização profissional e da inserção social, através de uma educação estimuladora e operadora de inovações na sociedade. OBJETIVO DO CURSO O Curso de Técnico em Recursos Humanos do Centro de Ensino Grau Técnico propõe-se a desenvolver uma formação profissional por competências, habilidades e atitudes, de modo que o aluno seja capaz de enfrentar e responder a situações-problema de forma criativa e inovadora, com autonomia, efetividade e ética, levando-o a exercer as atividades que concorrem para a boa gestão com eficiência e eficácia, a fim de que se atinjam as metas e resultados colimados. Criar as condições necessárias para a formação de profissionais capazes de desenvolver suas aptidões técnicas, humanísticas, éticas e sociais no mundo do trabalho. Desenvolver, junto com os alunos, o conhecimento voltado para a área de atuação junto aos micro, pequeno e médio empresários, contribuindo funcionalmente para a mudança e crescimento das empresas e gerando resultados que promovam o crescimento socioeconômico do estado e da região. Formar profissionais capacitados a atuarem em diversas áreas funcionais como recursos humanos, finanças, apoio logístico, marketing e demais setores administrativos das organizações. Propiciar ao estudante o conhecimento e a vivência de gestão em entes privados, públicos, do terceiro setor (ONGs), qualificando-o para fazer frente à crescente demanda e exigências do mercado, através de ações de planejamento e controle junto aos técnicos, gerentes e outros executivos das empresas, respeitando a cultura e os objetivos organizacionais. Preparar o futuro profissional para o exercício de sua capacidade de análise técnica, de postura ética, de tomada de decisões, de visão sistêmica, de trabalho em equipe e de atitudes proativas. APROVEITE BEM O CURSO E TRANSFORME O CONHECIMENTO ADQUIRIDO NAS AULAS EM OPORTUNIDADE DE TRABALHO! Atenciosamente, Diretor Geral Recursos Humanos Módulo II Técnico em Recursos Humanos - Módulo II Nesse segundo módulo do curso iremos desenvolver as seguintes competências e habilidades: Competências Para atender às demandas do processo produtivo, o Técnico em Recursos Humanos deverá constituir, além das competências já desenvolvidas nas qualificações técnicas que integram o itinerário formativo desta habilitação, as seguintes competências e habilidades profissionais: – Executar as rotinas de administração empresarial e de pessoal, com base na legislação pertinente, e as técnicas de gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional para contribuir com o bom desempenho da área de recursos humanos da empresa; – Acompanhar assuntos econômicos, políticos, sociais e culturais e seus reflexos no mundo corporativo, compreendendo a sua importância num mercado altamente competitivo e em constante mudança, para prestar auxilio a gestores na tomada de decisão e oferecer orientação adequada aos colaboradores da organização na implantação de novas políticas; – Reconhecer a necessidade de melhoria contínua, da gestão de conhecimento e do capital intelectual, utilizando as ferramentas pertinentes e necessárias para o sucesso de qualquer empresa; – Desenvolver visão holística e sistêmica da área através das práticas disponíveis para auxiliar na gestão do negócio, participando das tomadas de decisões; –Lidar com pessoas compreendendo e respeitando as diversidades, reconhecendo e identificando seus talentos e potenciais para garantir o desenvolvimento organizacional; – Implementar os procedimentos de administração e desenvolvimento de pessoal com base na legislação específica, princípios de liderança, técnicas de negociação de conflitos e de motivação, com o objetivo de consolidar a cultura empresarial e melhorar o clima organizacional; – Executar os procedimentos de administração de pessoal com base na legislação trabalhista e previdenciária, visando cumprir as necessidades operacionais e as obrigações da organização; – Pesquisar e interpretar a legislação trabalhista e previdenciária e controlar os procedimentos de administração de pessoal, visando a orientar e a dirimir dúvidas de assuntos pertinentes à área, assim como representar a empresa junto aos órgãos oficiais; – Utilizar ferramentas da área de recursos humanos como instrumento para obtenção de dados e respectiva análise para auxiliar a gestão de pessoas, visando ao equilíbrio e ao desenvolvimento organizacionais; – Identificar os processos de gestão e controle de pessoal; – Conhecer os procedimentos para admissão e desligamento de pessoal,nas suas diversas modalidades; – Dominar tecnicamente as atividades da área de recursos humanos, no que diz respeito a recrutamento, a processos de seleção, de integração, de desenvolvimento profissional, de capacitação, de avaliação funcional, a plano de carreira, cargos e salários; – Identificar, com fundamentos da Psicologia, as dificuldades de relacionamento interpessoal e buscar a adequação atitudinal no ambiente de trabalho, distensionando o dia-a-dia nas organizações; – Conhecer os sistemas de gestão da qualidade e suas ferramentas gerenciais; – Planejar e elaborar programas que atendam ao desenvolvimento sustentável e direcionem a responsabilidade social da empresa para ações efetivas na comunidade em que atua; – Analisar relatórios estatísticos, produzindo representações e projeções gráficas e tabulares; – Desenvolver conhecimentos sobre a área de informática, utilizando-os como ferramentas imprescindíveis nas suas rotinas de trabalho; – Redigir com correção e objetividade os textos de comunicação interna e externa dos diversos setores da empresa; Recursos Humanos Módulo II Habilidades O Técnico em Recursos Humanos é o profissional que auxilia as lideranças da empresa na gestão de pessoas através da aplicação das ferramentas disponíveis e na organização do trabalho. Executa e coordena as rotinas de administração de pessoal com base na legislação trabalhista e previdenciária, podendo atuar em organizações públicas, privadas e do terceiro setor ou em seu próprio negócio, em qualquer ramo de atividade. Para tanto, no decorrer do curso deve mobilizar e articular com pertinência os saberes necessários à ação eficiente e eficaz, integrando suporte científico, tecnológico e valorativo que lhe permita: – Buscar atualização constante e autodesenvolvimento, por meio de estudos e pesquisas, para propor inovações, identificar e incorporar, criticamente, novos métodos, técnicas e tecnologias às suas ações e responder às situações cotidianas e imprevisíveis com flexibilidade e criatividade; – Assumir postura profissional condizente com os princípios que regem as ações da administração de recursos humanos, atuando em equipes multidisciplinares e relacionando-se adequadamente com os outros profissionais envolvidos no processo de trabalho, bem como com os clientes e fornecedores, contribuindo de forma efetiva para atingir os objetivos do empreendimento; – Gerenciar seu percurso profissional, com iniciativa e de forma empreendedora, visualizando as oportunidades de trabalho nos diversos setorese possibilidades para projetar seu itinerário formativo, seja prestando serviços nas organizações ou na condução do seu próprio negócio; – Atuar com responsabilidade, comprometendo-se com os princípios da ética, da sustentabilidade ambiental, da preservação da saúde e do desenvolvimento social, orientando suas atividades por valores expressos no ethos profissional, resultante da qualidade e do gosto pelo trabalho bem feito. Para atender às demandas do processo produtivo, o Técnico em Recursos Humanos deverá constituir, além das competências já desenvolvidas nas qualificações técnicas que integram o itinerário formativo desta habilitação, as seguintes competências profissionais: – Executar as rotinas de administração empresarial e de pessoal, com base na legislação pertinente, e as técnicas de gestão de pessoas e desenvolvimento organizacional para contribuir com o bom desempenho da área de recursos humanos da empresa; – Acompanhar assuntos econômicos, políticos, sociais e culturais e seus reflexos no mundo corporativo, compreendendo a sua importância num mercado altamente competitivo e em constante mudança, para prestar auxilio a gestores na tomada de decisão e oferecer orientação adequada aos colaboradores da organização na implantação de novas políticas; – Reconhecer a necessidade de melhoria contínua, da gestão de conhecimento e do capital intelectual, utilizando as ferramentas pertinentes e necessárias para o sucesso de qualquer empresa; – Desenvolver visão holística e sistêmica da área através das práticas disponíveis para auxiliar na gestão do negócio, participando das tomadas de decisões; –Lidar com pessoas compreendendo e respeitando as diversidades, reconhecendo e identificando seus talentos e potenciais para garantir o desenvolvimento organizacional; – Implementar os procedimentos de administração e desenvolvimento de pessoal com base na legislação específica, princípios de liderança, técnicas de negociação de conflitos e de motivação, com o objetivo de consolidar a cultura empresarial e melhorar o clima organizacional; – Executar os procedimentos de administração de pessoal com base na legislação trabalhista e previdenciária, visando cumprir as necessidades operacionais e as obrigações da organização; – Pesquisar e interpretar a legislação trabalhista e previdenciária e controlar os procedimentos de administração de pessoal, visando a orientar e a dirimir dúvidas de assuntos pertinentes à área, assim como representar a empresa junto aos órgãos oficiais; – Utilizar ferramentas da área de recursos humanos como instrumento para obtenção de dados e respectiva análise para auxiliar a gestão de pessoas, visando ao equilíbrio e ao desenvolvimento organizacionais. Bom estudo! FICHA TÉCNICA: Preparação de Conteúdo: Professor Adelmo Dias Formatação: Carlos Gomes Revisão Ortográfica e Gramatical: Professor José Ricardo Diniz Capas: Aporte Comunicação Editoração e Revisão Técnica/Final: Carlos Gomes Impressão e Diagramação: H Melo Gráfica Avenida Conde da Boa Vista, 1209 Soledade – Recife/PE – Brasil CEP: 50.060-003 Telefone: (81) 3037-3939 www.grautecnico.com.br Esse material é exclusivo para uso do aluno Grau Técnico. Para dúvidas ou sugestões, envie-nos um e-mail: contato@grautecnico.com.br Recursos Humanos Módulo II ÍNDICE 1. PSICOLOGIA APLICADA AO RH .......................................................................................................... 6 Exercícios ............................................................................................................................................... 38 2. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA .............................................................................. 40 Exercícios ............................................................................................................................................... 73 3. GESTÃO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO ....................................................................................... 75 Exercícios ............................................................................................................................................. 105 4. GESTÃO DE DESEMPENHO E AVALIAÇÃO ..................................................................................... 108 Exercícios ............................................................................................................................................. 154 5. GESTÃO DE CARGOS, SALÁRIOS E BENEFÍCIOS ............................................................................. 156 Exercícios ............................................................................................................................................. 185 6. GESTÃO DE PLANOS DE CARREIRA................................................................................................ 187 Exercícios ............................................................................................................................................. 209 7. ROTINAS DE PESSOAL E CÁLCULOS TRABALHISTAS ...................................................................... 211 Exercícios ............................................................................................................................................. 248 PSICOLOGIA APLICADA AO RH Recursos Humanos 6 Módulo II 1. PSICOLOGIA: EVOLUÇÃO E PRINCIPAIS TEORIAS PSICOLÓGICAS. PSIQUE - Alma, Vida. PSICO - Termo de composição que se emprega a fim de indicar a idéia de mente, espírito, alma. LOGOS - Estudo, teoria. PSICOLOGIA: Psico + logia. Ciência que estuda as ideias, as determinações e sentimentos, cujo conjunto forma o espírito do homem; ciência dos fatos da consciência e de suas leis; tratado sobre a alma e as faculdades intelectuais e morais. Psicologia Animal - A que estabelece o que o homem tem de comum com os animais e o que deles o distingue. Psicologia Coletiva - Conjunto de fenômenos mentais, morais, sociais, etc., que constituem a maneira de ser de cada agrupamento humano e o caracterizam. Psicologia Comparada - Parte da Psicologia que se aplica a seguir fatos psicológicos nas variações que apresentam de acordo com os caracteres da espécie humana, o estudo da saúde mental, o grupo étnico a que pertence o indivíduo e outros índices comparativos. Psicologia da Forma - A que, nas vivências dos sentidos, dá primazia à totalidade estrutural dos dados sensoriais, sobre a vivência de cada uma das partes. Psicologia do Subconsciente - A que explora a camada profunda que, sob a camada superficial consciente, influi de modo decisivo na vida humana. Psicologia Empírica - A que estuda os fenômenos psíquicos, descreve-os e lhes formula as leis. Psicologia Experimental - A que faz variar determinados fenômenos, a fim de individualizar as condições psicológicas. Psicologia Fisiológica - A que estuda os fenômenos fisiológicos que acompanham os fenômenos psicológicos. Psicologia Individual - A que explica a vida anímica do indivíduo, pelo sinergismo de dois impulsos fundamentais: a vontade de poder e o sentimento social. Psicologia Infantil - Parte da Psicologia que estuda o desenvolvimento psíquico da criança. Psicologia Moral - Parte da Teologia moral que se ocupa das operações da vontade ou dos atos humanos, como manifestações da natureza do homem. Recursos Humanos 7 Módulo II Psicologia Social - A que investiga o instinto, os impulsos da vontade e os sentimentos que levam o homem a formar a sociedade ou a prejudicá-la. PSICÓLOGOS: Pessoas que, em sua profissão, se ocupam com experiência psíquica e comportamento, com os variados modos de sua expressão e com as causas e condições do psíquico. As tarefas do psicólogo que atua na prática dos mais diversos campos de psicologia aplicada podem ser classificadas em três ramos de atividades, a saber: Psicodiagnóstico (reconhecimento das particularidades individuais, inclusive condições responsáveis pela atualização de tais características); Aconselhamento (orientação profissional, orientaçãoeducacional, etc.,); Psicoterapia (tratamento, mudanças no indivíduo ou por influência ambientais às quais ele está sujeito). A designação “Psicólogo Diplomado” é um título acadêmico que só se confere após concluído o curso de psicologia em escola superior. Psicólogo - Indivíduo que se dedica à Psicologia, que se notabiliza pela observação e análise dos estudos da alma. No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia é o HOMEM. (Verhalten; Behavior). Os *teólogos consideram comportamento, o mais das vezes, modelos de contrações musculares de que resultam determinados movimentos de tipo constante (Ação Instintiva). Pode tratar-se de ações como de reações. K.Fiedler. Como pequena amostra dos numerosos pontos de vista sobre esse, que é o objeto da psicologia, seguem algumas definições de Comportamento: 1. Atividade de um organismo; 2. Atividade observável de um organismo específico; 3. Atividade mensurável de um organismo específico; 4. Respostas do indivíduo, da espécie ou do grupo, aos estímulos; 5. Resposta específica de um organismo específico; 6. Resposta particular de um modelo de resposta; 7. Movimento; 8. Atividade total, subjetiva e objetiva, não observável e observável, de um indivíduo ou grupo. COMPORTAMENTO Comportar + mento Procedimento, modo de se comportar ou de proceder. Esta palavra foi introduzida na linguagem filosófica para indicar o objeto da psicologia de reação, chamada impropriamente muitas vezes de psicologia objetiva. Claparede propõe a palavra conduta para indicar as reações não estereotipadas da espécie, mas que caracterizam o indivíduo, e provêm do hábito. Em Psicologia, entende-se como comportamento o conjunto de Recursos Humanos 8 Módulo II reações que resultam da experiência individual e que não se transmitem à espécie. A escola do behaviorismo, ou da psicologia do comportamento, preconiza a observação como norma de comportamento, porquanto somente as ações humanas podem ser observadas, e despreza a introspecção como método psicológico. COMPORTAMENTO O termo Comportamento vem de: com - PORT - a - mento. O termo PORT, que deu origem também à palavra porto, significa levar, conduzir daí com - PORT - ar, exportar, transportar. Logo, o que leva uma pessoa a agir é com - PORT - a - mento, ou melhor, você leva (carrega) com você modos de agir que se expressam em situações de estímulo. COMPORTAMENTO São as respostas de uma pessoa ou de um animal diante de uma situação. * ETOLOGIA - Ciência ou tratado do caráter, caracterologia. Estudo das adaptações dos animais e dos vegetais ao ambiente; parte da Ecologia que estuda o comportamento dos seres vivos. BEHAVIORISMO (Psicologia Do Comportamento) O Behaviorismo nasce com Watson e tem um desenvolvimento grande nos Estados Unidos, em função de suas aplicações práticas; tornou-se importante por ter definido o fato psicológico, de modo concreto, a partir da noção de Comportamento (Behavior). BEHAVIORISMO Designação de uma forma radical da psicologia objetiva. O método de “Introspecção” é recusado, só os conceitos de “Estímulo” e “Reação” têm importância para a discussão dos fatos psicológicos (J.B. Watson). O PSICOLÓGO COMPORTAMENTAL Ele está interessado em descobrir as variáveis que controlam o comportamento e em determinar as relações precisas que existem entre elas. A Escola Behaviorista ou Comportamental segue as propostas de B.F. Skinner. Define o COMPORTAMENTO como qualquer movimento observável ou mensurável feito por um organismo, incluindo movimentos externos e internos e seus resultados, bem como as secreções glandulares e seus efeitos. Skinner (1938) distinguiu duas espécies de comportamento: Recursos Humanos 9 Módulo II - Comportamento Respondente - Comportamento Operante COMPORTAMENTO RESPONDENTE: uma espécie específica de resposta é eliciada por uma espécie específica de estímulo, e o estímulo sempre precede a resposta. Ex.: reflexos da salivação, da transpiração, reflexo patelar, reflexo pupilar. COMPORTAMENTO OPERANTE: comportamento fortalecido ou enfraquecido por eventos posteriores à resposta. O comportamento operante é controlado por suas consequências. É um comportamento voluntário, inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, tem um efeito sobre ou fazem algo ao mundo ao redor. O Comportamento Respondente, conforme Pavlov descobriu, pode ser CONDICIONADO, ou seja, pode-se fazer com que um novo evento elicie a resposta. Assim, se um estímulo neutro for associado, um certo número de vezes, a um estímulo eliciador, o estímulo previamente neutro irá evocar a mesma espécie de resposta (uma resposta semelhante ao REFLEXO). O novo REFLEXO, ( exemplo da apresentação da carne ao cão), em que a campainha sozinha elicia a salivação é chamado REFLEXO CONDICIONADO, a campainha que elicia a resposta constitui o ESTÍMULO CONDICIONADO. ESTÍMULO INCONDICIONADO: é o estímulo que por si só elicia uma resposta. As consequências que fortalecem o comportamento são chamados REFORÇOS. REFORÇO: é qualquer evento que aumenta a força de qualquer comportamento operante. Ex.: o animal privado de comida pode emitir uma ampla variedade de respostas e qualquer uma delas que seja seguida por alimento será fortalecida. Um reforço fortalece uma resposta no sentido de que aumenta a probabilidade com que a resposta ocorrerá novamente. O aumento na frequência do comportamento reforçado é chamado CONDICONAMENTO. Se o reforço é interrompido, a frequência de uma resposta condicionada declina até que não ocorra numa frequência maior do que a nível operante. O decréscimo na força de uma resposta condicionada quando não reforçada é chamada EXTINÇÃO. Um fato importante sobre a definição operacional de Reforço é que as propriedades reforçadoras não estão no estímulo em si, mas sim nos efeitos deste sobre o comportamento. Há também uma classe de estímulo chamado REFORÇO NEGATIVO ou ESTÍMULO AVERSIVO, eles enfraquecem o comportamento. EXTINÇÃO: Eliminação dos comportamentos indesejáveis ou inadequado. Se dá através da retirada do reforço que fortalece um dado comportamento ou através da PUNIÇÃO. Os Reforços podem ser aplicados sob a forma Constante ou Intermitentemente. Recursos Humanos 10 Módulo II INTERMITENTES: o que não é contínuo, que tem intervalos, acontece de quando em quando; ou CONSTANTES quando incessante, contínuos. BEHAVIORISMO, SUA APLICAÇÃO. A principal área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a educação. São conhecidos os métodos de ensino programado e o controle e organização das situações de aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia de ensino. Entretanto outras áreas também tem recebido a contribuição das técnicas e conceitos desenvolvidos pelo Behaviorismo, como Treinamento em Empresas, a Clínica, o trabalho educativo de crianças excepcionais, a Publicidade e outros mais. Na verdade, a análise experimental do comportamento pode auxiliar-nos a descrever nossos comportamentos em qualquer situação, ajudando-nos a modificá-los. Ivan Petrovich Pavlov (N. 14/ 09/ l849 em Riasan (Rússia); (M. 27/ 02/ l936, em Leningrado). Pavlov primeiro estudou fisiologia animal e depois medicina na Universidade de Petersburgo. A importância histórica de Pavlov está em sua descoberta e exploração do Reflexo Condicionado. Através deles Pavlov lançou os fundamentos do behaviorismo e provocou o desenvolvimento da pesquisa moderna da aprendizagem e da teoria da aprendizagem em psicologia; de fato, devemos a Pavlov as noções e a metodologia fundamentais deste campo. B.F. Skinner Psicólogo americano, responsável pelo avanço da análise experimental do comportamento. A base da corrente Skinneriana está na formulação do condicionamento operante. No caso do condicionamento operante, o que propicia a aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito resultante, no sentido de satisfazer-lhe alguma necessidade, ou seja, a relação que se estabelece entre uma ação e seu efeito. 2. AUTOCONHECIMENTO: SUA IMPORTÂNCIAPARA CONHECER O “OUTRO”. Desde a antiguidade, as pessoas se intrigam com o quanto conhecem da motivação do seu próprio comportamento, dos seus desejos e sonhos. A famosa exortação de Sócrates: “conhece-te a ti mesmo” traduz uma das mais antigas preocupações do homem, isto é, quanto às causas do seu próprio comportamento e do comportamento de outras pessoas. Recursos Humanos 11 Módulo II Pensadores, filósofos e pesquisadores a muito debatem o tema do que um indivíduo pode conhecer a respeito do seu próprio comportamento, ou seja, como produzir autoconhecimento e porque esse conhecimento seria relevante para as pessoas. A Psicologia é uma área do conhecimento que busca encontrar a resposta para essa questão por meio do método científico. Ao longo dos anos, a observação sistemática do comportamento dos indivíduos tem demonstrado que as pessoas conhecem pouco a respeito do seu próprio comportamento. As pessoas acreditam que pelo fato de ter acesso privativo aos seus próprios pensamentos e sentimentos, também possuiriam um conhecimento profundo dos porquês do seu comportamento. Contudo, esse tipo de conclusão tem recebido pouco suporte dos dados obtidos no laboratório experimental, na clínica psicológica e nas observações cotidianas. Freud foi um dos primeiros pensadores a apontar o quanto da motivação humana permanece obscura à própria pessoa e sugeriu que tornar consciente essas motivações seria um passo importante para o estabelecimento de uma vida saudável. Existem diferentes tipos de autoconhecimento. Segundo Skinner (2004/1974) uma pessoa pode saber que “está fazendo alguma coisa”, “que tende a fazer alguma coisa”, “que fez alguma coisa” ou “o porquê de ter feito alguma coisa”. Perceber o seu próprio comportamento pode ser muito útil ao tentar mudar esse mesmo comportamento. Quantas pessoas não entendem porque não conseguem: parar de beber ou usar outro tipo de droga, parar de brigar com o conjugue, estabelecer um relacionamento aprofundado com seus filhos, pais e amigos ou ter um emprego bem sucedido? A Psicologia tem mostrado que o quanto uma pessoa conhece a respeito de si mesma é, em grande medida, fruto da interação com as demais pessoas. Descobrimos que somos bonitos ou feios, simpáticos ou tímidos, inteligentes, brilhantes ou não, pelo que as demais pessoas dizem a respeito do nosso comportamento. É nesse reconhecimento pelo outro, é no questionar e pelo olhar do outro que começamos a nos conhecer. Reflita, grande parte do que você acredita ser suas qualidades e aptidões não é fruto do que durante a sua vida as pessoas reconheceram em você? E de forma semelhante, grande parte do sofrimento humano também provém daquilo que não é reconhecido pelos demais: do que ignoramos a nosso próprio respeito ou do que não queremos reconhecer. Autoconhecimento para mudar A Psicologia tem também mostrado a relevância do autoconhecimento para a produção de mudanças desejadas no comportamento. Quando nos defrontamos com uma situação que não nos satisfaz, percebemos que é preciso mudar. Uma pessoa pode saber que seu casamento não está bem, que está infeliz no trabalho, que não sabe lidar com o comportamento dos filhos, que tem ataques de pânico, ansiedade ou outros medos. Muitas vezes a situação de sofrimento é clara, mas o que mudar, como mudar e em que sentido mudar, não o é. Diante desse quadro, a psicoterapia é de grande relevância, uma vez que o psicólogo é um profissional especialmente treinado para identificar às causas do comportamento dos Recursos Humanos 12 Módulo II indivíduos. Por conseguinte, a terapia é um contexto privilegiado para o desenvolvimento do autoconhecimento, principalmente do tipo de autoconhecimento relevante para a produção das mudanças desejadas por uma pessoa, ou seja, um conhecimento do porque nós comportamos da maneira como o fazemos. Afinal, por que precisamos nos conhecer para mudar? Porque mudar em qualquer direção não é eficiente, uma vez que na maioria das vezes não vai trazer resultados positivos em termos de qualidade de vida. Um indivíduo pode perceber que seu casamento não está trazendo mais satisfação e pode tentar mudar essa situação de inúmeras maneiras: arranjando um (a) amante, se afastando do cônjuge, bebendo, se separando, brigando, permanecendo deprimido ou efetivamente buscando o que não o satisfaz e em que medida seria possível mudar. Logo, se conhecer é um dos primeiros passos para uma mudança bem sucedida. Uma vez que nem sempre descobrir essas motivações e em que sentido mudar é fácil, a ajuda do psicólogo pode se tornar fundamental, especialmente porque a psicologia tem desenvolvido técnicas para aumentar o autoconhecimento e, após a identificação adequada do problema, de produção de mudanças efetivas. A Psicoterapia Comportamental é uma abordagem que possui uma ampla base de conhecimento científico para os tratamentos que implementa. Nessa abordagem, o terapeuta busca estabelecer junto com o cliente objetivos de mudança. Para tanto, o terapeuta vai ajudar o cliente a reconhecer o problema, saber o que o causa e estabelecer uma meta de mudança. Ou seja, o trabalho de terapia envolve, em um primeiro momento, o desenvolvimento do autoconhecimento necessário para produzir a mudança desejada pelo cliente. Após o estabelecimento desse conhecimento, o terapeuta fornecerá a ajuda necessária para o cliente implementar a mudança. Por esse motivo na terapia comportamental, as técnicas de auto-observação são fundamentais. Os terapeutas utilizam-se de registros, treinos de observação, escalas, questionários e a própria situação terapêutica como uma forma de aumentar o autoconhecimento e de implementação de mudanças. Esses registros são ainda fundamentais para avaliar a efetividade da terapia e dos tratamentos implementados. Eles são também uma forma do cliente aprender a manejar seu próprio comportamento, aprendendo a observar a si mesmo e como as condições em que ele vive o afetam. Questões para reflexão. - Você se conhece? - Sabe por que se comporta da maneira como o faz? - Sabe o que deseja mudar na sua vida? - Sabe como mudar? 3. VALORES, CRENÇAS, ATITUDES E SENTIMENTOS. Não é difícil pensar na cadeia de causas e efeitos a partir do momento em que o ser humano possui autoconsciência e auto aceitação das suas potencialidades e limitações. Segundo o filósofo Emanuel Kant o autoconhecimento é o início de toda a sabedoria. A partir do momento Recursos Humanos 13 Módulo II que existe esta autoconsciência o indivíduo é capaz de direcionar sua trajetória, suas necessidades, revendo suas habilidades, comportamentos, atitudes e valores. Para entendermos como funciona o processo de autodesenvolvimento e quais são seus fatores, é importante considerar que o processo de mudança tem início, mas não tem fim, ele é dinâmico e ao mesmo tempo contínuo, sendo considerado uma questão de sobrevivência. Ou entra-se com ética e harmonia nessa dança, ficando atento ao ritmo da música e à melodia, ou fica-se estagnado. A viabilidade e a velocidade dessa mudança dependerão de fatores tais como: maturidade, sensibilidade e capacidade de adaptação, além de outros essenciais nesse processo. Os valores e sua importância Os valores são essenciais e devem ser levados em consideração no ambiente organizacional. Se quisermos entender as atitudes, as motivações e mesmo as percepções dos colaboradores e quais são as influências e as convicções básicas de conduta individual ou social, é importante um aprofundamento no assunto, pois os valores possuem atributos tanto de conteúdo como de intensidade. Quando detectamos os valores de um colaborador no ambiente de trabalho de acordo com a intensidade, na verdade estamos identificando o sistema de valores dessa pessoa, com a sua hierarquia de valores, a importância relativa atribuída a estes, como a liberdade de expressão, o auto respeito, a honestidade, a confiança, a responsabilidade, a justiça e muitos outros. Um referencial para a avaliação de culturas Os valores exercem uma influência significativa nas atitudese no comportamento das pessoas e podem variar muito de um grupo para outro, culturas diferentes e mesmo o processo educacional e familiar exercem influência na formação de valores. Para exemplificar, vamos nos valer da pesquisa realizada por Geert Hofstede, que analisou 116 mil funcionários da IBM em 40 países diferentes, no que se refere aos valores relativos ao ambiente de trabalho. Como resultado descobriu cinco dimensões de valores de uma cultura nacional, conforme especificado a seguir: Distância do poder = Como as pessoas de um país aceitam que o poder seja distribuído desigualmente dentro das instituições, esta graduação pode ser dimensionada em pouca distância do poder, até muita distancia do poder. Quantidade de vida versus qualidade de vida = A quantidade de vida, diz respeito a como as pessoas observam os valores e qual a dimensão Q \i da agressividade, da violência, da busca pelo dinheiro e bens materiais, a competitividade e outros. Já a qualidade de vida refere-se ao grau em que as pessoas valorizam os relacionamentos e mostram sensibilidade e preocupação com o próprio bem-estar e com o bem-estar dos outros. Fuga de incertezas = O grau em que as pessoas de um determinado país preferem situações estruturadas em vez de desestruturadas. Nas culturas em que prevalece o nível de incerteza, observa-se uma acentuação de ansiedade, nervosismo, estresse e agressividade. Recursos Humanos 14 Módulo II Individualismo versus coletivismo = De que forma as pessoas de um determinado país preferem agir: como indivíduos ou como membros de um grupo ou de equipes. Quando colocado em prática o coletivismo, observa-se um nível reduzido de individualismo e um aumento de participação em círculo de amigos, na empresa em que estão inseridos e na sociedade de uma forma geral. Orientação para longo prazo versus para curto prazo = As pessoas que fazem parte de culturas orientadas para o desenvolvimento de atividades de longo prazo, focam no futuro, valorizam todos os momentos e são persistentes. Quando os valores são focados no curto prazo, a relevância está no passado e no presente, principalmente no que diz respeito às tradições e ao cumprimento de obrigações sociais. Os resultados apresentados acima, e levantados pelo pesquisador Hofstede, se tornaram referência básica para diferenciação de culturas, apesar de terem sido levantados em uma única empresa e de terem sido levantados há mais de 30 anos, não representando o contexto atual do mundo. Em 1993 foi colocado em prática o projeto Globe - Global Leadership and Organizacional Behavior Effectiveness, uma investigação sobre cultura e liderança em diferentes países, tomando por base 825 organizações em 62 países, em que foram identificadas nove dimensões em que as culturas nacionais diferem entre si, conforme demonstrado a seguir: - Agressividade = A extensão que uma sociedade estimula as pessoas a serem duras, confrontadoras, agressivas e competitivas, em contraste com serem suaves e humildes. Essa dimensão equivale ao valor relativo a quantidade de vida do modelo de Hofstede. - Orientação para o futuro = Como a sociedade estimula e recompensa as pessoas por pensarem no futuro, por meio de comportamentos como o planejamento, investimentos e adiamento de recompensas. Essa dimensão equivale à orientação para longo prazo no modelo de Hofstede. - Diferenças entre sexos = Em que grau a sociedade maximiza as diferenças dos papéis sexuais. - Fuga de incertezas = Como a sociedade se baseia em normas e procedimentos para lidar com a imprevisibilidade de futuros acontecimentos. - Distância do poder = O grau em que as pessoas de um país aceitam que o poder seja distribuído desigualmente nas instituições e nas organizações. - Individualismo/coletivismo = Grau em que as pessoas são estimuladas pelas instituições. - Coletivismo de grupo = Grau em que as pessoas se sentem orgulhosas de participar de pequenos grupos, como a família, um círculo de amigos ou a empresa para a qual trabalham. - Orientação para o desempenho = A extensão em que a sociedade estimula e recompensa as pessoas por sua melhoria de desempenho e excelência. Recursos Humanos 15 Módulo II - Orientação humanista = A extensão em que a sociedade estimula e recompensa as pessoas por serem justas, altruístas, generosas, atenciosas e gentis com as outras. Está próxima da dimensão de qualidade de vida de Hofstede. Uma comparação entre as dimensões identificadas entre o dois modelos, sugere que estas últi- mas são uma extensão da pesquisa de Hofstede que ainda são consideradas válidas. Podemos esperar que os novos estudos sobre valores, questões multiculturais que afetam o comportamento humano sejam ampliadas e possam servir de subsídios para respaldar as diferenças entre os países. CRENÇA Crença é uma condição psicológica que se define pela sensação de convicção relativa a uma determinada ideia a despeito de sua procedência ou possibilidade de verificação objetiva. Logo pode não ser fidedigna à realidade e representa o elemento subjetivo do conhecimento. Pode também ser entendida como sinônimo de fé e, assim como qualquer manifestação de convicção, acompanha absoluta abstinência à dúvida pelo antagonismo inerente à natureza destes fenômenos psicológicos e lógica conceitual. Ou seja, é ser convicto, e sendo a fé/crença uma forma de convicção, é impossível duvidar e crer ao mesmo tempo. ATITUDE A sabedoria popular diz que uma ação vale mais que mil palavras. As ações são a manifestação das atitudes. Saber agir, como agir, e o momento de agir, é fundamental para a preservação da imagem pessoal. Um simples gesto pode contribuir positiva ou negativamente na imagem pessoal e profissional. Atitude - Do latim aptitudinem atitude, através do italiano attitudine significa uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir em relação a grupos, questões, outros seres humanos, ou, mais especificamente, a acontecimentos ocorridos em nosso meio circundante. (Kardec, 1978, p. 7) É um dos conceitos fundamentais da psicologia social. Faz junção entre a opinião (comportamento mental e verbal) e a conduta (comportamento ativo) e indica o que interiormente estamos dispostos a fazer. Segundo Jean Meynard, “É uma disposição ou ainda uma preparação para agir de uma maneira de preferência a outra. As atitudes de um sujeito dependem da experiência que tem da situação à qual deve fazer face”. Pode se dizer também que é a “Predisposição a reagir a um estímulo de maneira positiva ou negativa”. Formação de atitudes As atitudes têm sido consideradas como prontidão mental ou predisposição implícita que exer- cem influência geral e coerente numa classe relativamente ampla de respostas de avaliação. Tais respostas são usualmente dirigidas para algum objeto, pessoa ou grupo. As atitudes são vistas como predisposições duradouras, mas predisposições aprendidas e não inatas. Por isso, embora as atitudes não sejam momentaneamente passageiras, são perceptíveis às mudanças. Tipos de atitudes Recursos Humanos 16 Módulo II As atitudes são divididas em três componentes: afeto, cognição e comportamento. O componente afetivo é formado pela avaliação que a pessoa dá de uma resposta emocional a algum objeto ou alguma pessoa. O componente cognitivo é conceituado como as crenças de uma pessoa a respeito de objeto u pessoa, ou conhecimento de fatos a eles referentes. Ô componente de comportamento inclui o comportamento manifesto da pessoa com relação à outra pessoa ou ao objeto. Se as atitudes são conceituadas dessa forma, podemos ver como as técnicas planejadas para mudar as reações emocionais de alguém com relação a algum objeto ou a alguma pessoa atacariam somente um componente da atitude considerada. Essa concepção de componentes de atitudes não apenas sugere interessantes métodos para mudar atitudes, mas também nos dá algumas ideias quanto a maneira de medi-las. - O componente afetivo - respostas fisiológicas ou apresentações verbais do fato de gostar ou não gostar. - O componente cognitivo - por auto avaliaçãode crenças ou pela quantidade de conhecimento que uma pessoa tem de certo tópico. - O componente de comportamento - por observação direta da maneira e da forma como a pessoa se comporta em situações estimuladoras específicas. SENTIMENTO O termo sentimento é uma palavra muito comum na sociedade humana, originando-se da própria condição em que as pessoas se encontram, como também outros sintomas que se apresentam naqueles que convivem com algo estranho, que martiriza, que machuca, e que torna a pessoa vulnerável a uma dor que não se sabe a origem. Assim, sentimento incorpora diversos conceitos, ou diversas caracterizações, ou diversos modos de se apresentar, pois algumas vezes indica algo bom, e prazeroso. Em muitos outros momentos aparece como coisa ruim, tal qual uma idéia latente se apresenta para exercitar uma maldade qualquer. É, neste sentido, que se buscam investigar as diversas definições de sentimento que muitas pessoas têm e denota os muitos tipos de manifestações que cada ser humano deixa transparecer para com todos aqueles que os cercam dentro do princípio de ignorância e desconhecimento. O sentimento se distingue basicamente da emoção, por estar revestido de um número maior de elementos intelectuais e racionais. No sentimento já existe alguma elaboração no sentido do entendimento e da compreensão. No sentimento já acontece uma reflexão e aproximação do livre-arbítrio, da espiritualidade e da racionalidade ou evolução humana. Feita esta diferenciação, existem três tipos de sentimentos — agradáveis, desagradáveis e neutros. Quando temos um sentimento desagradável, desejamos evitá-lo. Porém, o ideal é voltar à respiração consciente, que vai oxigenar, trazer clareza e; apenas observá-lo, identificando-o em silêncio. Inspirando, tomo consciência de que há um sentimento desagradável em mim. Expirando, percebo claramente que há um sentimento desagradável em mim. Raiva, tristeza ou medo, nomeado e identificado com clareza, fica mais sincera e profunda a forma de lidar com ele. Recursos Humanos 17 Módulo II 4. MOTIVAÇÃO E TRABALHO EM EQUIPE. MOTIVAÇÃO MOTIVAÇÃO - tanto quanto emoção provém de um mesmo verbo latino “movere” que significa mover-se. Ambas indicam um estado de despertar do organismo. “Convencionalmente, temos denominado emocionais os estados intensos e imediatos do despertar, e motivacionais os estados emocionais mais prolongados e dirigidos” (Telford e Sarwrey, 1973). Motivo ou Motivação, refere-se a um estado interno que resulta de uma necessidade e que ativa ou desperta comportamento usualmente dirigido ao cumprimento da necessidade ativante. A Motivação é algo que não se pode observar diretamente, inferimos a existência de motivação observando o comportamento. Um comportamento motivado se caracteriza pela energia relativamente forte nele dispensada e por estar dirigido para um objetivo ou meta. MOTIVO, INCENTIVO E IMPULSO Distinguiremos estas três palavras que normalmente são utilizadas como sinônimos mas que não o são: Incentivo - é um objeto, condição ou significação externa para o qual o comportamento se dirige. Podemos considerar como incentivo positivo, aquele para qual o comportamento se dirige (o alimento, o dinheiro, o sucesso) e, incentivo negativo aquele do qual o indivíduo procura se afastar ou que é evitado (o ferimento, o isolamento social). Impulso – é considerado a força que põe o organismo em movimento, à busca do seu objetivo. Motivo – pode ser definido como “uma condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num comportamento ou a permanência da situação” (Sawrey e Telford). A identificação de um motivo auxilia na compreensão do comportamento humano, ou seja, faz- nos entender melhor as ações dos indivíduos, no entanto, como se sabe, há muitos outros fatores, além dos motivos, que influem sobre o comportamento, como a percepção, as emoções, a aprendizagem, etc. Existem diferentes modelos teóricos de interpretação do processo motivacional: Teoria Behaviorista – A motivação, para o Behaviorismo, tem como ponto central o conceito de impulso, entendido como a força que impele à ação e o hábito a via de acesso construída entre o ponto de partida (estímulo) e o destino (resposta). Os hábitos são criados pela contiguidade da resposta ao reforço. A presença do reforço reduz o impulso, uma vez que sacia sua necessidade. Recursos Humanos 18 Módulo II Teoria Cognitiva – Procuram negar que o efeito dos estímulos sobre o comportamento seja automático (colocando-se contra a behaviorista). Acreditam que nós escolhemos, por meio da percepção, pensamento e raciocínio, os valores, as crenças, as opiniões e as expectativas que regularão a conduta para uma tarefa almejada. Mas, reconhecem que o comportamento e seu resultado dependerão tanto das escolhas conscientes do indivíduo, como dos acontecimentos do meio sobre os quais não tem controle e que atuam sobre ele. Teoria Psicanalítica – Freud entendia que o comportamento humano é determinado, basicamente, pela motivação inconsciente e pelos impulsos instintivos. Portanto, a mais forte tendência de comportamento não é, necessariamente, aquela que a pessoa conscientemente decide que é melhor para ela. Nesta abordagem, a motivação do comportamento, em grande parte, é proveniente do Id e o comportamento resulta da interação, conflituosa ou não entre ID, EGO e SUPEREGO. TEORIA MOTIVACIONAL DE ABRAHAM MASLOW NECESSIDADES BÁSICAS SEGUNDO MASLOW Há uma série universal de necessidades fundamentais inerentes ao homem, que têm seus próprios atributos, os quais não são determinados pelas estruturas sociais, pelos modelos culturais ou por processo de socialização. O que difere é a ênfase e os meios de satisfazê-los, o que varia de cultura de um grupo ao outro. Estudando o comportamento humano, os psicólogos em geral concluem que todo comportamento é motivado, isto é provocado de alguma necessidade dentro do homem e não lhe pode ser imposto. Define-se o comportamento, como sendo uma tentativa de satisfazer uma necessidade. O que é necessidade? O que acontece quando sentimos necessidade? Uma necessidade é um estado de tensão ou de desequilíbrio que resulta da falta, da ausência que sentimos dentro de nós mesmos. Sentida esta ausência desta necessidade, a pessoa torna-se tensa e irrequieta, ativando-a a satisfazer esta necessidade - procurando livrar-se desta tensão e alcançar o estado de satisfação e equilíbrio. O homem, por exemplo, que esteja assistindo um show de TV, pode muito bem não estar com fome, não ter necessidade de comer. Mas o que acontece, tão logo a propaganda anuncia algo de gostoso? Tal pessoa sente-se com vontade, sente necessidade de ir à cozinha comer, ou seja, ela sente-se num estado de tensão e desconforto até o momento em que ela satisfaça esta necessidade. Desta forma aliviará a tensão, e o equilíbrio se restabelece. Para Maslow, a humanidade está perpetuamente dependendo de indivíduos que estejam empenhados em incessante esforço para encontrarem formas de satisfazer suas necessidades básicas. Uma pessoa é motivada a alcançar um determinado objetivo por possuir internamente a necessidade de alcançá-lo. As necessidades básicas não são estáticas: uma vez satisfeita uma necessidade, ela não mais atuará como agente motivador do comportamento. Outras Recursos Humanos 19 Módulo II necessidades, então, passam a ocupar a “linha de frente”, e o comportamento é dirigido para a sua satisfação. Maslow identificou cinco necessidades fundamentais e as dispôs numa hierarquia. HIERARQUIA DE NECESSIDADES DE MASLOW ................ 5. Necessidade de auto realização ................ 4. Necessidade de respeito/reconhecimento ................ 3. Necessidade de aceitação e afeto ................ 2. Necessidade de segurança ................ 1. Necessidades fisiológicas Como é possível observar, estão ali dispostos em termo em que se manifestam, desde o nível mais elementar de sobrevivência até a auto realização, o apogeu da existência humana.A fome é uma necessidade chamada física, assim como: a sede, a necessidade de dormir, do oxigênio, da eliminação, do sexo, e tantas outras atividades que ajudam a manter um estado físico satisfatório. Cada uma dessas necessidades liga-se com um sistema biológico junto ao corpo, que na maioria dos casos, para poder sobreviver, exige a satisfação. Ninguém pode imaginar um homem privado do oxigênio mais de 8 minutos, ou privado de água e viver mais de uma semana ou privado de comida e viver mais de um mês. Por isso, assim que uma pessoa se torna ciente da falta de oxigênio, água ou comida, ela se torna agitada, irrequieta e tensa, até que consiga algo para satisfazer estas necessidades. O mesmo acontece com todas as outras necessidades fisiológicas, incluindo o sexo, exceto que a necessidade do sexo parece a única necessidade não exigida para a sobrevivência individual, mas é muito importante para a sobrevivência da raça. Ao identificar as necessidades fisiológicas como sendo as preponderantes Maslow quis dizer que, se uma pessoa fosse totalmente carente - se todas as necessidades estivessem por satisfazer - ela seria dominada por suas necessidades fisiológicas; suas outras necessidades desapareceriam ou seriam reprimidas. No entanto, uma vez satisfeitas as necessidades Recursos Humanos 20 Módulo II fisiológicas, surgem então necessidades “mais altas” que passam a dominar o comportamento. Ao serem atendidas, elas são substituídas por outras necessidades mais altas por serem mais tipicamente humanas, e assim por diante. Eis, pois, o que Maslow pretendeu dizer ao conceber as necessidades humanas dispostas em uma hierarquia de preponderância relativa. Preenchidas as necessidades fisiológicas, surgem as necessidades de segurança, que são definidas como a “necessidade de sentir-se seguro de perigos hostis e ameaças do mundo”. A segurança física não se revela tão importante como a segurança psicológica, conforme ficou demonstrado durante a guerra. Crianças que assistiram ao bombardeio da Segunda Guerra Mundial, em Londres, manifestaram menos insegurança do que as crianças que ficaram privadas dos pais e mandadas para lugares mais seguros. Evidentemente as pessoas que nos amam e nos querem bem representam para nós maior segurança do que toda segurança física que sentimos na presença de pessoas estranhas. Mesmo como adultos nos sentimos inseguros quando tememos que ninguém nos quer, ninguém nos ama, em situações em que pessoas estranhas nos cercam, em situações de perigo. A satisfação dessa necessidade requer uma real segurança física e ainda uma sensação de estar protegido dos males e danos, tanto físico quanto emocional (potencialmente “gratificáveis” por salários, benefícios marginais e um sentimento de segurança na capacidade pessoal de ganhar o sustento pelo trabalho realizado). As necessidades fisiológicas e as de segurança acham-se, ambas, centradas no indivíduo. Contudo, uma vez satisfeitas, aparecem as primeiras necessidades. Sociais: as de aceitação e afeto. Neste estágio, o indivíduo é motivado a assegurar o seu lugar num determinado grupo, com a gratificação do sentimento de a ele pertencer, bem como a construir relações emocionais íntimas com outros, a dar e receber amor. Maslow denominou necessidade de “respeito” o conjunto de necessidades seguintes, o qual não só inclui a necessidade de auto respeito e a de uma auto avaliação de si mesmo, como também abrange o respeito ou consideração por parte dos outros indivíduos. Maslow classificou esta necessidade em dois subconjuntos. Primeiro, há uma necessidade de independência e liberdade e de um sentimento íntimo de confiança na própria competência para lidar com o mundo. Segundo, há a necessidade de ter esta competência reconhecida e apreciada pelos outros. Quando todas as outras necessidades foram satisfeitas, a última a emergir é a da auto realização. Segundo Maslow, “aquilo que um homem pode ser, ele deve ser”. A auto realização não é tanto um estado ou estágio do organismo, como a fome, a ser satisfeito por uma gratificação periódica. Trata-se, ao invés disso, de um processo do ser humano, no qual o indivíduo luta para alcançar a extensão total da sua capacidade. De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas, as de segurança, as de afeto e as de respeito são todas necessidades por escassez, por déficit, enquanto, por outro lado, a necessidade de auto realização é a necessidade de crescimento. Os quatro primeiros conjuntos de necessidades foram denominados de déficit por serem resultantes da falta de alimentação ou da falta de segurança e etc. Contudo, a pessoa que busca a auto realização, livre das Recursos Humanos 21 Módulo II necessidades por déficit, está emprenhada no processo de realizar suas potencialidades de vivenciar o conceito que tem de si mesmo. Cada pessoa é uma entidade singular e “única” e precisa procurar sua fórmula própria de realização. Trata-se, pois, quase que inteiramente, de um processo interno, e a gratificação da necessidade, o sentimento de realização, advêm da experiência de executar coisas que realizam o potencial da pessoa. A auto realização é uma necessidade de crescimento por ser, em sua essência, um processo permanente de autodesenvolvimento. Cada novo desenvolvimento do ser constitui prospecção para um desenvolvimento posterior. Embora Maslow defendesse a relativa integridade da ordem de sua hierarquia, ele não acreditava que uma necessidade tivesse 100% satisfeita, antes que surgisse a necessidade mais elevada. Pelo contrário, ele afirmou que a maior parte dos integrantes de nossa sociedade se acha, ao mesmo tempo, parcialmente satisfeita e parcialmente insatisfeita, quanto a todas as suas necessidades básicas. CICLO MOTIVACIONAL A partir da Teoria das Relações Humanas, todo acervo de teorias psicológicas acerca da motivação humana passou a ser aplicado dentro da empresa. Verificou-se que todo comportamento humano é motivado. Que a motivação, no sentido psicológico, é a tensão persistente que leva o indivíduo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais determinadas necessidades. Daí o conceito de Ciclo Motivacional. O Ciclo Motivacional pode ser assim explicado: O organismo permanece em estado de equilíbrio psicológico (equilíbrio de forças psicológicas, segundo Lewin), até que um estímulo o rompa e crie uma necessidade. Essa necessidade provoca um estado de tensão em substituição ao anterior estado de equilíbrio. A tensão conduz a um comportamento ou ação capaz de atingir alguma forma de satisfação daquela necessidade. Se satisfeita a necessidade, o organismo retornará ao seu estado de equilíbrio inicial, até que outro estímulo sobrevenha. Toda satisfação é basicamente uma liberação de tensão, uma descarga tensional que permite o retorno ao equilíbrio anterior. TRABALHO EM EQUIPE O que é uma equipe? A equipe é um grupo primário, em que seus participantes se conhecem, relacionam-se diretamente, havendo ainda uma unidade de espírito e de ação. Quando focalizam-se as equipes, verificam-se que os resultados que elas querem atingir são os objetivos da organização. A equipe traz consigo a ação, a execução do trabalho, agrupando profissionais de categorias diferentes, complementando-se, articulando-se e dependendo uns dos outros para objetivos comuns. Recursos Humanos 22 Módulo II Objetivos do trabalho em equipe As organizações que se baseiam no trabalho em equipe buscam evitar condições opressivas de trabalho e as substituem por processos e políticas que estimulam as pessoas a trabalharem efetivamente para objetivos comuns. Desenvolver uma equipe é ajudar a aprender e a institucionalizar um processo constante de auto exame e avaliação das condições que dificultam seu funcionamento efetivo, além de desenvolver habilidades para lidar eficazmente com esses problemas. É necessário que uma equipe possua objetivos, para que consiga se manter e se desenvolver. Os objetivos são de suma importância para o trabalho em equipe, pois guiam as ações dos participantesdo grupo, que coordenam e planejam seus esforços. Servem ainda para delimitar critérios para resolver conflitos interpessoais e para a melhoria do trabalho, que passa a ser constantemente avaliado, analisado e revisado. Os objetivos quando imediatos têm maior significado para a equipe. Devem servir como passos intermediários para os objetivos principais. Tipos de equipes As equipes, em geral, são divididas em três tipos específicos, cada qual com as suas características. A equipe funcional é formada por um chefe e seus subordinados diretos e tem sido a marca da empresa moderna. Questões como autoridade, relações, tomada de decisão, liderança e gerenciamento demarcado são simples e claras. A equipe auto gerenciável é um grupo íntegro de colaboradores responsáveis por todo um processo ou segmento de trabalho, que oferece um produto ou serviço a um cliente interno ou externo. Em diferentes instâncias, os membros da equipe trabalham em conjunto para melhorar as suas operações, lidar com os problemas do dia-a-dia e planejar e controlar as suas atividades. E a equipe interfuncional, às vezes chamada equipe multidisciplinar, faz parte da silenciosa revolução que atualmente vem assolando as organizações.. Equipes interfuncionais estão ajudando a agilizar o processo de desenvolvimento de produtos, melhorar o enfoque dado ao cliente, aumentar a capacidade criativa da empresa, oferecer um fórum para o aprendizado organizacional e servir de ponto único de contato para clientes, fornecedores e outros envolvidos. Estágio de desempenho de equipes A curva de desempenho da equipe permite classificá-la de acordo com o modo de funcionamento em uma das cinco posições: Recursos Humanos 23 Módulo II Pseudo-equipe: neste grupo, pode-se definir um trabalho, mas não há preocupação com o desempenho coletivo apreciável. Prevalece a individualidade. Grupos de trabalho: não existe estímulo para transformar-se em equipe. Partilham informações entre si, porém mantêm-se, de forma individual, as responsabilidades e objetivos. Não se produz desempenho coletivo. Equipe potencial: existe intenção de produzir desempenho coletivo. Necessita assumir compromisso quanto ao resultado de grupo e requer esclarecimentos das finalidades, objetivos e abordagem de tarefa. Equipe real: composta de pessoas que, além de possuírem habilidades que se complementam, se comprometem umas com as outras, através da missão e objetivos comuns e da abordagem de trabalho bem definida. Existe confiança entre os membros do grupo, assumindo responsabilidade plena sobre o desempenho. Equipe de elevado desempenho: equipe com membros profundamente comprometidos com o crescimento pessoal de cada indivíduo e com o sucesso deles mesmos e dos outros. Possuem resultados muito além das expectativas. Como: a. Aumento na produtividade; b. Melhora na qualidade; c. Melhora na qualidade de vida profissional dos funcionários; d. Redução no nível de rotatividade de pessoal e absenteísmo; e. Redução no nível de conflito; f. Aumento na inovação; g. Aumento na flexibilidade; e h. Obtenção de economia de custos da ordem de 30% a 70%. É necessário aprender a trabalhar em equipe, sabendo-se que uma equipe não começa a funcionar eficientemente no momento em que é criada. É necessário um tempo para que a equipe se alinhe. Num importante estudo, feito nos anos 70, o psicólogo Tuckman identificou quatro estágios de desenvolvimento de equipes que visam ao sucesso, sendo eles: a. Formação: neste estágio, as pessoas ainda estão aprendendo a lidar umas com as outras; pouco trabalho é feito; b. Tormenta: tem-se uma época de difícil negociação das condições sob as quais a equipe vai trabalhar; c. Aquiescência: é a época na qual os papéis são aceitos (posse do problema) e as informações circulam livremente; d. Realização: quando a execução do trabalho atinge níveis ótimos (não há mais problema). Habilidades para o trabalho em equipe Recursos Humanos 24 Módulo II As competências para um bom desempenho no trabalho em equipe diferem das competências necessárias ao trabalho individual. Abaixo, estão explicitadas essas competências: a. Cooperar: participar voluntariamente, apoiar as decisões da equipe, fazer a sua parte do trabalho; b. Compartilhar informações: manter as pessoas informadas e atualizadas sobre o processo do grupo; c. Expressar expectativas positivas: esperar o melhor das capacidades dos outros membros do grupo, falando dos membros da equipe para os outros com aprovação. Apelar para a racionalidade em situações de conflito e não assumir posição polêmica nesses casos; d. Estar disposto a aprender com os companheiros: valorizar a experiência dos outros, solicitar dados e interagir pedindo e valorizando idéias; e. Encorajar os outros: dar crédito aos colegas que tiveram bom desempenho tanto dentro como fora da equipe; f. Construir um espírito de equipe: tomar atitudes especiais para promover um clima amigável, moral alta e cooperação entre os membros da equipe; g. Resolver conflitos: trazer à tona o conflito dentro da equipe e encorajar ou facilitar uma solução construtiva para a equipe. Não esconder ou evitar o problema, mas tentar resolvê-lo da forma mais rápida possível. 5. PAPÉIS SOCIAIS: A FAMÍLIA, A ESCOLA, O TRABALHO. Família: A base de qualquer sociedade. A família é, sempre foi e sempre será a base da nossa sociedade e a base do nosso bem estar. Quando a família se encontra doente toda a sociedade fica doente. A melhor maneira de medir o estado da saúde da família acaba sendo medir o estado de saúde da sociedade. Quando a família não está bem, a sociedade não está bem. A sociedade é apenas um reflexo da família. A sociedade apenas reflete o que se passa na família. A sociedade é apenas um reflexo da família e quando a sociedade não está bem, não é na sociedade que devemos procurar as causas mas sim na família. A sociedade é a consequência da família e o resultado da família uma vez que esta mesma sociedade é apenas constituída por famílias. Recursos Humanos 25 Módulo II Quando uma sociedade se encontra doente isso apenas significa que as famílias se encontra doentes. Este é o efeito alavanca; um pequeno problema na família, traduz-se num grande problema na sociedade. O efeito alavanca diz que uma pequena alteração num lugar provoca uma grande mudança no outro lado. (às vezes era bom que as pessoas se lembrassem destas pequenas informações). Infelizmente muitas das vezes tenta-se reparar ou corrigir uma sociedade mas os resultados são e serão sempre desastrosos enquanto não se corrigirem as causas que levam a sociedade a ter problemas e a estar doente. E as causas que levam a sociedade a ter problemas e a estar doente encontram-se na família e não na sociedade pois a sociedade é apenas o resultado de muitas famílias. Lamentavelmente tenta-se corrigir a sociedade em vez de se corrigir as famílias e o resultado encontra-se à vista de todos: uma sociedade decadente e degradada a todos os níveis. Tentam iludir-nos com a tecnologia e com o bem estar, com o progresso e tudo o mais, mas o que se passa é bem mais negro do que aquilo que possamos pensar. A ilusão encontra-se bem montada para que acreditemos que a sociedade é tudo e que a família não é nada. Dar poder à família é sempre vista como uma ameaça para a sociedade pois tem-se medo de que se entre numa guerra entre famílias como acontecia antigamente a guerra entre os clãs. Mas o poder não tem a ver com guerras nem com conflitos uma vez que o poder não vem de quem manda mas sim de quem se encontra bem. Gandhi e muitos outros mostraram-nos de que não precisamos entrar em guerra para estarmos bem e estar em paz. Estar bem é sempre o primeiro princípio estabilizador seja a nível pessoal seja a nível familiar seja a nível de sociedade. Quando uma sociedade não está bem o primeiro lugar para onde devemos olhar é sempre para a família e não para a sociedade. O papel da escola na sociedade A escola tem como papel fundamental a conscientização do homem para o exercício perfeitoda cidadania e qualificação profissional. Não se pode utilizá-la de maneira particularista, pois a mesma é um objeto de transformação social de extrema importância para o processo de redirecionamento de projetos educativos que se aproximam da nossa realidade, sem verbalismo oco e vazio que visam obscurecer os valores Recursos Humanos 26 Módulo II humanos de forma imane e inescrupulosa. Quando se fala em educação, fala–se em vida. E vida a qual nos referimos não é o simples fato de se mover, andar, comer e trabalhar, todavia, é sermos valorizados como homem e como pessoa, no respeito aos nossos sentimentos, direitos civis e jurídicos para preservação de nossa dignidade. Educar não se resume apenas num processo profissional como outro qualquer com suas impassividades; mas deve trilhar caminhos que de uma forma ou de outra, leve o educando a pensar sozinho e impulsioná-lo ao interminável desejo de reconstruir seus próprios conceitos, se assim necessário, para o restabelecimento de sua liberdade como via segura para auto- afirmação social, fazendo a sua própria história e decidindo sobre o seu futuro. Este é sem dúvidas o nível desejado para uma educação moderna. O nosso professor, diante desta realidade, jamais poderá cruzar os braços e ver tudo acontecer sem se preocupar em buscar recursos para se adaptar aos atuais paradigmas de ensino que irão ajudar o aluno a atingir este importante patamar que lhe assegurará melhor condição humana dentro do largo contexto social. O conhecimento que deve ser repassado ao aluno, em função na necessidade supracitada, não pode ser apenas o dos critérios matemáticos, históricos ou geográficos; porém; vai além dos saberes mais complexos... e talvez mais interessantes para o cotidiano do aluno. Prepará-lo para a vida; essa sim, é uma educação que enfrenta o desafio de mostrar o mundo como ele realmente é, examinado em todos os seus pontos, parâmetros e exibido de maneira transparente, sem toldar crises, conflitos e até as atitudes macabras dos nossos políticos. Trabalho e Sociedade A psicologia não tem estudos definidos sobre o papel social que o trabalho tem na vida do individuo, quais as contingências de comportamento que ele adquire por causa do seu trabalho, qual a posição social que ele tem em relação ao seu trabalho, qual o real fator preponderante do trabalho para com o trabalhador. Podemos levantar inúmeras questões, temos um fator histórico, onde o homem necessita alimentar-se, conseguindo o alimento através do seu trabalho. Antigamente trocava-se, hoje se vende à força de trabalho. Como será vendido esta força, ou quanto ela vale? Como medir esta força de trabalho, onde o individuo está inserido como controlador de seu corpo, como um ser livre socialmente, entrando então na discussão do capitalismo. Ainda temos a prerrogativa do status social, onde determinado “trabalho” tem mais “respeito” socialmente, ou aquele que me da um retorno melhor financeiramente, já não se preocupa em ter certo conhecimento sobre determinado assunto, como anteriormente onde as relações de trabalho eram realizadas através das gerações, o ensino da profissão, era uma marca na família, hoje não é mais assim, a atual conjuntura propõe a livre escolha, dentro das possibilidades, de qual tipo de trabalho as pessoas querem fazer. Sendo o ser humano um ser que possui a necessidade de ascensão na vida social, nada mais comum que procurar um reconhecimento social dentro do âmbito do trabalho, pois o mesmo Recursos Humanos 27 Módulo II muitas vezes transforma indivíduos esquecidos socialmente em pessoas respeitadas e com status social. Estudar este fenômeno é uma necessidade, pois estamos caminhando para a globalização, onde todas as força de trabalho estão interligadas a papeis sociais, onde o preço da força de trabalho é definido em mesas internacionais de negociação, onde ocorre à exploração da mão- de-obra dos países em desenvolvimento, nosso sistema, quase mundial, o capitalismo, coloca o trabalho como fonte de crescimento, porém no mercado do consumo, quanto mais lucro melhor. Além do mais os trabalhadores hoje, não estão inseridos nas lutas de classes, na forma defendida por Marx. O trabalho é utilizado como maneira de reprimir a luta de classes, os trabalhadores são ameaçados e a nova geração cresce dentro de uma conjuntura onde o trabalho e necessário para a sobrevivência, logo se deve submeter a todas as suas exigências a fim de não perdê-lo, a competitividade esta de forma silenciosa modificando o perfil do trabalhador, já não se questiona sobre o próprio trabalho, sobre sua força de trabalho, sendo simplesmente aceito, por uma questão de sobrevivência. Os homens vão se determinando cada vez mais por seu papel social, entendendo-se por papel social a sua função produtiva e as relações sociais e políticas que esta produção impõe na coexistência social. Tais relações de produção, correspondentes a um grau específico de desenvolvimento das forças materiais, constituem a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de reprodução da vida material determina o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência. Forças produtivas e relações sociais de produção Segundo Marx, os elementos componentes do processo de trabalho são: 1. A atividade adequada a um fim, isto é o próprio trabalho; 2. A matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho; 3. Os meios de trabalho, o instrumental de trabalho. Destes elementos, os instrumentos de trabalho - como as ferramentas - e os objetos de trabalho - o material trabalhado pelas ferramentas - formam os meios de produção. Estes, quando combinados com o próprio trabalho - a atividade consciente humana - formam as forças produtivas. Ou seja, os meios de produção de que a sociedade dispõe, em conjunto com os homens que têm os conhecimentos e a experiência necessários para os pôr em movimento, compõem as forças produtivas da sociedade. O trabalho é o elemento vital, pois sem ele os outros elementos restariam inertes, incapazes de produzir algo. Eis a importância do trabalho em todas as sociedades, porque, sem o esforço humano, não seria possível produzir os meios materiais que possibilitam reproduzir a vida. 6. LIDERANÇA E CHEFIA: ASPECTOS COMUNS E DIFERENCIADORES. Recursos Humanos 28 Módulo II LIDERANÇA Fator Liderança adquire espantosa importância dentro do contexto organizacional. Como as empresas podem ser consideradas predominantemente formadas de grupos de pessoas que precisam ser coordenadas em seus esforços individuais, a fim de que metas e objetivos sejam alcançados, cada dia mais se tem valorizado aqueles que patentemente usam com eficácia seus recursos pessoais no cumprimento das responsabilidades de bem dirigir subordinados. A organização bem sucedida tem uma característica principal que a distingue das organizações malsucedidas: uma liderança dinâmica e eficaz. DEFINIÇÃO DE LIDERANÇA: “Liderança é a atividade de influenciar pessoas fazendo-as empenhar-se voluntariamente em objetivos de grupo.” George R. Terry “Influência interpessoal exercida numa situação e dirigida, através do processo de comunicação, para a consecução de objetivos específicos.” Robert Tannenbaum, Irving R. Wescgler e Fred Massarik “A liderança consiste em influenciar pessoas para a realização de um objetivo comum.” Harold Koontz e Cyril O’Donnell O comportamento de Liderança (que envolve funções como planejar, dar informações, avaliar, arbitrar, controlar, recompensar, estimular, punir, etc.) deve ajudar o grupo a atingir os seus objetivos, ou, em outras palavras, a satisfazer suas necessidades. TEORIAS SOBRE LIDERANÇA TEORIA DE TRAÇOS DE PERSONALIDADE: O líder é aquele que possui alguns traços específicos de personalidade que o distinguem das demais pessoas.Os traços mais comuns apontados foram os seguintes: 1. Traços Físicos: energia, aparência e peso. 2. Traços Intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança. 3. Traços Sociais: cooperação, habilidades interpessoais, e habilidade administrativa. 4. Traços Relacionados com a Tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa. TEORIAS SOBRE ESTILOS DE LIDERANÇAS São as teorias que estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados, isto é, maneiras pelas quais o líder orienta sua conduta. Recursos Humanos 29 Módulo II 1. Liderança Autocrática. 2. Liderança Democrática. 3. Liderança Liberal. 1. LIDERANÇA AUTOCRÁTICA: - Apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo. - O líder determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo. - O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho. - O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro. 2. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA: - As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder. - O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico ao líder quando necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates. - A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem liberdade de escolher os seus companheiros de trabalho. - O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito, sem encarregar-se muito de tarefas. O líder é “objetivo” e limita-se aos fatos em suas críticas e elogios. 3. LIDERANÇA LIBERAL (Laissez - Faire): - Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, participação mínima do líder. - A participação do líder no debate é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que as pedissem. - Tanto a divisão das tarefas, como a escolha dos companheiros, fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder. - O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou regular o curso dos acontecimentos. O líder somente faz comentários irregulares sobre as atividades dos membros quando perguntado. TEORIAS DAS LIDERANÇAS SITUACIONAIS As Teorias Situacionais partem do princípio de que não existe um único estilo ou característica de liderança válida para toda e qualquer situação. A recíproca é que é verdadeira: cada tipo de Recursos Humanos 30 Módulo II situação requer um tipo de liderança diferente para se alcançar a eficácia dos subordinados. Assim um verdadeiro líder é aquele que é capaz de se ajustar a um grupo particular de pessoas sob condições extremamente variadas. Em 1958, Tannenbaum e Schmidt publicaram um artigo no qual expõem uma abordagem situacional da liderança, sugerindo uma gama bastante ampla de padrões de comportamento de liderança que o administrador pode escolher para as suas relações com os subordinados. Cada tipo de comportamento está relacionado com o grau de autoridade utilizado pelo líder e o grau de liberdade disponível para os subordinados na tomada de decisões, dentro de um “continuum” de padrões de liderança. Para que o administrador escolha qual o padrão de liderança que desenvolverá em relação aos seus subordinados, ele deve considerar e avaliar três forças, a saber: a) Forças no administrador, como: - Seu sistema de valores e convicções pessoais. - Sua confiança nos subordinados. - Suas inclinações pessoais a respeito de como liderar. - Seus sentimentos de segurança em situações incertas. b) Forças nos subordinados, como: - Suas necessidades de liberdade ou de orientação superior. - Sua disposição de assumir responsabilidade. - Sua segurança na incerteza. - Seu interesse pelo problema ou pelo trabalho. - Sua compreensão e identificação do problema. - Seus conhecimentos e experiências para resolver o problema. - Sua expectativa de participação nas decisões. c) Forças na situação, como: - O tipo de empresa, seus valores e tradições, suas políticas e diretrizes. - A eficiência do grupo de subordinados. - o problema a ser resolvido ou a complexidade do trabalho. - A premência de tempo. Na vida prática, o líder utiliza os três processos de liderança, de acordo com a situação, com as pessoas e com a tarefa a ser executada ou levada adiante. O líder tanto manda cumprir ordens, como consulta os subordinados antes de tomar uma decisão, como também sugere a algum subordinado realizar determinadas tarefas: ele utiliza a liderança autocrática, a democrática e a liberal. A principal problemática da liderança é saber quando aplicar qual processo, com quem e dentro de que circunstâncias e atividades a serem desenvolvidas. Recursos Humanos 31 Módulo II LIDERANÇA SITUACIONAL: De acordo com a Liderança Situacional, não existe um único modo melhor de influenciar as pessoas. O estilo de liderança que uma pessoa deve adotar com indivíduos ou grupos depende do nível de maturidade das pessoas que o líder deseja influenciar. O estilo de liderança apropriado a cada um dos quatro níveis de maturidade inclui a dosagem certa de comportamento de tarefa (direção) e comportamento do relacionamento (apoio). “Determinar”: para maturidade baixa. Pessoas que não têm nem capacidade nem vontade de assumir a responsabilidade de fazer algo, não são competentes nem seguras de si. “Persuadir”: para maturidade entre baixa e moderada. As pessoas que não têm capacidade mas sentem disposição para assumir responsabilidades, têm confiança em si, mas ainda não possuem as habilidades necessárias. “Compartilhar”: para maturidade entre moderada e alta. As pessoas deste nível de maturidade têm capacidade, mas não estão dispostas a fazer o que o líder quer. “Delegar”: para maturidade alta. As pessoas deste nível de maturidade têm capacidade e disposição para assumir responsabilidades. A chave da utilização da Liderança Situacional consiste em avaliar o nível de maturidade dos liderados e comportar-se de acordo com o modelo. Na Liderança Situacional está implícito a idéia de que o líder deve ajudar os liderados a amadurecer até o ponto em que sejam capazes e estejam dispostos a fazê-lo. A liderança situacional sustenta que, para os liderados imaturos, é apropriada uma direção firme (comportamento de tarefa), se quisermos que eles se tornem produtivos. Analogamente, sugere que um aumento de maturidade da parte de pessoas ainda um tanto imaturas deve ser recompensado por maior reforço positivo e apoio sócio-emocional (comportamento de relacionamento). Finalmente, quando os liderados atingirem altos níveis de maturidade, o líder deverá reduzir ainda mais não apenas o controle sobre suas atividades, mas também o comportamento de relacionamento. Com pessoas bem amadurecidas, o apoio sócio-emocional já não é tão importante quanto a necessidade de autonomia. Neste estágio, uma das formas pelas quais os líderes podem demonstrar sua confiança em pessoas de alto nível de maturidade consiste em deixá-las cada vez mais por sua própria conta. Independente do nível de maturidade de um indivíduo ou grupo, podem ocorrer algumas mudanças. Sempre que, por qualquer razão, o desempenho de um liderado começar a regredir e sua capacidade ou motivação diminuir, o líder deverá reavaliar-lhe o nível de maturidade e voltar na curva prescritiva, a fim de dar-lhe o apoio sócio-emocional e a direção apropriada. A Liderança Situacional se preocupa com a adequação ou eficácia dos estilos de liderança de acordo com a maturidade dos liderados em relação à tarefa. Recursos Humanos 32 Módulo II A Maturidade inclui duas dimensões: Maturidade de Trabalho (capacidade) e Maturidade Psicológica (disposição). - A Maturidade de Trabalho está relacionada com a capacidade de fazer alguma coisa. Refere-se ao conhecimentoe à capacidade técnica (conhecimento, capacidade, experiência). - A Maturidade Psicológica refere-se à disposição ou motivação para fazer alguma coisa. Diz respeito à confiança em si mesmo e ao empenho. As pessoas que têm alta maturidade psicológica em determinada área ou responsabilidade julgam que a responsabilidade é importante, têm confiança em si mesma e sentem-se bem nesse aspecto do seu trabalho. Não precisam de grande encorajamento para cumprir suas tarefas. O LÍDER “O COMPORTAMENTO DO GRUPO VARIA CONFORME O FENÔMENO DA LIDERANÇA, MARCADA PELA PRESENÇA DO LÍDER.” (Kurt Lewin) O líder é o guia, tem iniciativa nas situações que os demais vacilam, os demais sentem-se seguros com a sua presença. O líder tende a possuir rapidez e firmeza de decisão, imaginação e, frequentemente, algum conhecimento especial, é respeitado por disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um. O líder do grupo, é mais amplamente conhecido do que os demais membros, em consequência de sua capacidade de mobilidade maior. O líder lida com o grupo, respeitando as diferenças individuais mobiliza o grupo, dirigindo-se primeiramente ao seu auxiliar direto. TIPOS DE LÍDERES, SUA INFLUÊNCIA E A CONDUTA DO GRUPO A experiência do psicólogo social, Kurt Lewin, comprovou o efeito que tipos diferentes de liderança teriam sobre a conduta do grupo. NA FUNÇÃO AUTORITÁRIA: (líder autocrático) fortemente diretivo, toma para si as responsabilidades de designar tarefas e de eleger seus companheiros de trabalho e indicar as pessoas e o que deve ser seguido (esboça antecipadamente todo o plano a ser desenvolvido). Premia ou repudia arbitrariamente o trabalho do grupo, esclarecendo o motivo porque considera uns bons e alguns maus. A reação do grupo é de antipatia ou de agressividade. Essas reações estão relacionadas com a dependência com respeito a função autoritária. A reação agressiva implica a rebeldia e desejo de chamar à atenção, e uma amizade mútua entre os membros, que sente necessidade dela no grupo apático. Recursos Humanos 33 Módulo II NA FUNÇÃO DEMOCRÁTICA: (líder democrático) o líder favorece as discussões e as decisões orientando o grupo, sugerindo esquemas possíveis que o grupo possa concluir e obter o resultado almejado. O líder democrata reconhece os méritos e as falhas ocorridas o trabalho. DEFEITOS E QUALIDADES DE UM LÍDER: Sintetizando, sem a pretensão de esgotar o quadro de características do líder, podemos apontar: DEFEITOS DO LÍDER: -Lutar pelo poder no grupo, reprimindo o surgimento de outras lideranças; - Dominar o grupo, impondo sua vontade; - Açambarcar as decisões e a ação do grupo, deixando os outros na sombra, passivos; - Anular as iniciativas dos integrantes do grupo; - Ser ativista sem tempo para refletir, questionar, acolher, revisar; - Marcar os outros, sem se deixar marcar por eles; - Gerar dependências, sem admitir sua dependência dos demais; - Queimar etapas no processo de crescimento do grupo; - Centralizar tudo em si, deixando o grupo confuso, quando ausente; - Desconhecer o processo de dinâmica de grupo; - Desconhecer que num grupo há pessoas com qualidades diferentes; - Projetar-se como sendo mais importante ao grupo que os outros; - Satisfazer-se com sua realização pessoal, sem se preocupar com que os outros também se sintam realizados. QUALIDADES DO LÍDER: - Aceitar as contribuições dos outros, analisando-as com vistas à sua aplicação; - Deixar cargos e funções a outros, para se exercitarem e se expressarem; - Ir ao encontro dos integrantes do grupo; - Tomar decisões em conjunto; - Estimular a participação de todos, partilhando responsabilidades, êxitos e fracassos; - Crescer com os integrantes, sem ser o dono do grupo ou da verdade; - Não querer marcar época e perpetuar-se com realizações fantásticas; - Falar na hora certa e escutar sempre, com desejo de captar o outro; - Ter objetivos claros ou clareá-los com todo o grupo; - Perseverar na conquista dos objetivos, também nas dificuldades; - Informar aos demais o que se passa; - Questionar, sem fazer-se juiz dos outros; - Provocar a coesão e garantir a continuação do grupo, quando ausente. DEZ MANDAMENTOS DE LIDERANÇA: (Pierre Weil) 1. Respeitar o ser humano e crer em suas possibilidades, que são imensas; 2. Confiar mais no grupo do que em si próprio; Recursos Humanos 34 Módulo II 3. Evitar críticas a qualquer pessoa em público, procurando sempre elogiar diante do grupo, os aspectos positivos de cada um; 4. Estar sempre dando o exemplo, ao invés de ficar criticando o tempo todo; 5. Evitar dar ordens, procurando sempre a cooperação de cada um; 6. Dar a cada um o seu lugar, levando em consideração os seus gostos, interesses e aptidões pessoais; 7. Evitar tomar, mesmo de maneira provisória, a iniciativa de uma responsabilidade que pertence a outrem, mesmo que pensando que faria melhor; no caso dos chefes ou encarregados que são seus subordinados, evitar passar por cima deles; 8. Consultar os membros do grupo, antes de tomar uma resolução importante, que envolva interesses comuns; 9. Antes de agir, explicar aos membros do grupo o que vai fazer e porquê; 10. Evitar tomar parte nas decisões quando presidir uma reunião; guardar neutralidade absoluta, fazendo registrar imparcialmente as decisões do grupo. LIDERANÇA E CHEFIA Para ser líder é preciso, além de ter nascido com talento e dom, exercitar a liderança; testar a si mesmo seguidamente, estudar com profundidade a natureza humana, desenvolver a sensibilidade e a intuição. O líder cativa as pessoas pelo comportamento, seu exemplo, e pela ética. Para o líder não há dois pesos e duas medidas e a sua flexibilidade jamais será moral. As pessoas sentem que podem confiar plenamente nele em qualquer circunstância, e ele nunca as desaponta. Assim, é bom lembrar que Líder é diferente de Chefe. -O Líder surge naturalmente o chefe é posição do Cargo. -CHEFE: tem a visão curta x LÍDER: tem a visão panorâmica. -Um Administra recursos humanos x Outro lidera pessoas. -Um precisa ganhar sempre x Outro precisa ganhar mais do que perder. -Um tem todo o poder x Outro tem competência. -Para um, conflitos são aborrecimentos x Para outro, conflitos são lições. -Para um, crises são riscos x Para outro, crises são oportunidades. -O líder opera sobre os recursos emocionais e espirituais da organização, sobre seus valores, comprometimento e aspirações. -Em contraste, o chefe opera sobre os recursos físicos da organização, sobre seu -capital, habilidades humanas, matérias-primas e tecnologia. Enfim, a liderança é definida como um fenômeno complexo. O líder é a pessoa que tem habilidade de influenciar outros no trabalho ou em qualquer atividade na comunidade. O chefe é designado. Ele tem o poder legítimo e pode tanto premiar como punir. Sua habilidade de influenciar é baseada na autoridade formal inerente a sua posição. Em contraste, o líder pode tanto ser apontado como surgir naturalmente. Uma das abordagens Recursos Humanos 35 Módulo II mais comuns na literatura sobre liderança é que toda organização deve ter líderes eficientes. Por outro lado, se todo chefe deveria ser um bom líder, nem todo líder tem necessariamente a capacidade de desempenhar uma atividade administrativa. 7. TENSÕES NO DIA-A-DIA DAS EMPRESAS: COMO SUPERAR AS DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO E DE INFLUÊNCIAS NO AMBIENTE DE TRABALHO. O século passado consagrou-se pelo desenvolvimento tecnológico e parece ter indicado que o homem abriu uma via na qual não pode mais parar de perseguir avanços, com uma ousadia cada vez maior. No limiar deste novo século, a par dos esforços por avanços tecnológicos, cresce o empenho na busca de valores, entre outros, justiça e solidariedade na construção de novos modelos de organização. Nunca foi tão urgente e dramática a necessidade de conhecimento, de retomada de valores humanos, principalmente para aqueles que trabalham com tecnologia perecível como serviços ou produtos que envolvem informação. Nos últimos anos, muitos autores dedicaram-se ao aprofundamento das questões relacionadascom o conhecimento, nas empresas, e com a identificação das características das organizações, cuja visão, missão, estratégia, cultura, estrutura organizacional, estilo gerencial, estratégia de Gestão de Pessoas, normas, processos e práticas lhes garantem eficiência e eficácia. São unânimes ao concluir que as empresas líderes em seus ramos de negócio apresentam características comuns de gestão, de ambiente de trabalho, de liderança, de postura e de aprendizado, relacionadas com as dificuldades de relacionamento e de influências no ambiente de trabalho. O processo de mudança tem início, mas não tem fim, ele é dinâmico e ao mesmo tempo contínuo e às vezes até uma questão de sobrevivência. Ou entra-se com ética e de forma harmoniosa nessa dança, ficando atento ao ritmo da música e à melodia, ou fica-se estagnado. A viabilidade e a velocidade dessa mudança dependerá de fatores tais como: maturidade; sensibilidade e capacidade de adaptação. Outros fatores são essenciais nesse processo, como: Conhecimento - o saber é a base do desenvolvimento. O saber não tem limites, é infinito. Acelerar, manter, retroalimentar esse saber, só se faz com interesse, curiosidade, esforço; vontade de aprender; determinação para aprender a aprender; comprometimento com a busca da excelência, mostrando-se inclusive capacitado para compreender a vida em uma dimensão mais ampla. Habilidade - é a capacidade, inteligência; reconhecimento de ter plena consciência das habilidades que possui, fazendo o indivíduo sentir-se seguro em seus propósitos, apto, capaz para atender expectativas, demonstrar e buscar a realização dos objetivos almejados. Fazer acontecer utilizando as habilidades é um fator essencial para o sucesso. Recursos Humanos 36 Módulo II É possível fazer acontecer? Para fazer acontecer é necessário que as ideias se transformem em ações, que sejam colocadas em prática, que as habilidades sejam utilizadas e alguns fatores são preponderantes para o desenvolvimento pessoal e profissional: - Visualizar com detalhes, como se tudo estivesse realizado. Imaginar com detalhes o estado desejado. Essa imagem cristalina é algo que irá naturalmente orientá-lo quanto ao que deve ser feito. Se o primeiro passo for dado, a natureza fará que os demais possam acontecer; - Que todas as realizações sejam concretizadas de corpo e alma. Fazer o “impossível” se tornar possível, somente passível de ser concretizado quando existe envolvimento integral, fazendo tudo com boa vontade e prazer. As probabilidades de dar certo aumentam tremendamente quando se é otimista e perseverante; - Concentração nos pontos fortes. Ao invés de se deixar bloquear por eventuais pontos fracos, ancore-se nos pontos fortes; - Decolar e se aperfeiçoar em pleno vôo. Planejar o suficiente. Evitar afogar-se em planejamentos que nunca terminam ou planos que nunca saem do papel; - Criar condições favoráveis. Procurar trabalhar as barreiras positivamente até que elas se enfraqueçam ou desapareçam ou invés de tentar atravessá-las à força; - Equilibrar-se, tentando visualizar as recompensas possíveis; - Evitar pensamentos negativos. Não desperdiçar energia principalmente se forem negativas; - Ser generoso. A generosidade move montanhas. As coisas fluem melhor à sua volta porque a generosidade faz agir; - Confiar 100% em sua força interior. Fazer acontecer exige fé. Principalmente em si mesmo; - Buscar excelência, nos relacionamentos. Atitudes – a sabedoria popular diz que uma ação vale mais que mil palavras. As ações são a manifestação das atitudes. Saber agir, como agir, e o momento de agir, é fundamental para a preservação da imagem pessoal. Um simples gesto pode contribuir positiva ou negativamente na imagem pessoal e profissional. Ética - a ética está associada aos valores presentes na conduta profissional. O profissional deve traçar sua trajetória de sucesso e de vencedor, calcada no compromisso, no comprometimento com os resultados, na responsabilidade social, no resgate da dignidade humana, no desenvolvimento da competência técnica e interpessoal. A conduta deve moldar-se em valores sólidos, e o indivíduo deve saber investir na valorização da ética, das relações de trabalho e também pessoal. Não se trata de padrão moral, mas de respeito, de estabelecimento de critérios de justiça, de direito, zelo ao sigilo e a lealdade. Pautar a vida profissional em princípios e valores é um mandamento do profissional, mas é importante lembrar que não pode haver diferença entre os valores defendidos e a forma como realmente a pessoa se comporta. Recursos Humanos 37 Módulo II Carisma - as pessoas carismáticas constituem maravilhosas exceções nesse mundo ao mesmo tempo exaustivo e paradisíaco. Enquanto outros se massacram, se destroem, se conturbam, o carismático se movimenta irradiando harmonia, transformando problemas em aprendizado, plantando amor e fraternidade. Identifica-se uma pessoa carismática pela espiritualidade, serenidade e fé manifesta. Com sua humildade e sabedoria, atraem os demais, sendo convincentes, sensatos e amistosos, além de dar o prazer de usufruir a sua companhia, ensinamentos, exemplo de respeito, justiça e amor ao próximo. Com ela se aprende a viver harmoniosamente com as incertezas e as surpresas, encarando-as naturalmente como parte do processo da vida. As pessoas carismáticas conseguem respeito e credibilidade. Empatia - empatia é a habilidade de perceber as reações de outra pessoa, conseguindo identificar o que o outro está sentindo, pensando e compreendendo-o. A empatia é de grande importância na comunicação, pois ela facilita a compreensão correta da mensagem. Ao colocar se no lugar do outro, podemos perceber melhor suas necessidades e sentimentos. Ao fazê-lo aumenta-se a probabilidade de atendê-la em maior plenitude, compreendendo-a melhor. Credibilidade - está associada à imagem. Como ser acreditada se as ações são respaldadas na “lei do menor esforço”, na “lei do tirar vantagem em tudo” ou na falta de ética. Para ter credibilidade faz-se necessário a ética, a discrição, a integridade, o profissionalismo, a honestidade, o conhecimento e uma boa imagem. Comunicação – na era da informação, se o profissional não sabe se comunicar, é preciso exercitar de imediato essa habilidade, pois a comunicação é um dos fatores fundamentais para quem deseja investir no seu próprio desenvolvimento. Saber comunicar-se também é saber e querer ouvir. Ser um bom ouvinte significa ser estimulado pela curiosidade e pela empatia. É difícil ser um bom ouvinte se não existe interesse pelo assunto ou pelas pessoas. Implica questionar convenientemente, oportunamente em prol de uma melhor compreensão. Capacidade de persuasão – é importante que com o poder de convencimento, conseguir vender as ideias e serviços. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA MINICUCCI, Agostinho – Psicologia Aplicada à Administração, Editora Atlas, 2007. BERGANINI, Cecília Whitaker – Psicologia Aplicada à Administração de Empresas, Editora Atlas, 2008. SPECTOR, Paul E. – Psicologia nas Organizações, Editora Saraiva, 2006. Recursos Humanos 38 Módulo II EXERCÍCIOS a) Defina reflexivamente um conceito para cada um dos temas abaixo: -Psicologia -Comportamento -Auto conhecimento -Atitude -Sentimento -Motivação -Liderança -Trabalho de equipe e tipos b) Quais são as cinco necessidades fundamentais que compõem a hierarquia de Maslow ? Comente-as. c) Quais as habilidades para o trabalho em equipe? d) O que é ser líder ? e) Quais são as qualidades e os defeitos de um líder? ANOTAÇÕES: Recursos Humanos 39 Módulo II LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA Recursos Humanos 41 Módulo II 1. Conceito e natureza do Direito: A norma jurídica “O Direito está em função da vida social. A sua finalidade é a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da sociedade” (Paulo Nader) “O Direito propõe-se a promover os alicerces da convivência pacífica e promissora. Essa é a finalidade do conjunto de normas jurídicas impostas pela sociedadea si mesma, através do Estado, para manter a ordem e coordenar os interesses individuais e coletivos” (João Batista Nunes Coelho) Finalidade básica – COEXISTÊNCIA PACÍFICA Máxima em Direito: “NINGUÉM PODE ALEGAR DESCONHECIMENTO DA LEI” (art.3°, do Decreto-Lei n° 4657/42) “O fim atribuído ao Direito não é o de criar uma ordem ideal, mas uma ordem real de convivência”. Ciência do Direito é o setor do conhecimento humano que investiga e sistematiza os conhecimentos jurídicos. O que é Direito? O conceito mais natural define como o “Conjunto de normas/leis estabelecidas por um poder soberano, que disciplinam a vida social de um povo”. O conceito mais acadêmico define que “O Direito é processo de adaptação social, que consiste em se estabelecerem regras de conduta, cuja incidência é independente da adesão daqueles a que a incidência da regra jurídica possa interessar”. (Pontes de Miranda) Direito Natural e Direito Positivo São duas realidades distintas. Direito Natural: revela ao legislador os princípios fundamentais de proteção ao homem que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação a fim de que se obtenha um ordenamento jurídico justo. O Direito Natural não é escrito, não é criado pela sociedade e nem é formulado pelo Estado. É um Direito espontâneo que se origina na natureza social do homem e que é revelado pela experiência e razão. Princípios de caráter universal e imutáveis. Ex: direito à vida, direito à liberdade. Direito Positivo: é o Direito institucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica obrigatória em determinado tempo e lugar. Ex: Código Civil, Código Penal. Direito Objetivo e Direito Subjetivo Não são realidades distintas, mas dois lados do mesmo objeto. Direito Objetivo: o Direito é norma de organização social. Jus norma agendi Ex: Código Civil, Código Penal. Recursos Humanos 42 Módulo II Direito Subjetivo: corresponde às possibilidades ou poderes de agir que a ordem jurídica garante a alguém. Jus faculta agendi Ex: Fulano tem direito à indenização por danos morais. É A PARTIR DO CONHECIMENTO DO DIREITO OBJETIVO QUE DEDUZIMOS O DIREITO SUBJETIVO. Ordem Jurídica É a expressão que coloca em destaque uma das qualidades essenciais do Direito Positivo, que é a de agrupar normas que se ajustam entre si e formam um todo harmônico e coerente de preceitos. Noção geral de Norma Jurídica “O estudo da norma jurídica é de fundamental importância, porque se refere à substância própria do Direito objetivo. Conhecer o Direito é conhecer as normas jurídicas em seu encadeamento lógico e sistemático. As normas ou regras jurídicas estão para o Direito de um povo, assim como as células para um organismo vivo. Para promover a ordem social, o Direito objetivo deve ser prático, ou seja, relevar-se mediante normas orientadoras das condutas interindividuais. Não é suficiente, para se alcançar o equilíbrio da sociedade, que os homens estejam dispostos à prática da justiça; é necessário que se indique a fórmula da justiça que satisfaça a sociedade em determinado momento histórico. “A norma jurídica exerce justamente esse papel de ser o instrumento de definição da conduta exigida pelo Estado.” (Paulo Nader, p.83) A norma jurídica disciplinadora dos modos de conduta interessantes ao convívio social é a expressão formal do Direito, e o conjunto das normas jurídicas forma o ordenamento jurídico. Trata-se de um sistema hierárquico de normas, o Direito leva as pessoas a se ligarem, comprometendo-se entre si, quer dizer, obrigando-se mutuamente. A norma enuncia e veicula o Direito, um sistema de limites, porquanto “as normas jurídicas são normas de delimitação de interesses, fixando o limite entre o direito e não - direito”. A norma jurídica alcança o campo da legalidade (campo da previsão da lei, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”), da ilicitude (conduta reprimida por sanção) e da licitude (campo além da faixa de legalidade, indefinido e ilimitado). O mundo do direito coincide com o mundo da sociabilidade. Natureza – A norma é, antes de tudo, norma ética. A norma ética abrange a norma jurídica (legal, consuetudinária, jurisprudencial e doutrinária), com sanção institucionalizada e coação, e a norma moral, com sanção apenas social e interior. Após interpretar a teoria da imperatividade da norma jurídica, a teoria da norma como coatividade ou coação e outras Recursos Humanos 43 Módulo II doutrinas, Arnaldo Vasconcelos demonstra a norma como juízo disjuntivo, posição defendida por Carlos Cossio, e a norma como juízo de estrutura trivalente, na forma preconizada por Miguel Reale. Para Cossio, a norma se expressa na forma de um juízo disjuntivo: como deve acontecer uma coisa (mundo lícito) ou, em caso contrário (mundo ilícito), a sanção. Para Reale, a norma comporta a previsão de um fato, e esse fato, pelo seu valor, determina uma consequência. A norma é a integração de fato e valor, e ela encerra valores a serem preservados. O Direito envolve três aspectos básicos: normativo (o Direito como ordenamento); fático (o Direito como fato) e axiológico (o Direito como valor de Justiça). Norma, fato e valor são os três elementos da tridimensionalidade do Direito, de acordo com Miguel Reale, doutrinador da Teoria da Tridimensionalidade do Direito. Inexistem separados. Coexistem numa unidade concreta, completa Reale. São características da essência da norma, segundo Reale: o caráter “imperativo” (a obrigatoriedade da norma) e o caráter “hipotético” (previsão de fatos). Fundamento - “A norma tinge o fato, juridicizando-o, e tem-se, então, o fato jurídico”, explica Arnaldo Vasconcelos. Ele complementa: só há Direito a partir da norma, e não há Direito fora da norma jurídica. O fundamento da norma jurídica é dado pela razão de justiça, afirma Arnaldo Vasconcelos. Ele examina todas as principais formulações doutrinárias sobre o fundamento da norma jurídica: as teorias teocráticas (a norma expressão da vontade de Deus), jusnaturalista (a norma como expressão do Direito Natural, ou o sentimento de aspiração de justiça sempre presente no homem), contratualista (a norma como resultado do contrato social ou da vontade geral) e neocontratualista (a norma como adesão a seu preceito ou expressão de reconhecimento), histórica (a norma como expressão do costume e do espírito do povo), sociológica (a norma como produto natural das condições da vida social) e normativistas (a norma como objeto da Ciência do Direito e separada dos elementos metajurídicos). Características - As normas têm três características ou propriedades, de acordo com Arnaldo Vasconcelos: a bilateralidade (a norma tem dois lados: alguém dispõe, os demais obedecem); a disjunção (o dever-ser ou a sanção pelo descumprimento do dever-ser) e a sanção (a pena para o ato ilícito). Os elementos da generalidade, da abstratividade, da coatividade (tem apenas caráter aleatório no Direito), da imperatividade (a norma não expressa relação entre legislador e súditos) e da permanência (incompatibilidade com o progresso social) não se prestam à caracterização das normas jurídicas. Classificação - Arnaldo Vasconcelos apresenta uma seleção de classificações das normas jurídicas: quanto à destinação (Direito, previsão normativa, e Sobredireito, normas sobre normas, normas de caráter público ou social); quanto ao modo de existência (normas explícitas, ou Direito expresso, e normas implícitas, supridoras das lacunas do Direito expresso); quanto à fonte (a lei, o costume, a jurisprudência, a doutrina, os princípios gerais Recursos Humanos 44 Módulo II de Direito); quanto à matéria (normas de Direito Público, normas de Direito Privado e normas de Direito Social). Legitimidade - “Onde houver norma jurídica, há Direito a observar”, ensina Arnaldo Vasconcelos. Ele avalia a norma jurídica sob o aspecto da validade formal, instâncias de validade, e sob o aspecto da validade material, ou instâncias de valor (a norma obriga não somente porque é válida, mas também porque têm valor). As instânciasde validade são: a juridicidade (relações intersubjetivas); a positividade (o direito posto e a exigibilidade do preceito normativo); a vigência (dimensão temporal da norma); eficácia (validade social, a constância na aplicação da norma). As instâncias de valor são: justiça (o mérito de o Direito positivo possuir valor); legitimidade (a norma precisa ser justa e legítima, poder com autoridade). “Onde há homens agrupados, há Direito”. Todo grupo social pressupõe, para a sua manutenção e desenvolvimento, organização interna e estrutura de poder. O poder para impor-se necessita ter autoridade, isto é, ser legítimo, e o poder legítimo (poder com autoridade ou poder autorizado) se situa entre dois pólos equidistantes: a anarquia (cada um faz sua lei) e o despotismo (a lei de um para todos). Somente o poder legítimo pode outorgar normas jurídicas com presunção de justiça e de legitimidade, ou seja, normas justas e legítimas justificadoras da obrigatoriedade jurídica. As normas das associações de malfeitores (mafiosos) revelam nota de validade formal e podem conter certo grau de justiça, mas lhes falta a legitimidade (poder autorizado). O Direito é criação do Estado, e a soberania é a fonte única e exclusiva de produção do Direito, diz a doutrina monista jurídica O Direito positivo se resume ao sistema jurídico do Estado. O ordenamento jurídico abrange, além do sistema estatal, vários outros sistemas criados pelas sociedades e cidadãos, como a Igreja, o sindicato e o clube esportivo, diz a doutrina pluralista jurídica (pluralidade de Direito positivo). O poder de criação normativa não é originário nem exclusivo do Estado. O Direito antecede o Estado e o institui. A instituição do Estado é ato jurídico, e representa a transferência pela sociedade ao Estado do máximo de poder, a fim de o Estado assumir a criação do Direito, zelar por sua integridade e garantir o seu cumprimento. “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, diz o artigo 1º, parágrafo único, da CF. O Estado se converte em juiz da legalidade, e o povo fica como árbitro supremo da legitimidade. Recursos Humanos 45 Módulo II As pessoas se obrigam juridicamente impelidas pelo sentimento de justiça e pela crença na legitimidade das normas de Direito. Diferença entre norma jurídica, regra e lei: “As expressões norma e regra jurídicas são sinônimas, apesar de alguns autores reservarem a denominação regra para o setor da técnica e, outros para o mundo natural”. (Paulo Nader, p. 83) - conceito de norma jurídica: “As normas jurídicas são esquemas que fornecem modelo de condutas, tendo em vista os valores da coletividade”. (Miguel Reale) “A norma contém um comando geral e abstrato, isto é, vale para uma pluralidade de casos indeterminados”. (Ronaldo Poletti) NORMA JURÍDICA É A CONDUTA EXIGIDA OU O MODELO IMPOSTO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL. (Paulo Nader, p.83) Conceito de lei: “A lei é a forma moderna de produção do Direito Positivo. É ato do Poder Legislativo, que estabelece normas de acordo com os interesses sociais. "As vantagens que a lei oferece do ponto de vista da segurança jurídica fazem tolerável um coeficiente mínimo de distorções na elaboração do Direito objetivo”. (Paulo Nader, p.146) Lei em sentido amplo: “é uma referência genérica que atinge a lei propriamente, à medida provisória1 e ao decreto2”. Lei em sentido estrito: “lei é o preceito comum e obrigatório, emanado do Poder Legislativo, no âmbito de sua competência”. 1- Criada pela Constituição Federal de 1988, a medida provisória é ato de competência do Presidente da República, que poderá editá-la na hipótese de relevância e urgência, excluída a permissão constitucional sobre matéria afeta à nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, Direito Eleitoral, Penal, Processual Penal e Processual Civil, entre outros assuntos, conforme prevê o art. 62 da Emenda Constitucional n° 32, de 11 de setembro de 2001. Caso não logre a conversão em lei dentro do prazo de 60 dias da publicação, a medida provisória perderá seu caráter obrigatório, com efeitos retroativos ao início de sua vigência. Ocorrendo essa hipótese, o Congresso Nacional deverá disciplinar as relações sociais afetadas pelas medidas provisórias rejeitadas. Recursos Humanos 46 Módulo II 2- Os atos normais de competência do Chefe do Executivo – Presidente da República, Governador de Estado, Prefeito Municipal – são baixados mediante simples decreto. A validade destes não exige o referendo do Poder Legislativo. 2. Autonomia do Direito do Trabalho Direito do trabalho, ou direito laboral, é o conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre empregados e empregadores, e os direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores. Estas normas, no Brasil, estão regidas pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Constituição Federal e várias Leis Esparsas (como a lei que define o trabalho do estagiário, dentre outras). Surge como autêntica expressão do humanismo jurídico e instrumento de renovação social. Constitui atitude de intervenção jurídica em busca de um melhor relacionamento entre o homem que trabalha e aqueles para os quais o trabalho se destina. Visa também a estabelecer uma plataforma de direitos básicos. Portanto, a definição de Direito do Trabalho é o conjunto de normas e princípios que regulamentam o relacionamento entre empregado e empregadores. Pode ser conceituado também segundo Hernainz Marques, professor de Direito do Trabalho, como “Conjunto de normas jurídicas que regulam as relações de trabalho, sua preparação, desenvolvimento, conseqüências e instituições complementares dos elementos pessoais que nelas intervêm." Não é apenas o conjunto de leis, mas de normas jurídicas, entre as quais os contratos coletivos, e não regula apenas as relações entre empregados e empregadores num contrato de trabalho, mas vai desde a sua preparação com a aprendizagem até as conseqüências complementares, como por exemplo a organização profissional. Por fim, cumpre diferenciarmos a denominação “Direito do Trabalho” de “Legislação do Trabalho”, expressão defendida por alguns na fase de consolidação deste ramo do Direito. Na verdade, não há que se falar em “Legislação do Trabalho”, haja vista que há uma universalidade de normas trabalhistas não restritas às leis, mas que englobam também institutos peculiares do ramo como as convenções e acordos coletivos de trabalho e as sentenças normativas, além de existirem também princípios doutrinários não necessariamente expressos em lei. Funções Visa a melhoria das condições de pactuação da força de trabalho na ordem socioeconômica; modernização da legislação de forma progressista; e tem caráter civilizatório e democrático. O direito do trabalho está sempre em expansão, sendo considerado por alguns doutrinadores como um ramo do direito em transição. Caracteriza-se por ser intervencionista e protetivo em relação ao empregado. Seus institutos típicos são em essência coletivos ou socializantes. Divisões do direito do trabalho Recursos Humanos 47 Módulo II Há, primeiramente, a distinção entre o ramo individual e o ramo coletivo do Direito do Trabalho. Temos o direito individual do trabalho, que rege as relações individuais, tendo como sujeitos o empregado e o empregador e a prestação de trabalho subordinado, por pessoa física, de forma não-eventual, remunerada e pessoal. Já o direito coletivo do trabalho é conceituado como "o conjunto de normas que consideram os empregados e empregadores coletivamente reunidos, principalmente na forma de entidades sindicais"[1]. Versa, portanto, sobre organizações sindicais, sua estrutura, suas relações representando as categorias profissionais e econômicas, os conflitos coletivos entre outros. Como adverte manter a doutrina italiana, o direito individual pressupõe uma relação entre sujeitos de direito, considerando os interesses concretos de indivíduos determinados, contrariamente ao direito coletivo, que pressupõe uma relaçãoentre sujeitos de direito, em que a participação do indivíduo também é considerada, mas como membro de determinada coletividade. Neste último, consideram-se os interesses abstratos do grupo. [2] Temos também o direito público do trabalho, que disciplina as relações entre o trabalhador e o serviço público. Por sua vez, o direito internacional do trabalho, versa sobre os tratados e convenções internacionais em matéria trabalhista e notadamente a atuação da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Natureza jurídica De acordo com a maioria dos pensadores, seria um ramo do Direito Privado pois sua categoria nuclear é, essencialmente, uma relação jurídica entre particulares. Entretanto, existem doutrinadores que lhe atribuem caráter de Direito Público diante da prevalência de suas normas imperativas e indisponíveis. A posição mais atual considera o Ramo Trabalhista como uma área mista e complexa. Mista pois ora trata de direitos individuais, ora de direitos coletivos e ora de direitos difusos. Complexa porque diante de sua importância tem amplo impacto na economia de um país e / ou internacionalmente, de modo que não se trata de um sistema fechado e isolado. Na verdade, é nessário distinguir duas categorias de normas e sua sanção respectiva. Primeiro, o conjunto de normas que rege as relações entre empregado e empregador, com inegável caráter de Direito privado. Segundo, o grupo de normas que disciplina a relação entre o Estado e o empregador, essa de natureza administrativa, que revela seu caráter de Direito Público. Visto por esse prisma,deve-se concluir que o Direito do Trabalho é uma ramo do Direito misto. A natureza jurídica do Direito do Trabalho, que deve ser extraída dos elementos essenciais deste ramo, é objeto de divergências entre os mais renomados juristas. Há cinco possíveis posicionamentos sobre sua natureza jurídica. Recursos Humanos 48 Módulo II Primeiramente, discute-se se tal ramo pertence ao Direito Público ou ao Direito Privado. A doutrina aponta certos critérios de distinção entre os referidos ramos, os quais se citará três deles: o critério da titularidade, o critério do interesse e o da sujeição. Pelo primeiro, a diferenciação está no titular do direito, que pode ser público ou privado. O critério do interesse, lado outro, examina se o interesse jurídico envolvido é eminentemente público ou se possui caráter privado. Finalmente, o critério da sujeição examina se há subordinação, e, portanto, desigualdade na relação, ou se há coordenação ou igualdade entre as partes. Com base nestes e em outros critérios os autores costumam se embasar para a defesa de um ou de outro ramo. Os que defendem que o Direito do Trabalho se enquadra como ramo do Direito (como, por exemplo, Mário de La Cueva [5]) ponderam que a livre manifestação de vontade da parte foi substituída pela vontade do Estado, o que resulta na imposição estatal da maioria das normas trabalhistas e na institucionalização deste Direito, com o consequente controle estatal. Não haveria, de fato, liberdade em contratar, haja vista que o empregado não pode renunciar, mesmo expressamente, alguns direitos estabelecidos pelo ordenamento jurídico. Lado outro, outros entendem que se trata de ramo do Direito Privado, haja vista que, além de ter nascido este ramo do Direito Civil, o instituto básico do Direito do Trabalho é o contrato trabalhista, que possui caráter eminentemente privado. Afirmam, estes, ademais, que “a relevância da noção do ser coletivo em seu interior, em contraposição ao individualismo prevalecente no Direito Civil não é, como visto, característica isolada do ramo justrabalhista, estando hoje presente em outros ramos do Direito Privado, como o Direito do Consumidor”. Entre estas posições, observa-se a defesa do Direito do Trabalho com um novo e terceiro ramo do Direito, caracterizando-se como Direito Social, cujo fundamento – anteriormente exposto – está na socialização do Direito, em oposição ao Direito individual. Um quarto posicionamento defende o caráter misto do Direito do Trabalho. Assim, não se reconhece a unidade conceitual do direito, devendo ser examinado cada instituto do Direito do Trabalho, que será encaixado ora dentro do Direito Público, ora no Direito Privado. Finalmente, uma quinta corrente defende o Direito Unitário, e tem por adepto Arnaldo Sussekind. É defendida a natureza jurídica unitária do Direito do Trabalho, que abrange, entretanto, normas de Direito Público (como normas de tutela e inspeção do trabalho), e normas de Direito Privado (como as alusivas ao contrato individual de trabalho). Estamos em que, não obstante a existência de normas de ordem pública presentes no Direito do Trabalho, este pertence ao ramo do Direito Privado. Primeiramente, por possuir como titular da ralação a presença de particulares e não do Estado. Em segundo lugar, por cuidar a relação de emprego, apesar do interesse público envolvido, de interesse prevalentemente privado, patrimonial. O terceiro critério abordado, qual seja, o da sujeição, Recursos Humanos 49 Módulo II seria, para nós, o que mais poderia suscitar dúvidas quanto ao enquadramento ao Direito Público ou Privado, haja vista ser a subordinação do empregado em relação ao empregador um critério de caracterização da relação de emprego. Entretanto, acreditamos que a subordinação na relação de emprego não se confunde com aquela existente no Direito Público. A subordinação no Direito do Trabalho refere-se tão-somente à direção da prestação laboral pelo empregador, que irá determinar o modo da realização dos serviços. Ademais, a subordinação deriva de um contrato livremente firmado entre as partes, diferentemente do que ocorre no Direito Público, o que pode ser exemplificado pelo poder de polícia da Administração Pública, que existe independentemente de contrato entre particulares. 3 . Princípios e Fontes do Direito do Trabalho Direito Público do Trabalho - Direito processual do trabalho: destina-se ao estudo da Justiça do Trabalho e dos dissídios individuais e coletivos que nela se processam, para a solução jurisdicional dos conflitos trabalhistas. - Direito administrativo do trabalho: disciplina as relações jurídicas mantidas entre o empregador e a administração e o trabalhador e a administração, destacando-se a fiscalização trabalhista nas empresas. - Direito penal do trabalho: estudas as infrações penais em razão das relações de trabalho, sua caracterização e as sanções previstas pelas normas jurídicas. - Direito de seguridade social: tem por fim o estudo dos benefícios, dos beneficiários, do custeio da previdência social e dos acidentes de trabalho. - Função integrativa dos princípios segundo a CLT: a lei trabalhista (CLT, art. 8º) dispõe que as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais do direito, principalmente do direito do trabalho. - Função diretiva dos princípios: os princípios constitucionais não podem ser contrariados pela legislação infraconstitucional; não fosse assim, ficaria prejudicada a unidade do ordenamento jurídico; a forma de preservá-la é a aplicação dos princípios. - Direitos e garantias fundamentais: são princípios gerais do direito, aplicáveis no direito do trabalho, os princípios constitucionais fundamentais da Constituição, presentes no Título I; há princípios gerais no art. 5º, o respeito à dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, mais inúmeros outros, todos relacionados com questões trabalhistas. Recursos Humanos 50 Módulo II - Princípios constitucionais específicos: liberdade sindical (art. 8º); não-interferência do Estado na organização sindical (art. 8º); direito de greve (9º), representação dos trabalhadores na empresa (11), reconhecimento de convenções e acordos coletivos (7º, XXVII); etc. - Função do princípio da norma favorável ao trabalhador: é tríplice a sua função: primeiro,é princípio de elaboração de normas jurídicas, significando que, as leis devem dispor no sentido de aperfeiçoar o sistema, favorecendo o trabalhador, só por exceção afastando-se desse objetivo; a segunda função é hierárquica, é princípio de hierarquia entre as normas; é necessário estabelecer uma ordem de hierarquia na aplicação destas; assim, havendo duas ou mais normas, estatais ou não estatais, aplica-se a que mais beneficiar o empregado; a terceira função é interpretativa, para que, havendo obscuridade quanto ao significado destas, prevaleça a interpretação capaz de conduzir o resultado que melhor se identifique com o sentido social do direito do trabalho. - Princípio da condição mais benéfica: significa que na mesma relação de emprego uma vantagem já conquistada não deve ser reduzida. - Princípio da irrenunciabilidade dos direitos: é nulo todo ato destinado a fraudar, desvirtuar ou impedir a aplicação da legislação trabalhista; só é permitida a alteração nas condições de trabalho com o consentimento do empregado e, ainda assim, desde que não lhe acarretem prejuízos, sob pena de nulidade. 4. Direito Individual do Trabalho - Conceito: haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física se obrigar a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e sob dependência desta, durante um período determinado ou indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneração; quanto à relação de emprego, dar-se-á quando uma pessoa realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra, sob dependência desta, em forma voluntária e mediante o pagamento de uma remuneração, qualquer que seja o ato que lhe dê origem. - Natureza jurídica - teorias: Contratualismo, é a teoria que considera a relação entre empregado e empregador um contrato; o seu fundamento reside numa tese; a vontade das partes é a causa insubstituível e única que pode constituir o vínculo jurídico; Anticontratualismo, ao contrário, sustenta que a empresa é uma instituição, na qual há uma situação estatutária e não contratual; o estatuto prevê as condições de trabalho, que são prestadas sob a autoridade do empregador, que é detentor do poder disciplinar; a Lei Brasileira define a relação entre empregado e empregador como um contrato, mas afirma que o contrato corresponde a uma relação de emprego (CLT, art. 442). “O contrato de trabalho é contrato de direito privado, consensual, perfeito, comutativo, de trato sucessivo, oneroso e, regra geral, do tipo dos contratos de adesão”. - Classificação: Recursos Humanos 51 Módulo II a) Quanto à forma: pode ser verbal ou escrito, a relação jurídica pode ser formada pelo ajuste expresso escrito, pelo ajuste expresso verbal ou pelo ajuste tácito; b) quanto à duração: há contratos por prazo indeterminado e contratos por prazo determinado (CLT, art. 443); a diferença entre ambos depende simplesmente de ver se na sua formação as partes ajustaram ou não o seu termo final; se houve o ajuste o quanto ao termo final, o contrato será por prazo determinado; a forma comum é o contrato por prazo indeterminado. - Contrato de trabalho individual: é o acordo, tácito ou expresso, formado entre empregador e empregado, para a prestação de serviço pessoal, contendo os elementos que caracterizam uma relação de emprego. - Contrato de trabalho coletivo: é o acordo de caráter normativo, formado por uma ou mais empresas com entidades sindicais, representativas dos empregados de determinadas categorias, visando a auto-composição de seus conflitos coletivos. - Contrato de trabalho de equipe: é aquele firmado entre a empresa e um conjunto de empregados, representados por um chefe, de modo que o empregador não tem sobre os trabalhadores do grupo os mesmos direitos que teria sobre cada indivíduo (no caso de contrato individual), diminuindo, assim, a responsabilidade da empresa; é forma contratual não prevista expressamente na legislação trabalhista brasileira, mas aceita pela doutrina e pela jurisprudência. - Contrato de trabalho e contrato de sociedade: no contrato de trabalho, existe sempre troca de prestações entre o empregado e o empregador, sendo o primeiro subordinado ao segundo; no contrato de sociedade, há trabalho comum, e também a intenção comum dos sócios de compartilharem lucros e assumirem as perdas e os riscos do empreendimento (affectio societatis), inexistindo, além disso, qualquer vínculo de subordinação entre os sócios. - Contrato de trabalho e contrato de empreitada: no contrato de trabalho, existe vínculo jurídico de subordinação, sendo o empregado supervisionado pelo empregador, seu objeto é fundamentalmente o trabalho subordinado; no contrato de empreitada, a execução do trabalho não é dirigida nem fiscalizada de modo contínuo pelo contratante, seu objeto é o resultado do trabalho. - Contrato de trabalho e contrato de mandato: tanto em um como o outro existem vínculos de subordinação jurídica a quem remunera o serviço; no entanto, o vínculo de subordinação é mais acentuado no contrato de trabalho; o de mandato permite maior autonomia ao mandatário; a distinção consiste no grau de subordinação. 4.1 - O Empregado -Conceito: Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. “Considera-se empregado toda pessoa física que Recursos Humanos 52 Módulo II prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário” (CLT, art. 3º). -Requisitos legais do conceito: a) pessoa física: empregado é pessoa física e natural; b) continuidade: empregado é um trabalhador não eventual; c) subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependência; d) salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo serviço que presta, recebe uma retribuição; e) pessoalidade: empregado é um trabalhador que presta pessoalmente os serviços. -Diferença entre empregado e trabalhador autônomo: o elemento fundamental que os distingue é a subordinação; empregado é trabalhador subordinado; autônomo trabalha sem subordinação; para alguns, autônomo é quem trabalha por conta própria e subordinado é quem trabalha por conta alheia; outros sustentam que a distinção será efetuada verificando- se quem suporta os riscos da atividade; se os riscos forem suportados pelo trabalhador, ele será autônomo. -Diferença entre empregado e trabalhador eventual: há mais de uma teoria que procura explicar essa diferença: Teoria do evento, segundo a qual eventual é o trabalhador admitido numa empresa para um determinado evento; dos fins da empresa, para qual eventual é o trabalhador que vai desenvolver numa empresa serviços não coincidentes com os seus fins normais; da descontinuidade, segundo a qual eventual é o trabalhador ocasional, esporádico, que trabalha de vez em quando; da fixação, segundo a qual eventual é o trabalhador que não se fixa a uma fonte de trabalho; a fixação é jurídica. -Trabalhador avulso: são características do trabalho avulso a intermediação do sindicato do trabalhador na colocação da mão-de-obra, a curta duração do serviço prestado a um beneficiado e a remuneração paga basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato; pela CF/88, art. 7º XXXIV, foi igualado ao trabalhador com vínculo empregatício. -Trabalhador temporário: é aquele que prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou acréscimo extraordinário de serviços (art. 2º, da Lei 6.019/74); completa-se com outro conceito da mesma lei (art. 4º), que diz: compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos. -Terceirização: é a transferência legal do desempenho de atividades de determinada empresa, para outra empresa, que executa as tarefas contratadas, de forma que não se estabeleça vínculo empregatício entre os empregadosda contratada e a contratante; é permitida a terceirização das atividades meio (aquelas que não coincidem com os fins da empresa contratante) e é vedada a de atividades-fim (são as que coincidem). Recursos Humanos 53 Módulo II -Estagiário: não é empregado; não tem os direitos previstos na CLT aplicáveis às relações de emprego. -Empregado doméstico: é qualquer pessoa física que presta serviços contínuos a um ou mais empregadores, em suas residências, de forma não-eventual, contínua, subordinada, individual e mediante renumeração, sem fins lucrativos; a Lei 5.589/72, fixou, como seus direitos, a anotação da CTPS, férias anuais de 20 dias e previdência social; a Lei 7.195/84, prevê a responsabilidade civil da agência de colocação de empregado doméstico, pelos danos que este acarretar aos patrões; a CF/88 ampliou os direitos atribuídos por lei ordinária, sendo os seguintes: salário mínimo; irredutibilidade da remuneração; 13º salário; repouso semanal remunerado; aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de 30 dias; licença maternidade (120 dias); licença paternidade; férias com remuneração acrescida em 1/3; aposentadoria. -Empregado rural: é o trabalhador que presta serviços em propriedade rural, continuadamente e mediante subordinação ao empregador, assim entendida, toda pessoa que exerce atividade agroeconômica; o contrato de trabalho rural pode ter duração determinada e indeterminada; são admitidos contratos de safra; seus direitos que já eram praticamente igualados aos do urbano, pela Lei 5.889/73, foram pela CF/88 totalmente equiparados; o trabalhador de indústria situada em propriedade rural é considerado industriário e regido pela CLT e não pela lei do trabalho rural (TST). -Empregado em domicílio: as relações de emprego são desenvolvidas no estabelecimento do empregador e fora dele; estas são cumpridas em locais variados, denominando-se “serviços externos”, ou na residência do empregado, quando têm o nome de “trabalho em domicílio” (CLT, art. 6º); a prestação de serviços externos não descaracteriza o vínculo empregatício. -Empregado aprendiz: surge da relação jurídica desenvolvida na empresa, visando à formação de mão-de-obra, em que a lei admite a admissão de menores, observadas certas formalidades, para que prestem serviços remunerados recebendo os ensinamentos metódicos de uma profissão; a CLT (art. 80, § único) define aprendiz como o menor de 12 a 18 anos sujeito à formação profissional metódica do ofício em que exerça o seu trabalho. -Diretor de sociedade: para a teoria tradicional, não é empregado; é mandatário; a relação jurídica que o vincula à sociedade é de mandato e não de emprego; para a teoria contemporâneo, não há incompatibilidade entre a condição de diretor da sociedade e a de empregado; o elemento fundamental que definirá a situação do diretor de sociedade é a subordinação. -Empregado acionista: não são incompatíveis as condições de empregado e acionista de sociedade anônima, desde que o número de ações (que lhe dê condições de influir nos destinos da sociedade em dimensão expressiva) não se eleve a ponto de transformar o empregado em subordinante e não em subordinado. -Cargo de confiança: é aquele no qual o empregado ocupa uma posição hierárquica levada na qual tenha poderes de agir pelo empregador nos seus atos de representação externa; é Recursos Humanos 54 Módulo II aquele existente na alta hierarquia administrativa da empresa, conferindo ao ocupante amplo poder de decisão; difere do empregado comum apenas pelas restrições de direitos trabalhistas que sofre. 4.2 – Empregador - Conceito: é o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem fim lucrativo, que tiver empregado; “considera-se empregador a empresa. individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (CLT, art. 2º). - Tipos de empregador: há o empregador em geral, a empresa, e o empregador por equiparação, os profissionais liberais, etc.; quanto à estrutura jurídica do empresário, há pessoas físicas. Firmas individuais e sociedades, sendo principal a anônima; quanto à natureza da titularidade, há empregadores proprietários, arrendatários, cessionários, usufrutuários, etc.; quanto ao tipo de atividade, há empregadores industriais, comerciais, rurais, domésticos e públicos. - Responsabilidade solidária dos grupos de empresa: sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas (CLT, art. 2º, § 2º). - Poder de direção: é a faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade do empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida. - Poder de organização: consiste na ordenação das atividades do empregado,inserindo-as no conjunto das atividades da produção, visando a obtenção dos objetivos econômicos e sociais da empresa; a empresa poderá ter um regulamento interno para tal; decorre dele a faculdade de o empregado definir os fins econômicos visados pelo empreendimento. - Poder de controle: significa o direito de o empregador fiscalizar as atividades profissionais dos seus empregados; justifica-se, uma vez que, sem controle, o empregador não pode ter ciência de que, em contrapartida ao salário que paga, vem recebendo os serviços dos empregados. - Poder disciplinar: consiste no direito de o empregador impor sanções disciplinares ao empregado, de forma convencional (previstas em convenção coletiva) ou estatutária (previstas no regulamento da empresa), subordinadas à forma legal; no direito brasileiro as penalidades que podem ser aplicadas são a suspensão disciplinar e a advertência; o atleta profissional é ainda passível de multa. 5. Contrato de Trabalho - Natureza: a natureza do ato de admissão do empregado é explicado de modo diferente pelo contratualismo e pelo anticontratualismo; pelo primeiro, a admissão é um ato de Recursos Humanos 55 Módulo II vontade das partes do vínculo jurídico; é um contrato de adesão, pelo qual o empregado, sem maiores discussões sobre os seus direitos, simplesmente adere aos direitos previstos nas normas jurídicas sem sequer pleiteá-los ou negociá-los com o empregador; pelo segundo, o vínculo entre empregado e empregador não é um contrato; não há acordo de vontades; a admissão não tem natureza negocial, contratual; as partes não ajustam nada; o empregado começa simplesmente a trabalhar. - Forma do contrato: os ajustes serão expressos ou tácitos; os expressos, por sua vez, serão verbais ou escritos; o contrato de trabalho é informal; pode alguém tornar-se empregado porque verbalmente fez um trato nesse sentido; porque assinou um contrato escrito; pode, ainda, alguém tornar-se empregado porque, embora nada ajustando, começou a trabalhar pra o empregador sem a oposição deste. - Duração do contrato: o empregado, quando admitido de forma expressa, o será por prazo indeterminado ou determinado (CLT, art. 443); silenciando-se as partes sobre o prazo, o contrato será por prazo indeterminado; a CLT permite contratos a prazo, em se tratando de atividades de caráter transitório, de serviço cuja natureza ou transitoriedade o justifique e em se tratando de contratos de experiência. - Contrato de experiência: denomina-se assim, aquele destinado a permitir que o empregador, durante certo tempo, verifique as aptidões do empregado, tendo em vista a sua contratação por prazo indeterminado. - Carteira de trabalho e previdência social (CTPS): sua natureza é de prova do contrato de trabalho; tanto nas relações de emprego verbalmente ajustadas como naquelas em que há contrato escrito, haverá, além do contrato com as cláusulas combinadas, a carteira; quanto a sua obrigatoriedade, nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a carteira, eo empregador tem o prazo legal de 48 horas para as anotações, devolvendo-a em seguida ao empregado (CLT, art. 29); as anotações efetuadas na carteira geram presunção relativa quanto à existência da relação de emprego; serão efetuadas pelo empregador, salvo as referentes a dependentes do portador para fins previdenciários, que serão feitas pelo INSS, bem como as de acidentes de trabalho (arts. 20 e 30, CLT). - Registro: a lei obriga o empregador a efetuar o registro de todo empregado em fichas, livros ou sistema eletrônico (CLT, art. 41); tem a natureza de prova do contrato, é documento do empregador, prestando-se para esclarecimentos solicitados pela fiscalização trabalhista da DRT. - Capacidade do empregado e nulidade do contrato: pode contratar emprego toda pessoa; os menores de 18 anos dependem de autorização do pai ou responsável legal (CLT, art. 402), visto que depende dele para obter a carteira profissional; a CLT, proíbe o trabalho do menor de 12 anos, a CF/88, elevou essa idade para 14, salvo em se tratando de aprendiz; mesmo quando o contrato é nulo, por ser o agente incapaz, os direitos trabalhistas são assegurados ao trabalhador. Extinção do Contrato de Trabalho Recursos Humanos 56 Módulo II - Formas: a) por decisão do empregador: dispensa do empregado; b) por decisão do empregado: demissão, dispensa indireta e aposentadoria; c) por iniciativa de ambos: acordo; d) por desaparecimento dos sujeitos: morte do empregado, morte do empregador pessoa física e extinção da empresa; e) do contrato a prazo pelo decurso do prazo fixado ou por dispensa do empregado no curso do vínculo jurídico. -Dispensa do empregado: é o ato pelo qual o empregador põe fim à relação jurídica; quanto à sua natureza, é forma de extinção dos contratos de trabalho; sua função é desconstrutiva do vínculo jurídico; é um ato receptício porque deve ser concedido pelo empregado. -Dispensa com ou sem justa causa: é aquela fundada em causa pertinente à esfera do trabalhador, quase sempre uma ação ou omissão passível de comprometer a disciplina. -Dispensa obstativa: é destinada a impedir ou fraudar a aquisição de um direito que se realizaria caso o empregado permanecesse no serviço, como as dispensas que antecedem um reajustamento salarial. -Dispensa indireta: é a ruptura do contrato de trabalho pelo empregado diante de justa causa do empregador. -Dispensa coletiva: é a de mais de um empregado, por um único motivo igual para todos, quase sempre razões de ordem objetiva da empresa, como problemas econômicos, financeiros e técnicos. -Estabilidade: é o direito do trabalhador de permanecer no emprego, mesmo contra a vontade do empregador, enquanto inexistir uma causa relevante expressa em lei e que permita a sua dispensa; é a garantia de ficar no emprego, perdendo-o unicamente se houver uma causa que justifique a dispensa indicada pela lei; classifica-se em geral e especial; a geral só pode resultar de negociação coletiva; a CF faculta a dispensa mediante pagamento de indenização (multa de 40%); a especial é a que perdura enquanto existir a causa em razão da qual foi instituída, que coincide com uma condição especial do empregado. Extinção por decisão do Empregado -Demissão: é a comunicação do empregado ao empregador de que não pretende mais dar continuidade ao contrato de trabalho; não tem forma prevista em lei, mas segundo a praxe é escrita; tem de ser feita com certa antecedência (CLT, art. 487); a falta de aviso prévio do empregado que pede demissão autoriza o empregador a reter o saldo de salário, se o tiver. -Dispensa indireta: é a rescisão do contrato por decisão do empregado tendo em vista justa causa que o atingiu praticada pelo empregador (483); impõe-se a imediata ruptura do vínculo, o que equivale à necessidade de cessar o trabalho por ato do empregado; a CLT não prevê forma para esse ato. Recursos Humanos 57 Módulo II -Aposentadoria espontânea: com a aposentadoria cessa o contrato de trabalho; inicia-se um novo vínculo jurídico entre as mesmas partes; a CLT (453) impede a soma do tempo de serviço do aposentado que volta a trabalhar para o mesmo empregador; o empregado pode aguardar no serviço o desfecho de seu requerimento ao INSS. -Extinção por iniciativa de ambos (acordo):modo de extinção que resulta da livre disposição dos interessados e desde que seja o desejo de ambos; não existe a obrigação de pagar indenização; nenhuma empresa será obrigada a fazer acordo com o empregado. -Extinção dos contratos a prazo: é a extinção pelo cumprimento do prazo; nesse caso, o empregado terá direito ao saldo de salário, 13º vencido ou proporcional, férias vencidas ou proporcionais e saque dos depósito do FGTS; a indenização será fixada no acordo ou convenção coletiva que autorize esse tipo de contratação; o aviso prévio e os 40% do FGTS, são indevidos. -Rescisão do contrato: é a dispensa do empregado antes do termo final, com ou sem justa causa, ou pedido de demissão. -Homologação: é a assistência prestada ao trabalhador, pelo MT ou pelos sindicatos, para que sejam conferidos os valores e títulos pagos; é obrigatória a homologação de pagamentos a empregados com mais de um ano de casa; se o tempo é inferior, vale, com a mesma ressalva, recibo elaborado pela empresa. -Prazos: os pagamentos decorrentes da rescisão devem ser pagos (447, § 6º), até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato ou até o décimo dia, contado da data da notificação, da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa do seu cumprimento; havendo atraso no prazo de homologação o empregador se sujeita ao pagamento de multa. Aviso Prévio -Conceito: é a comunicação da rescisão do contrato de trabalho pela parte que decide extingui-lo, com a antecedência a que estiver obrigada e com o dever de manter o contrato após essa comunicação até o decurso do prazo nela previsto, sob pena de pagamento de uma quantia substitutiva, o caso de ruptura do contrato. -Cabimento: relaciona-se com o tipo de contrato e com a existência ou não de justa causa; a CLT o exige nos contratos por prazo indeterminado; nos de prazo determinado é inexigível; é cabível apenas na dispensa sem justa causa e no pedido de demissão; cabível será na dispensa indireta (487, § 4º) e quando a rescisão se opera em decorrência de culpa recíproca (TST, Enunciado nº 14). -Efeitos: sua concessão, produz como principal efeito a projeção do contrato de trabalho pelo tempo correspondente ao seu período; da não concessão resultam efeitos sobre as partes; se é do empregado que se omitiu, o empregador terá o direito de reter o saldo do seu salário (487, § 2º) no valor correspondente ao número de dias do aviso prévio não Recursos Humanos 58 Módulo II concedido; se é do empregador, terá de pagar os salários dos dias referentes ao tempo entre o aviso que devia ser dado e o fim do contrato (§ 1º); a natural extinção do contrato após o decurso do prazo, ressalvado às partes de comum acordo reconsiderá-lo, caso em que o contrato terá seu curso normal (489); haverá redução da jornada de trabalho, que será de 2 horas diárias ou em dias corridos (7, CLT, 488, § único); a duração é proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias; a proporção é matéria de lei ordinária. 6. Previdência Social e Seguridade Social -Beneficiários da previdência social: são segurados obrigatórios da Previdência Social, as pessoas físicas que estão enumeradas no art. 11 da Lei 8.213/91 e no Decreto 611/92); os dependentes do segurado, que são as pessoas que, segundo a lei, vinculam-se economicamente a ele, estão enumerados no art. 16. Benefícios da Previdência Social -Benefícios: são as prestações asseguradas pelo órgão previdenciário aos beneficiários, quer em dinheiro (auxílios, aposentadoria e pensão) ou em utilidades (serviços e remédios). -Auxílio-doença: será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso,o período de carência, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos (art. 59);consistirá numa renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício, respeitado o salário mínimo. -Aposentadoria por invalidez: será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio doença for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e lhe será pago enquanto permanecer nessa condição; corresponde a uma renda mensal de 100% do salário de benefício, inclusive a decorrente de acidente de trabalho. -Aposentadoria por tempo de serviço: é devida após 35 anos de trabalho, ao homem,e após 30, à mulher; será proporcional aos 30 anos de trabalho para o homem e 25 para a mulher. * verificar a nova legislação -Aposentadoria por idade: alcançada certa idade o segurado tem direito ao descanso,como contrapartida dos serviços que prestou durante a vida; é a concedida ao segurado que completar 65 anos, se homem, e 60, se mulher, reduzidos esses limites para 60 e 55anos, para os exercentes de atividades rurais. * verificar a legislação vigente -Aposentadoria especial: será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta lei,ao segurado que tiver trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme a atividade profissional, sujeito à condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física; consistirá numa renda mensal equivalente a 100% do salário de benefício. Recursos Humanos 59 Módulo II -Salário-família: será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto o doméstico, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (art. 65). -Pensão por morte: será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer,aposentado ou não, a contar da data do óbito ou da decisão judicial, no caso de morte presumida (art. 74); a renda mensal é de 100% do salário de benefício. -Auxílio-reclusão: será devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, sendo obrigatório, para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário. -Salário maternidade: é devido à segurada empregada, à trabalhadora avulsa e à empregada doméstica, durante 28 dias antes e 92 dias depois do parto, observadas as situações e condições previstas na legislação (art. 71). -Seguro desemprego: tem a finalidade de prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e auxiliar na busca de novo emprego; sua duração é de 3 a 5 meses. -Acidente de trabalho: é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11 da lei,provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (Lei. 8.213/91, art. 19). -Auxílio acidente: é concedido, como indenização, ao segurado, após a consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer natureza que impliquem a redução da capacidade funcional; o seu valor mensal e vitalício é de 50% do salário de benefício; é devido aos segurados empregados, avulsos e segurados especiais (Lei 9.032/95); o recebimento de salário ou concessão de outro benefício não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio acidente. Seguridade Social -Conceito: é o instrumento estatal específico protetor de necessidades sociais,individuais e coletivas, e cuja proteção preventiva, reparadora e recuperadora, têm direito os indivíduos, nas extensões, limites e condições que as normas disponham, segundo permite sua organização financeira. -Seguro: é um contrato pelo qual uma das partes obriga-se, perante a outra, mediante pagamento de um prêmio, a indenizá-lo do prejuízo resultante de riscos futuros, previstos no contrato (art. 1.432, do CC); divide-se em privado e social. -Seguro privado: é o contrato feito entre o interessado e uma organização de direito privado; tem como característica a natureza privatística de que se reveste; é fruto da autonomia da vontade e não de uma imposição estatal. Recursos Humanos 60 Módulo II -Seguro Social: não tem natureza contratual, pois é imposto pelo Estado aos particulares, como meio obrigatório de uma poupança coletiva; recai somente sobre as necessidades pessoais e não cobre riscos pertinentes aos bens materiais. -Assistência e previdência: assistência social é o dever de solidariedade; não é contraprestativa; o assistido não paga pela assistência; direito de previdência social é o ramo do direito que disciplina a estrutura das organizações, o custeio, os benefícios o os beneficiários do sistema previdenciário. -Sistemas de financiamento dos benefícios: são 2, o sistema de capitalização e o de repartição; capitalização é a formação de capital financiador das prestações futuras; tem origem nos critérios que são observados nos seguros privados; repartição é a distribuição imediata dos recursos captados, o que é feito a curto prazo, sem capitalização, evitando-se a depreciação do capital que se forma. -Plano de Custeio: é o programa orçamentário das arrecadações dos recursos que vão financiar os sistemas e que tem um aspecto macro, que envolve problemas sobre renda nacional e redistribuição; no aspecto micro, o plano consiste na definição das pessoas que estarão obrigadas a efetuar o recolhimento de contribuições. -Sistemas de custeio: compreendem o estudo das bases de contribuições, dos recolhimentos, dos obrigados ao custeio e dos tipos de custeio a cargo de cada pessoa; a seguridade deve ser financiada por toda a sociedade. -Contingências: são as situações que devem ser protegidas, as mais comuns a alteração da saúde de uma pessoa, a incapacidade para o trabalho, a velhice, o desemprego, as necessidades familiares e, dentre estas, a morte, protegendo-se os dependentes; os tipos de benefícios guardam correspondência com as contingências protegidas. -Seguridade complementar: é a permissão do Estado para que, além do sistema oficial, coexistam sistemas confiados à iniciativa privada; funda-se na constatação de que o Estado não tem condições de prover às necessidades de toda a população ou provê-las de modo adequado. -Custeio do Sistema: custeio é o estudo e a definição legal do financiamento do sistema de previdência e assistência social, das pessoas que devem pagá-lo, dos critérios que devem ser adotados para a captação dos recursos e dos respectivos valores correspondentes aos diversos pagamentos; a CF/88 deixa bem claro os 3 princípios informadores de sua estrutura: a) universalidade de cobertura, significando que todos devem contribuir; Guia da Previdência Social - GPS A Guia da Previdência Social (GPS) é o documento hábil para o recolhimento das contribuições sociais a Recursos Humanos 61 Módulo II ser utilizado pelos contribuintes individuas, contribuintes facultativos e para o empregado domestico No caso de empresas, estas contribuições deverão ser recolhidas em GPS mediante débito em conta comandado por meio da rede internet ou por aplicativos eletrônicos disponibilizados pelos bancos, conforme estabelecido pela Portaria MPAS n° 375, de 24 de janeiro de 2001. Facultativamente, este procedimento também poderá ser utilizado pelos contribuintes individuais, contribuintes facultativos e para o empregado doméstico. Esta Portaria teve por objetivo trazer comodidade para o contribuinte e ao mesmo tempo melhorar a segurança no trato das informações. Opções de recolhimento em meio papel (GPS): Modelo da GPS Este modelo em meio papel só poderá ser utilizado pelos contribuintes individuais. Download do programa GPS, versão 1.3.2.0 (GPS com código de barras) (Em manutenção) A GPS obtida por meio deste programa é uma GPS em meio papel com código de barras, cujo pagamento poderá ser efetivado nos terminais de auto atendimento. Desde 15 de junho de 2005 os aplicativos que geram a Guia de Previdência Social-GPS estão ajustados para gerar guias com código de barras, e toda a rede bancária está apta a recebê-las. Atualmente os aplicativosemitem o código de barras exclusivamente para as GPS com valores no campo 6 e para pagamento em dia. Para a Previdência, a GPS com código de barras é o primeiro de vários projetos do "Programa de Modernização das Receitas Previdenciárias", cujo objetivo é dar maior segurança e agilidade aos procedimentos de arrecadação. Para o contribuinte, a simplificação e a agilidade por meio desta forma de pagamento é um avanço tecnológico, já que a GPS ao ser paga nos caixas eletrônicos, através do dispositivo de leitura ótica, evita que o mesmo tenha que se dirigir à rede bancária. Opção de recolhimento por meio de débito em conta (GPS eletrônica): Esta opção de recolhimento que deverá ser utilizada pelas empresas, e facultativamente pelos demais contribuintes, os campos relativos a Valor de Outras Entidades e Atualização Monetária/Multa e Juros que até o momento ainda não estão disponíveis para a geração da GPS em código de barras, poderão ser preenchidos, possibilitando as empresas a quitarem os seus débitos para com a Previdência na sua totalidade. Orientações para preenchimento da GPS e GPS em código de barras: CAMPO 1 - Nome do contribuinte, Fone e Endereço Dados para identificação do contribuinte. CAMPO 3 - Código de pagamento Relação de Códigos de Pagamento Código Descrição Recursos Humanos 62 Módulo II 1007 Contribuinte Individual - Recolhimento Mensal - NIT/PIS/PASEP 1104 Contribuinte Individual - Recolhimento Trimestral NIT/PIS/PASEP 1120 Contribuinte Individual - Recolhimento Mensal - Com dedução de 45 % (Lei nº 9.876/99) - NIT/PIS/PASEP 1147 Contribuinte Individual - Recolhimento Trimestral - Com dedução de 45 % (Lei nº 9.876/99) - NIT/PIS/PASEP 1163 Contribuinte Individual (autônomo que não presta serviço à empresa) – Opção: Aposentadoria apenas por idade (art. 80 da LC 123 de 14/12/2006) – Recolhimento Mensal – NIT/PIS/PASEP 1180 Contribuinte Individual (autônomo que não presta serviço à empresa) – Opção: Aposentadoria apenas por idade (art. 80 da LC 123 de 14/12/2006) – Recolhimento Trimestral– NIT/PIS/PASEP 1201 GRC Trabalhador Pessoa Física (Contribuinte Individual, Facultativo, Empregado Doméstico, Segurado Especial) – DEBCAD (Preenchimento exclusivo pela Previdência Social) 1406 Facultativo Mensal -NIT/PIS/PASEP 1457 Facultativo Trimestral -NIT/PIS/PASEP 1473 Facultativo – Opção: Aposentadoria apenas por idade (art. 80 da LC 123 de 14/12/2006) –Recolhimento Mensal – NIT/PIS/PASEP 1490 Facultativo – Opção: Aposentadoria apenas por idade (art. 80 da LC 123 de 14/12/2006) –Recolhimento Trimestral – NIT/PIS/PASEP 1503 Segurado Especial Mensal -NIT/PIS/PASEP 1554 Segurado Especial Trimestral -NIT/PIS/PASEP 1600 Empregado Doméstico Mensal -NIT/PIS/PASEP 1651 Empregado Doméstico Trimestral -NIT/PIS/PASEP – (que recebe até um salário mínimo) 1708 Reclamatória Trabalhista - NIT/PIS/PASEP 2003 Empresas Optantes pelo Simples CNPJ/MF 2011 Empresas Optantes pelo Simples - CNPJ - Recolhimento sobre aquisição de produto rural do Produtor Rural Pessoa Física 2020 Empresas Optantes pelo Simples - CNPJ - Recolhimento sobre contratação de Transportador Rodoviário Autônomo 2100 Empresas em Geral CNPJ/MF 2119 Empresas em Geral CNPJ/MF – Recolhimento exclusivo para Outras Entidades ou Fundos (SESC, SESI, SENAI, etc.) 2127 Cooperativa de trabalho – CNPJ – Contribuição descontada do cooperado – Lei 10.666/2003 2208 Empresas em Geral CEI 2305 Filantrópicas com Isenção – CNPJ 2321 Filantrópicas com Isenção – CEI 2402 Órgãos do Poder Público – CNPJ 2429 Órgãos do Poder Público – CEI Recursos Humanos 63 Módulo II 2437 Órgãos do Poder Público - CNPJ – Recolhimento sobre Aquisição de Produto Rural do Produtor Rural Pessoa Física. 2500 Receita Bruta de Espetáculos Desportivos – CNPJ 2607 Comercialização da Produção Rural – CNPJ 2631 Contribuição Retida sobre a NF/Fatura da Empresa Prestadora de Serviço – CNPJ 2640 Contribuição Retida sobre NF/Fatura da Prestadora de Serviço – CNPJ – Uso Exclusivo do Órgão do Poder Público – Administração Direta, Autarquia e Fundação Federal, Estadual, do Distrito Federal ou Municipal (contratante do serviço). 2658 Contribuição Retida sobre a NF/Fatura da Empresa Prestadora de Serviço – CEI 2682 Contribuição Retida sobre NF/Fatura da Prestadora de Serviço – CEI (Uso Exclusivo do Órgão do Poder Público – Administração Direta, Autarquia e Fundação Federal, Estadual, do Distrito Federal ou Municipal (contratante do serviço)). 2704 Comercialização da Produção Rural – CEI 2801 Reclamatória Trabalhista – CEI 2909 Reclamatória Trabalhista – CNPJ CAMPO 4 - Competência Informação no formato MM/AAAA da competência objeto do recolhimento. CAMPO 5 - Identificador Número do CNPJ / CEI / NIT / PIS / PASEP do contribuinte. CAMPO 6 - Valor do INSS - Valor devido ao INSS pelo contribuinte, já considerados: - os valores de eventuais compensações; e CAMPO 9 - Valor de Outras Entidades Valor a ser preenchido por empresas obrigadas a recolherem para as Outras Entidades. Opção não disponível para GPS em código de barras. CAMPO 10 - Atualização Monetária, Multa e Juros Valor devido a título de atualização monetária e acréscimos legais, quando for o caso, sobre recolhimentos em atraso. Opção não disponível para GPS em código de barras. CAMPO 11 - Total - Valor total a recolher ao INSS. Número de vias: No caso da GPS, a mesma deve ser preenchida em duas vias com a seguinte destinação: Recursos Humanos 64 Módulo II - A primeira via, destinada à guarda e comprovação do recolhimento junto à SRP; e - A segunda via, destinada ao controle do agente arrecadador. Orientação para o preenchimento da GPS Eletrônica O recolhimento das contribuições previdenciárias poderá ser efetuado por intermédio da GPS Eletrônica, através de débito em conta, comandado por meio da rede Internet ou por aplicativos eletrônicos disponibilizados pelos bancos. O próprio contribuinte fará a digitação dos campos obrigatórios, sendo gerado comprovante de recolhimento com layout estabelecido pelos bancos. Orientações gerais a serem observadas para qualquer modalidade de pagamento das contribuições previdenciárias. Prazos (Atualizado pela MP 351/2007) Os prazos para recolhimento das contribuições previdenciárias em GPS são: No dia 10 do mês seguinte àquele a que as contribuições se referirem, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subseqüente, quando não houver expediente bancário, para as contribuições devidas pelas empresas, à exceção dos códigos de reclamatória trabalhista (2801 / 2810 / 2909 / 2917) e da receita bruta dos espetáculos desportivos (2500). O pagamento referente à contribuição dos cooperados arrecadadas pela cooperativa de trabalho (código 2127), tem com seu vencimento dia 15.; No dia 15 do mês seguinte àquele a que as contribuições se referirem, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subseqüente, quando não houver expediente bancário, para as contribuições devidas pelos demais contribuintes; Até o dia 20 de dezembro, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior, quando não houver expediente bancário, para as contribuições incidentes sobre o 13º salário. GPS - Valor inferior a R$ 29,00 A Resolução INSS/DC nº 39 de 23/11/00 determinou o valor mínimo de R$ 29,00 (vinte e nove reais) para recolhimento de contribuições previdenciárias junto à rede arrecadadora, à partir de 1º de dezembro de 2000. O contribuinte que eventualmente possuir recolhimento inferior a R$ 29,00 deverá acumular este valor com os próximos futuros até que a soma atinja este mínimo, para então proceder ao recolhimento, utilizando a última competência como base de informação no campo 4 da GPS. GPS - Trimestral Os contribuintes individuais e facultativos que estiverem contribuindo sobre o valor mínimo de contribuição (hoje 20% x R$ 380,00 = R$ 76,00), poderão optar pelo recolhimento trimestral. Recursos Humanos 65 Módulo II b) a equanimidade na forma de participação no custeio, regra de justiça social cuja finalidade é distribuir os ônus adequadamente,de modo que maior participação deve ser exigida daqueles que estão em condições de pagar mais; c) adversidade da base de financiamento, forma de ampliar os critérios adotados para a obtenção dos recursos, não os limitando a uma única forma de obtenção. O financiamento da seguridade social resulta das receitas provenientes da União, da contribuições sociais e de outras fontes (Leis, 8.221/91, 8.444/92 e 9.032/95). Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) O contribuinte poderá efetuar o recolhimento, agrupando os valores das competências por trimestre civil, ou seja: - Janeiro, fevereiro e março; - Abril, maio e junho; - Julho, agosto e setembro; e - Outubro, novembro e dezembro. Observações: Para o recolhimento trimestral, o contribuinte deverá utilizar código de pagamento específico, conforme o caso: Código Descrição 1104 Contribuinte Individual - Recolhimento Trimestral NIT/PIS/PASEP 1147 Contribuinte Individual - Recolhimento Trimestral - Com dedução de 45 % (Leinº 9.876/99) - NIT/PIS/PASEP 1457 Segurado Facultativo - Recolhimento trimestral - NIT/PIS/PASEP 1554 Segurado Especial - Recolhimento trimestral - NIT/PIS/PASEP 1651 Empregado Doméstico - Recolhimento trimestral - NIT/PIS/PASEP O vencimento será no dia 15 do mês seguinte ao de cada trimestre civil, prorrogando-se para o dia útil subsequente, quando não houver expediente bancário. No caso desta opção (trimestralidade), nas GPS serão consignadas as competências março, junho, setembro e dezembro, mesmo que a inscrição do segurado tenha ocorrido no segundo ou terceiro mês do trimestre civil. Aplica-se ao empregador doméstico, relativamente aos empregados domésticos a seu serviço, cujos salários de contribuição sejam iguais ao valor do salário-mínimo, ou inferiores, nos casos de admissão, dispensa ou fração do salário em razão de gozo de benefício, o mesmo dispositivo da trimestralidade facultada aos contribuintes individuais e facultativos, exceto no que concerne ao recolhimento sobre remuneração de 13º salário, que segue a regra geral. Observação: Para comprovar o exercício de atividade remunerada, com vistas à concessão de benefícios, será exigido do contribuinte individual, contribuinte facultativo e empregado doméstico a qualquer tempo, o recolhimento das correspondentes contribuições. Recursos Humanos 66 Módulo II -Conceito: é uma conta bancária, que o trabalhador pode utilizar nas ocasiões previstas em lei, formada por depósitos efetuados pelo empregador; foi instituído com alternativa para o direito de indenização e de estabilidade para o empregado e como poupança compulsória a ser formada pelo trabalhador da qual pode valer-se nos casos previstos; o empregado tem direito, quando é despedido sem justa causa ou dá por rescindido o contrato em decorrência de justa causa do empregador, faz jus a uma indenização de dispensa, além de efetuar o levantamento dos depósitos recolhidos pelo empregador; a indenização corresponderá a um acréscimo de 40% do valor dos referidos depósitos. -Características gerais: todo empregador é obrigado a efetuar mensalmente depósito no valor de 8% dos salários que paga aos empregados; incide sobre todos os salários recebidos pelo empregado, incluindo o 13º, horas extras, gratificações e prêmios,habituais ou não; os valores do FGTS que favorecem o empregado despedido atuam mesmo no sentido da indenização de dispensa; porém, o empregado pode obter os mesmos recursos de modo desvinculado à dispensa, caso em que estará usando um pecúlio, como na construção de moradia; os recolhimentos do empregador são compulsórios e se caracterizam como uma obrigação muito próxima à para fiscal; tem natureza jurídica múltipla diante dos diferentes ângulos da sua estrutura. -Levantamento dos depósitos: poderá ser levantado nos seguintes casos: por falecimento; doença grave; despedida imotivada; extinção do contrato de trabalho por tempo determinado; aposentadoria; como pagamento de prestações da casa própria,liquidação ou amortização de saldo devedor de financiamento imobiliário, ou ainda,pagamento total ou parcial do preço de aquisição de moradia própria, conforme normas do SFH; culpa recíproca ou força maior; fechamento de estabelecimento; falta de depósitos por 3 anos ininterruptos; suspensão do contrato de trabalho do avulso por mais de 90 dias. 7. Guia da Previdência Social - Contribuição previdenciária 8. Tipos de Segurados e Dependentes. Segurados e seus dependentes são os BENEFICIÁRIOS do sistema da Previdência Social. (artigo 8º D. 3048/99). I- QUEM É QUEM: Segurados: são os contribuintes da Previdência, aqueles que fazem o recolhimento periódico dos valores das prestações monetárias à instituição (INSS) e que terão, então, como contraprestação, os benefícios e serviços que ela oferece, nos casos que são chamados de "riscos sociais", conforme já explicamos. (pensão por acidente, aposentadoria, auxílio à gestante: "salário-maternidade", etc.) Recursos Humanos 67 Módulo II Dependentes: são assim considerados, para a Previdência, aqueles que economicamente dependerem de um Segurado. Importante observar que esta dependência econômica não precisa ser total, sendo necessário apenas que o Segurado contribua com parcela do sustento de um indivíduo, para ele ser considerado seu dependente, pela Previdência. (art.16 D. 3048/99) II- CATEGORIAS: 1- Segurados: São divididos em três grandes categorias: A) Obrigatórios: Aqueles que DEVEM filiar-se ao Regime Geral da Previdência, por expressa disposição de lei (art.9º D. 3048/99) Os segurados obrigatórios são muitos e serão divididos, por sua vez, nas seguintes categorias: A.a) Empregados São aqueles que prestam serviços de acordo com o artigo 3º da CLT, ou seja, sob condições de vínculo de subordinação jurídica. TODO aquele que é empregado, TEM que contribuir. Há um elenco dentro no art.9º, inciso I, alíneas "a" à "q", do D.3048/99,especificando cada uma das pessoas que deve filiar-se nesta condição. A.b) Empregado doméstico. Pelo Decreto 3048/99, que repete o que diz o art. 1º da Lei 5859/72 (a Lei do Doméstico), empregado doméstico é aquele cujo trabalho é executado para família, na residência desta e de forma que deste trabalho não haja aferimento de rendas para esta família. Portanto, é empregado doméstico a governanta, o jardineiro, o motorista, o caseiro, etc., de acordo com os dizeres do art. 9º, inciso II do D. 3048/99. A.c) Contribuinte individual. São aqueles que prestam serviços, ou seja, que não têm vinculo de subordinação jurídica perante aquele que os contrata, que são os chamados "autônomos", assim como aqueles que prestam os considerados "serviços de natureza eventual" a empresas. Desta categoria são exemplos: o cooperado de cooperativa de produção, o sacerdote religioso, o síndico remunerado, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração, entre outros. Estão todas as hipóteses elencadas no art. 9º, inciso V, alíneas "a" à "o" do D. 3048/99. A.d) Trabalhador avulso. Recursos Humanos 68 Módulo II É o trabalhador que presta serviço para várias empresas, sem vínculo de subordinação jurídica, e é contratado por intermédio de órgão gestor de mão de obra ou por sindicato da categoria. Este trabalhador não precisa ser sindicalizado. O serviço dele é que é contratado pelo sindicato, ou pelo órgão gestor, por determinação legal. Neste tipo de contribuinte se enquadram, entre outros, os trabalhadores dos portos, em geral, bem como os que trabalham em indústria de extração de sal e no ensacamento de cacau e café. O elenco completo está no art. 9º, inciso VI, alíneas "a" à "j" do D. 3048/99. A.e) Segurado Especial. Aqui estão enquadrados os trabalhadores rurais, os da atividade pesqueira e o índio, que fazem suas atividades de forma "artesanal", ou seja, não possuem mão de obra assalariada, mas sim, produzem em regime de economia familiar. O art. 9º, inciso VII do D. 3048/99,especifica quem são eles. B) Facultativos: São aqueles que, sendo maiores de 16 anos e não possuindo renda própria que os enquadre como contribuintesobrigatórios DECIDEM contribuir com a Previdência, para que possam ter direito aos benefícios e serviços que ela oferece, nos mesmos casos dos "riscos sociais", a que sempre nos referimos. (artigo 11 do D.3048/99) C) Impedidos de se filiar:Se amparados por Regime Próprio de Previdência, o servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o servidor militar, estejam eles vinculados à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou a Municípios, bem como às suas respectivas autarquias e fundações, não poderão se filiar ao Regime Geral da Previdência Social. (artigo 10 do D. 3048/99) Assim, conforme já havíamos dito anteriormente, aquele que presta concurso público tem Regime Próprio de Previdência, sem ser possível que venha a se filiar no Regime Geral, de que tratam as leis 8212/91, 8213/91 e o Decreto 3048/99. **Informações importantes sobre os Segurados: - Segundo o parágrafo 1º do art. 9º do D. 3048/99, quem se aposenta mas volta a trabalhar, terá que recolher, na condição em que se enquadre sua nova atividade. Assim, se o aposentado decide trabalhar com carteira assinada, ele DEVERÁ recolher sobre este novo emprego, na condição de SEGURADO OBRIGATÓRIO. - O parágrafo 13º do mesmo artigo 9º do D. 3048/99, diz que quando se tem mais de uma atividade remunerada, DEVE-SE recolher sobre CADA UMA DELAS. Portanto, se o indivíduo tem dois ou mais empregos, ou quaisquer duas ou mais atividades remuneradas, ele vai recolher o percentual que for o correspondente a cada um deles! Por exemplo, se o cidadão é eletricista autônomo e também é empregado numa empresa qualquer, ele deverá recolher sobre AS DUAS ATIVIDADES. Esta condição independe do fato destas atividades serem diferentes entre si ou não, ou seja, ele pode ser eletricista autônomo em suas folgas e empregado, de segunda à sexta, como eletricista mesmo, ou Recursos Humanos 69 Módulo II poderá ser empregado numa lanchonete, como cozinheiro, não importa: ele recolherá contribuição previdenciária sobre ambas as atividades, cada uma de acordo com o seu enquadramento dentro do D. 3048/99. 2- Dependentes: São divididos em três grandes categorias, de acordo com o art.16, do D. 3048/99 A) - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido B) - os pais C) - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido. No caso dos dependentes, as categorias, como visto, são "auto-explicativas". Podemos, no entanto pontuar certas situações importantes: ** União estável dá direito à dependência previdenciária **A Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0 determina que o companheiro homossexual tem direito à ser considerado como dependente, devendo receber pensão por morte e auxílio-reclusão. (benefícios que estudaremos, entre todos os possíveis de serem concedidos pela Previdência Social, em texto futuro) **havendo dependentes de uma categoria, os das outras categorias não constituem para si o direito, ou seja, se o segurado tem pais e cônjuge, é este quem terá o direito de receber o benefício que seja devido, mas não seus pais. Portanto, todos os elencados na primeira categoria de dependentes têm preferência sobre os elencados na segunda, assim como os da segunda categoria de dependentes têm preferência sobre os da terceira. **dentro das categorias há igualdade, assim, se o segurado tem cônjuge e filhos menores, haverá "divisão" entre eles, do benefício que lhe for devido. * enteados e tutelados têm o mesmo "status" de filhos, para os fins desta lei. * a "dependência econômica", que é o que dá direito a ser dependente, é presumida para os cônjuges, os filhos e os companheiros. Já para os demais possíveis dependentes, há que ser feita prova desta dependência, por meio de declaração de IR. Perda da Qualidade de Dependente. Recursos Humanos 70 Módulo II O D. 3048/99, traz, em seu artigo 17, as hipóteses de fatos que , ocorrendo, acarretam a perda da qualidade de dependente que a pessoa possa ter, perante um segurado da Previdência Social. Assim, em casos como o de separação judicial ou divórcio, para os cônjuges, de separação dos unidos estavelmente, para os filhos que completem 21 anos ou se emancipem, bem como para todas as categorias de dependentes, aos que vêm a falecer e, para os inválidos, tenham o fim desta condição, há a perda desta qualidade de dependente. 8. 9. Tipos de benefícios, de atividades em condições especiais e aposentadoria por invalidez. 9. Auxílio reclusão. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é uma autarquia do Governo Federal do Brasil que recebe as contribuições para a manutenção do Regime Geral da Previdência Social, sendo responsável pelo pagamento da aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente, entre outros benefícios previstos em lei. O INSS trabalha junto com a Dataprev, empresa de tecnologia que faz o processamento de todos os dados da Previdência. Está vinculado ao Ministério da Previdência Social. Além do regime geral, os estados e municípios podem instituir os seus regimes próprios, financiados por contribuições específicas. Parte das contribuições são efetivadas por desconto na folha de pagamento, antes de o funcionário da empresa receber o valor total de seu salário. Mas existe um limite máximo para o desconto do INSS. Quando o empregado tiver como salário um valor superior ao limite máximo de contribuição, só é admissível descontar do salário um valor estabelecido, chamado de teto. Mesmo ganhando mais, não poderá contribuir com mais dinheiro. Lei n. 8.212/91; Decreto n. 3.048/99 e Instrução Normativa RFB n. 971/09 Todos os meses, o funcionário terá descontado na sua folha de pagamento o valor referente ao INSS. As porcentagens de desconto irão variar dependendo do salário de cada um. As leis previdenciárias mudam com uma certa frequência, por isso a tabela de descontos do INSS sobre o salário no atual momento é: Portaria MF/MPS 333/2010 alterada pela Portaria MF/MPS 408/2010 Tabela (a partir de 01.01.2011) Faixa salarial Alíquota de até R$ 1.106,90 8,00% de R$ 1.106,91 até 1.844,83 9,00% de R$ 1.844,84 até 3.689,66 11,00% Limite máximo de desconto: R$ 405,86. Valor deduzido junto com os dependentes, para calculo de I.R.P.F. Além do valor deduzido na fonte, conforme a tabela acima, a empresa tem que recolher a título de INSS 20% do valor da folha, independente de terem salários acima do teto máximo definido. Ou seja, existe o desconto do patrão e o do empregado. Recursos Humanos 71 Módulo II Tipos de contribuinte Empregado: quem trabalha para empresa. Empregado doméstico: quem trabalha em uma residência (ex:jardineiro). Trabalhador avulso: quase sempre é um portuário. Contribuinte individual: são os autônomos e todos os que recebem remuneração que não é salário. Segurado especial: pequenos agricultores e pescadores. Segurado facultativo: aquele que tem mais de 16 anos, não tem renda própria, mas decide contribuir. Pagamento de benefícios A Previdência Social, por intermédio do INSS, oferece doze modalidades de benefícios previdenciários, um benefício assistencial e dois serviços previdenciários. Os benefícios diferem dos serviços porque são monetários e os assistenciais diferem dos previdenciários porque independem de contribuição. São eles: Benefícios previdenciários Aposentadoria por idade: têm direito ao benefício os trabalhadores urbanos do sexo masculino aos 65 anos e do sexo feminino aos 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais podem pedir aposentadoria por idade com cinco anos a menos: aos 60 anos, homens, e, aos 55 anos, mulheres. Para solicitar o benefício, os trabalhadores urbanos inscritos a partir de 25 de julho de 1991 precisam comprovar 180 contribuições mensais. Os rurais têm de provar, com documentos, 180 meses de trabalho no campo (MPAS). Aposentadoria por invalidez: benefício concedido aos trabalhadores que, por doença ou acidente, forem considerados pela perícia médica da Previdência Social incapacitados para exercersuas atividades ou outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento (MPAS). Aposentadoria por tempo de contribuição Pode ser integral ou proporcional. Para ter direito à aposentadoria integral, o trabalhador homem deve comprovar pelo menos 35 anos de contribuição e a trabalhadora mulher, 30 anos. Para requerer a aposentadoria proporcional, o trabalhador tem que combinar dois requisitos: tempo de contribuição e idade mínima. Os homens podem requerer aposentadoria proporcional aos 53 anos de idade e 30 anos de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 30 anos de contribuição. As mulheres têm direito à proporcional aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, mais um adicional de 40% sobre o tempo que faltava em 16 de dezembro de 1998 para completar 25 anos de contribuição. Para ter direito à aposentadoria integral ou proporcional, é necessário também o cumprimento do período de carência, que corresponde ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o segurado faça jus ao benefício. Os inscritos a partir de 25 de julho de 1991 devem ter, pelo menos, 180 contribuições mensais. Os filiados antes dessa data têm de seguir a tabela progressiva. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão da aposentadoria por Recursos Humanos 72 Módulo II tempo de contribuição. Nota: A aposentadoria por tempo de contribuição é irreversível e irrenunciável: depois que receber o primeiro pagamento, sacar o PIS ou o Fundo de Garantia (o que ocorrer primeiro), o segurado não poderá desistir do benefício. O trabalhador não precisa sair do emprego para requerer a aposentadoria. Aposentadoria especial: benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física (MPAS). Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes físicos, químicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos). Auxílio-doença: benefício concedido ao segurado impedido de trabalhar por doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador e a Previdência Social paga a partir do 16º dia de afastamento do trabalho. No caso do contribuinte individual (empresário, profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros), a Previdência paga todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha requerido o benefício). A quantidade de meses a receber pelo benefício é estabelecido pelo INSS após fazer a pericia médica. Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem de contribuir para a Previdência Social por, no mínimo, 12 meses. Esse prazo não será exigido em caso de acidente de qualquer natureza (por acidente de trabalho ou fora do trabalho). Para concessão de auxílio-doença é necessária a comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da Previdência Social (MPAS). Auxílio-acidente: benefício pago ao trabalhador que sofre um acidente e fica com sequelas que reduzem sua capacidade de trabalho. É concedido para segurados que recebiam auxílio-doença. Têm direito ao auxílio-acidente o trabalhador empregado, o trabalhador avulso e o segurador especial. O empregado doméstico, o contribuinte individual e o facultativo não recebem o benefício (MPAS). Auxílio-reclusão: os dependentes do segurado que for preso por qualquer motivo têm direito a receber o auxílio-reclusão durante todo o período da reclusão. O benefício será pago se o trabalhador não estiver recebendo salário da empresa, auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço (MPAS). Pensão por morte: benefício pago à família do trabalhador quando ele morre. Para concessão de pensão por morte não há tempo mínimo de contribuição, mas é necessário que o óbito tenha ocorrido enquanto o trabalhador detinha a qualidade de segurado (MPAS). Salário-maternidade: as trabalhadoras que contribuem para a Previdência Social têm direito ao salário-maternidade nos 120 dias em que ficam afastadas do emprego por causa do parto. O benefício foi estendido também para as mães adotivas (MPAS). Salário-família: para complementar a renda familiar concedida a menores de 14 anos que frequentam a escola: Benefício pago aos trabalhadores com salário mensal de até R$ 810,18 para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos incompletos ou inválidos (MPAS). Benefício assistencial ao idoso e ao deficiente Devido a pessoas que não têm condições financeiras de contribuir para a Previdência Social. Têm Recursos Humanos 73 Módulo II direito ao amparo assistencial os idosos a partir de 65 anos de idade que não exerçam atividade remunerada que também não haja nenhum outro aposentado na família e os portadores de deficiência incapacitados para o trabalho e vida independente (MPAS). Um dos critérios para obtenção do benefício é a comprovação de uma renda familiar per capita inferior ou igual a 1/4 de salário mínimo por pessoa. Esse benefício é custeado com verba da Assistência Social, e não da Previdência Social, não sendo portanto um benefício de caráter contributivo, embora a sua concessão seja administrada pelo Ministério da Previdência Social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, Maria Inês Moura Alves S.A. da – Direito do Trabalho. Editora Saraiva, 2008 MARTINS, Sérgio Pinto – Legislação Previdenciária. Editora Atlas, 2001. ALMEIDA, Amador Paes de – Curso Prático de Processo do Trabalho. Editora Saraiva,2004. 4. 5. EXERCÍCIOS I) Para reflexão: A sociedade tem pouca participação na definição do Estado e da Justiça. O Estado é apenas uma ´longa manus´ da vontade de seus detentores. A Justiça é conformada no interesse maior dos governantes. A sociedade não tem poder e, quando, muitas vezes, age dando a impressão da independência de seus membros, não percebe o nível de manipulação exercida por lideranças desejosas exclusivamente do poder. Há, evidentemente, exceções, representadas por verdadeiros estadistas, atuantes no sentido do bem-estar da sociedade. Os governantes, segundo sua pessoal estratégia para manter o poder, definem ou modificam o Estado. Adaptam as leis mais em função de seus interesses que os da sociedade, mesmo quando falam em nome do povo. Nada obstante a evolução do ser humano, a teoria da justiça assumiu um aspecto pragmático: a justiça é determinada pelos detentores do poder, os quais têm a força. Numa solução utilitarista, na forma admitida por John Rawls, formulador da justiça por equidade, uma instituição ou uma ação são justas, uma vez realizem o maior saldo líquido de satisfação para seus parceiros. Na percepção de Rawls, a sociedade geradora do Estado justo continua sendo utópica. Ives Gandra da Silva Martins in ´A Justiça e as instituições´ (Gazeta Mercantil, São Paulo, ev. 2007, p. A-10). II - Defina os seguintes conceitos e/ou explique o que se pede: a) Direito b) Norma jurídica c) Natureza da norma jurídica d) Lei e) Direito do Trabalho f) Divisões do Direito do Trabalho g) Principais fontes do Direito do Trabalho h) Direito Individual do Trabalho e sua classificação Recursos Humanos 74 Módulo II i) Empregado e empregador j) Contrato de trabalho k) Benefícios da Previdência Social l) Seguridade Social m) FGTS ANOTAÇÕES: GESTÃO DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Recursos Humanos 76 Módulo II EM QUE CONSISTEM OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAS? As empresas tentam de todas as formas conquistarem vantagens competitivas através de um diferencial em sua administração, por exemplo, o que na atualidade só é possível através de pessoas. São as pessoas que podem propiciar um diferencial nos produtos e serviços oferecidos às empresas e é através dos recursos humanos que as empresas serão capazes de colocar no mercado produtos e serviços suficientemente competitivos. Com a observação desse fato, surgea necessidade de estudos mais detalhados sobre recursos humanos; por ser uma área muito abrangente. Considerando que é através do recrutamento e da seleção, que os candidatos ingressam nas empresas e se tornam funcionários, faz se necessário avaliar as formas de recrutar e selecionar pessoas, visto que os recursos humanos são fatores importantíssimos para o funcionamento de qualquer organização. Sua importância pode variar de acordo com o grau de automatização dos processos. É importante observar também os impactos de um recrutamento e seleção feito de forma errada, analisar os custos e a perda de tempo na substituição de um empregado ou até mesmo os prejuízos causados pelo mesmo, que pode não realizar suas tarefas de forma produtiva e também a insatisfação do funcionário trabalhando em um local onde o mesmo não está apto. O recrutamento é um termo comumente aplicado à descoberta e o desenvolvimento de boas fontes de candidatos necessários à organização, de modo à sempre ter um número adequado de propostas de trabalho para preenchimento de vagas, assim o recrutamento consiste no processo de procurar pessoas a fim de preencher as requisições elaboradas pelas diversas divisões ou departamentos, simplificando o recrutamento é um processo de procurar empregados. O recrutamento é responsável por encontrar empregados que tenham o perfil desejado da organização e do cargo. Recrutamento é um conjunto de procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos oportunidade de emprego que pretende preencher. Segundo Chiavenato (1999, p. 92), “Recrutamento é o processo de atrair candidatos para uma vaga, anunciando e tornando atrativo para candidatos disponíveis no mercado. Buscando candidatos dentro e fora da organização”. Ainda segundo o autor (1991, p. 54), “Recrutamento é um conjunto de procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização”. O recrutamento é o processo de encontrar e atrair candidatos capazes para solicitação de emprego. O processo começa quando são procurados novos recrutas e termina quando são apresentados os formulários de solicitação de emprego. O resultado é um “pool” dos que procuram emprego, do qual são selecionados novos empregos. Recursos Humanos 77 Módulo II O Recrutamento consiste-a partir dos dados referentes às necessidades presentes e futuras de recursos humanos da organização. A identificação, a escolha e a manutenção das fontes de recrutamento constituem uma das maneiras pelas quais a Administração de Recursos Humanos pode: Elevar o rendimento do processo de recrutamento, aumentando tanto a proporção de candidatos/triados para a seleção, como a de candidatos/empregados admitidos; Diminuir o tempo do processamento do recrutamento; Reduzir os custos operacionais de recrutamento, através da economia na aplicação de suas técnicas. Enquanto o recrutamento de pessoas é uma atividade de atração de candidatos, divulgação e de comunicação de vagas, e, portanto, é uma atividade tipicamente positiva e convidativa; a seleção é, ao contrário, uma atividade de escolha de pessoas, de classificação e de decisão, e, portanto, restritiva e abstrativa. Assim da mesma forma que o objetivo do recrutamento é abastecer o processo seletivo; o objetivo da seleção é escolher e classificar os candidatos mais adequados às necessidades do cargo e da organização. Existe uma série de conceitos e definições sobre seleção de pessoal. Por exemplo: Seleção é o processo onde um recrutador escolhe dentro os candidatos, a pessoa que mais se adequar dentre os candidatos para a vaga disponível. Seleção é o processo de escolher o melhor candidato para o cargo. Seleção é o processo pelo qual uma organização faz a escolha através de uma lista de candidatos, a pessoa que melhor alcançar os critérios de seleção para a posição disponível, considerando as atuais condições de mercado. Seleção é a obtenção e uso da informação e a respeito de candidatos recrutados externamente para escolher qual deles deverá receber a oferta de emprego. A seleção é importante, pois, as pessoas possuem diferenças individuais e uma variedade humana enorme. As diferenças individuais entre pessoas tanto no plano físico como no psicológico levam as pessoas a terem comportamento, reações e desempenhos diferentes, dai então o verdadeiro sentindo de se fazer seleção, pois, se todos fossem iguais seria desnecessário o processo de seleção. A seleção funciona como uma espécie de filtro que permite que apenas algumas pessoas possam integrar na organização: aquelas que apresentam características desejadas pela organização. Há um velho ditado popular que afirma que a seleção constitui a escolha certa da pessoa certa para o lugar certo. 1. RECRUTAMENTO INTERNO E EXTERNO Recursos Humanos 78 Módulo II A gestão de cargos e salários da organização constitui-se numa atividade que precede ao recrutamento e que lhe dá conteúdo e sustentação. Recrutar bem só é possível se a empresa dispuser de uma estrutura de cargos e salários atualizada, enxuta e dinâmica. O recrutamento é um processo de duas mãos: ele comunica e divulga oportunidades de emprego, ao mesmo tempo em que atrai os candidatos para o processo seletivo. Conceito de Recrutamento É um conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de recursos humanos oportunidades de emprego que pretende preencher. Recrutamento Interno e Recrutamento Externo O recrutamento interno atua sobre os candidatos que estão trabalhando dentro da organização – isto é, funcionários – para promovê-los ou transferi-los para outras atividades mais complexas ou mais motivadoras. O recrutamento externo focaliza os candidatos fora da organização, para submetê-los ao seu processo de seleção de pessoal. Prós e Contras do Recrutamento Interno Prós 1. Aproveita melhor o potencial humano da organização, 2. Motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais funcionários, 3. Incentiva a permanência dos funcionários e a sua fidelidade à organização, 4. Ideal para situações de estabilidade e pouca mudança ambiental, 5. Não requer socialização organizacional de novos membros, 6. Probabilidade de uma melhor seleção, pois os candidatos são bem conhecidos, 7. Custa financeiramente menos do que fazer recrutamento externo. Contras 1. Pode bloquear a entrada de novas idéias, experiências e expectativas, 2. Facilita o conservantismo e favorece a rotina atual, 3. Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organização, 4. Ideal para empresas burocráticas e mecanísticas, 5. Mantém e conserva a cultura organizacional existente, 6. Funciona como um sistema fechado de reciclagem contínua. Técnicas de Recrutamento Externo Recursos Humanos 79 Módulo II O recrutamento externo utiliza verias e diferentes técnicas para influenciar e atrair candidatos. Trata-se de escolher os meios mais adequados para ir até o candidato desejado e atraí-lo para a organização. O processo de recrutamento culmina com o candidato preenchendo a sua proposta de emprego ou apresentando seu curriculum vitae à organização. O recrutamento de vê ser uma atividade contínua e ininterrupta. Prós e Contras do Recrutamento Externo Prós 1. Introduz sangue novo na organização: talentos, habilidades e expectativas, 2. Enriquece o patrimônio humano pelo aporte de novos talentos e habilidades, 3. Aumenta o capital intelectual ao incluir novos conhecimento e destrezas, 4. Renova a cultura organizacional e a enriquece com novas aspirações, 5. Incentiva a interação da organização com o mercado de recursos humanos, 6. Indicado para enriquecer mais intensa e rapidamente o capital intelectual. Contras:1. Afeta negativamente a motivação dos atuais funcionários da organização, 2. Reduz a fidelidade dos funcionários ao oferece oportunidades a estranhos, 3. Requer aplicação de técnicas seletivas para escolha dos candidatos externos. Isto significa custos operacionais, 4. Exige esquemas de socialização organizacionais para os novos funcionários, 5. É mais custoso, oneroso, demorado e inseguro que o recrutamento interno. Meios de Recrutamento Externo 1. Anúncio em jornais e revistas especializadas Gerentes, supervisores e funcionários de escritório se dão bem com jornais locais ou regionais. Para empregados especializados, jornais mais populares são mais indicados. Quando o cargo for muito específico, pode-se lançar mão de revistas especializadas. Especialistas em propaganda salientam que o anúncio deve possuir quatro características, representadas pelas letras AIDA (atenção, interesse, desejo e ação). Tipos de Anúncio 1.1. Anúncio Aberto É o tipo de anúncio de emprego que identifica o empregador, indicando o nome da organização, endereço, setor para contatos, e horário de atendimento. Recursos Humanos 80 Módulo II 1.2. Anúncio Semi-Aberto Aparece a identificação da empresa, mas ocorre uma pré-triagem ao se exigir que os candidatos remetam seus currículos para o endereço da companhia ou aos cuidados do veículo divulgador do anúncio. Com essa providência o anunciante que evitar os eventuais inconvenientes do anúncio aberto em matéria de corrida de candidatos. 1.3. Anúncio Fechado A característica central do anúncio fechado é que a empresa patrocinadora da vaga não se dá a conhecer ao candidato. Assim, o recrutador examinará as propostas que lhe são encaminhadas, selecionando os contatos numa pré-seleção e evitando, com essa providência, uma quantidade muito grande de candidatos. 2. Agências de recrutamento Existem três tipos de agências de recrutamento: a) Agências operadas pelo governo no nível federal, estadual ou municipal, através de secretarias do trabalho ou entidades relacionadas com o emprego. b) Agências associadas com organizações não lucrativas, como associações profissionais ou não-governamentais. Ex: Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). c) Agências particulares ou privadas de recrutamento. As agências de recrutamento são eficazes em situações como: a) A organização não possui órgão de RH e não está preparada para recrutar ou selecionar pessoas de um certo nível. b) Há necessidade de atrair um grande número de candidatos qualificados e a organização não se sente capaz disso. c) O esforço de recrutamento visa alcançar pessoas que estão atualmente empregadas e que não se sentem confortáveis em lidar diretamente com empresas concorrentes d) O preenchimento do cargo é confidencial e não pode ser divulgado no mercado ou internamente. A utilização de agências requer os seguintes cuidados: a) Da à agência uma descrição completa e acurada do cargo a preencher. b) Especificar à agência quais são as ferramentas a utilizar na seleção dos candidatos potenciais, como formulários de emprego, testes e entrevistas, como parte do processo seletivo e os aspectos relevantes para o cargo. c) Proporcionar retroação adequada à agência, ou seja, quais os candidatos rejeitados e a razão da rejeição. d) Se possível, desenvolver um relacionamento de longo prazo com uma ou duas agências. Recursos Humanos 81 Módulo II Existem agências de recrutamento para latos executivos, as headhunters, que entrevistam e pré-selecionam os candidatos a posições mais elevadas. 3. Contatos com escolas, universidades e agremiações Algumas empresas promovem sistematicamente palestras e conferências em universidades e escolas para divulgar suas políticas de RH e criar uma atitude favorável entre os candidatos em potencial, mesmo que não haja oportunidades a oferecer a curto prazo. 4. Cartazes ou anúncios em locais visíveis Indicado para cargos mais simples é colocado nas proximidades da organização, da portaria ou em locais de grande movimentação de pessoas, como áreas de ônibus. 5. Apresentação de candidatos por indicação de funcionários O funcionário se sente co-responsável pela admissão do candidato e de certa forma, a organização delega aos seus funcionários boa parte da continuidade da sua organização informal. 6. Consulta aos arquivos de candidatos É um banco de dados que pode catalogar os candidatos que se apresentaram espontaneamente ou que não foram considerados em recrutamentos anteriores. 7. Internet Meio de recrutamento recente, porém com grande procura por parte de candidatos. Há sites especializados nesse tipo de serviço. Recrutamento misto O recrutamento misto é quando a organização não faz apenas recrutamento interno ou apenas recrutamento externo, um método completa o outro, pois, ao se fazer um recrutamento interno, o individuo deslocado para a posição vaga precisa ser substituído em sua posição atual. Se for substituído por outro empregado, o deslocamento produz uma vaga que precisa ser preenchida. Quando se faz recrutamento interno, em algum ponto surge sempre uma posição a ser preenchida com recrutamento externo, a menos que seja cancelada. Por outro lado sempre que se faz um recrutamento externo, algum desafio, alguma oportunidade ou algum horizonte deve ser oferecido ao novo empregado, sob a pena de procurar desafios e oportunidades em outra organização que lhe pareça melhor. O recrutamento misto pode ser adotado em três alternativas de sistema. a) Inicialmente, recrutamento externo, seguido de recrutamento interno, caso aquele não apresente resultados desejáveis. b) Inicialmente recrutamento interno, seguido de recrutamento externo, a organização dá prioridade a seus empregados na disputa das oportunidades existentes. c) Recrutamento externo e recrutamento interno, concomitantemente: É o caso em que Recursos Humanos 82 Módulo II a organização está mais preocupada com o preenchimento de vaga existente. Avaliação dos Resultados do Recrutamento O desafio principal do recrutamento é agregar valor à organização e às pessoas. a avaliação dos resultados é importante para aferir se o recrutamento está realmente cumprindo a sua função e a que custo. No enfoque quantitativo, quanto mais candidatos influenciar, tanto melhor será o recrutamento. Contudo, no enfoque qualitativo, o mais importante é trazer candidatos que sejam triados, entrevistado, e encaminhados ao processo seletivo. É incrível a proporção entre os candidatos que se apresentam e os que são aproveitados para disputar o processo de seleção. Os esforços de recrutamento são mais bem sucedidos quando os recrutadores são escolhidos e treinados. Os recrutadores provocam fortes impressões nos candidatos – que podem ser positivas ou negativas. Além do mais, a cooperação entre linha e staff no recrutamento é essencial. O consultor de RH e o pessoal de linha que recruta precisam saber exatamente o que o cargo exige e o que se procura nos candidatos. Quer saber mais? Leia: 1) Gestão de Pessoas. Idalberto Chiavenato. Editora Campus. 1999. Capítulo 4. 2) Como transformar RH (de um centro de despesas em um centro de lucro). Idalberto Chiavenato. Makron Books do Brasil. 1996. Capítulo 5. 3) Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. Benedito Pontes. Editora Ltr. 1996. Capítulo 4 e 5. 4) Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. Idalberto Chiavenato. Editora Atlas. 1999. Capítulo 3. 5) Administração de Recursos Humanos. Antônio Vieira de Carvalho, Luiz Paulo do Nascimento. Editora Pioneira. 1993. Volume I. Capítulo 3. 6) Tachikawa, Tasheky, et al. Gestão com pessoas. FGV, 2001. 7) Revista HSM Management. Por que tanta gente odeia o RH? Pg. 164/168. Nov/Dez. 2002. 2. ENTREVISTA DE SELEÇÃO Visa obter fatos relacionados com o histórico profissional, educacional, e socioeconômico do candidato. Outro objetivo é estabelecer uma identificação entre a empresa e o candidato, independente de este ser admitido ou não pela organização. Outra finalidade é confirmar ou não as demais fontes de informações – dinâmica eambiente da aplicação de testes, exame de currículo do candidato, etc. Há duas premissas decisivas que orientem a entrevista: a) O entrevistador incompetente extrai muitas inferências de um número extremamente limitado de informações, Recursos Humanos 83 Módulo II b) A entrevista eficiente é aquela onde o entrevistador obtém uma redução de inferências, uma vez que as informações sobre o entrevistado são abundantes, concretas e diretas. Razões da entrevista de seleção: - É o único método direto para avaliar a aparência, postura e modo de expressão do candidato. - É o único método direto para medir a rapidez de reação das respostas, dotes de persuasão, a qualidade da expressão verbal e as reações ante às perguntas inesperadas, - Analisa características pessoais, as atitudes e o rigor físico para desempenhar as funções exigidas pelo cargo. - Reúne informações obtidas de outras fontes e para explicar os informes contraditórios que procedem delas. - Proporciona informações ao candidato a fim de que ele decida se o cargo lhe interessa ou não. - Proporciona ou selecionador uma maior confiança nos resultados finais. - Serve para dar ao candidato a impressão de que lhe deu a oportunidade de expor suas qualificações. Tipos de entrevista de seleção a) Entrevista não estruturada O entrevistador encaminha poucas perguntas planejadas. As questões são formuladas a medida que a entrevista prossegue. Prescinde de qualquer roteiro ou itinerário preestabelecido para sua execução. b) Entrevista estruturada É programada pelo entrevistador para superar as limitações e deficiências da entrevista livre. Preparação para a entrevista a) Estudo das exigências do cargo: - Físico, conhecimento, experiência, características pessoais. b) Reunião do material para o desenvolvimento da entrevista - Curriculum vitae - Ficha de inscrição c) Outras informações sobre o candidato: - Fonte de recrutamento - algum dado relevante na triagem d) Preparação do ambiente: Recursos Humanos 84 Módulo II - Calmo/ acomodações apropriadas - Evitar interferências externas - Evitar barulho excessivo - Evitar atender ao telefone e) Análise das suas predisposições como entrevistador - Preconceitos - Tabus - Estereotipias - Estado de humor Realização da entrevista Feche a porta após a entrada do candidato, mostre-se naturalmente simpático e receptivo. Escolha um vocabulário adequado. Ajude o candidato a sentir-se à vontade; estabeleça um bom quebra-gelo. Permita que o candidato se expresse. Reflita a pergunta para evitar induzir a resposta: faça um pergunta de cada vez. Procure ser bom ouvinte e não demonstre enfado cansaço ou desinteresse. - Observe os fatores reveladores: Idéias ou associações. o Mudanças bruscas no assunto o Contradições de assuntos o Omissões o Gestos o Movimentos, etc. - Trabalhe as pausas - Evite verbalizações, reações fisionômicas ou posturas de espanto, susto, aprovação ou criticas, diante das informações do candidato. - Cuidado com as ciladas relativas a erros de Julgamento. Principais áreas de abordagem a) Área Profissional - Idade em que iniciou a trabalhar; - Motivo do início do trabalho; - Fatores marcantes de sua vida de trabalho; - Opiniões sobre as empresas em que trabalhou; - Suspensões, repreensões, etc.; - Relacionamento; - Preferências e rejeições por tipo de atividade; - Coerência entre as atividades já exercidas; Recursos Humanos 85 Módulo II - Experiência em liderança; - Motivos de mudança de empregos; - Níveis salariais anteriores; - Aspirações profissionais. b. Área Escolar - Nível escolar; - Nível cultura geral; - interrupções e abandono de estudo; - Forças motivacionais para a escolha do curso; - Satisfação ou insatisfação no estudo; - matérias preferidas e motivos; - treinamentos e cursos adicionais; - Cursos que pretende fazer. c. Área Familiar - Nível sociocultural e econômico da família; - Ocupação dos pais e irmãos; - Atitude do cônjuge frente ao trabalho e sua profissão; - Números de dependentes. d. Área Pessoal/Saúde - Atividades preferidas; - Tipos de leitura, filmes, etc.; - Pratica de esportes; - Contatos sociais; - Acidentes, cirurgias, restrições físicas. A forma de abordagem deve seguir uma ordem cronológica; A ordem das áreas de abordagem nem sempre podem ser seguida rigidamente. É importante, entretanto, que a passagem de uma área para outra seja feita sem cortes ou interrupções bruscas; A ênfase dada a cada área dependente do cargo e expectativas futuras; 4- Só devemos considerar como elementos negativos os dados que possam vir a interferir no desenvolvimento do cargo e na empresa. Coleta de dados Dados objetivos = Diagnóstico / São observados diretamente. - Traços físicos; Apresentação; Higiene corporal; Voz; Postura; Vestimenta, etc. Dados subjetivos = Prognóstico / Não são aparentes e dependem da participação do candidato na entrevista. Recursos Humanos 86 Módulo II - Capacidade de compreensão; - Características pessoais; - Nível intelectual geral; - Interesse pelo trabalho; - Gostos pessoais, etc.; OBS: Esses dados servem de previsão de futuros comportamentos. Encerramento da entrevista a. Não interrompa bruscamente; b. Coloque-se a disposição para dar informações; c. Não crie expectativas; d. Encaminhe-os ao Setor de Recrutamento e Seleção. Distribuição do tempo a. Não existe um tempo certo para a realização de uma entrevista; ela irá variar de acordo com a complexidade do cargo e as características do entrevistador. Porém qualquer que seja o tempo de duração, ele deverá ser assim distribuído; 40% 20% 15% 15% 10% HISTÓRICO PROFISSIONAL HISTÓRICO EDUCACIONAL HISTÓRICO FAMILIAR HISTÓRICO PESSOAL/ SAÚDE INFORMAÇÕES Características do entrevistador Memória para detalhes e nomes; Criteriosidade ao registrar os dados e ao escrever a síntese; Capacidade para se aproximar de pessoas e participar de uma grande Variedades de bate-papos; Capacidade para pensar na frente do informante; Capacidade para deixar o informante à vontade; Capacidade para evitar a identificação participatória; Humildade, modéstia, integridade respeito, simpatia, curiosidade por pessoas; Capacidade de causar uma boa impressão; Estabilidade emocional; Flexibilidade e capacidade para mudar de papel rapidamente; Não ter uma visão marcadamente moralista do mundo; Uma pessoa cujo pensamento caminha em muitas direções, em vez de uma pessoa com a mente bastante organizada. Aperfeiçoe suas técnicas de questionamento Recursos Humanos 87 Módulo II Saber como perguntar é tão importante quanto saber o que perguntar: 1. PERGUNTAS DIRETAS: São as que requerem respostas “sim” ou “não”. Devem ser evitadas porque não encorajam o candidato a falar. 2. PERGUNTAS INDIRETAS: São as que exigem respostas elaboradas (Qual sua opinião sobre gerência?). É o melhor tipo porque faz o candidato falar. 3. TENDENCIOSAS: São as que dirigem as respostas (O que o atrai mais neste trabalho, o desafio?). Este tipo de pergunta só deve ser usado com algum objetivo específico. 4. HIPOTÉTICAS: São as do tipo “e se”. Dão uma boa visão de como é o candidato. 5. CARREGADAS: São as que fazem o candidato escolher entre duas situações ruins (Você gosta de despedir pessoas ou não é capaz de fazê-lo). Evite. 6. MULTIPLAS: São várias perguntas feitas de uma vez. Raramente o candidato poderá responder a todas. Não hesite em procurar respostas mais elaboradas, mas não deixe o candidato na defensiva. Em vez de: que quer dizer com isto? Diga: isto é interessante. Pode me falar mais a respeito? Finalmente, não enfatize os aspectos negativos do candidato nem o force a falar sobre assuntos que ele evita, a não ser que sejam importantes. Perguntas que podem completar uma entrevista OBJETIVO: Identificar a percepção do profissional, acerca do seu estilo de atuação desempenho do cargo. 01. Você poderia descrever um dia típico de seu trabalho? 02. Qual você considera sua idéia ou feito mais importante em seu trabalho? 03. Como você acha que é necessário para uma pessoa tersucesso nesta área? 04. Quais habilidades você teve de usar para fazer um bom trabalho em seu emprego anterior? 05. Quais habilidades específicas você acha que pode usar neste trabalho? 06. Você pode falar um pouco sobre como toma decisões? 07. Cite alguma coisa que sua empresa poderia ter feito para obter mais sucesso. 08. Por que você está interessado neste trabalho? 09. Por que decidiu deixar seu trabalho atual? 10. Qual você considera sua maior conquista profissional? 11. Quais os maiores fracassos ou frustrações em sua vida profissional? 12. Pense em algo que você considera uma falha em sua vida e diga-me porque acha que ocorreu. 13. Você gostaria de trabalhar para sua outra empresa? Recursos Humanos 88 Módulo II 14. O que você faz quando tem dificuldades para resolver um problema? 15. Onde pretende estar dentro de três anos? 16. Fale-me sobre suas atividades de lazer e interesses? 17. Descreva o melhor chefe que já teve. 18. Que tipo de referencia acha que seu último chefe dará de você? Perguntas inteligência e aptidão geral (habilidade) 1. Para você o que é uma administração eficaz? 2. O que você entende por capacidade profissional? 3. Fale um pouco de como você acha que pode aumentar a produtividade de um grupo. 4. Como coordenar: Subordinado x interesse da empresa. 5. O que você entende por liderança situacional? 6. O que significa para você ser empresário? 7. E ser gerente? 8. Como você procederia para implantar um sistema padrão de qualidade? Atitudes e personalidades 1. Como você se porta diante de uma situação delicada? Como resolveria? 2. Fale-me um pouco de como toma decisões. 3. De que forma você acredita que pode colaborar com a empresa? 4. Como você age nas situações de mudanças? 5. O que você entende por diferenças individuais? 6. O que você acha necessário para que uma pessoa obtenha êxito? 7. Como você acha que deve agir para conseguir a eficácia dos seus subordinados? 8. Fale-me de seus hobbies e interesses. Relação para com o subordinado FALE UM POUCO DE: 1. Como você acha que deve ser uma relação entre chefe e subordinado? 2. O que você acha que seu grupo de trabalho espera de você? 3. Quais os critérios que você considera preponderante para uma promoção? 4. O que você faz para motivar o seu subordinado? Educação 1. Fale-me um pouco de sua vida de estudante. 2. O que mais lhe incentivou a ingressar numa faculdade? Tendências politicas 1. Como você vê a atuação dos grandes empresários na política? 2. Como você vê os sindicatos diante do empregado e do empregador? Recursos Humanos 89 Módulo II Vida afetiva Fale-me um pouco de sua família. Algumas palavras importantes Adaptabilidade Administração de Conflitos Aparência Autoconfiança Capacidade de Assumir Riscos Capacidade de Síntese Comunicação Pessoal Cordialidade Conhecimento e Informações Dinamismo Espírito Inovador Exercício do Poder Iniciativa Interesse Motivação Pessoal Operacionalização de Idéias Pontualidade Relacionamento Interpessoal Sentimento de Prioridades Tato Visão Gerencial/Global Administração de Tempo Ambição Audácia Bom Humor Capacidade de Trabalhar Em Equipe Capacidade Para Realizar Convivência Com Pressões Criatividades Delegação Estabilidade Emocional Empreendedor Honestidade Intuição Liderança Negociação Planejamento Polidez Responsabilidade Sociabilidade Tomada de Decisão Zelo Pela Imagem da Empresa 4. DIRETRIZES E PROCEDIMENTOS DAS ÁREAS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO O objetivo do setor de Recrutamento e Seleção (R&S) é o de atrair candidatos através de um conjunto de procedimentos para o atendimento das necessidades de pessoal, dentre os quais serão selecionados os futuros participantes da Instituição. Um dos primeiros procedimentos é a SOLICITAÇÃO DE VAGA. Geralmente toda abertura de vaga é feita pelo Gestor de cada departamento, requisitando mediante preenchimento formulário “requisição de pessoas”, a ser encaminhado à Direção Geral da empresa para autorização. De posse da requisição autorizada, o setor de Gestão de Pessoas estará analisando junto ao departamento solicitante se o processo de recrutamento será interno ou externo. No caso interno, o setor de Recrutamento e Seleção deverá pesquisar profissionais que estejam qualificados para a vaga ou, fixar anúncios em editais para respectiva vaga. Na Administração 90 Módulo II impossibilidade desse aproveitamento interno, o recrutamento deverá ser externo, buscando candidatos através do banco de dados, anúncios em jornal ou outras empresas. Recrutamento Interno (Processo de Promoção) Para participar do processo de recrutamento interno o colaborador poderá fixar um tempo de permanência na empresa. A divulgação de vaga poderá ser feita através de cartazes, estabelecendo um prazo para inscrição. Os candidatos interessados pela vaga em aberto deverão comparecer na área de Gestão de Pessoas para participar do processo seletivo interno e preencher o formulário “promoção/transferência interna”. O setor de Recrutamento e Seleção fará a análise dos candidatos de acordo com os pré- requisitos estabelecidos para o cargo, chamando-os, no decorrer, para entrevista. O Setor de Recrutamento poderá estabelecer um prazo máximo, em dias, para o desenvolvimento de todo o processo de recrutamento interno – contados a partir do recebimento da requisição de pessoal. Recrutamento Externo O Setor de Recrutamento e Seleção, inicialmente, deverá consultar o arquivo de solicitações de emprego (currículo) ou fazer pesquisa em outras empresas, verificando se existem candidatos qualificados para a função. Caso estas consultas em arquivos não atenda os pré- requisitos do cargo, publica-se o anúncio em jornal, revistas ou sites. Os candidatos passarão por um processo de triagem, preenchimento do formulário “solicitação de emprego” e entrevista. Após a entrevista, os candidatos pré-selecionados deverão comparecer em datas marcadas pelo setor de Recrutamento e Seleção para realização de testes seletivos. Após a aplicação e divulgação dos resultados dos testes, serão encaminhados ao Gestor requisitantes laudos dos candidatos aprovados, juntamente com os formulários “solicitação de emprego” e/ou “promoção/transferência interna”. A área requisitante analisará os laudos e marcará através da área de gestão de pessoas as entrevistas com os candidatos aprovados. Após a entrevista, o requisitante deverá devolver com o seu parecer final, optando ou não pela aprovação dos mesmos. Administração 91 Módulo II Processo Admissional do Recrutamento Externo O Setor de Recrutamento e Seleção entrará em contato com o candidato aprovado, solicitando que compareça na Instituição para receber a relação de documentos necessários para sua admissão. Posteriormente será encaminhado para a realização do exame pré- admissional e demais processos burocráticos. O candidato deverá entregar os documentos solicitados à área de Gestão de Pessoas, onde será informada a data de início de suas atividades na Instituição. Antes do inicio das atividades, o candidato participará do processo de integração, recebendo informações gerais sobre o funcionamento da Instituição, normas de segurança e medicina no trabalho, benefícios, etc. Bem como, apresentação formal às diversas áreas da Instituição. Processo admissional do Recrutamento Interno A área de Gestão de Pessoas entrará em contato com o candidato aprovado, informando: inicio da nova atividade, função, cargo, salário, benefícios, etc. Após o período de experiência o formulário “promoção/transferência interna” deverá ser encaminhado à área de Gestão de Pessoas para alteração do registro. Processo de devolutiva do Recrutamento Interno A devolutiva será dada ao candidato pessoalmente. Processo de devolutiva do Recrutamento Externo Será encaminhada aos candidatos – não aprovados – será ligado agradecendo pela participação no processo seletivo. 5. PADRONIZAÇÃO DE FORMULÁRIOS Muitas empresas organizacionais perdem mercado por falta do usode padronização de processos. Os integrantes de um processo devem ter uma clara identificação dos objetivos do processo, do que e para que estão executando as atividades. Um bom gerenciamento de processos viabiliza sua melhoria, proporciona uma produção mais uniforme, reduz custos, aumenta a eficiência dos processos e busca quais os produtos finais, que proporcionam maior satisfação aos clientes. Conceito Administração 92 Módulo II Formulário é um documento padronizado, estruturado segundo sua finalidade específica, possuindo características e campos apropriados, destinado a receber, preservar e transmitir informações, cujos lançamentos são necessários para definir a natureza ou cobrir fluxos de trabalho. O formulário adquiriu grande importância com crescimento das organizações, em virtude de se tratar de um excelente veículo de transmissão das informações que se tornam indispensáveis para o planejamento, execução e controle das diferentes atividades desenvolvidas. É mesmo lícito afirmar-se que quanto mais complexa a empresa tanto mais necessária a existência de métodos racionais de coleta, análise, processamento e disseminação de dados. Levando em conta essa afirmação, tem-se o formulário como uma das ferramentas mais importantes dentro das organizações, desde que elaborados de forma que as informações ali pedidas sejam claras, sejam entendidas por quem vai prestar tais informações. No tocante a área de Recursos Humanos, existem vários tipos de formulários, dos mais diferentes que se imaginar, desde uma SOLICITAÇÃO DE EMPREGADOS. Com numerações para que possam ser identificadas e tamanhos diferentes usados dentro de uma organização, até um FORMULÁRIO DE ENTREVISTAS. Não somente esses tipos de formulários, podendo ser citados outros, como os formulários usados para pesquisas de perguntas e respostas para medir o nível de satisfação dos funcionários. Nas empresas há uma idéia geral de que os formulários devem ser controlados; poucas organizações se engajam, efetivamente, num programa com este objetivo. Algumas destas razões são: A direção da empresa tem muitas coisas mais importantes em que pensar; A direção considera o controle de formulários como o controle de sistemas e métodos; entende que um estudo dos principais sistemas e métodos acarreta implicitamente, o controle de formulários, tarefa essa que é uma incumbência do órgão de O&M em geral; Alguns dirigentes ignoram o fato de que o custo do emprego dos formulários nas operações da papelada sobe de vinte a trinta vezes o custo de compras ou de produção dos impressos; não acreditam que o controle de impressos seja suficientemente importante para merecer sua atenção. Sendo assim, existem várias empresas que não sabem da importância real de se fazer o controle dos formulários, ignoram a existência de vários objetivos que podem estar faltando para a empresa se desenvolver. Reconhecer a importância dessa análise faz a diferença dentro de uma organização. Um dos objetivos do controle de formulários é: Administração 93 Módulo II Evitar a criação de novos formulários, quando já existem outros em uso com o mesmo propósito; Para que se evitem decisões indevidas que certamente vão fazer com que as empresas não se desenvolvam como tal, estas devem se adequar como organizações que realmente sabem o que querem, para que possam assim evitar gastos desnecessários, seguindo os diversos processos de controles necessários. Evitar gastos desnecessários dentro de uma organização pode ser considerado um dos principais objetivos do controle de formulários. Um setor de RH unificado através da padronização proporciona as seguintes vantagens: Diminuição de custos; Padronização de perfil funcional para todas as lojas associadas; Maior profissionalização no processo seletivo; Programa de capacitação gerencial e operacional contínuo; Possibilidade de contratação de consultorias na área de RH que se contratadas de forma individual ficariam muito onerosas; Possibilidade de contratação de profissionais já capacitados. Uma padronização muito frequente é a requisição de empregado, feita de acordo com o modelo abaixo, figura 1. Administração 94 Módulo II Administração 95 Módulo II 6. ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO EM PERÍODO DE EXPERIÊNCIA Finalidade Durante o período experimental do novo funcionário, procura-se encaminhar ao responsável pelo setor de trabalho a fim de verificar e acompanhar o desempenho do novo funcionário. O contrato de experiência é uma modalidade do contrato por prazo determinado, cuja finalidade é a de verificar se o empregado tem aptidão para exercer a função para a qual foi contratado. Da mesma forma, o empregado, na vigência do referido contrato, verificará se adapta à estrutura hierárquica dos empregadores, bem como às condições de trabalho a que está subordinado. Duração Conforme determina o artigo 445, parágrafo único da CLT, o contrato de experiência não poderá exceder 90 dias. Prorrogação O artigo 451 da CLT determina que o contrato de experiência só poderá sofrer uma única prorrogação, sob pena de ser considerado contrato por prazo indeterminado. Esta ficha de avaliação é de extrema importância, pois ela revelará a eficiência ou ineficiência dos serviços da Administração de Pessoal. MODELO FUNCIONÁRIO: CHAPA/REGISTRO: CARGO: ADMISSÃO: SETOR: SUPERIOR IMEDIATO: CARGO: INSTRUÇÕES: 01 Esta ficha constitui a primeira avaliação de desempenho do novo funcionário. Do seu resultado dependea sua contratação ou desligamento definitivo da empresa. 02 Ao dar sua opinião, procure ser objetivo e imparcial, analisando o desempenho do funcionário durante operíodo da experiência e suas possibilidades de vincular-se definitivamente à empresa. 03 Escolha apenas uma frase de cada item, assinalando-a com um "X". 04 Caso as frases não correspondam às características do seu novo funcionário, ou estejam incompletas,assinale a que mais se aproximar, fornecendo maiores explicações no espaço reservado a "observações". 05 Observe a data de devolução, que é de 5 dias. Administração 96 Módulo II ADAPTAÇÃO NO TRABALHO: É a reação do recém-admitido diante do tipo de trabalho e características administrativas da empresa. tem feito o possível para integrar-se não só ao próprio trabalho, como também às características da empresa. precisa modificar radicalmente suas características pessoais para conseguir integrar-se ao trabalho e aos requisitos administrativos da empresa. mantém um comportamento oposto ao solicitado para o seu cargo e demonstra ter sérias dificuldades de aceitação das características da empresa. está plenamente identificado com as atividades do seu cargo, e integrou-se perfeitamente às normas da empresa. Obs.: INTERESSE: É o entusiasmo demonstrado frente ao trabalho. parece vivamente interessado por seu novo emprego. dá a impressão de ser um funcionário que no futuro necessitará de constante estímulo para poder interessar-se por seu trabalho. é indiferente, apresentando uma falta total de entusiasmo e vontade de trabalhar. apresenta um entusiasmo adequado, tendo em vista o seu pouco tempo de casa. Obs.: RELACIONAMENTO SOCIAL: É o maior ou menor facilidade de integração ao grupo de trabalho. sente-se perdido entre os colegas, parece não ter sido aceito pelo grupo de trabalho. entrosou-se bem com os demais, foi aceito sem resistência. apresentou grande habilidade em conseguir amigos, mesmo com pouco tempo de casa, todos já gostam muito dele. está fazendo muita força para conseguir maior integração social com os colegas. Obs.: CAPACIDADE DE APRENDIZAGEM: É a facilidade com a qual consegue perceber pontos importantes daquilo que lhe está sendo ensinado. está conseguindo aprender o que lhe foi ensinado à custa de grande esforço pessoal, necessário repetir- se a mesma coisa várias vezes. parece especialmente habilitado para o cargo em que está, tem facilidade para aprender, permitindo-lhe executar sem falhas. parece adequado para o cargo ao qual foi encaminhado, aprende suas tarefas sem problemas. étão fácil compreender o que lhe estão ensinando que parece não ter a mínima capacidade para o trabalho. Obs.: INFORMAÇÕES GERAIS: 01 Qual o aspecto mais favorável do funcionário? 02 Qual o aspecto que mais prejudica o funcionário? 03 Que orientação deverá ser dada ao funcionário para corrigir-se? 04 De maneira geral, como o funcionário pode ser classificado?( ) fraco Administração 97 Módulo II ( ) constitui elemento com boas possibilidades futuras ( ) tem possibilidades rotineiras ( ) trata-se de excelente aquisição para a empresa 05 SÍNTESE: ( ) demitir ( ) efetivar ( ) encaminhá-lo para o treinamento LOCAL E DATA (assinatura do superior imediato) 7. INTEGRAÇÃO AO AMBIENTE DE TRABALHO Integração de Pessoas O trabalho de recrutamento e seleção de pessoas não termina no momento da admissão ou recolocação de um indivíduo na organização. É necessário um processo de adaptação do indivíduo à empresa e ao cargo que denominaremos de Integração. O processo de adaptação do homem à organização, segundo o mesmo autor, irá exigir da pessoa que: a) Adapte suas próprias idéias, seus sentimentos e seu modo de trabalhar aos padrões aceitos na empresa, b) Que encontre sua identidade, isto é, que procure o que lhe é satisfatório e o que lhe daria maior liberdade para utilizar integralmente sua capacidade. Um novo empregado, geralmente, aceita os padrões de conduta de seus colegas de trabalho, porque é com eles que ele passa a maior parte do tempo e porque quer que seja aceito pelo grupo. É assim que os padrões empresariais são estabelecidos e se tornam perpétuos. Quanto ao empregado encontrar usa identidade, nem sempre as pessoas sabem ao certo o que desejam. Muitas pessoas somente passam a conhecer seus desejos após uma série de experiências, durante um certo tempo. A cada fase de nossas vidas, podem ser alterados nossos objetivos pessoais, e são influenciados por nossas experiências e colegas de trabalho. O processo de integração deve ser enfocado, então, por dois ângulos: a adaptação do indivíduo ao trabalho e à empresa. A adaptação a cultura da empresa é importante, ou seja, é preciso que esse profissional conheça as políticas, procedimentos, controles, tipos de supervisão, tipos de material, máquinas, equipamentos. Falhas no processo de adaptação podem comprometer o exercício de uma atividade, criando dificuldades no desempenho profissional. A integração é composta por duas partes: a ambientação de pessoal e a integração de fato. Administração 98 Módulo II Ambientação de pessoal O programa deve apresentar ao novo empregado os aspectos importantes da organização: A história da empresa, Produtos da empresa, Modos de produção, Valores evidenciados pela organização, Principais políticas e procedimentos administrativos, Conduta esperada do novo empregado, Benefícios oferecidos, Possibilidades de carreira, Política salarial, entre outros. Integração de pessoal O programa deve facilitar a integração do novo funcionário à equipe de trabalho, o entendimento da cultura da empresa, o conhecimento das pessoas com as quais irá se relacionar, etc. O programa de integração pode durar alguns meses. È um trabalho, antes de tudo, de orientação para que o novo empregado se sinta como um membro da empresa de fato. Quando o empregado conhece os valores da empresa e sente que foi aceito como membro da equipe é bem provável que suas atitudes com relação ao trabalho sejam mais positivas. Durante o processo, a chefia estará acompanhando e avaliando a adaptação do novo empregado à empresa e ao cargo, cujo feedback servirá para mostrar a eficácia do processo de seleção. 8. PASSOS PARA O DESLIGAMENTO DE PESSOAS DA EMPRESA O mito da segurança e estabilidade no emprego acabou. A demissão pode ser uma experiência dolorosa, assustadora ou mesmo devastadora. Seus efeitos são traumáticos, mesmo que tenha sido causada por redução de custos, associação, venda da empresa ou falta de adaptação do executivo. A empresa, quando o trabalho de desligamento é mal conduzido, corre alto risco de ver afetada sua imagem e estabilidade legal, além do que, e especialmente, a segurança dos empregados que ficam, estará fortemente abalada, afetando o moral do grupo e o clima motivacional, com reflexos sobre a produtividade e prejuízos para futuras contratações. A forma de como se procede a rescisão de contrato é uma rotina diferenciada para cada empresa, dessa forma, um procedimento é um fluxo funcional interno de cada empresa. Exemplo: 1. Recepcionar um formulário, ou aviso, e-mail, da área cliente solicitando o desligamento do funcionário no dia x; Administração 99 Módulo II 2. Agendamento/follow-up para "start" do processo e sintonias com fechamentos de folha, contabilidade, tesouraria etc. 3. Providenciar exame médico demissional; 4. Correr nas áreas da empresa, formulário para levantamento de pendências e baixas; 5. Cálculos da Rescisão; 6. Agendamento no Sindicato da data de homologação (caso tempo de casa + de ano, considerando neste tempo o aviso prévio indenizado). 7. Realizar a Homologação. Obs.: 1. O Comunicado ao empregado sobre a demissão pode ser tarefa do RH, ou do próprio supervisor do demitido (vide política da empresa). 2. Entrevista de desligamento, para detecção de ajustes e melhorias, identificação de falhas na política de retenção, de benefícios, salários, integração e etc. 3. Verificar situação funcional, como estabilidade, por exemplo, de cipeiro, maternidade, aposentadoria(cláusula sindical), política de desligamento da empresa etc. O termo demissão é usado para descrever tantos fenômenos distintos que, às vezes, seu significado torna-se confuso e frequentemente carregado de preconceitos. Existem várias formas de demissões. DEMISSÃO INDIVIDUAL; são os casos de desligamentos individuais, em função de desempenho, reestruturação, química ou qualquer outra razão que – sob o controle ou não do empregado – não foram causadas por desvio de caráter ou de conformidade às regras organizacionais, mas que têm em comum, o fato, de apenas, o empregado ou seu grupo imediato ter sido desligado; DISPENSA; também situações individuais, onde o empregador teve um motivo justo para desligar ou dispensar o empregado: caso de desfalque, roubo ou falta grave, por exemplo; DEMISSÃO EM MASSA; são os casos em que as empresas desligam de uma só vez – pelos motivos mais variados – uma parte significativa do seu quadro de funcionários. Este grupo também inclui fatos como falências e fechamentos de áreas ou empresas. Embora esses grupos não representem categorias totalmente distintas de desligamento, cabendo a cada um muitas variações, trata-se de uma tentativa de evitar generalizações amplas e imprecisas demais. Outplacement O Outplacement surgiu nos Estados Unidos, na década de 60, como uma técnica de Recursos Humanos. Visava ajudar cientistas e engenheiros vitimados pelas demissões decorrentes da Administração 100 Módulo II recessão vivida pelos setores aeroespacial e eletro-eletrônico, na busca de novas oportunidades de trabalho. Atualmente o processo de recolocação está implantado praticamente em todos os países industrializados. Segundo a Associação que regula a atividade internacionalmente, AOCFI – The Association of Placement Consulting Firms International, o Outplacement deve ser definido como o processo estruturado em bases profissionais, destinado a apoiar o empregado demitido a abordar o mercado de trabalho de modo organizado e disciplinado e, assim, obter uma nova ocupação no menor espaço de tempo possível, promovendo uma transição com o mínimo de trauma e estresse. Historicamente, entretanto, o Outplacement surgiu no Brasil no final da década de 70, quando foi introduzido no mercado de trabalho um novo formato de Curriculum Vitae, seguindo-se a apresentação de candidatos através da divulgação por mala direta. Nova linguagem, novo estilo, candidatos se apresentado através de uma técnica e preparo jamais observado. Ganhou impulso a partir dos movimentos da globalização e de mudanças nasrelações trabalhistas. Geralmente se define Outplacement como: O Outplacement é uma técnica de gestão de Recursos Humanos por meio da qual o profissional demitido (outplaced), custeado pela organização que o demite, é assistido por um (a) especialista, desde o momento pós-comunicação de sua demissão até a concretização de seus objetivos profissionais, que podem ser: 1. A conquista de nova colocação; 2. A constituição de um negócio próprio – a Segunda carreira, ou mesmo 3. A decisão de ‘pendurar as chuteiras’. Passos para o desligamento O desligamento de colaboradores que não mais se enquadram aos procedimentos e políticas da empresa, após treinamentos e orientações de seus gestores e RH. Este procedimento deve ser aplicado para todos os setores da empresa. Vejamos o exemplo: Administração 101 Módulo II Gestor informa previamente o depto. de RH através do Formulário – Solicitação de desligamento qual o funcionário á ser desligado e qual motivo do desligamento. Lembrando que o desligamento deve ocorrer como última saída, sempre após treinamentos e orientações. O depto. De RH verificará as condições legais para o desligamento do funcionário. Após levantamento da área de RH o gestor será comunicado para efetivar ou não a demissão. Caso POSITIVO o funcionário á ser desligado deverá ser informado pelo seu gestor qual o motivo de sua demissão. Caso NEGATIVO o depto. De RH estará comunicando o Gestor o motivo LEGAL para não efetuar a demissão. E apontar quais as opções para um futuro desligamento. Após conversa com o gestor responsável o funcionário deve ser encaminhado ao RH para finalizar sua demissão Após assinatura da carta de demissão ou pedido de demissão e entrega de todos os equipamentos e uniforme o funcionário desligado deve ser convidado a preencher a entrevista de desligamento. O funcionário que deixar de devolver qualquer material da empresa será descontado em sua rescisão o valor do equipamento. As pesquisas de desligamento serão analisadas mensalmente e seu resultado será entregue para diretoria para melhorias constantes. GRAUTECNICO Retângulo Administração 102 Módulo II Entrevista de desligamento Quando um funcionário pede demissão, é comum o seu chefe direto querer saber os motivos que influenciaram nessa decisão. O momento de cisão da relação entre o profissional e a empresa, entretanto, poderia ser muito melhor aproveitado se as organizações adotassem a entrevista de desligamento como uma prática estruturada e constante na gestão de pessoas. Normalmente, por não possuir mais nenhum laço com a empresa, o ex-funcionário se sente à vontade para falar sobre questões que dizem respeito não só ao clima organizacional, mas também à política de remuneração e à estratégia de negócios da companhia. Os dados extraídos dessa conversa acabam se mostrando preciosos. Podem sinalizar a necessidade de mudanças de rumo nos processos da área de recursos humanos ou mesmo a revisão das competências dos pares e do gestor desse colaborador que está de saída. Há empresas em que as informações oriundas da entrevista de desligamento geram indicadores mensais que são enviados à diretoria, que por sua vez distribui às gerências para que sejam realizados planos de ação. Quando há, por exemplo, avaliações negativas com incidência relevante sobre o gestor de uma determinada área, o respectivo líder, por solicitação do RH, conversa com esse profissional e, se necessário, traça um plano de desenvolvimento individual para auxiliá-lo a corrigir os desvios identificados. Sem contar a obtenção de informações que dificilmente seriam conseguidas no dia a dia, como por exemplo, aquelas referentes a entraves operacionais, e que por isso nem chegam ao conhecimento do nível gerencial. A entrevista de desligamento acaba por gerar também um estudo sobre a rotatividade na empresa, pois apresenta as principais razões que levam à saída dos profissionais. Daí o RH consegue obter, por exemplo, dados sobre faixa salarial, benefícios, remuneração variável e por que não dizer um benchmarking da prática do seu mercado de atuação. Administração 103 Módulo II É claro que toda e qualquer informação passada por um ex-funcionário em uma entrevista de desligamento precisa ser cuidadosamente avaliada para não resultar em situações constrangedoras. É por isso que uma das premissas da aplicação dessa ferramenta é que o profissional do RH responsável por conduzir a entrevista seja muito bem preparado, imparcial e idôneo. A entrevista de desligamento é como se fosse “a voz do povo”. É uma oportunidade para a empresa avaliar seus processos, suas lideranças e, por que não dizer, suas estratégias de negócio. Este momento não deve ser encarado pura e simplesmente como uma ruptura. Assim como no período em que permaneceu na organização, o colaborador que pede demissão pode sim dar uma última contribuição. 9. TURN OVER NAS ORGANIZAÇÕES O termo rotatividade de recursos humanos é usado para definir a flutuação de pessoal entre uma organização e seu ambiente. A rotatividade de pessoal, também conhecida por turnover, está relacionada com a saída de funcionários de uma organização. As razões para o desligamento podem ser diversas; os indivíduos podem solicitar a sua demissão por descontentamento com alguma política da empresa, falta de motivação, ou busca de uma melhor colocação profissional. Assim como, a empresa também se coloca neste direito e busca por profissionais mais capacitados para integrar o seu quadro funcional ou ainda procura pela inovação em seus sistemas. Atualmente com o maior investimento das organizações em áreas de recursos humanos e gestão de pessoas, têm sido frequente a avaliação das principais causas que levam os funcionários a saírem de uma empresa e também quais os fatores que levam a instituição a demiti-lo. Além de ser oneroso para a instituição empresarial, o elevado índice de turnover, aponta que algo não está indo bem e precisa ser melhorado. Fora o gasto com admissões e demissões, há todo um transtorno gerado na empresa por falta de mão-de-obra, o que pode abalar mais futuramente a sua produtividade. Com o mercado amplamente competitivo, é crescente a busca constante por profissionais com um maior grau de profissionalização. O que dificulta na busca de um colaborador ideal para muitas empresas, pois pode se deduzir que os melhores profissionais já estejam empregados. Mas as instituições apresentam a consciência de que ninguém é insubstituível, por mais gastos que possa gerar para a empresa é um fato real e que precisa ser resolvido. É nítido que o papel do profissional de recursos humanos deve estar atento às constantes mudanças do mercado externo e também da realidade das pessoas que compõe a organização. Administração 104 Módulo II Podem ser movidas ações que venham a auxiliar a manter um baixo indicador de rotatividade de pessoal, cabe a gestão de pessoas encontrar quais as melhores ferramentas eficazes para auxiliar na manutenção de pequeno índice de turnover. Improdutividade, salário, motivação, tédio na execução das tarefas e melhor reconhecimento profissional são as principais causas que atingem o indicador de rotatividade de pessoal. Os profissionais da área de gestão de pessoas que tenham por objetivo reduzir o seu índice de rotação de pessoal devem analisar todo o processo de recrutamento, seleção, treinamento, motivação e também como está sendo o desenvolvimento do colaborador dentro da organização. Os problemas relacionados ao alto nível de rotação de pessoal podem ter seu início mesmo durante o recrutamento e seleção, o recrutador pode acreditar que uma pessoa que possua uma boa qualificação profissional técnica mesmo não possuindo as competências exigidas pelo cargo possa desenvolver um bom trabalho. Após a seleção, pode ser notório que o selecionado não possuía um perfil adequado para exercer a função na qual foi selecionado. Pode ocorrer também problemas com o treinamento, o colaborador não receber uma capacitação adequada. Ou ainda pode-se desmotivar,(as pessoas tendem a se desmotivar muito rapidamente) principalmente quando não lhe é proposto um bom ambiente de trabalho para desempenhar as suas tarefas ou então se perceber que foi atraído para uma atividade que é um pouco divergente da proposta, com atividades entediantes ou a questão salarial não ser atrativa. Geralmente, a rotação de pessoal é expressa através de uma relação percentual entre as admissões e os desligamentos. Diagnósticos das causas da rotatividade de pessoal Apolítica salarial da organização. A política de benefícios da organização. O tipo de supervisão exercido sobre o pessoal. As oportunidades de crescimento profissional pela organização. O tipo de relacionamento humano dentro da organização. As condições físicas ambientais de trabalho da organização. O moral do pessoal da organização. A cultura organizacional da organização. A política de recrutamento e seleção de recursos humanos. Os critérios e programas de treinamento de recursos humanos. A política disciplinar da organização. Os critérios de avaliação do desempenho. O grau de flexibilidade das políticas da organização. Administração 105 Módulo II Absenteísmo Também denominado ausenteísmo, é uma expressão utilizada para designar as faltas ou ausências dos empregados ao trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, Cleber Pinheiro de. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1980. CAXITO, F. de A. – Recrutamento e Seleção de Pessoas, IESDE Brasil S.A, 2008. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas; o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos na Organização: Recrutamento, Planejamento e Seleção de Pessoal. São Paulo: Atlas, 1991. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Compacta. São Paulo: Atlas, 1992. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1989. DECENZO, David A; ROBBINS, Stephen P. Administração de Recursos Humanos. Rio de Janeiro: LTC, 1996. GIL, Antônio Carlos. Administração de Recursos Humanos: um enfoque profissional. São Paulo: Atlas, 1994. FRANCO, José de Oliveira – Recursos Humanos: fundamentos e processos, IESDE Brasil S.A, 2008. LODI, João Bosco. Recrutamento de Pessoal. São Paulo: Pioneira, 1992. MILKOVICH, George T. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1994. WERTHER, Willian B. Administração de Pessoal e Recursos Humanos. São Paulo: McGraw- Hill do Brasil, 1983. RIBEIRO, Antônio de Lima – Gestão de Pessoas, Editora Saraiva, 2008. EXERCÍCIOS 1. Quais as características do mercado de RH em situação de oferta e quais as consequências para os candidatos e para as empresas? 2. O que é rotatividade de pessoal e como pode ser calculada? 3. Quais as possíveis causas internas ou externas da rotatividade de pessoal? 4. Monte um plano ou formulário de entrevista de desligamento para detectar e tabular as causas dos desligamentos. 5. O que é recrutamento de pessoal e o que são fontes de recrutamento? Administração 106 Módulo II 6. Explique o processo de recrutamento. 7. Compare as vantagens e desvantagens do recrutamento interno e externo. 8. Explique e compare as principais técnicas de recrutamento externo. 9. Como se pode utilizar o recrutamento misto? 10. Conceitue seleção como processo de comparação e de decisão e escolha. 11. Liste e comente as fases da entrevista de seleção 12. Explique as alternativas de sistema de seleção. 13. Como se avaliam os resultados da seleção de pessoal? ANOTAÇÕES: Administração 107 Módulo II GESTÃO DE DESEMPENHO E AVALIAÇÃO Recursos Humanos 109 Módulo II 1 - A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO A prática da avaliação, em seu sentido genérico, é inerente à natureza humana assim como é também a base para tomada de decisão que está presente em toda escolha. As organizações buscam atrair e selecionar colaboradores que compartilham de seus valores e crenças e utilizam sistemas de reconhecimento para estimular e tentar garantir os desempenhos considerados adequados e desejáveis às suas realidades. Contudo, entre o desempenho real e o desempenho esperado pode ocorrer um hiato, que é muitas vezes designado como discrepância de desempenho. Para sanar essa situação é comum vermos as organizações delinearem diversas atividades e implantarem conceitos e metodologias que nem sempre atendem suas próprias necessidades. Muitas vezes, nestes processos, ocorrem efeitos opostos aos desejados, onde muitas expectativas são criadas e poucas são atendidas de forma positiva, ou que venham a representar um ganho representativo na trajetória de desenvolvimento pessoal/profissional dos trabalhadores. A partir desta realidade surge a indagação se a metodologia tradicionalmente usada para mensurar o desempenho é adequada e contribui efetivamente para que o trabalhador alcance o sucesso em suas metas. Relata-se a demanda da empresa de avaliar seus gestores através de uma nova proposta: o mapeamento de competências. O objetivo do mapeamento é, prioritariamente, levantar através de técnicas e testes apropriados, o potencial individual, e informa-los sobre a sua própria atuação profissional, visando o desempenho de alta performance e sucesso nas estratégias e metas previamente definidas. A Avaliação de Desempenho foi originalmente estruturada para mensurar o desempenho e o potencial do funcionário, tratando-se de uma avaliação sistemática, feita pelos supervisores ou outros hierarquicamente superiores familiarizados com as rotinas e demandas do trabalho. Ela é tradicionalmente definida como o processo que busca mensurar objetivamente o desempenho e fornecer aos colaboradores informações sobre a própria atuação, de forma que possam aperfeiçoá-la sem diminuir sua independência e motivação para a realização do trabalho. O desempenho reflete-se no sucesso da própria organização e talvez por isso é característica mais obvia a ser medida. Recursos Humanos 110 Módulo II Observa-se que em muitas empresas o desempenho e a produtividade da equipe são muito valorizados, porém poucos funcionários parecem apresentar o perfil e o desempenho esperado. Segundo GIL (2001), é necessário para uma organização que ela mantenha um sistema de Avaliação de Desempenho tecnicamente elaborada. Sendo esta, uma maneira de evitar que a avaliação seja feita de forma superficial e unilateral, do chefe em relação ao supervisionado. No entanto na visão de SCOTT (1998), a Avaliação de desempenho deveria preocupar-se com o nível habitual de desempenho no trabalho atual, em determinado período, a contar desde a última avaliação. Avaliação do pessoal é a apreciação sistemática de um subordinado segundo um trabalho feito, suas aptidões e outras qualidades necessárias à boa execução de seu trabalho; esta ligada, frequentemente, mas não necessariamente, as vantagens financeiras a titulo de encorajamento. CHIAVENATO (1981) nos coloca que a Avaliação de Desempenho é uma sistemática apreciação de desempenho do indivíduo no cargo e de seu potencial de desenvolvimento. Em muitas organizações a Avaliação de Desempenho é tratada como um procedimento de grande importância na gestão de recursos humanos. Muitos gestores veem na avaliação de desempenho um conjunto de vantagens proveitosas para a melhoria da produtividade, sendo um meio para desenvolver os recursos humanos da organização, pois torna possível identificar o grau de contribuição de cada empregado para organização, identificar os empregados que possuem qualificação superior à requerida pelo cargo, identificar em que medida os programas de treinamento tem contribuído para a melhoria do desempenho dos empregados, promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos empregados, além de fornecer subsídios para definir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos, remuneração e promoção, e também para elaboração de planos de ação para desempenhos satisfatórios. CHIAVENATO (1981) através da avaliação podem ser observadas e avaliadas competências como: visão estratégica,planejamento, organização, responsabilidade, acompanhamento, Recursos Humanos 111 Módulo II liderança, delegação, tomada de decisão, solução de problemas, iniciativa, proatividade, criatividade e inovação, orientação a resultados, autodesenvolvimento, administração de conflitos, capacidade de negociação, flexibilidade e adaptação a mudanças, competências interpessoal e trabalho em equipe. A avaliação de desempenho é um instrumento utilizado pelas organizações há muito tempo, percebe-se que em muitas organizações há uma preocupação crescente em implantar algum sistema de avaliação, que vise conhecer a extensão em relação a cada um dos colaboradores, tais como identificar problemas de integração, supervisão, motivação, sub aproveitamento do potencial e outros. 2 - MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Para CHIAVENATO (1981) avaliação de desempenho, muitas vezes, pode servir de base às políticas de promoção das organizações. O processo é efetuado periodicamente, normalmente com caráter anual, e consiste na análise objetiva do comportado do avaliado no seu trabalho, e posterior na comunicação dos resultados. Tradicionalmente compete aos superiores avaliarem os seus subordinados, estando à avaliação sujeita a correções posteriores para que os resultados finais sejam compatíveis com a política de promoções. A seguir estaremos apresentando alguns dos métodos tradicionalmente utilizados para avaliar desempenho. Métodos da Escala Gráfica: É o método de Avaliação de desempenho mais utilizado, divulgado e simples. Exige muitos cuidados, a fim de neutralizar a subjetividade e o pré-julgamento do avaliador para evitar interferências. Trata-se de um método que avalia o desempenho das pessoas através de fatores de avaliação previamente definidos e graduados. Utiliza um formulário de dupla entrada, no qual as linhas em sentido horizontal representam os fatores de avaliação de desempenho; enquanto as colunas em sentido vertical representam os graus de variação daqueles fatores. Os fatores são previamente selecionados para definir em cada empregado as qualidades que se pretende avaliar. Recursos Humanos 112 Módulo II Método da Escolha Forçada: Consiste em avaliar o desempenho dos indivíduos por intermédio e frases descritivas de determinadas alternativas de tipos de desempenho individual. Em cada bloco, ou conjunto composto de duas, quatro ou mais frases, o avaliador deve escolher, forçosamente, apenas uma ou duas alternativas, que mais se aplicam ao desempenho do empregado avaliado. As frases podem variar, porem basicamente existem duas formas de composição: 1- os blocos são formados por duas frases de significado positivo e de duas de significado negativo. O supervisor ou avaliador, ao julgar o empregado, escolhe a frase que mais se aplica e a que menos se aplica ao desempenho do avaliado. 2- Os blocos são formados apenas por quatro frases com significado positivo. O supervisor ou avaliador, ao julgar o empregado, escolhe as frases que mais se aplicam ao desempenho do avaliado. Método de Pesquisa de Campo: É feito pelo chefe, com assessoria de um especialista (staff) em Avaliação de Desempenho. O especialista vai a cada sessão para entrevistar a chefia sobre o desempenho de seus respectivos subordinados. Embora a Avaliação seja responsabilidade de cada chefe, há uma ênfase na função de staff em assessorar da maneira mais completa. Métodos dos Incidentes Críticos: Baseia-se no fato de que no comportamento humano, existem certas características extremas, capazes de levar a resultados positivos. Uma técnica sistemática, por meio da qual o supervisor imediato observa e registra os fatos excepcionalmente positivos e os fatos excepcionalmente negativos a respeito do desempenho dos seus subordinados. Focaliza tanto as exceções positivas como as negativas no desempenho das pessoas. Método de Comparação aos Pares: Consiste em comparar dois a dois empregados de cada vez, e se anota na coluna da direita, aquele que é considerado melhor, quanto ao desempenho. Recursos Humanos 113 Módulo II Pode-se ainda, utilizar fatores de avaliação. Assim, cada folha do formulário seria ocupada por um fator de avaliação de desempenho. Método de Frases Descritivas: É um método que não exige obrigatoriedade na escolha de frases. O avaliador assimila apenas as frases que caracterizam o desempenho do subordinado (sinal “+” ou “s”) e aquelas que realmente demonstram o oposto de seu desempenho (sinal “-“ ou “n”). Método da Auto-Avaliação: É o método por meio do qual o próprio empregado é solicitado a fazer uma sincera análise de suas próprias características de desempenho. Pode utilizar sistemáticas variáveis, inclusive formulários baseados nos esquemas apresentados nos diversos métodos de avaliação do desempenho já descritos. Método de Avaliação por Resultados: Liga-se aos programas de Administração por Objetivos. Este método baseia-se numa comprovação periódica entre os resultados fixados (ou separados) para cada funcionário e os resultados efetivamente alcançados. As conclusões a respeito dos resultados permitem a identificação dos pontos fortes e fracos do funcionário, bem como as providências necessárias para o próximo período. É considerado um método prático, embora seu funcionamento dependa sobremaneira das atitudes e dos pontos de vista do supervisor a respeito da avaliação do desempenho. Avaliação por objetivos: Também CHIAVENATO (1981) propõe a Avaliação por objetivos: Neste método de avaliação o gestor e o colaborador negociem os objetivos a alcançar durante um período de tempo. Os objetivos devem ser específicos, mensuráveis e estar alinhados aos objetivos da organização. Periodicamente o gestor e o colaborador devem se reunir e discutir o nível de desempenho, podendo ser renegociados os objetivos. O colaborador precisa estar motivado para apresentar planos, propor correções e sugerir novas idéias. Em contrapartida o gestor deve Recursos Humanos 114 Módulo II comunicar o seu agrado (ou desagrado) perante os resultados alcançados e propor também correções. A avaliação vai assim tomando forma através da análise do desempenho do colaborador. O desempenho deve estar, contudo, limitado aos objetivos negociados. O gestor nunca deve ter em conta aspectos que não estavam previstos nos objetivos, ou que não tivessem sido comunicados ao colaborador. Deve ser permitido ao colaborador apresentar a sua auto-avaliação e discuti-la com o gestor. Quando chega o momento do gestor comunicar a avaliação dos seus colaboradores, tanto um como o outro, têm consciência dos resultados que foram alcançados e se foram satisfeitos, ou não, os objetivos. Desta forma, o colaborador sabe de antemão o que se espera dele, e sabe se a avaliação que lhe foi atribuída é justa ou não, pois já recebeu previamente o feedback do seu gestor. Por outro lado, não poderá pôr em causa a avaliação dos colegas, pois os objetivos são negociados individualmente. A política de progressão de carreiras, ou de aumentos salariais, também pode estar incluída neste processo, podendo os colaboradores e o gestor negociar mediante o alcance dos resultados esperados. Em todo e qualquer passo da Avaliação de Desempenho é fundamental que as informações sejam corretas e reais, para que se possa, ao final, obter resultados reais sobre os empregados. Métodos Mistos:É muito comum organizações que se caracterizam pela complexidade de seus cargos, recorrerem a uma mistura de métodos na composição do modelo de Avaliação de Desempenho. Como se pode ver existem diversos métodos de Avaliação de Desempenho, tanto nos aspectos relacionados com a própria avaliação e com as prioridades envolvidas, quanto na sua mecânica de funcionamento, pois há uma tendência de cada organização ajustar os métodos ‘as suas peculiaridades e necessidades’. Observa-se que o leque de desvantagens é grande e pode comprometer os efeitos que se pretende com a avaliação de desempenho. Recursos Humanos115 Módulo II 3 - PONTOS CRÍTICOS E DESVANTAGENS DOS SISTEMAS TRADICIONAIS Muitas das metodologias de avaliação evidenciam sua precária objetividade, provocando efeitos negativos. A subjetividade do processo pode ser atribuída a várias causas: julgamento, avaliadores, processo, política da organização e inflexibilidade do método. Além disso, há o erro de julgamento, que é uma das causas frequentes da subjetividade da avaliação. Pode existir um erro constante, em que o avaliador tende a avaliar exageradamente alto ou exageradamente baixo, ou ainda a classificar todos os colaboradores de igual forma. Pode dar-se um erro de viés, em que uma característica do colaborador, por ser avaliada demasiado alta, influência a apreciação global. O julgamento não meditado por parte do avaliador, provocado por pressa, aversão à discriminação, ou outros motivos, penaliza os colaboradores injustamente avaliados. E pode ocorrer o erro de prestígio, em que o avaliador tende a dar importância a determinadas características, fugindo ao peso dos parâmetros estabelecidos. No que diz respeito aos avaliadores pode também ocorrer ambiguidade na avaliação provocada por falta de informação ou informação errônea sobre os colaboradores. Nem sempre o avaliador está presente para observar o comportamento dos colaboradores, fato que pode provocar uma desigualdade injusta de avaliações. O método para medir o desempenho pode não ser adequado, os parâmetros especificados podem não estar de acordo com o que se espera do trabalhador, e a falta de feedback deixa o colaborador sem noção do que se espera dele. A política da organização também condiciona o efeito da avaliação, em muitas organizações a avaliação de desempenho é apenas um mero ritual, sendo considerada uma perda de tempo. Noutras, a avaliação de desempenho serve para definir a remuneração, e em alguns casos apenas para atribuir um pequeno prêmio aos colaboradores melhor avaliados. De fato, o que se passa entre os colaboradores é que a desigualdade e as injustiças da avaliação de desempenho tiram a credibilidade de todo o processo e geram desmotivação. Este efeito assume dimensões consideráveis quando a avaliação de desempenho está associada à política de progressão de carreira. É comum a uniformidade de avaliações Recursos Humanos 116 Módulo II individuais ao longo do tempo, o que condiciona a progressão global dos colaboradores. Enquanto uns colaboradores vão sendo promovidos gradualmente, outros que têm as mesmas competências nunca são promovidos, criando um fosso nas equipes de trabalho. Esta desigualdade pode ser responsável por comportamentos altamente desmotivados naqueles que obtiveram baixa classificação e por outro lado, desconforto naqueles que obtiveram melhor avaliação. A acrescentar a estes efeitos negativos há ainda a questão da periodicidade da avaliação de desempenho. Apesar de esta ser tradicionalmente anual, existe a tendência de avaliar o desempenho como uma característica inerente ao avaliado, e não a considerar apenas o período estabelecido. Desta forma gera-se a uniformidade das avaliações individuais, referida acima, que se prolonga ao longo do tempo. É claramente constatável que qualquer das formas de avaliação até então apresentadas implicam em processos permeados pela subjetividade de ambos, avaliador e avaliado. Os métodos até agora apresentados, considerados tradicionais, possuem uma característica comum que é olhar quase que exclusivamente para o cargo e tarefas que o funcionário desempenha, desconsiderando as competências pessoais. Tendências atuais apontam para a necessidade de mudanças nos parâmetros das avaliações, onde o mais importante a ser considerado é entendermos que a apreciação de um fato sempre sofre influencia dos valores e crença de quem julga. Para SOUZA (2002) a base da avaliação como vinha sendo praticada, está em conceitos mecanicistas onde o dogma central é a insistente busca do padrão e da objetividade, percebidos pelos dirigentes como indispensáveis para exercer o controle sobre os resultados empresariais. Entretanto, o panorama atual caracteriza-se pelas contínuas mudanças de padrões de comportamento pessoal, profissional, cultural e organizacional. Para manter sua competitividade as organizações necessitam reformular seus modelos e práticas de gerenciamento de desempenho. Essa nova abordagem implica em mudar a ênfase da avaliação passiva para centrar-se na análise ou avaliação ativa do desempenho. Recursos Humanos 117 Módulo II 4 - TENDÊNCIA CONTEMPORÂNEA: A AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS Para VROOM, ( 1997) o primeiro passo nesta nova abordagem consiste na reformulação do papel dos funcionários no sistema de avaliação. Eles devem fazer uma auto-avaliação, identificando não apenas seus pontos fracos, mas seus pontos fortes e seus potenciais. Deixam de ser objetos passivos e passam a ser agentes ativos da avaliação de seu desempenho. Os talentos humanos nunca foram tão assediados e valorizados quanto nesta década. As empresas voltam-se cada vez mais para a identificação da “prata da casa”. Afinal o que é mais vantajoso? Investir naqueles que já estão engajados na cultura e nos empreendimentos em andamento, que têm potencial para ir mais além, ou contratar mais pessoas para ocupar as funções novas e cargos vagos? É evidente que em algumas ocasiões, injetar “sangue novo” pode ser tão saudável quanto estratégico para a efetivação de mudanças. Porém, torna-se cada vez mais comum reconhecer os méritos dos colaboradores que se destacam no dia-a-dia de trabalho e dar-lhes a oportunidades para ampliar seu campo de desafios. O retorno reflete-se na motivação das pessoas e no aumento do nível de competitividade da empresa que valoriza o potencial de suas equipes. 5 - A AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS A premissa básica é a de que o funcionário sabe ou pode aprender – a identificar suas próprias competências, necessidades, pontos fortes, pontos fracos e metas. Assim, ele é a pessoa mais capaz de determinar o que é melhor para si. O papel dos superiores e da área de RH passa a ser o de ajudar o funcionário a relacionar seu desempenho às necessidades e à realidade da organização. Esse novo modelo desperta dúvidas e uma delas são sobre a conceituação do que são competências. Por ser um termo amplamente utilizado e com diversas conotações, escolhemos a definição de LEBOYER (1997) “Competências são repertórios de comportamentos que algumas pessoas e/ou organizações dominam, o que as faz destacar de outras em contextos específicos”. É importante ressaltar que o conceito destaca a excelência, o que torna necessário estabelecer um processo sistematizado, com Recursos Humanos 118 Módulo II metodologias específicas, passível de mensuração e comparação de performances entre os vários colaboradores de uma instituição, quando se deseja identificar pessoas dentro do perfil desejado. GRAMIGNIA (2002) refere que é possível pensar a avaliação de desempenho por competências como um poderoso meio de identificar os potenciais dos funcionários, melhorar o desempenho da equipe e a qualidade das relações dos funcionários e superiores, assim como estimular aos funcionários a assumir a responsabilidade pela excelência dos resultados pessoais e empresariais. A gestão por competências é sistema gerencial que busca impulsionar os funcionários na competência profissional, acrescentando capacidades e aumentando as já existentes. Competências são aqui entendidas como as capacidades, os conhecimentos e as características pessoais que distinguem os profissionais de alto desempenho daqueles de desempenho regular em determinada função. O gerenciamento baseado em competências ou Gestão por Competências é uma ferramenta que identifica as competências essenciais, as habilidades e conhecimentos determinantes da eficácia profissional e também as lacunas de qualificação do funcionário para tarefas específicas e fornece recursos para aperfeiçoar suas capacidades. O resultadoé um quadro de funcionários mais talentosos e mais produtivos. PRAHALAD(1997) afirma que na maior parte das vezes, é a percepção do gerente sobre o funcionário que define a competência do mesmo. Se for uma percepção correta é ponto a favor do funcionário. Na maior parte das vezes, contudo, a percepção do gerente é incompleta. Ou, então, não compreendida pelos funcionários. Ou, ainda, as percepções dos outros podem ser diferentes. Isso pode tornar confuso e traiçoeiro o progresso de um funcionário pelo labirinto do desenvolvimento profissional, que é por si mesmo repleto de obstáculos. Também existem outras dificuldades, por exemplo, como os funcionários aprendem o que é necessário para ser eficaz? Muitos através de tentativa e erro, outros de suposições e até por boatos e lendas. O resultado é que cada funcionário possui uma visão diferente e só parcialmente correta sobre o que é preciso para ser eficaz no trabalho. Recursos Humanos 119 Módulo II O gerenciamento baseado nas competências representa uma mudança cultural em direção a um maior senso de responsabilidade e autogestão dos funcionários. É também uma maneira simples de melhorar o desempenho. O primeiro passo é definir as competências técnicas, conceituais e as interpessoais, dentro de cada função. É importante salientar que definir competência não é definir tudo aquilo que o funcionário faz, mas determinar quais capacitações devem ser fomentadas, protegidas ou diminuídas. 6 - AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS Para pensarmos em implantar um modelo de avaliação que toma por base as competências pessoais é imprescindível que tenhamos consciência da agilidade, mobilidade e inovação que as organizações precisam para lidar com as mudanças constantes, ameaças e oportunidades emergentes. São essas mudanças que levam a própria empresa a rever muitas de suas estratégias organizacionais e também a levam a pensar em quais são as competências necessárias ou desejáveis aos profissionais que integram seus quadros no momento presente e também no futuro. As pessoas e seus conhecimentos e competências passam a ser a base principal da empresa. Assim, as pessoas deixam de serem “recursos” e passam a serem tratados como seres dotados de habilidades, conhecimentos, atitudes, sentimentos, emoções, aspirações, etc. No modelo de Gestão por Competência a avaliação é apenas uma ferramenta que auxilia o funcionário a clarear para si mesmo e para a organização, quais as competências que possui e quais deverão buscar desenvolver ou incrementar. Esse processo deverá sempre estar alinhado as competências essenciais da própria organização. A avaliação inicia-se pelo mapeamento, que irá permitir colher dados relativos às competências necessárias para o bom desempenho das atividades e perfil do funcionário quanto a estas competências, categorizando-as em três blocos, que são: Competências Conceituais (conhecimento e domínio de conceitos e teorias que embasam as técnicas); Competências técnicas (domínio de métodos e ferramentas específicas para determinada Recursos Humanos 120 Módulo II área de trabalho) e Competências interpessoais (permitir que as pessoas se comuniquem e interajam de forma eficaz. Atitudes e valores pessoais). No presente estudo iniciou-se a avaliação por meio de técnicas e teste que levantaram o potencial de cada colaborador participante obedecendo à metodologia proposta que é apresentada a seguir. A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E A REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIA Ao longo dos anos, observamos constantes mudanças acontecendo no mercado de trabalho envolvendo a força humana. Avanços tecnológicos, mudanças na forma de organização do trabalho trouxeram uma nova postura profissional. No começo do século XX, a idéia central era conciliar empresa e produção, com as pessoas e o salário pago a elas. Desta forma, a satisfação das pessoas não era fator considerável para futuras mudanças, mas sim altos salários caracterizando uma boa produção. (ARAUJO, 2006, P.45). Observamos que muitos estudiosos passaram a perceber que a mão de obra do colaborador não se tratava apenas de um processo e sim deveria ser tratada de forma individualizada. Na busca de melhorias começaram a trazer novos modelos de organização do trabalho onde encontraram maneiras de motivar e desenvolver o indivíduo, uma delas foi através das competências. Desta forma, algumas organizações estão implementando a remuneração por competências para as áreas que abrangem o trabalho administrativo caracterizado pela incerteza, abstração e criatividade. De acordo com Wood Jr. e PicarelliFilho.a (1999), o aumento do interesse deste tipo de remuneração é fruto da convergência de vários fatores: o crescimento do setor de serviços na economia, acompanhado por forte demanda por profissionais mais qualificados; a reestruturação de empresas, com o desmantelamento das estruturas hierárquicas rígidas e a implementação de sistemas mais flexíveis. Desta forma, a compreensão de competências por vários teóricos é baseada no conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para que a pessoa desenvolva suas Recursos Humanos 121 Módulo II atribuições e responsabilidades. Isso não garante que as pessoas irão agregar valor à organização só porque possuem conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes. Segundo Chiavenato (2006, p.95), as competências individuais resultam da conjunção de quatro fatores: 1. Conhecimento: é o saber; 2. Habilidade: é o saber fazer; 3. Julgamento: saber analisar; 4. Atitude: é o tipo de comportamento proativo; garra; ânimo; vontade; persistência; insistência no alcance de objetivos até que eles sejam alcançados. Ponderar e julgar a gestão de competência requer uma estrutura organizacional totalmente diferente da estrutura convencional e tradicional. Percebemos que somente a competência humana não resulta em uma trajetória de sucesso de pessoas e sim aplicada juntamente a outras práticas como a de remuneração, por exemplo, que permite o alcance maior dos resultados esperados, sendo também a avaliação de desempenho uma ferramenta eficiente para essa análise. Mas não podemos falar de competência sem abordar o desenvolvimento humano, pois são processos que estão relacionados entre si. Sendo assim, uma das questões mais difíceis na gestão de pessoas é definir o que é desempenho e como avaliá-lo. De acordo com Dutra (2004, p.69) o desempenho é o conjunto de entregas e resultados de determinada pessoa para a empresa ou negócio. Envolvem desenvolvimento, esforço e comportamento. Segundo Robbins (2002, p.474) a avaliação individual do desempenho é necessária para que as pessoas percebam que os esforços que estão realizando resultarão numa avaliação favorável e que consequentemente serão recompensadas financeiramente. Recursos Humanos 122 Módulo II De acordo com Bergamini (1988, p.29-31), a avaliação de desempenho tem grande importância em toda a área de Recursos Humanos. No recrutamento e seleção para validar o processo utilizado; no treinamento e desenvolvimento como forma de levantamento de necessidades; na remuneração através da recompensa salarial e na movimentação de pessoal, pois a empresa tem um histórico do desenvolvimento individual, da experiência, dos problemas de relacionamento e de produtividade e do esforço empenhado para a melhoria do desenvolvimento pessoal de cada empregado. Para atingir esses objetivos existem vários métodos que apresentam vantagens e desvantagens, ficando a critério da empresa escolher o mais adequado em função das suas características. Os métodos descritos pelos diversos autores são muito similares e os mais comuns são: escala gráfica, escolha forçada, pesquisa de campo, comparação aos pares, frases descritivas, entrevista de avaliação de desempenho, entre outros. Apesar da constatação de sua importância, a avaliação de desempenho é um instrumento controvertido e polêmico. Uma de suas grandes dificuldades é o seu elevado grau de subjetividade (AQUINO, 1980,p.199). Se os modelos não forem bem estruturados e eficazes, com certeza os resultados desejados não serão alcançados. A partir das informações coletadas na avaliação de desempenho é possível realizar um planejamento melhor dos seus recursos humanos; para o avaliado que contribui para conhecer seus méritos e corrigir suas falhas e para o avaliador que poderá ajudar com clareza a planejar tarefas de acordo com a capacidade de cada um. Bergamini (1988, p.31) também comenta sobre a "necessidade de se avaliar periodicamente nosso pessoal. Além de todas as pessoas serem diferentes, elas apresentam diferentes formas de executarem suas tarefas e atingirem metas". Com essa diferença, deve haver tratamento diferenciado e eficazmente saber lidar com esses fenômenos para manter um clima satisfatório e produtivo. Avaliação Participativa Por Objetivos (APPO): Algumas organizações estão adotando um avançado sistema de administração do desempenho no qual participam ativamente o funcionário e o seu gerente. Nesse sistema se Recursos Humanos 123 Módulo II adota uma técnica de intenso relacionamento e de visão proativa. E aqui ressurge a velha Administração por Objetivos (APO), agora com novas roupagens e sem aqueles conhecidos traumas provocados pela antiga arbitrariedade, autocracia e contínuo estado de tensão e aflição dos envolvidos que caracterizam a sua implantação na maioria de nossas organizações. APPO é democrática, participativa, envolvente e motivadora. Envolve as etapas: 1) Formulação de Objetivos consensuais (gerente e funcionário); 2) Comprometimento pessoal para alcançar os objetivos conjuntamente formulados; 3) Negociação dos recursos e meios necessários para alcançar os objetivos (materiais, equipamentos, equipe de trabalho treinamento e desenvolvimento, outros); 4) Desempenho (funcionário escolhe seus meios de alcançar os objetivos); 5) Monitoração constante dos resultados (auto-avaliação, se necessário o gerente o auxilia); 6) Retroação intensiva e contínua (funcionário precisa saber avaliar como está seu trabalho). Avaliação 360 graus: A ‘Avaliação 360 Graus’, também chamada de “feedback 360”, é um método de avaliação de pessoas que se baseia na ampla participação de todos os integrantes da equipe. Por esse modelo, que alguns gestores preferem chamar de “avaliação multivisão”, o profissional é avaliado não somente pelo superior, mas também pelos seus pares e eventuais subordinados. É assim que conseguimos identificar os elos fracos de uma equipe. Um profissional pode parecer muito competente aos olhos do superior, mas, na verdade, oprimir seus subordinados de tal maneira que estes deixam de ser proativos e não rendem para a empresa tudo o que poderiam render. Recursos Humanos 124 Módulo II No afã de mostrar trabalho, muitos executivos cometem o erro de centralizar tudo, negando-se a dividir tarefas e responsabilidades com seus pares. Esse tipo de comportamento não costuma gerar bons resultados. Como funciona Na ‘Avaliação 360 Graus’, os participantes recebem feedbacks estruturados de seus superiores, pares, subordinados e outros stakeholders. Além disso, o profissional elabora sua própria auto avaliação. Para chegarem a esse tal ‘feedback estruturado’, os membros da equipe preenchem um questionário específico, que descreve os comportamentos de liderança considerados essenciais pela organização. Os resultados são confidenciais, ou seja, a pessoa que os recebe não sabe quem a avaliou. A garantia de anonimato é uma maneira de evitar que os subordinados fiquem com medo de agir com sinceridade, e a confidencialidade em torno dos resultados poupa o avaliado de eventuais constangimentos. Graças aos feedbacks recebidos, o profissional pode guiar melhor o seu próprio desenvolvimento, perceber em quais pontos ele pode e deve melhorar e, assim, corresponder plenamente às expectativas da empresa. Avaliar é preciso Manter a equipe motivada é sempre importante. Em tempos de crise, então, nem se fala! Uma equipe coesa, unida em torno de objetivos comuns, disposta a enfrentar os desafios e a superar metas, é elemento fundamental para o sucesso e, cada vez mais, para a sobrevivência das empresas. Mas como proporcionar ânimo à equipe? Não basta pagar salários justos e conceder benefícios. A remuneração é importante, mas não é tudo. Reconhecer os méritos, oferecer um ambiente saudável de trabalho e evitar certos vícios comuns à vida corporativa, como o Recursos Humanos 125 Módulo II autoritarismo da chefia e o mau costume de dar ouvido a fofocas, são medidas indispensáveis. Mas há algo que tem mais peso do que todos os outros elementos juntos: colocar a pessoa certa no cargo certo é fundamental. Por exemplo, um funcionário com perfil inseguro, que evita compartilhar projetos e ideias com os demais membros da equipe, impacta no trabalho dos demais. Um gestor que não dá retorno aos subordinados e até os trata de maneira agressiva e autoritária pode estar comprometendo o avanço dos projetos e do desempenho de sua equipe. E isso é independentemente da formação acadêmica ou do grau de conhecimento técnico que possuam. Por isso, não importa qual seja o tamanho da empresa ou a sua área de atuação, incorporar a realização de avaliações constantes será muito produtivo. O importante, principalmente para o gestor, é saber utilizar a ‘Avaliação 360 Graus’ e continuar incentivando o desempenho e crescimento dos funcionários da empresa. A Avaliação 360 graus é um processo no qual um indivíduo é avaliado por seu superior, pelos pares, por si próprio (auto avaliação), e algumas vezes até por clientes. Após o desenho da pesquisa, que é feito baseado nos valores e cultura da organização, ela será aplicada tanto ao avaliado quanto a outras 20 pessoas da equipe selecionada (para cada avaliado), e deve ser respondida dentro de critérios de muita honestidade e respeito. Após a análise pelo profissional responsável pela compilação de dados, inicia-se a sessão de feedback, onde cada participante tomará conhecimento da sua avaliação, que consiste na auto avaliação, vis-à-vis o resultado apurado nos 20 questionários, e num relatório individual, que demonstra os gaps existentes entre a sua auto percepção e a percepção externa. Vale ressaltar que os questionários são confidenciais, o que pode permitir respostas mais precisas, haja vista que a relação gerente-empregado estará completamente “protegida” (reminiscências de certas culturas organizacionais). Os tópicos são estruturados para juntar informações que são relevantes para aquela organização, e só aquela, como estilo de trabalho, habilidades de liderança, comunicação, estilo de aprendizado organizacional, Recursos Humanos 126 Módulo II frequência de oportunidades, utilização e potencialização de competências, etc. Há ainda a oportunidade de adicionar comentários sobre outras questões específicas. Fazer a coisa certa estará sempre relacionado ao processo de tomada de decisões ou estaria também relacionado à identificação das áreas e pessoas que necessitam desenvolver ou aplicar melhor suas potencialidades? Ou a algo maior do que isso? Quando se integra o processo de avaliação de performance individual, nos moldes de 360 graus, será que se garante a efetividade organizacional e o conhecimento de tudo aquilo que condiciona e influencia o desempenho de indivíduos e equipes? O grande impacto da avaliação 360 graus nas empresas parece ser exatamente em função do vácuo deixado por outros métodos, mais pobres do que ele; isso tem-lhe proporcionado exagerado valor, tanto atribuído à sua estrutura, quanto à qualidade, aplicação e resultados. Na mesma medida em que algo pode ser produtivo, pode ser negativo se a equipe responsável pela avaliação (desenho da pesquisa, feedback, relatórios, coaching, etc...) não for especialista em negócios ao mesmo tempo em que especialista em comportamento humano, no assunto em questão. Poucas intervenções de RH oferecem tanto suporte evidente, desdeo volume de informações envolvidas, até certa complexidade pertinente ao processo. Isso ajuda a criar a ilusão da sua efetividade, portanto, cabem aqui algumas considerações: Aumentar ou ampliar competências e habilidades empresariais pode não estar relacionado diretamente à melhoria da performance individual, isso se a premissa vigente é a de que os maiores ganhos desse tipo de intervenção deverão ser da empresa, e não do indivíduo, até porque o investimento tem que valer: o ROI (retorno sobre investimentos) terá que ser positivo. Muitas variáveis significativas influenciam na performance individual, e elas não são isoladas no processo da Avaliação 360 graus. Exemplos: recursos, indicadores, sistemas de trabalho vigentes, qualidade intrínseca do “management” na empresa, tipos de conhecimentos vigentes, se tácitos ou explícitos, a cultura organizacional e clima de Recursos Humanos 127 Módulo II satisfação interna, nível de programas e benefícios oferecidos, grau de explicitação dos negócios e seus processos, “custos invisíveis” presentes nos processos, etc. Mudanças geradas pela Avaliação 360 graus, pelo que dispõe a literatura e pessoas já sujeitas a elas, parecem se dar quando ocorrem comentários críticos, a partir de avaliações tidas como negativas em quesitos. Esses feedback fazem o indivíduo se sentir em desconforto e por vezes, se o ambiente for “seguro”, ele é motivado a mudar. É o distúrbio que os psicólogos chamam de dissonância cognitiva. Mas o ganho maior desse tipo de avaliação não é somente criar dissonância, mas o próprio “desejo de mudar”, e a sinalização de “o que” mudar. É preciso então que a empresa complete o processo, para sempre: invista internamente num processo que crie e mantenha a disciplina para mudar. Se isso não for feito, é mais um programa que migra da conta de investimentos para despesas. Questões ambíguas ou irrelevantes presentes no questionário podem gerar insegurança no indivíduo e ele não acionará a chave para mudar, não estará motivado para tal, sequer entenderá que mudanças são requeridas e que processo é esse! Não é surpresa então que os melhores questionários são quase sempre desenhados por parceiros que conhecem o negócio em profundidade, gerentes com reconhecida notoriedade na arte de liderar e por dezenas de especialistas em avaliação de desempenho; é, portanto, necessário garantir a qualidade no processo de desenho do questionário e seu alinhamento com a natureza e negócio da empresa, pois quanto maior for a diferença entre as questões abordadas e a realidade da empresa, menos relevante será a análise que resultará da avaliação. Apesar dos condicionantes e limitações, a experiência dá a entender que os empregados tomam com seriedade o processo e isso pode vir a criar um ambiente de críticas positivas e aberto a mudanças. A equipe pode também decidir focalizar suas forças e fraquezas, e construir um processo que venha a potencializá-las e minimizá-las, respectivamente. Ë recomendável ainda estar ciente dos tipos de inteligências e dos papéis preponderantes presentes nos membros da equipe, pois isso ajuda no reconhecimento do seu verdadeiro potencial, para além da medida da performance do alinhamento de valores empresariais aos individuais, outra caracterização para a Avaliação 360 graus, desde que todo o seu suporte é definido a partir dos valores que predominam na organização. Recursos Humanos 128 Módulo II Tirar proveito de um processo com este é fundamental, já que, correndo todos os riscos, a empresa admite a sua escolha. Trabalhar de forma consistente e dirigir a organização para um novo patamar de desempenho torna-se imperativo. Para tal é preciso “recriar” as bases onde as ações da organização estão estabelecidas, e definir planos de desenvolvimento organizacional, muito mais do que planos individuais. Dessa forma pode-se orientar o grupo e a empresa, através dele, para: 1. Determinar objetivos baseados no aprendizado que foi extraído desse processo, tanto no nível pessoal como no organizacional. Um deles poderia ser a manutenção de comportamentos positivos que estão considerados nos relatórios de feedback, no nível pessoal a na sua projeção no organizacional, a partir de workshops internos feitos pelo grupo. 2. Colocar energia no processo de como caminhar para estágio melhor do que o atual, descrevendo metas e ações em termos específicos, tanto pessoais como, num trabalho de prospecção, para a organização. 3. Identificar, para cada objetivo específico, os passos que devem ser dados em direção a suportar todo o esforço de desenvolvimento pessoal e organizacional. Isto inclui treinamentos necessários, esquemas de autodesenvolvimento, leituras, coaching, prática de novas atitudes e solicitação sistemática de novos feedbacks. Para a organização isso pode ser medido em termos de expectativas e benefícios percebidos. 4. Identificar marcos que podem mostrar que tanto a pessoa quanto a empresa estão em progresso, utilizando indicadores de sucesso e ganhos de curto prazo. Esses marcos ajudarão a consolidar e institucionalizar o processo de aprendizagem organizacional. Aprender a lidar cada vez mais com a complexidade existente nas organizações de hoje requer mais do que um simples exercício de avaliação, que tem sido visto como uma panaceia, por seus adeptos. Tampouco pode-se negar a efetividade que o próprio movimento, por si só e como outro qualquer, gera no ambiente organizacional. Porém, nada do que foi dito aqui significa que existe alguma outra fórmula para ser seguida, a não ser a que Marilyn Ferguson resumiu em A Conspiração Aquariana: “Platão disse um dia que a raça Recursos Humanos 129 Módulo II humana não se libertaria de seus males até que os filósofos se tornassem reis ou os reis se tornassem filósofos. Talvez exista outra opção, à medida em que um número cada vez maior de pessoas vem assumindo a liderança de suas vidas. Elas se tornam o seu próprio poder central. Como diz o provérbio: “Existe um rei em todos nós. “Fale com ele e ele aparecerá”. O efeito halo A existência do chamado efeito halo é reconhecida há muito tempo. É o fenômeno pelo qual concluímos que, se uma pessoa faz bem alguma coisa, ela fará bem todas as outras coisas — e também o contrário, se faz uma coisa mal, fará mal todas as outras. A expressão foi cunhada por Edward Thorndike, psicólogo, que usou o termo em um estudo de 1920 em que descreveu como oficiais das forças armadas avaliavam seus subordinados. Thorndike concluiu que dificilmente a avaliação a respeito de uma característica não se estendia a outras. Trabalhos feitos mais tarde sugeriram que o efeito halo era altamente influenciado pela primeira impressão. Ele é usado por anunciantes que pagam altos cachês para atores heróicos e lindas atrizes para anunciarem produtos dos quais eles nada sabem. Temos uma opinião positiva do ator porque ele interpretou um herói ou da atriz porque ela foi produzida para ficar incrivelmente bonita e concluímos que eles têm amplo conhecimento sobre motores de carros e cremes antirrugas. Já o reconhecimento de que o efeito halo exerce uma forte influência nos negócios é relativamente recente. Em 2002 Melvin Scorcher e James Brant trataram do assunto na Harvard Business Review. Eles escreveram que comprovaram que CEOs, presidentes, vice- presidentes executivos e outros profissionais em cargos de alta direção costumam tomar decisões sobre candidatos baseadas em informações distorcidas e frequentemente caem no efeito halo, supervalorizando algumas características e desvalorizando outras. Em outras áreas de negócios isto também acontece. Scorcher e Brant citam que o efeito halo pode ser usado propositalmente, como acontece na indústria automobilística, com os carros halo, modelos com características especiais que ajudam a vender outros da mesma série. Recursos Humanos 130 Módulo II Em “The Halo Effect” (publicado no Brasil pela Editora Globo com o nome de “Derrubando Mitos”),Phil Rosenzweig defende que muito da imagem que temos do desempenho de uma empresa é provocado pelo efeito halo: quando uma empresa vai bem, tendemos a achar que é por sua estratégia brilhante, um CEO visionário, empregados motivados e cultura organizacional vibrante. Quando há crises, a estratégia era equivocada, o CEO era arrogante, as pessoas eram acomodadas e a cultura, pesada. Quando a performance cai, temos a tendência a achar que a estratégia estava equivocada, o CEO tornou-se arrogante, as pessoas ficaram preguiçosas e a cultura, pesada demais. Remuneração estratégica: a nova vantagem competitiva Em um mundo altamente globalizado e competitivo, observamos que as mudanças são constantes e de forma acelerada onde o modelo atual de remuneração já se encontra obsoletos por terem sido criados para empresas que já se encontram em extinção. Observa-se que em função das profundas transformações que sofrem as empresas, se faz necessário novos e modernos modelos de remuneração pois as formas modernas de organização do trabalho como celularização, e devido as multifuncionalidades e poucos níveis hierárquicos não faz sentido recompensar a participação individual ou coletiva levando somente como consideração as descrições de atividades “DA” e a definição das responsabilidades de cada indivíduo ou colaborador. Para o consultor e professor norte-americano Edward E. Lawler 111,2 que há mais de duas décadas estuda o assunto, o problema central é que os sistemas de remuneração em uso foram criados para um modelo de empresa que está em extinção. A questão é transformar a atual visão usual da remuneração como fator de custo para uma visão mais ampla onde passa a ser fator estimulador para o surgimento do intra- empreendedorismo de modo a fortalecer e aperfeiçoar a organização por meio do processo de melhoria contínua e aumento de competitividade. Recursos Humanos 131 Módulo II Definindo remuneração estratégica A remuneração estratégica é uma ponte entre os indivíduos e a nova realidade das organizações onde a mesma ocorre de duas maneiras: • considera todo o contexto organizacional; levando em conta as grandes categorias que dão forma e conteúdo à empresa, a estratégia, a estrutura e o estilo gerencial, onde a concepção de um sistema de remuneração estratégica parte não somente do que a empresa é hoje, mas também considera o que ela deseja ser amanhã (sua visão de futuro); • à medida que os indivíduos passam a ser remunerados de acordo com o conjunto de fatores que afeta sua contribuição para o sucesso do negócio, como as características pessoais, suas características do cargo e o vínculo com a organização, onde além das atividades e responsabilidades, o projeto de um sistema de remuneração estratégica também considera conhecimentos, habilidades, competências, desempenho e resultados. A remuneração estratégica é um agente transformador e catalisador para a convergência de energias na organização, e a medida que o sistema de remuneração é alinhado ao contexto e à estratégia da empresa, constitui fator de harmonização de interesses, ajudando a gerar consensos e atuando como alavanca de resultados. Sistema de remuneração estratégica O sistema de remuneração estratégica nada mais é que uma combinação equilibrada de diferentes formas de remuneração. A mescla das diversas formas de remuneração tem crescido bastante, pois as empresas tem buscados formas e maneiras criativas de aumentar cada vez mais o vínculo entre as empresas e seus funcionários, onde as formas básicas de remuneração continuam as mesmas e classificadas em oito grupos a saber: Recursos Humanos 132 Módulo II Remuneração funcional (PCS): é também conhecida como plano de cargos e salários e é a forma mais tradicional e mais popular de remuneração em uso onde é determinada pela função e constantemente alinhada e ajustada ao mercado de trabalho. As grandes empresas que a utilizam tendem ao conservadorismo e à inércia. Salário indireto: são os benefícios e outras vantagens concedidas pelas empresas, onde a grande tendência é a flexibilização dos benefícios. Na forma mais tradicional, os benefícios variam de acordo com o nível hierárquico. Na forma flexibilizada, cada colaborador escolhe o “pacote” de benefícios de acordo com suas necessidades e preferências, a partir das alternativas disponíveis. A flexibilização maximiza o investimento da empresa em benefícios, proporcionando uma alocação mais racional de recursos e um aumento do valor percebido pelo colaborador. Remuneração por habilidades: é mais empregada ao nível operacional e é determinada pela formação e capacitação dos funcionários, onde desloca o foco do cargo ou função para o indivíduo, onde as habilidades ou os blocos de habilidades passam a determinar a base da remuneração. Aplica-se preferencialmente a organizações que passaram por processos de mudanças e adotaram estruturas baseadas em grupos multifuncionais. Remuneração por competências: também é determinada pela formação e capacitação dos funcionários, e difere porém, de remuneração por habilidades por ser mais adequada ao nível gerencial. Pode tomar-se forma obrigatória para empresas que operam em ambientes muito competitivos e para as quais a capacidade de inovação é fator crítico de sucesso. Planos privados de aposentadoria: Esta, contribui para a valorização do compromisso de longo prazo entre empresa e empregados, onde o crescimento dos fundos de pensão relaciona-se diretamente à disseminação dos sistemas de previdência privada. É uma forma complementar de remuneração, onde tem atraído a atenção de empresários e executivos. Recursos Humanos 133 Módulo II Remuneração variável: é vinculada ao cumprimento de metas preestabelecidas de desempenho individual de equipes e da organização como metas de produção etc. Inclui a participação nos lucros PL (utilizada com escopo limitado) e a remuneração por resultados ou participação por resultados PR (utilizada com escopo amplo). Pode-se também incluir nessa modalidade a remuneração por competências. Participação acionária: é vinculada a objetivos de lucratividade da empresa e utilizada para reforçar o compromisso de longo prazo entre empresa e colaboradores. É algumas vezes utilizada como alternativa à participação nos lucros. Alternativas criativas: incluem prêmios, gratificações e outras formas especiais de reconhecimento. Estas formas têm sido utilizadas com grande freqüência como apoio no esforço de construir um ambiente organizacional caracterizado pela convergência de esforços e energias voltados para o atendimento de objetivos estratégicos da organização. A remuneração funcional e a remuneração por habilidades ou por competências constituem a base de um sistema de remuneração. O salário indireto e o plano privado de aposentadoria completam, com estas, a parte fixa da remuneração, sendo que a remuneração por competências pode ser utilizada também como forma de remuneração variável. A remuneração variável e a participação acionária5 compõem o componente referente à remuneração por desempenho. Finalmente, as alternativas criativas completam o quadro, dando enfoque a formas especiais de reconhecimento. Recursos Humanos 134 Módulo II Fig. 2.1 Componentes de um sistema de remuneração estratégica, onde mostra esquematicamente essas várias formas de remuneração. Remuneração funcional: o salário baseado no cargo A remuneração funcional, ou remuneração por cargo, ainda é a forma mais tradicional utilizada pelas empresas para recompensar seus funcionários por seu trabalho, representando a âncora e a maior parcela do mix total de remuneração. Observa-se que as empresas ainda continuam usando esse tipo de remuneração por três razões : • Primeiro que a remuneração funcional é implantada em conjunto com o sistema de cargos e salários. Em empresas que experimentaram crescimento rápido ou Recursos Humanos 135 Módulo II transformações profundas, o sistema de cargos e salários ajuda a darcoerência interna à organização, proporcionando definições básicas que ajudam a estruturar o trabalho; • porque a remuneração funcional permite a eqüidade externa. Por meio de pesquisas salariais, a empresa pode comparar seus salários com os praticados no mercado e, assim, estabelecer diretrizes adequadas para atrair e reter a mão-de- obra desejada; • porque a remuneração funcional permite a eqüidade interna e ter os salários estabelecidos a partir de regras aplicáveis a todos na empresa produz um sentimento de justiça entre os funcionários. Essas, porém, não são as únicas razões pelas quais a remuneração funcional é tão amplamente empregada. Pesquisadores que estudam a adoção de sistemas de gestão, como o sistema de cargos e salários, advogam que eles nem sempre são adotados por serem eficazes e gerarem soluções comprovadas, onde frequentemente isto nem mesmo ocorre, e que a adoção muitas vezes acontece por imitação ou mimetismo onde asempresas tendem a imitar umas às outras na adoção desses sistemas e nem sempre existe justificativa racional para esse comportamento. Recursos Humanos 136 Módulo II Figura 3.1 Componentes do sistema de remuneração funcional. Descrição de cargos A descrição de cargos é a base do sistema, e normalmente é realizada pelo superior hierárquico do cargo descrito ou por um profissional da área de RH, com base em entrevistas e observações. Busca descrever de forma clara e mais completa possível as atividades a serem exercidas pelo ocupante do cargo. Costuma conter os seguintes dados: título do cargo, título do cargo do superior imediato, missão ou sumário de atividades exercidas pelo cargo, Recursos Humanos 137 Módulo II responsabilidades, limites de autoridade sobre pessoas, orçamentos e outros recursos e requisitos em termos de experiência e formação “aptidões necessárias”. Avaliação de cargos A avaliação de cargos consiste em transformar os parâmetros qualitativos em dados quantitativos, de tal forma que se possa estabelecer uma base única de comparação. Esse trabalho é normalmente realizado por um comitê formado pelo superior hierárquico do cargo analisado e seus pares. Os critérios de avaliação focalizam quatro áreas básicas: conhecimentos e habilidades, complexidade das atividades, escopo e nível de responsabilidade e condições gerais de trabalho. As reuniões dos comitês são também ocasiões para reflexão sobre a organização do trabalho, a divisão de tarefas e os limites de responsabilidades. O produto da avaliação é a hierarquização dos cargos da empresa e sua organização em classes salariais. Faixas salariais O uso de faixas salariais são construídas com base nas diretrizes internas da empresa e em informações das pesquisas de cargos e salários. A amplitude das faixas mostra os limites mínimo e máximo que a empresa pretende pagar para cada cargo, onde as classes salariais e as faixas constituem a estrutura salarial da empresa. A progressão salarial de um funcionário dentro dessa estrutura pode ser horizontal ou vertical onde a evolução salarial é em função de sua evolução profissional em termos de domínio de habilidades, desempenho e resultados atingidos. Política salarial A política salarial reúne as diretrizes da empresa para a administração de salários. Essa política deve ser compatível com o perfil de profissional que a empresa pretende atrair e reter, devendo estabelecer em que faixa de mercado a empresa pretende trabalhar. Geralmente as empresas procuram se manter dentro da média de mercado ou um pouco Recursos Humanos 138 Módulo II acima, de modo a procurar reter seu empregados. Deve também definir os procedimentos de administração de salários: freqüência de avaliação de cargos, contratação de pesquisas de mercado, formas de reajustes etc. Pesquisa salarial A pesquisa salarial é um instrumento de apoio da administração de salários. Normalmente, é realizada por uma empresa especializada de consultoria, que monitora um grande número de cargos no mercado e que em geral pertence ao mesmo ramo de atividade principal da empresa. Os dados são sistematicamente coletados, consolidados e analisados, e os relatórios de pesquisa costuma trazer análises estatísticas e apontar tendências de mercado. Críticas ao sistema de remuneração funcional As críticas mais comuns ao sistema de remuneração funcional são as seguintes: promove um estilo burocrático de gestão; reduz a amplitude de ação dos indivíduos e grupos; inibe a criatividade; inibe o espírito empreendedor e o intra-empreendedorismo; não considera o foco nos clientes internos e externos; reforça a orientação do trabalho para o superior hierárquico; promove a obediência a normas e procedimentos, não a orientação para resultados; não tem orientação estratégica; não encoraja o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos; torna as promoções excessivamente importantes; e Recursos Humanos 139 Módulo II incentiva o carreirismo. Para propor melhorias, porém, é necessário examinar mais cuidadosamente os fundamentos da remuneração funcional onde dizem respeito ao próprio modelo organizacional que originou o sistema. A remuneração funcional foi desenvolvida para a chamada empresa burocrática, organizada segundo os seguintes princípios: divisão rígida de funções e tarefas; linhas de autoridade e responsabilidades bem definidas; e foco no controle. Entretanto, esses princípios, todavia, estão desaparecendo nas empresas modernas, onde os modelos flexíveis, focados no trabalho em grupo e no partilhamento de responsabilidades, estão sendo maciçamente adotados. O desafio agora é o de criar e manter um sistema de apoio importante como o de remuneração divergente do novo modelo organizacional. O Quadro abaixo mostra os fundamentos do modelo tradicional de remuneração funcional e a tendência vigente de mercado. Recursos Humanos 140 Módulo II Quadro 3.1 Fundamentos da remuneração funcional Aperfeiçoando o sistema de remuneração funcional Muitas das desvantagens e dificuldades apontadas anteriormente podem ser contornadas. Uma abordagem moderna da remuneração funcional deve procurar: o alinhamento do esforço individual com as diretrizes organizacionais; a orientação para o processo e para resultados; o favorecimento de práticas participativas; e o desenvolvimento contínuo do indivíduo. Recursos Humanos 141 Módulo II Apresentaremos cinco metodologias que podem ser utilizadas para modernizar o conceito de remuneração funcional. Essas metodologias correspondem aos quatro componentes centrais do sistema: Vejamos cada uma dessas possibilidades: Descrição de cargos modificada O processo de descrever um cargo pode ser a ocasião para uma importante reflexão sobre a identidade e a missão da função. O ponto-chave da descrição de cargo modificada é o foco nos processos, incluindo informações sobre clientes internos e externos, serviços ou produtos fornecidos e expectativas desses clientes. Com essas alterações, o foco da descrição muda das tarefas executadas para a razão de existir da função e seu impacto em aspectos-chaves para as organizações, favorecendo o alinhamento do sistema de remuneração com a estratégia da empresa. Redução do número de cargos Uma forte tendência entre as empresas de gestão mais avançada é reduzir o número de descrições de cargo, criando categorias mais genéricas. As descrições de cargo passam a servir como diretrizes gerais de trabalho, deixando as definições de especificidades para o dia-a-dia. Com essa alteração, ganha-se em simplicidade e flexibilidade alem de poder acarretar na diminuição da malha burocrática. Análise do valor agregado Recursos Humanos 142 Módulo II A idéia central aqui é mudar a ênfase da avaliação de cargos por meio da substituição de fatores centrados em responsabilidades e condições de trabalho por fatores que focalizem o valor agregado gerado pelos processos nos quais o cargo interage, considerando os produtos ou serviçosfornecidos, os requisitos dos clientes internos e externos e as diretrizes estratégicas relacionadas a esses processos específicos. Para as empresas que estejam envolvidas com esforços de melhoria de processos, ou que pratiquem o gerenciamento baseado em atividades (Activity Based Management ABM), essa mudança no sistema de avaliação resultaria em importante contribuição no sentido de sustentar as estratégias da empresa. Alargamento das faixas salariais Também chamada de broadbanding ou bandas amplas, essa é outra prática crescentemente utilizada, principalmente por empresas que reduziram o número de níveis hierárquicos. A norma mais comum é utilizar amplitudes de 40%. Nos modelos com faixas alargadas, as amplitudes variam de 80 a 150%. Com essa prática, ganha-se em flexibilidade na administração de salários e carreiras. Aumento salarial distribuído por time A prática tradicional é vincular aumentos salariais a uma avaliação de desempenho individual. Empresas que implantaram estruturas baseadas em times, por outro lado, estão vinculando aumentos ao atendimento de metas previamente negociadas. Além disso, concede-se o percentual de aumento ao grupo, seja ele um time, uma área ou uma fábrica inteira. O objetivo é premiar o esforço coletivo. Uma variante desse sistema é possibilitar ao grupo definir percentuais diferenciados entre seus membros, de acordo com as contribuições individuais. Recursos Humanos 143 Módulo II Desenvolvimento de um sistema de remuneração funcional As etapas para o desenvolvimento de um plano de remuneração por cargo são as seguintes: diagnóstico da organização; divulgação; planejamento; levantamento das atividades; descrição de cargos; análise de cargos; avaliação de cargos; pesquisa salarial; estrutura salarial; e políticas salariais. Veja-se, em maior detalhe, uma a uma essas etapas: Diagnóstico da organização A finalidade dessa etapa é levantar todas as informações necessárias para a implantação do plano de remuneração funcional. Isto significa conhecer as diretrizes estratégicas, a estrutura organizacional atual e futura, o estilo gerencial e a visão dos dirigentes e dos diversos grupos de interesse sobre o sistema a ser implantado. Divulgação Recursos Humanos 144 Módulo II Na divulgação de um plano de remuneração funcional, devem ser considerados os seguintes fatores: o impacto no clima interno, o relacionamento com os sindicatos, o perfil dos gerentes etc. As formas de divulgação são as seguintes: carta do primeiro executivo da empresa, folheto explicativo, reuniões gerais, reuniões por níveis hierárquicos etc. Implantações desse tipo costumam provocar tanto expectativas negativas (de demissões, por exemplo) quanto expectativas positivas (de reclassificações, promoções ou aumentos salariais). Na divulgação, a empresa deve comunicar claramente seus objetivos para evitar mal-entendidos e interpretações indevidas. É comum encontrar situações nas empresas em que a construção de um sistema de remuneração é encarada como tábua de salvação ou como receptáculo de muitas frustrações, que pouco têm a ver com a remuneração em si, trazendo, com isso, riscos para o sucesso da implantação. Planejamento Nessa etapa, deve-se montar um cronograma com objetivos, ações e prazos. O cronograma proporciona visão geral do trabalho e ajuda a acompanhar seu andamento. Levantamento de atividades Nessa etapa, devem-se levantar todas as informações referentes às atividades dos cargos. As formas para obtenção de informações são as seguintes: entrevista com o ocupante, entrevista com o superior hierárquico, observação do trabalho e questionário. O levantamento deve focar o cargo, não o indivíduo. Deve-se evitar personificar a descrição conforme as aptidões ou contribuições específicas do ocupante. Recursos Humanos 145 Módulo II Descrição de cargos Nessa etapa, deve-se completar o levantamento de atividades com outras informações: responsabilidades, limites de autoridade, requisitos em termos de conhecimentos e experiência etc. Essas informações são obtidas na empresa e comparadas com dados de mercado. Eventuais diferenças devem ser comunicadas e negociadas. Se houver a intenção de utilizar a abordagem da análise de valor agregado na etapa de avaliação de cargos, é importante que fique claro na descrição qual é o impacto do cargo no valor do processo, em suas quatro dimensões: qualidade, serviço, tempo de resposta e custo. Análise de cargos Nessa etapa, os cargos são agrupados por famílias, em função de similaridades. Em seguida, são estabelecidos os passos de carreira para cada família de cargos. Avaliação de cargos Existem vários métodos de avaliação de cargos: escalonamento, graus predeterminados, pontos, comparação por fatores etc. O método mais tradicional e mais utilizado é de pontos, desenvolvido por Merril R. Lott’ Nessa etapa, os cargos são avaliados por comitês, que selecionam os fatores de avaliação e determinam seus pesos relativos. Depois de avaliados individualmente, os cargos são organizados de acordo com o nível hierárquico e com a classificação por pontos. Após a avaliação e a hierarquização, comparam-se os resultados com dados de mercado, buscando-se coerência e equilíbrio. As distorções observadas devem ser submetidas ao comitê para decisão. 1 LOTT, M. R. (1986) W2ge and job evaluation. New York: Ronald Press. Recursos Humanos 146 Módulo II Pesquisasalarial A pesquisa salarial é o levantamento e o estudo de salários, benefícios e procedimentos de administração salarial praticados no mercado de trabalho, sendo utilizada a pesquisa para montagem da estrutura salarial ou em sua revisão, sendo normalmente conduzida por uma empresa especializada. As etapas necessárias para a realização de uma pesquisa são as seguintes: definição dos objetivos do trabalho; definição dos cargos a serem pesquisados; definição do painel de empresas participantes; planejamento da pesquisa; preparação do caderno de coleta de informações; convite às empresas participantes; coleta de dados; análise dos dados; tabulação; relatório final; e envio do relatório aos participantes. Definição da estrutura salarial Nessa etapa, deve-se definir a forma de alinhamento da curva salarial da empresa em relação ao mercado. Essa forma de alinhamento deve ser determinada pelo perfil de profissional que se pretende atrair e reter. Recursos Humanos 147 Módulo II Uma vez definido o posicionamento da curva salarial, devem-se definir as classes ou agrupamentos salariais mediante as avaliações de cargos. Definida a curva salarial e os agrupamentos dos cargos, podem-se iniciar os cálculos para obtenção das faixas salariais, estudando-se a amplitude, os intervalos e o grau de sobreposição entre classes salariais. Definição da política salarial Nessa etapa, devem-se estabelecer os procedimentos para a administração salarial, definindo-se os critérios para salário de admissão, promoções horizontais e verticais, reclassificação de cargos, aumentos salariais, reajustes automáticos etc. Salário indireto: dos pacotes e benefícios aos planos flexíveis O salário indireto é compreendido pelos benefícios oferecidos pelas empresas e que respondem por boa parte da remuneração total e que costuma ser fator decisivo na aceitação da oferta de emprego. Por que os benefícios são importantes Como se sabe, o salário indireto responde por parte importante do mix total de remuneração. Seu custo é significativo para a empresa e deve ser objeto de constante atenção. Nos últimos anos, esse custo tem-se elevado em função tanto da pressão pela inclusão de novos itens, como pela ampliação da elegibilidade aos itens existentes, quanto pelo aumento do custo específico de alguns itens. Além disso, sua importância também advém do impacto sobre a imagem da empresa na comunidade. Embora a maioria das organizações busque manter forte coerência com seus pares, algumas se destacam poroferecer vantagens excepcionais. Essa postura é essencial na atração e retenção da mão-de-obra, especialmente quando os requisitos do negocio impõem alto nível de capacitação profissional. Por outro lado, para o funcionário, ele é um importante fator de decisão para a permanência numa empresa ou para a aceitação de um novo convite de trabalho. Os Recursos Humanos 148 Módulo II benefícios têm impacto direto sobre a qualidade de vida dos funcionários, influindo sobre sua segurança atual e futura e sobre sua condição de vida. Um retrato da questão dos benefícios no Brasil A Arthur Andersen realiza semestralmente ampla pesquisa sobre cargos e salários. Os dados aqui apresentados correspondem à pesquisa realizada no primeiro semestre de 1999.1 Listam-se, a seguir, por ordem alfabética, os benefícios praticados no Brasil: Aluguel de casa A maior parte das empresas que concedem esse beneficio arcam integralmente com seu custo. O beneficio é mais usual quando o profissional é estrangeiro e está temporariamente residindo no país, ou ainda, quando vem de uma outro estado brasileiro. Algumas empresas como as que ficam em regiões mais afastadas, dispõem de vilas residenciais a fim de melhor alojar, atrair e reter seus funcionários. Assistência jurídica Algumas empresas assumem os custos relativos a assistência jurídica particular de seus diretores. Usualmente, quando o corpo jurídico é da própria empresa, ela absorve totalmente os custos. Quando o corpo jurídico é externo à empresa, as práticas mais comuns são cobrir o custo parcialmente ou tratar cada caso isoladamente. Assistência médica, hospitalar e odontológica Inclui o pagamento integral ou parcial de assistência médica ou odontológica para o profissional e seus dependentes. Os procedimentos adotados para a concessão desse beneficio variam. Os mais comuns são: níveis diferenciados de convênios, livre escolha e valor anual previamente definido. Recursos Humanos 149 Módulo II Automóvel A maior parte das empresas que concede esse beneficio opta pela compra do carro. Geralmente, responsabilizam-se também pelas despesas de manutenção, seguro etc. A periodicidade de troca é estabelecida em função da quilometragem ou tempo de uso. Auxílio-doença Esse beneficio relaciona-se à complementação, parcial ou integral, em caso de doença, do salário do executivo. Check-up anual Esse beneficio relaciona-se ao pagamento integral ou parcial do check- up. Usualmente, as empresas determinam o local onde os exames devem ser realizados. Complemento de aposentadoria Esse beneficio complementa a remuneração do funcionário em sua aposentadoria. Esse complemento é normalmente função do plano adotado e está relacionado à contribuição mensal, à idade do funcionário e ao tempo de trabalho na empresa. Cooperativas A forma mais comum que esse beneficio toma são as cooperativas de consumo, onde o funcionário tem facilidades para comprar roupas, alimentos etc. Estacionamento O estacionamento é considerado beneficio quando totalmente ou parcialmente subsidiado pela empresa para os funcionários que utilizam veículo próprio para o deslocamento até o local de trabalho. Recursos Humanos 150 Módulo II Financiamento ou empréstimos Algumas empresas possuem cooperativas geridas pelos próprios funcionários, que concedem financiamentos ou empréstimos a juros inferiores aos de mercado. As empresas também adotam acordos com empresas de credito e financiamento, onde os juros também são bastante inferiores ao mercado, pelo qual são distribuídos aos funcionários um cartão da financiadora de modo a facilitar as operações financeiras de crédito. Gratificação anual As formas de concessão desse beneficio diferem de empresa para empresa. Os valores são estipulados em função do lucro ou do salário anual. Esse beneficio aplica-se geralmente a executivos. Instrução de filhos Esse beneficio relaciona-se ao pagamento integral ou parcial de despesas com instrução de filhos dos funcionários. Instrução própria Esse beneficio relaciona-se ao pagamento parcial ou integral de curso regular ou de extensão para o funcionário. Seguros diversos Esse beneficio inclui o pagamento de seguro de vida em grupo, seguro do automóvel, seguro residencial etc. Aquisição facilitada de produtos ou serviços Esse beneficio inclui facilidades oferecidas aos funcionários para aquisição de serviços ou produtos, da própria empresa ou de terceiros. Recursos Humanos 151 Módulo II Clube recreativo Esse beneficio inclui a existência ou o pagamento de clubes com estrutura de lazer para os funcionários e seus familiares. Assistência farmacêutica Esse beneficio relaciona-se à existência de descontos e reembolsos na aquisição de medicamentos. Ambulatório na empresa Esse beneficio relaciona-se à existência, no local de trabalho, de um ambulatório para atendimentos de emergência, com equipamento e staffde plantão durante o horário de trabalho. Creche Esse beneficio relaciona-se à existência de creche da própria empresa ou conveniada, subsidiada totalmente ou parcialmente pela empresa. Combustível Esse beneficio inclui o reembolso parcial ou total de combustível para o automóvel de uso do funcionário, seja particular, seja da empresa. Transporte Esse beneficio relaciona-se ao subsídio, parcial ou total, pela empresa, do transporte de seus funcionários entre o local de trabalho e suas residências. Reembolso alimentação Esse beneficio relaciona-se ao reembolso regular de despesas com refeição, por meio de convênios específicos ou contra comprovantes. Cesta de alimentos Recursos Humanos 152 Módulo II Esse beneficio relaciona-se à concessão de cesta básica aos funcionários. Caminho da flexibilização dos benefícios Em sua forma mais tradicional, os benefícios são oferecidos como pacotes, compreendendo itens cujo teor e número variam de acordo com o nível hierárquico do funcionário. Nessa forma, relacionam-se diretamente com os objetivos de longo prazo da empresa, reforçando estabilidade, comprometimento e lealdade. A possibilidade de opção de escolha dentro dos planos de benefícios é quase nula. A única possibilidade de ter mais benefícios é mudar de cargo ou de empresa. A política de benefícios, nesse sentido, é coerente com um modelo de estrutura hierárquica e com certos valores organizacionais. Premia-se o esforço pela ascensão na carreira. Um cargo mais alto significa salário maior e um plano de benefícios mais amplo. Dificuldades com os pacotes Esse contexto passou a ser colocado em cheque por vários fatores: • primeiro, pelas mudanças ocorridas nas próprias empresas e o achatamento das estruturas hierárquicas e a valorização do trabalho em grupo, em especial, estão mudando o conceito de carreira; • segundo, o aumento da diversidade no ambiente de trabalho. O plano de benefícios tradicional é voltado para um padrão de funcionário, casado, com filhos e que tem como perspectiva uma relação duradoura com a empresa. Assim, tal plano não considera as necessidades específicas de minorias dentro da organização como jovens solteiros, casais sem filhos etc.; e • terceiro, uma crescente crítica do custo/benefício de tais planos. Como são concebidos para um padrão de usuário que nem sempre corresponde ao perfil real dos funcionários, ocorre, de um lado, um custo adicional pago pela empresa que não tem, por falta de demanda, contrapartida em serviços; de outro, uma Recursos Humanos 153 Módulo II insatisfação por parte dos funcionários, quando eles arcam com parte dos custos, justamente por não utilizarem o benefício. Flexibilização dos planos de benefícios A resposta que algumas empresas mais avançadas estão dando para essas questões é a flexibilização dos planos de benefícios. Essa alternativa muda radicalmente a relação entre empresa e funcionário. Os planos fixos pressupõem, por parte da empresa, uma postura paternalista e de controle. O pressuposto é que a empresa sabe o que é melhor para seus colaboradores. Os planosflexíveis, ao contrário, pressupõem maturidade por parte da empresa, dos funcionários e da própria relação entre as partes. Os planos flexíveis dão aos funcionários a opção de escolher, entre os benefícios disponíveis, aqueles que são mais adequados a seu perfil, condição familiar e estilo de vida. Entre empresa e funcionário passa a existir uma relação mais igualitária, tipo cliente- fornecedor. Os custos dos benefícios passam a ser transparentes e são discutidos abertamente entre as partes envolvidas. Além de maturidade, tal processo exige alto nível de participação e envolvimento dos funcionários. Assim, um plano flexível, além de possibilitar maior ajuste entre o valor investido pela empresa e valor percebido pelo funcionário, é também fator de reforço de traços culturais e apoiador de um estilo gerencial mais aberto e moderno. Dificuldades dos planos flexíveis A adoção de um plano flexível de benefícios corresponde a um aumento da complexidade da gestão de recursos humanos. No sistema tradicional, ainda que haja potencialmente mais conflitos e insatisfações, a condição operacional é mais simples. Essa maior complexidade dos planos flexíveis implica algumas outras dificuldades: • primeiro, custo inicial de implantação do sistema, que inclui desenvolvimento do plano, comunicação aos envolvidos e desenvolvimento de um sistema de informação; Recursos Humanos 154 Módulo II • segundo, custo de manutenção, que inclui melhoria contínua do sistema de informação e acompanhamento de todos os itens quanto a utilização, custo e satisfação dos clientes internos; • terceiro, risco de utilização excessiva de alguns itens. Isto pode ocorrer, uma vez que os funcionários naturalmente optam pelos itens que vêem como mais úteis; e • quarto, perda de escala em alguns itens, penalizando grupos dentro da organização. Ainda que algumas dessas dificuldades sejam realmente importantes, se observa que a flexibilização dos planos de benefícios é um caminho sem retorno. Tal flexibilização é coerente com o conceito de remuneração estratégica e com todas as tendências mais recentes de modernização da gestão de recursos humanos. Os benefícios também podem ser uma fonte de vantagem competitiva, ajudando a empresa a atrair e reter os profissionais que deseja. BIBLIOGRAFIA CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3.ed. São Paulo : McGraw Hill. ROBBINS, S. e Coulter, M. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall. EXERCÍCIO 1)Defina o efeito Halo. 2)Quais as desvantagens do método tradicional de avaliação de desempenho? 3)Quais as vantagens da avaliação por competências? 4)Quais os métodos usados na avaliação de desempenho ? 5)Discorra sobre as vantagens de se aplicar a remuneração estratégica na empresa.Quais seus benefícios e repercussões dentro da organização no caráter motivacional? Recursos Humanos 155 Módulo II ANOTAÇÕES: GESTÃO DE CARGOS, SALÁRIOS E BENEFÍCIOS Recursos Humanos 157 Módulo II CARGOS DA EMPRESA: ANÁLISE, DESENHO E AVALIAÇÃO. Administração de cargos Quase sempre, as pessoas trabalham nas organizações através dos cargos que ocupam. Quando alguém diz que trabalha em determinada empresa, a primeira coisa que lhe perguntamos é qual o cargo que desempenha. Assim, sabemos o que ela faz na organização e temos uma ideia de sua importância e do nível hierárquico que ocupa. Para a organização, o cargo constitui a base da aplicação das pessoas nas tarefas organizacionais. Para a pessoa, o cargo constitui uma das maiores fontes de expectativas e de motivação na organização. Quando as pessoas ingressam na organização e através de toda sua trajetória profissional, elas sempre são ocupantes de algum cargo. Este capítulo mostra como entender o que os talentos estão fazendo na organização. A administração de cargos é um segmento da Administração de Recursos Humanos que tem por objetivo descrever e analisar os cargos para melhor conhecer as características, habilidades, aptidões e conhecimentos que precisam ter os seus ocupantes, para melhor administrá-los. Dentre todas as áreas passíveis de operacionalização no âmbito de ARH, é essa área a mais expressiva em relação às demais. Sua expressividade é caracterizada pelos produtos e insumos que oferecem não só as demais áreas, como também a gestão e a política de ARH. É através da administração de cargos que são definidos os principais elementos e critérios que irão estruturar os processos de recrutamento, seleção, treinamento, avaliação de desempenho, etc., portanto, é através da analise, da avaliação e da descrição de cargos que as demais áreas irão desenvolver seus processos e dessa forma, operacionalizar suas atividades essenciais. Devido à divisão do trabalho e consequente especialização funcional, as necessidades básicas de recursos humanos para a organização, seja em quantidade ou em qualidade, são estabelecidas através de um esquema de descrição e especificações de cargos. As descrições de cargos relacionam as tarefas, os deveres e as responsabilidades do cargo, enquanto as especificações de cargos se preocupam com os requisitos necessários ao ocupante. Assim, os cargos são preenchidos de acordo com essas descrições e especificações. Em outros termos, é preciso descrever e analisar os cargos para se conhecer seu conteúdo e especificações, para se obter administrar os recursos humanos nele aplicados. Assim, quando o desenho dos cargos já está feito há muito tempo o problema é conhecê-lo em sua totalidade. A descrição e análise de cargos é o melhor caminho para isso. Uma empresa ou organização tecnicamente desenvolvida procura aplicar um sistema de cargos que beneficie a produção visto que, cria uma força de trabalho bem dimensionada, como também estrutura seus cargos através de carreiras e consequentemente motiva a mão de obra. Recursos Humanos 158 Módulo II Conceito de cargo É composto de uma função ou um conjunto de funções, (conjunto de tarefas ou de atribuições) com uma posição definida na estrutura organizacional, isto é, no organograma. A posição define as relações entre o cargo e os demais outros cargos da organização. No fundo, são relações entre duas ou mais pessoas. É o nome atribuído a um conjunto de deveres e responsabilidades atribuídas ao indivíduo que o irá ocupar, isto é, os deveres e responsabilidades de um cargo pertencem ao indivíduo que desempenha o cargo, e proporcionam os meios pelos quais os empregados contribuem para o alcance dos objetivos de uma organização. Conceitualmente, tanto no plano administrativo quanto no jurídico, cargo “é um conjunto de atribuições e responsabilidades cometidas ou conferidas a um indivíduo”. Cabe ressaltar, no entanto, que o cargo é estruturado segundo as atribuições para ele (cargo) definidas. O conceito de cargo baseia-se nas noções de tarefa, de atribuição e de função, a saber: a) Tarefa: é toda atividade individualizada e executada por um ocupante de cargo. Geral mente é a atividade atribuída a cargos simples e repetitivos (cargos de horistas ou operários), como montar uma peça, rosquear um parafuso, usinar um componente, injetar uma peça etc. b) Atribuição: é toda atividade individualizada e executada por um ocupante de cargo. Geralmente é a atividade atribuída a cargos mais diferenciados (cargos de mensalistas ou funcionários), como preencher um cheque, emitir uma requisição de material, ela borar uma ordem de serviço etc. Na realidade, a atribuição é uma tarefa um pouco mais sofisticada, mais mental e menos braçal. c) Função: é um conjunto de tarefas (cargos horistas) ou de atribuições (cargos mensalistas) exercido de maneira sistemática e reiterada por um ocupante de cargo. Pode ser exercido por uma pessoa que, sem ocupar um cargo, desempenha provisória ou definitivamente uma função. Para que um conjunto de atribuições constitua uma função é necessário que haja reiteração em seu desempenho. d) Cargo: é um conjunto de funções (conjunto de tarefas ou de atribuições) com uma po- sição definida na estrutura organizacional,isto é, no organograma. A posição define as relações entre o cargo e os demais cargos da organização. No fundo, são relações entre duas ou mais pessoas. O cargo é composto de todas as atividades desempenhadas por uma pessoa, que podem ser englobadas em um todo unificado e que ocupa uma posição formal no organograma da organização. Para desempenhar suas atividades, a pessoa que ocupa um cargo deve ter uma posição definida no organograma. Dentro dessa concepção, um cargo constitui uma unidade da organização e consiste em um conjunto de deveres e responsabilidades que o tornam Recursos Humanos 159 Módulo II separado e distinto dos demais cargos. A posição do cargo no organograma define seu nível hierárquico, a subordinação, os subordinados e o departamento ou divisão onde está situado. Posicionar um cargo no organograma significa estabelecer essas quatro vinculações ou condições. Níveis Hierárquicos a = Nível hierárquico do cargo b = Subordinação: a quem se reporta o cargo c = Supervisão: que se reporta ao cargo d = Relações laterais do cargo com outros cargos Figura 7. l Posicionamento do cargo no organograma. Dicas: Emprego Cada cargo é representado no organograma por um retângulo com dois terminais de comunicação. O terminal de cima que o liga ao cargo superior retrata a responsabilidade em termos de subordinação. O terminal de baixo que o liga aos cargos inferiores retrata a autoridade em termos de supervisão. Assim, posicionar um cargo no organograma significa indicar qual é seu nível hierárquico (diretoria, gerência, supervisão, execução, por exemplo), em qual área está localizado (em qual departamento ou divisão), a quem se reporta (quem é seu superior imediato), quem supervisiona (quais são seus subordinados diretos) e quais os cargos com quem mantém relações laterais. Ocupante é a pessoa designada para desempenhar um cargo. No fundo, toda pessoa que trabalha na organização ocupa um cargo. Existem cargos que têm um único ocupante - como o diretor-presidente, por exemplo -, enquanto outros exigem vários ocupantes que realizam as mesmas tarefas - como é o caso de operadores de máquinas, escriturários, caixas, balconistas, vendedores, por exemplo. As tarefas ou atribuições constituem as atividades realizadas por um ocupante de cargo. Quando uma pessoa ocupa determinado cargo, espera-se que ela execute as tarefas ou atribuições típicas do cargo, subordine-se a um superior, administre seus subordinados e responda por sua unidade de trabalho. Avaliação de cargos A análise das tarefas atribuídas a cada cargo se faz em função de fatores comuns, em obediência a um dos quatros sistemas existentes: “Job Ranking”, Sistema de Graus Predeterminados, Sistema de Comparações de Fatores, Sistema de Avaliação por Pontos. O valor intrínseco de um cargo é resultante de sua avaliação, quando medimos com pesos relativos e elaboramos uma estrutura comparativa (Manual de Avaliação), transformando-se esses fatores em Reais ou Salário- base. Há que se distinguir entre avaliação de cargos e fixação de taxas de salários. A Classificação consiste no arranjo ordenado dos cargos. Recursos Humanos 159 Módulo II separado e distinto dos demais cargos. A posição do cargo no organograma define seu nível hierárquico, a subordinação, os subordinados e o departamento ou divisão onde está situado. Posicionar um cargo no organograma significa estabelecer essas quatro vinculações ou condições. Níveis Hierárquicos a = Nível hierárquico do cargo b = Subordinação: a quem se reporta o cargo c = Supervisão: que se reporta ao cargo d = Relações laterais do cargo com outros cargos Figura 7. l Posicionamento do cargo no organograma. Dicas: Emprego Cada cargo é representado no organograma por um retângulo com dois terminais de comunicação. O terminal de cima que o liga ao cargo superior retrata a responsabilidade em termos de subordinação. O terminal de baixo que o liga aos cargos inferiores retrata a autoridade em termos de supervisão. Assim, posicionar um cargo no organograma significa indicar qual é seu nível hierárquico (diretoria, gerência, supervisão, execução, por exemplo), em qual área está localizado (em qual departamento ou divisão), a quem se reporta (quem é seu superior imediato), quem supervisiona (quais são seus subordinados diretos) e quais os cargos com quem mantém relações laterais. Ocupante é a pessoa designada para desempenhar um cargo. No fundo, toda pessoa que trabalha na organização ocupa um cargo. Existem cargos que têm um único ocupante - como o diretor-presidente, por exemplo -, enquanto outros exigem vários ocupantes que realizam as mesmas tarefas - como é o caso de operadores de máquinas, escriturários, caixas, balconistas, vendedores, por exemplo. As tarefas ou atribuições constituem as atividades realizadas por um ocupante de cargo. Quando uma pessoa ocupa determinado cargo, espera-se que ela execute as tarefas ou atribuições típicas do cargo, subordine-se a um superior, administre seus subordinados e responda por sua unidade de trabalho. Avaliação de cargos A análise das tarefas atribuídas a cada cargo se faz em função de fatores comuns, em obediência a um dos quatros sistemas existentes: “Job Ranking”, Sistema de Graus Predeterminados, Sistema de Comparações de Fatores, Sistema de Avaliação por Pontos. O valor intrínseco de um cargo é resultante de sua avaliação, quando medimos com pesos relativos e elaboramos uma estrutura comparativa (Manual de Avaliação), transformando-se esses fatores em Reais ou Salário- base. Há que se distinguir entre avaliação de cargos e fixação de taxas de salários. A Classificação consiste no arranjo ordenado dos cargos. Recursos Humanos 159 Módulo II separado e distinto dos demais cargos. A posição do cargo no organograma define seu nível hierárquico, a subordinação, os subordinados e o departamento ou divisão onde está situado. Posicionar um cargo no organograma significa estabelecer essas quatro vinculações ou condições. Níveis Hierárquicos a = Nível hierárquico do cargo b = Subordinação: a quem se reporta o cargo c = Supervisão: que se reporta ao cargo d = Relações laterais do cargo com outros cargos Figura 7. l Posicionamento do cargo no organograma. Dicas: Emprego Cada cargo é representado no organograma por um retângulo com dois terminais de comunicação. O terminal de cima que o liga ao cargo superior retrata a responsabilidade em termos de subordinação. O terminal de baixo que o liga aos cargos inferiores retrata a autoridade em termos de supervisão. Assim, posicionar um cargo no organograma significa indicar qual é seu nível hierárquico (diretoria, gerência, supervisão, execução, por exemplo), em qual área está localizado (em qual departamento ou divisão), a quem se reporta (quem é seu superior imediato), quem supervisiona (quais são seus subordinados diretos) e quais os cargos com quem mantém relações laterais. Ocupante é a pessoa designada para desempenhar um cargo. No fundo, toda pessoa que trabalha na organização ocupa um cargo. Existem cargos que têm um único ocupante - como o diretor-presidente, por exemplo -, enquanto outros exigem vários ocupantes que realizam as mesmas tarefas - como é o caso de operadores de máquinas, escriturários, caixas, balconistas, vendedores, por exemplo. As tarefas ou atribuições constituem as atividades realizadas por um ocupante de cargo. Quando uma pessoa ocupa determinado cargo, espera-se que ela execute as tarefas ou atribuições típicas do cargo, subordine-se a um superior, administre seus subordinados e responda por sua unidade de trabalho. Avaliação de cargos A análise das tarefas atribuídas a cada cargo se faz em função de fatores comuns, em obediência a um dos quatros sistemas existentes: “Job Ranking”, Sistema de Graus Predeterminados, Sistema de Comparações de Fatores, Sistema de Avaliação por Pontos. O valor intrínseco de um cargo é resultante de sua avaliação, quando medimos com pesos relativos e elaboramos uma estrutura comparativa (Manual de Avaliação), transformando-se esses fatoresem Reais ou Salário- base. Há que se distinguir entre avaliação de cargos e fixação de taxas de salários. A Classificação consiste no arranjo ordenado dos cargos. Recursos Humanos 160 Módulo II Conceituação de desenho de cargo Desenhar um cargo significa estabelecer quatro condições fundamentais: a) O conjunto de tarefas ou atribuições que o ocupante deverá desempenhar (conteúdo do cargo). b) Como esse conjunto de tarefas ou atribuições deverá ser desempenhado (métodos e processos de trabalho). c) A quem o ocupante do cargo deverá reportar-se (responsabilidade), isto é, relação com sua chefia. d) Quem o ocupante do cargo deverá supervisionar ou dirigir (autoridade), isto é, rela- ção com seus subordinados. O desenho do cargo é a especificação do conteúdo, dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos, no sentido de satisfazer aos requisitos tecnológicos, organizacionais e sociais, bem como aos requisitos pessoais de seu ocupante. No fundo, o desenho dos cargos representa o modo pelo qual os administradores projetam os cargos individuais e os combinam em unidades, departamentos e organizações. Dicas: Afinal, quem desenha os cargos nas organizações? Quase sempre, o desenho dos cargos na organização não é responsabilidade da área de ges- tão de pessoas, cabendo algumas vezes a um órgão de engenharia industrial (que desenha os cargos tipicamente fabris) ou de organização e métodos (que desenha os cargos típicos de escritório), que se incumbe do planejamento e da distribuição das tarefas e atribuições da maior parte da organização. Os demais cargos - da área administrativa, financeira e mercadológica - são geralmente desenhados pelas respectivas gerências em um processo contínuo de resolução de problemas. Isso significa que os cargos não são estáveis, nem estáticos ou definitivos, mas que estão sempre em evolução, inovação e mudança para se adaptarem às contí nuas transformações tecnológicas, económicas, sociais, culturais e legais. O que está acontecendo agora é uma completa revolução no conceito de cargo em função das exigências do mundo moderno e da globalização da economia. Modelos de Desenhos de Cargos Provavelmente, o desenho de cargo seja tão antigo quanto o próprio trabalho humano. Desde que o ser humano teve de dedicar-se à tarefa de caçar ou pescar, ele aprendeu através de sua experiência acumulada ao longo dos séculos a modificar seu desempenho para melhorá-lo continuamente. E quando a tarefa foi aumentando, exigindo um número maior de pessoas para realizá-la, a coisa se complicou. Mas a situação básica de um homem que desempenha tarefas sob a direção de outro jamais foi realmente alterada, apesar de todas as mudanças sociais, políticas, económicas, culturais e mesmo demográficas ocorridas durante a longa história da humanidade. Mesmo com a profunda divisão do trabalho implantada a partir da Revolução Industrial, com o surgimento das fábricas, com a interdependência gradativa dos trabalhos, com a invenção da máquina e da mecanização, com o advento da Administração Científica e, posteriormente, com o movimento das Recursos Humanos 161 Módulo II Relações Humanas, se o conteúdo do trabalho se alterou, não se alterou a essência da situação de dependência de uma pessoa em relação a outra. Somente a partir da década de 1960 é que um grupo de cientistas do comportamento e consultores de empresas passou a demonstrar que as antigas abordagens de desenho de cargos conduzem a resultados contrários aos objetivos organizacionais. A partir daí, começam a surgir novos modelos de desenho de cargos. Modelo clássico ou tradicional de desenho de cargos É o figurino utilizado pelos engenheiros pioneiros que iniciaram o movimento da Administração Científica - a primeira das teorias administrativas - no início do século XX. Taylor e seus seguidores, Gantt e Gilbreth, fizeram a primeira tentativa sistemática de aplicar certos princípios para a colocação ótima do indivíduo no cargo. A Administração Científica apregoava que somente por meio de métodos científicos se poderiam projetar cargos e treinar pessoas para se obter a máxima eficiência possível. Enquanto Taylor se preocupava com a cooperação entre a administração e o operariado no sentido de aumentar a produtividade e repartir seus benefícios entre as duas partes, seus seguidores foram bem mais restritivos, concentrando-se exclusivamente em dois principais aspectos: a determinação da melhor maneira de executar as tarefas de um cargo (the best way) e o uso de incentivos salariais (prémios de produção) para assegurar a adesão aos métodos de trabalhos prescritos. Isso era o que se chamava de racionalização do trabalho. A melhor maneira era obtida de técnicas de estudos de tempos e movimentos que levavam ao método de trabalho a ser seguido pelos operários. Procurava-se uma separação entre pensamento (gerência) e execução da ati-vidade (operariado): os cargos eram projetados segundo o modelo de fazer e não de pensar. O gerente mandava e o operário simplesmente obedecia e executava. O treinamento no cargo era restrito às habilidades específicas necessárias à execução da tarefa. O ponto de vista dominante era o de que quanto mais simples e repetitivas as tarefas tanto maior a eficiência do trabalhador. Daí, a ênfase na fragmentação das tarefas, na exagerada simplificação da atividade e na consequente superes-pecialização do operário. O modelo clássico desenha os cargos a partir das seguintes etapas: 1. O pressuposto básico é o de que o homem é simples apêndice da máquina, um mero recurso produtivo. A racionalidade que se busca é eminentemente técnica. A tecno- logia vem antes e as pessoas vêm depois. É a tecnologia (maquinário, ferramentas, instalações, arranjo físico) que se estabelece de base para condicionar o desenho dos cargos. Em outras palavras, o desenho de cargos serve exclusivamente à tecnologia e aos processos de produção. O desenho é ótimo quando atende aos requisitos da tecnologia e dos processos produtivos. A maneira de encarar o desenho é lógica e determinística: a decomposição da tarefa em partes componentes. 2. Em função dos aspectos descritos, o trabalho é dividido e fragmentado em partes fracionadas, para que cada pessoa faça apenas uma subtarefa simples e repetitiva. Cada pessoa recebe uma incumbência parcial e fragmentada para executar de maneira rotineira e repetitiva, tendo em vista o tempopadrão para realizá-la e os ciclos de produção que precisam ser atendidos. No conjunto, o trabalho de todas as Recursos Humanos 162 Módulo II pessoas deve ser feito de maneira harmoniosa, cadenciada e coordenada. 1. O desenho clássico de cargos repousa na presunção de estabilidade e de permanên- cia a longo prazo do processo produtivo. Isso significa que o desenho de cargos é definitivo e feito para durar sempre. Não se cogita de mudanças. 2. A ênfase reside na eficiência das pessoas. O trabalho é medido por meio de estudos de tempos e movimentos (cronometragem) para definir os tempos médios de execução, que são denominados tempos-padrão. O tempos-padrão representa 100% de eficiência. A fim de incrementar a eficiência, o desenho de cargos permite prémios de produção para quem ultrapasse o tempo-padrão, com base no conceito de homo economicus. O modelo clássico de desenho de cargos visava projetar cargos dentro da seguinte lógica:1 1. Segmentar e fragmentar os cargos em tarefas simples, repetitivas e facilmente treináveis. 2. Através do estudo de tempos e movimentos, eliminar as atividades e movimentos desnecessários que produzam fadiga e que não estejam relacionados com a tarefa a ser executada. 3. Definir o método de trabalho para encontrar a melhor maneira para seus ocupantes se moverem, localizarem e lidarem fisicamente com a tarefa. 4. Selecionar cientificamente o trabalhador de acordo com as exigências da tarefa. 5. Eliminar tudo o que possa provocar fadiga física, como: arranjar instrumentos e equi- pamentos de maneira que minimizem o esforço e a perda de tempo e projetar instru- mentos para facilitaro trabalho humano, como linhas de montagem, transportadores, seguidores e outras máquinas para reduzir ações e esforços físicos desnecessários. 6. Estabelecer o tempo médio que os operários levam para executar a tarefa, isto é, o tempo-padrão. O tempo-padrão equivale à eficiência igual a 100%. Um operário que trabalha com eficiência de 80% estará produzindo 20% a menos do que normalmente seria solicitado pela tarefa, por razões de seleção, treinamento ou supervisão inade- quados. O ideal é obter eficiência igual ou maior do que 100%. 7. Oferecer planos de incentivo salarial, ou seja, prémios de produção para os operários que ultrapassem o tempo-padrão para incentivar a máxima eficiência possível, ou seja, obter rendimentos superiores a 100% dos operários e repartir com eles parte da economia auferida pela organização. 8. Melhorar o ambiente físico da fábrica, de maneira que o ruído, a iluminação, a venti- lação e outras facilidades de suporte não produzam fadiga nem reduzam a eficiência. Em outras palavras, projetar as condições físicas e ambientais que favoreçam o trabalho e proporcionem conforto ao trabalhador. Flash: A lógica do desenho clássico 1 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier: Campus, 2000. p. 72-73. Recursos Humanos 163 Módulo II Dentro dessa lógica fria e mecanicista, o resultado esperado é a máxima eficiência. E em decorrência, os lucros aumentarão para a organização e, em função dos incentivos salariais, os salários dos trabalhadores serão maiores. Ambos saem ganhando. Daí, a pressuposição implícita de que o que é bom para a organização é bom também para o trabalhador. O modelo clássico não localiza nenhum conflito básico entre pessoas e organização. A Figura 7.2 oferece uma visão resumida de todo o raciocínio que fundamenta o modelo clássico. Sem dúvida, o esquema utilizado é típico da abordagem de sistema fechado: inclui poucas variáveis no sistema para que funcionem dentro de uma relação determinística de causa e efeito. É a chamada teoria da máquina: a organização e as pessoas são visualizadas como coisas que funcionam dentro de uma lógica muito simples. A ideia subjacente na abordagem clássica é bastante clara: o trabalhador e seu cargo são tratados como máquinas. Aliás, o trabalhador é considerado um apêndice da máquina. A tecnologia vem em primeiro lugar. Os cargos são medidos com o tempo e submetidos ao método, tornando-os simples e repetitivos para atender à tecnologia e não às pessoas. Com isso, desenvolveu-se o conceito da linha de montagem, a grande inovação trazida por essa abordagem em sua época. A maneira clássica ou tradicional de configurar cargos buscava as seguintes vantagens: a) Admissão de operários com qualificações mínimas e salários menores. b) Padronização das atividades. c) Facilidades de supevisão e controle, permitetindo maior número de sobordinados para cada tarefa (maior amplitude de controle). d) Redução dos custos de treinamento. e) Aplicação do principio da linha de montagem. Dicas: O que é um cargo? Um cargo "pode ser descrito como uma unidade da organização que consiste em um grupo de deveres e responsabilidades que o tornam separado e distinto dos outros cargos. Os deveres e responsabilidades de um cargo pertencem ao empregado que desempenha o cargo, e proporcionam os meios pelos quais os empregados contribuem para o alcance dos objetivos de uma organização". Basicamente, tarefas ou atribuições "são os elementos componentes de um papel de trabalho que devem ser cumpridos pelo ocupante".3 As várias fases do trabalho executadas constituem o car go total. Um cargo "é a composição de todas aquelas atividades desempenhadas por uma única pessoa que podem ser olhadas por um conceito unificado, e que ocupam um lugar formal no organograma". Recursos Humanos 164 Módulo II Em suma, a descrição de cargos está voltada para o conteúdo dos cargos, ou seja, com os aspectos intrínsecos dos cargos. Análise de cargos Feita a descrição, segue-se a análise do cargo. Em outros termos, identificado o conteúdo do cargo (aspectos intrínsecos), passa-se a analisar o cargo em relação aos aspectos extrínsecos, ou seja, aos requisitos que o cargo impõe a seu ocupante. Embora intimamente relacionadas em suas finalidades e no processamento de obtenção de dados, a descrição de cargos e análise de cargos são pefeitamente distintas entre si. Enquanto a descrição preocupa-se com o conteúdo do cargo (o que o ocupante faz, quando faz, com faz e por que faz), a análise pretende estudar e determinar todos os requisitos qualificativos, as responsabilidades envolvidas e as condições exigidas pelo cargo, para seu desempenho adequado. É através da análise de que os cargos serão posteriromente avaliados e devidamente classificados para efeito de comparação. A figura 8.3 mostra o desdobramento da descrição de cargo e análise de cargo. Recursos Humanos 165 Módulo II A estrutura da Análise de Cargos Portanto, enquanto a descrição é um simples arrolamento das tarefas ou atribuições que um ocupante desempenha, a análise de cargos é uma verificação comparativa de quais exigencias (requisitos) essas tarefas ou atribuições impõem ao ocupante. Em outros termos, quais são os requisitos intelectuais e físicos que o coupante deverá (ou deveria) ter para desempenhar adequadamente o cargo, quais as responsabilidades que o cargo impõe ao ocupante e em que condições o cargo deve ser desempenhado pelo ocupante. Geralmente a análise de cargos concentra-se em quatro áreas de requisitos quase sempre aplicadas a qualquer tipo ou nível de cargo: 1. Requisitos mentais 2. Requisitos físicos 3. Responsabilidades envolvidas 4. Condições de trabalho Recursos Humanos 166 Módulo II Cada um desses requisitos é dividido em vários fatores de especificações. Os fatores de especificações funcionam como pontos de referencia para poder analisar uma grande quantidade de cargos de maneira objetiva. Constituem verdadeiros instrumentos mentos de mensuração, construídos de acordo com a natureza dos cargos existentes na organização. Variando a natureza dos cargos a serem analisados, variarão igualmente não apenas osfatores de especificações considerados, mas também sua amplitude de variação e suas características de comportamento. Vejamos cada um dos fatores de especificações separadamente. 1. Requisitos mentais Consideram as exigências do cargo no que se refere aos requisitos mentais que o ocupante deve possuir para poder desempenhar adequadamente o cargo. Entre os requisitos mentais, estão os seguintes fatores de especificações: Instrução essencial. Experiência anterior essencial. Adaptabilidade ao cargo. Iniciativa necessária. Aptidões necessárias. 2. Requisitos físicos Consideram a quantidade e a continuidade de energia e de esforços físico e mental requeridos e a fadiga provocada. Consideram também a compleição física exigida do ocupante para o adequado desempenho do cargo. Entre os requisitos físicos, estão os seguintes fatores de especificações: Esforço físico necessário. Recursos Humanos 167 Módulo II Concentração visual. Destreza ou habilidade. Compleição física necessária. 3. Responsabilidades envolvidas Consideram a responsabilidade que o ocupante do cargo, além do desempenho normal de suas atribuições, tem com relação à supervisão direta ou indireta do trabalho de seus subordinados, com relação ao material, ao ferramental ou ao equipamento que utiliza, com relação ao património da empresa, ao dinheiro, aos títulos ou documentos, aos prejuízos ou lucros da empresa, aos contatos internos ou externos e às informações confidenciais. Consideram, portanto, responsabilidade por: Supervisão de pessoal. Material, ferramental ou equipamento. Dinheiro, títulos ou documentos. Contatos internos ou externos. Informações confidenciais. 4. Condições de trabalho Consideram as condições de ambiente e arredores onde o trabalho é executado, tornando-0 desagradável, adverso ou sujeito a riscos, exigindodo ocupante um severo ajustamento, a fim de manter sua produtividade e seu rendimento nas funções. Avaliam o grau de adaptação do ambiente e do equipamento ao elemento humano, facilitando seu desempenho. Englobam os seguintes fatores de especificações Ambiente de trabalho Riscos Por fim, sob o ponto de vista de fatores de especificações, a análise de cargos pode ser montada dentro de um esquema de estandardização que facilite sobremaneira a colheita de informações e permitem uma base aceitável de comparações a serem efetuadas entre os cargos. Métodos de descrição e análise de cargos A descrição e análise de cargos é responsabilidade de linha e função de staff, ou seja, a responsabilidade pelas informações prestadas é unicamente da linha, enquanto a prestação de serviços de obtenção e arranjo das informações é responsabilidade de staff, representado pelo analista de cargos. Contudo, o analista do cargo pode ser um funcionário especializado do staff, como pode ser o chefe do departamento onde está localizado o cargo a ser descrito e analisado, como ainda pode ser o próprio ocupante do cargo. Os métodos mais amplamente utilizados para descrição e análise de cargos costumam ser os seguintes: 1. Observação direta. Recursos Humanos 168 Módulo II 2. Questionário. 3. Entrevista direta. 4. Métodos mistos. Veremos, a seguir, cada um dos métodos de descrição e análise de cargos separadamente. Mas nesse primeiro momento, veremos apenas o Método da observação direta. Método da observação direta É um dos métodos mais utilizados, tanto por ser o historicamente mais antigo quanto por sua eficiência. Sua aplicação é muito eficaz quando se consideram estudos de micromovimentos e de tempos e métodos. A análise do cargo é efetuada através da observação direta e dinâmica do ocupante em pleno exercício de suas funções, enquanto o analista de cargos registra os pontos-chave de sua observação na folha de análise de cargos. É o mais aplicável aos trabalhos que envolvam operações manuais ou àqueles que tenham caráter simples e repetitivo. Alguns cargos rotineiros e repetitivos permitem uma observação direta, pois o elevado volume de conteúdo manual pode ser facilmente verificado através de observação visual. Como nem sempre produz todas as respostas e dissipa todas as dúvidas, a observação é geralmente acompanhada de entrevista e discussão com o ocupante ou com seu supervisor. 1. Características da observação direta a. Colheita de dados sobre um cargo é feita através da observação visual das atividades do ocupante pelo analista de cargos. b. Enquanto a participação do analista de cargos na colheita de dados é ativa, a partici- pação do ocupante é passiva. 2. Vantagens da observação direta a. Veracidade dos dados obtidos, em virtude da unidade de origem (analista de cargos) e do fato de este ser alheio aos interesses de quem executa o trabalho. b. Não requer a paralisação do ocupante do cargo. c. Método ideal para cargos simples e repetitivos. d. Adequada correspondência entre os dados obtidos e a fórmula básica da Análise de Cargos (o que faz? como faz? por que faz?). 3. Desvantagens da observação direta a. Custo elevado, pois o método, para ser com pleto, requer tempo prolongado do analista de cargos. b. A simples observação, sem o contato direto e verbal com o executante, não permite a obtenção de dados realmente importantes para a análise. c. Contra-indicado para cargos que não sejam simples e repetitivos. É aconselhável que esse método seja utilizado em combinação com outros, a fim de que a análise seja bem mais completa e fiel. Recursos Humanos 169 Módulo II Dicas: Quem deve fazer a observação? O método da observação deve ser utilizado por um analista de cargos ou por uma pessoa treinada com o método. Na verdade, a observação é tipicamente uma função de staff. PLANO DE CARREIRA Hoje, dentro deste mercado cada vez mais competitivo e globalizado, onde as decisões tem que ser tomadas em um espaço de tempo cada vez menor, as empresas estão percebendo que um fator de sucesso para o crescimento e mesmo para a sobrevivência dela no mercado é, estabelecer um PLANO DE CARREIRA. Conceito: Plano de carreira é o conjunto de normas que disciplinam o ingresso e instituem oportunidades e estímulos ao desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores de forma a contribuir com a qualificação dos serviços prestados pelas empresas e instituições, constituindo-se em instrumento de gestão da política de pessoal. Recursos Humanos 170 Módulo II Os profissionais que realmente farão o diferencial nas empresas, hoje, se balizam não pela remuneração imediata, e sim, pela possibilidade de crescimento dentro da empresa, portanto, uma empresa que apresenta um PLANO DE CARREIRA bem definido, terá a oportunidade de captar no mercado os melhores TALENTOS. Conceitos Plano de Carreira Plano de carreira é o conjunto de normas que disciplinam o ingresso e instituem oportunidades e estímulos ao desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores de forma a contribuir com a qualificação dos serviços prestados pelos órgãos e instituições, constituindo-se em instrumento de gestão da política de pessoal; Carreira É a trajetória do trabalhador desde o seu ingresso no cargo ou emprego até o seu desligamento, regida por regras específicas de ingresso, desenvolvimento profissional, remuneração e avaliação de desempenho. Nível de Classificação Conjunto de cargos de mesma hierarquia, classificados a partir do requisito de escolaridade, nível de responsabilidade, conhecimentos, habilidades específicas, formação especializada e experiência profissional. Padrão de Vencimento Posição do servidor na escala de vencimento da carreira em função do nível do cargo e nível de classificação. Cargo É o conjunto de atribuições assemelhadas quanto à natureza das ações e às qualificações exigidas de seus ocupantes, com responsabilidades previstas na estrutura organizacional e vínculo de trabalho estatutário. Vencimento É a retribuição pecuniária pelo exercício de um cargo, com valor fixado em lei. Remuneração É o vencimento do cargo ou o salário do emprego, acrescido das vantagens pecuniárias estabelecidas em lei. Recursos Humanos 171 Módulo II REMUNERAÇÃO TRADICIONAL X REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA O salário pago ao cargo ocupado constitui somente uma parcela do pacote de compensação que as empresas costumam oferecer aos seus empregados. A remuneração geralmente é feita através de muitas outras formas além do pagamento em salário: uma considerável parte de remuneração total é constituída em benefícios sociais e de serviços sociais. Estes serviços e benefícios sociais constituem custos de manter pessoal. A remuneração abrange todas as parcelas do salário direto, com todas as decorrências do salário indireto. Em outros termos, a remuneração constitui tudo quanto o empregado aufere direta ou indiretamente com consequência do trabalho que ele desenvolver em uma organização. Assim, a remuneração é gênero e o salário espécie. Determinação salarial Em relação à determinação salarial as organizações desenvolvem a sua política de salário segundo as suas disponibilidades financeiras e a lei da oferta e da procura. Também é parte da estrutura organizacional relativa a salário a ênfase atribuída à política de remuneração da mão-de-obra. Em relação a esse item a componente política é replica das medidas e grandes empresas, visto que essas competem mais efetivamente com as de mesmo gênero e outras nacionalidades diferentes. Além do aspecto acima mencionado, tecnicamente existem diferentes metodologias aplicáveis ao sistema de determinação salarial. Em termos políticos toda a organização procura determinar o salário “justo e compensador”. Entende-se como “salário justo” todo aquele que é dimensionado em função do quanto do esforço físico e mental é exigido do ocupante do cargo para a execução de seu trabalho em condições normais. Entende-se como “salário compensador” todo aquele que além de justo apresente um outro componenteque motive a mão-de-obra a produzir e a colocar à disposição da organização todo o esforço possível. Administração de Salários (compensação) Em uma organização cada função ou cada cargo tem o seu valor individual. Somente se pode remunerar com justeza e equidade o ocupante de um cargo, se conhecer o valor desse caro em relação aos demais cargos da organização e à situação de mercado. Como a organização é um conjunto integrado de cargos em diferentes níveis hierárquicos e em diferentes setores de especialidades, a administração de salários é o assunto que abarca a organização como um todo, repercutindo em todos os seus níveis e setores. Assim sendo, pode-se definir administração de salários como o conjunto de normas e procedimentos que visam a estabelecer e/ou manter uma estrutura de a salários equitativa e justa na organização. Recursos Humanos 172 Módulo II A eqüidade e justeza da administração de salários refere-se a um equilíbrio (que originará sua "política salarial"): Interno: em relação aos demais cargos dentro da própria organização. É alcançado através da avaliação e classificação de cargos (assentadas sobre um prévio programa de descrição e análise de cargos); Externo: em relação aos mesmos cargos em outras empresas do mercado. É alcançado através de pesquisa de salários. Trabalho e salário O salário representa para as pessoas uma transação das mais complicadas, pois quando uma pessoa aceita um cargo ele está se comprometendo a uma rotina diária, a um padrão de atividades e a uma ampla faixa de relações interpessoais dentro de uma organização, para tanto, recebendo salário. O salário é a fonte de renda que define o padrão de vida de cada pessoa, em função do seu poder aquisitivo. Convém lembrar que, para o empregado, o trabalho é muitas vezes considerado um meio para atingir um objetivo intermediário, que é o salário. Com o salário, muitos objetivos finais podem ser alcançados pelo indivíduo, como já foi visto na teoria da experiência. Para as organizações o salário representa a um só tempo, um custo e um investimento. Custo porque o salário se reflete no custo do produto ou do serviço final. Investimento, porque representa aplicações de dinheiro em um fator de produção – o trabalho – como uma tentativa de conseguir um retorno maior a curto ou a médio prazo. Há ainda outra abordagem do ponto de vista da organização. Os salários são, a um só tempo, um custo e um investimento. Custo, porque o salário se reflete no custo do produto ou do serviço final. Investimento, porque representa aplicação de dinheiro em um fator de produção – o trabalho – como uma tentativa de conseguir um retorno maior. Além disso, há que se ressaltar que, em uma organização, cada função ou cada cargo tem o seu valor. Salário: é o valor efetivamente pago ao funcionário pelo seu trabalho desenvolvido dentro da organização; Remuneração: é quanto o cargo vale de acordo como processo de avaliação do mesmo; Salário Direto: é a quantia em dinheiro recebida pelo funcionário ao final de cada mês; Salário Indireto: são benefícios concedidos aos funcionários pela empresa, que acrescentam valores ao salário tais como: plano de saúde, pagamento integral ou parcial de curso superior, pagamento de cursos de idiomas, fornecimento de tickets restaurantes, tickets alimentação, pagamento integral ou parcial de escola para os filhos doa funcionários, etc.; Salário Nominal: é o salário bruto sem os devidos descontos: - Representa o volume de dinheiro fixado em contrato individual pelo cargo ocupado; Recursos Humanos 173 Módulo II - Quando se tem uma economia inflacionaria, este salário, quando não é atualizado periodicamente, sofra erosão Salário Real: é o valor recebido pelo funcionário, após os devidos descontos. Composto salarial Os salários são influenciados pelo "composto salarial": a) Política salarial da empresa É o conjunto (dinâmico) de princípios e diretrizes da empresa em relação à remuneração dos empregados, levando em conta benefícios sociais, estímulos e incentivos ao desempenho, oportunidades de crescimento, garantia de emprego, etc, sendo composta por: 1) Estrutura de cargos e salários 2) Salários de admissão 3) Previsão de reajustes salariais (coletivos e individuais - por promoção, enquadramento ou mérito) b) Capacidade financeira e desempenho da empresa c) Situação do Mercado de Trabalho Antes de definir as estruturas salariais da empresa, convém à Administração de Salários buscar o equilíbrio externo, através de pesquisa salarial (de outras empresas, de empresas especializadas ou própria), através de questionários, visitas a empresas e reuniões de associações de classes e/ou especialistas , onde são levados em conta quais os cargos pesquisados (cargos de referência), as companhias (do mesmo ramo de atividade, localização geográfica, tamanho e política salarial de interesse) e a época, sendo tabulados e tratados estatisticamente os dados, para permitir a comparação com os próprios salários da empresa e refletir se seu esquema salarial está satisfatório ou se precisa ser corrigido. Conjuntura econômica Sindicatos e negociações coletivas Legislação trabalhista Objetivos da administração de salários 1) Remunerar cada empregado com o valor do cargo que ocupa; 2) Recompensá-lo adequadamente pelo seu desempenho e dedicação; 3) Atrair e reter os melhores candidatos para os cargos; 4) Ampliar a flexibilidade da organização, dando-lhe mobilidade de pessoal e racionalizando o desenvolvimento e encarreiramento (plano de carreira); 5) Obter dos seus empregados a aceitação dos sistemas de remuneração adotados; Recursos Humanos 174 Módulo II 6) Manter equilíbrio entre os interesses financeiros da organização e a sua política de relações com os empregados; 7) Facilitar o processamento da folha de pagamento. Remuneração estratégica: uma nova vantagem competitiva Para o consultor e professor norte-americano Edward E. Lawler III,2 que há mais de duas décadas estuda o assunto, o problema central é que os sistemas de remuneração em uso foram criados para um modelo de empresa que está em extinção. As profundas transformações que as empresas vêm sofrendo exigem novos sistemas de remuneração. Em ambientes caracterizados por formas modernas de organização do trabalho - como celularização, multifuncionalidade e poucos níveis hierárquicos - não faz sentido recompensar a contribuição individual ou coletiva apenas com base em descrições de atividades e definição de responsabilidades. Então, a questão central é transformar a visão usual da remuneração como fator de custo para uma visão da remuneração como fator de aperfeiçoamento da organização, impulsionador de processos de melhoria e aumento de competitividade. Remuneração Estratégica A Remuneração Estratégica é uma ponte entre os indivíduos e a nova realidade das organizações. Essa ponte ocorre de duas maneiras: Primeiro, no sentido de considerar todo o contexto organizacional, ou seja, de levar em conta as grandes categorias que dão forma e conteúdo à empresa: a estratégia, a estrutura e o estilo gerencial. Além disso, a concepção de um sistema de Remuneração Estratégica parte não somente do que a empresa é hoje, mas também considera o que ela deseja ser amanhã (sua visão de futuro); Segundo, à medida que os indivíduos passam a ser remunerados de acordo com o conjunto de fatores que afeta sua contribuição para o sucesso do negócio: suas características pessoais, as características do cargo e o vínculo com a organização. Além das atividades e responsa-bilidades, o projeto de um sistema de Remuneração Estratégica também considera: conhecimentos, habilidades, atitudes, competências, desempenho e resultados. A Remuneração Estratégica é também um catalisador para a convergência de energias na organização. À medida que o sistema de remuneração é alinhado ao contexto e à estratégia da empresa, constitui fator de harmonização de interesses, ajudando a gerar consensos e atuando como alavanca de resultados. O Sistema de RemuneraçãoEstratégica 2 LAWLER III, E. E. Strategic pay: alignig organizational strategies and pay systems. San Francisco: Jossey-Bass, 1990. Recursos Humanos 175 Módulo II O sistema de Remuneração Estratégica é uma combinação equilibrada de diferentes formas de remuneração. A multiplicidade de formas de remuneração tem crescido devido à necessidade de encontrar maneiras criativas para aumentar o vínculo entre as empresas e seus funcionários. As formas básicas, entretanto, mantêm-se as mesmas, podendo ser classificadas em oito grandes grupos: 1. Remuneração funcional: ou tradicional, é determinada pela função (cargo) e ajustada ao mercado. Esse tipo de remuneração é o mais tradicional que existe. É também conhecido pela sigla PCS (Plano de Cargos e Salários). Mantém-se ainda como o modelo mais popular em uso. Grandes empresas que o utilizam tendem ao conservadoris mo e à inércia; 2. Salário indireto: compreende benefícios e outras vantagens. A grande tendência nesse caso é a flexibilização dos benefícios. Na forma mais tradicional, os benefícios variam de acordo com o nível hierárquico. Na forma flexibilizada, cada colaborador escolhe o "pacote" de benefícios de acordo com suas necessidades e preferências, a partir das alternativas disponíveis. A flexibilização maximiza o investimento da empresa em benefícios, proporcionando alocação mais racional de recursos e aumento do valor percebido pelo colaborador; 3. Remuneração por habilidades: essa forma de remuneração desloca o foco do cargo ou função para o indivíduo. Assim, as habilidades passam a determinar a base da remuneração. Aplica-se, preferencial mente, em organizações que passaram por processos de mudanças e adotaram estruturas baseadas em processos e grupos multifuncionais; 4. Remuneração por competências: difere da remuneração por habilidades quanto ao objeto: enquanto a remuneração por habilidades égeralmente aplicada ao nível operacional, a remuneração por competências é mais adequada aos demais níveis da organização. Pode tor nar-se forma obrigatória para empresas que operam em ambientes muito competitivos e para as quais a capacidade de inovação é fator crítico de sucesso; 5. Previdência complementar: o aumento da prática de concessão dessa forma de remuneração relaciona-se diretamente com a disseminação dos sistemas de previdência privada. Tal componente complementar de remuneração tem atraído a atenção de empresários e executivos. Contribui de forma inequívoca para a valorização do compromisso de longo prazo entre empresa e funcionários; 6. Remuneração variável: é vinculada a metas de desempenho dos indivíduos, das equipes ou da organização. Inclui formas de remuneração variável de curto prazo, como as comissões, participação nos lucros e nos resultados, e de longo prazo, como bónus executivo. 7. Participação acionária: é vinculada a objetivos de lucratividade e crescimento da empresa e utilizada para reforçar o compromisso de longo prazo entre empresa e colaboradores; 8. Alternativas criativas: incluem prémios, gratificações e outras formas especiais de reconhecimento. Essas formas têm sido utilizadas com grande frequência como apoio no esforço de construir um ambiente organizacional caracterizado pela convergência de esforços e energias voltados para o atendimento de objetivos Recursos Humanos 176 Módulo II estratégicos. A Figura 2.1 mostra esquematicamente essas várias formas de remuneração A remuneração funcional, a remuneração por habilidades e a remuneração por competências constituem a base de um sistema de remuneração (remuneração estrutural). O salário indireto e a previdência complementar completam, com essas, a parte fixa da remuneração. A remuneração variável e a participação acionária constituem o componente referente à remuneração por desempenho. Finalmente, as alternativas criativas completam o quadro, dando enfoque a formas especiais de reconhecimento. A Figura 2.2 traz uma segunda representação dos diversos componentes, do sistema de remuneração. A posição nos eixos representa o peso relativo de cada componente em relação à remuneração total (maior proximidade da borda externa significa maior importância). O formato da área hachurada representa o perfil do sistema de remuneração adotado pela empresa. Se as empresas adotarem sistemas de remuneração consistentes com sua estrutura e seus estilos gerenciais, essa representação lhes será características. As Figuras 2.3 e 2.4 (abaixo) trazem dois exemplos de sistemas de remuneração. Notem-se os diferentes perfis delineados para uma empresa de gestão tradicional e para uma empresa de gestão avançada. Recursos Humanos 177 Módulo II A primeira dá maior peso à remuneração funcional e aos benefícios (salários indireto). A segunda privilegia a remuneração a remuneração por habilidades e por competências e os incentivos especiais (alternativas criativas). ESTRUTURA E PESQUISA SALARIAL Seguramente um dos pontos mais importantes para uma boa e adequada gestão de Recursos Humanos é a existência de um Sistema de Remuneração, consistente e voltado para a dinâmica, estratégia e eficiência dos negócios da Organização. Um bom Sistema de Remuneração deve ser estruturado a partir do equilíbrio interno (hierarquia de cargos) e do equilíbrio externo (mercado), deve ainda, estar apoiado numa política e critérios claros de administração, de modo a permitir, avaliação de cargos e salários, captação e retenção de mão-de-obra e, ainda, na melhoria do clima organizacional, levando os ganhos de produtividade. Estabelecer remuneração condizente com a tabela salarial, em busca do equilíbrio interno e externo da sua estrutura de cargos e salários (Salário Fixo) e sistemas que premiam/recompense também o ocupante do cargo pelo seu desempenho na participação e/ou contribuição no alcance dos resultados (salário variável). Os modelos existentes de Remuneração, desde o tradicional e fundamental Plano de Cargos e Salários, passando pelos diversos tipos de Programas de Remuneração Variável, são as ferramentas necessárias para atingir os seguintes objetivos: Estabelecer política salarial justa e competitiva com base nos fatores internos correlacionados a valores de mercado e elaborar normas que assegurem um tratamento equitativo; Determinar estruturas salariais capazes de reter seus profissionais e de atrair colaboradores para atividades específicas; Elaborar perfis de cargos que representem efetivamente a atual estrutura organizacional da empresa, mas já sinalizando a evolução desejada do perfil dos Recursos Humanos 178 Módulo II cargos, e propiciando análises para seu uso em outros objetivos de Recursos Humanos; Definir mais claramente as responsabilidades básicas de cada cargo na organização; Determinar os valores relativos dos cargos e estabelecer um equilíbrio interno sem distorções salariais, de acordo com as referências de mercado; Harmonizar os interesses econômico-financeiros da organização com os interesses de crescimento e qualidade de vida de seus colaboradores; Racionalizar a estrutura organizacional; Possibilitar redução / simplificação da estrutura organizacional; Servir de base para evolução qualitativa dos profissionais. A tabela salarial, entre os Sistemas de Remuneração o Plano de Cargos e Salários é fundamental, como instrumento gerencial estabelece a estrutura de cargos da organização, define as atribuições, deveres e responsabilidades de cada cargo e estabelece os níveis salariais a serem praticados. A boa gestão salarial possui dois pilares fundamentais que são: 1. O Equilíbrio Interno; garantia de uma adequada harmonia interna dos cargos e salários dentro da sua organização; e 2. O Equilíbrio Externo; provedor da harmonia dos cargos e salários com o mercado de mão-de-obra. CLASSIFICAÇÃO E PONTUAÇÃO DOS CARGOS CLASSIFICAÇÃO DE CARGOS É uma técnica, orientada e dirigida, para a disposição lógica e/ou hierárquica do elenco de cargos, adotado por uma organização. A classificação de cargos é um trabalho de natureza especializadaque exige como as demais técnicas de Administração de Pessoal, conhecimento de métodos e processos que lhe são peculiares. Essa técnica, ao lado de outras, tais como o treinamento de pessoal, a seleção e o recrutamento, a avaliação do mérito, etc., constitui apenas, uma parte do todo que forma a Administração Cientifica de Pessoal. Por isso mesmo, apesar de constituir um valioso instrumento de administração, ela, por si só, evidentemente não basta para dar solução à grande maioria dos problemas administrativos de uma organização. Recursos Humanos 179 Módulo II A classificação de cargos não é um fim em si mesmo, mas tão somente um dos meios que se vale a Administração de Pessoal para equacionar determinados (e importante) problemas de administração. Classificação Brasileira de Ocupações - CBO A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO é o documento normalizador do reconhecimento, da nomeação e da codificação dos títulos e conteúdos das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. É ao mesmo tempo uma classificação enumerativa e uma classificação descritiva. Classificação enumerativa: codifica empregos e outras situações de trabalho para fins estatísticos de registros administrativos, censos populacionais e outras pesquisas domiciliares. Inclui códigos e títulos ocupacionais e a descrição sumária. Ela também é conhecida pelos nomes de nomenclatura ocupacional e estrutura ocupacional. Classificação descritiva: inventaria detalhadamente as atividades realizadas no trabalho, os requisitos de formação e experiência profissionais e as condições de trabalho. Implantando um eficiente PCS – Plano de Cargos e Salários Os principais passos são: Fase A - Organização e Planejamento do Trabalho Nesta fase inicial deverão ser coletadas todas as informações que permitam um conhecimento genérico de cunho organizacional, funcional e hierárquico; políticas, procedimentos e níveis de remuneração atualmente praticados; aspectos estratégicos, administrativos, objetivo negocial, mercado concorrente, sindical, etc. e tudo mais que cerca a empresa no que tange ao relacionamento com sua mão-de-obra. Todas estas informações têm um caráter de extrema importância para o melhor entendimento da cultura da empresa, fundamentais para o sucesso do projeto. O legítimo envolvimento e interesse do corpo executivo com relação ao projeto são definitivos para o sucesso do trabalho. Fase B – Divulgação A divulgação do projeto é extremamente importante para dar conhecimento a todos os níveis e colaboradores da organização acerca dos objetivos e metodologia a serem empregados, bem como o de buscar uma postura participativa e o comprometimento de todos, estabelecendo um canal de comunicação único e transparente, minimizando expectativas geralmente criadas por falta ou omissão de informações. Fase C - Levantamento de atribuições É a fase onde se deve identificar e levantar todas as funções existentes na empresa em todos os níveis através, de processos de entrevistas e/ou questionários para a elaboração das Recursos Humanos 180 Módulo II Descrições de Cargo. O processo de levantamento também deve servir para análise, uniformização e padronização dos cargos. Fase D - Descrições de Cargo O levantamento e análise de todos os postos de trabalho da empresa é que serão o subsidio para a elaboração das Descrições de Cargo. Ela é a narrativa que contém os aspectos intrínsecos do cargo, seu conteúdo, ou seja, o que o cargo FAZ, COMO FAZ e PARA QUE FAZ, bem como com as Especificações, Competências e Habilidades para o pleno desempenho do ocupante da posição. Fase E - Avaliação e Classificação dos cargos É o momento de adequar o valor relativo de cada cargo (equilíbrio interno), ou seja, dimensionar e hierarquizar por ordem de importância todos os cargos da organização. Existem diversas técnicas e metodologias de Avaliação de Cargos, e a empresa deverá escolher qual a mais adequada às suas necessidades. Fase F - Pesquisa salarial Junto com a Avaliação dos Cargos é parte fundamental de todo o PCS. A pesquisa salarial objetiva obter elementos de comparação entre a estrutura da empresa e os níveis de remuneração praticados pelas principais empresas do mercado na qual a organização se insere. É a garantia da equidade externa de qualquer política salarial, deve ser feita através de uma pesquisa de mercado junto às outras empresas da mesma região, porte, ramo de atividade etc. Existem várias modalidades de Pesquisa Salarial, a tendência mais usual é via "web", pesquisas salariais previamente elaboradas por consultorias especializadas e disponibilizadas na internet. Fase G - Determinação de Estrutura Salarial Nesta fase a empresa deverá fazer o "casamento" entre a Avaliação de Cargos e os Resultados da Pesquisa Salarial; é o momento onde se calcula os valores das faixas salariais para cada cargo ou grupo de cargos da empresa, bem como é o momento onde a organização vai determinar o grau de agressividade definido pelo Salário Médio de Mercado. A Estrutura Salarial, ou Tabela Salarial é um agrupamento de cargos em Classes, com uma faixa salarial para cada Classe de cargos, dividida em níveis salariais. Os cargos são classificados conforme o número de pontos obtidos no processo de avaliação de cargos. Cada classe de cargos tem uma amplitude ou faixa de pontos de avaliação, para abrigar cargos semelhantes, em termos de número de pontos de avaliação. A amplitude de pontos de cada Classe depende do método de avaliação de cargos utilizado. Recursos Humanos 181 Módulo II Para cada classe de cargos é estabelecida um faixa salarial, com uma amplitude definida pela empresa. As amplitudes mais comuns são de 40% a 60%, entre o início e o fim da faixa. A amplitude da faixa salarial visa a permitir a administração do salário da pessoa que está no cargo, conforme o seu desempenho, desenvolvimento profissional e outros critérios definidos pela empresa. Cada faixa salarial pode ser dividida em níveis salariais ou ter apenas um valor para o início da faixa, um valor para o ponto médio e um valor para o fim da faixa. A faixa salarial do exemplo abaixo tem uma amplitude de 50% entre o primeiro nível da faixa (A) e o último nível (G). A tabela do exemplo tem sete níveis, com um intervalo entre eles de aproximadamente 7%. A tabela salarial abaixo é apenas um exemplo, com valores fictícios. Cada empresa deve ter uma tabela salarial como essa, elaborada com base nos padrões de remuneração da sua região, obtidos por meio de uma Pesquisa Salarial. Os salários variam muito de uma região para outra. TABELA SALARIAL - MODELO CLASSE ADMISSÃO 1ª FAIXA 2ª FAIXA 3ª FAIXA 4ª FAIXA 5ª FAIXA1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO 1 749 802 858 918 982 1.051 2 802 858 918 982 1.051 1.124 3 879 941 1.007 1.077 1.152 1.233 4 973 1.041 1.114 1.192 1.275 1.365 5 1.099 1.176 1.258 1.346 1.440 1.541 6 1.269 1.357 1.452 1.554 1.663 1.779 7 1.500 1.605 1.718 1.838 1.967 2.104 8 1.824 1.951 2088 2.234 2.390 2.558 9 2.304 2.466 2.638 2.823 3.021 3.232 10 3.028 3.240 3.466 3.709 3.969 4.246 11 4.185 4.478 4.792 5.127 5.486 5.870 12 6.109 6.537 6.994 7.484 8.008 8.568 AMPLITUDE ENTRE CLASSES SALARIAIS VARIÁVEIS AMPLITUDE ENTRE FAIXAS SALARAIS 7.00% Fase H - Exercício de enquadramento de cargos e salários É a fase onde se calculam todos os custos envolvidos na implantação do PCS, bem como a estratégia de implantação de acordo com as condições financeiras da empresa tentando minimizar os impactos que por ventura possam ocorrer. Fase I - Política de Cargos e Salários Aqui "fecha-se" todo o processo de criação e implantação do PCS, bem como os mecanismos para a manutenção do mesmo. A Política de Cargos e Salários consiste no conjunto de Recursos Humanos 182 Módulo II normas, procedimentos e ações que zelam pelas premissas básicas da administração de cargos e salários, são os critérios utilizados para as Trajetórias de Cargos e Salários; Políticas de Crescimento Profissional; Modalidades de Crescimento Profissional (Aumento Horizontal, Promoção Vertical, PromoçãoVertical No Mesmo Cargo, Promoção Vertical Com Mudança de Cargo); Posicionamento da Estrutura Salarial frente ao mercado de trabalho; periodicidade da atualização da Estrutura de Cargos e Salários e a tabela salarial. POLÍTICA E GESTÃO DOS BENEFÍCIOS O que são benefícios Benefícios sociais são aquelas facilidades, conveniências, vantagens e serviços que as empresas oferecem aos seus empregados, como remuneração indireta, no sentido de poupar-lhes esforços e preocupação. Objetivos dos benefícios 1) Aumentar a produtividade; 2) Melhorar o clima organizacional (aumenta o moral, o relacionamento social, sentimento de segurança, lealdade e melhora a relação com a empresa, reduzindo queixas); 3) Facilitar o recrutamento; 4) Conseguir reter os empregados competentes (reduz turnover e absenteísmo); 5) Melhorar da qualidade de vida dos empregados. BENEFÍCIOS: TIPOS E ASPECTOS LEGAIS Tipos de benefícios a) Quanto À Exigência Legais: exigidos pela legislação trabalhista, previdenciária ou convenção coletiva entre sindicatos (13º salário, férias, aposentadoria, seguro de acidentes do trabalho, auxílio doença = "repouso remunerado", salário família, salário maternidade, horas extras, adicional noturno, etc); Espontâneos: concedidos por liberdade das empresas (gratificações, seguro de vida em grupo, refeições, transporte, empréstimos, convênio de assistência médico-hospitalar, complementação de aposentadoria, etc). b) Quanto À Natureza Recursos Humanos 183 Módulo II Monetários: concedidos em dinheiro, através da folha de pagamento, gerando encargos (13º salário, férias, aposentadoria, complementação da aposentadoria, gratificações, planos de empréstimos, complementação de salário nos afastamentos por doença, reembolso ou financiamento de remédios, etc); Não monetários: serviços, vantagens ou falicilidades para os usuários (refeitório, assistência médico-hospitalar e odontológica, serviço social e aconselhamento, clube, seguro de vida em grupo, transporte, horário móvel de entrada e saída do pessoal de escritório, etc). c) Quanto Aos Objetivos Assistenciais: visam prover certas condições de segurança e previdência ao empregado e sua família nos imprevistos ou emergências (assistência médico-hospitalar, assistência odontológica, empréstimos, serviço social, complementação de aposentadoria, complementação de salário nos afastamentos prolongados por doença, seguro de vida em grupo, seguro de acidentes pessoais, etc); Recreativos: objetivam dar condições de repouso, diversão, recreação, higiene mental e lazer (clube, áreas de lazer na empresa, música ambiente, atividades esportivas, excursões, festividades, etc); Supletivos: englobam certas facilidades, conveniências e utilidades que melhoram a qualidade de vida do empregado (transporte, restaurante, estacionamento, horário móvel, cooperativas de alimentos, agência bancária, etc). Custos dos benefícios A remuneração (direta ou indireta) dos participantes de uma organização é um dos custos de maior relevância. Os benefícios concedidos além das exigências legais constituem uma substancial parcela no orçamento de despesas, variando de acordo com: Número de empregados; Nível sócio-econômico do pessoal; Política salarial da empresa; Distribuição etária do pessoal; Proporção entre maiores e menores, homens e mulheres, solteiros e casados; Localização da empresa; Condições de infra-estrutura da comunidade, etc. Alguns benefícios são pagos integralmente pela empresa (repouso remunerado), outros são pagos integralmente pelos empregados (seguro de vida em grupo, cooperativas de consumo, Recursos Humanos 184 Módulo II etc), enquanto outros são rateados (refeições, transporte, assistência educacional, etc), devendo sempre: 1) Trazer contribuição (produtividade) também para a empresa, ao menos igual ao seu custo; 2) Os seus custos devem poder ser planejados; 3) Seus custos devem ter uma participação relativa do empregado, para gerar interesse e valor. Disfunções dos benefícios Quando não são bem planejados e administrados, os benefícios podem ocasionar: Acusações de paternalismo; Custos excessivamente altos; Perda de vitalidade, ao tornar-se hábito; Manter os trabalhadores menos produtivos (acomodados); Negligência quanto a outras funções de pessoal (controle de freqüência, penalidades, etc); Novas fontes de queixas e reclamações; Relações questionáveis entre motivação e produtividade. PREVIDÊNCIA SOCIAL X PREVIDÊNCIA PRIVADA Definição de previdência Uma pessoa previdente, segundo os dicionários, é cautelosa, prevenida, precavida e prudente e a palavra previdência, que advém do verbo prever, engloba todos esses adjetivos. O ato de prever significa antecipar-se com relação a algum acontecimento do futuro. Pois bem, de uma forma mais resumida, previdência é uma forma que as pessoas utilizam para poupar dinheiro e, assim, garantir um futuro mais estável financeiramente. A previdência é importante para prevenção de situações adversas, como doença, invalidez ou morte e para constituição de uma reserva financeira para futuras aquisições, realização de projetos pessoais e familiares e, principalmente, para usufruto na velhice, época em que, geralmente, o nível de renda diminui com a aposentadoria. Infelizmente, muitas pessoas ainda não se preocupam com o ato de poupar porque precisam abrir mão de muitas coisas no presente para ter uma reserva financeira que garanta mais segurança e estabilidade no futuro. Portanto, para proteger e amparar o trabalhador, cada país possui um sistema previdenciário. Diferença entre previdência social e previdência privada A Previdência social é administrada pelo governo federal. Portanto, é pública. Os recursos que a Previdência Social arrecada são utilizados para substituir a renda do trabalhador Recursos Humanos 185 Módulo II (salário) quando ele conquista o direito de se aposentar ou, eventualmente, perde a capacidade de trabalhar. Possui um benefício máximo. A Previdência privada é voluntária e constitui uma opção para aqueles que desejam garantir no futuro uma renda maior do que aquela garantida pela Previdência social. Em outras palavras, serve para complementar o valor da aposentadoria do trabalhador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, Idalberto – Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na Organização, Editora Atlas, 2003. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 11º. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa. Ed. Compacta. São Paulo: Atlas, 2002. CHIAVENATO, I. Recursos humanos na empresa: descrição e análise de cargos, avaliação do desempenho humano. v 3. São Paulo : Atlas, 2000. DUARTE, Geraldo. Dicionário de Administração. Fortaleza: CRA/CE e Realce, 2005. PASCHOAL, Luiz. Administração de Cargos e Salários: Manual prático e novas metodologias. 2º. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. PONTES, B R. Administração de Cargos e Salários. 12 ed. São Paulo: LTR, 2007. PONTES, B. R. Administração de Cargos e Salários. 9 ed. São Paulo: LTR, 2002. RESENDE, Enio J. – Cargos, salários e carreira: novos paradigmas conceituais e práticos, Editora Summus, 2002. RIBEIRO, Antônio de Lima. Gestão de pessoas. São Paulo: Saraiva: 2005. RICCA, B.; MACHADO, P. Automação e Desemprego. São Paulo: Futura, 2002. TOLEDO, F. de. Administração de Pessoal, desenvolvimento de RH. 7 ed. São Paulo: Atlas, 1999. EXERCÍCIOS 1. Conceitue e destaque as diferenças entre função e cargo. 2. Explique os modelos de desenho de cargos. 3. Desenvolva um conceito de cargo. 4. Explique a estrutura de análise de cargos. 5. Descreva plano de carreira as suas especificidades. 6. Fale sobre os objetivos da administração de salários. 7. Descreva sobre classificação e pontuação dos cargos. 8. Descreva sobre política e gestão de benefícios. Recursos Humanos 186 Módulo II ANOTAÇÕES: GESTÃO DE PLANOS DE CARREIRA Recursos Humanos 188 Módulo II GESTÃO DE PLANOS E CARREIRA1 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS: A Gestão de Pessoas vem passando por um processo de intensa transformação. Na medida em que os sistemas centrados em cargos - tradicionalmente utilizados como referencial – começam a mostrar fragilidades diante do momento altamente dinâmico pelo que passam as organizações, novas práticas, processos e ferramentas surgem para atender às necessidades corporativas. O grande desafio das empresas hoje é identificar e implantar técnicas de gestão que podem garantir o sucesso no mercado competitivo em que se posicionam. Nesse contexto, a organização precisa estar alinhada com definições estratégicas claras, sustentadas por uma gestão com amplo envolvimento e participação de seus colaboradores. E uma organização que pretende ter de si mesma uma visão estratégica precisa levar em conta que há um fluxo de conhecimentos que afeta o resultado como um todo. As competências pessoais e corporativas consolidam-se como o ativo mais importante das organizações modernas, pois é por meio da combinação sinérgica dos conhecimentos, habilidades e atitudes que os resultados corporativos saem do plano estratégico e tornam-se resultados reais de negócio. Por isso, faz-se necessário implantar ações que permitam conhecer, potencializar, integrar e subsidiar a gestão dos talentos e das competências individuais e institucionais em diferentes perfis de organizações e empresas. 1.1 - CONCEITUAÇÕES ACERCA DE ADMINISTRAÇÃO E ESTRATÉGIA: Os conceitos de estratégia mudam constantemente, desde os primórdios da humanidade se usa o conceito de estratégia, ou seja, vem evoluindo juntamente com a humanidade. O termo estratégia é um conceituado militarmente, definido pelo conjunto de forças contra determinado inimigo. O termo se origina da palavra grega "strategos" do qual se deriva o significado de "a arte do general", ou "arte de guerra" (OLIVEIRA, 2002 p. 192). Com isso, ocorre o uso da estratégia como apenas uma ação tomada para superar desafios, guerras, momentos, etc. O surgimento da Administração como ciência coloca o conceito de estratégia em um novo patamar, permitindo assim aplicar o conceito e modificá-lo para um ambiente de empresa ou aplicado a um produto, serviço, pessoas, etc. Analisando-se o contexto organizacional percebe-se que cada empresa possui seus alvos a serem atingidos, ou seja, exemplificando, supõe-se uma organização do ramo de vendas de veículos automotores tem como alguns dos seus objetivos: aumentar suas vendas, conquistar mais clientes, diminuir os índices de reclamação, entre outros. Recursos Humanos 189 Módulo II Oliveira (2007, p.4) percebe essa linha de raciocínio e afirma que estratégia "é definida como um caminho, ou maneira, ou ação estabelecida e adequada para alcançar os resultados da empresa, representados por seus objetivos, desafios e metas". Com o enfoque nas diretrizes e em objetivos, torna-se fundamental estabelecer elementos que norteie o foco da organização sendo estes: Missão, Visão e Objetivos. Elementos estes que iniciam o planejamento estratégico, uma vez que sabe-se os objetivos atuais da empresa, metas que deseja alcançar e uma visão da possível situação da organização em um futuro que pode ser de curto, médio ou longo prazo. Para Kotler (1992, p.63) "planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado." Contudo, a criação da missão e visão da organização tem que ser definida de forma que todos os envolvidos no processo (colaboradores, gestores, etc.) compreendam a sua importância. E é a partir deste momento que o foco nas pessoas que compõem a organização toma conta do processo de planejamento estratégico, sendo assim chamado de Gestão Estratégica de Pessoas e adaptando-se a realidade de cada organização. A proposta do artigo sugere utilizar a Gestão Estratégica de Pessoas como um diferencial competitivo necessitando assim ser estudado, aprofundado e entendidas questões acerca de termos como vantagem competitiva, diferencial, e estratégias. 1.2 - Vantagem Competitiva e Diferenciação: Os termos "diferencial competitivo e vantagem competitiva" ganharam espaço em meados dos anos 80 com o surgimento da "Escola do Posicionamento" com modelos estratégicos analíticos que evidenciava a criação de análises, quadros, etc. muito influenciada pelo autor Michael E. Porter que elaborou um modelo analítico de 5 (cinco) forças competitivas para análise de um mercado em que uma empresa pretende atuar ou já atua (MINTZBERG, 2000 p. 69) Sendo assim, Porter (2002) define a Vantagem Competitiva como qualquer estratégia que seja notada pelo cliente, notada pelo mercado e que gere uma resposta em retorno. Mintzberg (2000) complementa que esta vantagem competitiva é consolidada a partir de todos os recursos estratégicos definidos pela organização, nem todos os recursos são estratégicos, apenas os que são de difícil imitação ou que são praticamente impossíveis de serem copiados, tais como: Preço, Tecnologia, Qualidade, Modelo de Gestão, etc. O questionamento que surge a partir destes raciocínios é: "Como a gestão estratégica de pessoas pode atuar como uma vantagem competitiva, tornando a organização ou produto diferenciados?". Com isso evidencia-se conceituar e se aprofundar acerca do surgimento da nova temática de Gestão Estratégica de Pessoas. 1.3 – Os gestores e a estratégia: Este modelo de Gestão surge com a necessidade constante de que os colaboradores da organização estejam cada vez mais a par da realidade estratégica da organização. Fleury (2002, p. 42) afirma que "a participação mais ampla de colaboradores de diferentes níveis da organização na formulação estratégica é adotada também como forma de tornar esse Recursos Humanos 190 Módulo II processo mais interativo e contínuo". Deste modo, percebe-se a existência de hierarquia na organização definindo as responsabilidades operacionais, táticas e estratégicas, principalmente envolvendo a atividade principal da organização e seu posicionamento no mercado. Mintzberg (2000) faz referência de que cada organização possui seis elementos (forças) que se encontra em intensa e constante comunicação, sendo elas fundamentais para a análise e formulação da estratégia na organização. As forças são: Vértice Estratégico, Tecno-estrutura, Linha Hierárquica, Pessoal de Apoio e Centro operacional. Pretende-se abordar a adaptação do Vértice Estratégico (nível estratégico da organização), pois representa as pessoas do alto nível hierárquico, responsáveis por alinhar os reais objetivos e interesses da organização, que reporta-se ao Centro Operacional (nível operacional da organização) ,representado pelos colaboradores da organização, e tem repassada a estratégia ao corpo funcional. O setor de Recursos Humanos de acordo com a estratégia da organização basicamente recruta, seleciona e dá manutenção às pessoas, logo se pode afirmar que Recursos Humanos é um setor completamente ligado a estratégia da organização e em constante contato com a alta hierarquia da organização. Chiavenato (2000) afirma que o setor de Recursos Humanos tem caráter de consultoria ao nível estratégico, fornecendo informações e dados sobre os colaboradores da organização, tendo por finalidade seu parceiro nas atividades principais da empresa e fornecendo provisão de mão-de-obra, aplicação das tarefas e processos, manutenção do corpo funcional, desenvolvimento de competências e monitoração das atividades executadas. Mascarenhas (2008) define claramente a Gestão Estratégica de Pessoas como toda e qualquer mobilização, orientação, direcionamento e a administração do fator humano ao elaborar uma estratégia para a organização, envolvendo o setor de Recursos Humanos e garantindo que todos na organização tenham percepção das estratégias e caminhem junto a empresa. Relata em seu estudo, o caso da organização "Souza Cruz S.A" que a partir da criação de um website possibilitou o acesso de todos às informações da organização.