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Universidade de Ribeirão Preto UNAERP Pós Graduação Farmácia Hospitalar e Clínica JENIFER CAMPEZZI CONSTÂNCIO GESTÃO DE ESTOQUE NA FARMÁCIA HOSPITALAR RIBEIRÃO PRETO 2018 JENIFER CAMPEZZI CONSTÂNCIO GESTÃO DE ESTOQUE NA FARMÁCIA HOSPITALAR Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para a conclusão do Curso de Pós Graduação em Farmácia Hospitalar e Clínica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP. Orientadora: Profª Me Nilva Maria Rodrigues Rocha da Silva Passos Ribeirão Preto 2018 Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento Técnico da Biblioteca Central da UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - Constâncio Jenifer Campezzi, 1993- C758g Gestão de estoque na farmácia hospitalar/ Jenifer Campezzi Constâncio. - - Ribeirão Preto, 2018. 52 f.: il. Orientadora: Profª. Me. Nilva Maria R. R. da S. Passos. Monografia (especialização) - Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP, Farmácia clínica e hospitalar. Ribeirão Preto, 2018. 1. Gestão da farmácia hospitalar. 2. Controle de estoque. 3. Redução de custos. I. Título. CDD 615.1 JENIFER CAMPEZZI CONSTÂNCIO GESTÃO DE ESTOQUE NA FARMÁCIA HOSPITALAR Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para a conclusão do Curso de Pós Graduação em Farmácia Hospitalar e Clínica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP. Orientadora: Profª Me Nilva Maria Rodrigues Rocha da Silva Passos Aprovação ____/____/____ _________________________________________ Profª. Me. Nilva Maria Rodrigues Rocha da Silva Passos Universidade de Ribeirão Preto Orientadora RESUMO Quando se refere à qualidade em serviços de saúde a gestão hospitalar é primordial para a atuação da instituição, sendo importante a realização de avaliações periódicas com o intuito de analisar sua eficiência. A gestão dos custos das instituições de saúde tem uma função estratégica, pois nessa área os recursos financeiros são escassos e onerosos. Para desenvolver suas atividades o hospital conta com a farmácia hospitalar, uma unidade que da assistência técnica e administrativa, sob a supervisão de um farmacêutico ligado as atividades hospitalares. Sua função é assegurar a qualidade da assistência prestada ao paciente, através do uso correto e racional de medicamentos. Quanto aos estoques sua importância é medida pelo seu valor monetário e por ser indispensável a prestação de serviços. O excesso de produtos deve ser evitado, pois geram custos elevados, assim como a falta deles devem ser evitados também, pois poderia causar até óbito de pacientes. A intenção é mostrar que a seleção e manutenção de materiais e medicamentos, tem que ser desempenhada por uma equipe relacionada ao paciente ou ao seu método de atendimento. Sendo assim, as necessidades dos pacientes serão atendidas com mais eficiência e a comunicação entre os setores de logística que abrange a compra, seleção, cotação, recebimento, armazenamento e distribuição interna ocorrera de maneira mais notória. O objetivo da pesquisa é expor alternativas em relação à gestão de estoque na farmácia hospitalar, por meio de ferramentas que possam reduzir os custos. Palavras Chave: Gestão da Farmácia Hospitalar. Controle de Estoque. Redução de Custos. ABSTRACT When referring to the quality in health services, hospital management is paramount for the institution's performance, and it is important to carry out periodic evaluations in order to analyze its efficiency. The management of the costs of health institutions has a strategic function, since in this area financial resources are scarce and costly. To develop its activities, the hospital has a hospital pharmacy, a unit that provides technical and administrative assistance under the supervision of a pharmacist linked to hospital activities. Its function is to ensure the quality of care provided to the patient through the correct and rational use of medications. As for stocks, their importance is measured by their monetary value and because it is indispensable to provide services. Excessive products should be avoided because they generate high costs, as well as the lack of them should be avoided too, as it could cause even death of patients. The intention is to show that the selection and maintenance of materials and medicines must be performed by a team related to the patient or his method of care. Therefore, the needs of patients will be met more efficiently and communication among the logistics sectors, which encompasses the purchase, selection, quotation, receipt, storage and internal distribution will occur in a more noticeable way. The objective of the research is to expose alternatives to inventory management in the hospital pharmacy, through tools that can reduce costs. Keywords: Hospital Pharmacy Management. Inventory control. Reduction of Costs. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------09 2 REVISÃO DE LITERATURA--------------------------------------------------------------11 2.1 HISTÓRICO SOBRE GESTÃO NA ÁREA HOSPITALAR DE MODO GERAL--------------------------------------------------------------------------------------------11 2.1.1 A importância da gestão--------------------------------------------------------------14 2.2 GESTÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR-------------------------------------------17 2.2.1 A importância do farmacêutico na gestão da farmácia hospitalar---------22 2.3 CONTROLE E GESTÃO DE ESTOQUE DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA HOSPITALAR-------------------------------------------------------------------27 2.4 GESTÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS DO SUS--------------------35 2.5 MÉTODO CURVA ABC E SUA APLICAÇÃO--------------------------------------38 2.5.1 Comportamento da curva abc-------------------------------------------------------42 2.5.2 Vantagens da utilização desse método-------------------------------------------42 3 PROPOSIÇÃO-------------------------------------------------------------------------------44 4 METODOLOGIA-----------------------------------------------------------------------------45 5 CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------------------46 REFERÊNCIA-----------------------------------------------------------------------------------48 LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA- Agência de Vigilância Sanitária CTI- Centro de terapia Intensiva CTI- Centro de terapia Intensiva ESF- Estratégia de Saúde da Família FH- Farmácia Hospitalar FSESP- Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública HUFS- Hospitais Universitários Federais MS- Ministério da Saúde NGP- Nova Gestão Pública OMS- Organização Mundial de Saúde PIB- Produto Interno Bruto SAMU- Serviço de Atendimento Móvel deUrgência SUS- Sistema Único de Saúde UPA- Unidade de Pronto Atendimento LISTA DE FIGURAS Figura 1: Equipe de Gestores da área Hospitalar-----------------------------------13 Figura 2: Farmácia Antiga-----------------------------------------------------------------17 Figura 3: Esquema da Assistência Farmacêutica no Âmbito Hospitalar-----18 Figura 4: Equipe de Farmacêuticos-----------------------------------------------------21 Figura 5: Atividades do Farmacêutico--------------------------------------------------23 Figura 6: Assistência Farmacêutica-----------------------------------------------------24 Figura 7: Estoque de Medicamentos----------------------------------------------------28 Figura 8: Gerenciamento de Estoque---------------------------------------------------31 Figura 9: Controle de Estoque------------------------------------------------------------31 9 1 INTRODUÇÃO Ao longo dos anos as várias profissões vêm sofrendo mudanças e para a área da farmácia não foi diferente. O farmacêutico de uns tempos para cá vem enfrentando mudanças que foram causadas pelo crescimento da indústria farmacêutica, coligada ao desenvolvimento de fórmulas para a produção de medicamentos em grande quantidade e a descoberta de novos fármacos. Por meio dessas mudanças a sociedade passou a reconhecer o farmacêutico como um balconista, ou seja, um simples vendedor de medicamentos. No Brasil as farmácias atualmente perderam seu prestígio de instituição de saúde, sendo reconhecida como instituições comerciais ou depósitos de medicamentos. Para que o farmacêutico volte a ser reconhecimento profissionalmente e a farmácia um estabelecimento de saúde é fundamental investir num atendimento de qualidade e na conscientização da sociedade para o uso adequado dos medicamentos. Ao referir se a qualidade em relação aos serviços de saúde a gestão hospitalar é essencial para o desempenho da instituição juntamente com a atuação de um farmacêutico que tem como função assegurar a qualidade da assistência prestada ao paciente por meio do uso racional de medicamentos e administrar o controle de estoques visando à redução de custos, os excessos assim como a falta deles. Uma assistência farmacêutica qualificada e de bons resultados só é possível por meio do seguimento correto das etapas que abrangem a compra, seleção, cotação, recebimento, armazenamento e distribuição. O tema em estudo é de grande relevância para a área da farmácia, por justificar a importância da presença de um farmacêutico no âmbito hospitalar tanto em relação à assistência a saúde com qualidade quanto à gestão de estoque assegurando que a instituição sobreviva financeiramente, pois a gestão de estoques gerará lucros evitando desperdícios. O objetivo da pesquisa é apresentar o funcionamento da gestão de estoque de uma farmácia hospitalar, pesquisando sugestões de melhorias nas atividades que abrangem admissão, armazenamento e distribuição de medicamentos para a satisfação dos pacientes, além de resultados satisfatórios para o hospital. 10 A pesquisa será de caráter bibliográfico através da seleção de artigos, dissertações, monografias e revistas na base do Google Acadêmico e Scielo, e os artigos selecionados serão analisados e utilizados para a elaboração da pesquisa e em seguida serão apontados os resultados e discussões. 11 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 HISTÓRICOS SOBRE GESTÃO NA ÁREA HOSPITALAR DE UM MODO GERAL Recentes pesquisas têm mostrado que a saúde é uma das principais preocupações das pessoas, ficando atrás, somente de situações como o desemprego. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para atender as expectativas da população são importantes assegurar a promoção, proteção e a recuperação da saúde. Nos Estados Unidos a saúde é uma das principais questões, ou seja, ela é primordial, sendo que os gastos com essa área já chegaram a 16% do Produto Interno Bruto (PIB). Uma pesquisa abrangendo oito dos maiores estados brasileiros realizada em setembro de 2010, apontou que a saúde é o principal problema, com uma porcentagem de 32,8% na média dos estados sendo 54% no Distrito Federal e 25% em Pernambuco. De acordo com o decreto oficial 37.773 de 22/08/1955: “hospital é a instituição destinada a internar, para diagnóstico e tratamento, pessoas que precisam de assistência médica e cuidados constantes de enfermagem”. Desse modo, o hospital tem um compromisso com a sociedade não apenas pelo seu processo curativo e preventivo, mas pela sua índole com a sociedade, pois assim como qualquer instituição deve se preocupar com o seu marcado de atuação. Antigamente, os hospitais cobriam perfeitamente boa parte dos custos por meio de convênios com o Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente, em decorrência das dificuldades que há no atendimento SUS, a solução foi procurar cliente particular, que tem condições de pagar o atendimento. O hospital não deve criar seu quadro de agentes com administradores hospitalares, mas sim com um profissional que além de exercer a função administrativa, presta serviço na área da saúde. Para Pizzini (2010) os hospitais são instituições que atuam sobre situações similares com serviços padronizados que mudam expressivamente em termos de operação. 12 O gestor hospitalar tem um trabalho complexo e atua em diversos setores ao mesmo tempo. Sua responsabilidade é grande, pois a gestão abrange instituições de saúde, em que a vida e o bem estar das pessoas estão em primeiro lugar. O gestor deve ter uma visão estratégica para conseguir desenvolver todas as atividades que lhe são atribuídas, sendo essencial o seu conhecimento em relação à profissão e a rotina dos funcionários do hospital, para que possa administrar as atividades e suprir eventuais carências. A área da gestão hospitalar exige do profissional um perfeito conhecimento das técnicas administrativas nas várias áreas, além de ser essencial uma boa atuação por parte do profissional para que possa solucionar os inúmeros desafios que ocorrem dentro das instituições de saúde. Os gestores que trabalham em hospitais do governo não têm muito domínio em relação aos diversos cargos da instituição (VILAS BOAS, 2015, p. 10). Segundo Oliveira (2013) a maior parte dos hospitais universitários no Brasil, são instituições públicos mantidos por fundos públicos e incorporados ao sistema Único de Saúde (SUS), com custos mais altos que os demais hospitais, porque incluem ensino, pesquisa e assistência social. O autor ainda ressalta sobre os Hospitais Universitários Federais (HUFS) que tem passado por vários desafios em relação aos limites na gestão e prestação de cuidados de qualidade ao paciente. De acordo com Paula (2005) nos últimos anos as instituições públicas experimentam a passagem da administração burocrática para o modelo irregular de burocracia flexível em busca de resultados, metas e objetivos estipulados. A nova gestão pública iniciou-se com a crise econômica rescaldada pelos países ocidentais principalmente no Reino Unido. Paula (2005) ainda ressalta que a administração gerencial não surgiu para hostilizar a burocracia e sim para torná-la eficaz, tendo com foco principal os resultados. A autora assegura que "um modelo econômico puramente centrado do mercado não vai garantir o desenvolvimento sustentável nem a qualidade de vida dos cidadãos hoje ou no futuro (PAULA, 2010, p. 493)”. Para Martins (2002) a preocupação da administração hospitalar deve ser voltada para assuntos referentes a custos, despesas, receitas, visando proporcionar serviços médicos com qualidade, assim como mostra a figura 1: 13 Figura 1: Equipe de gestores da área hospitalar Fonte: youtube.com No entanto, na perspectiva da Nova Gestão Pública(NGP), é importante além da busca pelos resultados, considerar o papel dos gestores nas instituições, pois os mesmos devem mobilizar e sensibilizar as pessoas a alcançar os resultados, com iniciativa e autonomia na realização de suas funções, para que a não realização das mesmas acarreta em sentimentos frustração e culpa por resultados insatisfatórios (VILAS BOAS, 2015, p. 14). Segundo os autores Seixas e Melo (2004) o progresso da administração hospitalar está diretamente ligado à história dos hospitais e da medicina. No Brasil e demais países, antigamente os hospitais eram vistos como uma instituição de caridade e a sua administração era feita por religiosos, médicos, enfermeiros ou moradores da comunidade. A maior parte dos administradores hospitalares aponta a perda de foco como a principal causa do problema administrativo. Daí por diante aparecem os desperdícios, prejuízos e problemas técnicos. Com o passar dos anos nota-se o aumento dos custos das instituições hospitalares, prejudicando a gestão operacional e gerencial do hospital. Diante de uma visão mais analítica, a saúde pública e estadual pode ser considerada destruída, tornando indiscutível sua urgência de um serviço prestado com qualidade. Conforme Chiavenato (2000) os “hospitais abrangem atividades diversas em prol da promoção da saúde, e são organizadas em departamentos, setores e seções”. A missão administrativa em uma instituição hospitalar é fundamental para organizar, planejar, controlar e determinar técnicas que possibilitem a prestação do serviço. 14 2.1.1 A Importância da Gestão Atualmente os hospitais sofrem vários acontecimentos que requer uma gestão mais rígida em suas áreas internas, tendo como foco o setor que provêm o fornecimento para uma instituição hospitalar realizar sua atividade final, uma gestão voltada para a área de materiais e medicamentos hospitalares, analisando a necessidade de eficácia em seus procedimentos. Conforme Barbieri e Machline (2005) a gestão eficiente de materiais requer um esforço contínuo dos responsáveis. A direção não pode deixar de determinar normas básicas, que não deixe faltar qualquer item essencial para a saúde do paciente, ou seja, visando um serviço com 100% de qualidade. Outra norma que deve ser determinada pela instituição são os estoques a serem mantidos, durante o tempo de consumo. Na área da saúde a gestão de materiais é mais complicada do que a de outras seções da economia, pois os materiais e medicamentos de enfermagem possuem prazo de validade pequeno; exige conservação a baixa temperatura; são passíveis a rastreabilidade; são facilmente furtados; apresentam-se sob várias formas; tanto comprimidos quanto injetáveis; as doses individuais devem ser prescritas diariamente, preparadas, baixadas dos estoques, ministrados ao paciente e faturados sem erro. Quanto ao controle de medicamentos e materiais para que sejam eficazes é importante que os problemas sejam administrados com atenção. Outro fator essencial é a tecnologia da informação que exerce uma função importante para este controle, além de contribuir com a redução dos custos e aumentando a produção dos setores. A principal função do gestor hospitalar é gerenciar os recursos com o mínimo de materiais em estoques, mas impedindo que a sua falta ocorra. A importância do gestor hospitalar é essencial para a gestão de tópicos específicos e comuns das instituições, tais como a gestão de pessoas, custos, processos, finanças, compras e tecnologias. Segundo Couto e Pedrosa (2007), o gestor hospitalar tem vários desafios, inclusive o de comandar as angústias e objetivos específicos de cada profissional que age na instituição hospitalar, tentando gerenciar conflitos e disputas e, portanto, igualar os objetivos específicos ao objetivo maior da instituição. 15 Para Maximiano (2008) existem cinco tipos de funções administrativas, o planejamento, a organização, a liderança, a execução e o controle. Como assegura Viana (2009) o estoque pode ser considerado os materiais, mercadorias ou produtos acumulados para utilização posterior, de forma a possibilitar o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das atividades da instituição. Para Pereira (2016) quando se fala em administração hospitalar, as pessoas pensam na quantidade de leitos ou no agendamento de consultas. Um hospital abrange outras demandas que asseguem um atendimento com qualidade, por meio da equipe de profissionais, da adição e descarte de materiais, a probabilidade dos procedimentos, a estrutura física, os equipamentos básicos, etc. O profissional da área de administração hospitalar, pertence ao hospital, utilizando métodos visando à eficácia e qualidade dos serviços. É responsabilidade de um gestor hospitalar, organizar a parte administrativa e contábil, determinando onde empregar o dinheiro e como equilibrar a saúde financeira e produtiva do hospital. A autora ainda salienta que os administradores no setor da saúde, devem se preocupar com os diversos setores, pois independente do hospital ser particular ou público, sem os requisitos básicos de qualidade, não conseguirá a autorização para funcionar. Para Macêdo e Romeiro et al (2017) há uma grande procura por gestores hospitalares com qualificação, ou seja, que tem uma formação específica no setor hospitalar. Mesmo sabendo da importância de um gestor na administração hospitalar, o médico continua executando o papel de diretor geral. Para Padilha e Nassar (2009) ressaltam que mesmo o médico tendo a formação que tem, não é suficiente para que assuma o cargo de gestão. Assim, o profissional que exerce a função de médico deveria além do conhecimento dos conteúdos técnicos, entender a área social e política que ele atua inclusive a da área administrativa. Mesmo que os médicos e enfermeiros não possuem conhecimentos teóricos de administração e métodos gerenciais, é essencial que a gestão seja dividida com esses setores, com o intuito de alcançar os melhores serviços prestados por esses profissionais que com certeza cooperaram com os administradores. 16 Na instituição hospitalar ocorre uma renovação contínua no setor técnico/médico, mas, no setor administrativo, não ocorre com frequência, possibilitando uma acomodação por parte do gestor em relação às modificações das rotinas de trabalho (SEIXAS e MELO 2004, p. 18). O administrador necessita mostrar que o seu papel não é somente realizar um controle administrativo, além da tarefa de fazer planejamento, traçar e executar estratégias, controlar os custos dos procedimentos e ter como foco principal a melhoria no atendimento prestado aos pacientes. Sendo assim, a administração hospitalar deve proporcionar recursos nas áreas de saúde e de assistência, atuando-nos diversos setores da instituição, modernizando a gestão, visando à promoção da qualidade no atendimento aos pacientes. Neste caso, o direito a saúde só se objetiva por meio do acesso do paciente ao medicamento, pois ao mesmo tempo em que o medicamento é essencial ao procedimento de atenção á saúde, pode se tornar um perigo se for utilizado inadequadamente. O uso de medicamentos de forma abusiva e incorreta gera desperdícios e riscos a saúde (ROSSATO, 2008). Nesse contexto, Gomes e Reis (2001) salienta que o papel do farmacêutico pode além de impedir, cooperar por meio de uma perfeita assistência farmacêutica no contexto hospitalar. Para se exercer a função de gestor hospitalar, é essencial: saber organizar as atividades para conquistar os objetivos; proporcionar programas de capacitação dos profissionais para seguir as inovações, proporcionar a motivação da equipe de profissionais para trabalharem com entusiasmo, pois sem renovação o hospital irá declinar (SEIXAS e MELO 2004, p. 18). O gestor deve ser um excelente administrador, para que assim os profissionaisreconheçam o hospital como uma instituição segura que durará gerações, além de ser um ambiente multiplicador de benefícios sociais e econômicos. 17 2.2 GESTÃO DA FARMÁCIA HOSPITALAR Primeiramente, antes iniciar falando sobre a gestão da farmácia hospitalar é importante conhecer um pouco sobre a história da farmácia hospitalar. A primeira farmácia hospitalar surgiu na Pensilvânia nos EUA em 1752, e no Brasil, as farmácias hospitalares mais antigas foram montadas nas Santas Casas de Misericórdia e nos Hospitais Militares, no qual o farmacêutico era quem manipulava os medicamentos dispensados aos pacientes internados, obtidos por meio de um ervanário que tinha no próprio hospital. Figura 2: Farmácia Antiga Fonte: wordPress.com Segundo Tannus (2010a) a Farmácia Hospitalar é uma unidade tecnicamente aparelhada, com o objetivo de prover as clinicas e demais serviços de um hospital, os medicamentos e correlatos, que se fizerem necessário ao bom funcionamneto do mesmo. De acordo com a Resolução n.°338/04, do Conselho Nacional de Saúde, Assistência Farmacêutica é: (...) um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando ao acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, 18 acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população. Na gestão da Farmácia Hospitalar é essencial administrar de forma efetiva os métodos organizacionais e estabelecer programas de qualidade direcionados ao rendimento das instituições públicas e privadas da saúde, pois qualidade e rendiemntos são fatores essenciais para a conquista de resultados positivos (BARBOSA, 2015, p. 07). Segundo Paraíso (2017) em um de seus artigos salienta que a gestão da farmácia hospitalar é de grande relevância e deve ser tratada como uma prioridade, na saúde. Além de ser uma área dentro do hospital que necessita assegurar a qualidade da assistência prestada ao paciente, através do uso adequado de medicamentos, é um setor que busca altos valores orçamentários. As atividades nos setor da assistência farmacêutica engloba atividades relacionadas a manipulação, controle de qualidade, logística, atenção farmacêutica e farmácia clínica, alem das atividades intersetoriais, que é a interação com outros setores e equipes do hospital. Figura 3: Esquema da assistência farmacêutica no âmbito hospitalar Fonte: CRF-SP Sendo que a logística farmacêutica demanda que o profissional farmacêutico esteja pronto para desafios, como a gestão da aquisição de medicamentos, além de 19 cooperar para uma administração eficiente considerando a redução dos custos da instituição. Farmacêutico é responsável por todo o fluxo do medicamento, englobando o planejamento, implementação, controle eficiete, ao correto custo, do fluxo, e armazenagem de materiais médicos hospitalares, medicamentos e outros materias. Incluinto tambem a criação de normas e controles que garatam a sistematica da distribuição e qualificação de fornecedores. De acordo com a RDC n.°54/2013 da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) o rastreio do medicamentos é padronizado da seguinte maneira: “Rastreamento de Medicamentos: conjunto de procedimentos que permitem traçar o histórico, a aplicação ou localização de medicamentos, através de informações previamente registradas, mediante sistema de identificação exclusivo dos produtos, prestadores de serviços e usuários, a ser aplicado no controle de toda e qualquer unidade de medicamento produzido, dispensado ou vendido no território nacional”. Por meio de um sistema eficiente de gestão da farmácia hospitalar é mais fácil controlar a validade dos lotes, e saber de qual fornecedor o produto foi comprado, além da aquisição de informações sobre a empresa em relação ao prazo de pagamentos, medicamentos mais vantajosos, melhor custo benefício e lotes dispensados. O método também informa quem retirou o medicamento do almoxarifado, quando o material esta terminando, além de auxiliar no acompanhamento da movimentação do estoque para que nenhum material fique em falta ou armazenado com a validade vencida. Os medicamentos e materiais usados para fazer exames, são fortemente deterioravéis e necessitam de cuidado em relação a data de validade, sendo essencial controlar o vencimento e os lotes nos estoques das clínicas e hospitais. É importante, ter uma simetria ao comprar esses materiais com controles de estoques minuciosos, acompanhando as normas comerciais determinadas proporcionando uma autonomia ao profissional da saúde. De acordo com os autores Junquilho (2001) a gestão é “um processo técnico, político e social capaz de produzir resultados”, já Guimarães et al (2004) diz que a gestão é “ a faculdade de uma organização em decidir com autonomia, flexibilidade 20 e transparência, mobilizando recursos e construindo a sustentabilidade dos resultados de gestão”. Para Barbieri e Machline (2006) quanto mais “qualidade a instituição e de sua farmácia administrarem corretamente os materiais e medicamentos, terá mais capacidade de proporcionar aos pacientes serviços de qualidade e com custos reduzidos. Porém, para Gonçalves (2006) a gestão de medicamentos no âmbito hospitalar abrange uma variedade de produtos diferenciados á disposição dos profissionais da saúde, e a falta dos mesmos no estoque, pode causar a morte de pacientes e gerar perdas irrecuperavéis para a instituição. Conforme Dias (2011) em uma instituição, os estoques são essenciais para que não interrompa a produção e nem cause insatisfação aos usúarios, mas estoques em excesso também comprometem o andamento da instituição, imobilizando o capital e prejudicando o resultadp financeiro, assim é indispensavél o planejamneto e o controle dos estoques. Quando se refere a qualidade em serviços de saúde a gestão hospitalar é primordial para o desempenho da instituição, sendo importante que os gestores realizem avaliações periódicas visando analisar sua eficiência. No dia a dia da farmácia hospitalar é importante a aplicação de conhecimentos administrativos, a partir dos conhecimentos básicos, planejamentos, controle, desenvolvimento, gerenciamento, etc. O farmacêutico admitido em um hospital deve elaborar um planejamneto para alcançar posições gerenciais e até assumir a administração da farmácia hospitalar. O seu papel como administrador é decifrar os objetivos propostos pela instituição e convertê-los em ação através de planejamneto, organização, controle visando alcançar tais objetivos. Na gestão da farmácia hospitalar o farmacêutico é o responsavél exclusivo pela farmácia e o principal foco da sua gestão é prestar assistência farmacêutica. Sendo assim, ele deve desenvolver uma estrutura organizacional que: Estabeleça a missão, os valores e a visão da farmácia hospitalar; Formule, implemente e acompanhe o palnejamento estratégico, visando o cumprimento da missão; Acompanhe e monitore a implementação das ações; Avalie as ações preventivas ou corretivas de não conformidades; 21 Ofereça funcionários capacitados de acordo com as necessidades para as atividades da farmácia hospitalar; Promova treinamentos necessários e a educação permanente de sua equipe, Acompanhe o desenvolvimento financeiro e orçamentário. Na figura 4 mostra a equipe de profissionais na palestra sobre assistência farmacêutica: Figura 4: Equipe de Farmacêuticos Fonte: youtube.com O dia a dia do hospital é afetado pelos preços de medicamentosque provocam grande efeito nos gastos assistenciais da instituição. Conforme Cavallini e Bisson (2002) a área da saúde é definida por sucessivas restrições relacionada a orçamentos, assim, o controle de recursos escassos deve se juntar á sua utilização com eficiência, pois todo cidadão utilizará o serviço de saúde seja hospitalar ou ambulatorial. Para realizar suas atividades, o hospital insere a farmácia hospitalar com o propósito de assegurar o uso seguro e racional dos medicamentos prescritos pelo médico, além de atender as necessidades de tratamento dos pacientes internados, mantendo sob sua proteção os estoques desses produtos (SIMONETTI e NOVAES, et al, 2007, 02). Conforme Gomes e Reis (2001) a gestão da farmácia hospitalar deve ter como foco principal a assistência farmacêutica assegurando o abastecimento, dispensação, acesso, controle, uso racional de medicamentos através de práticas de 22 assistência com o propósito de monitorar o seu uso, otimizar os custos, além de advertir sobre os benefícios e os riscos do uso dos medicamentos. 2.2.1 A importância do farmacêutico na gestão da farmácia hospitalar Conforme a Portaria 3.916/1998 do Ministério da Saúde, a gestão da Farmácia Hospitalar, é de responsabilidade total do Farmacêutico e deve ter como foco principal a prestação de assistência farmacêutica (SBRAFH, 2007). O Farmacêutico Hospitalar é responsável por todo o ciclo da assistência farmacêutica, iniciando com a sua seleção (ativos e fornecedores), armazenamento, controles, finalizando com a dispensação e o uso pelo paciente. A atuação do farmacêutico hospitalar é extensa e por meio de conhecimentos exclusivos, ele possui habilidade para aceitar diversas responsabilidades, na administração pública na fabricação e no abastecimento de medicamentos. Na segura abaixo um esquema das atividades realizadas pelo farmacêutico hospitalar: Figura 5: Atividades do Farmacêutico Fonte: a autora Atividades Logísticas: o responsavél por todo o fluxo do medicamento dentro da instituição hospitalar é o farmacêutico e as Atividades Logísticas Atividade de Manipulação/ Produção Atividades Focadas no Paciente Farmacêutico Hospitalar Controle de Qualidade Atividades Intersetoriais 23 atividades abrangem o planejamento, implementação e controle eficiente, além da composição de parâmetros e controles que asseguram o sistema de distribuição e qualificação dos fornecedores (CRF-SP, 2010). Atividades de Manipulação/ Produção: o principal foco da manipulação de fórmulas (magistrais, oficiais e parentais) é disponibilizar medicamentos com segurança e qualidade, conforme á necessidade da população atendida, além desenvolver fórmulas de medicamentos mais e econômico. Conforme a RDC Anvisa n.°67/2007 para manipular fármacos é necessário seguir os príncipios das Boas Práticas de Manipulação em Farmácia que discorre que a farmácia deve possuir áreas para as atividades administrativas, de armazenamento, controle de qualidade e dispensação além de um ambiente exclusivo para manipular e pesar. Em casos de hospitais de pequeno porte é permitida a contratação de terceiros, pois não é viavél a realização de um serviço de manipulação. Atividades Focadas no Paciente: essa atividade engloba vários serviços direcionados ao paciente: Farmácia Clínica- definida como a ciência da saúde que tem como responsabilidade garantir o uso seguro e adequado de medicamentos; Atenção farmacêutica- envolvem atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos voltados à prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde; Assistência Domiciliar- o farmacêutico presta orientações quanto ao uso, indicações, interações (interais e nasointerais), além de gerenciar o armazenamento assegurando que o medicamento e os materiais para a saúde cheguem ao paciente de maneira segura; Erros de Medicação- é qualquer erro que ocorre em relação aos processos de utilização de medicamentos, podem estar aliado a falhas de comunicação entre os profissionais da equipe de saúde. Ex: erros de prescrição, erro de dispensação e erros de administração. 24 Controle de Qualidade- a instituição hospitalar por meio da sua missão em favor da proteção da vida da sociedade tem que preocupar-se com a qualidade de sua gestão e assistência. Atividades Intersetoriais: o hospital é um local complexo, que busca a ação simultânea de profissionais com diversas formações para alcançar seu principal objetivo que é aprimorar a saúde dos pacientes atendidos. Segundo Marin (2003) há algumas atividades que não podem ser efetuadas por uma só pessoa, e precisa da colaboração de várias pessoas em prol de um mesmo objetivo. Para Nascimento et al (2013) a Farmácia Hospitalar é uma área ligada a diversos setores do hospital, assim, a farmácia por intermédio do farmacêutico deve conservar o estreitamento entre os setores que fazem parte da farmácia para que possa realizar as obrigações que lhe são impostas. A farmácia hospitalar (FH) forma um ambiente ligado as outras unidades que promovem assistência ao paciente, sendo essencial no que diz respeito ao uso seguro e racional de medicamentos. Esse processo é promovido por meio da assistência e atenção farmacêutica prestada, desde a seleção, aquisição, armazenamento, dispensação do medicamento. Segundo Vieira (2007) o farmacêutico no campo da farmácia hospitalar pode introduzir um método de assistência farmacêutica por meio do acompanhamento ao tratamento do paciente e da melhoria a saúde, como meio de dar uma melhor assistência ao paciente. Na figura 6 mostra um exemplo de assistência farmacêutica: Figura 6: Assistência Farmacêutica Fonte: CRF-SP 25 De acordo com o informativo técnico n.°122 de 1957 da Organização Mundial da Saúde (OMS) a instituição hospitalar é parte complementar de um processo coordenado de saúde, que tem como missão dispensar à comunidade assistência a saúde com qualidade. Os autores Cavallini e Bisson (2002) ressaltam que um hospital para obter o cumprimento do seu trabalho necessita de certas exigências para sua formação, sua constituição, equipamentos e sua manutenção devem estar capacitados para a prestação de serviços, de diagnóstico e tratamento dos pacientes internados, além da importância de uma equipe de profissionais habilitados. Dos serviços ligados a instituição hospitalar, um deles é o serviço de farmácia hospitalar, que segundo a RE n.°300 do Conselho Federal de Farmácia, é formada por uma unidade clínica de assistência técnica e administrativa, administrada por um farmacêutico, e tem como função principal assegurar a qualidade da assistência prestada aos pacientes por meio do uso seguro de medicamentos (ROSSATO, 2008, p. 16). A assistência farmacêutica tem como material fundamental o medicamento que é de grande importãncia para a realização do procedimento de atenção á saúde. Para Brasil (2004) a assistência farmacêutica cuida de uma série de acontecimentos direcionados á promoção, proteção e recuperação da saúde, tendo como material importante o medicamento. Para Nunes et al (2003) uma outra maneira de assistência farmacêutica é avaliar as prescrições médicas, visando a redução dos erros relacionados a dose, administração, etc; e assim , o farmacêutico atua juntamente ao corpo clínico e demais profissionais, formando uma equipe multidisciplinar. A assistência farmacêutica hospitalar simbolizam em um hospital, ferramentas essenciais para o cuiddao do paciente, e impedir custos elevados e desnecessários, que geram diversos problemas quepoderiam ser impedidos com a ampliação da função do farmacêutico dentro do ambiente hospitalar (PELENTIR, 2015, p.07). Esse grupo abrange a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e materiais, assim como, a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia de qualidade dos produtos e dos serviços prestados, visando resultados satisfatórios e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. 26 Em todas as situações de atenção à saúde, a prestação de serviços é de caráter multiprofissional. Assim, a equipe de saúde, que está fatalmente envolvida com o uso de medicamentos, é imprescindível a inclusão de um farmacêutico. Pode- se observar claramente essa questão no enfoque de equipe utilizado na atenção clínica nos hospitais e centros de saúde (BRASILIA, 2004). “Art. 3º - No desempenho de suas atribuições nos serviços de atendimento pré-hospitalar, na farmácia hospitalar e em outros serviços de saúde, o farmacêutico exerce funções clínicas, administrativas, consultivas, de pesquisa e educativas”. Art. 5º - Nas atividades de assistência farmacêutica é de competência do farmacêutico nos serviços de atendimento pré-hospitalar, farmácia hospitalar e outros serviços de saúde (RESOLUÇÃO Nº 568, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2012).” Para Andrade (2015, p. 21) Ferracine (2010) a farmácia clinica orienta a prestação do serviço farmacêutico direcionado ao paciente, efetuando a assistência farmacoterapêutica e assim contribuir para a melhora da qualidade de vida do mesmo, estabelecendo relação entre o farmacêutico e o paciente, concedendo um trabalho com o propósito de buscar, identificar, prevenir e resolver problemas que poderão ocorrer durante o tratamento farmacológico. “Art. 2º - As atribuições clínicas do farmacêutico visam à promoção, proteção e recuperação da saúde, além da prevenção de doenças e de outros problemas de saúde (RESOLUÇÃO Nº 585 DE 29 DE AGOSTO DE 2013)”. Os autores ainda salientam que em diversas instituições hospitalares tem auxiliado o desenvolvimento de equipes interdisciplinares proporcionando o cuidado adequado ao paciente, assim os farmacêuticos representam um papel absoluto nessa equipe. A assistência farmacêutica pode ser determinada como resultados que possam impedir problemas com medicamentos e melhorar a terapia medicamentosa para cada paciente, em colaboração juntamente com os demais profissionais de saúde. 27 2.3 CONTROLE E GESTÃO DE ESTOQUE DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA HOSPITALAR Com a crise financeira enfrentada pelo Brasil nas décadas de 1980 e 1990 os custos em relação à assistência a saúde aumentaram afetando as instituições hospitalares, ocasionando modificações no gerenciamento dos hospitais. Para Goodman e Gilman (2007) as instituições hospitalares têm buscado se ajustar às novas realidades, procurando aprimorar o emprego dos recursos financeiros que dispõe. O objetivo atual do gerenciamento hospitalar é adequar-se às mudanças constantes do mercado para proporcionar meios indispensáveis para assistência aos pacientes de maneira eficaz. Diante desse contexto o gerenciamento de materiais tem um papel importante, pois estes produtos são parte significativa dos gastos dos hospitais por meio dos medicamentos que comprometem cerca de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais. Apesar de aparentemente, o peso dos gastos com medicamentos não seja alto, esta é uma ferramenta fundamental para a assistência ao paciente e sua participação nos gastos com saúde que vem aumentando progressivamente nos últimos anos. Conforme Maia Neto (2005) outro fator preocupante além do aspecto econômico, que é uma questão importante é a qualidade, pois o paciente tem direito a uma assistência de qualidade não importa a situação financeira da instituição. A atuação do profissional de saúde dentro do método logístico de materiais é indispensável, pois normalmente ele requer o produto com a adequada especificação, controla a qualidade do que vai ser comprado, efetua o recebimento qualitativo e por fim também pode ser um usuário destes materiais nas suas atividades. Não se pode examinar e determinar algo sem ter conhecimento do que o mesmo seja. Sendo assim, antes de se cogitar a respeito de um diagnóstico de procura e políticas de estoque, é essencial entender o que é estoque. Para Ballou (2006) o estoque é como “ excesso de produtos acabados que surgem em numerosos pontos do canal de produção e logística das instituições”. 28 Após o entendimento sobre estoques pode-se explorar o estudo em relação a gestão de estoque, pois de acordo com alguns autores sabe-se que os mesmos são necessários, mas a questão é saber a quantidade de estoque a manter. No Brasil, particularmente na área da saúde, encontra-se muitas problemáticas relacionadas a gestão de estoque, pois tais concentram-se em gastos consideravéis com o gerenciamento de medicamentos e materiais como ressalta Agapito (2007): “[...] No Brasil, estes gastos, em relação aos custos totais do hospital, representam um valor em torno de 5% a 20% dos orçamentos dos hospitais”. Estoque é todo recurso contraído e armazenado com o próposito de regular o fluxo produtivo de uma instituição, atentar as suas necessidades e facilitar o seu funcionamento. Em particular para o âmbito hospitalar, representam os materiais essenciais a um excelente atendimento ao paciente (TESSAROLI, SILVA et al, 2015, p. 02). Os estoques são materiais que não são utilizados de imediato, mas sim, futuramente de acordo com as necessidades, ou seja, estocar é guardar os produtos para utilização futura. Os estoques são compostos pelas seguintes funções: a) Assegurar o abastecimento de materiais as instituições, paralisando os resultados de demora ou atraso no fornecimento; b) Promover economias de escala, por meio da compra ou produção em lotes econômicos Na figura abaixo mostra o modelo de estoque de medicamentos: Figura 7: Estoque de Medicamentos Fonte: google.com.br 29 Segundo Tófoli (2008) o estoque simboliza a quantia de bens físicos armazenados aguardando a venda por um certo tempo. A gestão de estoques é de grande relevância para o funcionamento das instituições, impedindo a falta de algum material ou o seu excesso. A gestão de estoques em organizações de saúde (hospitais, clínicas, centros médicos e almoxarifados) vem passando, nos últimos anos, por profundas transformações, principalmente nos EUA, União Europeia e Sudeste Asiático. É sabido nessas regiões que o custo total associado à gestão de estoques de medicamentos pode representar entre 35 e 50% do custo operacional total numa organização privada de saúde (WANKE, 2004, p. 1). Na demanda pela excelência no atendimento aos clientes e pela minimização do nível de investimentos retidos, o gerenciamento de estoques assume um conjunto de tarefas árduas, que merece análise cautelosapor parte das instituições (MELO, 2008, p. 06). Para Vendrame (2008) a gestão de estoque estabelece uma sequência de ações que autorizem o administrador a analisar se os estoques estão sendo bem utilizados, em boa localização referente as áreas que fazem uso deles, e se estão bem manejados e controlados. O autor complementa que a gestão de estoque, é a ação de administrar recursos que possuem valores econômicos e empregado ao fornecimento das necessidades futuras de material, em uma instituição. Segundo Francisco e Castilho (2002) adotar métodos de gestão de estoque é essencial para proporcionar aos serviços de saúde, o controle dos gastos com atenção a qualidade e ao envolvimento dos profissionais relacionados no desempenho desses métodos. Para Vecina e Ferreira (2001) a gestão de estoque tem como objetivo repor os bens materiais importantes para a instituição de saúde, com qualidade, em quantidades exatas, no tempo exato, inclusivecom um custo reduzido. Sendo assim, a gestão de estoque pode ser compreendida como uma determinada quantia de itens conservados a disposição contínua e renovada, para gerar lucros e serviços (PACHECO, et al, 2009, p. 03). 30 O gerenciamento de materiais é de grande importância pois: É a necessidade de se reduzir custos com estoques de produtos e ao mesmo tempo proporcionar um nível ideal de 100% no atendimento ao paciente, não deixando faltar qualquer insumo em sua atividade produtiva. Para se manter este equilíbrio, torna-se necessária uma administração adequada do estoque de materiais. (COSTA, 2009, p. 12) Os hospitais possuem várias outras instituições que funcionam simultaneamente: uma farmácia, um banco de sangue, uma lanchonete, um call center, etc, e o cuidado sobre cada uma dessas áreas envolve o correto abastecimento de seus estoques para a plena realização dos serviços. Segundo Santos (2006) a administração de medicamentos e materiais médico- hospitalares abrange um ciclo contínuo de operações correlatadas e interdependentes, quanto as unidades hospitalares possuem alta complexidade quanto aos produtos ali estocados. Para Vecina Neto et al (2013) “ o objetivo básico da administração de materiais consiste em dispor os recursos indispensavéis ao método produtivo com qualidade, em quantias corretas, no tempo determinado e com custos reduzidos”. Conforme Almeida(2011) o controle de estoque tem como foco principal impedir a falta de material sem a necessidade de um estoque exagerado, conservando um nível correto com as necessidades de consumo. A gestão é uma das áreas que tem progredido nos últimos anos, especialmente em relação a área da farmácia. A gestão da compra e os estoques devem ser administrados corretamente, pois podem interferir financeiramente nos hospitais, além do seu controle que também contribui para uma gestão eficiente. Conforme Tadeu: O gerenciamento de estoques visa, por meio de métodos quantitativos aplicados, o pleno atendimento às expectativas de produção ou de consumo das organizações, com a máxima eficiência, redução dos custos e tempo de movimentação. Procura-se maximizar o capital investido, em busca de retornos satisfatórios sobre o investimento realizado (TADEU, 2010, p. 48). 31 A figura abaixo mostra as etapas do gerenciamento de estoques: Figura 8: Gerenciamento de Estoques Fonte: google.com.br As funções do controle de estoque são: determinar o que permanece em estoque; quando o mesmo deve ser reabastecido; o que deve ser comprado; acionar o setor de compras para adquirir itens; receber; armazenar; atender a falta de materiais; controlar quantidade e valor de estoque e recolher do estoque os intens vencidos e danificados. Para Martins et al (2002) o controle de estoque desempenha uma grande influência no rendimento da instituição. Conforme Dias (2009) o controle de estoque são todas as formas de registro que objetivam controlar a quantidade de matérias em estoque tanto físico quanto financeiro, e ainda salienta que sem estoque é impossível uma instituição trabalhar. De acordo com Maia Neto (2005) examinar os estoques é fazer uma observação contínua das mudanças sofridas pelos mesmos num espaço de tempo, assim como suas causas e efeitos. Figura 9: Controle de Estoque Fonte: youtube.com 32 Um método eficaz de gestão de estoque possibilita reconhecer em tempo propício: histórico da movimentação dos estoques (entradas e saídas), nivéis de estoques (minimo, máximo, ponto de reabastecimento), dados do consumo, demanda atendida e não atendida e diversas informações utéis ao método de compra (SFORSIN, et al, 2012, p. 05 apud TUMA, et al, 2009). O método é baseado na cronologia das entradas e saídas. O procedimento de baixa dos itens de estoque é feito para ordem de entrada do material na empresa, primeiro que entrou será o primeiro que saíra e assim utilizar seus valores na contabilização do estoque (POZO, 2007, p. 55). Algumas exigências indispensavéis devem ser seguidas: Manter sempre atualizado o custo de cada produto; Determinar políticas de cobertura (estoque de segurança, minimo e máximo) para cada produto; Manter o controle para reduzir ou evitar estoques de medicamentos em desuso; Manter controle permanente sobre a disponibilidade do estoque para suprir as faltas rapidamente; Determinar o custo de falta de cada produto; Realizar inventários físicos e períodicos para conferí-lo com os dados do controle de estoque, Manter sistemas de informações integrados para acesso e consulta imediata da quantidade disponível de cada material em estoque (SFORSIN, et al, 2012, p. 06). O gerenciamento de materiais divide os tipos de estoque por meio de suas características, funções e métodos, da seguinte maneira: Estoque de matéria-prima: reporta todo material básico que passará pelo método de mudança durante o processo produtivo; Estoque de manutenção: é caracterizado pelos materiais que não passa prlo processo produtivo, ou seja, são os materiais utilizados para manutenção da instituição. 33 Estoque de produtos em processo: refere-se a materiais que é ligado ao produto final e que já enfrentaram algum processo interno de transformação da matéria-prima. Estoque de produtos acabados: referente ao produtos que passaram por todos os métodos do processo produtivo, e estão prontos para o uso ou entrega ao cliente. Cavallini e Bisson (2002) ressaltam que na área da saúde, as inovações tecnológicas e a descoberta de novas doenças geram mudanças na eficácia e nos custos dos tratamentos médicos. Conforme Quinto et al (2004) e Lourenço (2006) os hospitais são considerados complexos, com profissionais especializados que desempenham atividades diversificadas que gastam uma variedade de materiais, o que tem favorecido para o aumento dos custos nos hospitais. O desafio do gestor de estoques é saber quando e quanto repor de cada material e qual a quantidade deve estocar por segurança. Com o aumento nos números de itens com diversas normas de procura e caracteristicas específicas a dificuldade na administração de materiais cresce por conta da necessidade de um controle diferenciado (SANTOS e RODRIGUES, 2006). O estoque de segurança ou estoque mínimo é a quantidade de cada item que deve ser mantida como reserva para assegurar a continuidade do atendimento, em caso de situações como: aumento do consumo e atraso no fornecimento. O estoque de segurança impede o rompimento do estoque que tem como resultado o declínio no nível de atendimento e o próprio custo do rompimento. O custo do fornecimento de estoque pode ser analisado considerando os seguintes parâmetros: custo do não atendimento; custo com o pessoal que estará, temporariamente, subutilizado pela falta do material; custo adicional do material adquirido para manutenção do nível de atendimento e o custo do trabalho realizado. O estoque de segurança resulta do consumo, do tempo de abastecimento e da classificação ABC do produto. O uso de estoques seja por segurança ou para cobrir o atendimento da procura é de suma importância, pois proporciona um melhor atendimento ao usuário e melhora a concorrência da empresa em relação aos adversários. Para Ballou (2001) a gestão tem como principal objetivo a redução do custo da operação além de ser um importante método na realização de adicionar materiais. 34 A farmácia hositalar necessita de uma gestão consistente e qualificada em relação ao abastecimento de medicamentos, de acordo com a demanda da assistência á saúde sendo essencial possuir em estoque medicamentos adequados ao receituário prescrito (GARCIA et al, 2009, p. 110). Os estoques retratam os investimentos da instituição, sendo essencial o seu controle. Eles abrangem a administração e a racionalização econômicados diversos tipos de estoques conservados na isntituição (MAIA NETO, 2005, p. 58). O autor ainda salienta que os investimentos assumem perspectivas conflitantes em relação aos estoques e seus custos, gerando sérios problemas. Os estoques pequenos podem originar em: a) Riscos por falta b) Elevados custos de obtenção. Os estoques grandes podem originar em: a) Investimentos adicionais por armazenamento 9Custo de manutenção); b) Redução de verba disponível para aplicação em outras necessidades ou negócios; c) Perda por vencimento do prazo de validade, obsolência ou deterioração. Observa-se que a gestão de estoques é importante para assegurar o rendimento do capital, pois, o mesmo é formado pelo planejamento, controle e replanejamento dos variados tipos de estoques mantidos pela instituição (MAIA NETO, 2005, p. 59). Para Dias (2006) a gestão de estoque é importante para que não ocorra custos altos com os materiais , reduzindo o capital investido pela instituição no estoque, além de impedir a falta de materiais para o paciente. De acordo com Paulus (2005) a gestão de materiais, é ligada a gestão de estoque, na procura da redução das necessidades dos estoques, aprimorando e reduzindo o capital de giro investido. Deste modo, a gestão de materiais demanda melhoria do planejamento, organização, direção, coordenação e controle das atividades para uma melhor aquisição, armazenamento e distribuição. 35 2.4 GESTÃO DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAIS DO SUS Antigamente quando não tinha o Sistema Único de Saúde (SUS) a assistência à saúde no Brasil tinha uma ligação escassa com as atividades previdenciárias, e a personalidade contributiva do método existente criava uma divisão da população em dois grandes grupos os previdenciários e não previdenciários (CONASS, 2003, p. 14). Uma divisão injusta que separava a população em cidadãos de 1ª e de 2ª classe, cujo, os da 1ª classe eram compostos pelos contribuintes da previdência que possuíam um acesso amplo à assistência à saúde, com uma rede de serviços ambulatoriais e hospitalares servidos pela previdência social através do INAMPS, e os de 2ª classe, eram compostos pelo restante da população brasileira, com um acesso regrado á assistência á saúde, às vezes as ações eram limitadas em relação aos hospitais públicos e as atividades de certas instituições de assistência. Este método de organização e subsídio das atividades de atenção e assistência à saúde, além das discriminações notáveis relacionadas a elas, estabelecia um método de divisão de papéis e competências dos vários órgãos públicos abrangendo questões de saúde (CONASS, 2003, p. 14). Assim, o Ministério da Saúde (MS) e as Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios realizavam métodos de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação e controle de epidemias. A atuação dessas entidades públicas na prestação de assistência à saúde era regrada e com restrições em relação aos métodos realizados por algumas instituições hospitalares próprias e pela Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP) e direcionadas aos indigentes que tinham acesso a assistência de saúde por meio de instituições filantrópica como as Santas Casas. O processo de implantação do SUS ocorreu após as definições legais determinadas pela Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica de Saúde, por meio das representações dos Secretários Estaduais e Municipais de Saúde. Esse processo tem sido conduzido pelas Normas Operacionais do SUS, através de portarias ministeriais, definindo as competências de cada governo e as condições essenciais para que Estados e municípios possam aceitar as novas disposições no método de implantação do SUS (CONASS, 2003, p. 17). 36 O Sistema Único de Saúde (SUS) é entendido pelos usúarios como uma conquista e uma vitória dos brasileiros, sendo que seu fortalecimento deve ser uma primazia de toda a sociedade. O SUS teve um grande progresso em relação a ampliação da atenção básica, por meio da criação e desenvolvimento de alguns serviços como: Estratégia de Saúde da Família (ESF), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Unidades de Pronto Atendimento (UPA). As críticas relacionadas a gestão em saúde no Brasil são extensas e mostram o tamanho dos problemas a serem encarados. Conforme salienta Silva e Cassiani (2004) a gestão hospitalar deve estar atenta não somente aos procedimentos técnicos e básicos carcaterísticos á profissão, mas reconhecer os trajetos percorridos pelo medicamento desde o instante da prescrição feita pelo médico até a sua distribuição ao paciente, além de avaliar o método de distribuição de medicamentos, pensando sobre seus possíveis erros. Em relação a esses erros, diversos estudos, inclusive Silva e Cassiani (2004) tem demonstrado, dentro de uma instituição hospitalar, os assuntos relacionados ao gerenciamento dos medicamentos e a maneira como são distribuídos entre as diversas áreas (postosde enfermagem, centro cirúrgico, CTI) dizem muito sobre a qualidade da prestação deste serviço pela farmácia. As instituições que mais sofrem com o controle externo são os hospitais públicos, as vezes por conta do próprio governo, dos tribunais de contas, e até mesmo pela população que deseja a solução rápida dos seus problemas de saúde. Diante deste contexto, os gestores dos hospitais do SUS estão sendo encaminhados a gerenciar essas instituições mais profissionalmente cumprindo dentro da lei com eficiência e economia a função das instituições que administram (NETA, BRANCO, et al, 2011, p.13). De acordo co Miasso et al (2006) o hospital que tem como propósito oferecer uma assistência segura para seus pacientes devem ter como foco principal a medicação, por ser a maneira mais simples de intervenção no cuidado á saúde, além de ser um método seguro que irá ajudar os profissionais na prevenção de erros, por meio de métodos que proporcionem facilidades para a ação de medicar e dificuldades para cometer os erros. 37 O gerenciamento de medicamentos é uma ação realizada nas instituições hospitalarespor intermédio e responsabilidade de um farmacêutico, equipe de enfermagem e deve ser reconhecida pelos profissionais como uma das ações do procedimento de medicação (SILVA, CASSIANI, 2004). 38 2.5 MÉTODOS CURVA ABC E SUAS APLICAÇÕES Diante da grande procura referente à busca e solicitação dos serviços prestados por essa imensa rede hospitalar, encontram-se as farmácias hospitalares, uma área de fundamental importância á melhoria e cura do paciente. Segundo Tannus (2010b) o controle de estoque de uma farmácia hospitalar passa pelo gerenciamento, cujas obrigações abrangem a gestão de custos, planejamento estratégico e educação permanente. Os estoques das farmácias hospitalares abrangem uma variedade de produtos, atrapalhando o planejamento de seu reabastecimento. Conforme Caon et al (2001) os medicamentos são compostos por grupos com determinadas modalidades gerenciais (como giro, preço, consumo, prazos de entrega) é importante que o gestor divida os produtos em grupos com caracteristicas gerenciais similares. Para Barbieri e Machline (2006) esta divisão proporciona ao gestor de estoques individualizarem a atenção para cada grupo de medicamentos, pois um tipo de controle pode ser eficiente para um produto e não ser para os demais. Segundo Lourenço e Castilho (2006) a distribuição pela Curva ABC ou 80-20, é fundamentada pelo economista Wilfredo Pareto, desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial, no século XIX, num estudo sobre a renda e riqueza, o economista observou que 20% representam uma pequena parcela da riqueza. Para Queiroz et al (2003)a Curva ABC é um processo de distribuição de informações, para dividir os itens de grandeimportância, normalmente em menos número, para determinar medidas de gestão adequada á importância de cada medicamento referente ao valor total dos estoques. Trata-se da distribuição de materiais fundamentada na teoria de Pareto, em que a importância dos materiais é levada em consideração, fundamentada nas quantidades e no valor. De acordo com Queiroz et al (2003) na avaliação dos resultados da curva ABC , nota-se o giro do itens no estoque, os lucros e o faturamento da instituição. O autor ainda salienta que os recursos financeiros investidos na obtenção do estoque poderão ser determinados pelo estudo e aplicação adequada dos dados oferecidos com o método da curva ABC. 39 O estudo dos recursos financeiros determinados em cada produto vai mostrar que pequeno número de itens é responsavél pelo compromisso de um enorme volume de recursos gastos com materiais. O Método Curva ABC ou Curva de Pareto divide os produtos em grupos com características similares, em razão de seus valores e consumos, com o intuito de seguir a um procedimento de gestão adequado a cada grupo (SILVA, 2010, p. 05). De acordo com este procedimento, os materiais de consumo são divididos em três classes (SIMONETTI; NOVAES et al, 2006, p. 05 apud DIAS, 1994): Classe A: abrange a classe dos intens mais importantes, correspondem a um pequeno número de medicamentos, ou seja, cerca de 20% e os 80% simbolizam o valor toral do estoque, e devem receber um controle mais rígido por parte dos administradores, por serem responsavéis pelo maior faturamento da instituição. Classe B: simboliza uma classe de itens em condição intermediária entre as classes A e C, podendo ser o seu controle menos rígido que os itens da classe A representando um valor intermediário no faturamento das institições, sendo 30% dos itens em estoque e consomem 15% dos recursos. Classe C: abrange itens de pequena importância que comprovam pouca atenção em relação a administração , pois correspondem a um pequeno valor do estoque, cerca de 50% e cerca de 5% dos itens, sendo indispensavél considerar os itens individualmente, pois são de pouca importância para o faturamento da instituição. Os itens determinados na classe C podem operar com prazos mais longos de fornecimentos, elevando os estoques de reserva e o controle pode ser mais rápido (AGAPITO, 2005). Ainda segundo Martins (2009) o autor ressalta que: Essa análise consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo, em valor monetário ou quantidade, dos itens de estoque, para que eles possam ser classificados em ordem decrescente de importância. Aos itens mais importantes de todos, segundo a ótica do valor ou da quantidade, dá-se a denominação itens classe A, aos intermediários, itens classe B, e aos menos importantes, itens classe C (MARTINS, 2009, p. 211). 40 Na figura abaixo segue o modelo da Curva ABC: Figura 11: Curva ABC Fonte: pt.slideshare.net Conforme Agapito (2005) os parâmetros de gerenciamento utilizados para os itens A são desiguais dos demais, sendo fundamental, que o gestor determine objetivos para eles como: Redução dos estoques; Redução dos prazos de abastecimento; Redução dos estoques de reserva; Pedidos de compra; Estabelecimento de protocolos de utilização; Busca por melhores fornecedores, Obtenção dos melhores preços. O firmamento da Curva de Pareto (Curva ABC) consiste no fato de que nem todos os materiais ou itens em estoque exibem as mesmas características ou grau de importância para uma instituição. Tubino (2000) salienta que um dos parâmetros mais aplicados na classificação ABC é a procura valorizada ou valor do estoque. A Curva ABC é um processo de distribuição de informações, utilizado para dividir os itens de grande relevância ou impacto (CARVALHO, 2002). Corresponde a uma dupla distribuição dos itens: de acordo com seu valor, alcançado pelo preço unitário; e de acordo com sua posição no estoque, alcançada pelos registros de consumo. Esse método pode ser útil para estabelecer os estoques de segurança; o exagero na designação dos recursos; e para diminuir os gastos. 41 A seguir os passos para a elaboração da Curva ABC: 1) Listar todos os itens comprados ou consumidos e produzir unidade de custo (comprimido, ampola, frasco); 2) Calcular o número de unidades consumidas por unidade de tempo de análise; 3) Calcular o valor de consumo (multiplica-se o valor unitário pelo número de unidades consumidas no período), adquirindo o valor total gasto de cada item no período; 4) Calcular o valor percentual de cada item, dividindo o valor total gasto de cada item pelo valor total da lista. 5) Rearranjar a lista, realocando os itens de acordo com os percentuais individuais, começando com o maior. 6) Em uma nova coluna, calcular o percentual acumulado no valor total de cada item. 7) Escolher os pontos de corte para itens A, B, C. Sugere-se como exemplo: •Medicamentos A= 10 a 20% dos itens e 75 a 80% dos recursos; • Medicamentos B= 10 a 20% dos itens e 15 a 20% dos recursos; • Medicamentos C= 60 a 80% dos itens e 05 a 10% dos recursos. 2.5.1 Comportamentos da Curva ABC Os itens da classe A correspondem à maior parte do investimento e devem ser priorizados gerencialmente e, assim, se tornam importantes para estabelecer o estoque de segurança. O estoque de segurança dos itens A deve ser suficiente para assegurar o atendimento sucessivo durante uma parte do tempo de abastecimento. É aconselhável que os itens classe A tenham um índice maior de revezamento para possibilitar um capital maior de giro disponível, impedindo a paralisação de recursos. Os itens B terão um estoque de segurança maior em relação aos da classe A e os da classe C maior do que os da classe B. 42 2.5.2 Vantagens da utilização desse método A curva ABC representa várias vantagens para a gestão de estoque de uma instituição desde que seja bem elaborada, pois pode influenciar em outras áreas positivamente. A seguir algumas das vantagens proporcionadas pela curva ABC: 1. Estoques mais coerentes com a realidade de vendas: essa análise ajuda a reconhecer quais materiais devem ser comprados periodicamente e a sua quantidade, fazendo com que a composição do estoque se alinhe de acordo com a procura dos clientes; 2. Redução de desperdícios: se há uma garantia de que os produtos comprados terão uma boa venda, a perdas diminuirá, contribuindo para a redução do desperdício do capital; 3. Investimentos mais inteligentes: por meio das informações em relação aos produtos, o setor de compras alcança dados mais exatos a respeito do que é necessário comprar e a frequência deve ser realizado a compra, desta forma o capital de giro é utilizado com sabedoria, assegurando um retorno apropriado. 4. Aumento da lucratividade: uma das variáveis utilizadas na distribuição de um item esta aliada à margem de lucro que ele oferece ao ser vendido, assim, é seguro declarar que os lucros aumentam com as compras realizadas adequadamente e com a redução dos gastos. Mas as vantagens da curva abc também prejudicam a área de marketing, passando a realizar propagandas de divulgação aumentando as promoções. As vantagens desse método podem ser notadas na área financeira por meio da elaboração de estratégias em conjunto com a área de vendas. 5. Elaboração de estratégias mais eficazes para o fluxo de caixa e capital de giro: por meio da conquista da melhora na gestão financeira, tanto os resultados do fluxo de caixa quanto o uso do capital de giro são mais satisfatórios, assim, o gestor pode efetuar estratégias de forma mais eficiente e segura. É essencial assegurar um controle com eficácia, pois qualquer erro ocorrido na gestão de estoque provoca resultados negativos no setor de compras,vendas e financeiro. 6. Avaliação de impactos financeiros: a curva abc também tem como função reconhecer impactos na mudança de preços de materiais, ou seja, se a inflação 43 aumentou é possível saber o quanto a instabilidade de preços pode prejudicar o orçamento. Vale ressaltar que o mais importante é o conceito da aplicação da Curva, não é imperativa a relação “80/20”. Na gestão de estoques são utilizadas de maneira comum as curvas decrescentes de Valor de Estoque, Valor dos Itens com Baixa Movimentação e de Valor de Consumo, sendo possíveis normas diferenciadas, fugindo à relação 80/20. 44 3 PROPOSIÇÃO Levantar dados por meio de um estudo bibliográfico sobre a função da Gestão de Estoque na Farmácia Hospitalar. Apontar a importância da gestão na instituição hospitalar e os pontos positivos que a mesma proporciona a instituição. Identificar a importância do controle de estoque na farmácia hospitalar e as vantagens proporcionadas pelo mesmo. Destacar a importância do papel do farmacêutico na gestão da farmácia hospitalar. Estudar a aplicação do método Curva ABC e as vantagens que esse método oferece. 45 4 METODOLOGIA Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa em literatura básica e eletronica na base de dados do Google Acadêmico e Scielo, em busca de artigos em revistas, jornais, monografias, dissertações referentes ao assunto em estudo. Foram encontrados 50 artigos dos quais 26 foram selecionados e revisados, sendo coletadas as informações mais importantes para a elaboração da pesquisa. 46 5 CONCLUSÃO A pesquisa tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico sobre a gestão de estoque da farmácia hospitalar, relacionando os principais métodos de gestão de estoque, destacando a importância da aplicação do método da curva abc para resultados satisfatórios. Com as modificações ocorridas em consequência da globalização requer esforços por parte das instituições hospitalares na busca de ferramentas fundamentais a sustentação dos seus negócios. Os avanços da tecnologia referente à medicina têm feito as instituições a controlar seus gastos e determinar seus recursos. As Farmácias Hospitalares são forçadas a trabalhar com grandes estoques que acolhem uma variedade de produtos que impedem o planejamento de seu reabastecimento. Sendo assim, o custo total agregado aos medicamentos retrata um valor expressivo nos orçamentos dos hospitais, acarretando diversos problemas como a desqualificação de profissionais para gerenciar os estoques e métodos de compras de emergência. A gestão de estoques em farmácias hospitalares nos últimos anos tem enfrentado grandes mudanças, assim, planejar e controlar custos são artifícios que podem assegurar a permanência das instituições hospitalares. Para isso, há diversos métodos de gestão de estoques que podem ser adequadas ás necessidades das farmácias hospitalares, procurando melhorar a qualidade do serviço em relação ao controle dos itens dos estoques. A gestão de estoques estabelece uma ação que suporta interferencias de diversas causas, mas que proporciona benefícios, facilidade e custos consequentes da manutenção de produtos em estoque. O gestor deve determinar normas e técnicas de decisões em relação aos itens e suas quantidades existentes em estoque para que o rendimento e o controle dos recursos de armazenamento sejam eficazes. A pesquisa demonstrou que o planejamento adequado e permanente dos estoques é essencial para que se tenha um controle dos recursos de acordo com a procura, e nas instituições hospitalares não pode haver excessos e nem falta de medicamentos, pois no caso de faltas podem causar até óbitos. 47 Em um hospital a gestão de estoques tem como objetivo garantir o abastecimento dos materiais e medicamentos indispensavéis ao funcionamento da instituição com qualidade e menor custo. Quanto à farmácia hospitalar ela resguarda um dos materiais mais caros do hospital que é o medicamento, que requer muita atenção referente ao modo de aquisição, armazenamneto, dispensação, controle de prescrição e outras atividades de competência do farmacêutico. Conclui-se que a gestão de estoques de uma farmácia hospitalar é de grande importância, e requer a atuação de um profissional especilaizado que tenha conhecimento das técnicas de gerenciamento de estoque e dos materiais e medicamentos. Portanto é importante que os hospitais se ajustem as contínuas modificações, avaliando seus métodos e modernizando seus modelos de gestão, para que conquistem resultados que assegurem a continuidade da instituição no mercado além da satifação dos usúarios. São diversas as formas de gerenciar os estoques de medicamentos e materiais, e cada modelo possui a sua utilidade de acordo com as suas particularidades, assim como mostra o método da curva abc, porém ambos os métodos devem ser utilizados em conjunto. O método da curva abc é de fundamental no tratamento dos itens, porém, deve ser utilizado com cuidado em decorrência da diferenciação entre as classes por apresentarem particularidades e tratamento diferenciado, com a possibilidade de se aplicar o método separado paca cada classe, impedindo assim, modificações no gerenciamento dos medicamentos e materiais. O importante é que gestor de estoque assegure que o medicamento e material chegue à quantidade certa, no local certo, no tempo certo, e com um custo acessível, evitando a falta dos mesmos. 48 REFERÊNCIAS AGAPITO, N. Gerenciamento de Estoques em Farmácia Hospitalar. Grupo de Estudo Logístico. Universidade Federal de Santa Catarina, 2005/2007. ALVES, G. Logística e Controle dos Estoques em Farmácia Hospitalar, Ano mar./ 2015. Disponível em: http://www.farmaciahospitalar.com/?p=1074 ANDRADE, L. B. O papel do farmacêutico no âmbito hospitalar. 26 f. Monografia (Pós-graduação) Curso de Pós-graduação Lato Sensu e Farmácia hospitalar e Clínica, Centro de Capacitação Educacional: Recife, 2015. BARBIERI, J. C.; MACHLINE, C. Logística hospitalar: Teoria e prática. São Paulo: Saraiva 2006. BARBOSA, K. S. R. Gerenciamento de Farmácia Hospitalar: otimização da qualidade, produtiva e recursos humanos. Rev. Saúde e Desenvolvimento, v. 7, n. 4, jan./dez., 2015. Disponível em: https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/dow nload/343/268 BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2006. CASTILHO, V; LOURENÇO, G. K. Classificação ABC dos Materiais: Uma Ferramenta Gerencial de Custos em Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 59, n. 1, jan./fev., 2006. CAVALLINI, M. E; BISSON, M. P. Farmácia hospitalar: um enfoque em sistemas de saúde. Barueri: Manole, 2002. CHIAVENATO, I. Introdução À Teoria Geral Da Administração. 6a Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução n° 300 de 30 de janeiro de 1997. Regulamenta o exercício profissional em farmácia, clínicas e casa de saúde de natureza pública ou privada, Brasília- DF, 1997. CONASS. Conselho Nacional de Secretário de Saúde. Para entender a gestão do SUS. 2003. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/para_entender_gestao.pdf DIAS, M. A. Administração de Materiais. São Paulo: Ed. Atlas, 2011. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 5.° ed. São Paulo: Atlas; 2006. http://www.farmaciahospitalar.com/?p=1074 https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/download/343/268 https://www.uninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/download/343/268
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