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Artigo de Opinião - AVA2

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THAYS HERRISON CALIXTO SILVA
A MODERNIDADE LÍQUIDA NAS REDES SOCIAIS
Artigo de opinião para nota da AVA2 da disciplina de Produção de textos acadêmicos oferecida pelos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda da universidade Veiga de almeida.
Professora Cristina Varandas Rubim
RIO DE JANEIRO
2020
A modernidade líquida nas redes sociais
Os estudos que abordam o tema na pós-modernidade apontam o ser-humano como um ser fragmentado, diferentemente do que apontavam nas teorias do período moderno, onde definiam-no como um individuo homogêneo. Podemos afirmar que essa fragmentação ocorre por diversos processos, entre eles conseguimos destacar a globalização. A integração econômica e cultural entre os países, só se tornou possível a partir da criação e popularização de diversas tecnologias que adquiriram um papel fundamental, não somente para a economia mundial, como também para a sociedade que se tornou cada vez mais dependente desse mundo tecnológico. Com o mundo sendo explorado nas palmas de suas mãos, o ser humano entra em conflito com sua própria identidade, adquirindo ao seu comportamento características de outros grupos étnicos e culturais. 
Essa fragmentação veio como consequência das novas tecnologias, que nos trouxe a facilidade e liquidez de informações do mundo “exterior”. Colocado diante das mídias e de novas redes sociais, o ser humano é colocado a prova de quem realmente é, ou como almeja ser, fazendo-o questionar e poder escolher como quer ser, como deseja ser visto e como prefere agir perante as suas raízes. É diante das redes sociais que os indivíduos passam por mudanças que refletem em todas as áreas de sua vida. 
A globalização rompe as fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades, transformando o mundo como uma verdadeira aldeia global, englobando o econômico, o ideológico e o cultural. Define esse momento de incertezas e grandes transformações tecnológicas que é difícil de ser acompanhada como preconiza Bauman: 
Estamos agora passando da fase “sólida da modernidade para a fase fluída”. E os “fluidos” são assim chamados porque não conseguem manter a forma por muito, mesmo num recipiente apertado, continuam mudando de forma sob influência até mesmo das menores forças. E vai além, tudo isso é como habitar um universo, onde ninguém, em lugar algum pode apontar a diferença entre um caminho ascendente e um declive acentuado (BAUMAN, 2005, p. 57). 
Nesse sentido, podemos afirmar que quanto mais expostas as culturas nacionais sobre as influências externas no mundo globalizado, mas as identidades são bombardeadas e provisórias, no tempo e no espaço. Nesse processo, cada vez mais as pessoas são invadidas pelas informações advindas de fontes de todos os tipos, algumas bem vindas, outras nem tanto. A radiodifusão e televisão via satélite tornaram possível a transmissão de notícias em tempo real. Para Rajagopalan (2003) esse momento de plenas mudanças no mundo ao que se refere à globalização pontua que: 
Hoje, principalmente nas populações urbanas do mundo inteiro, só vive desinformado quem quer se isolar do resto do mundo por vontade própria, sendo que os inúmeros cartazes e outdoors espalhados em lugares públicos e outras formas de propaganda agressiva ainda se esforçam para que o nosso “ludita” contumaz deixe de realizar seu sonho em plenitude. Estamos vivendo a era da informação - hoje somos o que sabemos (RAJAGOPALAN, 2003, p. 59). 
Dentro desse processo a linguagem também sofre mudanças devido ao excesso de informação que nos rodeiam, caracterizando-se pela instabilidade e contradições nas esferas da informação como nas novas maneiras de relacionamento entre as pessoas e os povos. No meio virtualizado, tablets, computadores e smartfones são peças fundamentais para essa comunicação, onde símbolos e caracteres montam relacionamentos não presenciais nas redes sociais. Todo esse trabalho é realizado na tela de um dispositivo, por meio de um conjunto de imagens, desenhos, fotos que se misturam a linguagem escrita a fim de apresentar a identidade que se quer mostrar no momento.
Na atualidade as novas tecnologias vêm cada vez mais se ampliando e se adequando aos meios, aproximando as pessoas que estão longe em um único meio social, muita das vezes afastando quem está próximo, no que se diz respeito as relações afetivas dos indivíduos. Segundo uma pesquisa feita pelo jornal O Dia “tecnologias aproximam quem está longe e afastam aqueles que estão perto”. Amizades e namoros da vida real são substituídos por relações virtualizadas, os laços afetivos se tornam fracos, as amizades se desfazem com um simples apertar da tecla delete. Nesse interim, as identidades são construídas e reconstruídas na medida e na forma que as pessoas gostariam se serem vistas. 
As redes sociais trazem a liberdade de se apresentar e representar da maneira que deseja ser. Apresenta tantos personagens, em tantos espaços devido a diversas contas na rede, para que muitos indivíduos possam visitar sua página e lhe acolher em sua tribo. A partir daí são amparados na alteridade, princípio básico da identidade. Com relação ao pertencimento, seja ele geográfico, étnico, geracional, de classe social, de gênero ou de sexo, o indivíduo dentro desse processo de fluidez, de incertezas de mudanças, de acordo com Bauman (2005) tanto o pertencimento quanto a identidade “não têm solidez de uma rocha, não são garantidos para toda a vida, são bastante negociáveis e revogáveis” e dependem das “decisões que o próprio indivíduo toma os caminhos que percorre, a maneira como age” (BAUMAN, 2005, p.17).
Podemos concluir que as redes sociais fazem parte desse mundo globalizado, tornando-se uma das formas de construção da identidade dos indivíduos. As pessoas em contato com o mundo on-line conseguem navegar para outros ambientes que lhe conferem poderes. As redes conferem a capacidade do sujeito se mascarar de tal forma que nem ele próprio consegue se identificar no mundo virtualizado. Dessa maneira nas redes sociais, os usuários navegam e se movem facilmente a todo momento e as identidades também são inconstantes, construída e desconstruídas em constante aceleração. Portanto, na sociedade atual, a distância geográfica não pode ser definida como fator de distanciamento, sendo suprida pela era digital por meios interativos e abertos, conectando pessoas onde quer que estejam. É um lugar onde podem se relacionar, compartilhar gostos e experiencias, construir novas amizades, mesmo que nunca se encontrem pessoalmente. Podemos afirmar que é o ambiente virtual onde o surgimento das identidades liquidas tem a maior visibilidade atualmente. As redes sociais virtuais proporcionam às pessoas a capacidade de construir de forma inconsciente sua felicidade, seus momentos de acordo com seus interesses. Só que esses momentos através da mediação da comunicação virtual são moldados pela lente de outros usuários na internet. Refutar essa realidade é refutar a humanidade como um todo.

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