Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE INSTITUTO METRÓPOLE DIGITAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO EM TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS - PPgITE FORMAÇÃO CONTINUADA EM PENSAMENTO COMPUTACIONAL PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL: COMPUTAÇÃO DESPLUGADA NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS JEANNE DA SILVA BARBOSA BULCÃO NATAL - RN 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE INSTITUTO METRÓPOLE DIGITAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INOVAÇÃO EM TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS FORMAÇÃO CONTINUADA EM PENSAMENTO COMPUTACIONAL PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL: COMPUTAÇÃO DESPLUGADA NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS JEANNE DA SILVA BARBOSA BULCÃO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais do Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE EM INOVAÇÃO EM TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS. Orientador: Prof. Dr. Charles Andryê Galvão Madeira. NATAL - RN 2021 FORMAÇÃO CONTINUADA EM PENSAMENTO COMPUTACIONAL PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL: COMPUTAÇÃO DESPLUGADA NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS JEANNE DA SILVA BARBOSA BULCÃO Banca Examinadora da Dissertação Prof. Dr. Charles Andryê Galvão Madeira ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Presidente Prof. Dra. Betânia Leite Ramalho ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliadora Interna Prof. Dra. Cibelle Amorim Martins ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliadora Interna Prof. Dr. André Luís Alice Raabe ___________________________ Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) - Avaliador Externo à Instituição NATAL, 16 de dezembro de 2021. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Bulcão, Jeanne da Silva Barbosa. Formação continuada em pensamento computacional para professores do ensino fundamental: computação desplugada nas práticas educativas / Jeanne da Silva Barbosa Bulcão. - 2022. 141 f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Instituto Metrópole Digital, Programa de Pós-Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Charles Andryê Galvão Madeira. 1. Formação de professores - Dissertação. 2. Pensamento computacional - Dissertação. 3. Computação desplugada - Dissertação. I. Madeira, Charles Andryê Galvão. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 371.13 Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 A minha mãe Josefa, a minha filha Sofia e a minha irmã Jariane. As minhas sobrinhas Talita, Kiara, Cecília e Isadora. Ao meu sobrinho Guilherme. A todas as mulheres profissionais, mães, esposas e filhas, especialmente às minhas tias e primas. E a todas as professoras que passaram por minha vida, verdadeiras heroínas da nossa realidade! AGRADECIMENTOS Este trabalho não poderia ser concluído sem a ajuda de diversas pessoas às quais presto minha homenagem: Agradeço ao meu Pai pelos esforços afetivos e financeiros empreendidos para que eu pudesse estudar e chegar até aqui. Te amo, painho! Agradeço à minha Mãe por ser inspiração para mim, por seu amor e por ter me mostrado o valor da educação. Te amo, mainha! Agradeço aos meus irmãos pelas vivências e estímulos quando às noites eram longas e o dia parecia não ter fim. Agradeço a todos os membros da minha família por compreender as ausências nos eventos e confraternizações da família! Agradeço a Valdemir pelas trocas de experiências e pelos incentivos quando muitas vezes o sentimento era de incompletude! Agradeço aos meus colegas do Programa de Pós-graduação em Tecnologias Educacionais - PPgITE, nossas conversas, alegrias e tristezas ficarão marcadas em nossas vidas! Agradeço a todos os professores e colegas do PPgITE pelas trocas de experiências e orientações. Muito obrigada! Agradeço a Clickideia Tecnologia Educacional por compreender e atender às minhas necessidades de pesquisadora, negociando algumas horas de trabalho para que eu pudesse me dedicar a conclusão deste curso. Agradeço ao meu orientador, professor Charles Madeira, pelas palavras de estímulo, cuidado, gentileza, firmeza e mansidão quando as intempéries da vida se sobressaiam e faltavam forças para seguir. Agradeço pela compreensão, orientação e respeito às minhas potencialidades e fragilidades. Enfim, agradeço a todos que passaram por minha vida nesses dois últimos anos e que contribuíram diretamente ou indiretamente para a conclusão deste projeto de Mestrado. “Ensinar é importante, contudo aprender é muito mais!” Seymour Papert RESUMO Alinhando-se com as tendências mundiais, o Brasil recentemente aprovou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e incluiu 10 competências gerais que os estudantes devem alcançar até a última etapa da Educação Básica. Essas competências gerais estão relacionadas àquelas identificadas no cenário internacional como necessárias à formação dos cidadãos e profissionais do século XXI. Entre essas competências, destacam-se aquelas relacionadas ao Pensamento Computacional, que envolvem o reconhecimento de padrões, abstração, raciocínio lógico, pensamento criativo, todas culminando na capacidade de resolver problemas, que é considerada como uma das habilidades mais importantes no atual contexto social e profissional. Em razão disso, a formação dos estudantes, no cenário social, cultural, profissional e tecnológico da atualidade, exige dos professores novas habilidades e competências profissionais que não lhes foram oportunizadas durante a formação inicial. Portanto, para que os professores estimulem o Pensamento Computacional junto aos estudantes, é necessário formá-los para uma mudança de mentalidade sobre as possibilidades pedagógicas frente às condições de escassez tecnológica em seu ambiente de trabalho, assim como para o conhecimento sobre o que é e como aplicá-lo nos processos de ensino e de aprendizagem. É nesse contexto que este trabalho visa contribuir apresentando um modelo de formação continuada em Pensamento Computacional capaz de estimular nos docentes o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao tema, motivando-os a levar esse conhecimento para os seus alunos por meio de práticas de Computação Desplugada nas escolas. O trabalho sistematizou uma primeira versão do curso de formação continuada em Pensamento Computacional para professores, ocorrido em 2019, em formato presencial, no âmbito do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional, que serviu de pré-teste para avaliar as estratégias, as metodologias e os recursos aplicados a fim de propor melhorias para a construção de um novo modelo de formação. A nova versão do curso foi ministrada em 2020 seguindo o modelo proposto neste trabalho, adaptando-se ao formato on-line devido à realidade imposta pela pandemia da Covid-19. Os resultados obtidos indicam que alguns professores compreenderam o conceito sobre Pensamento Computacional, aprenderam como integrar o PC em suas práticas de ensino e desenvolveram o conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo. Além disso, comparando as duas edições do curso foi possível constatar que a oferta presencial ajudou na execução de atividades práticas e colaborativas, mas teve impacto negativo na rotina dos professores pela necessidade de deslocamento até a unidade de formação. Por outro lado, a oferta on-line garantiu maior adesão e participação dos professores, porém dificultou a aplicação da avaliação em pares. Conclui-se, portanto, que uma formação com viés prático, que tem foco na aquisição de habilidades e competências, permite desenvolver o potencial esperado para construir uma identidade docente à altura das necessidades contemporâneas da profissão, estimulando a capacidade de resolver problemas e o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o Pensamento Computacional, o que inclui a curadoria e a criação de materiais relacionadosao tema, assim como a aplicação de práticas educativas nas escolas da rede de ensino. Palavras-chave: Formação de Professores. Pensamento Computacional. Computação Desplugada ABSTRACT In line with world trends, Brazil recently approved the National Common Curricular Base (BNCC) and included 10 general competencies that students must achieve by the last stage of Basic Education. These general competencies are related to those identified in the international scenario as necessary for the formation of citizens and professionals in the 21st century. Among these skills, those related to Computational Thinking stand out, which involve pattern recognition, abstraction, logical reasoning, creative thinking, all culminating in the ability to solve problems, which is considered one of the most important skills in the current social and professional life. As a result, the training of students, in today's social, cultural, professional and technological scenario, requires teachers to have new skills and professional competences that were not given to them during their initial training. Therefore, for teachers to stimulate Computational Thinking with students, it is necessary to train them for a change of mentality about pedagogical possibilities in the face of conditions of technological scarcity in their work environment, as well as for knowledge about what is and how to apply it in teaching and learning processes. It is in this context that this work aims to contribute by presenting a model of continuing education in Computational Thinking capable of stimulating the development of skills related to the subject in teachers, motivating them to take this knowledge to their students through practices of Unplugged Computing in schools. . The work systematized a first version of the continuing education course in Computational Thinking for teachers, which took place in 2019, in face-to-face format, within the scope of the Norte-rio-grandense Program of Computational Thinking, which served as a pre-test to evaluate the strategies, methodologies and resources applied in order to propose improvements for the construction of a new training model. The new version of the course was taught in 2020 following the model proposed in this work, adapting to the online format due to the reality imposed by the Covid-19 pandemic. The results obtained indicate that some teachers understood the concept of Computational Thinking, learned how to integrate the PC in their teaching practices and developed the technological pedagogical knowledge of the content. In addition, comparing the two editions of the course, it was possible to verify that the presential offer helped in the execution of practical and collaborative activities, but had a negative impact on the teachers' routine due to the need to travel to the training unit. On the other hand, the online offer ensured greater adhesion and participation of teachers, but made it difficult to apply the evaluation in pairs. It is concluded, therefore, that training with a practical bias, which focuses on the acquisition of skills and competences, allows the development of the expected potential to build a teaching identity that matches the contemporary needs of the profession, stimulating the ability to solve problems and the development of technological pedagogical knowledge about Computational Thinking, which includes the curation and creation of materials related to the theme, as well as the application of educational practices in schools in the teaching network. Keywords: Teacher training. Computational Thinking. Unplugged Computing. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO 15 1.2 PROBLEMA E OBJETIVOS DE PESQUISA 18 1.2.1 Objetivo geral 18 1.2.2 Objetivos específicos 19 1.3 METODOLOGIA DE PESQUISA E PROCEDIMENTO DE TRABALHO 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21 2.1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 21 2.2 PENSAMENTO COMPUTACIONAL 26 2.3 FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE O PENSAMENTO COMPUTACIONAL 28 3 REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA 35 3.1 DEFINIÇÃO DO PROTOCOLO 35 3.2 EXECUÇÃO DA BUSCA 37 3.3 ANÁLISE DOS ARTIGOS 38 3.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 49 3.4.1 Ameaças à validade 52 4 ESTUDO DE CASO 53 4.1 ANÁLISE DE CONTEXTO 54 4.1.1 Coleta e análise dos dados 56 4.1.2 Relatório de análise 57 4.1.2.1 Caracterização do perfil dos professores 57 4.1.2.2 Necessidades de aprendizagem dos professores 57 4.1.2.3 Levantamento de restrições 57 4.1.2.4 Encaminhamento de possíveis soluções 58 4.2 DESIGN DA FORMAÇÃO 59 4.2.1 Módulos de ensino do curso presencial 59 4.2.2 Objetivos de aprendizagem/competências docentes 61 4.2.3 Metodologias e estratégias 63 4.2.3.1 World Café, análise FOFA e 5W2H 64 4.2.3.2 Computação plugada e desplugada 65 4.2.3.3 Design thinking 66 4.2.3.4 Aprendizagem baseada em jogos 66 4.2.4 Seleção e desenvolvimento do material didático 67 4.2.4.1 Instrumentos do World Café, Análise de FOFA e 5W2H 68 4.2.4.2 Atividade “Estacionamento” 70 4.2.4.3 Atividade “Cupcakes” 71 4.2.4.4 Jogo “StartMaker” 72 4.2.4.5 Jogo “Caça Pensamento Computacional” 73 4.2.5 Avaliação dos participantes 74 4.2.6 Avaliação do curso presencial 74 4.2.7 Perfil dos formadores do curso 75 4.3 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA EM PENSAMENTO COMPUTACIONAL - VERSÃO 1 76 4.3.1 Aplicação do curso de PC presencial 76 4.3.2 Avaliação geral do curso presencial 82 4.3.2.1 Perfil dos professores concluintes 82 4.3.2.2 Avaliação da estrutura do curso presencial 83 4.3.2.3 Impacto do curso na formação dos professores 84 4.3.2.4 Aplicação do PC nas escolas da rede de ensino 84 4.3.2.5 Avaliação subjetiva da formação presencial na perspectiva dos participantes 85 4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 86 5 PENSAMENTO COMPUTACIONAL E SUA RELAÇÃO COM A BNCC PARA OS PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL - VERSÃO 2 90 5.1 CONTEXTO DO CURSO ON-LINE 90 5.1.1 Perfil dos participantes 91 5.1.1.1 Função dos participantes do curso em suas escolas 91 5.1.1.2 Formação inicial 92 5.1.1.3 Formação continuada 92 5.1.1.4 Tempo na docência 92 5.1.1.5 Motivação dos professores em participar do curso 93 5.1.2 Saberes docentes sobre o PC e uso das tecnologias digitais nas práticas de ensino 94 5.1.2.1 Conceito de PC 94 5.1.2.2 Objetivo do ensino do PC 94 5.1.2.3 Recursos para trabalhar o PC 95 5.1.2.4 Integração do PC nas práticas de ensino 95 5.1.2.5 Uso de tecnologias digitais no desenvolvimento profissional 96 5.1.2.6 Comunidades de aprendizagem 96 5.1.3 Contexto escolar dos professores 97 5.1.3.1 Região administrativa das escolas 97 5.1.3.2 Equipamentos das escolas 98 5.1.3.3 Conectividade das escolas/professores 99 5.2 DIRETRIZES DO CURSO ON-LINE EM PC 100 5.2.1 Módulos do curso on-line 100 5.2.2 Habilidades e competências docentes 103 5.2.3 Metodologias e estratégias utilizadas 105 5.2.4 Materiais e recursos 106 5.2.5 Avaliação dos participantes 106 5.2.6 Avaliação do curso 107 5.2.7 Critérios para certificação 108 5.3 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO CURSO ON-LINE DE PC 108 5.3.1 Aplicação do curso on-line de PC 109 5.3.2 Avaliação do curso de Pensamento Computacional 122 5.3.2.1 Perfil dos concluintes 122 5.3.2.2 Avaliação da estrutura do curso 122 5.3.2.3 Impacto do curso na formação dos professores 123 5.3.2.4 Aplicação do PC nas escolas da rede de ensino 123 5.3.2.5 Avaliação subjetiva da experiência formativa na perspectiva dos participantes 124 5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO CURSO ON-LINE 125 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 128 6.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO 130 6.2 PERSPECTIVAS DE OUTROS ESTUDOS 132 REFERÊNCIAS 134 13 1 INTRODUÇÃO As mudanças pujantes que têm ocorrido na sociedade são resultados das diversas transformações que se seguem, fruto dos avanços científicos, tecnológicos e culturais, que se retroalimentam e modificam as relações humanas e afetam a forma como se constrói conhecimento, como se produz trabalho e como se renova a cultura (LEVY, 1998; CASTELLS, 2002; FAVA, 2016). A necessidade de atender e acompanhar as transformações sociaisprovoca desafios nas diversas áreas da vida humana exigindo a criação de soluções cada vez mais complexas que precisam ser respondidas para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Por isso, para lidar com as transformações e mudanças na sociedade, se faz necessário reconhecer os dilemas históricos da formação humana e a necessidade de se repensar a organização dos espaços escolares e a formação daqueles que são os responsáveis pela aprendizagem dos estudantes. Historicamente, a formação do indivíduo passou por muitas transformações. Desde de a antiguidade buscou-se um equilíbrio entre a formação individual para a cidadania e as exigências da formação para atender as demandas da sociedade. De acordo com Fava (2016), a educação cumpriu papéis diferentes ao longo do tempo, na época dos filósofos gregos seu objetivo era a construção de um aprendiz que era produtor e objeto da sua formação. Tempos depois, a formação passou a ser direcionada para o mundo do trabalho (atividades manuais) (1760-2000) e, mais recentemente, a aprendizagem voltou-se ao modelo integral (2000-2014) que é direcionado à qualificação dos profissionais. Entretanto, no atual contexto, a sociedade precisa de sujeitos capazes de lidar com a velocidade das mudanças, os conflitos sociais e os desafios mundiais que surgem em razão das inovações tecnológicas e pela mundialização dos processos da vida humana. Demandando assim, o aparecimento de uma perspectiva de formação integral capaz de formar sujeitos conscientes de suas potencialidades e fragilidades, capazes de resolver problemas e ainda serem criativos, empáticos, resilientes e colaborativos, a partir da utilização das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) (FAVA, 2016). Essa formação voltada à construção de um sujeito integral exige uma outra maneira de aprender. Com o advento da indústria 4.0, será necessário estimular nos estudantes habilidades de aprender de modo contínuo, com autonomia e criticidade (FAVA, 2016; 14 RESNICK, 2020; MORAN, 2007). No relatório de 2020 sobre o futuro do trabalho, do Fórum Mundial de Economia (FME), são indicadas diversas habilidades necessárias aos profissionais da atualidade e do futuro. Entre elas estão aquelas relacionadas à capacidade cognitiva e emocional, além daquelas de criação, inovação, raciocínio lógico e resolução de problemas complexos (FME, 2020). A resolução de problemas, o raciocínio lógico, a programação e a criatividade estão entre as cinco primeiras habilidades destacadas pelo FME, sugerindo que estas são aquelas prioritárias e que podem ser decisivas no desenvolvimento da vida humana no futuro. Apesar das circunstâncias das mudanças e seus impactos na vida humana serem reconhecidos por todos da sociedade, a formação dos sujeitos ainda está nos primórdios do seu caminho rumo a uma aprendizagem significativa, em que os processos de ensino e de aprendizagem considerem o desenvolvimento de competências e habilidades que integrem a complexidade da vida humana, incluindo o mundo trabalho, as necessidades emocionais e cognitivas (MORIN 2020). Em decorrência das inovações tecnológicas, culturais e sociais, o ensino formal ocorrido na escola já não é responsável, inteiramente, por democratizar os saberes construídos coletivamente ao longo da história, porque o conteúdo está disponível na internet e nos livros (ALVES, 2012). Na sociedade atual, a escola deveria atuar na construção de seres pensantes e indivíduos autônomos e conscientes de sua importância para sociedade, se percebendo como agentes de transformação social e como autores e produtores de novos saberes, culturas e conhecimentos para melhorar a vida de todos. Entretanto, conforme Illich (2018), o processo de escolarização atual que envolve a aprendizagem formal provoca exatamente o oposto. Os estudantes são formados alheios à compreensão das relações sociais e dos desafios reais da sociedade, sem desenvolver seu potencial e sem alcançar habilidades que serão necessárias no futuro. A discussão sobre a formação dos estudantes e as mudanças necessárias na educação escolar não são recentes. Na literatura acadêmica, pesquisadores como Freire (1921-1997), Papert (1928-2016), Freinet (1896-1966), Dewey (1859-1952), entre outros, discutiram a necessidade de repensar a escola, a educação e seus processos de ensino e aprendizagem, sinalizando a necessidade de estimular o desenvolvimento de habilidades cognitivas em que o estudante possa explorar sua capacidade de pensar, criar e produzir conhecimento novo. O professor Seymour Papert foi um dos pioneiros a propor a utilização de computadores juntamente com a resolução de problemas para estimular aprendizagens criativas, em que as 15 crianças tornam-se protagonistas de sua própria formação (PAPERT, 1994). Estimular a resolução de problemas nos estudantes contribui para o desenvolvimento de indivíduos criativos e com capacidade de construir sua identidade e, assim, criar soluções para atender problemas de ordem pessoal, profissional ou social (RESNICK, 2020). O Pensamento Computacional (PC) tem sido defendido pela comunidade de pesquisadores como uma estratégia poderosa para desenvolvimento da capacidade de resolver problemas (WING, 2006) e, assim, contribuir na construção da sua voz e de identidade social (RESNICK, 2020). Estimular essas habilidades nos estudantes é necessário para que no futuro os cidadãos consigam lidar com as incertezas da vida humana nas próximas gerações, em relação a organização da sociedade, ao mundo do trabalho, desafios locais e globais que têm surgido, repentinamente, a exemplo da pandemia iniciada em 2020 em razão do vírus Sars-Cov-2 (MOREIRA; PINHEIRO, 2020). Para que os estudantes ocupem um papel diferente em sua formação e sejam estimulados a desenvolver competências e habilidades relacionadas à resolução de problemas, a criatividade e aprendizagem criativa, será necessário também formar os professores nessa mesma perspectiva. Dessa forma, para que os professores sejam capazes de gerenciar diferentes processos, criar e propor soluções e desenvolver a resiliência, será necessário também estimular essas competências e habilidades em sua formação inicial e continuada (VALENTE, 2016). 1.1 PROBLEMATIZAÇÃO O modelo de escola, de ensino e de aprendizagem, centrado na organização do trabalho da sociedade industrial, não mais atende as necessidades dos profissionais dos imigrantes digitais nem tampouco dos estudantes nativos digitais (PRENSKY, 2001). O apelo mundial caminha no sentido de levar as habilidades do século XXI para as salas de aula, exigindo uma adaptação dos espaços escolares para a inserção de novas metodologias e formação continuada dos professores adequada a esta nova ecologia educacional (MORAN, 2007). Portanto, a escola deve cada vez mais estar alinhada às necessidades dos estudantes deste século, no sentido de não mais democratizar o conhecimento historicamente sistematizado, mas de formar os estudantes para o livre exercício da cidadania, desenvolvendo habilidades e competências para a criação da sua identidade planetária, solucionar problemas, promover a transformação no campo social e no 16 mundo do trabalho, para a construção de uma sociedade colaborativa e com equidade (MORIN, 2020). No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na condição de uma política pública nacional para direcionar a formação básica de todos os indivíduos, aponta a necessidade de se trabalhar a formação dos estudantes à luz de competências e habilidades, na perspectiva da formação integral. Segundo Zabala e Arnau (2014), ensinar competências implica na utilização de maneiras de ensinar consistentes às situações, conflitos e problemas relacionados à vida real dos estudantes. A BNCC está organizada em 10 competências gerais, que juntas destacam a importância de desenvolver habilidades em diversas áreas da vida humana, incluindo aquelas relacionadas a aspectos socioemocionais, aopensamento crítico, criativo, científico e tecnológico (BRASIL, 2018). Alinhada às mudanças científicas e tecnológicas, o documento destaca a importância de estimular a compreensão e a utilização de recursos computacionais para a criação de novas tecnologias digitais, além de incentivar o pensamento criativo, a resolução de problemas e o PC (BNCC, 2018). Nesse sentido, pesquisadores do mundo inteiro têm estudado e defendido a integração do PC na formação de professores e na aprendizagem dos estudantes da Educação Básica por entenderem que esta estratégia de resolução possibilita o construção de habilidades relacionadas à resolução de problemas e a criatividade (WING, 2006; BLIKSTEIN, 2008; ORTIZ; RAABE, 2016; BARCELOS et al., 2016; RESNICK, 2020). Para Wing (2006), o PC é uma poderosa estratégia de resolução de problemas, que estimula a capacidade de pensar de forma lógica, de decompor problemas, de identificar padrões e depurar soluções, com aplicação na vida real dos professores e dos estudantes. Na BNCC, o PC está relacionado apenas ao ensino da Matemática, contudo muitos pesquisadores defendem e/ou sugerem sua aplicação em todas as áreas de conhecimento como forma aumentar o poder cognitivo humano, a criatividade e estimular a resolução de problemas (WING, 2006; BRACKMANN, 2017; RESNICK, 2020). Para que os estudantes possam conhecer e desenvolver as habilidades relacionadas à resolução de problemas, criatividade, exercitar o pensamento e a imaginação também será necessário adaptar os espaços escolares para esta nova organização da aprendizagem e formar os professores nessa mesma perspectiva. Portanto, torna-se necessário repensar as formações dos professores, elevando-as para um modelo capaz de oportunizar vivências e atividades 17 práticas que visem o estímulo de habilidades de criação, curadoria, colaboração, compartilhamento e de estratégias para resolução de problemas. Para que os professores possam dar respostas adequadas ao contexto atual que a educação contemporânea exige, será necessário uma formação inicial e continuada que possibilite aos professores desenvolverem as habilidades, competências e saberes docentes necessários à educação atual e do futuro (MORIN, 2020). Ao longo dos anos, surgiram diversas políticas educacionais para a formação de professores. Além disso, outras têm surgido com vistas a preparar os professores para atuarem no enfrentamento das não aprendizagens dos estudantes e na inclusão de tecnologias digitais nas práticas pedagógicas, como aquelas ocorridas no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa - PNAIC (2013), do Programa Nacional de Tecnologia Educacional - PROINFO (2007) e, mais, recentemente, aquelas ocorridas de modo on-line por meio do AVAMEC sobre o Programa Inovação Educação Conectada (2017). Apesar dessas formações terem ocorrido e se entender que aprender é um processo contínuo, o cenário das condições de formação dos professores não é animador em razão dos resultados obtidos em alguns estudos, nos desempenhos dos sistemas e níveis de ensino nacionais e regionais (GATTI, 2016). Segundo Perrenoud et al. (2002), a qualidade da formação está fortemente ligada a sua concepção e, independente da relação estabelecida e as formas dos processos educativos, o professor ainda é uma figura imprescindível Apesar dos insumos e da infraestrutura serem condições necessárias, elas não são suficientes para implantação de projetos educacionais efetivos (GATTI, 2016). Além disso, não está claro se as formações continuadas ocorridas anteriormente estimularam processos de aprendizagem tal qual espera-se dos estudantes, tais como aprender a aprender, desenvolver a resiliência e a criatividade, que se mostram como habilidades importantes que podem ser desenvolvidas a partir de práticas envolvendo o Pensamento Computacional. Para Almeida e Valente (2012) o domínio de uma técnica apenas acontece por influência de uma necessidade pedagógica, sugerindo a necessidade de inserir os professores em contextos de aprendizagem em que estes possam ir construindo suas aprendizagens a partir de sua prática pedagógica. Para que os professores possam estimular o Pensamento Computacional junto aos estudantes, será necessário formá-los para uma mudança de mentalidade sobre suas capacidades frente às condições de escassez tecnológica e para 18 conhecimento sobre o que, porque, para que, e como aplicar o PC em suas práticas de ensino e de aprendizagem. Para que ocorram práticas educativas nas escolas públicas envolvendo o PC será necessário primeiro que os professores compreendam e dominem as formas sistematizadas e dialéticas da organização desse conhecimento, que estão presentes como resultado do ensino no pensamento ou nas ações práticas com os discentes em relação ao PC. Os docentes precisam compreender o que é e como aplicar o Pensamento Computacional, considerando suas dimensões relativas à abstração, decomposição, reconhecimento de padrões e algoritmos, para que possam integrá-los à sua prática pedagógica (VALENTE, 2016). Sendo assim, pergunta-se como a formação de professores em PC deve ocorrer? Como deve ser organizada? Qual deve ser o seu meio de transmissão? Quais recursos devem ser utilizados? Que habilidades devem ser trabalhadas e estimuladas? Para responder a estas e outras perguntas, este trabalho visa investigar a questão de pesquisa apresentada no subtópico 1.3. Este trabalho está organizado e subdividido em seis capítulos, contendo os conceitos utilizados, os resultados e as discussões que emergiram do estudo. O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica dos conceitos relacionados à construção do curso de formação continuada. No capítulo 1 é apresentado uma revisão sistemática da literatura em relação aos cursos de formação de professores no contexto do Pensamento Computacional. O capítulo 4 descreve o design da primeira versão do curso de extensão, com informações sobre o público-alvo e o detalhamento do plano de ensino, instrumentos de avaliação e materiais didáticos. No capítulo 5 é descrita a aplicação e avaliação da 2º edição do curso de extensão de formação de professores no contexto do Pensamento Computacional. O capítulo VI apresenta discussões sobre a validade do estudo e as limitações da pesquisa. 1.2 PROBLEMA E OBJETIVOS DE PESQUISA Como formar os professores da Educação Básica de forma que estes possam desenvolver e estimular o Pensamento Computacional nos estudantes? Para tentar responder a questão de pesquisa, elenca-se os seguintes objetivos: 1.2.1 Objetivo geral Conceber um curso de formação on-line que estimule os docentes no desenvolvimento e na disseminação das habilidades relacionadas ao Pensamento Computacional em suas escolas. 19 1.2.2 Objetivos específicos a) Analisar o contexto referente aos professores, ambiente, alunos e currículos de referência para poder definir os objetivos de aprendizagem; b) Identificar os parâmetros necessários e basilares para desenvolvimento do design de aprendizagem do curso; c) Desenvolver as diretrizes de formação e materiais didáticos incorporando as metodologias ativas e as tecnologias educacionais; d) Aplicar o curso de formação continuada ofertando turma para professores do Ensino Fundamental das diversas disciplinas; e) Avaliar a aplicação do curso para fazer melhorias e disponibilizar um modelo de formação continuada. 1.3 METODOLOGIA DE PESQUISA E PROCEDIMENTO DE TRABALHO Para alcançar os objetivos propostos foi necessário subdividir a metodologia de pesquisa e o procedimento de trabalho em 5 etapas. A seguir são apresentadas as etapas e os procedimentos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho. Etapa I - Revisão Sistemática da Literatura: mapeamento dos trabalhos existentes relacionados ao objeto de estudo. A revisão sistemática foi realizada conforme o protocolo de Dermeval et al. (2020), baseado em Kitchenham e Charters (2007), para identificar e analisar formações de professoresem Pensamento Computacional. As seguintes atividades contemplam esta etapa: ● Atividade I.I: Definindo a questão de pesquisa; ● Atividade I.II: Busca e seleção dos estudos; ● Atividade 1.3: Extração de dados; ● Atividade 1.4: Síntese e análise dos dados. Etapa II - Estudo de caso: análise e síntese do design instrucional e dos resultados da formação continuada de professores realizada no âmbito do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional. Para essa etapa foram definidas e desenvolvidas as seguintes atividades seguindo as recomendações de Yin (2015): ● Atividade 2.1: Definição da questão de pesquisa; ● Atividade 2.2: Definição das proposições de análises com base no modelo ADDIE (FILATRO, 2013); 20 ● Atividade 2.3: Definição da unidade de análise, ou seja, do caso a ser investigado; ● Atividade 2.4: Síntese dos dados a partir das proposições e organização dos critérios para a interpretação das descobertas. Etapa III - Design do curso: planejamento e design da proposta do curso a ser realizado a partir da análise do experimento aplicado no Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional. Nesta etapa, ocorre o processo de análise do contexto da formação a ser desenvolvida, identificando características e restrições em relação ao público-alvo, à infraestrutura e ao contexto educacional no qual estará imerso o curso de formação. A definição do design segue o modelo ADDIE (ALVES, 2016; FILATRO, 2013), no qual estabelece etapas para a construção de ferramentas eficazes para elaboração de processos de ensino e aprendizagem submetidos à prática: ● Atividade I: Análise do contexto; ● Atividade II: Identificação das competências de Pensamento Computacional estabelecidas pela Sociedade Internacional para Tecnologia em Educação (ISTE), alinhadas ao modelo TPACK; ● Atividade III: Seleção e organização dos conteúdos; ● Atividade IV: Definição e planejamento da avaliação dos professores. Etapa IV - Elaboração e organização do curso: seleção e desenvolvimento dos materiais didáticos para a aplicação da formação em Pensamento Computacional: ● Atividade I: Desenvolvimento do material a ser apresentado durante o curso; ● Atividade II: Desenvolvimento das atividades e exercícios a serem aplicados durante o curso; ● Atividade III: Desenvolvimento das avaliações de desempenho dos professores; ● Atividade IV: Desenvolvimento dos materiais para os professores poderem aplicar as competências adquiridas na formação em sua própria prática de docente. Etapa V - Implementação e avaliação do curso: atividades relacionadas à implementação do curso e à análise dos dados para avaliar o que foi proposto no design da formação, tendo como base a pesquisa qualitativa, utilizando-se do estudo de caso conforme Yin (2015). ● Atividade I: Aplicação do curso e coleta de dados; ● Atividade II: Análise e interpretação dos dados. 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo está subdivido em três seções. Na primeira seção, contextualiza-se as formações continuadas ocorridas no Brasil, seus resultados e implicações na formação dos professores. Em sequência, a segunda seção apresenta os conceitos, os pilares e as dimensões que compõem o PC. Na terceira seção, se discute formações continuadas de professores no contexto do PC, estabelecendo correlações entre o PC e as habilidades e competências docentes necessárias à profissão de professor. 2.1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES As formações iniciais e continuadas de professores têm atraído a atenção de muitos pesquisadores da área de educação. A ênfase nessa temática concentra-se pela qualidade da educação escolar que está vinculada, de certa forma, à formação dos professores da Educação Básica em exercício (GADOTTI, 2010). Os debates sobre a formação de professores ganharam força, ainda no século passado, tendo como destaque as formações iniciais e, posteriormente, as continuadas, conduzidas por iniciativas individuais dos docentes e/ou por meio de programas estaduais e/ou federais (NÓVOA, 1992). Para os pesquisadores da área, a formação de professores deve garantir as condições para um exercício docente crítico, reflexivo e criativo a partir das necessidades que as práticas educativas lhes impõem (LIBÂNEO, 2013). Assim que se fez necessário ensinar e aprender de forma sistematizada e institucionalizada, também tornou-se fundamental compreender como ensinar. A formação inicial surge como consequência da necessidade de compreender como socializar o conhecimento histórico social-humano para todos, dada a necessidade da época. Embora muitos professores tenham alcançado essa formação anos após seu ingresso no magistério, é a partir dela que eles começam a construir sua identidade profissional e dar seus primeiros passos rumo à sua profissionalização (IMBERNÓN, 2010). Quanto à formação continuada, esta surgiu anos depois e tem sofrido diversas alterações de ordens conceitual, prática e metodológica, quase sempre no sentido de melhorar a qualidade da ação educativa do professor em exercício, assim como garantir a continuidade dos saberes docentes que estão fortemente relacionados às necessidades educacionais dos estudantes (NÓVOA, 1992; IMBERNÓN 2010). Entretanto, a inquietação de saber como estas formações devem ser revisadas e atualizadas nos tempos atuais não é recente. Libâneo 22 (2013), Imbernón (2010) e Nóvoa (1992) demonstraram em seus trabalhos o contexto inicial das formações e como elas foram marcadas por políticas nacionais, recursos e modalidades de ensino. Essas inquietações são consequências não apenas da necessidade de promover a continuidade dos saberes docentes, mas de compreender como as formações continuadas podem ser mais assertivas e mais eficazes no desenvolvimento profissional dos docentes, visto que é por meio da formação continuada que os professores aprimoram seus saberes, técnicas e estratégias para atender as necessidades impostas pela realidade da sala de aula. A formação continuada garante ao professor a continuidade da aprendizagem da profissão em função das necessidades dos estudantes que, atualmente, requerem um professor menos transpositor de conteúdo e mais mediador da aprendizagem (MORAN et al., 2000; MORAN; BACICH, 2018; BACICH et al., 2015; KENSKI, 2003). A má qualidade da formação dos professores é um dos fatores que provoca o insucesso escolar (MARTINS 2017). Por essa razão, ao longo dos anos, formações continuadas ocorreram com o objetivo de ampliar o conhecimento do professor sobre aspectos relativos ao processo de ensino e aprendizagem. Esses programas e cursos de formação podem ter sido extremamente relevantes para ampliar a aprendizagem do professor sobre conhecimentos relacionados à docência, mas não se observou grandes mudanças na qualidade da educação, mesmo em escolas com melhor infraestrutura e remuneração adequada dos seus professores (GADOTTI, 2010). As formações continuadas de programas para o desenvolvimento de saberes docentes direcionadas à alfabetização e letramento dos estudantes (SALOMÃO, 2014), visando as avaliações nacionais de Língua Portuguesa e Matemática ocorridas no âmbito do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), ou mesmo aquelas direcionadas para a integração das tecnologias digitais do PROINFO, foram importantes e inspiraram boas práticas educativas em todo o país (OLIVEIRA et al., 2009; ALMEIDA; VALENTE, 2007). No entanto, não conseguiram garantir a continuidade dessas práticas nas escolas. Os programas nacionais de formação docente para incentivo às práticas assertivas de alfabetização e letramento (PNAIC, 2012), por exemplo, ocorrem desde 2012, mas os resultados das avaliações do SAEB não registraram aumento significativo dos indicadores nacionais da qualidade da educação e muitos estudantes têm avançado para o ensino médio sem saber ler, interpretar e resolver problemas simples de Matemática (SAEB, 2018). 23 Quanto às formações no contexto das tecnologias digitais, desde 2007 que,com as mudanças nas diretrizes do PROINFO, formações continuadas têm sido ofertadas para promover a utilização de recursos digitais como computadores, tablets, projetores multimídia, editores de textos, planilhas, slides e lousa interativa, em Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) espalhados pelo Brasil. Além dessas iniciativas, as Universidades Federais e Estaduais, em cursos de graduação, pós-graduação e extensão, também têm desenvolvido cursos de aperfeiçoamento sobre metodologias ativas, ensino híbrido e práticas inovadoras. Mas apesar desses programas e iniciativas existirem em todas as regiões do país, não se constata grandes mudanças na escolha dos recursos educacionais utilizados na prática pelos professores no seu próprio ambiente de trabalho, posto que o livro didático e o quadro branco parecem ainda dominar o dia a dia da maioria dos professores, mesmo quando há diversas outras opções de recursos disponíveis (AMARAL, 2012; SILVA, 2012; THEODORO et al., 2015). É certo que essa escolha das ferramentas também está relacionada às más condições de infraestrutura das escolas. Mas também está claro que as formações anteriormente mencionadas não conseguiram estimular a mentalidade do professor para que ele consiga, sistematicamente, superar esses desafios, pensando em soluções para o contexto de escassez tecnológica em que estão inseridos, alterando assim as raízes de suas práticas educativas. Quando as experiências formativas para a utilização de computadores móveis disponibilizados pelo MEC, por meio da integração ao currículo dos estudantes e adoção das práticas educativas dos professores nas escolas públicas, os resultados não se mostraram tão satisfatórios quanto se imaginava previamente. Um exemplo dessas formações ocorreu em 500 escolas de diversos estados do país, durante o Programa Um Computador Por Aluno (CASTRO FILHO et al., 2015) e, diferentemente das formações anteriormente citadas, essas foram realizadas a partir de ações integradas à realidade dos professores e alinhadas ao planejamento docente. Para isso, os professores tiveram auxílio de formadores mediadores para o desenvolvimento do conhecimento pedagógico e tecnológico, mediante o uso dos computadores utilizados pelo programa. Apesar de todas as evidências positivas vistas em Castro Filho et al. (2015), percebe-se que a experiência formativa não foi bem sucedida em todas as escolas participantes da iniciativa, assim como não se alcançou bons resultados em todos os estados participantes, diferentemente, dos resultados obtidos pelo estado do Ceará, no qual os indicadores foram bastante positivos. 24 Recentemente, o Programa de Inovação Educação Conectada (PIEC) e a Base Nacional Comum de Formação Inicial e Continuada, homologada em 2020, reforçam que se faz necessário repensar nas formações dos professores. O PIEC e a BNC-Formação reforçam a necessidade de mudanças, não apenas nos currículos dos cursos de formação inicial, mas na própria organização e construção dos saberes e competências docentes que os professores precisam desenvolver para executar sua profissão com criticidade e profissionalidade (RAMALHO; NÚÑEZ, 2013). Naturalmente, essas iniciativas anteriormente citadas foram e são necessárias. Entretanto, novas exigências educacionais têm emergido para os cursos de formação continuada, com previsão legal na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 9394/96), de forma que o professor seja capaz de modificar sua didática a partir das novas realidades da sociedade, do conhecimento, do aluno, dos diversos universos culturais, das mídias digitais de informação e comunicação, demonstrando o protagonismo necessário para que ele seja capaz de avançar na sua autoformação. Para Libâneo (2013), os professores devem apresentar uma cultura mais ampliada, demonstrando a capacidade de aprender a aprender para saber agir na sala de aula, dispondo de habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional para saber utilizar esse repertório profissional para articular, integrar e promover inovações em suas aulas e na comunidade no entorno da escola, incorporando à sua didática às diferentes mídias e multimídias digitais. Assim, nas formações os professores precisam ser sujeitos ativos, da mesma forma, como se tem indicado ser o papel dos estudantes. Segundo Libâneo (2013) e Imbernón (2010), às formações continuadas dos professores devem lhes garantir um papel ativo, assim como se espera dos alunos, de modo que os momentos formativos se tornem permanentes, coletivos, reflexivos e mais próximos da realidade do que esperamos para os alunos. Se para os estudantes o ensino deve mobilizar aprendizagens em que possam exercer autoria, resiliência, pensamento crítico e criativo e a colaboração, não se pode imaginar algo diferente para os docentes. Nesse contexto, torna-se condição sine qua non que os cursos e programas de formação continuada tenham clareza sobre que saberes e competências desejam que os professores desenvolvam. Em relação à formação continuada, Ramalho e Núñez (2013) alertam que esta categoria não se constitui apenas em instrução ou aprendizagem de novo conhecimento. Para eles, a formação deve elevar o desenvolvimento profissional do professor, 25 fazendo o docente sair de um patamar profissional para outro diferente e melhor que o anterior (RAMALHO; NÚÑEZ, 2013) . O conceito de competências, habilidades e saberes dos docentes há muito tempo tem sido discutido na acadêmica, com diversos autores abordando o tema sob diferentes perspectivas. Dentre eles estão Perrenoud (2015; 2018), Tardif (2015), Pimentel (2012), Freire (2019) e Shulman (1987) e, recentemente, Koehler e Mishra (2009). Para esses autores, competência diz respeito ao produto dos saberes, habilidades, atitudes e valores sobre um determinado tema ou área. Na docência, falar em competências e habilidades para ensinar não é algo novo, visto que para o exercício profissional de professor são necessários o desenvolvimento de diversos saberes, conhecimentos e atitudes que são estimulados desde a formação inicial e precisam ser trabalhados na formação continuada para que possam emergir fortemente durante o exercício profissional (TARDIF, 2015; PERRENOUD, 2007). De acordo com o Art. 7º da BNC Formação Continuada, para que a formação tenha impacto positivo quanto à sua eficácia na melhoria da prática docente, deverá ter como foco o conhecimento pedagógico do conteúdo, pautar-se no uso de metodologias ativas de aprendizagem, estimular o trabalho colaborativo entre pares e ter como norte a duração prolongada da formação, além da coerência sistêmica - que se refere a integração dos processos pedagógicos de ensino, aprendizagem, avaliação, gestão pedagógica e governança educacional das políticas educacionais, nacionais, regionais e/ou municipais. Além desses aspectos, a BNC Formação Continuada também estabelece três dimensões que dialogam entre si e que compõem um quadro de competências e habilidades que devem ser desenvolvidas ao longo da vida profissional dos docentes, a saber: conhecimento profissional, prática profissional-pedagógica e engajamento. Essas dimensões se dividem em competências e habilidades que sinalizam a construção de novos saberes e aprendizagens que os professores precisam desenvolver. Na dimensão de conhecimento profissional e de engajamento, os professores precisam refletir sistematicamente sobre sua prática e assumir a responsabilidade do seu autodesenvolvimento e do aprimoramento da sua prática, participando de atividades formativas e/ou desenvolvendo outras atividades consideradas relevantes em diferentes modalidades, presenciais e/ou com uso de recursos digitais. Apesar da BNC Formação demonstrar a necessidade de reflexão sistemática e de engajamento nas práticas de formação, no documento não se aponta a necessidade de se trabalhar com os professores habilidades relacionadas a resolução de problemas, que é 26 igualmente necessária eprevista na competência geral de Cultura Digital do respectivo documento. Ademais, se novas aprendizagens voltadas à resolução de problemas são necessárias para os estudantes, por consequência elas também serão necessárias para o exercício profissional e desenvolvimento da prática docente. Assim é cada vez mais necessário que essas competências e habilidades sejam também estimuladas nos professores, posto que a capacidade de pensar sobre os dilemas da prática educativa, criar e propor soluções para diferentes realidades e contextos das escolas faz-se necessário e urgente. Essas novas competências e habilidades são necessárias porque não é possível as formações continuadas preparem os professores para lidar com cada um dos problemas e dilemas impostos pela prática profissional. Assim, se faz necessário estratégias e técnicas de aprendizagem contínua e de resolução de problemas que estimulem nos docentes competências e habilidades que promovam a resiliência, a criatividade, a compreensão e criticidade sobre os dilemas e desafios da própria profissão. É nessa perspectiva que o Pensamento Computacional apresenta-se como uma estratégia para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionados ao aumento do poder cognitivo, da resiliência, da criatividade, da criticidade sobre a realidade e a criação de soluções adaptadas à realidade dos estudantes. 2.2 PENSAMENTO COMPUTACIONAL Segundo Cosenza e Guerra (2014), os processos mentais como o pensamento, a atenção ou a capacidade de julgamento, são frutos do funcionamento cerebral. Dessa maneira, Cosenza e Guerra (2014) apresentam de forma subjetiva o conceito de pensamento, conceituando-o como um processo mental, assim como sinalizam que quando se focaliza nos pensamentos, os seres humanos resolvem problemas ou tomam decisões conscientes. Na WordNet 3.0 (2012), raciocínio é compreendido como pensamento coerente e lógico, enquanto pensamento refere-se ao uso da mente para considerar alguma coisa. Independente das referências, o que se destaca é que o pensamento pressupõe uma ação crítica que considera diferentes aspectos, que podem ser utilizados para tomar decisões coerentes com dados recebidos. Na atualidade, o termo pensamento tem sido associado ao computacional, para se referir ao uso de técnicas e estratégias da Ciência da Computação em aplicações externas a 27 esta ciência. O Pensamento Computacional estimula o desenvolvimento de processos mentais organizados que geram a ativação da consciência sobre o processo de pensar, estabelecendo caminhos a partir de estratégias e técnicas para as pessoas refletirem e construírem soluções que respondam aos problemas a que se destinam a resolver. Segundo Brackmann (2017), o termo Pensamento Computacional apareceu no artigo "Twenty things to do with a computer" de Seymour Papert e Cynthia Solomon, escrito em 1971. Desde esse período, o termo voltou novamente à tona em 2006, trazido por Jeannette Wing (2006) e tem se tornando referência na discussão do ensino dos princípios da Ciência da Computação na Educação Básica, como conhecimento a ser disseminado para todas as áreas de conhecimento. O Pensamento Computacional é considerado como uma abordagem para estimular a capacidade criativa, crítica e estratégica humana, que pode ser utilizada nas mais diversas áreas do conhecimento, com o objetivo de identificar e resolver problemas, de forma colaborativa, por meio de passos bem definidos e de tal maneira que uma pessoa ou uma máquina possam executá-los de forma eficaz (BRACKMANN, 2017). Para Wing (2010), o Pensamento Computacional refere-se a processos de pensamento aplicados na formulação de problemas e a construção de soluções de modo que as mesmas possam ser representadas de uma forma que podem, posteriormente, ser eficazmente implementadas por um agente de processamento de informações (humano ou não). A Sociedade Internacional de Tecnologia em Educação (ISTE) estimula a criação de soluções e conexões que possam favorecer oportunidades para todos os alunos, na medida em que orienta práticas de aprendizagem profissional baseada em evidências, redes virtuais, eventos instigantes e padrões ISTE de competências para estudantes e professores. A ISTE em seus padrões fornecem as competências para aprender, ensinar e liderar na era digital, fornecendo um roteiro amplo para o uso integrado da tecnologia digital nas escolas. Além de padrões com foco nessa integração das tecnologias nas escolas, a ISTE possui padrões de competências específicas para incentivo ao Pensamento Computacional que visam ajudar todos os alunos a se tornarem pensadores computacionais, passando a aproveitar o poder da Ciência da Computação para inovar e resolver problemas. Essas competências visam também ajudar os educadores a construir essas habilidades integrando o Pensamento Computacional (PC) em todas as disciplinas e com alunos de todas as idades. Para a ISTE, o Pensamento Computacional refere-se ao desenvolvimento e emprego de estratégias para 28 entender e resolver problemas de modo integrativo fazendo uso de diversas estratégias e abordagens de aprendizagem, desenvolvendo e testando soluções. No Brasil, o Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB), em seu currículo de referência da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, estruturado em três eixos – cultura digital, Pensamento Computacional e tecnologia digital –, subdivididos em conceitos e orientações didáticas, aponta que o Pensamento Computacional diz respeito à capacidade de resolver problemas a partir de conhecimentos e práticas da Ciência da Computação, englobando sistematizar, representar, analisar e resolver problemas (RAABE et al, 2018). Independente da corrente que se siga, há consenso sobre o Pensamento Computacional estar subdividido em alguns pilares, a saber: abstração, decomposição, reconhecimento de padrões e algoritmos. Segundo Raabe et al. (2018), os pilares principais são: Abstração: Este conceito envolve a filtragem dos dados e sua classificação, ignorando elementos que não são necessários, assim como de organizar informações em estruturas que possam auxiliar na resolução de problemas. Decomposição: A decomposição trabalha o processo pelo qual os problemas são divididos em partes menores e mais fáceis de resolver. Essa prática possibilita aumentar a atenção aos detalhes. Reconhecimento de Padrões: Trabalha a identificação de características comuns entre os problemas e suas soluções. Algoritmos: É um conceito que agrega todos os demais. O algoritmo é um plano, uma estratégia ou um conjunto de instruções claras e necessárias para a solução de um problema. (RAABE et al., 2018, p.19). O PC tem sido considerado, por alguns autores, como um pilar fundamental do intelecto humano a ser desenvolvido e aprimorado, junto a leitura, a escrita e a aritmética, tendo em vista que por meio dele também é possível descrever, explicar e modelar a realidade e seus processos complexos. Segundo Valente (2016), um dos desafios para disseminação desse novo conhecimento na Educação Básica, passa por três diferentes aspectos: definição clara sobre o que é Pensamento Computacional, como avaliar e como formar os professores para promover ações educativas envolvendo esse novo conhecimento. Nesse sentido, na atualidade tem-se observado um crescimento exponencial de produções acadêmicas que discutem, abordam e desenvolvem formações continuadas que visam trabalhar com os professores no desenvolvimento do Pensamento Computacional. Essas formações têm como objetivo estimular essa habilidade nos professores de forma integrada à criação de experiências formativas para os estudantes, apoiadas por metodologias ativas, aprendizagem em pares e aprendizagem criativa, conforme aponta Valente (2016). 2.3 FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE O PENSAMENTO COMPUTACIONAL 29 As formações continuadas no âmbito do PC estão em processo de evolução de práticas, modelos, materiais e avaliações, a grande maioria das iniciativasque ocorrem atualmente centram-se, geralmente, no uso de tecnologias que podem apoiar as práticas educativas envolvendo o Pensamento Computacional - como no ensino de Scratch (BARCELOS et al., 2016). Algumas outras dão ênfase apenas aos conceitos e aos pilares que o compõem (MANDAJI et al., 2018), deixando lacunas sobre aspectos relacionados ao conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo, o engajamento profissional e a mudança de mentalidade sobre os dilemas da profissão, desconsiderando dimensões técnicas, estéticas, política e ética do trabalho docente (RIOS, 2008), e sem considerar o níveis de adoção tecnológica dos professores. As formações com foco no desenvolvimento do PC deveriam explorar intencionalmente a capacidade dos professores de desenvolver a consciência crítica sobre seu processo de pensar e analisar os diferentes cenários e contextos da realidade, educacionais ou não, para assim compreender a importância de desenvolver práticas educativas integradas a esse novo conhecimento no chão da escola. Segundo Valente (2016), o foco do ensino do Pensamento Computacional não deve estar na programação e nem na inclusão de práticas docentes ou de uma disciplina que se enfoque exclusivamente nos conceitos da Ciência da Computação. Ao contrário disso, a ideia é que o PC esteja integrado com as disciplinas do currículo regular dos estudantes. Nesse sentido, as formações continuadas no contexto do PC devem trabalhar diferentes dimensões do conhecimento, saberes, habilidades e competências dos docentes, a fim destes se tornarem capazes de trabalhar esse nova abordagem com os seus estudantes, além de estimular a consciência sobre o seu próprio processo de pensamento, com foco na resolução de problemas. A BNC Formação Continuada aponta que as formações continuadas devem mobilizar nos professores conhecimentos relacionados ao conhecimento pedagógico do conteúdo. Entretanto, para os professores poderem trabalhar o PC nas práticas de ensino junto aos estudantes, será necessário primeiro que desenvolvam a consciência crítica sobre esse conhecimento e, assim, sejam capazes de relacioná-lo às suas áreas de conhecimento. Nessa perspectiva, os conhecimentos relacionados ao PC podem ser estimulados através do framework conhecido como TPACK (sigla em inglês para Technological 30 Pedagogical Content Knowledge), que se refere ao conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo (MISHRA; KOEHLER, 2006), conforme apresentado na Figura 1. Figura 1- Framework TPACK Fonte: http://tpack.org Trabalhos como os de Giannakos et al. (2014), Kretzer (2019), Rocha e Prado (2018) apresentam resultados positivos na utilização desse modelo para organização dos currículos, práticas, seleção de materiais e estratégias formativas envolvendo professores e o Pensamento Computacional. O framework sistematiza os três principais conhecimentos que devem estar intimamente relacionados em práticas e ações nas formações para que o professor tenha subsídios necessários para compreender, selecionar e desenvolver práticas integradas ao PC, conforme apresentado no Quadro 1 a seguir. http://tpack.org 31 Quadro 1 - Conhecimentos no TPACK e suas características Conhecimentos Descrição Conhecimento do Conteúdo (CK) Conhecimento e compreensão dos assuntos ensinados, incluindo os conceitos, teorias e procedimentos dentro de uma área; estruturas explicativas que organizam e conectam ideias. Conhecimento Pedagógico (PK) Conhecimento sobre os processos e práticas ou métodos de ensino e aprendizagem; inclui técnicas para usar na sala de aula; a natureza do público alvo; e estratégias para avaliar e compreender o aluno. Conhecimento Tecnológico (TK) Conhecimento sobre tecnologias padrão, tais como livros, giz e quadro negro, e tecnologias mais avançadas, como a internet e vídeo digital; envolve as competências necessárias para operar tecnologias específicas. Fonte: Mishra; Koehler (2006). Segundo Mishra; Koehler (2006) a interseção entre esses conhecimentos mobiliza novos conhecimentos, sinalizando a construção de características integrativas para a aprendizagem da docência. No Quadro 2, vê-se de forma resumida, as interseções possíveis desse modelo que evidenciam também o que se deve estimular nos professores para mobilizar o desenvolvimento de competências profissionais sobre o tema em questão. Quadro 2 - Interseções do conhecimento do TPACK e suas características Conhecimentos Descrição Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK) Inclui as abordagens de ensino que dialogam com o conteúdo e como os elementos do conteúdo podem ser organizados para uma melhor prática de ensino e aprendizagem; estratégias de ensino que incorporam representações conceituais, a fim de abordar as dificuldades e promover uma compreensão significativa. Conhecimento Tecnológico do Conteúdo (TCK) Conhecimento sobre a maneira na qual a tecnologia e conteúdo estão reciprocamente relacionados; precisam saber não apenas o assunto que eles ensinam, mas também a maneira pela qual esses conteúdos podem ser melhor explorados a partir de uma tecnologia. Conhecimento Pedagógico Tecnológico (TPK) Conhecimento sobre a existência e a capacidade das variadas tecnologias e de seu potencial pedagógico; como podem ser usadas no ensino e na aprendizagem, compreender como ensinar aos alunos; também a capacidade de escolher uma ferramenta com base em sua adequação e estratégias para usá-la. Fonte: Mishra; Koehler (2006). O modelo teórico TPACK é, portanto, a integração entre todos os conhecimentos sobre o tema objeto do conhecimento a ser explorado, constituindo-se então no conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo. Esse conhecimento tem como principais características a compreensão das formas de representação de conceitos usando tecnologias considerando os 32 aspectos pedagógicos que usam tecnologias de maneira construtiva para ensinar determinado conceito ou técnicas (MISHRA; KOEHLER, 2006). Dessa forma, o modelo descrito aponta os conhecimentos que precisam ser trabalhados sobre o PC com os professores e evidencia um caminho positivo para seleção dos saberes, conceitos, materiais, recursos e técnicas referentes a este conhecimento e que dialogam com as dimensões do trabalho docente. Serve, assim, para formatar e sistematizar as propostas de cursos, oficinas ou mesmo workshops sobre determinado conhecimento. O framework TPACK apresentado anteriormente refere-se, fortemente, a dimensões da técnica profissional dos docentes. Todavia, conforme aponta Rios (2008), a prática docente também é composta pelas dimensões da estética, ética e política, sendo esta última aquela que refere-se à compreensão das demandas da sociedade. Nesse sentido, a ISTE estabelece algumas competências docentes relacionadas ao Pensamento Computacional, que estão fortemente relacionadas a todas as dimensões da prática profissional e que dialogam com aquelas de engajamento e prática profissional encontradas na BNC Formação Continuada. Além disso, essas competências e habilidades definidas pela ISTE visam desenvolver uma nova perspectiva de ensino, centrada na colaboração e em novas maneiras de ensinar e aprender com as metodologias ativas de aprendizagem (MORAN; BACICH, 2018). A ISTE apresenta competências e habilidades de PC para docentes que estão fortemente amparadas em uma perspectiva inovadora de ensinar e aprender, que evidencia a necessidade de práticas e estratégias formativas em que os professores sejam protagonistas de sua própria aprendizagem e que o ensinar não se limite a transmitir conhecimento, mas estabeleça as condições para que a aprendizagem aconteça (FREIRE, 2019). Por essa razão, os professores devem apresentar algumas características que auxiliam na elaboração de roteiros de aprendizagem e projetos para poder ajudar os estudantes a se tornarem aprendizes, resilientes, críticos e criativos. Para a ISTE (2020), estas características são chamadas de padrões, competências e habilidades. Esses padrões descritosno Quadro 3 indicam características que professores devem apresentar para promover aprendizagens significativas e inovadoras amparadas por metodologias ativas integradas ao PC. 33 Quadro 3 - Padrões e competências da ISTE para os professores Padrão Competências Pensamento Computacional (Aprendiz) Os educadores melhoram continuamente sua prática desenvolvendo uma compreensão do Pensamento Computacional e sua aplicação como uma habilidade curricular cruzada. Os educadores desenvolvem um conhecimento de trabalho dos componentes fundamentais do Pensamento Computacional: como a decomposição; coleta e análise de dados; abstração; projeto de algoritmo; e como a computação impacta as pessoas e a sociedade. Líder de Ações (Líder) Todos os alunos e educadores têm a capacidade de serem pensadores computacionais e alunos de PC. Os educadores contraem proativamente estereótipos que excluem os alunos de oportunidades de se destacar em computação e fomentam uma cultura de sala de aula inclusiva e diversificada que incorpora e valoriza perspectivas únicas; constrói a auto eficácia e a confiança do aluno em torno da computação; aborda necessidades e pontos fortes variados; e aborda viés nas interações, métodos de design e desenvolvimento. Colaborando em torno da computação (Colaborador) A colaboração eficaz em torno da computação exige que os educadores incorporem perspectivas diversas e habilidades únicas ao desenvolver oportunidades de aprendizagem dos alunos, reconhecendo que as habilidades de colaboração devem ser explicitamente ensinadas para levar a obter melhores resultados do que os indivíduos que trabalham de forma independente. Os educadores trabalham juntos para selecionar ferramentas e projetar atividades e ambientes que facilitem essas colaborações e resultados. Criatividade & Design (Designer) Habilidades de Pensamento Computacional podem capacitar os alunos a criar artefatos computacionais que permitam a expressão pessoal. Os educadores reconhecem que o design e a criatividade podem incentivar uma mentalidade de crescimento e um trabalho para criar experiências e ambientes significativos de aprendizagem de PC que inspirem os alunos a construir suas habilidades e confiança em torno da computação, de maneira que reflita seus interesses e experiências. Integração do Pensamento Computacional (Facilitador) Os educadores facilitam a aprendizagem integrando práticas de Pensamento Computacional em sala de aula. Como o Pensamento Computacional é uma habilidade fundamental, os educadores desenvolvem em cada aluno a capacidade de reconhecer oportunidades de aplicar o Pensamento Computacional em seu ambiente. Fonte: ISTE (2020) Os padrões são acumulativos e sinalizam o desenvolvimento de competências docentes no âmbito das TDIC e do Pensamento Computacional. Essas competências se distribuem em habilidades, conhecimentos, atitudes e valores que buscam aprofundar as práticas educativas dos professores, promover a colaboração entre os pares, desafiá-los a repensar as abordagens tradicionais e preparar os estudantes a serem protagonistas na construção de soluções, projetos e do próprio aprendizado (ISTE, 2020). Indica-se que apesar dos padrões e competências da ISTE serem progressivos, sendo o padrão Aprendiz o nível mais básico de domínio envolvendo PC e o nível mais alto ser o padrão de Facilitador, as formações de professores no âmbito do PC podem trabalhar 34 diferentes habilidades e competências dos docentes. Entretanto, este estímulo pode estar correlacionado com o modelo TPACK, ocorrer utilizando diferentes recursos e ferramentas digitais ou não, desde que respeitem sua proficiência tecnológica quanto ao uso e domínio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TDIC), uma vez que algumas competências e habilidades pressupõem o uso desses recursos digitais, assim como para o desenvolvimento do conhecimento tecnológico do conteúdo relacionadas ao PC. Nesse sentido, o CIEB (2019) elaborou uma ferramenta on-line e gratuita que produz um diagnóstico do nível de adoção de tecnologia educacional dos professores das redes públicas de ensino. O instrumento, também evidencia possibilidades para melhorar as práticas educativas e estimular o desenvolvimento de competências digitais dos professores. O CIEB aponta cinco níveis de apropriação tecnológica em que os professores podem estar inseridos, conforme apresentado na Figura 2 abaixo. Figura 2 - Níveis de Apropriação Tecnológica segundo o CIEB Fonte: CIEB, Instituto Natura e Rede Escola Digital (2019). Compreende-se que a atenção aos diferentes níveis de apropriação dos professores pode mitigar problemas de descontinuidade formativa, evasão e até falta de interesse por formações que se apoiam apenas no uso de recursos envolvendo ferramentas digitais. De outra forma, se for identificado que a clientela formativa está inserida em um nível de proficiência de exposição, em falta de conhecimento sobre a utilização de celulares e computadores, poderão ser organizadas formações que apesar de trabalhar habilidades das competências da ISTE, utilize estratégias e recursos voltados à superação dessas dificuldades ou e selecione materiais e ferramentas que sejam adequados a essas dificuldades. 35 3 REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA A revisão sistemática de literatura (RSL) tem como propósito selecionar as pesquisas disponíveis acerca de uma determinada questão específica. Para isso, a revisão sistemática utiliza procedimentos transparentes para encontrar, avaliar e sintetizar os resultados de pesquisas relevantes na área em estudo. Nesse sentido, este capítulo apresenta uma RSL realizada a partir do protocolo descrito por Dermeval et al. (2020), estruturada com vistas a identificar e analisar trabalhos descrevendo experiências de formação continuada de professores realizadas no contexto do Pensamento Computacional. 3.1 DEFINIÇÃO DO PROTOCOLO Por iniciativa de várias instituições, formações continuadas de professores têm sido ofertadas visando o desenvolvimento e aplicação do Pensamento Computacional na Educação Básica. No entanto, não se tem muitas evidências sobre seus resultados e nem como essas formações estão sendo desenvolvidas. Portanto, o protocolo aplicado foi construído com o objetivo de melhor compreender como essas formações em PC estão ocorrendo, a fim de evidenciar estratégias, metodologias, recursos, modalidade de ensino, perfil dos professores e dos formadores, competências docentes trabalhadas, bem como seus resultados e sua incidência na prática educativa dos professores. Dessa forma, a RSL buscou responder a seguinte questão: Como as formações continuadas de professores no contexto do Pensamento Computacional normalmente têm ocorrido? A fim de delimitar melhor as buscas e garantir melhores resultados na pesquisa, a questão central foi subdividida em 8 subquestões (QA): ● QA1. Quais formações continuadas em Pensamento Computacional existem? ● QA2. Quais competências e habilidades docentes e de Pensamento Computacional foram estimuladas nas formações continuadas existentes? ● QA3. Quais são as características do design da formação continuada? ● QA4. Para quais contextos a formação continuada foi projetada e aplicada? ● QA5. Como a formação continuada foi desenvolvida? ● QA6. Qual o perfil dos formadores? ● QA7. Como a formação foi avaliada? 36 ● QA8. Quais os resultados da formação continuada na prática educativa dos professores? Quanto às bases de pesquisa, foram utilizadas a Scopus (www.scopus.com) e o Google Acadêmico (https://scholar.google.com/), ambas escolhidas por serem repositórios confiáveis, que apresentam volume significativo de trabalhos bem conceituados na área de Informática na Educação, e que são fortemente utilizadas nas pesquisas científicas e acadêmicas (DERMEVAL et al., 2020). Em relação aos critérios de inclusão e exclusão utilizados para seleção e análise dos artigos, o Quadro 4 apresenta os critérios adotados no protocolo de busca. Quadro 4 -Critérios de seleção e análise dos artigos Inclusão Exclusão Artigos entre 2015 e 2020; Artigos primários; Presença das palavras da string nas palavras-chave, no título e no resumo. Disponíveis apenas em resumos ou apresentações em Powerpoint; artigos pagos, resumos. Fonte: Elaborado pelo autor. Para buscar os artigos, foram definidos alguns termos para compor a string de busca e, a partir desta, foram selecionados aqueles artigos que apresentam alguns dos conceitos que estão presentes na questão de pesquisa principal. No Quadro 5 estão descritos os termos, seus sinônimos e suas traduções em língua inglesa utilizados nos testes e na organização da string de busca. Quadro 5 - Palavras-chave Termos Sinônimos Tradução formação capacitação, curso, treinamento training, course, teaching professor docente teachers Pensamento Computacional não se aplica computational thinking Fonte: Elaborado pelo autor. Os termos anteriormente apresentados no Quadro 5 foram utilizados em testes de string de busca, a fim de que pudessem retornar artigos que contribuíssem efetivamente para responder à questão principal da revisão. Após os testes realizados, chegaram-se às string de busca utilizadas na revisão sistemática, apresentadas no Quadro 6 a seguir: http://www.scopus.com https://scholar.google.com/ 37 Quadro 6 - Strings de busca Em Língua Portuguesa Em Língua Inglesa Curso OR capacitação OR formação AND professor OR docente AND "Pensamento Computacional" teachers AND "computational thinking" AND training OR teaching Fonte: Elaborado pelo autor. 3.2 EXECUÇÃO DA BUSCA A busca foi efetuada entre março e maio de 2020, aplicando a string de busca primeiramente na base de dados da Scopus, contando com 214 artigos retornados. Após a análise das palavras da string nos títulos dos 50 primeiros artigos, apenas 21 foram selecionados e analisados integralmente. No Google Acadêmico, após a aplicação do mesmo processo, dos 1.630 artigos retornados, apenas 23 artigos foram selecionados. A partir dos resultados iniciais da busca, em duas etapas, utilizando os critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados os artigos que atendiam ao protocolo elaborado anteriormente. Na primeira etapa, foram selecionados artigos potencialmente importantes a partir da leitura e análise do título, resumo e palavras-chave. Na etapa seguinte foram aplicados os critérios de seleção com base na análise integral dos artigos considerados relevantes na etapa anterior. Quadro 7 - Quantidade de artigos por etapa de seleção por repositório Base de dados Resultados da pesquisa Artigos Pré -selecionados Artigos Analisados Artigos após 1° etapa Artigos após 2° etapa Scopus 214 50 primeiros 21 15 8 Google Acadêmico 1.630 50 primeiros 23 11 11 Total 1.844 100 44 26 19 Fonte: Elaborado pelo autor. Nas etapas iniciais de busca e seleção dos artigos, os trabalhos desconsiderados foram aqueles que abordaram temas paralelos sobre os desafios que surgem quando o PC é trabalhado na formação dos professores (BARBOSA, 2019), sobre as estratégias utilizadas nas formações, além de revisões sistemáticas sobre a formação de professores e processos avaliativos de integração do PC no currículo da Educação Básica (VALENTE, 2016). Alguns artigos foram desconsiderados também por não apresentarem detalhes da formação continuada (SILVA et al., 2017) e, outros, por não se enquadrarem nos demais critérios de inclusão. 38 Para verificar a validade da string foi realizada uma segunda análise nos artigos secundários indicados nas referências dos artigos primários. Essa validação resultou na identificação de outros trabalhos relevantes como o de Iadav (2014) e Curzon (2014) que abordam formações sobre o tema, mas que não atenderam aos critérios de inclusão. 3.3 ANÁLISE DOS ARTIGOS Os artigos selecionados foram analisados a partir de subquestões e de algumas categorias de análise que delimitaram e direcionaram a revisão dos trabalhos. Essas subquestões e categorias de análise podem ser conferidas no Quadro 8. Quadro 8 - Questões e categorias de análises Questões de Pesquisa/Categorias a extrair QA1. Quais formações continuadas em Pensamento Computacional existem? Nome do autor ou da formação continuada, Referência bibliográfica QA2. Quais competências e/ou habilidades docentes e de Pensamento Computacional foram estimuladas nas formações continuadas existentes? Objetivo geral e Específicos da formação; Nível da Formação Continuada (inicial/avançada), Descrição geral da formação, Conceitos e práticas de PC, Competências pedagógicas: Estratégias instrucionais, atividades, materiais, métodos de avaliação, lições aprendidas para ensinar computação; Competências tecnológicas: preparação de infraestrutura, tecnologias utilizadas (físicas, simbólicas e de gestão). QA3. Quais são as características do design da formação continuada? Meio de transmissão; Duração da formação e números de encontros; Linguagem de programação/plataformas; Metodologias utilizadas Organização da formação (módulos/seção/tópicos); Material instrucional utilizado (slides, vídeos, exercícios); Método e instrumentos usados para avaliar a aprendizagem do público-alvo; Acompanhamento de auxílio após o término da formação continuada; Línguas que a formação continuada está disponível; Licença de uso. QA4. Para quais contextos a formação continuada foi projetada e aplicada? Área de conhecimento dos professores; Etapa de ensino dos professores que participam da formação; Conhecimento prévio dos professores em relação ao PC (iniciante ou avançado). QA5. Como a formação continuada foi desenvolvida? Identificação do método adotado para a elaboração e desenvolvimento das diretrizes da formação continuada QA6. Qual o perfil dos formadores? Área de formação; Experiência anterior em formação continuada em PC. Questões de Pesquisa/Categorias a extrair (Conclusão) QA7. Como a formação foi avaliada? 39 Tipo do estudo adotado para a avaliação da formação; Variáveis avaliadas; Método(s) de coleta de dados adotado(s) para a avaliação; Tamanho da amostra; Replicações da avaliação em vários contextos; Método de análise dos dados. QA8. Quais os resultados da formação continuada na prática educativa dos professores? Resultados indicando fragilidades e potencialidades da formação desenvolvida. Fonte: Elaborado pelo autor. No processo de extração dos dados ocorreram dificuldades exógenas motivadas pelas dificuldades em localizar as informações nos textos da RSL. Alguns autores deixaram de caracterizar o perfil dos formadores, informar o tempo de duração do curso, indicar as metodologias utilizadas e os processos de avaliação, bem como as estratégias de elaboração do modelo de formação. Essas dificuldades impuseram aos pesquisadores a necessidade de inferir informações descritas de maneira implícita nos artigos. QA1. Quais formações continuadas em Pensamento Computacional existem? Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram identificados 19 artigos sobre a formação continuada de professores em PC. Esses artigos descrevem modelos de formações aplicadas em diversos lugares do mundo, utilizando práticas de Computação Desplugada e plugada, que contribuíram na aprendizagem do tema. No Quadro 9 está presente a forma de citação dos artigos e o título do trabalho. Quadro 9 - Artigos da RSL e forma de citação no documento Artigos e Citação Título do Trabalho (BARCELOS et al., 2016) Formação on-line para o desenvolvimento do Pensamento Computacional em professores de Matemática (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019) Pensamento computacional: uma proposta de oficina para a formação de professores (SANTOS et al., 2016) Estímulo ao Pensamento Computacional a partir da Computação Desplugada: uma proposta para Educação Infantil (MARTINELLI et al., 2018) O Pensamento Computacional em Atividades de Ensino mediadas pelo Professor do Ensino Fundamental I: Um Estudo de Caso (BARROS et al., 2018) Avaliando a formação de professores no contextodo Pensamento Computacional (MANDAJI et al., 2018) O Programaê! e a formação de professores para a integração do Pensamento Computacional ao Currículo (KONG et al., 2016) Training teachers to integrate computational thinking into K-12 teaching Artigos e Citação Título do Trabalho (Conclusão) (MONJELAT, 2019) Programação de tecnologias para a inclusão social com Scratch: práticas de PC na formação de professores 40 (MARTINELLI et al., 2018) A disseminação do Pensamento Computacional por docentes do Ensino Fundamental I: Relatos de Experiências e Discussões (PIMENTEL et al., 2020) Aprendizado Ativo entre bits e átomos: Uma proposta para formação de professores no contexto do Pensamento Computacional (SOUZA et al., 2020) Desenho e avaliação de um curso b-learning para formação de professores e educadores sobre Pensamento Computacional, programação e robótica (ROCHA et al., 2018) A Programação Computacional Desenvolvida na Perspectiva do Tpack no Contexto da Formação Continuada do Professor de Matemática (KONG et al., 2020) Teacher development in computational thinking: Design and learning outcomes of programming concepts, practices and pedagogy (ZHA et al., 2020) Hopscotch into Coding: Introducing Pre-Service Teachers Computational Thinking (SIMMONDS et al., 2019) A teacher workshop for introducing computational thinking in rural and vulnerable environments (GABRIELE et al., 2019) Lesson planning by computational thinking skills in Italian pre-service teachers (GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017) Development of computational thinking and collaborative learning in kindergarten using programmable educational robots: A teacher training experience (DODERO et al., 2017) Bringing computational thinking to teachers' training: A workshop review (PARTANEN, 2017) Educating Computer Science Educators Online A Racket MOOC for Elementary Math Teachers of Finland Fonte: Elaborado pelos autores. Os artigos selecionados descrevem as experiências formativas embrionárias envolvendo PC na formação continuada de professores da Educação Básica de países como China, Estados Unidos da América, Espanha, entre outros. Em Kretzer (2019) encontra-se uma RSL contendo 13 trabalhos publicados de 2009 a 2018 que apresentam alguns modelos de cursos de formações continuadas em PC. Para a autora, o interesse por esse tema tem crescido, visto que o número de publicações ao longo dos anos vêm subindo. De fato, concorda-se que o tema tem despertado maior interesse e ganhando mais relevância no cenário atual, visto que de 2015 a 2020 foram encontrados 19 artigos sobre a formação continuada de professores em PC, indicando assim um crescimento significativo de publicações sobre o tema nos últimos anos. Kretzer (2019) aponta que o crescimento do tema pode estar relacionado a inclusão do ensino de programação em países como Estados Unidos da América (EUA), Estônia, Finlândia, Espanha, Portugal, Austrália e Inglaterra (ALMEIDA; VALENTE, 2019). Entretanto, esse aumento nas pesquisas sobre a formação de professores em Pensamento Computacional também pode estar relacionado à necessidade de estimular nos professores a 41 capacidade de construir soluções adequadas às diversas realidades que emergem do seu espaço de trabalho e que são impostos pela profissão. No Brasil, essas pesquisas revelam a necessidade de oportunizar aos professores da Educação Básica o exercício da continuidade de sua formação, com vistas a atender as políticas nacionais de formação continuada, a saber a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Base Nacional Comum de Formação Continuada - BNC Formação continuada (2020), que estabelecem conhecimentos, habilidades e competências a serem aprimoradas e/ou desenvolvidas nos professores para que estes possam exercer em plenitude sua profissionalidade - enquanto uma capacidade autónoma de desenvolvimento e renovação do saber do professor (RAMALHO et al., 2003). QA2. Quais competências e/ou habilidades docentes e de Pensamento Computacional foram estimuladas nas formações continuadas existentes? Talvez pela falta de rigor, de protocolos ou de padrões na escrita das produções acadêmicas de experiências formativas, percebeu-se fragilidades nos relatos das experiências quanto à clareza das competências de Pensamento Computacional e da docência que pretendia-se desenvolver junto aos professores. Dessa maneira, definir o objetivo geral e específicos da formação, o nível da Formação Continuada, os conceitos e práticas de PC, assim como as competências docentes e tecnológicas necessárias à aplicação desse novo conhecimento, estratégias instrucionais, atividades, materiais, métodos de avaliação, lições aprendidas para ensinar computação deveriam estar claros nas propostas de formação continuadas. Alguns dos trabalhos focaram no desenvolvimento da aprendizagem do conhecimento do Pensamento Computacional e do conhecimento tecnológico dos recursos que podem ser utilizados para sua integração nas práticas pedagógicas nas escolas (PASQUAL JUNIOR e OLIVEIRA, 2019; BARCELOS et al., 2016; SANTOS, 2016; SIMMONDS et al., 2019; DODERO et al., 2017). Outros, ainda que de forma sutil, trabalharam competências docentes, previstas inclusive na BNC Formação Continuada (2020) e alguns conhecimentos que contemplam as dimensões do modelo TPACK. Essas produções estimularam a compreensão, utilização e criação de tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética como ferramenta de formação, para comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e potencializar as 42 aprendizagem e propostas educativas (MARTINELLI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; GABRIELE et al., 2019; PARTANEN, 2017). Quanto aos objetivos dos cursos de formação, apenas os artigos de Pasqual Júnior e Oliveira (2019), Barros et al. (2018), Monjelat (2019), Gabriele et al. (2019) e Dodero et al. (2017) não citam como objetivos da formação o desenvolvimento de saberes docentes relacionados ao conhecimento pedagógico tecnológico para integração do Pensamento Computacional nas práticas de ensino dos professores da Educação Básica. As experiências formativas relatadas nos trabalhos anteriormente citados direcionam os objetivos para o desenvolvimento de saberes docentes sobre o conhecimento tecnológico de recursos digitais para trabalhar o Pensamento Computacional. O foco é dado para as oficinas que visam apresentar conceitos de PC e ensinar programação visual (Scratch e APP Inventor), esperando que os professores consigam encontrar caminhos para relacionar essas aprendizagens novas a sua mediação pedagógica. Todas as formações continuadas mapeadas na revisão de literatura foram organizadas para atender aos professores que possuem nenhum ou pouquíssimo conhecimento sobre Pensamento Computacional. São iniciativas que visam apresentar o PC, fazer o professor compreender a importância desse novo conhecimento para si e para os estudantes e necessidade de integrá-lo em sua prática de ensino, para assim garantir o mínimo de conhecimento pedagógico e tecnológico sobre o tema. Logo, conclui-se que há uma demanda formativa reprimida de cursos que possam avançar no tema ou estimular a aprendizagem. Portanto, é preciso incentivar práticas mais especializadas na disseminação do PC, direcionadas aos diversos componentes curriculares, elaboração de atividades, avaliação, metodologias e estratégias para integração do PC nas práticas docentes. Esses cursos de formação são direcionados para professores com pouco conhecimento sobre o tema e são focados na aprendizagem da programação. Os artigos apresentam modelos formativos que visam garantir maior aprendizagem sobre conceitos relacionados ao PC (BARCELOS et al., 2016; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; MARTINELLI et al., 2018; BARROS et al., 2018; MARTINELLI et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; GABRIELE et al., 2019; SIMMONDS et al., 2019), fundamentos da programaçãode computadores (BARCELOS et al., 2016; PARTANEN, 2017; ZHA et al., 2020; BARROS et al., 2018), tais como variáveis, estruturas de seleção e condições lógicas (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; BARROS et al., 2018; 43 MANDAJI et al., 2018; MONJELAT, 2019; MARTINELLI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2018; KONG et al., 2020; ZHA et al., 2020; SIMMONDS et al., 2019; GABRIELE et al., 2019; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017; DODERO et al., 2017; PARTANEN, 2017), paralelismo (KONG et al., 2016; GABRIELE et al., 2019), comandos básicos do Scratch e APP Inventor (BARROS et al., 2018; OLIVEIRA et al., 2018), decomposição, abstração, reconhecimento de padrões e algoritmo (BARCELOS et al., 2016; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; MARTINELLI et al., 2018; BARROS et al., 2018; MARTINELLI et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; GABRIELE et al., 2019; SIMMONDS et al., 2019). Para além desses conceitos, alguns trabalhos relatam cursos no contexto do PC que visam também trabalhar os conceitos do design thinking (KONG et al., 2016; KONG et al., 2020), a aprendizagem baseada na construção de jogos (BARCELOS et al., 2016), a história do PC (JUNIOR; OLIVEIRA, 2019), as habilidades e a escola do XXI (MANDAJI et al., 2018). Esses artigos relatam que nas experiências formativas apresentadas foram estimulados diversos conhecimentos relacionados ao desenvolvimento profissional, mediante o estímulo de competências da prática pedagógica e institucional. Em relação às competências pedagógicas desenvolvidas a partir do conhecimento pedagógico do PC, apenas cinco autores (PARTANEN, 2017; OLIVEIRA et al., 2018; GABRIELE et al., 2019; KONG et al., 2016; KONG et al., 2020) explicitaram essa informação no texto e alguns descreveram como ocorreu ou não o desenvolvimento do conhecimento pedagógico a partir da aplicação das metodologias e estratégias utilizadas no curso (OLIVEIRA et al., 2018; PARTANEN, 2017). As demais produções utilizaram diferentes metodologias e estratégias que podem favorecer o desenvolvimento de conhecimentos pedagógico e tecnológico sobre Pensamento Computacional, mas não discutem como ocorreu, tampouco apresentam aos professores o que eles deveriam aprender. O conhecimento pedagógico pode ter sido estimulado em todas as formações por meio da aplicação de práticas de ensino que estimulam a criação de atividades (DODERO et al., 2017; PARTANEN, 2017; SANTOS et al., 2016), aprendizagem em jogos (BARCELOS et al., 2016; PIMENTEL et al., 2020; GABRIELE et al., 2019); utilizam de exemplos, metáforas e analogias adequadas para os conceitos (DODERO et al., 2017; PARTANEN, 2017); aplicação da Computação Desplugada (JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; MARTINELLI et 44 al., 2018; KONG et al., 2016); explicação de estratégias instrucionais (PARTANEN, 2017; SOUZA et al., 2020; PIMENTEL et al., 2020). O conhecimento tecnológico do PC refere-se ao domínio dos recursos tecnológicos pelos professores para integração desse conhecimento nas práticas de ensino. Nas formações, ele foi alcançado a partir de práticas formativas que mobilizam saberes técnicos sobre os recursos como, por exemplo, onde encontrar e como programar no Scratch (SIMMONDS et al., 2019; GABRIELE et al., 2019; BARCELOS et al., 2016; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; MONJELAT, 2019; MARTINELLI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; SOUZA et al., 2020), como montar Makey Makey, Kinect e kit de robótica da LEGO (KONG et al., 2020), como utilizar APP Inventor e o Code.org (BARCELOS et al., 2016; DODERO et al., 2017; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019). QA3. Quais são as características do design da formação continuada? As formações continuadas no contexto do PC encontradas na revisão realizada seguem uma proposta majoritariamente presencial (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; MARTINELLI et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; PIMENTEL et al, 2020; KONG et al., 2020; SIMMONDS et al., 2019; GABRIELE et al., 2019; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017; DODERO et al., 2017; KONG et al., 2016). No entanto, destaca-se que existe um volume significativo de iniciativas que utilizaram uma proposta híbrida (BARROS et al., 2018; MONJELAT, 2019; MARTINELLI et al., 2018; SOUZA et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2018; ZHA et al., 2020), conforme observado na Figura 3. Figura 3 - Modelo de formação continuada Fonte: elaborada pelos autores. Quanto a carga-horária dos encontros formativos e organização da formação continuada, apenas um curso (SANTOS et al., 2016) apresenta duração de 4 horas, algumas 45 outras formações indicam que têm cargas-horárias entre 8 e 16 horas (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017; BARROS et al., 2018; DODERO et al., 2017; SIMMONDS et al., 2019) e as demais estão organizadas com duração entre 22 e 78 horas (MARTINELLI et al., 2018; MONJELAT, 2019; MARTINELLI et al., 2018; SOUZA et al, 2020; OLIVEIRA et al, 2018; KONG et al, 2020; ZHA et al., 2020; SIMMONDS et al, 2019; GABRIELE et al., 2019; DODERO et al., 2017; PARTANEN, 2017; KONG et al., 2016). Alguns cursos informaram apenas o número de encontros (MANDAJI et al., 2018; MARTINELLI et al., 2018; OLIVEIRA et al., 2018; SIMMONDS et al., 2019; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017), outros foram organizados em sessões (MONJELAT, 2019; KONG et al., 2016) e semanas (ZHA et al., 2020; DODERO et al., 2017). As formações continuadas encontradas na revisão foram direcionadas quase estritamente ao ensino da programação de computadores, com foco em linguagens visuais, principalmente utilizando o Scratch (BARCELOS et al., 2016; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; BARROS et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; MONJELAT, 2019; MARTINELLI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; SOUZA et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2018; KONG et al., 2020; SIMMONDS et al., 2019; GABRIELE et al., 2019; GONZÁLEZ e MUÑOZ-REPISO, 2017; DODERO et al., 2017), Scratch e rackte (PARTANEN, 2017) e APP Inventor (KONG et al., 2016). Em relação às metodologias e estratégias utilizadas nas formações, identifica-se a predominância daquelas que inserem o docente em atividades engajadoras e ativas, como a gamificação (BARCELOS et al., 2016), a aprendizagem baseada em problemas (MONJELAT, 2019; SIMMONDS et al., 2019), a aprendizagem baseada em jogos (GABRIELE et al., 2019), a aprendizagem colaborativa (MARTINELLI et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; OLIVEIRA et al., 2018; KONG et al., 2020; ZHA et al., 2020; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017), a Computação Desplugada (MARTINELLI et al., 2018), atividades práticas e exposição dialogada (SANTOS et al., 2016; MARTINELLI et al., 2018; BARROS et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; SOUZA et al., 2020; KONG et al., 2016). Nas formações encontradas, foram utilizados diversos tipos de materiais instrucionais. Entre esses recursos, estão os vídeos sobre o PC e a Programação (BARCELOS et al., 2016; MARTINELLI et al., 2018; ZHA et al., 2020; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017; 46 PARTANEN, 2017), ilustrações sobre a organização do curso e conceitos (SANTOS et al., 2016, OLIVEIRA et al., 2018), exercícios e slides para aulas expositivas e práticas (MARTINELLI et al., 2018; SIMMONDS et al., 2019; DODERO et al., 2017; PARTANEN, 2017), assim como exemplos que continham programas completos (DODERO et al., 2017). Além disso, foram identificadas também a presença de materiais instrucionais como tutoriais, com passo-a-passo para ajudar os professores nas atividades práticas durante o uso de ambientes de programação (MANDAJI et al., 2018; PIMENTEL et al., 2020; KONG et al., 2020; ZHA et al., 2020; GABRIELE et al., 2019). Quanto aos métodos e instrumentos usados para avaliar a aprendizagem do público-alvo, muitos artigos não descreveram de forma objetiva se houve algum tipo de avaliação e como os professores foram avaliados (SOUZA et al., 2020; KONG et al., 2020; ZHA et al., 2020; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017; KONG et al., 2016). Outros cursos consideraramas produções de artefatos e as entregas solicitadas aos professores como instrumentos de avaliação (MONJELAT, 2019; MARTINELLI et al., 2018; OLIVEIRA et al., 2018; GABRIELE et al., 2019; DODERO et al., 2017; PARTANEN, 2017), os demais optaram por utilizar formulários e questionários para acompanhar a validade do modelo formativo aplicado (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; DODERO et al., 2017). É importante destacar que essas produções não evidenciaram os critérios utilizados para avaliar as produção dos professores, quais variáveis e objetivos foram alcançados. A ausência de clareza sobre os modelos aplicados podem indicar fragilidades no procedimento avaliativo dessas formações. Considerando a continuidade, o acompanhamento e o auxílio após o término da formação continuada, apenas três formações indicaram ações após o encerramento do curso. Essas solicitações de auxílio ocorreram por iniciativa dos participantes (MARTINELLI et al., 2018; KONG et al., 2020; KONG et al., 2016). Em relação a oferta da formação continuada, em sua grande maioria as publicações indicam que os cursos são ofertados em Língua Portuguesa e Inglesa (BARCELOS et al., 2016; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; MARTINELLI et al., 2018; BARROS et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; SIMMONDS et al., 2019; DODERO et al., 2017; KONG et al., 2016; entre outros). Apesar da maioria dos trabalhos apresentarem iniciativas em Língua Portuguesa e Inglesa, na RSL foram identificadas formações na Língua Chinesa, Espanhola e Finlandesa (GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017; PARTANEN, 2017; KONG et al., 2016). 47 Figura 2 - Idioma da formação continuada Fonte: elaborada pelos autores Os resultados obtidos a partir da análise dos modelos de formação encontrados na revisão indicam que os cursos apresentam características similares em relação à licença de uso. Apenas uma formação ocorreu em um contexto privado, porém não foi informado os custos financeiros e se a participação estava vinculada a alguma mensalidade (PIMENTEL et al., 2020). Quanto aos demais cursos analisados, a informação que fica subentendida é que todas as formações foram disponibilizadas de forma gratuita. QA4. Para quais contextos a formação continuada foi projetada e aplicada? Em relação a área de formação dos professores, foram encontradas nove produções com relatos de cursos voltados aos docentes do Ensino Fundamental anos iniciais e educação infantil (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; MANDAJI et al., 2018; MARTINELLI et al., 2018; SOUZA et al., 2020; KONG et al., 2020; GABRIELE et al., 2019; GONZÁLEZ; MUÑOZ-REPISO, 2017) e dez formações foram direcionadas aos professores dos anos finais da Educação Básica (BARCELOS et al., 2016; BARROS et al., 2018; MANDAJI et al., 2018; MONJELAT, 2019); OLIVEIRA et al., 2018; DODERO et al., 2017; ZHA et al., 2020; PARTANEN, 2017; SIMMONDS et al., 2019; e outros). Quanto à formação dos participantes, os artigos indicam a presença de professores das áreas da Tecnologia Educacional, Pedagogia, Matemática, Ciências, Física e Literatura. Quanto ao conhecimento prévio dos professores em relação ao PC, os resultados encontrados apontam que apenas uma formação ocorreu em nível intermediário (BARCELOS et al., 2016), as demais sendo para um público iniciante, sem conhecimento prévio sobre o tema. QA5. Como a formação continuada foi desenvolvida? 48 Em relação a identificação do método adotado para a elaboração e desenvolvimento das diretrizes da formação continuada, apenas Martinelli et al.(2018), Barros et al. (2018), Monjelat (2019) e Kong et al.(2016) indicaram explicitamente que utilizaram o estudo de caso e a pesquisa-ação para construção do design do curso. Os demais artigos sugerem que foram realizadas revisões de literatura consistentes sobre conceitos de PC, tecnologias e recursos, estratégias e métodos para elaboração do modelo da formação, como, por exemplo, utilizando o framework TPACK (SANTOS et al., 2016; OLIVEIRA et al., 2018; KONG et al., 2020; KONG et al., 2016). QA6. Qual é o perfil dos formadores? Os artigos analisados, em sua grande maioria, são resultados de trabalhos de conclusão de cursos e projetos de pesquisa. Entre os trabalhos analisados, apenas cinco produções sinalizaram quem eram os formadores que estavam na condução dessa formações continuadas (OLIVEIRA et al., 2018; KONG et al., 2020; MANDAJI et al., 2018; MONJELAT, 2019; PIMENTEL et al., 2020). Quanto à instituição, 4 artigos indicaram que os formadores são de secretarias de educação e apenas um apontou que eles são do SESC. Isto sugere que as formações em PC para professores estão começando a romper os limites das universidades e dos cursos de extensão. QA7. Como a formação foi avaliada? Os artigos analisados indicaram que as formações utilizaram questionários para avaliar o design da formação (MARTINELLI et al., 2018; SOUZA et al., 2020; PARTANEN, 2017; KONG et al., 2016), com variáveis de interação dos professores com os formadores, metodologias utilizadas nos encontros, formadores, recursos e a satisfação dos participantes com o curso (PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; SANTOS et al., 2016; BARROS et al., 2018; MONJELAT, 2019; KONG et al., 2020; ZHA et al., 2020; SIMMONDS et al., 2019; GABRIELE et al., 2019) utilizando métodos qualitativos e quantitativos de análise dos dados. As amostras utilizadas pelas pesquisas variam, em geral, de 8 a 76 participantes, provavelmente correspondente a uma turma de aplicação da formação continuada. Entretanto, quatro publicações apresentam um número superior de 114, 140, 141 e 500 professores (MANDAJI et al., 2018; SOUZA et al., 2020; GABRIELE et al., 2019; PARTANEN, 2017). Quanto à replicação das formações continuadas em outros contextos, em nenhum dos artigos o assunto foi mencionado. QA8. Quais os resultados da formação continuada na prática educativa dos professores? 49 Em relação aos resultados das formações continuadas, algumas não indicaram o tempo da formação, tampouco as competências pedagógicas e tecnológicas que foram desenvolvidas. Essas formações não estabeleceram relação entre prática pedagógica do professor com os estudantes e práticas aprendidas relacionadas à programação e ao Pensamento Computacional, agindo principalmente para motivação e sensibilização dos professores (BARCELOS et al., 2016; PASQUAL JUNIOR; OLIVEIRA, 2019; MANDAJI et al., 2018; ZHA et al., 2020). Outros cursos tiveram resultados bastante interessantes e significativos, considerando que conseguiram estimular não apenas o desenvolvimento do PC, mas as habilidades e saberes necessários ao processo de ensino, envolvendo elaboração, planejamento e criação de atividades e práticas com os estudantes (MARTINELLI et al., 2018). Algumas formações destacaram a necessidade de gerar uma identificação de práticas no contexto dos participantes e de produção de artefatos, a fim de alcançar maior autonomia, aspectos que devem ser incorporados em cursos futuros. Além disso, os resultados de formações em que os professores foram envolvidos em atividades de desenvolvimento de produções apontaram que a abordagem usada é um potencial recurso para formação de educadores, pois possibilita-os iniciar ações envolvendo tecnologias educacionais em sala de aula a partir da articulação das práticas com a proposta de criação. Neste contexto, os dados mostraram como não é possível desvincular esses aspectos, por isso iniciativas que visam a elaboração de protótipo provocam interações, avanços graduais, remixes, reutilização, testes que estão embutidos no problema (MONJELAT, 2019; PIMENTEL et al., 2020). Quanto às formações que foram construídas baseadas no TPACK, os dados sugerem melhorias significativas dos professores sobre os conhecimentos docentes em relação ao PC, com alguns professores conseguindo replicar e utilizar os recursos vistos durante a formação continuada em suas práticas de ensino (KONG et al., 2020; DODEROet al., 2017; KONG et al., 2016). Para os autores, o framework contribuiu fortemente para definir os objetivos, a seleção dos materiais e as práticas a serem estimuladas nos docentes na formação continuada. 3.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O número de artigos encontrados sobre cursos para formação de professores em PC sugere que o tema está ganhando notoriedade. Entretanto, os 19 artigos revelam a necessidade de desenvolver mais formações continuadas sobre o tema, para que se possa democratizar 50 cada vez mais o PC entre os docentes e disseminar a integração do PC em sua prática de ensino. Em relação aos conceitos e práticas de computação estimulados nos cursos, identifica-se uma quantidade significativa de trabalhos que relatam atividades focadas no desenvolvimento de competências e de habilidades sobre conceitos iniciais de PC, tais como: algoritmos e programação. Destaca-se, no entanto, que a grande maioria dos cursos não trabalhou a integração do ensino de PC e da programação nas práticas de ensino dos professores. Nessas produções, os relatos revelam que os objetivos de aprendizagem dos cursos voltavam-se ao desenvolvimento de conceitos relacionados ao PC, nas sintaxes das linguagens visuais e na montagem dos kits de robótica. Quanto ao desenvolvimento de competências pedagógicas de PC, as publicações não tornaram evidente se os professores sabiam o que iriam aprender, se compreendiam para que iriam utilizar e como poderiam aplicar esses novos conhecimentos em suas práticas de ensino. Todas as informações relatadas nos artigos fazem uso de metodologias e estratégias diversificadas de ensino para alcançar a aprendizagem dos professores. Entretanto, poucas produções discutiram como se verificou a aprendizagem dos professores sobre o PC e sua aplicação com seus estudantes. Logo, compreende-se que há necessidade de se repensar os modelos de formação neste tema, ancorado nesses cursos. Principalmente, se mostra importante e necessário pensar em novas maneiras de como integrar o PC nas práticas de ensino e aprendizagem dos professores e de como verificar a aprendizagem desses conhecimentos, conforme aponta Almeida e Valente (2011). Segundo esses autores, as formações devem direcionar as aprendizagens dos professores para que possam ressignificar as vivências construídas em suas práticas pedagógicas com os estudantes, assim como devem mobilizar saberes que elevem os docentes para um outro estágio de conhecimento profissional (RAMALHO; NÚÑEZ; 2013). As formações continuadas apresentaram uma organização dividida em módulos, sessões e encontros, com os conteúdos subdivididos em tópicos. Diferentes métodos e recursos foram utilizados para trabalhar os conceitos e práticas relacionadas ao PC e a programação. A maioria das formações aplicaram metodologias ativas, como aprendizagem baseada em problemas, aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem baseada em jogos, gamificação e sala de aula invertida (MONJELAT, 2019; BARCELOS et al., 2016; ZHA et al., 2020). Com frequência é encontrada a introdução dos conceitos iniciais de PC, 51 demonstrações de exemplos, alguns com Computação Desplugada e criação de algum artefato sobre tema. Em outros cursos formativos, os professores realizaram as atividades propostas apoiadas por tutoriais e/ou resolução de problemas. O conteúdo do encontro foi mediado pelos formadores utilizando diferentes materiais instrucionais, como vídeos, slides, tutoriais e exemplos, proporcionando caminhos para uma aprendizagem reflexiva, flexível e híbrida de conteúdos (KONG et al., 2016; ZHA et al., 2020). A aprendizagem é estimulada em práticas colaborativas virtualmente ou presencialmente (MARTINELLI et al., 2018; MANDAJI et al., 2018) e o desempenho dos professores nessas formações é verificado por meio de questionários, observações e artefatos criados. Os professores participantes dos cursos demonstraram uma maior curva de aprendizagem nas atividades em que eles estavam na condição de criadores ou ativos em todo o processo de aprendizagem, assim como quando foram utilizadas estratégias gamificadas e aprendizagem baseada em jogos. Os resultados da RSL revelam também que os professores veem mais utilidade e entendem mais rapidamente a aplicação do PC em suas práticas de ensino quando desenvolvem animações utilizando alguma linguagem visual. Na área de educação e tecnologias há sempre consenso sobre as más condições da infraestrutura tecnológica das escolas públicas do Brasil. A grande maioria das escolas carece de melhores condições tecnológicas, principalmente em relação aos recursos digitais. Apesar disso, todos os artigos relatam formações continuadas em PC utilizando estratégias plugadas. Isto revela-se como algo incongruente, posto que a grande maioria dos professores não teria condições de aplicar essas novas aprendizagens em suas escolas. Assim, indica-se haver ausência de cursos de formação que estimulem o PC a partir de estratégias disponíveis na escola, capazes de serem replicadas nas condições em que estão inseridos os docentes, como por exemplo, utilizando a Computação Desplugada (BELL et al., 2011). Ademais, também indica-se a necessidade das formações continuadas ancorarem nos cursos de formação estratégias que estimulem a integração do conhecimento tecnológico ao conhecimento pedagógico, para que os professores consigam compreender como este recurso pode ser aplicado de forma contextualizada à sua prática de ensino e aprendizagem. 52 3.4.1 Ameaças à validade Quanto à ameaça à validade, Yin (2015) indica alguns critérios para validação da pesquisa. Dentre elas estão o constructo, a validade interna, a validade externa e a confiabilidade. Nesse sentido, nesta etapa da pesquisa foram utilizadas fontes diversas, protocolos e critérios de busca e seleção dos artigos e instrumentos de coleta e análise de dados que pudessem garantir a replicação da revisão, garantindo assim a validade do trabalho desenvolvido. A utilização de critérios de validade qualitativos e descritivos, o uso de protocolos, fontes diversas e critérios de buscas, foram necessárias para mitigar as ameaças à validade, buscando compor uma panorama que relacionasse a realidade encontrada nos artigos e as pesquisas com os elementos que iriam ser utilizados na elaboração do design da formação continuada em Pensamento Computacional, contextualizada ao momento de pandemia provocada pela COVID-19. Entre as possíveis ameaças destacam-se: a indisponibilidade de artigos, o protocolo utilizado na busca dos estudos e a ausência de produções que discutem os desafios de uma formação continuada de professores em Pensamento Computacional em contexto pandêmico. Por exemplo, trabalhos que pudessem indicar qual Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e estratégias pedagógicas poderiam ser utilizadas no curso, com professores que estão em níveis de proficiência digital diferentes. Considerando essas possíveis ameaças à validade, foram realizadas validações randômicas nos artigos, em que os artigos selecionados tiveram suas referências analisadas para identificar possíveis artigos que não “apareceram” na busca principal. O resultado desta nova busca foi nulo no que consiste em artigos incorporados ao mapeamento, indicando que a revisão está consistente. Quanto à ameaça à validade relacionada ao AVA e as estratégias pedagógicas, foram realizadas revisões na literatura que indicassem o uso de ambientes digitais, sobretudo, do Google Classroom no apoio à formação de professores (GUEDES; COSTA; PASQUAL JUNIOR, 2020; LIMA et al., 2019; SANTANA et al., 2020). Esses constructos indicaram que as aprendizagens ocorridas na formação continuada, também mediante o uso de ambientes virtuais, foram positivos por inserir os professores em um contexto de aprender a aprender, provocando-os a trabalhar em pares e a serem “aprendentes e ensinantes uns dos outros” (PRADO; ALMEIDA, p. 70, 2007). 53 4 ESTUDO DE CASO Nessa seção apresenta-se oprocesso de definição da questão de pesquisa, das premissas de análises, a escolha do caso a ser investigado e sintetização dos dados a partir das proposições e organização dos critérios para a interpretação das descobertas, conforme Yin (2015). O estudo de caso, portanto, o caso escolhido, refere-se a análise da aplicação de um curso de extensão universitária para professores do Ensino Fundamental sobre o Pensamento Computacional e a BNCC, realizado no âmbito do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional (Pensa RN ) do Instituto Metrópole Digital da Universidade1 Federal do Rio Grande do Norte, intitulado “Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para os professores do Ensino Fundamental da rede pública”. A pesquisa direcionada para analisar e sintetizar o design instrucional e os resultados da formação continuada de professores realizada no âmbito do referido programa teve como objetivo responder à seguinte questão: Como ocorreu a formação continuada de professores em Pensamento Computacional do Pensa RN na modalidade presencial? Para sintetizar o design instrucional e os resultados da formação, foi utilizado como referencial as proposições de análises com base no modelo ADDIE (FILATRO, 2013; ALVES 2016). O modelo ADDIE é a abreviatura do acrónimo das palavras em inglês Analysis, Design, Development, Implementation e Evaluation que em Português significam análise, design, desenvolvimento, implementação e avaliação. Segundo Filatro (2013) o modelo ADDIE é um modelo clássico amplamente utilizado na elaboração de designs de aprendizagem (ALVES, 2016). O modelo pode ser dividido em duas fases. A primeira refere-se à concepção do design de aprendizagem no qual estão contidas as etapas de análise de contexto, o design e o desenvolvimento da solução educacional. É nesta fase que ocorre a identificação do contexto, as especificações da solução educacional, assim como a produção dos materiais que serão utilizados durante a aplicação e avaliação do produto do modelo de design (ALVES, 2016; FILATRO, 2013). A segunda fase diz respeito à execução da solução educacional. Nesta fase estão organizadas a implementação e avaliação. A implementação corresponde a etapa de ação, 1 https://pensarn.imd.ufrn.br/ https://pensarn.imd.ufrn.br/ 54 sendo responsável pela aplicação da solução educacional elaborada, enquanto a avaliação refere-se ao processo de reflexão dos indicadores alcançados e dos resultados da aprendizagem (FILATRO, 2013; ALVES, 2016). Adotando a terminologia de Alves (2016), quando se refere ao termo design de aprendizagem em detrimento ao termo instrucional, o que se busca é uma solução de aprendizagem capaz de contribuir para o fazer docente, ou seja, para aplicação do que foi aprendido em sua prática de ensino. Para isso, foram utilizados as etapas e os aspectos centrais do modelo ADDIE como indicadores para sistematização da formação de professores em Pensamento Computacional do Pensa RN, que foi ofertada pela primeira vez em 2019. 4.1 ANÁLISE DE CONTEXTO A análise do contexto consiste em examinar a dinâmica das necessidades e possíveis desafios de aprendizagem do público-alvo, assim como identificar restrições técnicas, administrativas e culturais da solução educacional a ser criada e caracterização dos aprendizes (FILATRO, 2013; ALVES 2016). O processo de análise contextual, segundo Filatro (2013) deve compor um conjunto de regras que envolve as seguintes etapas: 1. Identificar o problema da aprendizagem, os resultados esperados, as características dos aprendizes e aspectos administrativos e técnicos; 2. Identificar os fatores contextuais de orientação, instrução e transferência que tenham impacto no projeto de aprendizagem; 3. Organizar os dados que deverão ser coletados, fontes digitais e os documentos que precisam ser considerados, assim como as ferramentas que deverão ser listadas; 4. Selecionar os métodos (e, consequentemente, as estratégias) mais adequados aos objetivos da aprendizagem da solução educacional e as restrições do projeto educacional; 5. Localizar, construir e/ou adaptar ferramentas e técnicas que analisam o contexto do projeto em discussão. Essa preocupação e esse processo de levantamento do contexto dos aprendizes e do próprio projeto educacional são aspectos intrínsecos de processos educativos de forma geral. Autores da prática educativa como Libâneo (2017) e Zabala (2014), assim como os que discutem a integração das tecnologias digitais às práticas docentes como Almeida e Valente (2011), apontam ser necessário compreender a realidade daqueles que serão alvo do processo 55 educativo, para que os temas discutidos, os métodos, as estratégias, os materiais e os recursos selecionados e utilizados possam estar adaptados às necessidade daqueles que irão participar do processo de aprendizagem. Esses elementos do contexto são relevantes para construção de quaisquer projetos educacionais, mas quando o público-alvo é constituído de professores e o objetivo é o seu desenvolvimento profissional, o desafio tem-se mostrado ainda maior. A formação continuada de professores requer uma contextualização ainda mais aprofundada, visto que com frequência ver-se programas e cursos de formação de professores descontextualizados e generalistas em que se foca no perfil docente do “professor médio” (IMBERNÓN, 2009). Nesse sentido, o design da solução educacional que, neste caso, é o design da formação continuada dos professores, deveria ter como contexto de partida e de chegada a realidade da escola, baseado em situações de problemas de sua realidade e na ação-reflexão-ação. Isso é apontado por Libâneo (2014), Ramalho e Núñez (2013), Pimenta (2012), Imbernón (2009), Nóvoa (2020) e o parecer 22/2019 do Conselho Nacional de Educação, que apresenta as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC Formação, 2020). Para compreender como os aspectos do contexto de aprendizagem, anteriormente mencionados, estão presentes no curso de formação continuada de professores em Pensamento Computacional do Pensa RN, foi necessário organizar a coleta e a análise dos dados e produzir um relatório de contexto. Em relação à coleta e análise dos dados, estes têm como objetivo apontar as condições para que o relatório de análise possa apresentar informações capazes de se produzir preliminarmente um protótipo da solução educacional. Quanto ao relatório de análise, segundo Filatro (2013), este deve contemplar as seguintes informações: 1. Necessidades de aprendizagem dos professores; 2. Caracterização dos docentes; 3. Levantamento de restrições que implicaram na solução educacional; 4. Encaminhamento de possíveis soluções. Os instrumentos de coleta e análise dos dados, assim como o relatório de análise do contexto da formação de Pensamento Computacional implementada junto aos professores da Educação Básica do Rio Grande do Norte, serão descritos nas subseções a seguir. 56 4.1.1 Coleta e análise dos dados A fase de coleta e análise dos dados compreende um estágio que implica coletar e analisar diferentes aspectos de ordem física, social, cognitiva e afetiva do contexto específico a ser investigado (FILATRO, 2013). Para além desses aspectos, considerando o público-alvo do objeto deste estudo de caso, foi necessário incluir outras categorias de coleta de análise de dados. A formação de professores, conforme aponta Ramalho e Núñez (2013), deverá mobilizar aspectos relacionados à profissionalidade do professor e, portanto, se fez necessário compreender como o projeto educacional implementado considerou os aspectos relacionados às dimensões técnica, estética, política e ética do trabalho docente. Assim, nesta etapa, utilizando como inspiração e referência Filatro (2013), buscou-se: I. reunir fatores contextuais de orientação e transposição didática: linguagem empregadapelos formadores, dúvidas recorrentes sobre temáticas e/ou conceitos discutidos, entre outros aspectos; II. levantar fatores que pudessem ser inibidores para os professores: metodologia inapropriada, resistência a escolas de pensamento, interface digital em descompasso a capacidade do professor, etc; III. verificar aspectos relacionais e fatores contextuais de ausências: não há incentivo à aprendizagem, ausência de materiais de orientação, inexistência e/ou tímida existência de feedbacks; IV. observar e destacar aspectos contextuais facilitadores que potencializam a aprendizagem autônoma, a congruência entre as percepções sobre os objetivos do curso de formação continuada e a compreensão dos professores sobre a relevância do curso para sua formação; V. verificar se os aspectos relacionados a fatores inibitórios, ausências e facilitadores estavam em equilíbrio ou não, ou, por exemplo, dificuldades relacionadas aos recursos digitais utilizados no curso. Sendo possível, a partir dessa análise, criar um ambiente mais propício para o desenvolvimento profissional do professor sobre o Pensamento Computacional. Para coletar esses dados foram utilizadas diferentes estratégias e instrumentos que foram aplicados em diferentes estágios da formação continuada de professores do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional. Dentre esses instrumentos estão: registro do pesquisador, registros fotográficos, formulário eletrônico, planos de aulas, além de 57 pesquisa bibliográfica em documentos oficiais e censos sobre o perfil docente brasileiro, conforme Filatro (2013), Gil (2002) e Libâneo (2017). 4.1.2 Relatório de análise No relatório de análise descreve-se o cenário encontrado no curso de Pensamento Computacional do Pensa RN, relacionando-o ao contexto nacional dos professores da Educação Básica. Essa análise admite a necessária revisão de aspectos sobre as condições de acesso e saberes dos professores sobre os recursos digitais e sobre o Pensamento Computacional, além de considerar publicações científicas que demonstrem a relação dos professores com as TDIC. 4.1.2.1 Caracterização do perfil dos professores Os participantes do curso de extensão intitulado “Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para os professores do Ensino Fundamental da rede pública” compõem o quadro de docentes da rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte. Os professores participantes que concluíram o curso possuem média de idade de 42 anos e são formados em sua maioria por mulheres (55,6%) e têm média de atuação profissional de 16 anos. 4.1.2.2 Necessidades de aprendizagem dos professores De forma geral, os professores da Educação Básica apresentam desconhecimento sobre o que é o Pensamento Computacional, sobre os recursos e estratégias de como estimulá-lo nos estudantes e formas de avaliá-lo (VALENTE, 2016). Além disso, os professores revelam necessidades formativas relacionadas às competências e habilidades de curadoria, de engajamento e de autoformação semelhantes àquelas elencadas nos padrões da ISTE. 4.1.2.3 Levantamento de restrições Algumas restrições não foram antecipadas e ficaram evidentes no decorrer do curso. Entre elas estão o nível de proficiência tecnológica de um bom número de professores, o horário do curso, o formato presencial e as diferentes condições encontradas pelos professores nas escolas. Quanto ao nível de proficiência tecnológica dos professores, alguns demonstraram dificuldades para seguir orientações básicas de uso do computador durante os encontros no laboratório de informática, tais como ligar o computador, logar na rede do Instituto Metrópole Digital (IMD) e navegar na internet. 58 Em relação a restrição de horário, muitos professores sinalizaram que o horário do curso, com duração de 3 horas, iniciando às 19h00 e finalizando às 22h00, tornava-se bastante cansativo. Isso associado ao formato presencial da formação, que também exigia dos professores o deslocamento até o IMD, após um dia inteiro de atividade profissional nas escolas da rede estadual de ensino, se mostrou como um impeditivo para um certo número. Outra restrição que se destaca refere-se às condições de infraestrutura tecnológica dos professores e estudantes nas escolas públicas, que ainda estão em níveis de maturidade tecnológica em níveis básicos, sendo exigido dos professores mais criatividade, habilidades e competências para implantação de projetos educacionais envolvendo alguma tecnologia digital nas práticas de ensino e aprendizagem. Além dessas limitações identificadas, aponta-se também a fragmentação no número de módulos do curso, a descontinuidade e clareza dos objetivos dos módulos e da metodologia de transposição didática, assim como a ausência de produto final do curso a ser construído pelos docentes. 4.1.2.4 Encaminhamento de possíveis soluções Alguns encaminhamentos de soluções possíveis para as restrições identificadas anteriormente são: ● Aplicação de questionário de mapeamento da proficiência tecnológica dos professores; ● Alteração do modelo presencial para uma proposta de formação híbrida, em que ocorra encontros presenciais e on-line, sendo este último, utilizado para atividades práticas; ● Alteração do horário da formação adaptada a realidade e tempo dos docentes, com encontros presenciais com duração de apenas 2h; ● Diminuição do número de módulos, adequando-os às necessidades evidenciadas pelos professores da rede ensino; ● Construção de diretrizes claras para a formação do Pensa RN, em que todos os formadores saibam que caminho devem perseguir, quais objetivos se deseja alcançar em cada módulo e quais estratégias poderão utilizar quando forem construir os planos dos módulos do curso. 59 4.2 DESIGN DA FORMAÇÃO O curso de formação de professores em Pensamento Computacional foi planejado para ser aplicado por meio de curso de extensão no formato presencial, com carga horária de 60 horas/aula, sendo 6 horas semanais, divididas em dois dias, nas terças-feiras e quintas-feiras. Os encontros de formação ocorreram no Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por uma equipe de formação multidisciplinar, composta por 10 formadores com formação inicial e continuada na área da Ciência da Computação, Filosofia, Matemática, Licenciatura em Computação e Pedagogia, todos pós-graduandos em nível de mestrado ou doutorado. Os formadores foram distribuídos em grupos de 2 a 3 componentes por módulo, conforme as contribuições que poderiam trazer para o módulo em razão de suas experiências anteriores, independente de ser na condição de formadores ou de participantes. 4.2.1 Módulos de ensino do curso presencial No Quadro 10 estão descritos a carga horária e os módulos que foram planejados inicialmente para serem ministrados. Posteriormente, durante a execução do curso, os módulos foram sistematizados, formalmente, em uma organização didático-pedagógica com base em constatações sobre as formações continuadas de professores em Pensamento Computacional apresentadas pela revisão de literatura disponível em Valente (2016). Quadro 10 - módulos do curso de formação continuada Módulos do Curso CH Módulo 01 Programa de Inovação Educação Conectada 6 h Módulo 02 Currículo de Referência em Tecnologia e Computação 6 h Módulo 03 Pensamento Computacional 6 h Módulo 04 Olimpíadas de Conhecimento 6 h Módulo 05 Pensa RN 6 h Módulo 06 Prática do Pensamento Computacional com Computação Desplugada 6 h Módulo 07 Prática do Pensamento Computacional com a Hora do Código 6 h Módulo 08 Prática do Pensamento Computacional com Scratch 6 h Módulo 09 Prática de Observação da Execução de Clube de programação 6 h Módulo 10 Prática de Avaliação Diagnóstica das Habilidades do Pensamento Computacional 6 h Fonte: elaborado pelos autores. 60 O módulo 01 teve como objetivo discutir com os professores as mudanças observadas e sentidas na sociedade atual, os desafios que os estudantes deverão estar preparadospara resolver em razão das transformações e das mudanças provocadas pelos avanços científicos e tecnológicos. Neste módulo ainda foi estimulada a mudança de mentalidade dos professores, conhecendo e vivenciando as dimensões do Programa de Inovação Educação Conectada (visão, competências e formação, recursos educacionais e infraestrutura), por meio da reflexão através da matriz FOFA (LEITE e GASPAROTTO, 2018), seguido por elaboração e criação de um plano de ação. O módulo 02 objetivou apresentar e explorar o Currículo de Referência em Tecnologia e Computação do CIEB, relacionando-o com o currículo da rede de ensino e a BNCC. Em relação ao currículo do CIEB, os professores foram estimulados a refletir, explorar e identificar os elementos que constituem este documento, além de conhecerem os diversos materiais relacionados às habilidades da BNCC que poderiam ser utilizados pelos professores em suas práticas de ensino. Os módulos 03 e 04 tiveram o objetivo incentivar a aprendizagem de conceitos relacionados ao Pensamento Computacional e às olimpíadas de conhecimento. No módulo três, o objetivo consistiu em apresentar e trabalhar com os professores a partir da exploração do currículo do CIEB, as dimensões do Pensamento Computacional (decomposição, abstração, reconhecimento de padrões e algoritmos) para a sua integração na área de conhecimento dos professores. No módulo 04, o objetivo consistiu em apresentar as olimpíadas de conhecimento, especialmente a Olimpíada Brasileira de Informática (OBI), para promover a compreensão dos professores sobre a importância destas olimpíadas na formação dos estudantes. No módulo 05 foi apresentado o Pensa RN, programa do qual o curso de formação continuada faz parte. Este módulo foi inserido neste momento em razão da organização do curso entender que seria mais fácil conseguir adesão dos professores na implementação da proposta central do programa assim que estes tivessem sido sensibilizados quanto às mudanças pelas quais passam a sociedade contemporânea, assim como conhecessem o conceito de Pensamento Computacional e tivessem a oportunidade de integrá-lo na sua prática de ensino e aprendizagem. Dessa forma, o módulo apresentou em detalhes o programa em questão de Pensamento Computacional, sua importância e principais ações junto aos professores e estudantes da Educação Básica da rede estadual de educação. 61 Nos módulos 06 a 08, os professores tiveram a oportunidade de experimentar a construção de conceitos e saberes sobre Computação Desplugada e computação plugada, mediante atividades práticas utilizando gamificação, jogos, Scratch e os desafios da Hora do Código. Estes módulos tiveram como objetivo principal apresentar recursos educacionais digitais que os professores poderiam utilizar para desenvolver práticas de ensino integradas ao Pensamento Computacional. No módulo 09, os professores frequentaram o clube de programação do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional com o intuito de adquirir uma primeira experiência com a aplicação de atividades plugadas juntamente aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental. No módulo 10 estava prevista a aplicação de um modelo de avaliação diagnóstica para as habilidades do Pensamento Computacional. Porém, por questões de organização e adaptações em razão de mudanças de agendas, feriados e outros desafios, esse último módulo não pôde ser realizado como o previsto. Portanto, os professores foram incentivados a dar continuidade com a participação nos encontros do clube de programação. 4.2.2 Objetivos de aprendizagem/competências docentes Quanto aos objetivos de aprendizagem do curso de “Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para os professores do Ensino Fundamental da rede pública”, a formação de professores visa: 1. Promover a formação de profissionais que conduzam a aplicação das tecnologias educacionais, com foco particular no Pensamento Computacional, visando a solução de problemas relacionados ao ensino e à aprendizagem, de forma a atender demandas de naturezas diversas das instituições de ensino; 2. Possibilitar a continuidade formativa de docentes atuantes no Ensino Fundamental; 3. Construir colaborativamente conhecimentos que possibilitem o desenvolvimento de valores, competências, habilidades e capacidades que promovam um exercício profissional crítico-reflexivo através das tecnologias educacionais; 4. Estabelecer relação entre aspectos teóricos e práticos sobre o uso pedagógico das tecnologias digitais; 5. Propiciar experiências que contribuam para a inovação das práticas pedagógicas; 6. Viabilizar a execução do Desafio Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional. 62 Em relação a distribuição dos formadores por módulos do curso, cada dupla definiu, a partir dos temas elencados previamente pela equipe do Pensa RN, os objetivos de cada módulo. No Quadro 11 estão descritos os objetivos definidos previamente pelos formadores, para cada módulo do curso. Quadro 11 - Módulos e objetivos do curso de formação continuada Módulos do Curso Objetivos Específicos M 01 Programa de Inovação Educação Conectada 1. Conhecer o Programa Inovação Educação Conectada como uma política de contribuição para o fomento de tecnologias na escola; 2. Conhecer o Plano Nacional de Educação e os novos hábitos sociais com o uso de tecnologias a fim de empoderamento docente; 3. Analisar o contexto escolar apontando os recursos disponíveis e as possíveis oportunidades pedagógicas com uso de tecnologias educacionais. M 02 Currículo de Referência em Tecnologia e Computação 1. Perceber a relação entre a Base Nacional Comum Curricular; 2. Conhecer currículos de outros países contando com as tecnologias digitais e metodologias inovadoras na Educação Básica; 3. Conhecer o currículo de Referência em Tecnologia e Computação: cultura digital, tecnologia digital e Pensamento Computacional. M 03 Pensamento Computacional 1. Conhecer caminhos para incentivar o Pensamento Computacional nas escolas por meio de jogos plugados, desplugados e linguagem de blocos. 2. Conhecer caminhos para incentivar o Pensamento Computacional nas escolas por meio de atividades e jogos desplugados. 3. Compreender o conceito de Pensamento Computacional e suas dimensões. 4. Exercitar a decomposição, reconhecimento de padrões, abstração e elaboração de algoritmos. M 04 Olimpíadas de Conhecimento 1. Compreender os benefícios para os alunos / professores / escolas; 2. Conhecer as principais olimpíadas e como participar; 3. Entender a relação das Olimpíadas e os estudantes com Altas Habilidades; 4. Compreender as habilidades que são avaliadas nas olimpíadas. M 05 Pensa RN 1. Compreender a importância do Pensa RN para os alunos, professores e escolas; 2. Conhecer as principais ações do programa; 3. Compreender como a avaliação diagnóstica está sendo construída. M 06 Prática do Pensamento Computacional com Computação Desplugada 1. Criar um artefato interdisciplinar alinhado ao Pensamento Computacional apoiado na abordagem desplugada; 2. Relembrar o conceito de Pensamento Computacional.; 3. Relembrar o conceito de Computação Desplugada; 4. Conhecer modelos de atividades interdisciplinares envolvendo Pensamento Computacional; 63 5. Vivenciar atividades práticas e identificar as habilidades do Pensamento Computacional de acordo com o Currículo de Referência em Tecnologia e Computação; 6. Expressar, a partir de correlações com sua prática educativa, possibilidades de integração do Pensamento Computacional com sua área de conhecimento por meio da abordagem desplugada; 7. Expressar, por meio dos artefatos, as competências relacionadas às habilidades do Pensamento Computacional. M 07 Prática do Pensamento Computacional com a Hora do Código 1. Praticar o Pensamento Computacional utilizando a Hora do Código. M 08 Prática do Pensamento Computacional com Scratch 1. Praticar o Pensamento Computacional utilizando a Scratch. M 09 Prática de Observação da Execução de Clube deprogramação 1. Acompanhar a execução do Clube de programação para compreender como o clube poderá funcionar na própria escola. M 10 Prática de Avaliação Diagnóstica das Habilidades do Pensamento Computacional Não realizado Fonte: elaborado pelos autores. 4.2.3 Metodologias e estratégias No curso de formação continuada em Pensamento Computacional foram aplicadas diversas metodologias e estratégias de ensino. Algumas dessas estratégias estão bastante consolidadas na área de educação e outras que ainda estão crescendo vertiginosamente. De forma geral, no Quadro 12 estão resumidas as metodologias e estratégias utilizadas em cada módulo. Quadro 12 - Módulos X metodologias e estratégias utilizadas Módulos Metodologias e estratégias utilizadas M 01 Exposição dialogada e World Café, análise FOFA e 5W2H M 02 Exposição dialogada e exercícios para internalização dos conceitos e temas estudados no módulo. M 03 Exposição dialogada, Computação Desplugada, computação plugada e aprendizagem baseada em jogos. M 04 Exposição dialogada e design thinking. M 05 Exposição dialogada. M 06 Exposição dialogada, Computação Desplugada e aprendizagem baseada em jogos. M 07 Atividades práticas, individuais, seguindo as orientações institucionais da plataforma. M 08 Atividades práticas, individuais, seguindo as orientações institucionais da plataforma. 64 M 09 não se aplica M 10 não se aplica Fonte: elaborado pelos autores. 4.2.3.1 World Café, análise FOFA e 5W2H O World Café, a análise FOFA e o 5W2H foram estratégias selecionadas de acordo a proposta do módulo do Programa de Inovação Educação Conectada (PIEC), que visava trabalhar as suas dimensões e estimular uma mudança de mentalidade dos professores a partir do uso das TDIC e de metodologias inovadoras na escola. O programa, criado em 2017, prevê entre outras ações, formações continuadas para os professores utilizarem os recursos digitais disponíveis na escola (BRASIL, 2020). A crítica recente ao PIEC está relacionada à ausência de ações inclusivas para melhoria das tecnologias digitais nas residências dos estudantes. O PIEC centra suas ações em quatro dimensões, a saber: visão, competência, recursos educacionais e infraestrutura. O World Café, a análise F.O.F.A e o 5W2H são estratégias indicadas e utilizadas no curso de articuladores do Programa de Inovação Educação Conectada para elaboração do projeto de inovação das escolas (AVAMEC, 2020). O World Café é uma metodologia de conversa em grupo utilizada em muitos países. A técnica é bastante útil para estimular o diálogo, a criatividade, exploração de temas relevantes comuns a todos do grupo, além possibilitar ambiente propício para que a inteligência coletiva possa surgir (TEZA, 2013). Durante a aplicação da metodologia, os participantes são separados em grupos distribuídos em estações, em rodízio, trabalhando no que é proposto em cada uma das estações. À medida que o anfitrião sinaliza a troca, os participantes trocam de estação. Assim, todas as pessoas participam das contribuições sem repetição, produzindo um registro estruturado, que facilita na síntese do que foi coletado. A análise F.O.F.A. é uma análise construída utilizando como instrumento a matriz F.O.F.A que é um acrônimo para Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (do inglês, SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats) e costuma ser utilizada no planejamento estratégico de empresas. De acordo com o site Nossa Causa , a matriz tem sido2 amplamente adotada nos setores públicos e no terceiro setor, por ser um instrumento simples que possibilita uma melhor eficácia na análise do contexto. 2 http://nossacausa.com/matriz-swot-em-organizacoes-de-terceiro-setor/ http://nossacausa.com/matriz-swot-em-organizacoes-de-terceiro-setor/ 65 A matriz apresenta, de forma estruturada, os dados do diagnóstico e do mapeamento, separando os aspectos fortes e os fracos em que se pode investir para aumentar o sucesso de uma ação. Considera nos pontos fortes, forças e oportunidades internas e externas às organizações, neste caso às escolas. Nos pontos fracos, leva-se em consideração também os contextos externos e internos, mas neste caso, fraquezas e ameaças que a escola pode enfrentar para execução de seu projeto de inovação. De acordo com o site , o 5W2H é uma metodologia para construção de projetos em3 que se trabalha com perguntas objetivas para estimular a reflexão e elaboração do documento síntese. Conforme apresentado na Figura 4, a partir dessa metodologia é possível construir o design inicial do projeto, considerando seus objetivos e etapas, justificativas, recursos (pessoais ou não), método, custos e prazos para execução e o local de desenvolvimento. No manual do curso de articuladores do Programa de Inovação Educação Conectada (2020), as perguntas que compõem a metodologia são indicadas para construção e acompanhamento dos projetos de inovação das escolas. Figura 4 - 5W2H Fonte: www.agarreseusucesso.com.br/5w2h-entenda-o-que-e/ 4.2.3.2 Computação plugada e desplugada Para estimular o PC, independente da idade, há basicamente duas maneiras. A primeira, mais difundida e popular, sem dúvida é a plugada. A computação plugada consiste no ensino da Ciência da Computação, do Pensamento Computacional e Programação utilizando recursos digitais, como computadores, smartphones ou tablets, com ou sem acesso a internet. Esse ensino foi impulsionado pelo professor Seymour Papert, quando criou a 3 https://uvagpclass.wordpress.com/2017/03/30/simplifique-sua-gestao-de-processos-com-a-metodologia-5w2h/ https://uvagpclass.wordpress.com/2017/03/30/simplifique-sua-gestao-de-processos-com-a-metodologia-5w2h/ 66 linguagem de programação Logo e iniciou suas pesquisas no MIT com crianças da educação infantil (PAPERT, 1994). A Computação Desplugada, de outra maneira, refere-se ao ensino dos fundamentos da Ciência Computacional, do Pensamento Computacional e da programação sem a utilização de recursos digitais ou internet (BELL et al., 2011). Nessa abordagem de ensino, os conceitos e habilidades relacionadas à Computação são apresentados e trabalhados utilizando atividades impressas, materiais como jogos educativos e atividades gamificadas. Atualmente, o Pensamento Computacional também pode ser estimulado mediante a utilização de estratégias híbridas, como no caso da robótica, utilizando materiais, componentes e linguagens de programação ou kits específicos para a Educação Básica (ZANETTI; OLIVEIRA, 2015). 4.2.3.3 Design thinking Segundo Filho Martins et al. (2015), o design thinking é uma metodologia difundida por Tim Brown (2010) e pode ser compreendida como uma estratégia para o desenvolvimento da criatividade e da inovação. Para Gonsales (2014), o Design Thinking direcionado para educadores é uma abordagem estruturada que tem como objetivo gerar e aprimorar ideias, a partir de cinco fases, conforme observado na Figura 5, que colaboram entre si para a descoberta, compreensão, ideação, elaboração e avaliação de soluções para situações do contexto escolar. Figura 5 - Fases do Design thinking Fonte: Tim Brown (2010) . 4.2.3.4 Aprendizagem baseada em jogos A aprendizagem baseada em jogos, segundo Mattar (2010), é uma abordagem de ensino em que os estudantes podem aprender diversos temas e desenvolver diversas habilidades. Mattar (2010) apoia sua definição de aprendizagem em Prensky (2001), que 67 fundamenta a aprendizagem baseada em jogos em duas premissas. A primeira premissa defende que os estudantes não são mais os mesmos de antigamente e a segunda que eles assumem uma condição diferente porque são nativos de uma sociedade altamente digital. Na aprendizagem baseada em jogos, os jogos são utilizados como estratégias para aprender conceitos ou para desenvolver habilidades que se deseja estimular nos estudantes. Esses jogos podem ser digitais ou físicos, comerciais ou educacionais, todavia, devem ser selecionados para alcançar objetivos de aprendizagem previamente definidospelos professores. Quanto ao papel do professor, este atuará como motivador, estruturador das habilidades e competências a serem alcançadas pelos estudantes e facilitador do processo de consolidação da aprendizagem, ajudando-os a refletirem sobre o que está sendo aprendido (PRENSKY, 2012). 4.2.4 Seleção e desenvolvimento do material didático Os materiais didáticos foram selecionados, elaborados e utilizados, no curso de formação de professores do Pensa RN, pelos formadores e estão disponíveis nas plataformas digitais e em links disponibilizados pelos autores e descritos nas subseções desta seção. No Quadro 13 estão elencados os materiais, recursos e instrumentos que foram utilizados em cada módulo do curso ora descrito. Os materiais utilizados nos módulos são semelhantes àqueles que foram encontrados na revisão sistemática de literatura. Entre eles estão o uso da programação visual Scratch, Code.org, atividades gamificadas e Computação Desplugada. Quadro 13 - Materiais didáticos utilizados em cada módulo Módulos do Curso Material/Recursos/Instrumentos M 01 Programa de Inovação Educação Conectada Slides, projetor multimídia, instrumentos de FOFA (SWOT), World Café, 5W2H, cartolinas, lápis de cor. M 02 Currículo de Referência em Tecnologia e Computação Slides, currículo do CIEB, computadores, planos de aulas do Programaê, projetor multimídia. M 03 Pensamento Computacional Slides, computadores, projetor multimídia, atividades estacionamento e cupcakes, StarMaker, os jogos Compute-it e Lightbot, fita adesiva colorida e lápis grafite. M 04 Olimpíadas de Conhecimento Slides, computadores e projetor multimídia. M 05 Pensa RN Slides, computadores e projetor multimídia. M 06 Prática do Pensamento Computacional com Computação Desplugada Slides, computadores e projetor multimídia, fita adesiva para piso, jogo “caça Pensamento Computacional''. 68 M 07 Prática do Pensamento Computacional com a Hora do Código Slides, computadores, projetores, Hora do Código. M 08 Prática do Pensamento Computacional com Scratch Slides, computadores, projetores, Scratch. M 09 Prática de Observação da Execução de Clube de programação Code.org, computadores, projetores. M 10 Prática de Avaliação Diagnóstica das Habilidades do Pensamento Computacional Não realizado Fonte: elaborado pelos autores. Em relação aos materiais do tipo slides, estes foram elaborados e produzidos pelos formadores no âmbito da formação continuada do curso de extensão do Pensa RN. Quanto ao Currículo de Referência em Tecnologia e Computação, este documento foi disponibilizado em formato digital para os participantes, no site do Centro de Inovação para Educação Brasileira4 (CIEB). Os demais materiais, recursos e instrumentos utilizados pelos formadores nos módulos do curso de extensão estão descritos nas subseções seguintes. Em relação ao uso das plataformas Hora do Código , Scratch e Code.org , assim5 6 7 como dos jogos Compute-it e Lightbot , neste trabalho esses recursos serão apenas citados8 9 em seus respectivos módulos. Considera-se que há na literatura uma vasta produção acadêmica que apresenta e/ou descreve esses recursos em experiências formativas com estudantes e/ou professores em que esses recursos foram visto ou utilizados (CAVALCANTE et al., 2016; MARTINS et al., 2016; VON WANGENHEIM et al., 2014; ANDRADE; OLIVEIRA, 2013; KAMINSKI; BOSCARIOLI, 2019) não sendo, portanto, necessário descrevê-los novamente aqui. 4.2.4.1 Instrumentos do World Café, Análise de FOFA e 5W2H Os instrumentos do World Café, da análise FOFA e do 5W2H, confeccionados em papel ofício e distribuídos para os participantes do curso de forma impressa, foram selecionados a partir do curso do Programa de Inovação Educação Conectada disponível no AVAMEC . No curso, esses instrumentos são apresentados como estratégias que poderiam10 10 https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/seb/curso/3801/informacoes 9 https://lightbot.com/ 8 https://compute-it.toxicode.fr/ 7 https://code.org/ 6 https://scratch.mit.edu 5 https://hourofcode.com/br 4 https://curriculo.cieb.net.br/ https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/seb/curso/3801/informacoes https://lightbot.com/ https://compute-it.toxicode.fr/ https://code.org/ https://scratch.mit.edu https://hourofcode.com/br https://curriculo.cieb.net.br/ 69 ser incorporadas às formações dos professores para a construção dos projetos de inovação de suas respectivas escolas. Nas Figuras 6, 7 e 8 são apresentados, respectivamente, os instrumentos do World Café, análise FOFA e 5W2H utilizados pelos professores durante o módulo sobre o Programa de Inovação Educação Conectada, visando construir uma proposta de atuação docente em que se considerasse o contexto das escolas públicas. Figura 6 - Roteiro do World Café Fonte: avamec. A análise FOFA foi uma estratégia utilizada no primeiro módulo, servindo para ajudar a construir cenários possíveis para a integração das TDIC e, posteriormente, para o ensino do PC nas escolas. Figura 7- Análise FOFA Fonte: avamec. Figura 8 - Metodologia 5W2H para construção de projetos 70 Fonte: avamec. Além de entregar esses instrumentos de forma impressa, foi necessário entregar também borrachas e lápis, assim como outros materiais como post-its, cartolinas, lápis de cor e hidrocor para que os participantes pudessem construir seus projetos. 4.2.4.2 Atividade “Estacionamento” A atividade de “Estacionamento” está disponível no site Pensamento Computacional .11 A atividade foi selecionada por possibilitar trabalhar as dimensões do Pensamento Computacional - decomposição, abstração, reconhecimento de padrão e algoritmo - de forma desplugada. A atividade consiste em remover o “carro X” do estacionamento. Para retirar o “carro X” do estacionamento é necessário remover primeiro o bloqueio provocado pelos carros e caminhões que estão na frente da saída do estacionamento. Na folha de respostas devem ser registrados os comandos de seta para cima, seta para baixo, seta para esquerda e seta para direita, para construir o algoritmo adequado para remover o carro do estacionamento. Conforme apresentado na Figura 9, a atividade “Estacionamento” é composta por um tabuleiro com os carros e caminhões, uma lista de desafios no nível iniciante e uma folha de respostas. Para desenvolvimento dessa atividade, todos materiais devem ser impressos, assim 11 https://www.computacional.com.br/ https://www.computacional.com.br/ 71 como se faz necessário distribuir lápis e borrachas para que os participantes possam resolver a atividade. Figura 9 - Atividade Estacionamento Fonte: www.computacional.com.br/#atividades 4.2.4.3 Atividade “Cupcakes” A atividade de “Cupcakes” também está disponível no site do Pensamento Computacional. A atividade foi selecionada por possibilitar trabalhar, principalmente, com as dimensões de abstração, reconhecimento de padrão e algoritmo do Pensamento Computacional, de forma desplugada. Conforme apresentado na Figura 10, a atividade “Cupcakes” é composta apenas de uma folha, que contém as instruções e as atividades que devem ser resolvidas para que os cupcakes possam ser fabricados. Para desenvolvimento dessa atividade, também se faz necessário distribuir folha de rascunho, lápis e borrachas para que os participantes possam executar a atividade. Figura 10 - Atividade Cupcakes Fonte: www.computacional.com.br/#atividades 72 A atividade consiste em remover construir os cupcakes a partir da construção de procedimentos, chamados de P1, P2 [...]. Na folha de respostas devem ser registrados os comandos traço (-), massa e cobertura conforme apresentado nas alternativas de C a L. Também deve-se identificar os padrões presentes para ganhar tempo e construir o algoritmo considerando a economia de código. 4.2.4.4 Jogo “StartMaker” O StartMaker é um jogo para introdução do Pensamento Computacional com Foco na Programação Desplugada (COSTA et al., 2018) e foi elaborado no âmbito do Programa de Pós-graduação em Inovação em TecnologiasEducacionais - PPgITE do Instituto Metrópole Digital da UFRN. Apesar dos autores não terem disponibilizado os materiais do jogo para impressão, a equipe de formação do curso de extensão construiu os comandos com base nas orientações apresentadas no respectivo jogo (COSTA et al., 2018). Na Figura 11 é possível observar os comandos e o tabuleiro do jogo, que pode ser aplicado utilizando um tabuleiro impresso ou desenhado em um área livre da escola, mediante a utilização de fitas adesivas, cordas ou azulejos e cerâmicas disponíveis no espaço. Figura 11 - Jogo StartMaker Fonte: COSTA et al. (2018) Antes de iniciar o jogo, faz-se necessário dividir os participantes em grupos, cada um contando com pelo menos três componentes. Cada componente deve assumir uma função dentre as seguintes possibilidades: robô, programador ou interpretador. Os programadores devem programar o robô, utilizando os comandos anteriormente apresentados na Figura 11, para conseguir obter a maior pontuação. Os participantes, na condição de interpretadores, devem fazer a leitura dos comandos exatamente como estão descritos, para que os robôs executem o que foi programado pelos programadores. 73 Este jogo foi selecionado por trabalhar conceitos relacionados ao Pensamento Computacional de forma desplugada, utilizando materiais disponíveis na escola. Mesmo que a escola não disponha de papel e impressora, será possível aplicá-lo em espaços físicos como pátio ou sala de aula, usando folhas de caderno e lápis grafite. Além disso, com este jogo é possível trabalhar todas as dimensões do PC e ainda integrá-las às disciplinas do currículo da Educação Básica. 4.2.4.5 Jogo “Caça Pensamento Computacional” O jogo “Caça pensamento Computacional” tem como objetivo estimular o PC de forma integrada ao componente de Matemática para trabalhar com descritores específicos da prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) (BULCÃO et al., 2019). Na Figura 12 é possível identificar o tabuleiro, algumas cartas de perguntas e algumas cartas de comandos que devem ser impressas e entregues aos participantes. O tabuleiro pode ser impresso ou utilizar azulejos, cerâmicas ou fitas gomadas para construí-lo no chão. Figura 12 - Jogo Caça Pensamento Computacional Fonte: Bulcão et al. (2019) Semelhante ao jogo anteriormente apresentado na seção 4.2.4.4, este jogo também utiliza três personagens como referência, centra sua proposta de uso na colaboração e gamificação para estimular nos estudantes a abstração, decomposição, reconhecimento de padrões e algoritmos. Além de estimular os pilares do PC, esse jogo ainda trabalha os conceitos sobre malha quadriculada, número inteiros, números negativos, linhas, colunas e figuras planas. A seleção deste jogo evidencia a necessidade de apresentar possibilidades concretas e exequíveis de integração do Pensamento Computacional à prática pedagógica dos professores. Sendo um jogo que estimula o Pensamento Computacional contextualizado ao ensino da Matemática, ele poderia favorecer a compreensão dos professores sobre a contextualização em suas respectivas áreas de conhecimento. 74 Essa contextualização poderia ocorrer de formas diferentes. Em uma visão menos inovadora, os professores poderiam trocar as cartas envolvendo os problemas matemáticos por outras com desafios de suas respectivas áreas de conhecimento. Em uma perspectiva inovadora, o jogo poderia servir de inspiração para os professores proporcionarem aos estudantes a construção de um jogo semelhante em que fosse trabalhado um problema comum a todos eles ou de interesse deles, envolvendo a aplicação dos pilares do Pensamento Computacional desde a identificação do problema até a elaboração do artefato. 4.2.5 Avaliação dos participantes Em relação a avaliação dos professores, esta ocorreu de forma contínua e formativa utilizando-se de diversos materiais e produções dos professores durante o curso de formação continuada como, por exemplo, trilhas de aprendizagem, participação ativa nos módulos, criação de artefatos de jogos ou animações nos ambientes de programação visual e observação subjetiva dos formadores ministrantes do curso, além do formulário de avaliação do curso que mensura o sentimento do professor sobre capacidade de replicar a experiência formativa com seus estudantes. Entretanto, em relação a certificação, para que o professor recebesse o certificado, seria necessário apenas que ele obtivesse, até o término da formação, a frequência mínima de 75%. Sendo esse o único critério para a certificação no curso. 4.2.6 Avaliação do curso presencial A avaliação do curso ocorreu mediante o formulário eletrônico e anotações de reunião com formadores, para avaliação da experiência formativa realizada, registrada pela pesquisadora. O formulário, composto por 23 questões para serem respondidas de forma anónima, foi construído com o objetivo de levantar o perfil dos professores, o nível de satisfação com os módulos construídos e desenvolvidos na formação, o nível de satisfação de aprendizagem, o que os professores aprenderam e se sentem capazes de integrar o Pensamento Computacional nas práticas docentes. Além disso, foi proposto também questões para saber a opinião dos professores sobre o que foi bom, o que não foi bom e o que poderia ser melhorado no design do curso. A avaliação do curso ocorreu mediante a aplicação de um formulário elaborado com questões abertas e fechadas, conforme indicado por Gil (2008), quais sejam: (a) avaliação da estrutura do curso; (b) impacto do curso na formação dos professores; (c) aplicação do Pensamento Computacional nas escolas; e (d) avaliação subjetiva da formação. No Quadro 14 75 estão as unidades temáticas do questionário e as variáveis verificadas para compor, posteriormente, o relatório de análise do curso. Quadro 14 - Unidades temáticas e as questões do formulário Unidade temática / Questões do formulário Unidade temática - Perfil dos professores Idade, Gênero, Formação inicial, Formação continuada e Tempo na docência Unidade temática - Nível de satisfação e qualidade do curso Em que medida o curso de extensão em Pensamento Computacional atendeu às suas necessidades formativas? Como você avalia a QUALIDADE do curso de extensão em Pensamento Computacional? Unidade temática - Nível de satisfação a aprendizagem no curso Em que medida o curso de extensão em Pensamento Computacional possibilitou você saber o que é Pensamento Computacional? Em que medida o curso de extensão em Pensamento Computacional fez você se sentir confiante para aplicar o Pensamento Computacional com seus alunos? Em que medida o curso de extensão em Pensamento Computacional contribuiu para que você criasse construtos (materiais didáticos, atividades desplugadas, roteiros de aprendizagem) adaptados ao tema, para aplicação em sala de aula? Em que medida os módulos do curso de extensão em Pensamento Computacional se mostraram necessários para que você se sentisse capaz de implementar o que aprendeu no curso à sua prática de ensino? Se informou que alguns módulos foram desnecessários ou indiferentes, explique o porquê de você achar isso. Quais outros conteúdos e/ou módulos você sugeriria para o curso? Em que medida o curso de extensão em Pensamento Computacional motivou você a aplicar o que aprendeu no curso em sua prática de ensino? Você aplicou o Pensamento Computacional com seus alunos? Unidade temática - Integração do PC à prática educativa dos professores Qual(is) atividade(s) relacionada(s) ao Pensamento Computacional você aplicou com seus alunos DURANTE o curso? Qual(is) atividade(s) relacionada(s) ao Pensamento Computacional você aplicou com seus alunos DEPOIS que finalizou o curso? Por que você não aplicou o Pensamento Computacional com seus alunos? Você ainda pretende aplicar atividades sobre Pensamento Computacional com seus alunos? Unidade temática - Opinião pessoal dos cursistas sobre o curso O que foi bom no curso? O que não foi bom no curso? Quais melhoriasvocê sugere para o curso? Fonte: elaborado pelos autores. Quanto às anotações registradas pela pesquisadora durante a reunião de avaliação do curso, essas foram devidamente analisadas considerando os apontamentos e sugestões de melhoria que, posteriormente, seriam incorporadas no modelo de uma segunda versão da formação. 4.2.7 Perfil dos formadores do curso O curso foi desenvolvido por dez formadores de diversas áreas do conhecimento, todos em nível de pós-graduação stricto sensu, a grande maioria em nível de mestrado. 76 Apenas um formador informou não ter nenhuma experiência docente no ensino do Pensamento Computacional na Educação Básica, seja com estudantes, seja com professores. Os formadores do curso de extensão “Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para os professores do Ensino Fundamental da rede pública” foi composto por cinco mulheres e cinco homens, com média de idade de 32 anos. Quanto à formação, a equipe tinha duas Pedagogas, dois Licenciados em Matemática, um Filósofo, uma Licenciada em Informática, uma Psicóloga, dois Engenheiros em Computação e um Bacharel em Tecnologia da Informação. É importante destacar que a equipe do Pensa RN não recebe nenhum recurso de monitoria ou ajuda de custo. Os formadores foram impelidos a contribuir de forma voluntária, colaborativa na formação continuada dos professores. 4.3 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO CONTINUADA EM PENSAMENTO COMPUTACIONAL - VERSÃO 1 O curso “Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para os professores do Ensino Fundamental da rede pública” tem como público-alvo os professores do Ensino Fundamental anos finais. Em sua primeira edição, ocorrido entre os meses de setembro a novembro de 2019, o curso abriu 60 vagas, recebeu 52 inscrições, teve 40 inscritos que participaram de pelo menos uma parte do curso, sendo finalizado por 22 professores. 4.3.1 Aplicação do curso de PC presencial No módulo 01, foi utilizada a dinâmica do World Café. Os participantes se organizaram em grupos e refletiram sobre as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças (Matriz FOFA). No segundo momento houve a utilização da ferramenta para planejamento estratégico 5W2H, com vistas a estimular nos professores uma nova perspectiva acerca da realidade de suas escolas. Organizados em grupos, os professores se reportaram às reflexões levantadas no World Café para construir e propor soluções frente às dimensões PIEC, desenvolvendo práticas inovadoras que fossem possíveis de serem aplicadas em suas respectivas escolas. Inicialmente, os professores tiveram dúvidas sobre como poderiam propor soluções para os problemas enfrentados em suas instituições de ensino. Eles alegaram que a maioria dos problemas enfrentados estava relacionada à infraestrutura tecnológica, em razão da escassez de materiais disponíveis nas escolas. 77 Para a surpresa de todos, embora fossem de escolas distintas, muitos dos problemas eram semelhantes, o que possibilitou aos professores a concepção de soluções que poderiam ser aplicadas em qualquer uma das escolas representadas. Na Figura 13 é possível observar dois grupos de professores apresentando seus projetos. Figura 13 - Apresentação projetos desenvolvidos no módulo 1 Fonte: Pensa RN/2019 Destaca-se, no entanto, que quase todos os grupos de professores propuseram soluções que não dependiam deles para serem desenvolvidas. Entre as soluções indicadas pelos professores estavam a compra de equipamentos de informática, a melhoria na administração e gestão dos recursos da escola, a oferta de formações continuadas na própria escola, a promoção de eventos para arrecadação de fundos, etc. Foram poucos os professores que apontaram para a necessidade de uma nova ecologia na escola, em que eles pudessem ser protagonistas, juntamente com os estudantes, em práticas envolvendo atividades e ações colaborativas e inovadoras, trabalhando com metodologias ativas e com os recursos disponíveis dentro e fora da escola, independentemente da utilização de tecnologias digitais. Essa observação foi extremamente valiosa para que nos módulos seguintes fossem reforçadas as situações de aprendizagem colaborativa, estimulando os professores para refletirem sobre o que, como, para quê e porquê utilizar as tecnologias disponíveis na escola para a integração do Pensamento Computacional em sua prática de ensino. No módulo 02, os professores tiveram que selecionar e analisar um plano de aula do portal do Programaê para compreender como os planos de aulas foram criados e como poderiam ser aplicados em suas realidades de ensino. A proposta do módulo era apresentar aos professores os materiais e os recursos disponíveis que poderiam ser aplicados com seus alunos. Após essa exploração dos materiais, os professores analisaram um plano de aula voltado ao ensino da Educação Física para os estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental. Neste módulo ficou evidente que muitos professores não apresentavam muita familiaridade com os recursos tecnológicos digitais. Além dessa constatação ser um dado 78 bastante significativo, que pode influenciar a permanência ou não dos professores no curso, esta informação também aponta para os desafios que o Brasil ainda terá que superar para integrar as tecnologias digitais de forma inovadora, como recursos de criação, colaboração e transformação social, conforme apontado também pelos professores do curso. Além das dificuldades em localizar o portal do Programaê e navegar nele, os professores também tiveram dificuldades em compreender o objetivo da atividade proposta, demonstrando assim a necessidade de ter que trabalhar o básico do uso dos sistemas computacionais. No módulo 03, o objetivo era contribuir com a formação dos professores no sentido de estimular a compreensão sobre o que é o PC, sua relação com a educação e como poderia ser integrado à prática de ensino nas diversas áreas de conhecimento. Para alcançar esses objetivos, no módulo foram utilizadas as seguintes estratégias didáticas nos encontros: apresentação dialogada de slides sobre a contextualização do módulo e teóricos do Pensamento Computacional; discussão colaborativa sobre o tema do encontro de formação; e o direcionamento sobre a trilha integrando Pensamento Computacional à prática de ensino dos professores. Para além, foram propostos momentos de vivências colaborativas, envolvendo atividades utilizando programação plugada e desplugada, por meio da atividades “Cupcakes” e “Estacionamento” e os jogos Compute-it e Lightbot que possibilitaram trabalhar os pilares do Pensamento Computacional. Quanto à experimentação da computação plugada, esta ocorreu de forma individual no laboratório de informática e foi direcionada com base em diversas questões, tais como: “Você consegue aplicar as dimensões do Pensamento Computacional?”; “Em qual(is) situação(ões) você aplicou a abstração, a decomposição, o reconhecimento de padrões e a elaboração de algoritmo no jogo?”. Em relação à vivência utilizando a Computação Desplugada, os professores foram organizados em quatro grupos compostos por cinco a seis componentes. As atividades desplugadas foram organizadas em quatro estações em que os professores passavam de atividade em atividade, trocando-as em intervalos de 30 a 40 minutos. A Figura 14 apresenta alguns registros da aplicação das dinâmicas com os professores. Figura 14 - Professores resolvendo atividades de Computação Desplugada 79 Fonte: Pensa RN/2019 Quanto à avaliação dos professores, para além dela ocorrer de forma processual e formativa, também foi solicitado aos professores a elaboração e aplicação de uma prática pedagógica integrada ao Pensamento Computacional. Em relação a avaliação do módulo também foi realizada aplicação de formulário on-line para validar as metodologias, estratégias, recursos utilizados e a linguagem adotada pelos formadores durante os encontros. A avaliação dos encontros formativos não foi obrigatória. Portanto, apenas 16 professoresavaliaram o módulo. Para os professores, o tempo dedicado ao módulo, a metodologia empregada, os recursos utilizados, o domínio apresentado pelos formadores e a clareza na comunicação se mostraram de acordo com as suas expectativas, ficando com variações entre quatro e cinco pontos, considerando uma escala de um a cinco. Em relação à produção dos planos de aula integrando o PC, todos os professores produziram trilhas de aprendizagem, em alguns casos de forma colaborativa. As trilhas foram aplicadas posteriormente com os estudantes de várias escolas da rede estadual de ensino, conforme evidenciado pelo formulário de avaliação aplicado no final do curso. Destaca-se que essas propostas de ação pedagógica serão disponibilizadas para consulta no portal do Pensa RN. No módulo 04, os formadores apresentaram os benefícios para os alunos, professores e escolas em participar das olimpíadas brasileiras de conhecimento, inclusive para ajudar a identificar possíveis casos de estudantes com altas habilidades. Após a aplicação inicial dos conceitos durante a apresentação dialogada sobre os temas do encontro, os professores foram organizados em grupos de seis componentes. Em seguida, foram sorteadas as olimpíadas para que cada grupo pudesse se aprofundar e trazer informações para o grande grupo. Os professores deveriam elaborar uma apresentação sobre o tema do encontro e, depois, apresentar para a turma os seus achados. 80 Por meio dos slides criados de forma colaborativa pelos professores foi possível perceber que estes conseguiram entender como esses eventos estão organizados, quais recursos são necessários e utilizados nas olimpíadas e, principalmente, sobre a importância desses eventos educacionais para descobrir novos talentos. No módulo 05 ocorreu a apresentação do Pensa RN, indicando sua importância, suas principais ações e explicação de como a avaliação diagnóstica está sendo construída. O módulo ocorreu de forma teórica, utilizando-se basicamente de apresentação dialogada sobre o tema, não havendo nenhuma produção concreta para ser elaborada pelos professores. Entretanto, esta ação foi importante para que os professores tivessem clareza sobre a dimensão do trabalho proposto, visando colaborar para a construção de um ecossistema de inovação e mudanças em suas práticas docentes, impactando assim na vida dos estudantes envolvidos nos clubes de programação em suas escolas. No módulo 06, de Pensamento Computacional com Computação Desplugada, o objetivo consistiu em estimular vivências práticas dos professores na aplicação de recursos utilizando Pensamento Computacional mesmo em situações de extrema escassez tecnológica digital. No módulo, foram utilizadas as seguintes estratégias: apresentação dialogada sobre o tema, dinâmica gamificada e aplicação do jogo da “Caça Pensamento Computacional”, conforme apresentado na Figura 15. Figura 15 - Aplicação do jogo “Caça Pensamento Computacional” Fonte: Pensa RN/2019 Neste módulo não foi solicitado aos professores nenhum planejamento com Pensamento Computacional desplugado. Entretanto, após este módulo, muitos professores compartilharam registros de aplicações de atividades de Computação Desplugada em suas escolas semelhantes às apresentadas neste módulo e no módulo de Pensamento Computacional, conforme pode ser observado na Figura 16. Essa disposição em aplicar o 81 Pensamento Computacional sem solicitação explícita dos formadores sugere que a formação serviu para incentivá-los, mostrando-os como desenvolver práticas educativas integradas ao Pensamento Computacional. Figura 16 - Atividade de Computação Desplugada aplicadas nas escolas públicas Fonte: Pensa RN/2019 Nos módulos sete e oito, aos professores foram apresentados os recursos para desenvolvimento e aplicação de propostas utilizando a criação de narrativas e animações. Nestes módulos, os professores tiveram a oportunidade de navegar nas plataformas da Hora do Código e do Scratch, exercitando a programação, observando os jogos existentes e planejando um jogo para ser desenvolvido posteriormente. A Figura 17 apresenta registros dos encontros. Figura 17 - Práticas utilizando as plataformas da Hora do Código e do Scratch Fonte: Pensa RN/2019 Assim como no módulo de Computação Desplugada, os formadores envolvidos não solicitaram nenhuma atividade de planejamento e aplicação de propostas envolvendo o novo conhecimento adquirido pelos professores. Todavia, mesmo sem ter sido uma solicitação do módulo, os professores não deixaram de aplicar a computação plugada com os alunos. A Figura 18 apresenta evidências da aplicação desse novo conhecimento na prática educativa 82 dos docentes nas escolas, que também são mostradas em vídeo disponibilizado no canal do12 Pensa RN. Figura 18 - Práticas nas plataformas da Hora do Código e do Scratch com os estudantes Fonte: Pensa RN/2019 Nos módulos 09 e 10, os professores foram convidados a participar das intervenções do clube de programação do Pensa RN, que estava sendo realizado no mesmo período com 120 alunos dos anos finais do Ensino Fundamental das escolas públicas. Os professores experienciaram a aplicação de diversas atividades de programação com várias ferramentas, compreendendo assim como um clube funciona e qual é o trabalho de mediação que precisa ser efetuado juntamente com os alunos. Um dos interesses principais desta participação dos professores no clube foi incentivá-los a criar clubes de programação nos seus próprios ambientes de trabalho, a fim de dar a oportunidade para os alunos das escolas públicas do RN. 4.3.2 Avaliação geral do curso presencial Em relação à avaliação da qualidade da formação, foram aplicados questionários anônimos durante e após a aplicação dos módulos do curso. Para coleta dos dados de avaliação, foram utilizados dois tipos de formulários on-line, estruturados para produzir um perfil do formador, perfil docente dos participantes e avaliação do impacto do curso, conforme apresentado na seção 4.3.2.2 e 4.3.2.3. Para além desses formulários, foram considerados também na avaliação dos professores, os materiais produzidos durante os módulos e a evasão no curso. 4.3.2.1 Perfil dos professores concluintes A avaliação foi respondida por 18 professores dos 40 que finalizaram o curso de formação, sendo oito formados em Pedagogia, três em Geografia, um em História, quatro em Matemática e dois em Língua Portuguesa. Quanto ao gênero, 55,6% dos professores eram do sexo femino e 44,4% do sexo masculino. 12 https://www.youtube.com/watch?v=TDRNDYyrk5k https://www.youtube.com/watch?v=TDRNDYyrk5k 83 4.3.2.2 Avaliação da estrutura do curso presencial Questionados sobre o quanto o curso de extensão em Pensamento Computacional atendeu às suas necessidades formativas em diferentes aspectos, os professores indicaram um alto nível de satisfação, uma vez que o curso mobilizou a construção de novas experiências de aprendizagem. Para 13 participantes do curso, a carga horária dos módulos foi considerada satisfatória para realização das atividades. Em relação ao formato presencial, 10 professores indicaram que a experiência foi muito satisfatória, dois indicaram como sendo satisfatória, um indiferente, um insatisfatório e quatro muito insatisfatório. Essa insatisfação apresentada por cinco professores indicou que eles preferiam experiências formativas on-line ou híbridas, em razão do cansaço do deslocamento até o campus central da UFRN em razão de morarem em municípios do interior do Estado. A organização dos módulos apresentados pela formação foi considerada muito satisfatória para nove professores, satisfatória para três, indiferente para um e muito insatisfatório para quatro professores. Esse dado revela a necessidade de melhoria na organização dos módulos, podendo ocorrer a renovação ou a reorganização deles de forma que possam dialogar entre si. Além disso, o número elevado de insatisfação pode sugerir também que não houve contextualização e diálogo entreos módulos a ponto dos professores perceberem as relações que existiam entre eles. Quanto aos materiais, recursos e as metodologias utilizadas na formação, 14 professores indicaram que estavam pelo menos satisfeitos e 4 indicaram insatisfação com os materiais, recursos e as metodologias utilizadas pelos formadores durante a aplicação dos módulos. Saber que os materiais, recursos e as estratégias metodológicas utilizadas foram bastante satisfatórios para os professores é importante para podermos continuar no processo de melhoria contínua, selecionando e elaborando os materiais a serem utilizados nas formações do Pensa RN. Além disso, ao avaliar os materiais, recursos e as metodologias utilizadas pelos formadores, os professores apontaram que a formação contribuiu para o estímulo e desenvolvimento de habilidades do conhecimento pedagógico do conteúdo e conhecimento pedagógico tecnológico, uma vez que conseguiram perceber relevância nos materiais e nas estratégias e recursos utilizados relacionados ao ensino do Pensamento Computacional, que podem ser replicados posteriormente pelos professores em suas próprias escolas. 84 A atuação dos formadores foi avaliada de modo satisfatório por 14 professores participantes do curso em relação à postura da mediação dos formadores da equipe de formação. 4.3.2.3 Impacto do curso na formação dos professores Em relação ao impacto do curso na formação dos participantes, 100% dos docentes indicaram que o curso possibilitou adquirir um bom conhecimento sobre o Pensamento Computacional, sendo que 61,1% indicaram que a experiência foi mais que satisfatória para a aprendizagem do tema. Essa análise dos professores sobre a aprendizagem do Pensamento Computacional está fortemente relacionada com o impacto que a formação conseguiu gerar para eles, estimulando-os na aquisição do conhecimento e colocando-os para vivenciar situações práticas que permitiram adquirir habilidades essenciais sobre o tema. Sobre a confiança para aplicar o Pensamento Computacional em suas práticas de ensino, 94,4% dos docentes indicaram que a formação proporcionou o surgimento da confiança necessária para desenvolver atividades envolvendo o PC nas escolas. Em relação aos conhecimentos pedagógicos do conteúdo e tecnológicos do conteúdo, 88,9% dos docentes afirmaram que a formação contribuiu satisfatoriamente para que pudessem criar materiais didáticos e atividades adaptadas ao tema para aplicação em sala de aula. 4.3.2.4 Aplicação do PC nas escolas da rede de ensino Quanto à transposição do conhecimento adquirido na formação para as escolas dos professores, 88,9% dos professores indicaram que aplicaram o Pensamento Computacional em suas práticas de ensino e aprendizagem. 16 professores desenvolveram atividades envolvendo o tema com seus alunos ainda durante o curso. Esses professores indicaram que utilizaram, principalmente, atividades desplugadas, conforme apresentado na Figura 19. Figura 19 - Atividades aplicadas com os estudantes durante o curso Fonte: elaborado pelos autores. 85 Questionados sobre a aplicação das atividades envolvendo o Pensamento Computacional nas suas respectivas áreas de conhecimento, juntamente com os estudantes após a finalização do curso, os resultados são semelhantes àqueles apresentados na Figura 19. Os dois docentes que não aplicaram o Pensamento Computacional em suas práticas de ensino com os estudantes alegaram motivos distintos. Um dos docentes informou que estava no cargo de gestor escolar e, portanto, não teria turma para realizar a aplicação. O outro docente informou que ainda não se sentia seguro o suficiente para desenvolver práticas de PC em suas ações pedagógicas. Apesar de não terem feito aplicação do PC com seus alunos, ambos docentes indicaram interesse em desenvolver atividades futuras sobre o tema nas suas práticas. 4.3.2.5 Avaliação subjetiva da formação presencial na perspectiva dos participantes No que se refere à avaliação subjetiva do curso, realizada pelos professores participantes, no Quadro 15 é possível observar as questões elaboradas e inseridas no formulário de avaliação, bem como o resultado da aplicação. A partir da análise subjetiva da avaliação é possível identificar que o curso atendeu às expectativas dos professores quanto aos aspectos relacionados à qualificação técnica dos formadores, a qualidade dos materiais e recursos empregados, metodologias adotadas e as atividades envolvendo os participantes. Isto indica que estes elementos do design de aprendizagem do curso se mostraram válidos e esses recursos e materiais poderão ser reutilizados, posteriormente, em outros contextos formativos. Em relação aos aspectos em que os professores consideraram pontos a serem melhorados, ficou claro que o modelo presencial do curso não atendeu em plenitude às demandas dos professores, visto que muitos participantes relataram que era cansativo, principalmente para quem era do interior do Estado. Segundo os professores, o cansaço era fruto de um dia inteiro de trabalho em mais de uma escola. Ademais, os professores passavam o dia inteiro ministrando aulas e ainda tinham que se deslocar duas vezes por semana até o curso, que tinha duração de três horas de aulas-relógio. Esse modelo de ensino, em que a presença física era necessária para execução do curso e desenvolvimento das atividades planejadas, além de ser visto pelos professores como algo negativo, pode ter sido também uma das causas de evasão no curso. Outro aspecto bastante significativo que também influenciou negativamente na permanência de alguns 86 professores no curso foi o fato deles terem pouca proficiência tecnológica, desistindo do curso tão logo começaram as atividades plugadas no laboratório de informática. Quadro 15 - Avaliação subjetiva dos professores sobre o curso de formação continuada Questões Resposta dos participantes O que foi bom? Possibilidade de conhecer o Pensamento Computacional e aprender mecanismos para melhorar a prática educativa; didática e recursos utilizados no curso; interação e colaboração com outros colegas; qualificação técnica dos formadores; aprendizado quanto ao uso de novas ferramentas digitais; vivências e realização de atividades com ênfase nas habilidades e competências da BNCC; curso ter sido presencial; aplicabilidade do tema no contexto escolar. O que não foi bom? Curso ter sido de curta duração; cortes de energia no local do curso; carga horária cansativa dos encontros semanais; horário avançado de término das aulas e deslocamento dos professores para suas respectivas residências; curso em formato totalmente presencial; falta de objetividade na apresentação de algumas atividades; módulo das olimpíadas cansativo; distância de casa e cansaço após dia de trabalho; encontros aos sábados no clube de programação. Quais melhorias você sugere para o curso? Ampliar a carga horária do curso; desenvolver mais atividades práticas; aumentar a duração de alguns módulos, como de olimpíadas e de Computação Desplugada; propor novos módulos para a continuidade do curso; evoluir o curso para transformá-lo em curso de especialização; refletir sobre a acessibilidade no desenvolvimento das atividades; disponibilizar mais tempo para os momentos de planejamento das atividades e aplicação das mesmas em sala de aula; adotar o formato semipresencial para propor atividades a distância; elaborar materiais teóricos para estudo; disponibilizar materiais em AVA; explorar a aprendizagem baseada em projetos. Fonte: elaborado pelos autores. Quanto às melhorias, os professores indicaram basicamente uma necessidade de aumento da carga horária de atividades práticas, principalmente envolvendo Computação Desplugada e exercícios das olimpíadas de informática; atividades inclusivas para estudantes; adoção do modelo semipresencial; além de elaboração de materiais de apoio. Portanto, os resultados da formação continuada de professores do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional parecemestar caminhando adequadamente, visto que as experiências desenvolvidas no ambiente do curso demonstraram que apenas dois professores não se motivaram a aplicar o Pensamento Computacional em suas turmas. 4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Quanto aos resultados gerais do curso, de um total de 52 inscritos, com 40 deles participando das aulas pelo menos uma vez, 22 professores chegaram a concluir a formação continuada. Entre aqueles que finalizaram, 18 responderam ao formulário de avaliação. Em relação a aplicação do conhecimento novo adquirido, 16 professores afirmaram que aplicaram o Pensamento Computacional com seus alunos nas escolas. No que se refere aos professores 87 que desenvolveram práticas educativas envolvendo o Pensamento Computacional em suas práticas de ensino, 15 indicaram que fizeram uso de atividades desplugadas, 6 afirmaram utilizar atividades gamificadas e 5 apontaram que realizaram atividades integrando o PC na sua área de conhecimento. Além disso, dentre os que concluíram o curso, 5 deles foram aprovados no processo de seleção para a turma de 2020 do curso de mestrado profissional do Programa de Pós-graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais da UFRN, o que talvez o curso do Pensa RN possa ter ajudado de alguma forma. Apenas 6 professores fizeram uso de computação plugada em suas escolas, reforçando a importância da Computação Desplugada como uma estratégia fundamental para disseminação do Pensamento Computacional, sobretudo naquelas escolas que contam com pouca infraestrutura tecnológica. Isto indica também que ainda há muitos desafios a serem superados para que o ensino plugado ocorra, seja com a criação de narrativas e histórias, seja com a construção de animações digitais. Entretanto, isso também pode revelar uma possível incompreensão dos docentes sobre a utilização das tecnologias digitais. A visão instrucionista ainda é muito presente na educação com o uso das tecnologias digitais, na qual a relação computador-estudante é de um-para-um, em que aquele ensina a este. Todavia, embora a abordagem construcionista tenha se ofuscado por uma perspectiva de ensino instrucionista, ainda há professores que acreditam e defendem que apenas será possível trabalhar com computação plugada nas escolas quando todos tiverem conectados a um computador, esquecendo-se muitas vezes do uso dos smartphones dos estudantes e do ensino híbrido. É possível que o contexto das escolas públicas da rede, no que se refere à infraestrutura, seja um fator predominante para a adoção da Computação Desplugada em detrimento da plugada. Mas há também, por parte dos professores, pouca adesão a atividades pedagógicas apoiadas por abordagens híbridas, em que se possa realizar atividades dentro e fora da sala de aula utilizando os smartphones dos estudantes e os computadores disponíveis na escola. Algumas restrições não foram antecipadas e ficaram evidentes no decorrer do curso. Entre elas estão o nível de proficiência tecnológica, o horário, o formato presencial do curso e as diferentes condições encontradas pelos professores nas escolas. Quanto ao nível de apropriação tecnológica dos professores durante os encontros no laboratório de informática, 88 em que foi necessário utilizar computadores, alguns demonstraram dificuldades com ferramentas básicas, certas vezes até para seguir orientações simples tais como ligar, acessar a rede com uma conta e navegar na internet. Outra restrição que se destaca, refere-se às condições de infraestrutura tecnológicas dos professores e estudantes nas escolas públicas, que ainda não apresentam maturidade tecnológica em níveis básicos, sendo exigido dos professores mais criatividade, habilidades e competências para implantação de projetos educacionais envolvendo alguma tecnologia digital no processo de ensino e aprendizagem. Além dessas limitações identificadas, aponta-se a fragmentação no número de módulos do curso, a descontinuidade e clareza dos objetivos de cada módulo e da metodologia de transposição didática, assim como a ausência de produto final do curso a ser construído pelos docentes. Alguns encaminhamentos de soluções possíveis para essas restrições identificadas são os seguintes: ● Aplicação de questionário de mapeamento da proficiência tecnológica dos professores, que pode, por exemplo, ser feito por meio do guia EduTec do CIEB; ● Alteração do modelo presencial para uma proposta de formação on-line ou híbrida, em que ocorra encontros on-line e, se possível, presenciais, sendo este último utilizado para atividades práticas; ● Alteração do horário da formação adaptada à realidade e disponibilidade dos docentes, com encontros presenciais com duração limitada a 2 horas; ● Redução do número de módulos, adequando-os às necessidades evidenciadas pelos professores da rede ensino; ● Construção de diretrizes claras para formação do Pensa RN, em que todos os formadores saibam que caminho devem perseguir, quais objetivos se deseja alcançar em cada módulo e quais estratégias podem ser utilizadas quando forem construir os planos dos módulos dos cursos. Esses resultados referentes à avaliação da formação do Pensa RN foram publicados em artigo do I Simpósio Brasileiro de Educação em Computação (EduComp 2021), sendo selecionado dentre os melhores artigos do evento (BULCÃO et al., 2021a). Consequentemente, uma publicação de versão estendida do artigo também foi efetuada em edição especial da Revista Brasileira de Informática na Educação (RBIE) (BULCÃO et al., 2021b). 89 Com base nos resultados da formação continuada e nas análises dos formadores, assim como pela imposição da pandemia provocada pela Covid-19, que abriu um grande espaço para as formações on-line, a proposta foi revista com perspectivas de avançar para um modelo on-line, com encontros síncronos e assíncronos. Além disso, migrou para uma organização com base no desenvolvimento de competências docentes, tendo como base o currículo do CIEB e as Competências Docentes de Pensamento Computacional da ISTE. Essas mudanças mostraram-se necessárias porque a proposta de formação continuada presencial, embora seja interessante para experiências práticas colaborativas, não favorece a capilarização da proposta, assim como evidencia uma evolução no modelo de formação continuada do curso, tendo sido uma das sugestões dos professores. A formação continuada revelou que os professores, independentemente de área de atuação, sentem necessidade e estão motivados a aplicar e desenvolver projetos integrando o Pensamento Computacional em suas práticas pedagógicas. Porém, precisam de apoio em suas unidades de ensino. Certamente, o que ainda precisa avançar também é a organização do processo e da gestão dos projetos nas escolas, visto que muitos professores revelaram que muitas ações não se concretizam no “chão da escola” por falta de acompanhamento e gerenciamento da equipe gestora. Isto indica a necessidade de também oferecer formação continuada para coordenadores pedagógicos e gestores no sentido de organizar projetos pedagógicos e espaços incluindo temas como o Pensamento Computacional, aprendizagem criativa e cultura maker nas escolas. 90 5 PENSAMENTO COMPUTACIONAL E SUA RELAÇÃO COM A BNCC PARA OS PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL - VERSÃO 2 O curso de formação de professores em PC e sua relação com a BNCC, em sua segunda edição, esteve imerso em um contexto adverso da humanidade. A pandemia provocada pelo vírus da Covid-19 provocou rupturas, descontinuidades e afetou profundamente a organização de diversos processos da sociedade. Não diferente dos demais processos alterados pela pandemia, o curso de formação de professores também foi afetado pelas limitações trazidas pelo distanciamento físico. Inicialmente, estava prevista uma proposta de modelo de formação em uma perspectiva híbrida (MORAN; BACICH, 2018). A ideia preliminar, construída a partir dos resultados da primeira edição, era que a aprendizagem dos professores sobre o PCseria alcançada por meio de estratégias teóricas em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), mas, principalmente, em atividades práticas presencialmente em polos com apoio de tutores. Em razão da pandemia, a ideia inicial foi ressignificada passando a ocorrer em encontros síncronos e assíncronos, em uma perspectiva de educação on-line. Diferentemente da modalidade da Educação a Distância (EAD), em que predomina-se a ideia da máquina de ensinar de Skinner (1960), a educação on-line pressupõe um conjunto de ações de ensino e de aprendizagem mediados por interfaces digitais que evidenciam práticas comunicacionais interativas e hipertextuais (PIMENTEL; CARVALHO, 2020; SANTOS, 2009). Assim como na primeira versão do curso de formação, a proposta aplicada em 2020 ocorreu no âmbito do Pensa RN. Entretanto, na primeira edição, os participantes do curso eram docentes da rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte. Com a mudança na proposta do modelo híbrido para o formato on-line, a formação passou a atender docentes de diversas regiões do país. Na segunda edição, para além do estudo de caso realizado anteriormente e dos resultados da RSL, também foram utilizadas pesquisas realizadas pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação - CETIC.br em publicações de 2019 e 2020 sobre as condições tecnológicas de conectividade de professores, alunos e escolas. 5.1 CONTEXTO DO CURSO ON-LINE 91 As publicações de 2020 do CETIC.br que tiveram foco no ensino remoto foram divulgadas apenas em novembro deste ano. Apesar das evidências construídas com as publicações, que até então estavam sendo divulgadas, assim como aquelas anteriores a 2020, era preciso compreender o nível de proficiência dos professores com mais clareza e o contexto no qual eles estavam inseridos. Logo, conforme previsto nas diretrizes da formação, um formulário eletrônico foi elaborado com vistas a obter as informações necessárias sobre os participantes do curso.. O formulário eletrônico de análise de contexto é composto por 26 perguntas, com13 questões abertas e fechadas, inspirado na autoavaliação do CIEB e nas competências da ISTE. O instrumento foi construído com vistas a criar um perfil e compreender a motivação dos participantes, evidenciar seus saberes em relação ao uso das tecnologias digitais e do PC em suas práticas de ensino, além de contextualizar as condições tecnológicas das escolas dos participantes do curso. O formulário é uma estratégia prevista no modelo ADDIE (FILATRO, 2013) para a elaboração do contexto da solução educacional a ser elaborada. 5.1.1 Perfil dos participantes Na segunda edição do curso de formação em PC se inscreveram 83 docentes de diversas regiões por meio do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA). O curso inicialmente foi aberto para 60 vagas, mas pelo contexto de pandemia, a equipe de formação decidiu acolher um maior número de docentes que demonstraram interesse em se inscrever no curso. 5.1.1.1 Função dos participantes do curso em suas escolas O curso de Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para os Professores do Ensino Fundamental da Rede Pública contou com a inscrição de docentes em diversas funções e estágios de formação. Apesar do curso ser direcionado aos professores em exercício e estes atingirem um percentual de 59% das inscrições, a formação teve adesão de mais de 40% de docentes em outras funções e em diferentes estágios formativos, como estudantes de graduação em final de curso, discentes de cursos de pós-graduação, gestores e coordenadores de escolas, conforme apresentado na Figura 20. 13 Formulário eletrônico: Questionario_Formacao_Docente_PC (2).pdf https://drive.google.com/file/d/1ExWcFChWMlw1lxM2tkyMNRnm_qnIrjmf/view?usp=sharing 92 Figura 20 - Função dos inscritos do curso Fonte: Elaborado pelos autores. 5.1.1.2 Formação inicial Em relação a formação em nível de graduação dos participantes do curso, 28 eram formados em licenciaturas em Pedagogia, oito em licenciaturas em Biologia, seis em licenciaturas em Letras e cinco em Física. Os demais inscritos eram formados em licenciaturas como Geografia, Matemática, Música e História. Apenas oito inscritos tinham formação inicial ou correlata à Ciência da Computação. 5.1.1.3 Formação continuada Quanto à formação em nível de pós-graduação, 68,8% dos inscritos tinham realizado formação continuada, sendo 45,8% especialistas, 22,9% mestres e 9,6% doutores. Apenas 21,7% dos inscritos não tinha título de pós-graduação, entretanto é necessário destacar que alguns ainda eram estudantes de graduação. 5.1.1.4 Tempo na docência O curso de formação de professores em PC despertou o interesse de professores que tinham experiência de 1 a 5 anos de docência (25), seguido por aqueles com experiência entre 11 e 15 anos (18) e outros que estão no exercício profissional dentro de um intervalo de 6 a 10 anos (16), conforme observado na Figura 21. 93 Figura 21 - Tempo de docência dos inscritos. Fonte: Elaborado pelos autores. No contexto dos inscritos do curso, a Figura 21 sugere que os professores com menos tempo de docência tiveram mais interesse em participar da formação do que aqueles com mais de 16 anos de atuação, que apenas totalizam 16 professores. 5.1.1.5 Motivação dos professores em participar do curso Quanto à motivação, 67 inscritos indicaram um interesse comum em especial em buscar novas soluções para suas salas de aula, sendo esta a principal alternativa indicada por 32 inscritos. No Quadro 15 estão descritas as motivações que levaram os professores a participarem do curso, conforme a ordem das alternativas apresentadas no formulário. Quadro 15 - Motivação dos inscritos Motivação Inscritos 1) Curiosidade sobre o potencial do tema 2 1) Curiosidade sobre o potencial do tema 2) Interesse em aprender 2 1) Curiosidade sobre o potencial do tema 2) Interesse em aprender 3) Interesse em buscar novas soluções para a sala de aula 29 1) Interesse em aprender 12 1) Interesse em buscar novas soluções para a sala de aula 32 1) Interesse em buscar novas soluções para a sala de aula 2) Interesse em aprender 6 Total 83 Fonte: elaborado pelos autores. O principal motivo indicado pela maioria (32) dos professores foi o interesse em buscar novas soluções para a sala de aula. Além do interesse em buscar soluções para a sala de aula, 29 inscritos efetivaram suas matrículas no curso pela curiosidade sobre o tema da formação e o interesse de aprender. Para 12 respondentes o interesse em aprender os levaram a se inscrever no curso, conforme observado no Quadro 15. 94 No formulário eletrônico de análise de contexto havia opção para que os inscritos indicassem interesse em criar clubes de programação em suas escolas e conhecer o Pensa RN. Apesar de constar na lista de alternativas, nenhum participante sinalizou interesse nessas duas opções. 5.1.2 Saberes docentes sobre o PC e uso das tecnologias digitais nas práticas de ensino De acordo com os níveis de apropriação tecnológica do CIEB, em níveis emergentes os professores não conseguem manipular de forma independente os recursos digitais para desenvolvimento de pesquisas, curadoria e compartilhamento. Outra característica desses docentes é que eles não utilizam ferramentas digitais no campo do desenvolvimento profissional, conforme a autoavaliação. Nesse sentido, compreende-se que os professores que conseguiram efetivar as inscrições no curso, por meio do SIGAA, evidenciaram um saber proficiente em tecnologias digitais que, provavelmente, não estava alinhado às competências docentes dos níveis de exposição ou familiarização do Guia EduTec do CIEB. Ainda assim, o formulário de análise de contexto incluiu perguntas direcionadas aos saberes docentes no uso das tecnologias digitais e sobre conceitos e práticas envolvendo o PC com o objetivo de identificar quais competências da ISTE deveriam ser mais fortemente exploradas ou quais adaptações seriam necessáriaspara que os professores alcançassem resultados positivos em seu desenvolvimento profissional. 5.1.2.1 Conceito de PC Dentre os 83 inscritos no curso, apenas 20 indicaram já ter participado anteriormente de formações no tema do PC. Quanto a saber definir o conceito de PC, entre aqueles que haviam participado de formações anteriormente sobre o tema, 2 inscritos citaram a definição literal apresentada no currículo do CIEB e em Brackmann (2017), enquanto nove professores relacionam o PC ao uso de tecnologias digitais e redes sociais em processos educativos. Os demais, de forma assertiva, demonstraram compreender com clareza o que é o PC e sua relação com a resolução de problemas. 5.1.2.2 Objetivo do ensino do PC Os professores que mencionaram participação em outras formações sobre o tema, apontaram que o PC pode ser integrado às práticas de ensino para: “chamar a atenção dos alunos nas aulas e ajudar no próprio planejamento e execução dessa aula”; “desenvolver raciocínio lógico, resolução de problemas, pensamento crítico”; “desenvolver as competências 95 e habilidades do século XXI”; “tudo na vida”, “resolver problemas, criar e ler algoritmos, identificar padrões”; “para incentivar que as crianças desenvolvam melhor o seu pensamento e a sua capacidade cognitiva, bem como se prepararem para o futuro, quando profissões exigirão cada vez mais esses aspectos”, “para proporcionar um ensino mais crítico, ativo e para favorecer processos de aprendizagem”, entre outros. Os professores que participaram de outras formações indicaram que o PC deveria ser levado para a Educação Básica, pois poderia contribuir fortemente na formação dos futuros cidadãos, sugerindo que esse saber transcende o aspecto da escolarização, relacionando mais fortemente a função social da escola - enquanto um espaço de socialização de aprendizagens para vida. 5.1.2.3 Recursos para trabalhar o PC Em relação aos recursos, os inscritos que participaram de outras formações indicaram três formas de trabalhar o PC nas escolas. A primeira maneira é a plugada. Para trabalhar dessa forma, os professores indicaram recursos como jogos, vídeos, WhatsApp, Google Meet, Google Classroom, Scratch, Toxicode, blockly, além de equipamentos como smart TV, computadores, smartphones e tablets. A segunda forma de trabalhar o PC é a desplugada. Na visão dos professores, o PC de maneira desplugada pode ser trabalhado por meio de jogos analógicos, papel, materiais reciclados, canetas, etc. A última maneira de estimular práticas educativas envolvendo PC é a híbrida. Nessa perspectiva de ensino, enquadra-se a robótica educacional. Nota-se, claramente, que os professores que participaram de outras formações evidenciaram saberes quanto aos recursos que podem ser utilizados em suas práticas de ensino e esta constatação é extremamente importante para se compreender o porquê deles ainda buscarem informações sobre o tema. 5.1.2.4 Integração do PC nas práticas de ensino Os docentes que mencionaram experiências formativas sobre o tema, indicaram que o PC pode ser integrado nas práticas de ensino a partir do planejamento das atividades. Na visão de alguns dos inscritos, o PC pode ser inserido em todas as áreas de conhecimento, de forma híbrida ou remota, mas precisa está alinhado previamente em planos de ensino e em projetos educacionais. Apesar de alguns demonstrarem bom conhecimento sobre o tema e sobre formas de integrar o PC nas práticas de ensino, os professores não mencionaram atividades que 96 poderiam ocorrer envolvendo o PC, não citando exemplos que pudessem evidenciar essas práticas de ensino em suas aulas. Essa constatação sugere que os professores podem não se sentir seguros em desenvolver atividades pedagógicas com o PC nas escolas e que buscam saber como integrá-las nas suas respectivas áreas de conhecimento. 5.1.2.5 Uso de tecnologias digitais no desenvolvimento profissional Quanto à utilização das tecnologias digitais para participação de formações on-line, híbridas ou presenciais para o desenvolvimento profissional, apenas 7 professores indicaram precisar de apoio na manipulação dos recursos digitais. Conforme observado no Quadro 16, o maior número de inscritos que demonstrou interesse na formação é composto por professores que demonstram competências digitais mais avançadas e, portanto, não precisam de muito suporte para desenvolver as atividades que foram inicialmente planejadas. Quadro 16 - Tecnologias digitais para o desenvolvimento profissional Alternativas das Questões Inscritos Conheço a possibilidade de contar com as tecnologias digitais para complementar minha formação, mas nunca fiz um curso que exigisse o uso de ferramentas digitais. Preciso de ajuda para realizar cursos on-line ou usar ambientes virtuais de aprendizagem. 7 Uso tecnologias digitais para participar de cursos de formação pessoal e profissional, mas também crio e compartilho conteúdos e materiais formativos com o objetivo de apoiar a transformação da prática pedagógica dos demais professores da escola. Sugiro a inserção do tema de autodesenvolvimento nos documentos orientadores da escola. 18 Uso tecnologias digitais para participar de formações continuadas e atividades de autodesenvolvimento oferecidas pela gestão da minha escola ou pela rede de ensino. 9 Uso tecnologias digitais para participar de formações continuadas, on-line ou híbridas, e para buscar informações e cursos que promovam atualização profissional, selecionando temáticas de formação relacionadas ao meu componente curricular, para além do que a minha escola ou a secretaria eventualmente oferecem. 12 Uso tecnologias digitais para participar de formações presenciais, on-line ou híbridas, para aprimorar meus conhecimentos e estratégias pedagógicas, buscando integrar o que aprendi ao meu planejamento. Interajo com outros professores para trocar ideias e construir colaborativamente conhecimento. 37 Total 83 Fonte: elaborado pelos autores. 5.1.2.6 Comunidades de aprendizagem Em relação às comunidades de aprendizagens, 31,3% dos professores indicaram que participam ativamente desses espaços para ampliar e trocar conhecimentos e práticas educativas. De forma semelhante, 37,3% indicaram que além de conhecer as comunidades de aprendizagem virtuais, buscavam oportunidades para além daquelas oferecidas pela sua escola ou pela rede de ensino, conforme apresentado na Figura 22. 97 Figura 22 - Participação dos professores em comunidades de aprendizagem Fonte: elaborado pelos autores. Está claro mais uma vez que os docentes que demonstraram interesse no curso estão em níveis de apropriação tecnológica mais avançados, de tal modo que envolvem alunos e professores em comunidades de aprendizagem (10,8%). Apenas 4,9% dos docentes sinalizaram que costumam ou precisam de ajuda de colegas para participar de comunidades de aprendizagem. 5.1.3 Contexto escolar dos professores Compreender a realidade na qual os professores estão inseridos mostra-se como condição necessária para que os cursos de formação alcancem bons resultados, pois podem oportunizar experiências formativas condizentes com o contexto dos inscritos. Nas próximas seções são descritas algumas informações sobre o contexto escolar dos professores, esclarecendo ainda mais as condições tecnológicas disponíveis nas escolas. 5.1.3.1 Região administrativa das escolas Em relação à região geográfica, 65 inscritos indicaram que as escolas onde atuam profissionalmente estão localizadas na região urbana de suas respectivas cidades. A baixa adesão ao curso pelos professores que atuam na região rural pode estar relacionada à precariedade da conectividade nessas localidades (ver Figura 23). Figura 23 - Região administrativa das escolas dos inscritos 98 Fonte: elaborado pelos autores. 5.1.3.2 Equipamentos das escolas Em relação à infraestrutura computacional que os professores dispõem em suas instituições de ensino, 43 inscritos mencionaram ter acesso a computadores de mesa e 25 indicarameste como principal equipamento. Além de smartphones e computadores de mesa, 37 inscritos indicaram que também dispõem de notebooks em suas escolas. Quanto aos smartphones, seis professores sinalizam como únicos recursos disponíveis e 30 mencionam como um dos recursos que têm acesso, conforme apresentado no Quadro 17. No quadro estão descritos os equipamentos que os professores têm acesso, assim como o número de inscritos em relação aos recursos computacionais disponíveis ou não. Quadro 17 - Infraestrutura de Equipamentos que os professores têm acesso Infraestrutura Computacional Inscritos 1) Computador de mesa 25 1) Computador de mesa 2) Notebook 3 1) Nenhuma 6 1) Notebook 9 1) Notebook 2) Computador de mesa 8 1) Notebook 2) Computador de mesa 3) Smartphone 4 1) Notebook 2) Computador de mesa 3) Tablet 1 1) Notebook 2) Smartphone 4 1) Notebook 2) Smartphone 3) Tablet 2 1) Notebook 2) Tablet 3) Computador de mesa 4) Smartphone 1 1) Smartphone 6 1) Smartphone 2) Computador de mesa 5 1) Smartphone 2) Notebook 2 99 1) Smartphone 2) Notebook 3) Computador de mesa 3 1) Smartphone 2) Tablet 3) Notebook 4) Computador de mesa 1 1) Tablet 2) Computador de mesa 1 1) Tablet 2) Notebook 3) Computador de mesa 1 1) Tablet 2) Notebook 3) Smartphone 1 Total 83 Fonte: elaborado pelos autores. É importante salientar que não se investigou se esses equipamentos também estavam disponíveis em grande quantidade e se os estudantes tinham acesso a eles. De toda forma, foi relevante para a equipe de formação saber que no grupo de inscritos havia 12 professores que não dispunham de computadores de mesa ou notebooks para uso em suas respectivas escolas. 5.1.3.3 Conectividade das escolas/professores Em relação à conectividade, 68 inscritos mencionaram ter acesso a internet de banda larga nas suas respectivas instituições de ensino, via wifi ou cabeada. Apenas seis professores não indicaram ter acesso a internet em suas respectivas escolas conforme apresentado no Quadro 18. Quadro 18 - Conectividade dos inscritos Conectividade Inscritos 1) Banda larga cabeada 10 1) Banda larga cabeada 2) Banda larga via Wi-fi 6 1) Banda larga cabeada 2) Banda larga via Wi-fi 3) Dados móveis pelo celular 3 1) Banda larga cabeada 2) Dados móveis pelo celular 3) Banda larga via Wi-fi 1 1) Banda larga via Wi-fi 33 1) Banda larga via Wi-fi 2) Banda larga cabeada 3 1) Banda larga via Wi-fi 2) Dados móveis pelo celular 6 1) Banda larga via Wi-fi 2) Dados móveis pelo celular 3) Banda larga cabeada 1 1) Dados móveis pelo celular 8 1) Dados móveis pelo celular 2) Banda larga via Wi-fi 3 1) Nenhuma 4 1) Nenhuma 2) Banda larga cabeada 1 1) Nenhuma 2) Banda larga via Wi-fi 1 1) Outra 3 Total 83 Fonte: elaborado pelos autores. 100 5.2 DIRETRIZES DO CURSO ON-LINE EM PC O curso de formação continuada de professores e coordenadores pedagógicos do Pensa RN, na modalidade on-line, tem como objetivo formar os docentes do RN para o desenvolvimento do Pensamento Computacional e para o estímulo dessa habilidade na mediação pedagógica, na compreensão e importância da adoção desse saber nos processos de ensino e de aprendizagem e na reflexão sobre a necessidade de sua integração no currículo escolar, por meio de várias abordagens de ensino. Assim, a formação seguiu uma proposta de conscientização, orientação, reflexão e prática para a inclusão dos recursos tecnológicos relacionados ao Pensamento Computacional na prática docente, tendo como ponto de partida e de chegada o “chão da escola”, em uma perspectiva prática. A formação do Pensa RN volta-se à incidência na prática educativa do professor alinhadas às mais recentes tendências pedagógicas e metodologias ativas. A formação continuada transmitida de modo on-line ocorreu por meio da mediação pedagógica composta por um grupo de formadores de diferentes áreas, áreas correlatas à Ciência da Computação e à Pedagogia (Licenciaturas e Pedagogia), sendo portanto, uma equipe multidisciplinar. Os encontros da formação foram projetados para ocorrer em ambientes virtuais de aprendizagem e em salas de videoconferência. O ambiente virtual de aprendizagem utilizado foi o Google Classroom. A organização dos módulos, seleção de estratégias e recursos foram construídos à luz da RSL, das restrições levantadas no estudo de caso e dos resultados obtidos da primeira edição da formação. 5.2.1 Módulos do curso on-line O modelo do curso de formação on-line foi dividido em dois módulos, cada um com 60h. Este trabalho versa sobre a organização do Módulo I que foi estruturado para estimular práticas educativas na escola envolvendo o ensino do Pensamento Computacional por meio da Computação Desplugada. O Módulo II tem como objetivo o desenvolvimento de práticas de ensino e aprendizagem utilizando a computação plugada. Cada módulo foi subdividido 5 em tópicos, conforme apresentado na Figura 24. 101 Figura 24 - Módulos do curso de PC e seus respectivos tópicos Fonte: elaborado pelos autores. A mudança no número de módulos do curso ocorreu para atender melhor às necessidades formativas dos professores, que na primeira edição, apontaram a necessidade de aumentar a carga horária de alguns tópicos do curso. Para além, a mudança também é resultado das análises obtidas a partir da RSL que indica que cursos que utilizam apenas uma tecnologia ou ofertam minicursos com base em jogos, alcançam resultados satisfatórios no desenvolvimento da aprendizagem sobre o tema, a exemplo das experiências descritas em Barcelos (2016), Agnol et al. (2018) e Gabriele et al.(2019) que relatam cursos de formação continuada centrados na computação plugada e na aplicação de jogos para aquisição de habilidades relacionadas ao PC. Os tópicos foram elaborados para trabalhar os conhecimentos, os saberes e as habilidades com base no modelo TPACK (MISHRA; KOEHLER, 2006). Em cada tópico foram distribuídas as habilidades da ISTE de acordo com as interseções desses conhecimentos. 102 Quadro 18 - Interseções dos conhecimentos TPACK X Tópicos Conhecimentos Descrição Tópico Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK) Inclui as abordagens de ensino que dialogam com o conteúdo e como os elementos do PC podem ser organizados para uma melhor prática de ensino e aprendizagem; estratégias de ensino que incorporam representações conceituais, a fim de abordar as dificuldades e promover uma compreensão significativa. Tópico 2 - Políticas em Tecnologias Educacionais Conhecimento Tecnológico do Conteúdo (TCK) Conhecimento sobre a maneira na qual a tecnologia e conteúdo estão reciprocamente relacionados; precisam saber não apenas o assunto que eles ensinam, mas também a maneira pela qual esses conteúdos podem ser melhor explorados a partir de uma tecnologia. Tópico 3 - Pensamento Computacional Conhecimento Pedagógico Tecnológico (TPK) Conhecimento sobre a existência e a capacidade das variadas tecnologias e de seu potencial pedagógico; como podem ser usadas no ensino e na aprendizagem, compreender como ensinar aos alunos; também a capacidade de escolher uma ferramenta com base em sua adequação e estratégias para usá-la. Tópico 4 - Computação Desplugada Conhecimento Pedagógico Tecnológico do Conteúdo (TPACK) Interseção entre todos demais conhecimentos. Tópico 5 - Projeto Educacional Fonte: elaborado pelos autores. O tópico de introdução, com duração de 4 horas, foi direcionado a apresentação do modelo de formação continuada, sua metodologia, formas de avaliação, os recursos necessários para um bom percurso formativo e orientações gerais sobre a certificação e a progressão no curso. Neste tópico ainda está previsto a apresentação do Pensa RN, seus objetivos e projetos. Além disso, são dadas as orientações introdutórias sobre os recursos disponíveis no Google Classroom, a organização dos componentes e a forma de acesso ao ambiente do curso. O tópico seguinte, de Políticas em Tecnologias Educacionais, com duração de 10h, aborda as Políticas em Tecnologias Educacionais. Seuobjetivo é provocar a mudança de mentalidade sobre a necessidade integração do Pensamento Computacional ao currículo dos estudantes, haja vista as mudanças da sociedade contemporânea; apresentar, discutir e nos aproximar dos documentos oficiais que têm sido utilizados para integrar o Pensamento Computacional em práticas de ensino alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Programa de Inovação Educação Conectada e o currículo do CIEB. O tópico de Pensamento Computacional tem duração de 20h e visa apresentar os conceitos e estimular a compreensão sobre o que é o Pensamento Computacional, como pode 103 ser aplicado, com o quê pode ser trabalhado; analisar contextos em que o Pensamento Computacional está sendo ou pode ser aplicado; e entender o Pensamento Computacional como uma habilidade curricular cruzada e alinhada às demais áreas do conhecimento e que pode ser relacionada a competência cinco de Cultura Digital da BNCC. Ou seja, aplicar o PC em contexto real, a partir do processo de resolução de um determinado problema. No tópico de Computação Desplugada, com carga horária de 16 horas, os professores são inseridos em contextos de aprendizagem em que possam conhecer os conceitos e compreender o que é a Computação Desplugada, como pode ser aplicada, com o quê pode ser utilizada. A ideia central do tópico é dar condições para que os professores apliquem junto aos estudantes o Pensamento Computacional como uma habilidade curricular cruzada e alinhada às demais áreas do conhecimento utilizando a Computação Desplugada como estratégia principal. Os docentes são estimulados a desenvolver habilidades relacionadas à resiliência a partir de experiências formativas em situações de aprendizagem tal qual espera-se que os estudantes estejam. Os professores são inseridos em situações de ensino e aprendizagem e são desafiados a aplicar o Pensamento Computacional em suas práticas junto aos estudantes, considerando os diferentes contextos sociais e condições tecnológicas. O tópico de Projeto Educacional tem duração de 10h e seu objetivo é proporcionar diálogo entre os diferentes componentes de aprendizagem do curso. Neste componente, os professores são estimulados a integrar os novos conhecimentos, a partir das suas experiências prévias, das novas sínteses construídas nos componentes anteriores e novos saberes aprendidos, além de precisarem propor projetos, trilhas, roteiros de atividades que possam ser criados e implementados em suas práticas de ensino e aprendizagem. 5.2.2 Habilidades e competências docentes A partir dos objetivos propostos, com base nas dimensões do framework TPACK,as competências docentes de Pensamento Computacional da ISTE foram selecionadas e relacionadas a cada tópico do curso. Nessa perspectiva, os tópicos do curso devem apresentar o Pensa RN; as metodologias e as estratégias didáticas para utilização do Pensamento Computacional nas práticas de ensino; os objetos de aprendizagem e ferramentas de criação, autoria e colaboração relacionadas ao Pensamento Computacional; formas de integrar os conteúdos curriculares às estratégias de ensino e o Pensamento Computacional; verificar os tributos da formação ao 104 desenvolvimento profissional dos professores em suas práticas docentes; acompanhar as implicações da formação nas experiências educativas dos estudantes dos professores da formação continuada (ver Quadro 19). No Quadro 19 estão descritas as habilidades a serem trabalhadas em cada tópico, respeitando a nomenclatura apresentada nos Padrões da ISTE. Logo, ao ler o quadro, deve-se compreender o número como a competência e as letras sendo as habilidades, conforme o exemplo a seguir: 1b, correspondente a competência 1 e habilidade b. Quadro 19 - Tópicos e habilidades docentes MÓDULO DE Computação Desplugada Tópicos 01 Introdução ao curso Habilidades da ISTE Não se aplica Tópicos 02 Políticas em Tecnologias Educacionais 1b - Aprender a reconhecer onde e como a computação pode ser usada. 1c - Aproveitar especialistas em Ciência da Computação e PC. 1d - Desenvolver resiliência e perseverança ao abordar experiências de aprendizagem de Ciência da Computação e PC. 5a - Avaliar e utilizar currículos de Ciência da Computação e PC, recursos e ferramentas que contabilizam a variabilidade do aluno para atender às necessidades de todos os alunos. Tópicos 03 Pensamento Computacional 1d - Desenvolver resiliência e perseverança ao abordar experiências de aprendizagem de Ciência da Computação e PC. 5c - Usar uma variedade de abordagens instrucionais para ajudar os alunos a enquadrar problemas de maneiras que podem ser representadas como etapas computacionais ou algoritmos a serem executados por um computador. 1c - Aproveitar especialistas em Ciência da Computação e PC. 1d - Desenvolver resiliência e perseverança ao abordar experiências de aprendizagem de Ciência da Computação e PC. 3b - Aplicar estratégias eficazes de ensino para apoiar a colaboração dos alunos em torno da computação, incluindo programação de pares. 3c - Planejar de forma colaborativa com outros educadores para criar atividades de aprendizagem. Tópicos 04 Computação Desplugada 1a - Estabelecer metas de aprendizagem profissional para explorar e aplicar estratégias de ensino para integrar práticas de PC em atividades de aprendizagem. 1d - Desenvolver resiliência e perseverança ao abordar experiências de aprendizagem de Ciência da Computação e PC. 2c - Escolher abordagens de ensino que ajudem a fomentar uma cultura de computação inclusiva, evite a ameaça de estereótipo e equitativamente envolva todos os alunos. 3a - Aprender e modelar com os alunos como formular soluções computacionais para problemas e como dar e receber feedback acionável. 3c - Planejar de forma colaborativa com outros educadores para criar atividades de aprendizagem. 4a - Projetar atividades de Pensamento Computacional. 105 4c - Orientar os alunos sobre a importância de diversas perspectivas e design centrado no ser humano no desenvolvimento de artefatos computacionais com ampla acessibilidade e usabilidade. 5c - Usar uma variedade de abordagens instrucionais. 5d - Estabelecer critérios para avaliar práticas de PC e aprendizagem de conteúdo. Tópicos 05 Projeto Educacional de Aplicação na Escola 2d - Avaliar e gerenciar a cultura em sala de aula para impulsionar a participação equitativa dos alunos,abordar a dinâmica excludente e combater o viés implícito. 3b - Aplicar estratégias eficazes de ensino para apoiar a colaboração dos alunos em torno da computação, incluindo programação de pares, trabalho em diferentes funções de equipe, distribuição de carga de trabalho equitativa e gerenciamento de projetos. 4b - Projetar atividades de aprendizagem autênticas que permitam aos alunos aproveitarem um processo de design para resolver problemas. 4d - Criar ambientes de aprendizagem de Ciência da Computação e PC que valorizem e incentivem pontos de vista variados, agência estudantil, criatividade, engajamento, alegria e diversão. Fonte: elaborado pelos autores. 5.2.3 Metodologias e estratégias utilizadas Os formadores podem fazer uso de diferentes estratégias didáticas considerando o nível de adoção tecnológica dos professores conforme o CIEB. Todavia, devem trabalhar com abordagem construcionista tendo como premissa o trabalho colaborativo, criativo e a autonomia dos professores. Portanto, indica-se, fortemente, a adoção e a utilização de estratégias didáticas que promovam nos professores o protagonismo de suas aprendizagens e aplicação em sua prática docente, valorizando a participação, a criação, análise, aplicação, o debate de ideias e a colaboração entre os professores e entre os professores e o mediador da formação. Nesse sentido, os formadores podem: ● Lançar questões disparadoras sobre os temas, situações - problemas e solicitar pesquisas e apresentações de slides sobre os temas; ● Disponibilizar materiais (BNCC, Currículos do RN e CIEB) via o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) para trabalharcom a abordagem de sala de aula invertida e promover em seguida encontros síncronos por meio do google meet para discussão; ● Solicitar a construção de uma linha do tempo sobre os temas pedindo que relacionem com sua casa e/ou profissão; ● Compartilhar exercícios internalização sobre os temas trabalhando com questões dissertativas e múltiplas escolhas; ● Incentivar a produção colaborativa sobre as discussões e trabalhos sobre os temas dos componentes; ● Solicitar a criação de Canvas Algorítmico sobre um determinado tema; 106 ● Solicitar a criação de Pecha Kucha sobre um determinado tema; ● Enviar narrativas sobre os temas e pedir para os professores analisarem os aspectos investigados anteriormente e relacioná-los a sua prática docente e aos estudantes; ● Lançar problemas concretos que façam correlação com a profissão de professor, a vida contemporânea, o exercício docente e as representações sociais dos estudantes; ● Promover a leitura coletiva e colaborativa de artigos, partes de livros e sínteses; ● Promover a escrita coletiva de análises críticas, resenhas de de livros, artigos, filmes e vídeos sobre os temas abordados no componente; ● Promover desafios sobre os temas gamificando os encontros online sincronos e assincronos. ● Incentivar a produção colaborativa sobre as discussões e trabalhos sobre os temas dos componentes. ● Solicitar resenha crítica de filmes, vídeos e documentários sobre as temáticas abordadas no componente. ● Aplicar autoavaliações e solicitar a construção de narrativas sobre o que pensam os professores sobre o impacto do componente em sua formação e prática educativa ● Expor de forma dialogada os temas e promover desafios no AVA ou em momentos de aprendizagem síncrona; ● Propor a resolução de atividades desplugadas de forma colaborativa. 5.2.4 Materiais e recursos Os formadores de cada componente podem utilizar diferentes recursos tecnológicos e materiais que os identifiquem como sendo necessários para o desenvolvimento das habilidades e apropriação dos objetivos de aprendizagem relacionados ao componente. Entretanto, devem priorizar os recursos adequados ao nível de proficiência dos professores considerando a análise do CIEB. A seguir, apresenta-se alguns recursos que podem ser incorporados às trilhas de formação, considerando o modo transmissão on-line. Entre eles: Artigos científicos, Livros, Linhas dos tempos, Filmes, documentários e vídeos, Jogos educativos, Base Nacional Comum (PDF), Currículo da rede de ensino (PDF), Currículo do CIEB (versão on-line), Apresentações produzidas pelos formadores do Pensa RN, Google Meet, Google apresentação, Google documentos, Google Desenhos, Google Classroom (AVA), Atividades Gamificadas, Atividades de Computação Desplugada. 5.2.5 Avaliação dos participantes 107 Para a avaliação dos participantes, os formadores podem utilizar diferentes recursos tecnológicos, materiais e estratégias para acompanhar os professores. Entretanto, devem trabalhar com pelo menos mais de uma estratégia para validar as aprendizagens e acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem buscando sempre selecionar recursos e estratégias que verifiquem os tributos da aprendizagem ao desenvolvimento profissional e deste à profissionalidade do professor. A seguir, apresenta-se algumas estratégias ou recursos que podem ser incorporados às trilhas de formação, considerando, o acompanhamento e a avaliação do professor, em uma perspectiva formativa e contínua, devendo ocorrer entre pares: ● Aplicar avaliações dissertativas que provoque no professores a necessidade de refletir sobre o que aprendeu, como aprendeu, quais foram suas dificuldades e se ocorreu a aplicação dessa aprendizagem em sua prática; ● Solicitar e analisar trilhas, projetos e criação de vídeos elaborados pelos professores e/ou quaisquer outros materiais produzidos no âmbito do componente; ● Acompanhar a aplicação de instrumentos, recursos e trabalhos elaborados pelos professores junto aos estudantes; ● Analisar e verificar o desenvolvimento de ampliação de vocabulário, a proatividade, a motivação e a participação nas atividades e projetos elaborados e desenvolvidos no componente. Quanto à avaliação dos produtos elaborados durante os tópicos, esta deve ocorrer em pares, com um grupo avaliando outro grupo e contando com a participação de no máximo 5 componentes por grupo. A avaliação é realizada por meio de formulário eletrônico. A escolha dessa estratégia de avaliação corresponde à necessidade de estimular na formação de professores processos de compartilhamento, análise de experiências práticas e momentos de avaliação coletiva (IMBERNÓN, 2010; PERRENOUD, 2007). Além disso, a equipe de formação pode não dispor de formadores suficientes para avaliar todas as atividades durante o curso e dar feedback sobre as atividades realizadas. 5.2.6 Avaliação do curso A avaliação da formação é realizada mediante o uso de formulários de autoavaliação, disponibilizados ao término de cada tópico, e uma avaliação geral após o encerramento do curso. O formulário é organizado de modo a coletar informações sobre a efetividade da 108 formação, materiais e métodos utilizados, formadores e aprendizagem dos participantes do curso, conforme descrito na seção 4.2.6. 5.2.7 Critérios para certificação Em relação a avaliação da aprendizagem e a certificação do curso, os participantes devem alcançar 75% de conceito final. Esse conceito é calculado por meio da média entre os percentuais mínimos de 75% de frequência nos encontros síncronos e de devolutivas das atividades. Durante o curso está proposto a realização de 4 atividades, uma em cada tópico, cada uma correspondendo a 25% do conceito total das produções. 5.3 APLICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO CURSO ON-LINE DE PC O primeiro módulo do curso de “Pensamento Computacional e sua relação com a BNCC para professores do Ensino Fundamental da rede pública”, em sua nova versão, foi realizado a partir de encontros síncronos (ambiente de videoconferência) e atividades assíncronas, contendo atividades teóricas e práticas, totalizando 60 horas de carga horária. Os encontros síncronos aconteceram na sala de videoconferência do Google Meet, no turno da noite, nas terças e quintas, cada um com duração de 2 horas, no período de 17 de novembro a 17 de dezembro de 2020. Todos os encontros foram gravados e estão disponibilizados no Canal do YouTube do Pensa RN. Nos encontros síncronos foram utilizadas atividades práticas, exemplos, rodas de conversa e exposições dialogadas. Esses encontros serviram para promover discussões contextualizadas com as realidades dos professores e desenvolver atividades que pudessem ser incorporadas às práticas de ensino dos professores e de aprendizagem dos estudantes. As atividades assíncronas foram selecionadas com base nas estratégias e recursos pré-definidos nas diretrizes da formação, conforme apresentado na seção 5.2. Essas atividades, entre outros objetivos, visavam inserir os docentes em contextos de aprendizagem no qual pudessem pesquisar, elaborar e produzir materiais que fossem representações de suas aprendizagens em cada tópico e que fossem capazes de serem replicados, posteriormente, em suas salas de aulas. Nas diretrizes do curso estão previstas algumas metodologias, processos de avaliação e produtos esperados que os formadores podem selecionar e utilizar nas sequências didáticas do curso. A orientação aos formadores é que considerem o uso de metodologias, atividades colaborativas e avaliação entre pares. 109 5.3.1 Aplicação do curso on-line de PC Na segunda edição do curso foram disponibilizadas 60 vagas, alcançando 83 inscritos, sendo finalizado por 48 participantes. Quanto à certificação, 34 professores desenvolveram as atividades atendendo aos critérios exigidos. Entre os professores certificados, apenas 10 haviam participado de outras formações sobre o tema. No Quadro 20 apresenta-se o plano de atividades elaborado a partir das diretrizes de formação.Além da sequência, estão descritas as estratégias e as metodologias utilizadas nos encontros síncronos e as atividades assíncronas aplicadas entre os meses de novembro a dezembro de 2020. As estratégias e metodologias utilizadas foram selecionadas com base no desenvolvimento das habilidades da ISTE de cada tópico. Quadro 20 - Plano de Atividades do Curso Tópicos 01 - Introdução ao curso Síncrono 01: Aula inaugural. Exposição dialogada com apoio de slides sobre a proposta do curso e suas diretrizes. Assíncrono: Definição e criação dos subgrupos no whatsapp para alinhamentos sobre avaliação em pares. Tópicos 02 - Políticas em Tecnologias Educacionais Síncrono: Exposição dialogada com apoio de slides sobre as políticas nacionais de integração das TDIC nas escolas, Programa de Inovação Educação Conectada e currículo de referência do CIEB. Roda de conversa sobre os desafios e possibilidades de aplicação do PC e como as políticas chegam às escola. Assíncrono: Analisar o currículo do CIEB e pesquisas políticas educacionais em Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação. Elaborar um pecha kucha de um projeto sugestivo para inserir nos currículos de suas respectivas escolas, competências e habilidades do Pensamento Computacional. Avaliar o pecha kucha dos demais grupos. Responder questionário de avaliação do tópico. Tópicos 03 - Pensamento Computacional Síncrono: Exposição dialogada sobre os conceitos de PC. Exposição dialogada sobre as dimensões do PC, autores e recursos para aplicação. Exemplos do uso do PC de forma cruzada entre as áreas de Matemática, Língua Portuguesa e Geografia. Orientações gerais para criação de Canvas Algorítmico utilizando PC para propor uma solução para um determinado problema educacional. Atividades de Computação Desplugada (atividade Estacionamento e cupcakes) colaborativas apoiada pelo o Google Desenho e registros no caderno. Monitoria para criação do Canvas Algorítmico. Assíncrono: Consultar material de apoio do tópico. Registrar as atividades práticas realizadas no encontro on-line. Elaborar um Canvas Algorítmico para propor uma solução para um determinado problema educacional. Responder questionário de avaliação do tópico. Tópicos 04 - Computação Desplugada Síncrono: Atividade prática utilizando Computação Desplugada de forma colaborativa, com registros no caderno e apoio do Google Desenhos. Exposição dialogada sobre avaliação educacional. Roda de conversa sobre avaliação de aprendizagem em PC a partir da Computação Desplugada. Monitoria de criação de artefatos (atividade, jogo, atividade gamificada) para aplicação do PC por meio da Computação Desplugada com os alunos. 110 Assíncrono: Registrar a atividade prática no caderno. Pesquisar sobre o tema de avaliação em PC. Construir um artefato para aplicação do PC de modo desplugado com os estudantes. Responder questionário de avaliação do tópico. Tópico 05 - Projeto Educacional Síncrono: Apresentação de exemplos exitosos de planos de aulas e trilhas de aprendizagem integrando PC nas práticas educativas. Monitoria para orientações sobre elaboração de trilha de aprendizagem para integração do PC nas práticas de ensino. Apresentação das trilhas de aprendizagem. Assíncrono: Análise de materiais disponibilizados. Curadoria e seleção de materiais adequados ao projeto a ser elaborado. Elaboração de projeto educacional para aplicação na escola. Responder questionário de avaliação do tópico e avaliação final. Fonte: elaborado pelos autores. Os encontros foram divididos em 2 momentos. No primeiro momento, os formadores apresentaram os temas a serem trabalhados no encontro por meio de exposições dialogadas. No segundo momento, foram aplicadas atividades práticas envolvendo o tema central do encontro. Quanto à participação dos professores, esta era constantemente ativa, ocorrendo por meio de voz ou chat. No primeiro tópico ocorreu a aula inaugural e a apresentação da formação, seus critérios de avaliação, métodos, recursos e metodologias. Durante a aula, o palestrante destacou a importância do tema como estratégia para o desenvolvimento da aprendizagem contínua e aumento do poder cognitivo humano. Além disso, foi discutido com os professores a necessidade de repensar suas práticas educativas e seu trabalho pedagógico em razão das novas necessidades educacionais dos estudantes nos processos. A Figura 25 é um registro dos momentos iniciais da videoconferência enquanto os professores ainda estavam ingressando na sala. Figura 25 - Registro do Primeiro Encontro do Curso Fonte: Pensa RN/2020. 111 No tópico seguinte, foram trabalhadas as políticas nacionais de integração das TDIC nas escolas e o currículo de referência do CIEB com os professores, além da apresentação de especialistas sobre o tema da integração do PC na formação dos estudantes. Em relação a atividade assíncrona, os professores tiveram que construir um Pecha Kucha sugerindo a integração do PC, tendo como referências os materiais apresentados e compartilhados durante o tópico. Essa atividade ocorreu de forma colaborativa. O objetivo do Pecha Kucha era estimular nos professores a criatividade sobre como eles poderiam integrar o PC à sua prática educativa durante o ensino remoto ou no retorno das aulas presenciais. Os formadores disponibilizaram um arquivo na nuvem para os professores inserirem seus nomes nos grupos que quisessem fazer parte, desde que respeitassem o limite de 5 componentes. Após a definição dos participantes, os professores criaram seus respectivos grupos no whatsapp para combinar a realização da atividade. Esses grupos foram utilizados, posteriormente, na avaliação em pares. No Quadro 21 são disponibilizados os Pecha Kuchas criados pelos professores, assim como as avaliações realizadas pelos participantes. Quadro 21- Pecha Kucha elaborados pelos professores Grupo Avaliado/Avaliador Avaliação (O grupo atendeu aos critérios de avaliação?) Grupo1/ Grupo 2: Link Sim, parcialmente. O grupo trouxe muitos pontos relevantes, entre essas estão o currículo CIEB; Boas imagens e exemplos. Contudo, foi falado reconhecimento de padrão quando se tratava de decomposição - acreditamos que aconteceu devido a falta de nomeação dos arquivos de áudio. Extrapolaram a quantidade de texto para a especificidade do Pecha Kucha - Para além de não ser visualmente agradável, não atende a proposta; Notamos também a ausência de uma conclusão ou fechamento. Grupo 2/ Grupo 3: Link Sim, totalmente. O grupo narrou como o Pensamento Computacional é abordado na BNCC, assim como as habilidades e competências de cada componente curricular. Os slides foram bem construídos, utilizando as imagens em consonância com o texto narrado. Grupo 3/ Grupo 4: Link Sim, totalmente. O grupo conseguiu explicar bem o conteúdo e trouxe um problema e o solucionaram. Utilizaram uma das habilidades da BNCC que é construir propostas coletivas para um consumo mais consciente e criar soluções tecnológicas para o descarte adequado e a reutilização ou reciclagem de materiais consumidos na escola e/ou na vida cotidiana. Grupo 4/ Grupo 5: Link Sim, totalmente. O grupo apresentou de forma clara e objetiva a proposta da atividade. Grupo 5/ Grupo 6: Link Sim, parcialmente. Sentimos a falta da criação de um projeto sugestivo abordando uma situação problema considerando os objetivos da BNCC. Também sentimos a falta da fala dos demais integrantes. Grupo 6/ Grupo 12: Link Sim, parcialmente. Ótima apresentação do conteúdo, porém ultrapassou o tempo de 6m40s. https://drive.google.com/file/d/1StfWr8wXywZNOeSdc8Rg9DuzJ0GKrYUT/view?usp=sharing https://youtu.be/BwMFxru-lF0 https://youtu.be/oSAE_-FWYqg https://youtu.be/gUkjEWPQc1I https://drive.google.com/file/d/1dHHkQ0eQoMP7txfuKwPvLCGumqkk6Y9T/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/15iX4cAciHtQwmNpgbts845T4tft9mfvv/view?usp=sharing 112 Grupo 12 / Grupo 13: Link Sim, parcialmente. Em relação a técnica do Pecha Kucha, sentimos falta da explicação através da apresentação dos slides por vídeo. Assim, não temoscomo prever se a apresentação cumpriria o tempo determinado. Em relação ao conteúdo, acreditamos que o grupo poderia enriquecer sua apresentação com explicações conceituais e elaboração das ideias imersas nas ilustrações e texto. Também percebemos que o grupo faz citação direta e não referenciou adequadamente no slide. Grupo 13/ Grupo 14: Link Não foi avaliado por seus pares Grupo 14/ Grupo 15: Link Sim, parcialmente. O vídeo traz a especificação dos componentes, expuseram os slides e falas de forma clara, bem como dentro do tempo estipulado para uma Pecha Kucha apresentando um projeto sugestivo na área de geografia (cruzando conteúdos de português e matemática) e robótica, de acordo com os documentos norteadores da BNCC e habilidades do pensamento computacional. Grupo 15/ Grupo 16: Link Sim, totalmente. Na nossa opinião o trabalho ficou muito bem feito, com riqueza de detalhes e exemplos muito bem explanados. Os slides demonstram em quais momentos da apresentação do projeto proposto estão inseridos o pensamento computacional. Avaliamos que a atividade foi realizada na sua totalidade pois contêm todos os itens solicitados. Grupo 16/ Grupo 20: Link Sim, totalmente. Foi elaborado um Pecha Kucha com um projeto que insere nos currículos da educação básica competências e habilidades do Pensamento Computacional como estão previstas do Currículo do CIEB e atendendo a competência de Cultura Digital da BNCC. Grupo 20/ Grupo 21: Link Sim, parcialmente. A sala de recursos como espaço físico para atendimento Educacional especializado Grupo 21/ Grupo 23: Link Sim, totalmente. Atendeu a sugestão de atividades, elaborando uma estratégia para o Pensamento Computacional. Grupo 23/ Grupo 1: Link Sim, parcialmente. Acreditamos que o grupo poderia explicitar onde está a História articulada a Geografia no Projeto interdisciplinar, foi notório ainda muita definição do Pensamento Computacional. O grupo trouxe muitos pontos relevantes, entre essas estão o currículo CIEB; Boas imagens e exemplos; Contudo, foi falado reconhecimento de padrão quando se tratava de decomposição - acreditamos que aconteceu devido a falta de nomeação dos arquivos de áudio. Extrapolaram a quantidade de texto para a especificidade do Pecha Kucha - Para além de não ser visualmente agradável, não atende a proposta; Notamos também a ausência de uma conclusão ou fechamento. Fonte: Pensa RN/2020 Em relação à avaliação entre pares, uma das principais dificuldades em aplicá-la foi em razão da desistência de alguns participantes. Muitos professores que inseriram seus nomes no arquivo compartilhado desistiram da formação posteriormente. Essas desistências impactam na organização dos grupos, visto que alguns deles ficaram sem participantes e outros com apenas um(a) professor(a), culminando assim na reorganização da avaliação. Após superar essas dificuldades, os resultados obtidos por meio das avaliações demonstraram, claramente, o sucesso da estratégia de verificação da aprendizagem. Na avaliação entre pares, https://drive.google.com/file/d/1EhPt0Av9J3IFPKQ9S0k1D0u2Zbkk3p_O/view?usp=sharing https://youtu.be/3eNRWfeCTvA-- https://www.youtube.com/watch?v=aXmhtycgpJE https://youtu.be/bCsiV-4IVEg https://drive.google.com/file/d/16XOctbVGXnet54WFo-h6c5PJlvN4UAeC/view?usp=sharing https://www.pechakucha.com/presentations/pensamento-computacional-na-educa-o-755 https://drive.google.com/file/d/13kfR9ti0iKYc-jAUROXayaD-CYm7C1Jt/view?usp=sharing https://youtu.be/QFmrmYOhbLk 113 analisando os trabalhos dos colegas, os professores revelaram o que pensavam sobre PC e como compreendiam sua aplicação nas práticas de ensino e de aprendizagem. O tópico de Pensamento Computacional foi sistematizado de maneira que pudesse apresentar os conceitos do PC, formas de aplicá-lo, os principais autores sobre tema, além de estimular o desenvolvimento da resiliência a partir de várias atividades práticas (des)plugadas. Durante os encontros síncronos, após cada momento expositivo, os professores tiveram que realizar algumas atividades sobre PC, fazendo registros sobre os conceitos que haviam sido trabalhados. Nesse tópico, foram utilizadas muitas atividades desplugadas que poderiam ser aplicadas pelos professores mesmo durante o ensino remoto. A atividade “Estacionamento”, por exemplo, foi adicionada no Google Desenhos para que os professores de forma colaborativa pudessem chegar a solução adequada para o desafio. Essa atividade foi explicada de modo plugado, mas os registros ocorreram em cadernos ou arquivos de texto na nuvem, posteriormente, enviados para o Google Classroom. Questionados sobre como poderiam aplicar essas atividades, os professores compreenderam que elas poderiam ser enviadas em PDF (Ensino Remoto) ou entregues impressas para serem realizadas em sala de aula (Ensino Presencial). Quanto aos registros, eles apontaram a possibilidade de envio de imagens ou prints de telas, a exemplo do que fizeram, conforme observado na Figura 26, em que aparecem os registros do jogo “Compute-it” e “Estacionamento” em folhas de cadernos. Figura 26 - Atividades práticas desplugadas realizadas com Estacionamento/Computer-it Fonte: Pensa RN/2020 Durante a aplicação das atividades, os formadores lançavam perguntas como: Quais pilares do PC estão sendo trabalhados nesta atividade? Como o PC pode ser utilizado para construir a solução desta atividade? A partir dessas interações com os formadores e com os 114 demais colegas, muitos professores comentaram no chat que haviam compreendido como essas atividades podem ser utilizadas para trabalhar o PC. Além dessas atividades, a equipe de formação do curso considerou importante trazer exemplos de aplicação do PC contextualizadas às diversas áreas do conhecimento. Os exemplos relacionaram o PC à formação de palavras em Língua Portuguesa, a construção de algoritmos para resolver operações matemáticas, a localização geográfica, às transformações urbanas e seus impactos na cultura brasileira. Para trabalhar a aplicação do PC na vida cotidiana dos professores, a atividade principal do tópico foi a criação de um “Canva Algorítmico” para a solução de qualquer problema que eles quisessem resolver e que estivesse relacionado a sua vida, podendo ser no contexto escolar ou não. Essa atividade teve como objetivo estimular a compreensão dos professores sobre a aplicação do PC como uma estratégia de resolução de problemas aplicável à vida de todas as pessoas. O “Canva Algorítmico" tem como objetivo orientar aqueles que o utilizam a construção de uma solução para um determinado problema, por meio de uma série de passos que levam até uma possível resolução. Esses passos retomam os pilares do PC (KAMPFF et al., 2016), contribuindo para a organização do pensamento a partir do suporte visual oferecido aos professores, sendo considerada pelos formadores como uma atividade bastante interessante para sistematização da aplicação do PC à resolução de problemas. A Figura 27 representa dois Canvas produzidos pelos professores do curso. Figura 27- Atividade prática assíncrono “Canva Algorítmico” 115 Fonte: Pensa RN/2020 A atividade do “Canva Algorítmico" provocou muitas dúvidas nos professores. Eles tiveram dificuldades em entender a organização dos passos a serem seguidos. Essa dificuldade inicial, foi rapidamente superada após a realização de um encontro de monitoria em que os formadores apresentaram exemplos de como preencher o Canvas e abriram para dúvidas individuais de cada professor(a). Essa atividade também serviu como estratégia de acompanhamento da aprendizagem, revelando aos formadores as dificuldades dos professores sobre os conceitos e aplicações do PC. Em relação aos resultados alcançados por meio do “Canva Algorítmico", avalia-se que a estratégia aplicada foi extremamente positiva, pois inseriu os professores em um contexto de aprendizagem criativa em foi possível aplicar o PC de forma prática, permitindo a eles ancorar as novas habilidades desenvolvidas e novos saberes construídosde forma ativa e colaborativa. No total, os professores elaboraram 27 “Canvas Algoritmos”, a análise das atividades revelando que a grande maioria dos professores reconhece o alto grau de aplicabilidade dos conceitos explorados e demonstra compreender a importância do desenvolvimento do PC, semelhante aos resultados encontrados Kampff et al. (2016). No tópico de Computação Desplugada, o objetivo era desenvolver habilidades de criação de artefatos para trabalhar o PC de forma desplugada. A decisão de construir este tópico e direcioná-lo unicamente para a Computação Desplugada surgiu da necessidade de trabalhar o PC em escolas com níveis de maturidade tecnológica emergentes, nas quais a escassez de tecnologias digitais e de internet são frequentes. Além disso, a primeira edição do curso, conforme os professores indicaram, não oportunizou muitas práticas de construção de artefatos para aplicação do PC em suas práticas de ensino e aprendizagem. Nos padrões da ISTE estão subentendidos diversos conhecimentos que os professores precisam alcançar, demonstrando assim a necessidade de estimular habilidades de como projetar atividades de Pensamento Computacional, além de desenvolver resiliência e perseverança ao abordar experiências de aprendizagem com PC. Por essa razão, a atividade proposta no tópico direcionou os esforços de aprendizagem dos professores para a construção de um artefato para aplicação de Computação Desplugada, considerando também as discussões dos tópicos anteriores. Na Figura 28, apresenta-se imagens de alguns artefatos produzidos pelos professores. Todos os produtos criados foram construídos a partir de instrumentos elaborados pelos 116 formadores para que os professores pudessem especificar habilidades e conhecimentos que poderiam ser trabalhados ou verificados pelo objeto de aprendizagem construído. Os artefatos que os professores criaram podem ser utilizados na aprendizagem do PC de forma integrada nas disciplinas de Artes, Física, Geografia, Ciência da Religião, entre outras. Além disso, podem ser utilizados para trabalhar a abstração, a decomposição, o reconhecimento de padrões e o algoritmo. Figura 28 - Artefato de Computação Desplugada criados pelos participantes do curso Fonte: Pensa RN/2020 Os professores indicaram algumas dificuldades para elaborar o artefato. Os principais questionamentos foram sobre como elaborar o recurso. Essas dúvidas foram superadas durante um encontro de monitoria em que foi apresentado como exemplo o “Caça Pensamento Computacional”, que integra o PC com a Matemática. Apesar da orientação da atividade indicar possíveis objetos de aprendizagem a serem construídos, alguns professores, durante o encontro, expressaram dúvidas sobre que objetos poderiam construir. Em razão disso, os formadores explicaram novamente a atividade, dando sugestões de como eles poderiam criar seus artefatos. No geral, foram criados 27 artefatos integrando diversas áreas de conhecimento. As principais atividades criadas foram: jogos de cartas e de tabuleiro, atividades sobre determinados conteúdos que trabalham os pilares do PC e atividades gamificadas. 117 No tópico seguinte, do Projeto Educacional, os professores tinham como objetivo elaborar um plano de aula ou trilha de aprendizagem para integrar o PC em suas práticas de ensino. Na proposta os formadores sugeriram que os professores considerassem o atual momento de ensino remoto. De modo geral, foram elaborados 33 planos de aulas, trabalhando o PC no contexto das diversas áreas de conhecimento. Nos planos de aula, os professores puderam exercitar a criação de práticas de ensino e aprendizagem em que o PC estava associado a contextos reais dos estudantes. Além de incorporarem às propostas de aulas o artefato construído no tópico anterior, os professores tiveram que refletir como iriam fazer essa integração e verificação da aprendizagem dos estudantes, revelando assim se conseguiram alcançar as habilidades esperadas no tópico, relacionadas ao conhecimento pedagógico tecnológico sobre PC. No Quadro 22 é apresentada uma análise qualitativa dos planos de aulas dos professores. Ao total, dos 33 planos construídos, apenas 8 professores não demonstram ter alcançado os conhecimentos relacionados à integração do PC em suas práticas de ensino. Quadro 22 - Análise dos Plano de Aula elaborados pelos professores Link/ Área de conhecimento do Professor(a)/Pilar do PC/Análise Link [Geografia] [Abstração/Reconhecimento de Padrões]: No plano de aula a professora conseguiu trabalhar o reconhecimento de padrões e a abstração e distribuição da população mundial e deslocamentos populacionais por meio de um jogo criado especialmente para esta aula. Nota-se que a professora conseguiu compreender os pilares que compõem o PC, relacionar as habilidades da BNCC àquelas do CIEB de PC e descrever como ocorreria a avaliação utilizando o recurso selecionado. No jogo, na medida que os estudantes forem visualizando os povos presentes nas cartas, a sua interpretação das características, demonstram o reconhecimento dos padrões e a imagem mental do estudante sobre este povo. Além disso, utilizou uma estratégia metodológica que impulsiona a participação equitativa dos alunos, abordar a dinâmica excludente sobre os povos migratórios, aplicou estratégias eficazes de ensino para apoiar a colaboração dos alunos em torno da computação e projetou atividades de aprendizagem autênticas que permitam aos alunos aproveitarem um processo de design para resolver problema, valorizando e incentivando pontos de vista variados, agência estudantil, criatividade, engajamento, alegria e diversão. Nota-se que a professora conseguiu escolher os recursos, metodologias e estratégias de acordo com a proposta final do curso, demonstrando capacidade de aplicar o conhecimento pedagógico tecnológico sobre PC. Link [Geografia] [Raciocínio Lógico/Algoritmo]: No plano de aula a professora demonstrou saber integrar do PC a sua área de conhecimento por meio da seleção de habilidades da BNCC e do currículo do CIEB. Foi capaz de relacionar a utilização de um jogo e a forma de avaliação, evidenciando domínio sobre como avaliar utilizando PC de modo desplugado. Criou um ambiente de aprendizagem relacionando o PC a sua área de conhecimento, valorizando e incentivando pontos de vista variados, a criatividade, o engajamento, a alegria e a diversão a partir da proposta de construção de jogo pelos estudantes. Em sua proposta de aula, os estudantes deveriam construir um jogo envolvendo o pensamento espacial, o uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas. Nota-se que a professora confundiu recursos, metodologias e estratégias, embora todas elas estivessem de acordo com a proposta final do curso, demonstrando capacidade de aplicar o conhecimento pedagógico tecnológico sobre PC. https://drive.google.com/file/d/1SB6lHcg4DDXviwhDPya1oBl0sEnkUuLE/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1xAMl-omRhlPNPdpPD13lr7KGOOMvoC8L/view?usp=sharing 118 Link [Matemática][Abstração/Reconhecimento de Padrões]: No plano de aula a professora conseguiu demonstrar capacidade para avaliar e gerenciar a cultura em sala de aula para impulsionar a participação equitativa dos alunos quando sinaliza como critérios de avaliação o engajamento, a colaboração entre os próprios alunos no desenvolvimento das etapas da atividade, bem como em seus resultados. Além da apresentação oral dos resultados de cada grupo. Foi capaz de aplicar estratégias eficazes de ensino para apoiar a colaboração dos alunos em torno da Computação Desplugada, incluindo programação de pares, trabalho em diferentes funções de equipe, distribuição de carga de trabalho equitativa e gerenciamento de projetos. Conseguiu projetar atividades de aprendizagem autênticas que permitam aos alunos aproveitarem um processo de design para resolver problemas ao propor a construção de jogopara identificação de semelhanças e diferenças em situações que se repetem e aplicar interação em um conjunto de passos ou instruções. Nota-se que a professora conseguiu escolher os recursos, metodologias e estratégias de acordo com a proposta final do curso, demonstrando capacidade de aplicar o conhecimento pedagógico tecnológico sobre PC, pois reconhece que por meio da estratégia escolhida e dos registros dos estudantes se conseguirá verificar a abstração e os padrões que se repetem ao longo do jogo. Link [História][Filas/Pilhas]: No plano de aula o professor conseguiu demonstrar capacidade para avaliar e gerenciar a cultura em sala de aula para impulsionar a participação equitativa dos alunos quando sinaliza como critérios de avaliação o percurso construção das narrativas e a apresentação de forma lógica e inteligível no desenvolvimento de um jornal. Entende-se que a proposta do professor era trabalhar o conceito de pilhas e filas da computação, estabelecendo conexões e hierarquias entre diferentes cidades, utilizando mapas temáticos e representações gráficas. Foi capaz de aplicar estratégias eficazes de ensino para apoiar a colaboração dos alunos em torno da Computação Desplugada, trabalho em diferentes funções de equipe, distribuição de carga de trabalho equitativa e gerenciamento de projetos. Conseguiu projetar atividades de aprendizagem autênticas que permitam aos alunos aproveitarem um processo de design para resolver problemas ao propor a construção de jornal relacionando ao conceito de filas e pilhas demonstrando compreender esse conceito e relacioná-lo à sua área de conhecimento. Nota-se que o professor não conseguiu elaborar um plano de aula expressando com clareza como esse conceito seria aplicado, isto sugere que há fragilidades no domínio do conhecimento pedagógico do conteúdo deste professor. Link [Língua Portuguesa] [Reconhecimento de Padrões/ Conceito de Função]: No plano de aula a professora propõe o uso de atividade desplugada que pode ser aplicada de modo impresso ou digital dependendo do contexto escolar. A avaliação é realizada com base nos acertos das questões da lista de atividades. O objetivo é trabalhar o reconhecimento de padrões e a abstração para completar dar sentido à função construída. A professora conseguiu projetar atividades de aprendizagem autênticas que permitam aos alunos aproveitarem o PC para resolver problemas. Nota-se que a professora conseguiu escolher os recursos, metodologias e estratégias de acordo com a proposta final do curso, demonstrando capacidade de aplicar o conhecimento pedagógico tecnológico sobre PC, pois reconhece que por meio da estratégia escolhida e dos registros dos estudantes se conseguirá verificar a abstração e o reconhecimento de padrões presentes na atividade. Link [Interdisciplinaridade] [Reconhecimento de padrões/Decomposição/Abstração]: No plano de aula os professores utilizam a Webquest para estimular a pesquisa e aplicação da abstração, decomposição e reconhecimento de padrões para encontrar aspectos que se repetem ou que divergem de outros que ocorreram na história das pandemias e no contexto atual. Na proposta os estudantes devem a partir desses pilares exercitar a tomada de decisões individuais ou coletivas e para criação de uma solução condizente com o problema apresentado pelos professores. Como instrumento de acompanhamento e avaliação da apresentação serão observados as respostas dos estudantes no jogo criado para esta aula, o trabalho colaborativo dos estudantes e as produções desenvolvidas. Registra-se que os professores demonstraram a capacidade de aplicar o conhecimento pedagógico tecnológico sobre PC, na medida que reconhecem que por meio da estratégia utilizada se conseguirá verificar a abstração, a decomposição e o reconhecimento de padrões presentes na atividade. https://drive.google.com/file/d/1aEccQS8vV6IFjAJQlGGUfw7n5y7dRjFW/view?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/1FT_6pIu_ib-eSOxq8hqIFCAa704VUWgZ/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://docs.google.com/document/d/141CEsHgVWCCm71o9C0kJf2PRAoHsQD6q/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://docs.google.com/document/d/12NMaXVGmnimEI5erNW-svfWSt-tkCg4o/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true 119 Link [Matemática][Abstração/Reconhecimento de Padrões/Algoritmo]: No plano de aula a professora conseguiu demonstrar domínio do conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo em relação ao PC. Este domínio pode ser observado a partir da análise das escolhas metodológicas, organização didática, seleção dos recursos e avaliação. A atividade proposta consiste na aplicação de jogo voltado para estudantes com Transtorno do Espectro Austista para desenvolver a concentração, coordenação motora, os números e as cores. O jogo consiste na construção de algoritmos para levar os personagens até sua residência, utilizando padrões das cores, números e linhas. A avaliação será realizada por meio da observação da professora em relação a interação do estudante com o jogo. Link [Língua Portuguesa][Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora não estava claro suficientemente se ela conseguiu alcançar as habilidades previstas para o tópico, condizentes com aquelas relacionadas ao domínio do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o PC. Entretanto, observa-se no plano de aula a presença do domínio do conhecimento pedagógico quanto a seleção de habilidades da BNCC e do currículo do CIEB. Link [Inglês][Condicionais/depuração]: O plano de aula elaborado pelo professor não estava claro suficientemente se ele conseguiu alcançar as habilidades previstas para o tópico, condizentes com aquelas relacionadas ao domínio do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o PC. Entretanto, observa-se que no plano de aula a presença do domínio do conhecimento pedagógico sobre a aplicação do PC quanto a seleção de habilidades da BNCC e do currículo do CIEB relacionados ao tema e o domínio do conhecimento tecnológico na aplicação de um jogo que visa estimular o raciocínio lógico, a interpretação e execução das premissas apresentadas na frase ditada pelo professor. Link [Matemática][Decomposição/ Abstração/Reconhecimento de Padrões/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora não estava claro suficientemente se ela conseguiu alcançar as habilidades previstas para o tópico, condizentes com aquelas relacionadas ao domínio do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o PC. Observa-se que a presença do domínio do conhecimento tecnológico na aplicação de um jogo que visa estimular nos estudantes habilidades relacionadas a identificação, o registro, em linguagem verbal ou não verbal, a localização e os deslocamentos de pessoas e de objetos no espaço e esboçar roteiros a ser seguidos ou plantas de ambientes familiares, assinalando entradas, saídas e alguns pontos de referência. Todavia, não se pode dizer que a professora conseguiu desenvolver o conhecimento tecnológico sobre o PC, isto porque as habilidades selecionadas para este fim, não são alcançáveis por meio do jogo selecionado, diferentemente do observado em relação àquelas da BNCC. Link [Língua Portuguesa] [Decomposição/Abstração/Reconhecimento de Padrão/Algoritmo]: No plano de aula elaborado pela professora está claro o domínio do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o PC e a capacidade de projetar atividades de aprendizagem autênticas que impulsionam o desenvolvimento das habilidades relacionadas à resolução de problemas. A partir da atividade utilizando Computação Desplugada elaborada pela professora, os estudantes podem desenvolver habilidades de leitura e interpretação de texto integradas ao PC. Link [Artes] [Decomposição/Abstração/Reconhecimento de Padrão/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. Este conhecimento é expressado a partir da escolha das habilidades da BNCC e CIEB, da seleção dos recursos, metodologia e avaliação.Na atividade proposta, as crianças devem reconhecer os padrões da formação das cores secundárias. Ao misturar duas cores, as crianças devem identificar qual cor conseguiram criar relacionado a uma lista de cores e nomes. Link [Física] [Decomposição/Abstração/Reconhecimento de Padrão/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. Este conhecimento é expressado a partir da escolha das habilidades da BNCC e CIEB, da seleção dos recursos, metodologia e avaliação aplicada. O professor trabalha os pilares do PC por meio da utilização de práticas educativas envolvendo os estudantes em atividades de investigação sobre o espectro eletromagnético, relacionando como afetam os seres vivos, abstraindo o que há ou não de comum nas diferentes fontes de informação para compreender e articular ao conteúdo que será discutido e apresentado pelo professor. O pilar do reconhecimento de padrões característicos das radiações. A construção do algoritmo é trabalhado durante a elaboração da revista final solicitada ao final do semestre. https://drive.google.com/file/d/15wURhy5WpeRkeprQ3UaOuvu7PwuePMW8/view?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/1gJJu3IlEksMjBjF3o3kAski0OQcWQM_XQQH3d2E-s9M/edit?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/1b-VHpljPrrtmQcwFM6vJ9pK7xPDd4XUP/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://docs.google.com/document/d/1NmVbni7b5MWA_8V7C9wPpYkBxUqSuBY3R35uPMrJhZw/edit?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1QbC2RpBfrPPl3qLlEC0YAz7uUQzbvZVb/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1zN4m3-qQYevLPB2V74Iq48wMxsYt6Deu/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1zN4m3-qQYevLPB2V74Iq48wMxsYt6Deu/view?usp=sharing 120 Link [Ciências] [Algoritmo/Reconhecimento de Padrões]: O plano de aula elaborado pela professora evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. Este conhecimento é expressado a partir da escolha das habilidades da BNCC e CIEB, da seleção dos recursos, da estratégia, da metodologia e da avaliação aplicada. Na atividade proposta, os estudantes devem construir um algoritmo com o menor número de passos possíveis para conseguir consertar a torneira vazando e desligar a lâmpada. Quanto à verificação da aprendizagem, esta irá ocorrer mediante a realização da atividade. Link [Língua Portuguesa] [-]: O plano de aula elaborado pelo professor não evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A seleção das habilidades de PC no currículo do CIEB não corresponde a nenhuma relacionada ao tema no documento, bem como as estratégias aplicadas não indicam clareza sobre a integração do PC à prática de ensino do professor. Link [Língua Portuguesa] [-]: O plano de aula elaborado pela professora não evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A seleção das habilidades de PC no currículo do CIEB não corresponde a nenhuma relacionada ao tema no documento, bem como as estratégias aplicadas não indicam clareza sobre como integrar o PC à prática de ensino da professora. Link [Robótica] [Funções]: O plano de aula elaborado pela professora não evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. Apesar de propor a utilização da Computação Desplugada para trabalhar o conceito de função, não se identificou claramente o objetivo da aula as relações estabelecidas para desenvolvimento das habilidades relacionadas ao tema. Link [História] [-]: O plano de aula elaborado pela professora não evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A seleção das habilidades de PC no currículo do CIEB não corresponde a nenhuma relacionada ao tema no documento, bem como as estratégias aplicadas não indicam clareza sobre como integrar o PC à prática de ensino da professora. Link [Ensino religioso] [Abstração/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora evidencia que o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC está em processo de consolidação. A elaboração dos mapas mentais utilizados pela professoras podem contribuir para que os alunos exercitem o PC através da abstração no momento em que precisarão definir quais informações constarão em seu mapa mental, além favorecer a construção encadeamento das ideias por meio de passos Link [Matemática] [Abstração]: O plano de aula elaborado pela professora não evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A seleção das habilidades de PC no currículo do CIEB não corresponde a nenhuma relacionada ao tema no documento, bem como as estratégias aplicadas não indicam clareza sobre como integrar o PC à prática de ensino da professora. A verificação da aprendizagem foi bem explicada, revelando domínio da professora sobre como o PC está aplicado. Link [Informática] [Decomposição/Abstração/Reconhecimento de Padrão/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pelo professor evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A seleção das habilidades de PC no currículo do CIEB correspondem com aquelas relacionadas ao tema, bem como as estratégias aplicadas indicam clareza sobre como integrar o PC em sua prática de ensino. A verificação da aprendizagem foi bem explicada, revelando domínio do professor sobre como avaliar o PC. Link [Ciências] [Decomposição/Abstração/Reconhecimento de Padrão/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A seleção das habilidades de PC no currículo do CIEB correspondem àquelas relacionadas ao tema, bem como as estratégias aplicadas indicam clareza sobre como integrar o PC em sua prática de ensino. A verificação da aprendizagem foi bem explicada, revelando domínio da professora sobre como o PC está aplicado. A abstração, a decomposição, o reconhecimento de padrões e o algoritmo podem ser observados na aplicação de um jogo de quebra-cabeça sobre o ciclo de vida das estações. https://docs.google.com/document/d/1juXAfOOrMBTa1HJb0UjLmuNNJAN4ORZoAtsKO70uP2c/edit?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1ZM-kD2Siy5oKf_TlFBsNWO7JRkbCZ2Jd/view?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/13KOpP0rjG3EZ5NJK0ry3ELSInnxToT2w/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://drive.google.com/file/d/1z-4P3hSILgVBp2VTx0VpUaYH4u9wRr8c/view?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/1pQGrNwus2ijM2nYGp67jSJFYvB5aPq-Y/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://docs.google.com/document/d/1pQGrNwus2ijM2nYGp67jSJFYvB5aPq-Y/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://docs.google.com/document/d/14iYFFDSX_YQTEkxuw3XhjJqrDhMPJKhn/edit?usp=sharing&ouid=113570278644357525818&rtpof=true&sd=true https://docs.google.com/document/d/1k1jYhoYEQjfApC_IwMC8iiC13WPpxetx5xvyIkpgfWk/edit?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/1UsDgElr-ZJ49ZrgLrQPSZ9AVSjgeyKcUOgNF6TGboWQ/edit?usp=sharing 121 Link [Matemática] [Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora não evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o ensino do PC. A proposta de aula elaborada pela professora sinaliza que ela consegue selecionar as habilidades da BNCC relacionando-as àquelas do currículo do CIEB correspondentes ao PC. Além disso, as estratégias apontadas pela professora indicam clareza sobre a possibilidade de integrar o PC em sua prática de ensino por meio da Computação Desplugada, sugerindo assim a apropriação do conhecimento tecnológico do conteúdo. A avaliação não expressa com clareza se ela será usada para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem sobre o PC. Link [Artes] [Decomposição/Abstração/Reconhecimento de Padrão/Algoritmo]: O plano de aula elaborado pela professora evidencia o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre oensino do PC. A proposta de aula elaborada pela professora sinaliza que ela consegue selecionar as habilidades da BNCC relacionadas àquelas do currículo do CIEB correspondentes ao PC. Além disso, as estratégias apontadas pela professora indicam clareza sobre a possibilidade de integrar o PC em sua prática de ensino por meio da Computação Desplugada, utilizando um jogo em que as crianças devem mover-se conforme a programação de seus colegas. A avaliação foi bem explicada e fica claro os critérios que ela irá utilizar para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem sobre o PC. Link [Interdisciplinar] [Abstração/Algoritmo]: A proposta de aula elaborada pela professora sinaliza que ela consegue selecionar as habilidades da BNCC relacionadas àquelas do currículo do CIEB. Entretanto, a professora não relacionou com aquelas do PC presentes no documento. Além disso, as estratégias apontadas pela professora indicam clareza sobre a possibilidade de integrar o PC em sua prática de ensino por meio da Computação Desplugada, utilizando um jogo em exploram os conceitos de números binários e programação. A avaliação foi bem explicada, porém não esclarece claramente os critérios que ela irá utilizar para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem sobre o PC. Link [Informática] [Abstração/Padrão/Algoritmo]: A proposta de aula elaborada pela professora sinaliza que ela consegue selecionar as habilidades da BNCC relacionadas àquelas do currículo do CIEB sobre o PC. Além disso, a professora demonstrou capacidade de selecionar e aplicar estratégias de Computação Desplugada para integrar conceitos relacionados ao tema do PC em sua prática de ensino, utilizando um jogo que explora os conceitos de números binários e programação. A avaliação foi bem explicada, indicando os critérios que ela irá utilizar para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem sobre o PC, a partir da decodificação da mensagem criada e da identificação dos padrões que compõem a mensagem. Link [Artes][Abstração/Padrão/Algoritmo]:: A proposta de aula elaborada pelo professor sinaliza que ele consegue selecionar as habilidades da BNCC relacionadas àquelas do currículo do CIEB. Além disso, as estratégias apontadas pelo professor indicam clareza sobre a possibilidade de integrar o PC em sua prática de ensino por meio da Computação Desplugada, utilizando um jogo que trabalha padrões sonoros de alguns objetos a partir da exploração do PC. A avaliação foi bem explicitada, porém não esclarece os critérios que o professor irá utilizar para avaliar o desenvolvimento da aprendizagem sobre o PC. Fonte: Pensa RN/2020 5.3.2 Avaliação do curso de Pensamento Computacional Assim como na primeira edição, para a avaliar a qualidade da formação foram aplicados questionários anônimos durante e após a aplicação dos tópicos, conforme apresentado nas seções 4.3.2.2 e 4.3.2.3. Para além desses formulários, na avaliação dos professores também foram considerados os materiais produzidos durante os tópicos, a autoavaliação aplicada e a taxa de evasão do curso. 5.3.2.1 Perfil dos concluintes https://docs.google.com/document/d/1UsDgElr-ZJ49ZrgLrQPSZ9AVSjgeyKcUOgNF6TGboWQ/edit?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/15M67B8b3DF5EQb5yrtD22xb8kPdVxfCgfsGZh8skUWM/edit?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/1-0OAHFu1VcCfUKsrEgwC7nZ5U5RG_3j2HWtfgj7SHTA/edit?usp=sharing https://docs.google.com/document/d/17B5g7Ah-OeRtkZbIxU6xKZLOd2PnVQNxN106QQDuH1E/edit?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1Tx9NttK_dstauOhQBIsv6am8cr_TJrk1/view?usp=sharing 122 De um total de 48 professores que alcançaram a frequência mínima de 75%, 39 responderam a avaliação. Entre os respondentes, 67,9% eram de professores do sexo feminino e 32,1% do sexo masculino. Quanto a área de formação dos professores, 14 eram Pedagogos(as), 10 tinham formação em áreas correlatas à Computação, quatro eram Licenciados em Matemática, dois eram Licenciados em Ciência da Religião, um era Licenciado em Educação Física, dois eram Licenciados em Física, um era Licenciado em História, um era Licenciado em Filosofia, um era Licenciado em Letras, um era Bacharel em Humanidades e um tinha graduação em Licenciatura em Espanhol e era formado em Ciências Biológicas. 5.3.2.2 Avaliação da estrutura do curso Em relação a carga-horária dos tópicos, 32 professores a consideraram satisfatória para realização das atividades, seis indicaram insatisfação e um indiferença. Quanto ao formato on-line, 37 professores sugeriram que a experiência formativa foi satisfatória e dois sinalizaram como muito insatisfatória. A organização dos tópicos apresentados pela equipe de formação foi considerada muito satisfatória para 24 professores e satisfatória para 13, apenas um professor manifestando indiferença. Quanto aos materiais, os recursos e as metodologias utilizadas na formação, de modo geral, os professores avaliaram de forma positiva, em níveis de muita satisfação (24) e satisfação (12). A atuação dos formadores foi avaliada por 29 professores como sendo muito satisfatória e por oito como sendo satisfatória. Questionados sobre o curso, todos docentes responderam que estavam muito satisfeitos (32) ou satisfeitos (7) com a qualidade da formação. 5.3.2.3 Impacto do curso na formação dos professores Em relação ao impacto do curso na formação dos participantes, 100% dos docentes que responderam a avaliação indicaram que o curso possibilitou adquirir um nível satisfatório de conhecimento sobre o Pensamento Computacional. Para 66,7% dos professores, a experiência foi mais que satisfatória para a aprendizagem do tema. Sobre a confiança para aplicar o Pensamento Computacional em suas práticas de ensino, 89,7% dos docentes indicaram que a formação proporcionou o surgimento da confiança necessária para desenvolver atividades práticas envolvendo o PC nas escolas. Em relação aos conhecimentos pedagógicos do conteúdo e tecnológicos do conteúdo, 84,6% dos docentes afirmaram que a formação contribuiu satisfatoriamente para que 123 pudessem criar materiais didáticos, selecionar recursos e estratégias, além de elaborar atividades adaptadas ao tema para aplicação em sala de aula. 5.3.2.4 Aplicação do PC nas escolas da rede de ensino Quanto à transposição do conhecimento adquirido na formação para as escolas, 51,3% dos professores indicaram que aplicaram o Pensamento Computacional em suas práticas de ensino e aprendizagem, sendo que 20 professores desenvolveram atividades envolvendo o tema com seus alunos ainda durante o curso. Esses professores indicaram que utilizaram, principalmente, a Computação Desplugada por meio de atividades gamificadas, atividades (impressas) e atividades integrando o PC às suas áreas de conhecimento, conforme apresentado na Figura 29. Figura 29 - Atividades aplicadas com os estudantes durante o curso Fonte: elaborado pelos autores. Após a finalização do curso, 85% dos professores disseram que realizaram aplicação das atividades envolvendo o Pensamento Computacional nas suas respectivas áreas de conhecimento juntamente com os estudantes, por razões do recesso escolar. Quanto aos professores que não aplicaram o PC em suas práticas de ensino e aprendizagem, estes informaram que o curso finalizou juntamente com o período ano letivo e que pretendiam aplicar atividade de Computação Desplugada no ano seguinte. 5.3.2.5 Avaliação subjetiva da experiência formativa na perspectiva dos participantes No que se refere à avaliação subjetiva do curso, realizada pelos professores participantes, no Quadro 23 são apresentadas as questões aplicadas e inseridas no formulário de avaliação, bem como o resultado da aplicação. 124 A partir da análise subjetiva é possível compreender o porquê dos participantes avaliarem o curso positivamente, analisando as expectativas dos professores quanto aos aspectos relacionados à qualificação técnica dos formadores, a qualidade dos materiais e recursos empregados, metodologias adotadas e atividades envolvendo os participantes. Isto indica queestes elementos do design de aprendizagem da segunda edição do curso também se mostraram válidos. Logo, esses recursos e materiais podem continuar sendo adotados posteriormente, nas próximas edições do curso. Quadro 23 - Avaliação subjetiva dos professores sobre o curso de formação continuada Questões Respostas dos professores O que não foi bom? A interação de todos; as atividades práticas; o projeto final; ambiente acolhedor; a metodologia aplicada; a forma de condução do curso; ferramentas apresentadas; a disponibilidade dos formadores; interação com os grupos e os formadores; aprender a elaborar artefatos; experiências de outros professores; trabalhos em grupo; ótimo humor dos ministrantes; os exemplos; a disponibilização dos materiais. O que não foi bom no curso? A ausência de explicação prévia sobre as atividades assíncronas; dificuldade de fazer trabalho em grupo à distância; o número de tarefas a realizar; a duração curta do curso; a extinção das atividades colaborativas; a falta de feedback individualizado das atividades; dificuldades pessoais com a tecnologia digital; ser 100% online; o aspecto teórico ser mais aprofundado; faltou leitura de artigos; interferências inoportunas e sem contexto, de cursistas; a conexão da internet; número de atividades. Quais melhorias você sugere para o curso? Construção de tarefas práticas durante a aula ao vivo; trabalhos mais individuais; diminuir quantidade de tarefas; maior carga horária; melhorar a interação assíncrona; a organização dos grupos; estipular o tempo de intervenção dos alunos durante e no final dos encontros; mais atividades com feedbacks; aumentar a carga horária do curso; mais exercícios e exemplos de atividades e jogos; a avaliação dos tópicos e do PechaKucha; feedback das atividades realizadas; alterar o período de oferta do curso; fazer o trabalho final (plano de aula) em dupla; módulo avançado ou especialização na área; diminuir o número de vagas. Fonte: elaborado pelos autores. Quanto às melhorias, os professores sugeriram um aumento da carga horária do curso e a inclusão de mais atividades práticas, colaborativas durante o encontro síncrono, fazendo o projeto final do curso de forma colaborativa e melhorando a interação assíncrona e o feedback das atividades realizadas. A formação continuada de professores do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional ocorrida de modo on-line conseguiu alcançar bons resultados visto que as experiências desenvolvidas oportunizaram aos docentes experiências de aprendizagens ricas em criatividade, colaboração e autoria. 5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO CURSO ON-LINE 125 A interpretação dos dados ocorreu de forma qualitativa e demonstrou o desenvolvimento ou aprimoramento de habilidades docentes de curadoria, criação, domínio do conhecimento e criação de experiências formativas para os estudantes por meio da utilização da Computação Desplugada. Os resultados alcançados foram obtidos a partir da observação dos formadores, materiais produzidos pelos participantes e a aplicação de formulários de autoavaliação aplicados ao final dos módulos e avaliação no final do curso. De forma geral, os participantes produziram 14 Pecha Kucha de forma colaborativa, 27 Canvas Algorítmicas sobre problemas diversos, que variaram de questões de aprendizagem a propostas pedagógicas para atender ao ensino remoto ocorrido em 2020. Além disso, os professores criaram 33 artefatos desplugados e 33 trilhas de aprendizagem que visavam trabalhar o PC com a utilização da Computação Desplugada. A partir da análise realizada nos documentos elaborados pelos docentes, verificou-se que 25 professores demonstraram ter alcançado as aprendizagens condizentes com a capacidade de elaborar experiências formativas para seus alunos, em contextos de escassez tecnológica, utilizando Computação Desplugada. Os demais professores sugeriram razões para não terem desenvolvido atividades integrando PC em atividades com seus estudantes. O principal motivo indicado por 11 professores foi o término do curso ter ocorrido durante o encerramento do ano letivo. Os demais mencionaram diferentes motivos, como por exemplo estar fora da sala de aula, não ter apoio da escola e não se sentir seguro em aplicar o PC. Entre os 13 participantes que não enviaram atividades de PC para os alunos, oito professores nunca haviam participado de formações sobre o tema. Na avaliação dos professores, o curso poderia aumentar a construção de tarefas práticas durante os encontros síncronos, diminuir o número de atividades de propostas de cada tópico e aumentar o número de atividades colaborativas, além de criar um módulo avançado ou uma especialização na área de Pensamento Computacional. Comparando os resultados das duas edições de curso ofertadas, a modalidade on-line com foco na Computação Desplugada obteve resultados muito mais significativos. Nesta edição on-line, o curso alcançou mais professores, impactando positivamente na integração do PC em suas práticas de ensino, conforme apresentado no Quadro 24. Quadro 24 - Comparação dos resultados dos modelos aplicados Ano da Edição 2019 2020 126 Vagas Disponíveis 60 60 Inscritos 52 83 Concluintes 22 34 Desistência 18 49 Respondentes 18 39 Planos de Aulas Elaborados 22 33 Aplicação do PC com os estudantes 16 20 Fonte: elaborado pelos autores. A análise dos planos de aulas elaborados na segunda edição do curso indicam que os professores que melhor conseguiram descrever como iriam aplicar o PC e verificar suas aprendizagens, são aqueles que conseguiram articular os conhecimentos pedagógicos tecnológicos do conteúdo. São aqueles professores que sabem o potencial do recurso selecionado, quais habilidades e pilares do PC podem ser estimuladas e/ou verificadas com a sua utilização. Dessa forma, constata-se que o modelo TPACK mostrou-se válido na seleção das habilidades da ISTE e na organização dos tópicos do curso. Para a realização das atividades de criação do Canvas Algorítmico, do artefato para aplicação da Computação Desplugada e elaboração de projeto educacional, nos respectivos tópicos 3, 4 e 5 do módulo, foi incluído um momento de monitoria durante a semana. Durante o encontro de monitoria, os formadores traziam exemplos e os professores poderiam tirar dúvidas sobre a atividade proposta pelo tópico, além de ouvir as contribuições de todos os colegas participantes do curso. Essa prática foi uma estratégia que não havia sido planejada, mas provocou impacto positivo na formação, sendo considerada extremamente importante durante a realização do curso. 127 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do modelo de formação continuada de professores do Pensa RN, para conceber um modelo on-line de formação capaz de mobilizar nos docentes o desenvolvimento e o interesse em disseminar as habilidades relacionadas ao Pensamento Computacional em suas escolas, foi uma pesquisa bastante desafiadora em meio a pandemia. Ainda assim, os resultados das análises do contexto referente aos professores, o ambiente escolhido, os currículos de referência e objetivos de aprendizagem selecionados; a identificação dos parâmetros necessários e basilares para desenvolvimento do design de aprendizagem do curso; o desenvolvimento das diretrizes de formação e materiais didáticos incorporando as metodologias ativas e as tecnologias educacionais; a aplicação da primeira edição do curso de formação para professores do Ensino Fundamental; e a avaliação aplicada, contribuíram para a construção de um modelo de formação continuada condizente com a realidade das escolas com poucos recursos tecnológicos. A ideia que ampara este modelo de formação é aquela que compreende que não é possível e nem financeiramente viável formar o professor em todas as estratégias, metodológicas e tecnológicas que surgem no ritmo da sociedade tecnologicamente digital. Os resultados obtidos por meio da primeira experiência aplicada demonstra que se faz necessário repensar as formas e maneiras deabordar o PC para integração nas práticas pedagógicas, ancorando nas práticas formativas as perspectivas com foco no desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas ao tema. O número crescente de produções científicas que relatam experiências sobre as formações continuadas em PC evidenciam que o tema está alcançando patamares significativos de relevância por trazer discussões sobre a formação de professores que visam promover nos docentes a ativação da consciência crítica para encontrar caminhos de atuação profissional mesmo em condições adversas, com criatividade e resiliência. Nas duas edições do curso, os resultados obtidos demonstraram que os professores conseguiram ancorar e sistematizar saberes condizentes com aqueles relacionados ao modelo TPACK, quanto aos conhecimentos relacionados ao conhecimento pedagógico do conteúdo e tecnológico do conteúdo, culminando no domínio das formas sistematizadas de aplicação do PC em suas práticas de ensino e aprendizagem. Entretanto, na versão on-line, o curso alcançou mais professores, conseguindo estimular de forma mais exitosa a resiliência, a 128 criatividade, colaboração e aplicação do PC em contextos diversos em relação à edição ocorrida de modo presencial. A formação conseguiu estimular o desenvolvimento do conhecimento pedagógico e tecnológico sobre Pensamento Computacional, o que inclui a curadoria de materiais relacionados ao tema e a aplicação de práticas educativas nas escolas utilizando Computação Desplugada. Ao elaborar uma trilha de aprendizagem, os professores tiveram que descrever o que iriam trabalhar, em quais documentos estavam fundamentadas suas práticas, com quais tecnologias iriam aplicar e porque utilizá-las. Além disso, a escolha das estratégias de avaliação para a aprendizagem dos estudantes revela também que os professores conseguiram sair de um patamar de desconhecimento sobre o que é PC, para como, com, o que e para que utilizar este conhecimento com seus estudantes, alcançando assim outro estágio, demonstrando avanço na aprendizagem sobre o tema. Os resultados obtidos nas duas edições do curso indicam que uma formação com viés prático, que tem foco na aquisição de habilidades e competências, permite desenvolver o potencial esperado para construir uma identidade docente à altura das necessidades contemporâneas da profissão, estimulando a capacidade de resolver problemas e o desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico sobre o Pensamento Computacional. Esse conhecimento refere-se à capacidade de curadoria e criação de materiais relacionados ao tema, assim como a aplicação de práticas educativas nas escolas da rede de ensino. Comparando as duas edições do curso foi possível constatar que a oferta presencial ajudou na execução de atividades práticas e colaborativas, mas teve impacto negativo na rotina dos professores pela necessidade de deslocamento até a unidade de formação. Por outro lado, a oferta on-line garantiu maior adesão e participação dos professores, porém dificultou a aplicação da avaliação em pares. Em relação à replicação do curso de formação continuada em PC elaborado a partir das evidências deste trabalho, destaca-se algumas observações e constatações construídas à luz dos resultados das experiências formativas que precisam ser destacadas, como, por exemplo, o perfil do formador, o design da formação e modo de transmissão. Quanto ao perfil do formador, aponta-se que deve ser um professor da educação básica com formação anterior sobre o PC ou conhecer o tema em sua formação inicial e tenha experiência prática na integração deste saber em suas práticas de ensino e de aprendizagem 129 dos estudantes. No que concerne ao design do curso, este deve atender às especificidades das demandas das escolas dos professores, assim como enforcar no desenvolvimento do conhecimento pedagógico tecnológico do conteúdo, ou seja, precisam saber o que é PC e sua finalidade, conhecer e criar estratégias e materiais de como integrá-lo e avaliá-lo. Sendo necessário, portanto, subdividir as tecnologias desplugadas, plugadas e híbridas, uma vez que são estratégias que envolvem recursos e metodologias diferentes de aplicação. No tange ao modo de transmissão, aponta-se que se faz necessário trabalhar com o número menor de participantes por turma para que interação dos encontros síncronos ocorram com melhor qualidade, sendo necessário assim, pelo menos 2 formadores por tópico, à exemplo do que aconteceu nos cursos descritos neste documento. Por fim, sinaliza-se que apesar das formações enfocarem os saberes, conhecimentos, competências e habilidades dos professores, percebe-se a necessidade também de políticas e formações voltadas à gestão e coordenação pedagógica para a construção de projetos integrativos sobre o tema. 6.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO A formação continuada cumpre um papel fundamental no desenvolvimento profissional dos docentes, garantindo a continuidade e a consolidação de saberes, habilidades e competências que são utilizados pelos professores em seu fazer pedagógico. As pesquisas sobre o tema demonstraram que uma boa formação continuada é aquela que provoca nos docentes reflexões sobre sua prática de ensino e de aprendizagem dos para ser empregada com os estudantes, oferecendo possibilidades de fortalecer a identidade docente, motivando-os a modificarem suas práticas e estimulando-os a perceber sua sala de aula como um espaço de aprendizagem permanente. A ação-reflexão-ação é um processo importante para elevar os saberes e competências docentes para um outro e melhor estágio profissional, contribuindo para a construção de um professor capaz de compreender melhor os desafios impostos por sua profissão. Mas esta prática profissional, sozinha, não é suficiente. O atual contexto tecnológico, social e cultural precisa de professores capazes de implicar em sua prática de ensino as ideias construídas a partir da reflexão sobre seu fazer pedagógico, independente dos estágios profissionais e níveis de adoção tecnológica em que estejam. Portanto, as formações continuadas precisam considerar também os diferentes níveis e estágios dos professores em relação aos 130 conhecimentos pedagógicos e tecnológicos. Os cursos de formação devem delimitar com zelo o seu público-alvo para que possam atender os professores respeitando seus níveis de conhecimentos em relação aos aspectos pedagógicos e tecnológicos. Nesse contexto, considerando o modelo de formação on-line aplicado, a pesquisa realizada encontra limitações singulares quanto à amostra envolvida na segunda edição do curso. A formação foi planejada para professores em níveis de apropriação tecnológica em estágios de adaptação conforme a matriz do CIEB, mas atendeu um grupo bastante heterogêneo, diferentemente do que se havia planejado. A validação do público-alvo foi planejada para ocorrer após a inscrição do curso, a partir das questões respondidas sobre seus saberes, utilização e aplicação das tecnologias digitais nas práticas de ensino e aprendizagem. A decisão de propor um curso em nível de adaptação, conforme o Guia EduTec, deu-se pelas características do modo de transmissão, sendo totalmente on-line, levando os participantes a precisarem acessar videoconferência, utilizar ambientes de aprendizagem, criar documentos e compartilhar arquivos. Em razão de ajustes no calendário da formação, todos os participantes que se inscreveram no curso tiveram sua inscrição validada. Mas muitos professores estavam em estágios iniciais de apropriação tecnológica, demonstrando dificuldades para acessar o ambiente de videoconferência, utilizar o Google Classroom, criar e compartilhar arquivos. Essas fragilidades de alguns professores na utilização das TDIC impactaram negativamente, tanto no desenvolvimento de algumas atividades dos encontros síncronos quanto na conclusão de atividades assíncronas do curso. O modelo de formação construído foi direcionado, principalmente, para os professoresque ainda não conhecem o PC e não sabem como aplicá-lo em sua prática de ensino. Sendo assim, o curso também recebeu inscrições de muitos professores que haviam participado anteriormente de outras formações sobre o tema. Logo, a participação anterior em outros cursos sobre PC poderia ser considerada como um dos critérios de validação ou não da inscrição. Caso esse critério tivesse sido considerado, ele poderia ter implicado, posteriormente, de forma positiva na análise e na interpretação dos resultados obtidos no curso. Por esta razão, considera-se esse aspecto como outra limitação do estudo, pois a participação desses professores que já conheciam os conceitos e o potencial do PC na formação dos estudantes dificultou, posteriormente, na interpretação dos resultados obtidos. Outras limitações identificadas referem-se às dificuldades dos professores em trabalhar de forma colaborativa a distância. Essa dificuldade impactou negativamente na 131 manutenção da aplicação da avaliação em pares. A estratégia utilizada de organização dos grupos, apesar de exitosa na análise da atividade de criação dos Pecha Kuchas referentes ao tópico de Políticas Educacionais no contexto do PC, demonstra a necessidade de repensar a aplicação desse tipo de avaliação em um curso on-line. Uma alternativa para a aplicação da avaliação em pares seria a criação de um tópico com carga horária reduzida para permitir analisar todas as atividades do curso. Quanto aos objetivos da pesquisa, não se observou limitações que pudessem causar nulidade ao modelo construído. Entretanto, aponta-se que o contexto pandêmico pelo qual a sociedade tem passado, envolveu todos os docentes e estudantes em dilemas pedagógicos, que exigiu adequações nos currículos e nas metodologias de ensino e de aprendizagem, como também impactou na operacionalização do curso. 6.2 PERSPECTIVAS DE OUTROS ESTUDOS O modelo de formação apresentado neste trabalho tinha como objetivo estimular, por meio de metodologias ativas, práticas educativas nas escolas integrando o PC utilizando a Computação Desplugada. As duas experiências formativas aplicadas (presencial e on-line), mostraram-se válidas na aprendizagem sobre o tema e garantiram a execução de práticas de aprendizagem envolvendo o PC nas escolas públicas. Entretanto, o modelo on-line alcançou melhores resultados em relação à participação, à frequência e ao número de produções que atestam a mudança de mentalidade do professor sobre a integração do PC em suas práticas de ensino utilizando a Computação Desplugada como recurso pedagógico. Logo, essas práticas educativas integrando o PC nas escolas após a formação precisam ser pesquisadas para compreender como elas estão ocorrendo, para assim se verificar o real impacto do curso na formação dos professores. É necessário verificar se a aprendizagem desenvolvida durante a formação tributou ao desenvolvimento profissional e se manteve após a conclusão do curso. Somente desta forma que se terá evidências dos resultados obtidos com o modelo construído, contribuindo assim eficazmente para a profissionalidade do professor, o que é uma capacidade necessária para o docente lidar com os desafios da profissão de modo crítico sobre a realidade, as possibilidades encontradas e a construção de soluções que culminam no domínio do saber-fazer. 132 Dessa forma, indica-se como próximos passos: 1. O desenvolvimento de pesquisas para verificar os tributos do modelo de formação on-line à profissionalidade do professor; 2. A reaplicação do modelo on-line em outros cenários, com parcerias institucionais para propor melhorias na solução; 3. A análise dos resultados da aplicação da avaliação em pares no contexto da formação continuada de professores em PC; 4. A aplicação do módulo de computação plugada para dar continuidade com a formação daqueles que já se encontram em estágios mais avançados no tema do PC; 5. A adaptação do modelo on-line para uma proposta híbrida e outra massiva, visando dar a oportunidade para um número maior de professores. 6. Acompanhar os professores na aplicação de práticas educativas integradas ao PC junto aos estudantes. 7. Acompanhar avaliação das aprendizagens dos estudantes em relação às habilidades relacionadas ao PC. Essas ações futuras, se desenvolvidas adequadamente, podem favorecer o surgimento de uma linha de pesquisa sobre o impacto do ensino do PC na formação de professores como uma estratégia para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à profissionalidade, assim como formações iniciais e continuadas integradoras, impactando na diminuição no número de formações para diferentes necessidades da profissão. 133 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; VALENTE, José Armando. Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais. Currículo sem fronteiras. São Paulo: Paulus, 2011. ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini; VALENTE, José Armando. Pensamento Computacional nas Políticas e nas Práticas em alguns Países. Revista Observatório, v. 5, n. 1, p. 202-242, 2019. ALVES, Flora. Design de aprendizagem com uso de canvas. DVS Editora, 2016. ALVES. Rubens. 2012. Vídeo (9 min e 50 seg). Publicado pela Escola Digital. Disponível em: <https://www.escoladigital.pb.gov.br/odas/rubem-alves-a-escola-ideal-o-papel-do-professor.> Acesso em: 21. 04. 2020. AMARAL, Arnaldo Gomes do. Análise dos recursos educacionais utilizados por professores de biologia na rede pública de ensino. 2012. ANDRADE, Mariel; SILVA, Chérlia; OLIVEIRA, Thiago. Desenvolvendo games e aprendendo Matemática utilizando o Scratch. Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital. São Paulo, p. 260-263, 2013. BARCELOS, Thiago; BORTOLETTO, Rodrigo; ANDRIOLI, Mary. Formação online para o desenvolvimento do Pensamento Computacional em professores de Matemática. In: Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação. 2016. p. 1228. BARCELOS, Thiago; BORTOLETTO, Rodrigo; ANDRIOLI, Mary. Formação online para o desenvolvimento do Pensamento Computacional em professores de Matemática. In: Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação. 2016. p. 1228. BARROS, Taiser Tadeu Teixeira et al. Avaliando a formação de professores no contexto do Pensamento Computacional. RENOTE: revista novas tecnologias na educação. Vol. 16, n. 2 (dez. 2018), p. 556-565, 2018. BELL, T.; WITTEN, I. E FELLOWS, M. (2011). Computer Science Unplugged – Ensinando Ciência da Computação sem o uso do Computador. Tradução de Luciano Porto. Barreto, 2011. Disponível em: http://csunplugged.org/. Acesso em 15/02/2020 BLIKSTEIN, Paulo. O pensamento computacional e a reinvenção do computador na educação. Education & Courses, 2008. BRACKMANN, Christian Puhlmann. Pensamento Computacional Brasil. 2021. Disponível em: https://www.computacional.com.br/ Acesso em: 20/06/2021. BRASIL, Sistema Nacional de Avaliação Básica - SAEB, 2018. Brasília: INEP/Ministério da Educação, 2003. BRASIL. AVAMEC. Manual da Formação do Programa Inovação Educação Conectada, 2020. Disponível em: <https://avamec.mec.gov.br/#/instituicao/seb/curso/961/turma/2021/ferramenta/acervo/listar>. Acesso em: 06 de junho de 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. 134 BRASIL. Programa Inovação Educação Conectada, 2021. Disponível em: <http://educacaoconectada.mec.gov.br/>. Acesso em: 06 de junho de 2020. BRASIL. Resolução CNE/CP n. 1, de 27 de outubro de 2020. Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada). Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-cne/cp-n-1-de-27-de-outubro-de-2020-285609724. Acesso em: 01 maio 2021. BROWN, Tim. Uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias design thinking. 1. ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2010. BULCÃO, J. D. S. B., SOUSA, C., AZEVEDO,C. J., MADEIRA, C., & CAMPOS, A. (2019, November). Computação Desplugada alinhada aos descritores de Matemática do SAEB: Um relato de experiência. In Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação (Vol. 8, No. 1, p. 407). BULCÃO, J. D. S. B., MADEIRA, C., GUIMARÃES, C. A., & ALVES, C. (2021, April). Formação Continuada de Professores em Pensamento Computacional: Um Relato de Experiência do Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional. In Anais do Simpósio Brasileiro de Educação em Computação (pp. 219-226). SBC (a). BULCÃO, J. D. S. B., MADEIRA, C. A. G., GUIMARÃES, C. A. S., & de SOUSA, C. A. (2021). Capacitando Professores no Programa Norte-rio-grandense de Pensamento Computacional. Revista Brasileira de Informática na Educação, 29, 1178-1201(b). CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e terra, 2002. CASTRO FILHO, José Aires de; SILVA, Maria Auricélia da; MARIA, Leite Dennys. Lições do projeto um computador por aluno: estudos e pesquisas no contexto da escola pública. Fortaleza: EdUECE, 2015. CAVALCANTE, Ahemenson; COSTA, Leonardo Dos Santos; ARAUJO, Ana Liz. Um estudo de caso sobre competências do pensamento computacional desenvolvidas na programação em blocos no Code. Org. In: Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação. 2016. p. 1117. CIEB, CENTRO DE INOVAÇÃO PARA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Nota técnica número 15: Autoavaliação De Competências Digitais De Professores. Disponível em: <https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2019/06/CIEB_NotaTecnica15_junho_-2019.pdf> Acessso em: 20/06/2019. DA COSTA, Rodolfo Morais et al. STARTMAKER: Jogo para Introdução do Pensamento Computacional com Foco em Programação Desplugada. DELORES, S. J. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório da Unesco da Comissão Internacional Sobre Educação para o século XXI. Organização das Nações Unidas para educação, a ciência e a cultura. Ed. CNPq/IBICT. 2010. DODERO, Juan Manuel; MOTA, José Miguel; RUIZ-RUBE, Iván. Bringing computational thinking to teachers' training: a workshop review. In: Proceedings of the 5th International Conference on Technological Ecosystems for Enhancing Multiculturality. 2017. p. 1-6. https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2019/06/CIEB_NotaTecnica15_junho_-2019.pdf 135 DO SANTOS, Elisângela Ribas et al. Estímulo ao Pensamento Computacional a partir da Computação Desplugada: uma proposta para Educação Infantil. Revista Latinoamericana de Tecnología Educativa, 2016. FAVA, Rui. Educação para o século XXI: a era do indivíduo digital. Saraiva Educação SA, 2017. FILATRO, Andrea. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. FILHO, V. M, GERGES, N. R. C., & Fialho, F. A. P. (2015). Design thinking, cognição e educação no século XXI. Revista Diálogo Educacional, 15(45), 579-596. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª .ed.Rio de Janeiro: Paz e terra, 1979. FREIRE P. Pedagogia do Oprimido, 8ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. FUSARI, José Cerchi. A formação continuada de professores no cotidiano da escola fundamental. Série Idéias, n. 12, p. 25-33, 1992. GABRIELE, Lorella et al. Lesson planning by computational thinking skills in Italian pre-service teachers. Informatics in Education, v. 18, n. 1, p. 69-104, 2019. GADOTTI, Moacir. Qualidade na educação: uma nova abordagem. 2010. GATTI, Bernardete A. Formação continuada de professores: a questão psicossocial. Cadernos de pesquisa, n. 119, p. 191-204, 2003. GATTI, Bernardete A. Formação de professores: condições e problemas atuais. Revista internacional de formação de professores, v. 1, n. 2, p. 161-171, 2016. GONSALES, P. (2014). Design thinking para educadores. Instituto Educadigital, São Paulo. Disponível em: <https://www.designthinkingforeducators.com/DT_Livro_COMPLETO_001a090.pdf>. Acesso em 12 jun. 2019. GONZÁLEZ, Yen Air Caballero; MUÑOZ-REPISO, Ana García-Valcárcel. Development of computational thinking and collaborative learning in kindergarten using programmable educational robots: A teacher training experienceIn: Proceedings of the 5th International Conference on Technology Ecosystems for Enhanceing Multiculturality. 2017. p. 1-6. GUEDES, Andrey de Jesus; COSTA PASQUAL JUNIOR, Almir de Oliveira. Google Sala De Aula: Um Relato de Experiência na Formação de Professores da Educação Básica. In: WORKSHOP DE INFORMÁTICA NA ESCOLA, 26. , 2020, Evento Online. Anais [...]. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2020. p. 499-503. DOI: https://doi.org/10.5753/cbie.wie.2020.499. IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Artmed Editora, 2010. JÚNIOR, Paulo Antonio Pasqual; DE OLIVEIRA, Simone. Pensamento computacional: uma proposta de oficina para a formação de professores. RENOTE, v. 17, n. 1, p. 62-71, 2019. KAMINSKI, Márcia Regina; BOSCARIOLI, Clodis. Uso do ambiente Code. org para ensino de programação no Ensino Fundamental I-uma experiência no Desafio Hora do Código. Revista ENCITEC, v. 9, n. 1, p. 63-76, 2019. 136 KAMPFF, Adriana Justin Cerveira et al. Pensamento Computacional no Ensino Superior: Relato de uma oficina com professores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. In: Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação. 2016. p. 1316. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Papirus editora, 2003. KOEHLER, Matthew; MISHRA, Punya. What is technological pedagogical content knowledge (TPACK)?. Contemporary issues in technology and teacher education, v. 9, n. 1, p. 60-70, 2009. KONG, Siu-Cheung; LAI, Ming; SUN, Daner. Teacher development in computational thinking: Design and learning outcomes of programming concepts, practices and pedagogy. Computers & Education, v. 151, p. 103872, 2020. KONG, Siu-Cheung et al. Training teachers to integrate computational thinking into K-12 teaching. In: Proceedings of the 47th ACM Technical Symposium on Computing Science Education. 2016. p. 156-157. KRETZER, Fabíola Maria. et al. Desenvolvimento de uma Unidade Instrucional para Formação de Professores da Educação Básica para o Ensino de Computação. 2019. LEITE, Maykon Stanley Ribeiro; GASPAROTTO, Angelita Moutin Segoria. Análise Swot E Suas Funcionalidades: o autoconhecimento da empresa e sua importância. Revista Interface Tecnológica, v. 15, n. 2, p. 184-195, 2018. LÉVY, Pierre. A Inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo, SP: Loyola, 1998. LEVY, Pierre. Cibercultura. Editora 34, 1999. LIBÂNEO, José C. Didática na formação de professores: entre a exigência democrática de formação cultural e científica e as demandas das práticas socioculturais. SANTOS, Akiko e LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora?. Cortez Editora, 2017. LIMA, João Paulo Felizardo et al. Google Classroom: Um Relato de Experiência na Formação de Acadêmicos da Licenciatura em Computação. Anais do Simpósio Ibero-Americano de Tecnologias Educacionais, 2019. MANDAJI, Mônica et al. O Programaê! e a formação de professores para a integração do pensamento computacional ao Currículo. CIET: EnPED, 2018. MARTINELLI, Suéllen; SAKATA, Tiemi. A disseminação do Pensamento Computacional por docentes do Ensino Fundamental I: Relatos de Experiências e Discussões. In: Anais do WIE. Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE 2018). 2018. MARTINS, Helena Sofia Soares. Insucesso Escolar Prevenção e Intervenção na Educação Pré-Escolar e no 1º Ciclo do Ensino Básico. 2017. Tese de Doutorado. MARTINS, Ricartty; REIS, Ronaldo; MARQUES, Anna Beatriz. Inserção da programação no Ensino Fundamental Uma análise do jogo Labirinto Clássico da Code. org através de um modelo de avaliação de jogos educacionais. In: Anais do Workshop de Informática na Escola. 2016. p. 121. MATTAR, João. Games em educação: como os nativos digitais aprendem. 2010. 137 MISHRA, Punya; KOEHLER, Matthew J. Technological pedagogical content knowledge: A framework for teacher knowledge. Teachers college record, v. 108, n. 6, p. 1017-1054, 2006. MONJELAT, Natalia.Programação de tecnologias para a inclusão social com Scratch: práticas de pensamento computacional na formação de professores. Revista Electrónica Educare, v. 23, n. 3, p. 182-206, 2019. MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Papirus Editora, 2007. MOREIRA, Ardilhes; PINHEIRO, Lara. OMS declara pandemia de coronavírus. Portal G1, 11/03/2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/11/oms-declara-pandemia-de-cor onavirus.ghtml>. Acesso em: 06 de agosto de 2020. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020. NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente. 1992. NÚÑEZ, Isauro Beltrán; RAMALHO, Betânia Leite; UEHARA, Fabia Maria Gomes. As Teorias Implícitas sobre a aprendizagem de professores que ensinam Ciências Naturais e futuros professores em formação: a formação faz diferença?. Ciências & Cognição, v. 14, n. 3, p. 39-61, 2009. ORTIZ, Júlia Bathke; André Raabe. Pensamento Computacional na Educação de Jovens e Adultos: Lições Aprendidas. Anais dos Workshops do V Congresso Brasileiro de Informática na Educação (CBIE 2016). Disponível em: <file:///C:/Users/JEANNE/Downloads/7034-8673-1-PB.pdf> Acesso em: 20 de janeiro de 2020. PAPERT, Seymour. A máquina das crianças. Porto Alegre: Artmed, p. 17, 1994. PARTANEN, Tiina et al. Educating Computer Science Educators Online. 2017. PERRENOUD, Philippe. A formação dos professores no século XXI. PERRENOUD, Philippe; THURLER, Monica Gather, et al. As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed. 2007. PIMENTA, Selma Garrido. (Orgs). Saberes pedagógicos e atividade docente. 8 ed. São Paulo:Cortez, 2012. PIMENTEL, Charles Soares; DE CARVALHO, Nathália Alves; BARREIRO, Rommulo Mendes Carvalho. Aprendizado Ativo entre bits e átomos: Uma proposta para formação de professores no contexto do Pensamento Computacional. Revista Interdisciplinar Parcerias Digitais, v. 1, n. 2, 2020. PIMENTEL, Mariano; CARVALHO, Felipe da Silva Ponte. Aprendizagem online é em rede, colaborativa: para o aluno não ficar estudando sozinho a distância. SBC Horizontes, jun. 2020. ISSN 2175-9235. Disponível em: <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/06/02/aprendizagem-em-rede>. Acesso em: 04. setembro. 2020. PIMENTEL, Mariano; CARVALHO, Felipe da Silva Ponte. Princípios da Educação Online: para sua aula não ficar massiva nem maçante! SBC Horizontes, maio de 2020. ISSN 2175-9235. Disponível em: 138 <http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/05/23/principios-educacao-online>. Acesso em: 10 de setembro de 2020. PIMENTEL, Susana Couto. Formação de professores para a inclusão: saberes necessários e percursos formativos. O professor e a educação inclusiva: formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, p. 139-155, 2012. PRADO, M. E. B. B.; ALMEIDA, MEB de. Estratégias em educação a distância: a plasticidade na prática pedagógica do professor. Formação de educadores a distância e integração de mídias, p. 67-83, 2007. PRENSKY, Marc. Aprendizagem baseada em jogos digitais. São Paulo: SENAC, v. 575, 2012. PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants. On the horizon, v. 9, n. 5, 2001. PRENSKY, Marc. Nativos digitais, imigrantes digitais parte 2: Eles realmente pensam diferente?. No horizonte, 2001. RAABE, André L. A.; BRACKMANN, Christian P.; CAMPOS, Flávio R. Currículo de referência em tecnologia e computação: da educação infantil ao Ensino Fundamental. São Paulo: CIEB, 2018. E-book em pdf. RAMALHO, Betânia Leite. NUNEZ, Beltrán Isauro. GAUTHIER, Clermont. Formar o professor, profissionalizar o ensino–perspectivas e desafios. Porto Alegre: Sulina, 2004. RESNICK, Mitchel. Jardim de infância para a vida toda: por uma aprendizagem criativa, mão na massa e relevante para todos. Penso na Editora, 2020. ROCHA, , Ana Karina de Oliveira Rocha; PRADO, Maria Elisabette Brisola Brito. A Programação Computacional Desenvolvida na Perspectiva do Tpack no Contexto da Formação Continuada do Professor de Matemática. Jornal Internacional de Estudos em Educação Matemática, v. 11, n. 3, p. 202-209, 2018. SALOMÃO, Rommy. A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ALFABETIZADORES: do Pró-Letramento ao PNAIC. 2014. 117 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA, Ponta Grossa, 2014. SANTANNA, Denise Gomes; DE ALMEIDA, Verônica Eloi; JATOBÁ, Alessandro. A Formação Continuada De Professores No Modelo Híbrido. REVISTA CARIOCA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO, v. 5, n. 1, p. 40-52, 2020. SANTOS, Edméa. Educação online para além da EAD: um fenômeno da cibercultura. Anais do Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Universidade do Minho, Braga, Portugal, 2009, p. 5658-5671. SHULMAN, Lee. Knowledge and teaching: Foundations of the new reform. Harvard educational review, v. 57, n. 1, p. 1-23, 1987. SHULMAN, Lee S. Signature pedagogies in the professions. Daedalus, v. 134, n. 3, p. 52-59, 2005. SIMMONDS, Jocelyn et al. A Teacher Workshop for Introducing Computational Thinking in Rural and Vulnerable Environments. In: Proceedings of the 50th ACM Technical Symposium on Computer Science Education. 2019. p. 1143-1149. 139 SKINNER, Burrhus Frederic. Programmed learning – teaching machine. ~1960. Youtube. 4m18s. SOUZA, Elizabeth; AMANTE, Lúcia; MENDES, António Quintas. Desenho e Avaliação de um curso b-learning para Formação de Professores e Educadores sobre Pensamento Computacional, Programação e Robótica. RE@ D–Revista de Educação a Distância e eLearning, p. 131-150, 2020. SOUZA, Elizabeth; AMANTE, Lúcia; MENDES, António Quintas. Desenho e Avaliação de um curso b-learning para Formação de Professores e Educadores sobre Pensamento Computacional, Programação e Robótica. RE@ D–Revista de Educação a Distância e eLearning, p. 131-150, 2020. SUANNO, Marilza V. Didática e formação de professores: novos tempos, novos modos de aprender e ensinar. Porto Alegre: Sulina, 2013. TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Editora Vozes, 2007. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 16 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, TEZA, Pierry et al. Geração de ideias: aplicação da técnica World Café. International Journal of Knowledge Engineering and Management (IJKEM), v. 2, n. 3, p. 1-14, 2013. THEODORO, Flávia Cristine Medeiros; DE SOUZA COSTA, Josenilde Bezerra; DE ALMEIDA, Lucia Maria. Modalidades e recursos didáticos mais utilizados no ensino de Ciências e Biologia. Estação Científica (UNIFAP), v. 5, n. 1, p. 127-139, 2015. VALENTE, José Armando; DE ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Formação de educadores a distância e integração de mídias. Avercamp Editora, 2007. VALENTE, José Armando. Integração do pensamento computacional no currículo da Educação Básica: diferentes estratégias usadas e questões de formação de professores e avaliação do aluno. Revista E-curriculum, v. 14, n. 3, p. 864-897, 2016. VON WANGENHEIM, Christiane Gresse; NUNES, Vinícius Rodrigues; DOS SANTOS, Giovane Daniel. Ensino de Computação com scratch no Ensino Fundamental–um estudo de caso. Revista Brasileira de Informática na Educação, v. 22, n. 03, p. 115, 2014. VYGOTSKI, Lev Semenovitch. A formação social da mente. Psicologia, v. 153, p. V631, 1989. WING, Jeannette M. Computational thinking. Communications of the ACM, v. 49, n. 3, p. 33-35, 2006. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. Livraria Editora, 2015. 140 ZABALA, Antoni; Arnau, LAIA. Como Aprender e Ensinar Competências. Edição: Editorial GRAÓ, de IRIF, S.L, 2014. ZANETTI, Humberto; OLIVEIRA, Claudio. Práticas de ensino de Programação de Computadores com Robótica Pedagógica e aplicação de Pensamento Computacional. In: Anais dos Workshops do Congresso Brasileiro de Informática na Educação. 2015. p. 1236. ZHA, Shenghua et al. Hopscotch into coding: introducing pre-service teachers computational thinking. TechTrends,v. 64, n. 1, p. 17-28, 2020.