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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR DE PACIENTES PÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO JÁLISSA KARLA DE ARAÚJO COSTA NATAL/RN 2021 JÁLISSA KARLA DE ARAÚJO COSTA INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR DE PACIENTES PÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Paula Trussardi Fayh Co-orientadora: M.ª Iasmin Matias de Sousa NATAL/RN 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Costa, Jálissa Karla de Araújo. Indicadores antropométricos e tempo de internação hospitalar de pacientes pós infarto agudo do miocárdio / Jálissa Karla de Araújo Costa. - 2021. 33f.: il. Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Nutrição) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição. Natal, RN, 2021. Orientadora: Ana Paula Trussardi Fayh. Coorientadora: Iasmin Matias de Sousa. 1. Infarto Agudo do Miocárdio - TCC. 2. Hospitalização - TCC. 3. Tempo de Internação - TCC. 4. Antropometria - TCC. 5. Avaliação Nutricional - TCC. I. Fayh, Ana Paula Trussardi. II. Sousa, Iasmin Matias de. III. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 616.127-005.8 Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263 JÁLISSA KARLA DE ARAÚJO COSTA INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR DE PACIENTES PÓS INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Nutricionista. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Paula Trussardi Fayh ________________________________________________________ M.ª Iasmin Matias de Sousa ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Karine Cavalcanti Maurício de Sena Evangelista Natal, 25 de agosto de 2021 AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus por me guiar e me proteger sempre, me fazendo perseverar em diversos momentos difíceis; Aos meus pais, principalmente minha mãe Lígia, por acreditar em mim e me acompanhar em todos os meus objetivos, lutando comigo para alcançá-los; A minha irmã e a minha avó, por constituírem um porto seguro juntamente com a minha mãe e me apoiarem nessa jornada; A professora Ana Paula, por todo empenho e suporte oferecido para a construção desse trabalho, bem como em toda a minha trajetória na pesquisa; A minha coorientadora do TCC 1, Sandra Queiroz, que me proporcionou momentos de grande aprendizado durante a coleta de pacientes no Hospital Universitário Onofre Lopes e me fez entender mais sobre a pesquisa para conseguir desenvolver este trabalho; A minha coorientadora do TCC 2, Iasmin Matias, pelo apoio desde que entrei no grupo de pesquisa GEMEN e pela excelente condução na coorientação desse trabalho; As minhas amigas Ana Beatriz, Liana Letícia, Luana Freire e Eneida Pires, por todos os momentos que passamos na graduação, pois graças a elas consegui superar os obstáculos com leveza e descontração; A todos os membros do GEMEN (Grupo de Estudos em Metabolismo, Exercício e Nutrição), por me acolher desde 2018 e ser um diferencial na minha formação por tanto conhecimento compartilhado; As professoras da graduação, por todo apoio, compreensão, trocas e incentivo ao longo do curso; Aos participantes da pesquisa, pelo consentimento e empatia que fizeram esse estudo ser possível e faz a área da pesquisa a cada dia ser fortalecida. RESUMO As doenças cardiovasculares constituem-se como uma das principais causas de mortalidade no mundo. Nesse cenário, o infarto agudo do miocárdio (IAM) tem se destacado devido a sua magnitude e letalidade. O tempo de internação dos pacientes pode implicar em maiores riscos no que se refere a alterações do estado nutricional, como a desnutrição. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar os indicadores antropométricos e associações com tempo de internação hospitalar dos pacientes pós IAM. Foi realizado um estudo transversal com pacientes adultos e idosos, de ambos os sexos, admitidos no Hospital Universitário Onofre Lopes com diagnóstico de IAM. Foram coletadas informações sociodemográficas, e feita a aferição das medidas antropométricas (índice de massa corporal – IMC, circunferência abdominal – CA e circunferência da panturrilha – CP) no momento da internação e avaliado o tempo de internação hospitalar. As variáveis antropométricas foram comparadas entre grupos com maior (> sete dias) e menor (≤ sete dias) tempo de internação hospitalar pelos testes t para amostras independentes, Mann-Whitney, Qui-quadrado ou exato de Fisher. Foram realizadas análises de correlação de Spearman entre os indicadores antropométricos e o tempo de internação hospitalar. O nível de significância adotado para todas as análises foi p < 0,05. Foram avaliados 150 pacientes, com idade média de 61,1 anos, sendo a maioria do sexo masculino. As comorbidades mais prevalentes foram dislipidemia, seguida por hipertensão e diabetes. A média do IMC resultou em 26,3 kg/m², indicativo de sobrepeso, aproximadamente metade da população apresentou risco cardiovascular decorrente da alteração da CA e baixa CP foi identificada em mais da metade da amostra. A mediana do tempo de internação foi de sete dias. Não foram observadas associações ou correlações entre os indicadores antropométricos avaliados e o tempo de internação hospitalar em pacientes pós IAM. Em conclusão, os achados sugerem um perfil clínico e nutricional de pacientes pós IAM com a presença de fatores de risco importantes para DCV, entretanto não foram observadas associações nem correlações entre os indicadores antropométricos avaliados e o tempo de internação hospitalar de pacientes pós IAM. Palavras-chave: Infarto Agudo do Miocárdio; Hospitalização; Tempo de Internação; Antropometria; Avaliação Nutricional. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 9 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 9 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 9 3. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 10 3.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO .. 10 3.2 INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS ........................................................... 11 4. METODOLOGIA ................................................................................................. 14 4.1 DESENHO, LOCAL E POPULAÇÃO DO ESTUDO ......................................... 14 4.2 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE E EXCLUSÃO ............................................ 14 4.3 LOGÍSTICA DO ESTUDO E CONSIDERAÇÕES ÉTICAS .............................. 14 4.4 COLETA DE DADOS E AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS ....................... 15 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................16 5. RESULTADOS ................................................................................................... 17 6. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 21 7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 24 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25 ANEXOS....................................................................................................................25 7 1. INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares (DCVs) consistem em um grupo de enfermidades que envolvem distúrbios no coração e nos vasos sanguíneos, dentre elas estão incluídas a doença arterial coronariana (DAC), cerebrovascular, arterial periférica, cardíaca reumática, cardiopatia congênita, trombose venosa profunda e embolia pulmonar (WHO, 2021). Esse conjunto de doenças compõem o quadro de doenças crônico-degenerativas de maior relevância epidemiológica devido à elevada taxa de morbimortalidade mundial dos indivíduos acometidos. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, as DCVs são a principal causa de morte no mundo, tendo sido responsáveis por cerca de 17,7 milhões de óbitos no ano de 2015 (OPAS, 2017). Ademais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, 33% das mortes no Brasil em 2011 foram atribuídas às doenças cardiovasculares (WHO, 2017). Neste cenário epidemiológico, o infarto agudo do miocárdio (IAM), evento agudo decorrente da DAC, tem-se destacado devido à sua magnitude e letalidade, segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), a mortalidade hospitalar dos pacientes internados por IAM no sistema público do Brasil foi, em média, 15,3% no ano de 2010 (MARCOLINO et al, 2013). De forma geral, o IAM se dá por uma necrose do tecido subendocárdico decorrente da diminuição ou ausência do fluxo sanguíneo para o músculo, normalmente associada à oclusão das artérias coronárias. Existem diversos fatores que podem potencializar o risco do infarto, divididos em não modificáveis, como idade, gênero, hereditariedade; e modificáveis, como obesidade, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemias, diabetes mellitus, tabagismo, sedentarismo, entre outros (COELHO; RESENDE, 2010). Outro aspecto importante diz respeito ao tempo de hospitalização, que se apresenta como um grande risco para os pacientes, principalmente idosos, que, quando internados, podem ter alterações do estado nutricional que culminam em uma acentuação do quadro de desnutrição, refletindo em maior taxa de morbimortalidade, pior desfecho clínico e maior número de readmissões (SALES et al, 2010). De acordo com o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI), estima-se que a incidência de desnutrição seja em torno de 48% 8 entre os pacientes adultos hospitalizados no Brasil, consequentemente, esses efeitos adversos aumentam a demanda de atenção de profissionais de saúde e gastos hospitalares, portanto, é importante realizar uma detecção precoce desses pacientes para auxiliar no planejamento da terapia nutricional, direcionar a assistência e obter êxito no tratamento (CRUZ; BASTOS; MICHELI, 2012). Neste sentido, os indicadores antropométricos apresentam grandes vantagens como ferramenta para a avaliação do estado nutricional de pacientes hospitalizados, como: baixo custo, simplicidade na aplicação e facilidade de interpretação dos dados (LOBATO et al, 2014). A antropometria já faz parte da rotina hospitalar e pode rastrear indivíduos em risco, logo, é necessário elucidar as medidas mais fortemente associadas ao tempo de internação hospitalar dos pacientes (PINTO et al, 2020). Diante disso, torna-se importante avaliar as medidas antropométricas e identificar potenciais associações com o tempo de permanência hospitalar, contribuindo para a redução das complicações e promoção de uma recuperação mais rápida dos indivíduos hospitalizados pós IAM. 9 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar a associação e a correlação entre indicadores antropométricos e o tempo de internação hospitalar de pacientes pós infarto agudo do miocárdio admitidos no Hospital Universitário Onofre Lopes em Natal/RN. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Caracterizar os pacientes de acordo com idade, sexo, tipo de infarto, tratamento realizado e comorbidades; • Avaliar os parâmetros antropométricos dos pacientes (Índice de Massa Corporal - IMC, Circunferência Abdominal - CA e Circunferência da Panturrilha - CP); • Verificar o tempo de internação hospitalar dos pacientes. 10 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO As DCVs constituem-se em um grupo de distúrbios que acomete o coração e os vasos sanguíneos e é considerada uma das principais causas de morte no mundo. Estima-se que 17,9 milhões de indivíduos morreram por DCVs no ano de 2016, representando 31% das mortes em todo o mundo (WHO, 2017). Neste sentido, o IAM, caracterizado pela diminuição da perfusão no miocárdio que resulta em necrose celular, acomete cerca de 800.000 pessoas anualmente, das quais 27% destas vão a óbito (BOATENG; SANBORN, 2013). Os fatores de risco associados às DCVs, em geral, podem ser divididos em “não modificáveis”, como idade avançada, histórico familiar de DCVs, sexo e etnia, e “modificáveis”, incluindo-se as dislipidemias, o tabagismo, a hipertensão arterial, a inatividade física, a obesidade, diabetes mellitus, hábitos alimentares não saudáveis e estresse (LABARTHE; DUNBAR, 2012). Nesse contexto, a hipótese de que fatores envolvendo o estado nutricional do paciente pode afetar o seu prognóstico pós IAM estimula a realização de pesquisas a fim de verificar essa possível associação. No que se refere ao tratamento de pacientes com IAM, é de extrema importância o manejo rápido e eficiente do indivíduo ao hospital, onde rotineiramente são realizadas terapias de reperfusão, como a terapia fibrinolítica, intervenção coronária percutânea primária e a farmacoterapia, entre outras (REDDY; KHALIQ; HENNING, 2015). Além desses tratamentos já estabelecidos até o momento, seria de suma importância encontrar evidências de que o estado nutricional pode afetar a evolução clínica desses pacientes, culminando em maior tempo de internação e pior prognóstico, para assim buscar a formulação de tratamentos dietoterápicos específicos a fim de melhorar possíveis inadequações no estado nutricional, contribuindo para a melhoria do quadro clínico geral e recuperação. Embora haja melhorias na sobrevida e no desfecho do paciente com IAM, estes ainda apresentam elevado risco de infarto recorrente e demais DCVs. Quando comparados com a população em geral, esses indivíduos apresentam maior risco, especialmente os que possuem fatores associados, como idade avançada, 11 hipertensão arterial, diabetes, doença arterial periférica ou história de acidente vascular cerebral (JOHANSSON et al, 2017). Frente a isso, se faz necessário reforçar a importância tanto dos cuidados clínicos, como também da prevenção secundária que pode contribuir para a melhoria do prognóstico de pacientes hospitalizados com IAM (SMOLINA et al, 2012). 3.2 INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS A antropometria consiste em uma ferramenta de avaliação corporal capaz de mensurar o tamanho, as proporções e variações da composição corporal, com isso, possibilita a análise da saúde e do estado nutricional dos indivíduos (SAMPAIO et al, 2017). Esse método de investigação pode ser aplicado em todas as fases da vida, classificando os indivíduos e grupos de acordo com o estado nutricional identificado e, para isto, são utilizados os indicadores antropométricos, isto é, a aplicação dos índicesque atribuem uma classificação segundo um ponto de corte previamente estabelecido (BRASIL, 2011). A utilização da antropometria para rastreio do estado nutricional possui inúmeras vantagens, pois é um método não-invasivo, de baixo custo, prático e de fácil aplicação (PEIXOTO et al, 2016). Além disso, facilita o treinamento dos profissionais a respeito da operacionalização dessa ferramenta e pode ser utilizada em situações onde não haja possibilidade de aplicar métodos mais sofisticados (SAMPAIO et al, 2017). Portanto, considera-se a antropometria como método mais adequado e viável para aplicação nos serviços de saúde (BRASIL, 2011). Para o uso e interpretação dos indicadores antropométricos existe uma vasta quantidade de ferramentas que proporcionam a análise do estado nutricional de indivíduos e comunidades, bem como a comunicação e a comparação desses dados, e, por serem utilizados mundialmente, é possível a comparação dos resultados em escala regional, nacional e internacional (BRASIL, 2011). No que se refere a utilização de indicadores antropométricos, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) recomenda o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) para o diagnóstico do estado nutricional de adultos e idosos, e sua classificação segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995). Nesse sentido, o IMC apresenta diversos pontos positivos, são eles: facilidade de obtenção, 12 alta correlação com a massa corporal e indicadores de composição corporal e capacidade de predição de riscos de morbimortalidade (BRASIL, 2011). O IMC, apesar de ser uma medida padronizada simples, apresenta alguns efeitos paradoxais quanto à análise do risco e mortalidade cardiovascular, portanto recomenda-se a aplicação de outras medidas como a circunferência abdominal (CA) (MARTÍN-CASTELLANOS et al, 2015). Neste aspecto, a CA é um índice capaz de avaliar a distribuição da gordura visceral, negligenciada pelo IMC, que se encontra intimamente associada a um maior risco de desenvolver complicações cardiometabólicas devido a deposição de gordura que desencadeia diversas reações patológicas, onde valores de CA ≥ 102 cm em homens e ≥ 88 cm em mulheres são definidos como obesidade central pela OMS (ZHANG et al., 2019). Em uma coorte realizada com pacientes de uma unidade cirúrgica geral, foi observado que valores de CA de alto risco estão associados a um tempo de permanência hospitalar significativamente maior em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo a CA considerada um indicador útil para quantificar a obesidade em ambiente hospitalar (RYAN et al., 2017). Ademais, a circunferência da panturrilha (CP) é outra medida antropométrica utilizada, sendo considerada capaz de refletir a massa muscular do corpo, além de ser sensível a alteração de peso (SAMPAIO et al, 2017). A CP vem sendo utilizada como preditora da quantidade e da função muscular, uma vez que estudos recentes demonstraram associação de valores menores de CP com baixa capacidade física, enquanto valores maiores foram associados a um melhor desempenho funcional (LANDI et al, 2014). A CP pode ser utilizada, também, para avaliar a presença de sarcopenia, esta que é caracterizada pela perda de massa magra acompanhada pela redução na função muscular (BATSIS et al, 2014). Além disso, Tarnowski e colaboradores obtiveram como resultado de seu estudo que pacientes com baixa CP possuem uma probabilidade 1,59 vezes maior de longa permanência hospitalar quando comparados a pacientes que apresentam valor de CP normal (TARNOWSKI et al., 2020). Adicionalmente, baixo valor de CP em indivíduos antes da alta vem sendo associado a maior frequência de readmissão 13 hospitalar, sendo esta medida considerada um fator de risco significativo para a readmissão em 30 dias (REAL et al., 2018). Portanto, sabendo-se que o estado nutricional antropométrico influencia diretamente no prognóstico do paciente e que um maior tempo de internação apresenta maiores riscos de complicações pós-operatórias, pois esses pacientes possuem maior propensão a deterioração nutricional, levando a uma elevação dos custos, visto a demanda de um tratamento especializado (ALMEIDA et al, 2013). É de extrema importância identificar os fatores associados à maior duração da internação para possibilitar uma triagem precoce e otimizar o tratamento do paciente. 14 4. METODOLOGIA 4.1 DESENHO, LOCAL E POPULAÇÃO DO ESTUDO Foi realizado um estudo transversal com pacientes adultos e idosos de ambos os sexos, entre julho de 2019 e março de 2020, admitidos no Hospital Universitário Onofre Lopes - HUOL, em Natal/RN, com diagnóstico médico de infarto agudo do miocárdio. 4.2 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE Os critérios de inclusão são idade acima de 18 anos e diagnóstico confirmado de IAM, obtido a partir de consulta ao prontuário, recente à data da abordagem e avaliação. Não foram incluídos indivíduos com a presença de alguma alteração física que impossibilitasse a realização da avaliação antropométrica, pacientes com edema, pacientes com câncer, pacientes com HIV em tratamento com antirretrovirais, síndrome de Down, doenças inflamatórias crônicas, dependência química/etilismo e gravidez ou lactação. 4.3 LOGÍSTICA DO ESTUDO E CONSIDERAÇÕES ÉTICAS A amostragem do estudo foi obtida por conveniência, onde pacientes com IAM admitidos no HUOL que preenchiam os critérios de elegibilidade, foram convidados a participar da pesquisa. Durante as abordagens foram passadas as informações acerca da proposta do estudo e das avaliações que o paciente seria submetido, além da análise de dados dos prontuários. Após concordarem em participar da pesquisa os pacientes ou algum responsável assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias, sendo uma entregue ao indivíduo e a outra retida pela equipe da pesquisa (Anexo 1). Por ser parte de um estudo maior, intitulado “Composição corporal como fator prognóstico de eventos adversos em pacientes pós infarto agudo do miocárdio: um estudo de coorte”, este projeto de pesquisa já se encontra na situação de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL-EBSERH (parecer n° 3.440.781), desde o mês de Julho/2019, e está de acordo com as normas éticas 15 estabelecidas na Declaração de Helsinque e com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. 4.4 COLETA DE DADOS E AVALIAÇÕES ANTROPOMÉTRICAS Após aceitação para participar do estudo e assinatura do TCLE, os pacientes hemodinamicamente estáveis responderam questões sócio demográficas e foram submetidos à avaliação antropométrica. Parte desta etapa ocorreu nos próprios leitos de internação, sendo necessário apenas o deslocamento para o corredor a fim de realizar a aferição do peso e estatura. Cabe ressaltar que em casos em que não era possível a movimentação do leito para realizar a aferição do peso e da estatura, registrou-se os valores informados pelos pacientes. Os dados foram coletados durante a internação hospitalar com o auxílio de um formulário padronizado (Anexo 2). Todos os dados foram coletados pela equipe de pesquisadores previamente treinados. Para determinação do peso corporal e estatura foi utilizada a balança digital com estadiômetro, dispostas nos corredores da enfermaria de cardiologia do hospital. Após a obtenção desses dados, foi feito o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e os pacientes foram classificados de acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde - OMS, tendo em vista as seguintes categorias: baixo peso (<18,5 kg/m²), eutrofia (≥18,5 a <25 kg/m²), sobrepeso (≥ 25 a < 30 kg/m²) e obesidade (≥30 kg/m²) (WHO, 1995). Para avaliação da circunferência abdominal (CA) e circunferência da panturrilha (CP), utilizou-se fita antropométrica inelástica. A medida da CA foi obtida na alturada cicatriz umbilical e a CP foi aferida no ponto de maior circunferência, com o paciente sentado, pés apoiados no chão e a perna formando um ângulo de 90º. Para ambas as circunferências foram realizadas três aferições, a fim de obter a média das três medidas. Os pontos de corte utilizados para avaliar as medidas foram: para a CA foi utilizado os pontos de corte sugeridos pela WHO (1998), apresentando risco cardiovascular valores de CA a partir de 80 cm para mulheres e 94 cm para homens. Para a CP foi adotado valor inferior a 33 cm para mulheres e 34 cm para homens indicando baixa CP, conforme proposto por Barbosa-Silva (2016). 16 Os dados acerca do tempo de internação dos pacientes e outras informações referentes ao estado clínico foram coletados nos prontuários eletrônicos disponibilizados por um sistema computadorizado da unidade hospitalar. 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o programa estatístico SPSS versão 22.0. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Kolmogorov- Smirnov. As variáveis quantitativas estão apresentadas por meio de média e desvio padrão, com os grupos comparados a partir do teste t para amostras independentes ou mediana e intervalo interquartil comparados pelo teste Mann-Whitney. Dados categóricos estão expressos como números absolutos e frequências relativas e comparados pelo teste Qui-quadrado ou exato de Fisher. A correlação de Spearman foi realizada entre os indicadores antropométricos (IMC, CA e CP) e o tempo de internação hospitalar (dias). O nível de significância adotado para todas as análises foi p < 0,05. 17 5. RESULTADOS Foram incluídos no estudo 150 pacientes, com idade média de 61,1 anos, sendo a maioria do sexo masculino (76%). A Tabela 1 abaixo apresenta as características gerais da amostra de acordo com o sexo. Tabela 1. Características gerais dos pacientes pós infarto agudo do miocárdio (n=150) Variável Total (n=150) Masculino (n=114) Feminino (n=36) p Idade 61,1 ± 12,7 59,6 ± 12,5 65,5 ± 12,1 0,015 Idoso 86 (57,3%) 58 (50,9%) 28 (77,8%) 0,004 Comorbidades IAM prévio 12 (8,0%) 9 (7,9%) 3 (8,3%) 1,000 Diabetes mellitus 51 (34,0%) 35 (30,7%) 16 (44,4%) 0,129 Hipertensão arterial 91 (60,7%) 63 (55,3%) 28 (77,8%) 0,016 Dislipidemia 110 (73,8%) 83 (72,8%) 27 (77,1%) 0,610 Doença renal crônica 9 (6,0%) 5 (4,4%) 4 (11,1%) 0,219 Tabagismo 0,259 Tabagista atual 48 (32,0%) 34 (29,8%) 14 (38,9%) Ex tabagista 19 (12,7%) 17 (14,9%) 2 (5,6%) Tipo de infarto 0,320 IAMCSST 124 (82,7%) 92 (80,7%) 32 (88,9%) IAMSSST 26 (17,3%) 22 (19,3%) 4 (11,1%) Tratamento realizado¹ 0,473 Angioplastia 8 (5,4%) 8 (7,1%) 0 (0%) Angioplastia com stent 110 (73,8%) 81 (71,7%) 29 (80,6%) Cirurgia by-pass 14 (9,4%) 11 (9,7%) 3 (8,3%) Clínico (apenas medicamentoso) 17 (11,4%) 13 (11,5%) 4 (11,1%) Tempo de internação (dias) 7,0 (5,0-11,0) 7,0 (5,0 -11,8) 7,0 (5,0-10,8) 0,986 ¹Um dado ausente. IAM: Infarto agudo do miocárdio; IAMCSST: IAM com supradesnivelamento do segmento ST; IAMSSST: IAM sem supradesnivelamento do segmento ST. 18 Como pode ser observado na Tabela 1, a maior parte dos avaliados são idosos (57,3%) e as comorbidades mais prevalentes na população geral foram: dislipidemia (73,8%), seguida por hipertensão arterial (60,7%) e diabetes mellitus (34,0%). Quanto ao tabagismo, uma parte considerável dos participantes (44,7%), afirmaram ser tabagista ou ex-tabagista. Em relação ao tipo de infarto, a maioria apresentou IAM com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) e o tratamento mais realizado foi a angioplastia com stent (73,8%) seguido de tratamento clínico (11,4%). O tempo médio de internação hospitalar foi de sete dias, variando de 1 a 75 dias (mínimo e máximo). Quando se compara os sexos, as participantes do sexo feminino apresentam uma média de idade significativamente maior, logo possui maior número de idosas nesse estrato (77,8% vs 50,9%, p = 0,004). Com relação às comorbidades prévias, somente a hipertensão arterial apresentou diferença significativa, sendo as mulheres o grupo mais acometido por HAS (77,8% vs 55,3%, p = 0,016). As outras variáveis não apresentaram diferenças significativas referente ao sexo. Na Tabela 2, são apresentados os dados antropométricos acerca do estado nutricional dos pacientes avaliados. Tabela 2. Estado nutricional antropométrico dos pacientes pós infarto agudo do miocárdio de acordo com o sexo (n=150) Variável Total (n=150) Masculino (n=114) Feminino (n=36) p Estado nutricional IMC (kg/m²) 26,3 (23,8-28,9) 26,3 (23,3-29,4) 26,4 (24,2-28,7) 0,718 Classificação IMC¹ 0,697 Baixo peso (< 18,5 kg/m²) 1 (0,7%) 1 (0,9%) 0 (0%) Eutrofia (18,5-24,9 kg/m²) 54 (36,0%) 43 (37,7%) 11 (30,6%) Sobrepeso (25,0 – 29,9 kg/m²) 63 (42,0%) 45 (39,5%) 18 (50,0%) Obesidade (≥ 30,0 kg/m²) 32 (21,3%) 25 (21,9%) 7 (19,4%) CA (cm) 97,0 ± 11,5 96,8 ± 12,1 97,4 ± 9,5 0,775 Risco cardiovascular² 68 (45,3%) 38 (33,3%) 30 (83,3%) <0,001 CP (cm) 33,5 (31,0-35,9) 34,0 (31,5-36,0) 32,0 (30,0-35,0) 0,013 Baixa CP³ 82 (54,7%) 57 (50,0%) 25 (69,4%) 0,041 19 ¹WHO (1995); ²WHO (1998); ³Barbosa-Silva (2016); IMC: Índice de Massa Corporal; CA: Circunferência Abdominal; CP: Circunferência da Panturrilha. A média do IMC da população total resultou em 26,3 kg/m², indicativo de sobrepeso. Por conseguinte, a maioria dos participantes foi classificada com sobrepeso ou obesidade (cerca de 63% da amostra). Aproximadamente metade da população apresentou risco cardiovascular decorrente da alteração da CA, observada principalmente no grupo feminino (83,3%). Além disso, uma baixa CP foi identificada em mais da metade dos pacientes avaliados e, também, foi mais frequente nas mulheres. Os resultados das associações entre as variáveis antropométricas (IMC, CA, CP) e o tempo de internação hospitalar estão apresentados na Tabela 3. Não foram observadas associações entre os indicadores antropométricos e o tempo de internação, porém, apesar de não significativos, os resultados sugerem maior tempo de internação em indivíduos mais idosos, com menor IMC e menor CP. Tabela 3. Características do estado nutricional dos pacientes pós infarto agudo do miocárdio de acordo com o tempo de internação (n=150) Variável Até sete dias (n=80) Mais que sete dias (n=70) p Idade 60,8 ± 12,1 61,2 ± 13,3 0,845 Idoso 45 (56,2%) 41 (58,6%) 0,774 Estado nutricional IMC (kg/m²) 26,6 (23,7-29,9) 25,8 (23,7-28,5) 0,623 Classificação IMC¹ 0,458 Baixo peso (< 18,5 kg/m²) 0 (0%) 1 (1,4%) Eutrofia (18,5-24,9 kg/m²) 27 (33,8%) 27 (38,6%) Sobrepeso (25,0 – 29,9 kg/m²) 33 (41,2%) 30 (42,9%) Obesidade (≥ 30,0 kg/m²) 20 (25,0%) 12 (17,1%) Circunferência Abdominal (cm) 97,1 ± 11,5 96,8 ± 11,6 0,866 Risco cardiovascular² 39 (48,8%) 29 (41,4%) 0,369 Circunferência da Panturrilha (cm) 33,9 (31,0-36,8) 33,0 (31,0-35,0) 0,276 Baixa CP³ 42 (52,5%) 40 (57,1%) 0,569 ¹WHO (1995); ²WHO (1998); ³Barbosa-Silva (2016); IMC: Índice de Massa Corporal; CA: Circunferência Abdominal; CP: Circunferência da Panturrilha. 20 A Tabela 4 apresenta a correlação entre os indicadores antropométricos (IMC, CA e CP) e o tempo de internação hospitalar dos pacientes. Não foram observadas correlações entre as medidas avaliadas. Tabela 4. Correlação de Spearman entre variáveis antropométricas e o tempo de permanência hospitalar de pacientes pós infarto agudo do miocárdio. Correlação de Spearman P Total (n=150) IMC (kg/m²) rho = -0,026 0,750 CA (cm) rho = 0,062 0,452 CP (cm) rho = -0,086 0,296 Masculino (n=114) IMC (kg/m²) rho = 0,020 0,831 CA (cm) rho = 0,083 0,378 CP (cm) rho = -0,048 0,615 Feminino (n=36) IMC (kg/m²) rho = -0,193 0,259 CA (cm) rho = 0,079 0,646 CP (cm)rho = -0,237 0,165 IMC: Índice de Massa Corporal; CA: Circunferência Abdominal; CP: Circunferência da Panturrilha. 21 6. DISCUSSÃO No presente estudo com pacientes hospitalizados pós IAM, foi observada maior frequência de pacientes idosos e acometimento de doenças crônicas não transmissíveis, como dislipidemia, hipertensão arterial e diabetes mellitus. A mediana do tempo de internação hospitalar foi de sete dias. Além disso, o perfil antropométrico desses indivíduos apresentou maior ocorrência de sobrepeso e obesidade, bem como uma elevada circunferência abdominal e baixa circunferência da panturrilha. Contudo, não foram observadas associações nem correlações entre esses parâmetros e o tempo de internação hospitalar. Estudos recentes abordaram a prevalência de comorbidades e hábitos de vida, como o tabagismo, na população e os riscos associados ao desenvolvimento de DCVs e IAM. Neste contexto, o registro TURKMI (registro nacional da Turquia) apontou a hipercolesterolemia, hipertensão arterial, tabagismo e diabetes como fatores de risco mais prevalentes para o desenvolvimento de IAM (EROL et al., 2020). Em outra pesquisa realizada com pacientes pós- IAM foi mostrado que, em comparação ao sexo masculino, as pacientes do sexo feminino, principalmente mulheres mais velhas, apresentaram maior frequência de doenças sistêmicas que consistem em fatores de risco cardiovascular, sendo a idade avançada associada a mudanças cardíacas estruturais desfavoráveis (SHIH et al., 2019). Logo, apresentaram achados em consonância com os resultados observados no presente estudo. No que se refere aos indicadores antropométricos, sabe-se que o IMC e a CA elevados representam fatores de risco para o desenvolvimento de DCVs, logo, é fundamental a investigação da associação desses índices com os desfechos clínicos. Neste sentido, Mornar e colaboradores realizaram um estudo prospectivo com 250 pacientes acometidos por IAMCSST e observaram que aqueles que possuíam um IMC indicativo de obesidade apresentavam um maior tempo de internação hospitalar, embora sem diferença significativa (MORNAR et al, 2016). E, quando se analisou o poder preditivo da CA, esta não apresentou influência sobre o prognóstico dos indivíduos, possivelmente devido a obesidade central que pode ser 22 responsável pelo efeito protetor da gordura subcutânea nesses indivíduos (MORNAR et al, 2016). Na presente pesquisa, observou-se que pacientes com obesidade e CA aumentada apresentaram mediana de tempo de internação menor do que aqueles sem obesidade, apesar de não ter sido verificado diferença estatística. Esse achado pode estar relacionado ao paradoxo da obesidade, sendo estes pacientes com mais reserva de gordura corporal, menor risco de desnutrição e, por isso, correspondeu a um fator de proteção para menor permanência hospitalar. Corroborando com esses achados, um estudo recente que avaliou o efeito do estado nutricional sobre a mortalidade hospitalar em 1.056 pacientes internados com insuficiência cardíaca, constatou um menor risco de morte em pacientes com IMC de obesidade. Contudo, os autores ressaltam que o IMC não é considerado um bom indicador de obesidade, uma vez que não considera a composição corporal, como a quantidade muscular, distribuição de gordura e retenção hídrica, sendo, portanto, necessária a observação dos diferentes fenótipos de obesidade para avaliar de forma abrangente o estado nutricional desses pacientes (CZAPLA et al., 2021). A baixa CP tem sido associada com diminuição da massa muscular resultando em piores desfechos clínicos, uma vez que impacta na capacidade funcional e morbimortalidade dos pacientes (PEIXOTO et al., 2016). Em um estudo que analisou 160 pacientes idosos institucionalizados sem condições agudas, a CP demonstrou ser a medida mais eficaz na predição do estado nutricional, na atividade funcional e em condições gerais de saúde (TSAI; LAI; CHANG, 2012). Ademais, em outra pesquisa foi verificado que a presença de sarcopenia encontra-se intimamente relacionada com a piora do prognóstico e aumento do tempo de internação (GARIBALLA; ALESSA, 2013). Neste estudo, embora não significativa, observou-se uma frequência ligeiramente maior de baixa CP entre os pacientes que passaram mais de sete dias internados. Diante do exposto, cabe ressaltar que a presente pesquisa apresenta algumas limitações no que diz respeito ao seu delineamento transversal, uma vez que não foram observadas as flutuações dessas medidas antropométricas ao longo da internação, sendo necessário, assim, o desenvolvimento de estudos longitudinais para uma avaliação de causa efeito dos achados. Além disto, trata-se de um estudo 23 unicêntrico, não sendo possível extrapolar os resultados para outras populações. O tamanho amostral é outra limitação, principalmente no que diz respeito à amostra do sexo feminino, que pode ter interferido nos resultados e não foram avaliados outros desfechos clínicos, portanto, as informações devem ser interpretadas com cautela. Como pontos positivos, destacamos a contribuição científica de resultados relevantes para aplicação na prática hospitalar, sendo necessária a utilização de outros indicadores que se associem ao tempo de internação hospitalar de pacientes pós IAM. 24 7. CONCLUSÃO O perfil clínico e nutricional dos pacientes avaliados no estudo indica a presença de fatores de risco importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como comorbidades, hábito tabagista, sobrepeso e obesidade e elevada obesidade central. Em conclusão, não foram observadas associações nem correlações entre os indicadores antropométricos avaliados (IMC, CA e CP) e o tempo de internação hospitalar de pacientes pós infarto agudo do miocárdio, indicando a necessidade de verificar a utilização de outros indicadores para melhor avaliar e contribuir para o cuidado nutricional adequado desses pacientes. 25 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. I. et al. Length of stay in surgical patients: nutritional predictive parameters revisited. British journal of nutrition, v. 109, n. 2, p. 322-328, 2013. Barbosa-Silva et al. Prevalence of sarcopenia among community-dwelling elderly of a medium-sized South American city: Results of the COMO VAI? Study. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2016;7(2):136–43. BATSIS, J. A. et al. Sarcopenia, sarcopenic obesity and mortality in older adults: results from the National Health and Nutrition Examination Survey III. European journal of clinical nutrition, v. 68, n. 9, p. 1001-1007, 2014. BOATENG, S.; SANBORN, T. 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Baseline clinical characteristics and patient profile of the TURKMI registry: Results of a nation-wide acute myocardial infarction registry in Turkey. Anatolian Journal of Cardiology, v. 24, n. 1, p. 43, 2020. 26 GARIBALLA, Salah; ALESSA, Awad. Sarcopenia: prevalence and prognostic significance in hospitalized patients. Clinical nutrition,v. 32, n. 5, p. 772-776, 2013. JOHANSSON, S. et al. Mortality and morbidity trends after the first year in survivors of acute myocardial infarction: a systematic review. BMC Cardiovascular Disorders, v. 17, n. 1, p. 53, 2017. LABARTHE, D. R.; DUNBAR, S. B. Global cardiovascular health promotion and disease prevention: 2011 and beyond. Circulation, v. 125, n. 21, p. 2667-2676, 2012. LANDI, F. et al. Calf circumference, frailty and physical performance among older adults living in the community. Clinical Nutrition, v. 33, n. 3, p. 539-544, 2014. LOBATO, T. A. A. et al. 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A circunferência da panturrilha está associada com a massa muscular de indivíduos hospitalizados. Rev Bras Nutr Clin, v. 31, n. 2, p. 167-71, 2016. 27 PINTO, A. C. et al. Association Between Anthropometric Indicators of Nutrition Status and Length of Hospital Stay in Hospitalized Patients. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, 2020. REAL, Gustavo Gonzales et al. Circunferência da panturrilha: um marcador de massa muscular como preditor de readmissão hospitalar. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition , v. 42, n. 8, pág. 1272-1279, 2018. REDDY, K.; KHALIQ, A.; HENNING, R. J. Recent advances in the diagnosis and treatment of acute myocardial infarction. World journal of cardiology, v. 7, n. 5, p. 243, 2015. RYAN, Thomas et al. Association of waist circumference with outcomes in an acute general surgical unit. ANZ journal of surgery, v. 87, n. 6, p. 453-456, 2017. SALES, MV de C. et al. Efeitos adversos da internação hospitalar para o idoso. 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Association between anthropometric indicators of obesity and cardiovascular risk factors among adults in Shanghai, China. BMC public health, v. 19, n. 1, p. 1035, 2019. 29 ANEXOS Anexo 1: Cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE Esclarecimentos Este é um convite para você participar da pesquisa: “COMPOSIÇÃO CORPORAL COMO FATOR PROGNÓSTICO DE EVENTOS ADVERSOS EM PACIENTES PÓS-INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: UM ESTUDO DE COORTE”, que tem como pesquisador responsável a Professora Ana Paula Trussardi Fayh. O motivo que nos leva a realizar este estudo é verificar se quantidade de gordura ou músculo do nosso corpo, assim como nosso estado nutricional, pode indicar um maior risco de ter um novo infarto, uma necessidade de cirurgia ou risco de morte em 12 meses após o primeiro infarto agudo. Caso você autorize sua participação no estudo, todas as etapas da pesquisa ocorrerão nas dependências do Hospital Universitário Onofre Lopes, e nenhum deslocamento adicional será necessário para a sua participação. Nós iremos pegar algumas informações do seu prontuário médico, como idade, doenças que você possui e os resultados dos seus exames de sangue. Na sua cama do hospital, nós vamos medir o seu peso, a sua altura a sua cintura e a circunferência da sua panturrilha (batata da perna). Você também precisará apertar um dispositivo manual para medirmos a força do seu aperto de mão, que está relacionado com a sua função física. Nós também vamos fazer a análise da sua massa muscular e da sua gordura corporal pela bioimpedância elétrica, que é uma técnica totalmente indolor onde eletrodos serão colocados nas suas mãos e pés para a passagem de uma corrente elétrica de baixíssima voltagem. Esta técnica dura apenas 5 segundos, e o tempo total que será dispendido durante a sua avaliação é de, aproximadamente, 20 minutos. Após você ser liberado do hospital, nós vamos ligar para você todos os meses, durante o período de um ano, para verificar se você teve outro infarto ou neste período. Este projeto oferece riscos mínimos aos participantes, pois a grande parte das medidas e exames que serão coletados já são realizados na rotina hospitalar, durante o diagnóstico e tratamento da sua doença. Algum possível constrangimento poderá surgir no momento da tomada de alguma medida antropométrica, na realização da avaliação por bioimpedância ou na medida da força de preensão palmar. Para minimizar este constrangimento, todos os pesquisadores que entrarão em contato com você estarão treinados e capacitados para deixa-lo à vontade caso não queira se submeter a alguma medida específica ou queira se retirar do estudo a qualquer momento, e sempre que possível, a avaliação antropométrica e a medida da bioimpedância serão realizadas com as cortinas do leito fechadas. Na medida da força de preensão palmar, apesar de você ser orientado para fazer o máximo de força possível, essa avaliação não é dolorosa nem provoca dor após sua medida. Também ressaltamos que nenhuma nova punção sanguínea será necessária para a realização do estudo. Mesmo assim, caso você sofra prejuízo à sua saúde durante as avaliações, a equipe de pesquisadores se responsabilizará pelo atendimento ou encaminhamento do voluntário ao serviço de saúde para 30 o tratamento, se responsabilizado com os custos. Como benefício,você receberá informações acerca do seu estado nutricional e da sua composição corporal, e com isso podem ser melhor tratados pela equipe da nutrição para reverter a depleção nutricional. Além disso, na alta hospitalar, se for do seu interesse, você receberá informações para agendar consulta e acompanhamento gratuito no Ambulatório de Nutrição da UFRN. Os dados coletados serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhuma informação que possa identificá-la. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local seguro e por um período de cinco anos. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, será indenizado. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com os pesquisadores responsáveis. Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, telefone: 3342-5003, endereço: Av. Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Espaço João Machado – 1° Andar – Prédio Administrativo - CEP 59.012- 300 - Nata/RN, e-mail: cep_huol@yahoo.com.br. Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Profa. Dra. Ana Paula Trussardi Fayh, cujo telefone é (84) 3342-2291 ou por e-mail apfayh@yahoo.com.br. Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, telefone 3342-5003. Consentimento Livre e Esclarecido Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “COMPOSIÇÃO CORPORAL COMO FATOR PROGNÓSTICO DE EVENTOS ADVERSOS EM PACIENTES PÓS- INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: UM ESTUDO DE COORTE”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. Natal, _____ de ___________ de____________. Nome do voluntário de pesquisa: __________________________________ Assinatura do voluntário de pesquisa: _________________________________ Declaração do pesquisador responsável Como pesquisador responsável pelo estudo “COMPOSIÇÃO CORPORAL COMO FATOR PROGNÓSTICO DE EVENTOS ADVERSOS EM PACIENTES PÓS-INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: UM ESTUDO DE COORTE”, declaro que assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo. Impressão datiloscópica do participante 31 Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano. Natal, _____ de ___________ de ______________________. Nome do pesquisador: __________________________________________ Assinatura do pesquisador: _______________________________________ 32 Anexo 2: Formulário de coleta de dados Avaliador: _______________________ Data: ____/______/______ Nome:___________________________________________________ Prontuário MV: ______________ Prontuário AGHU: ______________ Nome da mãe: ___________________________________________ Procedência: ________________________ Data de Nascimento: ___/____/_____ Data do infarto: ____/____/_______ Data da internação: ____/____/_______ Idade: ___________________ Sexo: (0) masculino (1) feminino Antecedentes clínicos: ( ) AVC - ___/___/_____ ( ) IAM - ___/___/_____ (0) s/ supra (1) c/ supradesnível ST Diabetes (0) não (1) sim / Hipertensão (0) não (1) sim / DRC (0) não (1) sim ICC (0) não (1) sim / HIV-AIDS (0) não (1) sim Câncer (0) não (1) sim – local:__________ Tabagista: (0) não (1) sim (2) ex (< 6 meses) Tipo de infarto: (0) sem supradesnível ST (1) com supradesnível ST Tratamento: (0) clínico-medicamentos (1) angioplastia (2) angioplastia com stent (3) cirurgia - bypass Internou na UTI? (0) Não (1) Sim - ___ dias Massa Corporal (kg): _________ ( ) medida ( ) informada Estatura (m): __________ ( ) medida ( ) informada Circunferência abdominal (cm): ____ _____ ______ Circunferência da panturrilha (cm): ____ _____ ______ Data da alta: ____/____/______
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