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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS LEANDRO LUIZ DA SILVA PEREIRA NATAL/RN, 2016 2 Leandro Luiz da Silva Pereira Análise de motobombas submersas com diferentes acionamentos elétricos a partir da Roda de Falhas Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre em Engenharia Mecânica. Área de concentração: Termociências/ Energia e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira Fontes Natal/RN, 2016 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Pereira, Leandro Luiz da Silva. Análise de motobombas submersas com diferentes acionamentos elétricos a partir da Roda de Falhas / Leandro Luiz da Silva Pereira. - 2016. 174 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. Natal, RN, 2016. Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira Fontes. 1. Motobomba - Dissertação. 2. Poço Tubular - Dissertação. 3. Parâmetros operacionais - Dissertação. 4. Roda de Falhas - Dissertação. 5. Manutenção - Dissertação. 6. Confiabilidade - Dissertação. I. Fontes, Francisco de Assis Oliveira. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 621.43 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ANÁLISE DE MOTOBOMBAS SUBMERSAS COM DIFERENTES ACIONAMENTOS ELÉTRICOS A PARTIR DA RODA DE FALHAS Leandro Luiz da Silva Pereira Orientador: Prof. Dr. Francisco de Assis Oliveira Fontes Dissertação de Mestrado defendida em 29/12/2016, sob o julgamento da seguinte Banca Examinadora 5 Aos meus pais Luizinho e Vânia, que me deram a educação e me guiaram, mostrando com sabedoria o caminho correto e confiando nos projetos em que decidi levar a diante. À Kalyana Monalyza, cujo carinho e compreensão foram essenciais, e que muitas vezes no percurso deste trabalho renunciou parte de nossa convivência, com o intuito de colaborar para sua realização. 6 AGRADECIMENTOS À Deus, pelas bênçãos da sabedoria, fé e resiliência. Ao Professor Francisco Fontes, pelo acolhimento e atenção dedicada nos momentos de orientação pelos quais galguei caminhos produtivos, que me levaram a atingir as metas deste trabalho e avanços importantes enquanto pesquisador. À minha esposa Kalyana e a todos os familiares e amigos pelo apoio e compreensão durante a construção deste trabalho. Ao Professor Luiz Guilherme, pelas virtudes que sempre se mostraram claras em suas atitudes e momentos de comunhão do conhecimento, à atenção e presteza dedicadas às atividades desenvolvidas no PPGEM. À UFRN, e demais professores do PPGEM que me induziram a reflexões acadêmicas e construções importantes sobre o conhecimento. Aos companheiros da CAERN que colaboraram com a instrumentação necessária e com informações apresentadas neste trabalho. 7 O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência à medida em que caminhamos através da duração eterna. Isaac Newton (1643 – 1727) viii SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... xi LISTA DE QUADROS E TABELAS ..................................................................................... xiii LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................................... xiv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. xv LISTA DE NOMENCLATURAS E SÍMBOLOS ................................................................. xvii RESUMO ................................................................................................................................ xix ABSTRACT ............................................................................................................................. xx CAPÍTULO I ......................................................................................................................... 21 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 21 1.1. Cenário do estudo proposto ............................................................................................... 22 CAPÍTULO II ......................................................................................................................... 26 2. FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA ..................................................................................... 26 2.1. Definição de falha .............................................................................................................. 26 2.2. Roda de Falhas ................................................................................................................. 28 2.3. Teoria das restrições e gargalos na produção .................................................................... 29 2.4. Breve histórico da Confiabilidade ..................................................................................... 30 2.5. Grau de Confiabilidade ...................................................................................................... 31 2.6. Modelos de distribuição de probabilidade ......................................................................... 34 2.7. Sistemas em série e em paralelo ........................................................................................ 36 2.7.1. Sistemas em série ......................................................................................................... 36 2.7.2. Sistemas em paralelo .................................................................................................... 36 2.8. Padrões de falhas ............................................................................................................... 38 2.9. Disponibilidade média ....................................................................................................... 41 2.10. Mantenabilidade .............................................................................................................. 43 CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 44 3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO DE CASO PARA A INDÚSTRIA ................................. 44 3.1. Consumo energético no setor industrial ............................................................................ 44 3.2. Perdas de energia em instalações elétricas ........................................................................ 45 3.3. Papel da concessionária de abastecimento d’água sobre a qualidade da manutenção ...... 46 3.4. Histórico de falhas recorrentes em instalações de poços tubulares de Parnamirim/RN .... 47 3.5. CAUSAS GERAIS DE FALHAS EM POÇOS TUBULARES ........................................ 51 3.5.1. Equipamento defeituoso ou instalação inadequada ......................................................51 3.5.2. Projeto de dimensionamento inadequado ..................................................................... 51 3.5.3. Deterioração por presença de plantas e animais ........................................................... 52 3.5.4. Qualidade dos filtros sobre desgaste e perda de vazão em motobomba ....................... 53 3.5.5. Atuação de ferrobactérias em poços ............................................................................. 54 3.5.5.1. Incrustações por ferrobactérias ................................................................................ 54 3.5.5.2. Incrustações por rochas calcárias ............................................................................ 56 3.5.5.3. Ações para o combate de incrustações .................................................................... 56 3.5.6. Corrosão em poços tubulares ....................................................................................... 58 3.5.6.1. Corrosão Eletroquímica ........................................................................................... 58 3.5.6.2. Corrosão Eletrolítica ................................................................................................ 59 ix 3.5.7. Rebaixamento do nível dinâmico ................................................................................ 59 3.5.8. Relação do NPSH para ocorrência de cavitação ......................................................... 60 3.5.9. Vibrações no sistema de motobombas ........................................................................ 61 3.5.10. Temperatura da água ................................................................................................... 62 3.5.11. Pontos quentes nas instalações elétricas de poços ...................................................... 62 3.5.12. Temperatura de condutores em instalações elétricas ................................................... 64 3.5.13. Máximas Temperaturas Admissíveis para instalações elétricas de motobombas ....... 65 3.6. PROBLEMAS DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA ....................................... 66 3.6.1. Distúrbios da energia elétrica em instalações de motobombas ................................... 68 3.6.2. Distúrbios em inversores de frequência ...................................................................... 70 3.7. CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO DE MOTOBOMBAS ................................................... 71 3.7.1. Fator de Serviço (FS) ................................................................................................... 71 3.7.2. Variação de tensão ....................................................................................................... 72 3.7.3. Sobretensão e Subtensão ............................................................................................. 73 3.7.4. Potência elétrica ............................................................................................................ 73 3.7.5. Correção do Fator de Potência (FP) ............................................................................ 74 3.8. PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO ....................................................................... 75 3.8.1. Funções e considerações sobre a manutenção .............................................................. 75 3.8.2. Engenharia de Manutenção .......................................................................................... 75 3.8.3. Manutenção corretiva ................................................................................................... 77 3.8.4. Manutenção detectiva ................................................................................................... 78 3.8.5. Manutenção preventiva ................................................................................................ 78 3.8.6. Manutenção preditiva ................................................................................................... 80 3.8.7. Justificativa para implantação da manutenção preditiva .............................................. 81 3.9. CONCEITOS E MÉTODOS DE MANUTENÇÃO PLANEJADA ................................. 82 3.9.1. Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC) ........................................................ 83 3.9.2. Manutenção Produtiva Total (MPT) ............................................................................ 84 3.9.3. Análise dos Modos de Falhas e Efeitos (FMEA) ........................................................ 84 3.9.4. Análise de Árvore de Falhas (FTA) ............................................................................ 84 3.10. TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PREDITIVA ............................................................ 85 3.10.1. Inspeção termográfica .................................................................................................. 86 3.11. Custo de manutenção ....................................................................................................... 88 3.11.1. Consumo Específico de Energia (CEE): implicações para eficiência energética e custos ........................................................................................................................................ 90 3.12. CARACTERÍSTICAS GERAIS E ESPECIFICAÇÕES DE CONJUNTOS MOTOBOMBAS SUBMERSAS ............................................................................................. 90 3.12.1. Especificações de motobombas ................................................................................. 93 3.12.2. Motor submerso ......................................................................................................... 93 3.12.3. Bomba submersa........................................................................................................ 97 3.12.4. Dimensionamento da AMT ..................................................................................... 101 3.12.5. Ponto de operação da bomba ................................................................................... 102 3.12.6. Cálculo da corrente nominal de motor submerso .................................................... 103 3.13. SISTEMA ELÉTRICO DE ACIONAMENTO E PROTEÇÃO DE MOTOBOMBAS ................................................................................................................................................ 104 x 3.13.1 Considerações sobre a NR-10.................................................................................. 106 3.13.2 Diagrama multifilar ................................................................................................. 106 3.13.3 Acionamentos aplicados a motobombas: PD, PC, PS, PI ...................................... 107 3.13.4 Comparativo entre principais tipos de acionamentos .............................................. 112 CAPÍTULO IV ...................................................................................................................... 115 4. METODOLOGIA E PESQUISA DE DADOS .............................................................. 115 4.1 Descrição das etapas metodológicas................................................................................. 117 4.2 Descrição dos equipamentos analisados ........................................................................... 119 4.3 Requisitos para operação das motobombas ...................................................................... 126 4.4 Descrição da instrumentação utilizada e coleta de dados ................................................. 127 CAPÍTULO V ....................................................................................................................... 130 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................130 5.1 RESULTADOS DA 1ª ETAPA ....................................................................................... 130 5.1.1 Análise da conformidade dos dados ........................................................................... 130 5.1.2 Inspeção termográfica................................................................................................. 134 5.1.3 Médias de CEE por produção ..................................................................................... 136 5.1.4 Comparativo do CEE por produção ........................................................................... 137 5.2 RESULTADOS DA 2ª ETAPA ....................................................................................... 138 5.2.1 Modelo de Roda de Falhas das motobombas submersas. .......................................... 138 5.2.2 Análise sob o aspecto das chaves de partidas ............................................................. 142 5.3 CONSIDERAÇÕES ......................................................................................................... 143 5.3.1 Roda de Falhas ........................................................................................................... 143 5.3.2 Manutenção ................................................................................................................ 144 5.3.3 Performance e confiabilidade ..................................................................................... 144 5.3.4 Gargalos nas instalações das motobombas ................................................................. 145 CAPÍTULO VI ...................................................................................................................... 146 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 146 6.1 PERSPECTIVAS DE TRABALHOS .............................................................................. 147 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 148 APÊNDICE A – Checklist genérico de inspeção e manutenção para poços ................... 154 APÊNDICE B – Recortes das medições de parâmetros operacionais e de manutenções ................................................................................................................................................ 155 APÊNDICE C – Simulação de vida de motobomba genérica via software Blocksim .... 157 ANEXO A – Dados técnicos, perfil litológico, teste de produção e da qualidade da água de poço tubular ..................................................................................................................... 164 ANEXO B – Planta da captação, com cortes e detalhes do tratamento, comando e poço tubular (CAERN) ................................................................................................................ 168 ANEXO C – Informações necessárias para um dimensionamento correto da AMT, Vazão e Potência de MotoBombas Submersas .................................................................. 169 ANEXO D – Curvas características das quatro bombas submersas analisadas ............ 172 ANEXO E – Quadro com defeitos, causas e soluções sobre motobombas ...................... 174 xi LISTA DE FIGURAS Figura 1.1. Localização da área dos poços tubulares ............................................................... 23 Figura 2.1. Esquematização de tipos de falhas ......................................................................... 26 Figura 2.2. Esquema dos tipos de falhas .................................................................................. 27 Figura 2.3. Roda de Falhas com quatro ambientes de falhas ................................................... 28 Figura 2.4. Diagrama de blocos para sistema de itens ligados em série................................... 36 Figura 2.5. Diagrama de blocos para sistema de itens ligados em paralelo ............................. 36 Figura 2.6. Representação genérica em diagrama de blocos de sistemas série-paralelo e paralelo-série, com respectivas decomposições em subsistemas ............................................. 37 Figura 2.7. Curvas de probabilidade condicional de falhas (função de risco) ......................... 39 Figura 2.8. Exemplo de curva de banheira e ciclo de vida de equipamentos ........................... 40 Figura 2.9. Falhas (em vermelho) ocorridas em um mês numa instalação de motobomba ..... 42 Figura 3.1. Estrutura do consumo por classe (%) no Sistema Interligado Nacional (SIN) ..... 44 Figura 3.2. Distribuição do consumo de energia elétrica por uso final na indústria ................ 44 Figura 3.3. Ilustração de raízes invasoras, Jurema e Algaroba................................................. 52 Figura 3.4. Colunas em estágios avançados de corrosão .......................................................... 55 Figura 3.5. À esquerda o crivo de uma bomba submersa, à direita, tubulação edutora com incrustação de calcário.............................................................................................................. 56 Figura 3.6. Diagnóstico de ponto quente em emenda de cabo, PT-09 Bairro Cohabinal, em 23/06/2016 ................................................................................................................................ 63 Figura 3.7. Diagnóstico de ponto quente em cabo do disjuntor, PT-20 Bairro Nova Parnamirim, em 08/11/2015 ..................................................................................................... 63 Figura 3.8. Diagnóstico de descontinuidade entre terminais do enrolamento do motor, com sobrecarga nas fases R e T, PT-17 Bairro Nova Parnamirim, em 06/01/2016 ......................... 64 Figura 3.9. Triângulo de potência ............................................................................................. 74 Figura 3.10. Subdivisão tipológica da manutenção .................................................................. 77 Figura 3.11. Evolução de trinca em suporte da roldana de um elevador .................................. 86 Figura 3.12. Visões sobre a assimilação de falhas funcionais .................................................. 89 Figura 3.13. Perfil típico de instalação de motobomba submersa em poço profundo .............. 92 Figura 3.14. Típica aplicação de camisa indutora de fluxo ...................................................... 95 Figura 3.15. Montagem de camisa de sucção em motobomba submersa ................................. 96 Figura 3.16. Principais tipos de bombas e classificação das bombas submersas ..................... 99 Figura 3.17. Cortes transversais em duas motobombas, uma com rotor radial e outra com rotor semi-axial ............................................................................................................................... 100 Figura 3.18. Diagrama multifilar de partida direta ................................................................. 108 Figura 3.19. Diagrama multifilar de partida compensadora ................................................... 109 Figura 3.20. Diagrama multifilar de uma chave de partida Soft-Starter, modelo 3RW30 fabricante Siemens .................................................................................................................. 110 xii Figura 3.21. Diagrama simplificado de chave de partida Soft-starter para instalação de motor trifásico ................................................................................................................................... 110 Figura 3.22. Chave inversor de frequência, instalação para motor trifásico .......................... 112 Figura 3.23. Diagrama de partida estrela-triângulo ................................................................113 Figura 4.1. Fluxograma de etapas do trabalho........................................................................ 116 Figura 4.2. À esquerda, parte frontal do quadro de comandos, à direita barrilete do poço com motobomba PC ....................................................................................................................... 120 Figura 4.3. Quadro de comandos e proteção da motobomba PC (Partida Compensadora) .. 120 Figura 4.4. À esquerda, o barrilete do poço com motobomba PD, à direita, o abrigo do QCP ................................................................................................................................................ 121 Figura 4.5. Quadro de comandos e proteção da motobomba PD (Partida Direta) ................ 122 Figura 4.6. Barrilete do poço com motobomba PS ................................................................ 123 Figura 4.7. Quadro de comandos e proteção do poço com motobomba PS (Partida Soft- Starter) ................................................................................................................................... 123 Figura 4.8. QCP (à esquerda), terminais de comando e de alimentação (ao centro), e LCP do inversor (à direita) ................................................................................................................. 125 Figura 4.9. Barrilete do PT-63 com motobomba PI (à esquerda), transmissor de pressão (ao centro), e macromedidor de vazão (à direita) ........................................................................ 125 Figura 4.10. Alicate Wattímetro ............................................................................................. 127 Figura 4.11. Função Potência Trifásica com Carga Balanceada, chave na posição “3~Bal *1~” ................................................................................................................................................ 128 Figura 4.12. Câmera termográfica, cedida pelo Laboratório de Energia UFRN .................... 128 Figura 4.13. Termohigrômetro utilizado durante as inspeções termográficas ....................... 129 Figura 4.14. Manômetro utilizado .......................................................................................... 129 Figura 5.1. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PC...................... 131 Figura 5.2. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PD ..................... 131 Figura 5.3. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PS ...................... 132 Figura 5.4. Ficha de inspeção de parâmetros operacionais da motobomba PI ....................... 132 Figura 5.5. Quadro de comandos PC ...................................................................................... 134 Figura 5.6. Quadro de comandos PD ...................................................................................... 134 Figura 5.7. Quadro de comandos PS ...................................................................................... 135 Figura 5.8. Terminais do inversor de frequência PI ............................................................... 135 Figura 5.9. Motobomba PC - Operação: 18h/dia.................................................................... 136 Figura 5.10. Motobomba PD - Operação: 24h/dia ................................................................. 136 Figura 5.11. Motobomba PS - Operação: 24h/dia .................................................................. 137 Figura 5.12. Motobomba PI - Operação: ~12h/dia ................................................................. 137 Figura 5.13. Modelo de Roda de falhas adaptado para motobombas submersas ................... 139 Figura 5.14. Principais mecanismos de danos secundários, envolvendo transições em ambientes do modelo da Roda de falhas ................................................................................ 140 xiii LISTA DE QUADROS E TABELAS QUADROS Quadro 2.1. Classificação VS Tipos de falhas ......................................................................... 27 Quadro 3.1. Problemas, causas e possíveis soluções em poços tubulares ................................ 48 Quadro 3.2. Principais falhas, efeitos, causas e ações corretivas de rotina, da manutenção operacional nos poços da UNAP .............................................................................................. 49 Quadro 3.3. Temperaturas características de condutores com diferentes tipos de isolação ..... 65 Quadro 3.4. MTA para itens de instalações elétricas de motobombas submersas ................... 66 Quadro 3.5. Exemplo de efeitos dos desequilíbrios de tensão em motor de indução trifásico.66 Quadro 3.6. Discriminação dos setores da indústria, relativa ao gráfico 3.3 ........................... 68 Quadro 3.7. Classificação e destaque dos principais distúrbios da QEE associados a danos nas instalações de motobombas ...................................................................................................... 69 Quadro 3.8. Tensão nominal de atendimento para intervalos de variações em pontos de conexão igual ou inferior a 1 kV (380/220) ............................................................................ 72 Quadro 3.9. Normas em vigor no Brasil sobre Termografia .................................................... 87 Quadro 3.10. Custo de manutenção em relação ao faturamento bruto (Abraman 2011) ........ 88 Quadro 3.11. Materiais utilizados nos principais itens de uma bomba submersa .................. 101 Quadro 3.12. Parâmetros de monitoramento de poços ........................................................... 102 Quadro 3.13. Comparação entre os principais métodos de partidas ....................................... 114 Quadro 4.1. Formas de obtenção de dados ............................................................................. 118 TABELAS Tabela 2.1. Tempos (em horas) de ocorrência de falhas para as condições de operação de uma motobomba na hipótese apresentada ........................................................................................ 42 Tabela 3.1. Máximas velocidades de sucção ............................................................................ 61 Tabela 3.2. Potência aparente de uma instalação elétrica de motobomba ................................ 73 Tabela 3.3. Folga de potência em função do quociente entre potência nominal do motor e potência consumida pela bomba ............................................................................................... 94 Tabela 3.4. Vazões e fluxos mínimos exigidos para a refrigeração de diversos diâmetros de motor e de poço, com água até 30°C ........................................................................................ 95 Tabela 4.1. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PC ......................................... 119 Tabela 4.2. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PD......................................... 121 Tabela 4.3. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PS ......................................... 123 Tabela 4.4. Dados do perfil do poço tubular e da motobomba PI .......................................... 124 Tabela 5.1. Índices simbólicos de confiabilidades baseados nas idades operacionais e na vida média das motobombas submersas ......................................................................................... 133 xiv LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 3.1. Números de RA's de falta d'água em 2015 ........................................................... 47 Gráfico 3.2. Proporção de efeitos sobre ocorrências de falhas (%) .......................................... 50 Gráfico 3.3. Custos estimados para interrupção de processo por um intervalo inferior a 1 minuto .......................................................................................................................................67 Gráfico 3.4. Curva da banheira de probabilidade de falha para um sistema que passou por três substituições de itens ................................................................................................................ 80 Gráfico 3.5. Custos versus nível de manutenção ...................................................................... 89 Gráfico 3.6. Curvas do sistema e da bomba submersa para um ponto de operação/trabalho genérico .................................................................................................................................. 102 Gráfico 3.7. Comparativo entre correntes de partida, para diferentes tipos de acionamentos .............................................................................................................................................. ..112 Gráfico 5.1. Resumo comparativo entre os resultados de CEE por produção dos poços ....... 138 xv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas AMT Altura Manométrica Total AT Alta Tensão BCO Boletim de Controle Operacional BCS Bombeio Centrífugo Submerso BSP British Standard Pipe BT Baixa Tensão CAERN Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua CEE Consumo Específico de Energia Elétrica (KWhmês/m³) CMBS Conjunto MotoBomba Submersa Cosern Companhia de Energética do Rio Grande do Norte DN Diâmetro Nominal EPRI Electric Power Research Institute EPR Etileno-Propileno ETA Estação de Tratamento de Água FMEA Failure Mode and Effect Analysis FP Fator de Potência FS Fator de Serviço FTA Failure Tree Analysis (Árvore de Falhas) IHM Interface Homem-Máquina MTA Máxima Temperatura Admissível MTTF Tempo Médio até a Falha (Mean Time to Failure) MTTR Tempo Médio para Reparo (Mean Time to Repair) MTBF Tempo Médio Entre Falhas. (Mean Time Between Failures) NA Normalmente Aberto (contato elétrico) NBR Norma Brasileira Regulamentadora NF Normalmente Fechado (contato elétrico) NR-10 Norma Regulamentadora n.°10 NPT National Pipe Thread (Rosca cônica de tubulação) xvi OS Ordem de Serviço PT Poço Tubular PVC Policloreto de Vinil (do inglês Polyvinyl chloride) QCP Quadro de Comandos e Proteção QEE Qualidade de Energia Elétrica RA Registro de Atendimento RS FCI ReliaSoft Failure Cricality Index (Índice de criticidade de falhas) SAA Sistema de Abastecimento de Água SEMARH Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte SEP Sistema Elétrico de Potência SIN Sistema Interligado Nacional TAP Terminação Central de enrolamentos de um transformador TMEF Tempo Médio Entre Falhas UNAP Unidade de Operação e Manutenção de Águas de Parnamirim UPS Fonte de Alimentação Ininterrupta (Uninterruptible Power Supply) xvii LISTA DE NOMENCLATURAS E SÍMBOLOS R (t) – Confiabilidade, função confiabilidade ou probabilidade de sobrevivência no tempo t. RS – Confiabilidade do sistema. D – Disponibilidade. P – Probabilidade de falha condicional. T – Tempo de interesse para o analista. t – Intervalo de tempo. iR – Confiabilidade do i-ésimo item no momento da análise. Rij – Confiabilidade do j-ésimo componente localizado no i-ésimo subsistema. nx – Evento do n-ésimo item em um estado operante. nx – Evento do n-ésimo item em um estado não-operante. n i 1 – Produtório de i=1 ao n-ésimo item. F (x) – Função distribuição acumulada de uma variável x. f (x) – Função densidade de probabilidade de uma variável x. F (t) – Função distribuição de probabilidade de falhas ou função distribuição acumulada de falhas no tempo t. f (t) – Função densidade de falha, densidade de falha ou função densidade no tempo t. h (t) – Taxa de falha ou taxa de falha instantânea. λ (t) – Taxa condicional de falha , função de risco ou taxa de falha em função do tempo. λ – Taxa de falha constante. x – Média. σ – Desvio padrão. In – Corrente Nominal. UL – Tensão de linha, alimentação. UF – Tensão de fase. Q – Vazão volumétrica. V – Volume. E – Energia. Ce – Consumo específico. η – Rendimento. xviii W – Trabalho. ρ – Massa específica. γ – Peso especifico do fluido. °C – Grau Celsius. % - Percentagem. R, S, T – Fases da rede de alimentação. N – Neutro. F1, F2, F3 – Fusíveis de potência. F21 – Fusível de comando. K1, K2, K3 – Contactores, ou relés de comando. FT1 – Relé de sobrecarga térmico. M – Motor elétrico assíncrono trifásico. S1, S0 – Botões de comando (liga, desliga). KT1 – Relé eletrônico temporizador, retardo na energização de 3-30s. L1, L2, L3 – Lâmpadas sinalizadoras de comando. xix RESUMO PEREIRA, Leandro Luiz da Silva (2016). Análise de motobombas submersas com diferentes acionamentos elétricos a partir da Roda de Falhas. Natal, 2016. 174 p. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Evitar falhas é uma medida extremamente necessária quando se gerencia sistemas de produção e distribuição de água com 95% das redes pressurizadas diretamente por poços. Baseado nas frequentes faltas de água em 2015, registradas pela CAERN na Unidade de Operação e Manutenção de Águas de Parnamirim (UNAP), destacam-se as avarias causadas por sobreaquecimento e outros danos de natureza mecânica e elétrica que levam a falhas nas instalações de motobombas submersas. Nesse escopo, este trabalho foi dedicado a realizar um estudo de caso sobre as instalações de quatro motobombas dos poços PC, PD, PS e PI, com diferentes acionamentos elétricos, utilizando a proposta da Roda de Falhas (Failure Wheel) numa análise preditiva elétrica e termográfica, para inferir qualitativamente sobre o nível de confiabilidade e custo de manutenção na concessionária de abastecimento d’água. Para subsidiar as análises foram inspecionados itens importantes das referidas instalações, observando suas relações de conformidade com as especificações das motobombas, onde foram efetuadas medições de parâmetros elétricos e térmicos de operação, incluindo variáveis de estresse para auxiliar no diagnóstico e estimar os desempenhos dessas máquinas. A análise foi conduzida por ficha de inspeção de parâmetros operacionais, checklist e pela Roda de Falhas em discussão, que permitiram diagnósticos sobre os dados das inspeções e do histórico de falhas recorrentes. Nesse sentido, a aplicação da Roda de Falhas se deu com a adaptação de um modelo para as motobombas submersas, identificando os principais mecanismos de danos associados às causas gerais de falhas, que demonstrou viabilidade em rotinas de manutenção baseada na condição para análise detectiva-preditiva de falhas em curso nos equipamentos. Comparando o consumo específico de energia entre as motobombas, a PI, com acionamento por inversor de frequência, obteve melhor rendimento, oferecendo maior eficiência energética durante a captação d’água entre julho de 2015 e julho de 2016. A mesma demonstrou risco reduzido de falhas típicas de motobombas dentre os equipamentos, tendo em vista o menor nível térmico em operação apresentado nas termografias, e o menor estresse causado devido às características da chave de partida. Conclui-se, portanto, que seu nível de confiabilidade foi o maior, seguido da PS, PC e PD. As vantagens da aplicação sistemática da proposta, aliada a uma política de manutenção planejada, apontam para a redução de intercorrências por falhas e perdas de produção, e com isso, permitem diminuir trocas prematuras de equipamentos e custos com manutenção e energia elétrica. Como resultado da pesquisa obteve-se umametodologia de acompanhamento preditivo, visando ações de manutenção antes da falha catastrófica sobre itens em percurso de danos. Palavras-Chave: Motobomba; Poço Tubular; Parâmetros operacionais; Roda de Falhas; Manutenção; Confiabilidade. xx ABSTRACT PEREIRA, Leandro Luiz da Silva (2016). Analysis of submersible motor pumps with different electric drives from the Failure Wheel. Natal, 2016. 174p. Dissertation (masters) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Avoiding failures is an extremely necessary measure when managing water production and distribution systems with 95% of networks pressurized directly by wells. Based on the frequent water shortages in 2015, registered by CAERN at the Parnamirim Water Operation and Maintenance Unit (UNAP), the most notable are the damages caused by overheating and other mechanical and electrical damages that lead to failures in the motor pump Submerged. In this scope, this work was carried out to carry out a case study on the installations of four well pumps PC, PD, PS and PI, with different electric drives, using the Failure wheel proposal in an electric predictive analysis And thermographic, to qualitatively infer about the level of reliability and cost of maintenance in the water supply concessionaire. In order to subsidize the analyzes, important items of the aforementioned facilities were inspected, observing their relations of conformity with the specifications of the pumps, where electrical and thermal parameters of operation were carried out, including stress variables to aid in the diagnosis and to estimate the performances of these machines. The analysis was carried out by a checklist of operational parameters, checklist and by Failure Wheel in discussion, which allowed for diagnoses on inspection data and the history of recurring faults. In this sense, the application of the Failure Wheel occurred with the adaptation of a model for the submersible pumps, identifying the main damage mechanisms associated to the general causes of failures, which demonstrated viability in maintenance routines based on the condition for detective-predictive analysis of faults in the equipment. Comparing the specific energy consumption between the pumps, the PI, with drive by frequency inverter, obtained better efficiency, offering greater energy efficiency during the water harvest between July 2015 and July 2016. It showed a reduced risk of failure Typical of motor pumps, among the equipment, considering the lower thermal level in operation presented in thermographs, and the lower stress caused due to the characteristics of the starter. It was concluded, therefore, that its reliability level was the highest, followed by PS, PC and PD. The advantages of the systematic application of the proposal, coupled with a planned maintenance policy, point to the reduction of intercurrences due to failures and losses of production, and with this, allow to reduce premature equipment changes and costs with maintenance and electric energy. As a result of the research, a methodology of predictive monitoring was obtained, aiming at maintenance actions before the catastrophic failure on items in the course of damages. Keywords: Motor pump; Tubular well; Operating parameters; Failure Wheel; Maintenance; Reliability. 21 CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO A utilização dos recursos hídricos vem crescendo a cada dia, visto que a demanda acompanha o crescimento mundial junto às mudanças climáticas, o que torna a escassez da água uma preocupação combinada aos dilemas socioeconômicos e ambientais da “produção” e distribuição de água, para as diferentes necessidades dos consumidores. É perceptível a tendência atual a soluções que visem à redução do desperdício, como o reaproveitamento de águas pluviais, a captação de água de chuva, o reuso doméstico, o tratamento de esgotos, os métodos de lavagem a seco e os dispositivos economizadores de água em equipamentos hidráulicos. Mesmo a tecnologia avançando no mundo a exploração de águas de rios, e de poços, por meio de Conjuntos MotoBombas Submersas (CMBS), ainda persistirá como principais fontes de água potável. Enquanto a salgada água do mar não apresenta vantagens econômicas suficientes para viabilizar sua potabilidade, é imprescindível que o ser humano compreenda o reaproveitamento dos recursos naturais em todos os mecanismos ao seu redor. Em curso de pleno desenvolvimento, a economia globalizada tem sido afetada com o aumento notório na demanda por produtos, sistemas e novos processos de desempenho a custos competitivos. Nesse âmbito, surge a necessidade de manter a qualidade, a confiança, a integridade física e financeira nos processos de produção industrial, no que tange os envolvidos, o cliente, a empresa e seus equipamentos. Isso se traduz em relevar critérios para a operacionalização e manutenção industrial, prevendo a disponibilidade de equipamentos, e reduzindo a probabilidade de falhas que afetem os custos envolvidos na produção e a segurança homem/máquina. A confiabilidade e a manutenção preditiva industrial constituem uma área da engenharia mecânica de extrema importância na otimização da disponibilidade de sistemas e processos produtivos. A eletromecânica e a eletroeletrônica de máquinas e equipamentos são vastos campos de tecnologias aplicadas à produção industrial, que coexistem com os gargalos das falhas. Assim, exigem uma crescente busca por soluções em automação, mas com avanços em manutenção preditiva e economicidade de recursos, sendo um campo fértil e desafiante de pesquisas. A identificação e correção de problemas eletromecânicos de manutenção é um esforço que as indústrias fazem para elevar os níveis de confiabilidade dos sistemas e para aumentar o lucro operacional, sendo alavancados pela otimização do tempo de operação (idade) das máquinas e equipamentos. Nesse contexto, os motores elétricos merecem atenção especial, pois são responsáveis por cerca de 90% dos acionamentos de máquinas associadas a processos industriais (BULGARELLI, 2006). Em afirmação aos aspectos de produção em processos industriais, 22 [...] necessitam ser analisados de forma a possibilitar a produção com qualidade, segurança e a custos desejados. Os custos de investimento e de consumo de energia podem ser otimizados pela rígida coordenação entre o motor e a carga acionada, uma vez que a menor potência possível para o motor deve ser especificada, de forma a operar no valor de eficiência mais alto possível, o que não ocorreria se o motor tivesse sido sobredimensionado. A seleção e a aplicação adequada dos dispositivos de proteção do motor contribuem para minimizar os custos operacionais da indústria (BULGARELLI, 2006, p.2). Nessa perspectiva, é possível indicar o nível de eficiência produtiva, onde, no caso de motobombas voltados para o abastecimento d’água, é plausível analisar a energia despendida para produzir um determinado volume d’água, determinando o Consumo Específico de Energia (CEE). 1.1. Cenário do estudo proposto O número de faltas de água em 2015 registrado pela Unidade de Operação e Manutenção de Águas de Parnamirim/RN (UNAP) da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), levou à condução deste estudo como proposta de prevenção e predição de falhas com diversas causas nos sistemas de captação de água por bombeamento submerso. Para o caso abordado, o município aludido foi atribuído pelo fato de ter um número elevado de sistemas interdependentes, com 108 Poços Tubulares (PT) ativos, injetando diretamente na rede de distribuição, e por ter uma unidade de manutenção localizada no centro da cidade. Parnamirim/RN é um município do estado do Rio Grande do Norte que pertence à região metropolitana de Natal, à mesorregiãodo leste potiguar e à microrregião de Natal, distando desta 12 Km ao sul. Ocupa uma área de 123Km², e sua população estimada em 2016 era de 248.623 habitantes, estando como terceiro município mais populoso do estado, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta incidência de falhas nesse sistema de abastecimento se deve a inexistência de um programa de manutenção planejada na unidade da concessionária, limitando o atendimento às intervenções corretivas não planejadas (depois da falha), e, em determinados casos, a sistemas de captação de poços que necessitam de correção preventiva, quando identificada a iminência de falha. “O aquecimento atípico, que acompanha o excesso de corrente ou à alta resistência elétrica, é a principal causa de problemas em sistemas elétricos” (FLUKE, 2014). Havendo um forte potencial de exploração de reservatórios subterrâneos d’água na região de Parnamirim/RN, viabilizada por estudos geológicos da CAERN sobre o manancial, e diante do preceito maior que é garantir o fornecimento de água aos consumidores da região, torna-se importante garantir a integridade dos equipamentos para o sistema de abastecimento, agregando confiabilidade, mediante sistemática de manutenção preventiva e preditiva. Dentro de uma perspectiva de sustentabilidade, a otimização dos processos produtivos deve ser enxergada como resultado de avanços na manutenção planejada e nos níveis de confiabilidade e disponibilidade de equipamentos, além da qualidade que passa pela mantenabilidade do patrimônio e pela segurança do pessoal envolvido. Assim, a https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Brasileiro_de_Geografia_e_Estat%C3%ADstica 23 confiabilidade tratada neste trabalho evidencia-se como estratégia de maximização da produção, ao garantir maior retorno sobre o capital investido. Dessa maneira, a pesquisa desenvolvida fornece subsídios para uma logística de manutenção mais eficiente nas instalações dos poços de exploração d’água e na avaliação das motobombas com modos distintos de acionamentos, através de uma abordagem analítica sobre confiabilidade e falhas. Nesse escopo, este trabalho dedicou-se a realizar um estudo de caso sobre as instalações de quatro motobombas dos poços 34, 23, 31 e 63, com diferentes acionamentos elétricos. Os três primeiros poços localizam-se no bairro Nova Parnamirim e o último em Emaús. Para facilitar a compreensão ao tratar dos poços e tipos de acionamentos das motobombas, os mesmos foram intitulados, respectivamente como “PC”, “PD”, “PS" e “PI”, referindo-se às motobombas com partidas Compensadora, Direta, Soft-Starter e Inversor de frequência. O mapa da figura 1.1 representa a área de localização dos quatro poços com marcadores. Figura 1.1. Localização da área dos poços tubulares (Adaptado de Google Earth). A análise foi baseada numa metodologia preditiva elétrica e termográfica, e com aplicação do conceito da Roda de falhas (Failure Wheel), para inferir qualitativamente sobre o nível de confiabilidade e custo de manutenção na concessionária de abastecimento d’água. A descrição completa dos equipamentos analisados encontra-se no item 4.2. Subsidiando as análises, foram inspecionados itens importantes das instalações elétricas, como disjuntores, contactores, soft-starter e inversor de frequência, observando suas relações de conformidade com as especificações das motobombas. Dessa forma, foram efetuadas medições de parâmetros elétricos e térmicos de operação, incluindo variáveis de estresse, para auxiliar no diagnóstico e estimar os desempenhos das motobombas. 888m 451m 1801m 2204m 24 As análises das instalações dos poços consistiram em inspeções baseadas nas especificações dos “datasheets” (ficha de dados) das motobombas submersas, quanto à dispersão de valores dos parâmetros de operação do fabricante. Nessas análises preliminares duas ferramentas foram essenciais, a “ficha de inspeção”, para registro das medições dos parâmetros operacionais, e o “checklist”, para propor ações de manutenção a partir de condições iniciais e de observações, em um roteiro com 20 procedimentos preestabelecidos como importantes. Em seguida, o produto da avaliação conduzida por esse estudo foi direcionado para a elaboração de um modelo de Roda de falhas, voltado especificamente para identificação dos modos de falhas recorrentes em motobombas submersas. Os aspectos apresentados pelas ferramentas anteriores colaboraram para julgar o grau de confiabilidade das motobombas, considerando ainda os sistemas sob os tipos de acionamentos eletromecânicos. Dentro da finalidade deste trabalho não foram discutidas as falhas classificadas como mecânicas, devido a itens como válvulas de controle, de retenção e outros, tendo em vista que estes itens, em geral, não são considerados críticos para a disponibilidade dos sistemas. Com base nisso, entende-se que a manutenção sobre esses itens pode ser administrada com mais facilidade, em comparação com a logística demandada para a solução de problemas em motobombas submersas. Não serão apresentadas, ainda, as condições de validade estatística de distribuições dos tempos de falha sobre o conceito de confiabilidade, sendo factíveis de consultas nas referências bibliográficas. Nesse sentido, o assunto é centrado na análise de falhas e otimização da manutenção, partindo dos seguintes pontos: 1. Consultar equipe de manutenção sobre as falhas recorrentes nos poços da CAERN/Parnamirim para balizar o estudo sobre quatros poços tubulares de exploração d’água subterrânea, PC, PD, PS e PI; 2. Analisar a conformidade de medições e registros (em Ficha de inspeção) de parâmetros operacionais e variáveis de estresse nos quadros de comandos, seguindo os procedimentos de um Checklist para as instalações dos poços; 3. Aplicar um modelo de “Roda de falhas” adaptado às motobombas submersas para identificação dos principais mecanismos de danos, baseado no conhecimento das causas gerais de falhas nas instalações de poços; 4. Avaliar os níveis de confiabilidade das motobombas com base nos parâmetros operacionais medidos, nos dados de consumo específico de energia, nos modos de falhas apresentados na Roda de falhas, e nos diferentes tipos de acionamentos. 25 O presente trabalho é composto de 6 capítulos, estruturados em ordem sucinta: Capítulo 1: apresenta-se uma introdução levantando as principais discussões a respeito do cenário do estudo proposto; Capítulo 2: a fundamentação teórica traz à luz os pressupostos teóricos do tema confiabilidade, e da metodologia da Roda de falhas, onde se faz a revisão bibliográfica; Capítulo 3: apresenta as implicações da manutenção na produção industrial, tratando sobre uma série de falhas típicas de poços tubulares, dos conceitos e métodos de manutenção planejada; Capítulo 4: aborda a metodologia explorada, onde são descritas duas etapas procedimentais que correspondem à Entrevista não formal à equipe de manutenção; Medições de parâmetros operacionais; Coleta, análise de dados e cálculo de Consumo Específico de Energia; e, Metodologia da Roda de Falhas como proposta para análise dos modos de falhas e performance das motobombas. Capítulo 5: apresenta os resultados e discussões acerca da metodologia e pesquisa de dados. Capítulo 6: apresenta as conclusões e perspectivas para a continuação da pesquisa. Referências Apêndices Anexos 26 CAPÍTULO II 2. FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA Com a finalidade de estabelecer critérios para a estimativa de até quando é viável a manutenção de equipamentos, torna-se necessário definir os elementos que afetam essa avaliação, ao tratar de assuntos chaves como falha, confiabilidade, tipos e metodologias de manutenção. 2.1. Definição de falha A falha ou fracassode um item qualquer é definida como um evento no qual é cessada sua função especificada. Para Lafraia (2001), a falha funcional de qualquer item é sua incapacidade de atingir o padrão de desempenho esperado. A figura 2.1 apresenta um esquema com os principais tipos de falhas: Figura 2.1 Esquematização de tipos de falhas. Fonte: Blache & Shrivastava (1994) apud Oliveira et al. (2012). Nessa esquematização os tipos de falhas são classificados sob critérios distintos, conforme o quadro 2.1 (LAFRAIA, 2001). 27 Quadro 2.1. Classificação VS Tipos de falhas. Fonte: Lafraia (2001). A respeito desse quadro, Unfer (2011) descreve os tipos de falhas quanto ao grau de importância na operação de um sistema, e em relação ao surgimento: Falha Parcial: Desvios de características, além de limites estabelecidos, mas que não causam perda completa da função requerida. Falha Completa: Desvios além de limites estabelecidos, causando perda total da função requerida. Falha Gradual: Ocorrência pode ser prevista através de inspeção e/ou acompanhamento. Falha Súbita: Ocorrência imprevisível e falha aleatória Em geral, um sistema que é afetado por uma falha total/completa gradual distingue-se pela negligência na falta de acompanhamento sobre os ativos. Já no tipo de falha parcial gradual, a degradação está relacionada aos mecanismos de danos e intempéries. Quando ocorre uma falha, seja em um ativo ou em uma instalação, a função prejudicada pode ser completa ou parcial (conforme diagrama da figura abaixo), desta maneira, a ação de correção pode também ser temporária (paliativa), caracterizando a ação realizada sobre o efeito, ou final (reparo completo), caracterizando a ação realizada sobre a causa (JUNIOR, 2011). Figura 2.2. Esquema dos tipos de falhas. Fonte: JUNIOR, 2011. Dentro de um sistema produtivo existem vários ângulos de visualização de uma falha. Por exemplo, um conjunto motobomba que fornece uma vazão especificada para 60 m³/h de água, em um dado momento, passa a produzir 35m³/h. Mesmo perdendo a capacidade de transportar o fluido para pontos mais elevados e provocando a falta d’água nesses, a motobomba continua produzindo. Neste caso, considera-se a ocorrência de uma falha parcial 28 pelo fato do equipamento ainda fornecer movimento ao fluido (vazão), porém com perda de performance. Em outra situação, o mesmo equipamento pode ser observado em um estado inoperante, caracterizando uma falha completa devido à vazão nula, seja por causa de falha do rotor da bomba, falha do motor ou operação em vazio, que pode se enquadrar como um problema de negligência operacional, ou ainda, a coexistência de todos esses problemas. Em ambos os casos, os modos de falhas típicos do equipamento são responsáveis pela perda parcial ou total de sua função, os quais serão estudados mais adiante. Para a definição da necessidade de aplicação de análise de falhas, são utilizados alguns parâmetros, entre eles (JUNIOR, 2011): Criticidade do ativo; Riscos de segurança; Riscos ambientais; Indisponibilidade dos ativos; Riscos a qualidade do produto; Reincidência da falha. A falha de motobombas em poços será tratada como um evento de falta d’água, que corresponde a parada de funcionamento (indisponibilidade do ativo) devido a avarias no próprio equipamento, nos circuitos de força e comandos ou na rede elétrica. 2.2. Roda de Falhas Identificar mecanismos de danos potenciais em qualquer item/ sistema é fundamental na determinação de como estes possam falhar, o que reflete nos modos de falhas. O modo de falha pode ser definido como a descrição da característica física do efeito observado. A “Roda de Falhas” (Failure Wheel) ou “Roda do fracasso”, conforme Tanzer e Westinghouse (2002, p. 733), é uma metodologia de classificação de mecanismos de danos representada por um sistema gráfico, a qual está ilustrada na figura 2.3. Figura 2.3. Roda de Falhas com quatro ambientes de falhas. Fonte: Tanzer e Westinghouse (2002, p. 733). 29 Segundo Tanzer and Westinghouse (2002), a investigação de falhas se dá a partir de suas causas base e de ações corretivas voltadas para a prevenção. A metodologia da Roda de falhas se destaca por sua simplicidade e organização na discussão de mecanismos de danos de casos práticos, sendo ainda pouco aplicada na manutenção industrial. A análise dos modos de falhas pode se concentrar em diferentes causas, como falhas de fabricação, instalação, mecanismos de danos, e outros. Nos modos de falhas do modelo acima, estão representados o sobreaquecimento (Temperature); a corrosão (Corrosion) o desgaste (Wear), e a tensão/fadiga (Stress). Em contrapartida o mecanismo de dano descreve como se dá o processo de deterioração do item/sistema até sua falha. Sua determinação começa por categorizar o componente/sistema em análise e conhecer suas especificações. Um método de categorização comum é dividir mecanismos de danos potenciais entre quatro categorias de modos de falha: Distorção; Fratura; Corrosão e Desgaste. Na Roda de Falhas as classificações são baseadas em categorizar mecanismos de danos de um dado equipamento em termos de ambiente. Na prática, seis modos de falhas são identificados em ambientes relacionados aos mecanismos de danos, dos quais quatro devem ser selecionados como os mais importantes para um item/sistema: Estresse Temperatura Corrosão Desgaste Radiação Eletricidade A compreensão que se deve ter sobre os mecanismos de danos individuais é de reconhecer que muitos deles atuam em mais de um ambiente de falha. O analista responsável deve descobrir e compreender o máximo de mecanismos de danos atuantes em um dado item/sistema, incluindo a distinção entre mecanismos primários e secundários de falhas. O principal mecanismo é a único responsável pela falha, os mecanismos de falhas secundários podem ser divididos em três categorias: Mecanismos que foram induzidos por causa da presença do mecanismo de falha primário ou proveniente da mesma causa raiz do mecanismo primário; Mecanismos independentes que contribuíram para o fracasso. Por exemplo, tais mecanismos podem ter contribuído acelerando o tempo ou a severidade dos danos; Mecanismos que estavam presentes, mas sem relação com o fracasso. No caso específico de motobombas submersas, as falhas podem ocorrer através de modos distintos, em geral, por desgaste, sobreaquecimento, corrosão, fadiga e outros. 2.3. Teoria das restrições e gargalos na produção Atualmente, a indústria vive um cenário de procura por melhores resultados, utilizando métodos que tendem a dar celeridade na produção e correção de erros, o que favorece a 30 competitividade, e, consequentemente a meta do lucro. Nessa visão, além dos métodos citados neste trabalho, vale destacar a Teoria das Restrições (TOC - Theory of Contraints) publicada no livro “A meta”, de autoria de Goldratt e Jeff Cox, que sugere a eliminação de gargalos e maximização da produtividade de uma empresa. De acordo com Alves et al. (2010), essa teoria teve início na década de 80 fundamentada na criação do software Optimized Production Tecnology (OPT), como sistema de administração de produção, que surgiu de um planejamento de um sistema de pequena produção de gaiolas (ou galinheiros), desenvolvido na época pelo estudante de física israelense Eliyahu Moshe Goldratt, para ajudar um amigo. Com base nisso definiu que, “gargalo é qualquer recurso cuja capacidade seja igual ou menor que a demanda exigida deste recurso” (GOLDRATT, p.145, 1992). A ideia em torno do gargalo é que existe uma limitação física diante de um processo produtivo, ou, analogamente, uma restrição transposta para outros setores que não têm contato direto com a operacionalização da produção. Para Barcaui e Quelhas (2008), a TOC consideraa empresa não em partes isoladas, mas como um sistema integrado, onde o item global depende dos empenhos de todos os envolvidos. Neste sentido é plausível observar a relação da Teoria das Restrições com a Gestão de manutenção e processos, destacando-se a manutenção industrial com base na confiabilidade e disponibilidade de itens. Nesse âmbito, é importante impor condições de manutenção aos itens, do tipo: qualquer parada maior que “x” minutos nas máquinas gera-se um gargalo, e isso é condição para que se realize uma análise de falha para a manutenção, do contrário o prejuízo financeiro total sobre o sistema será “y”. Assim, reduzir gargalos significa reduzir horas perdidas no sistema inteiro, o que vai ao encontro da teoria das restrições, que aponta a melhoria da eficiência produtiva pela redução de restrições e despesas operacionais, com manutenções corretivas e reposição de itens. Para tanto, é possível analisar poços voltados para o abastecimento d’água como um sistema produtivo com pontos suscetíveis a falhas, logo, dependentes de um balanceamento de recursos a nível de aperfeiçoamento de pessoal, manutenção e aquisição de itens de qualidade. Neste trabalho, pode-se dizer que a TOC se relaciona com a termografia, aliada à manutenção preditiva, quando sua aplicabilidade favorece a redução danos maiores, por esse lado, implicando na predição de falhas que se manifestam como gargalos. 2.4. Breve histórico da Confiabilidade Há pouco mais de 50 anos o conceito de confiabilidade vem sendo aplicado em sistemas técnicos. Na descrição evolutiva da história da confiabilidade, Knight (1991 apud FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009) coloca o significado tecnológico adquirido após a Primeira Guerra Mundial, período em que a confiabilidade foi empregada para apresentar estudos comparativos em aviões com um, dois ou quatro motores. Naquela conjuntura a confiabilidade era medida como um número de acidentes por hora de voo. Os protótipos de mísseis V-1 desenvolvidos na Alemanha por um grupo de engenheiros da equipe de Von Braun, durante a Segunda Guerra mundial, não obtiveram sucesso nos 31 testes, aterrissando antes do alvo ou explodindo durante o voo. Diante dessas falhas, o matemático Robert Lusser foi contratado para analisar o sistema operacional dos mísseis. Segundo a análise de Lusser, proposta pela lei de probabilidade de um produto com componentes em série, em que a confiabilidade de um sistema em série é igual ao produto das confiabilidades de suas partes componentes, sistemas com muitos componentes em série tendem a apresentar baixa confiabilidade. Embora ocorra melhora individual da confiabilidade em componentes o efeito tende a ser pequeno sobre o sistema (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009, p.3-4). Na perspectiva dos autores, a aplicação da confiabilidade seguiu um percurso importante, motivado pelas necessidades de desenvolvimento de produtos, processos e armas cada vez mais competitivas, além de disputas como a Guerra Fria. Nesse contexto, nos Estados Unidos, “A corrida para ser a primeira nação a enviar uma missão tripulada à Lua, em particular, motivou avanços na área da confiabilidade, tendo em vista os riscos humanos envolvidos”. A análise dos riscos associados à construção e operação de usinas nucleares centralizou o estudo da confiabilidade na década de 1970. Suas aplicações se consolidaram a partir daí nas mais diversas áreas, a exemplo de algumas ligadas à engenharia de produção, como: análises de risco e segurança, qualidade, otimização da manutenção, proteção ambiental e projetos de produtos (Ibid., p.4-5). Dentre essas, a otimização da manutenção assume uma relação estreita com a confiabilidade, através da adoção de programas de Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC). 2.5. Grau de Confiabilidade A concepção da confiabilidade estabelece a probabilidade de um sistema ou item de realizar sua função com sucesso durante determinado intervalo de tempo. Os valores que pode assumir, de forma adimensional, são obtidos por cálculo que resultam entre zero e um, sendo que quanto maior esse valor maior o grau de confiabilidade. Na descrição dos tempos até a falha de um sistema, eles podem ser discretos (n.° de rotações até falha, n.° de partidas até falha, etc.), ou contínuos (tempo de calendário), sendo a variável aleatória representada por “T” e expressa na prática por “t”. As variáveis discretas podem ser aproximadas por variáveis contínuas, assim, supõe-se “T” continuamente distribuída com densidade de probabilidade f(t) e função acumulada de probabilidade F(t), em que as relações são dadas pelas equações (2.1), (2.2) e (2.3) (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009): (2.2) (2.3) (2.1) )(' )( )( tF dt tdF tf 2 1 )()()( 12 t t dttftFtF 2 1 )()( t t dttftF 32 A função densidade de probabilidade f(t) expressa a variação da probabilidade de falhas pelo tempo. Já a função distribuição de probabilidade ou função acumulada de falhas F(t) exprime a probabilidade de falhas sobre um dado sistema em um intervalo de tempo de t1 a t2. Nessa descrição, a função de confiabilidade é dada pela probabilidade da unidade (componente/sistema) não falhar, ou seja, de sobreviver no intervalo (0, t], sendo expressa pela equação (2.4) (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009): (2.4) A função de risco, ou taxa de falhas h(t) (hazard function ou hazard rate λ(t)) é uma medida de confiabilidade associada ao nível de risco de um sistema/item falhar dentro de um intervalo de tempo t. Unidades com mesma confiabilidade em t podem ter funções de risco bastante diferentes, sendo essa uma medida útil na comparação entre sistemas com propriedades distintas (ibid). Accioly (1995); Fogliatto e Ribeiro (2009) descrevem a relação entre a função de risco h(t), a função densidade de probabilidade f(t) e a função de confiabilidade R(t), para a estimativa dos tempos de vida de equipamentos, conforme a expressão (2.5). (2.5) Essa taxa de falhas está intimamente ligada às características de um determinado objeto de estudo e representa sua probabilidade de funcionar até o tempo t, podendo a função ser ajustada aos dados reais de falhas encontrados. No entanto, A tarefa de ajustar uma distribuição seria extremamente fácil se tivéssemos dados de toda a população a ser estudada e esta população fosse homogênea. Entretanto o que geralmente ocorre é que temos apenas uma amostra de uma população, que poderíamos considerar infinita, e que dentro destes dados coexistem diversos tipos de causas responsáveis pelas falhas de nosso objeto de estudo (ACCIOLY, 1995, p.8). Ao longo do tempo a relação da confiabilidade no envelhecimento de equipamentos vem sendo estendida, onde muitas vezes nesse percurso acreditou-se que todo equipamento apresentaria características de desgaste. A otimização de processos industriais é uma forma de contribuir diretamente sobre a confiabilidade dos sistemas produtivos, aliada ao uso racional dos recursos disponíveis leva ao aumento da disponibilidade, e com isso, à sustentabilidade ambiental. Nesse contexto, a confiabilidade permeia basicamente duas formas de abordagens: Qualitativa – abordagem baseada na Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC), a qual analisa os modos de falhas e seus efeitos para o sistema. Quantitativa – abordagem baseada em modelos estatísticos de distribuições de probabilidades de falhas, os quais permitem estimar o tempo de vida do sistema, através de variáveis associadas, como número de ciclos de operação, número de falhas, tempo de paradas, e custos da manutenção e da perda de produção. )( )( )(1 )( )( tR tf tF tf th 0),()(1)(1)( ttTPtTPtFtR 33 Na manutenção industrial, ambos os enfoques permitem aos profissionais da área atribuir graus de confiabilidade aos sistemas a partir da descrição de seus subsistemas.Na identificação dos objetos de estudo, um item pode ser analisado como sistema formado por um arranjo de equipamentos diversos, ou como um equipamento em particular, dependendo do propósito de estudo. Conhecendo os equipamentos e suas funções dentro de um sistema industrial, é conveniente utilizar ferramentas, métodos e normas que determinem a criticidade, a confiabilidade e a previsão de sobressalentes do sistema, promovendo com essas ações o aumento da disponibilidade e produtividade. A definição de confiabilidade, como função de um período de tempo, tem cinco implicações (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009): I. O analista deve definir uma unidade de tempo (exemplo: horas ou anos) para realização das análises; II. Modelos que descrevem os tempos até falha utilizam a variável aleatória T (e não X, como é usual na Estatística clássica); III. O tempo não deve ser interpretado literalmente, já que o número de ciclos também pode representar o tempo até a falha de um item; IV. A confiabilidade deve ser associada a um período de tempo ou duração de missão; e V. A determinação do que deveria ser usado para medir vida de um item nem sempre é óbvia; por exemplo, o tempo até falha de uma lâmpada pode ser definido como o número somado de horas até falha, considerando o número típico de acionamentos a que a lâmpada é submetida e desconsiderando o tempo desligada. Além disso, as condições ambientes são preponderantes na estimativa da confiabilidade, uma vez que operando em ambientes de calor ou umidade intensos um mesmo produto pode apresentar desempenho distinto, se confrontado a produtos sob condições climáticas amenas de uso. Embora haja proximidade entre os conceitos de confiabilidade e qualidade, a primeira introduz a passagem do tempo e a definição das especificações de uso pretendido para o item em estudo. Já a ideia de qualidade consiste em uma descrição atemporal e estática de um item, ou serviço, e determina o cumprimento de suas especificações com a menor variabilidade possível. Ao dar seguimento, a confiabilidade, [...] está associada à operação bem-sucedida de um produto ou sistema, na ausência de quebras ou falhas. Em análises de engenharia, todavia, é necessária uma definição quantitativa de confiabilidade, em termos de probabilidade. [...]. Os principais conceitos associados à confiabilidade são: qualidade, disponibilidade, mantenabilidade, segurança e confiança (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009, p.1-7). Nesse sentido, a confiabilidade se relaciona com a probabilidade quando se definem modelos de ciclo de vida de equipamentos, os processos que levam às falhas e as condições e regimes de operacionalização que venham a corromper seus desempenhos. Accioly (1995) e Sellitto (2005) repartem ideias complementares, ao afirmarem que o conceito de confiabilidade implica na probabilidade de que um item ou produto industrial execute suas funções com sucesso, sem que ocorra falha ou intervenções para manutenção dentro de um 34 tempo específico, e que isso deve obedecer a condições operacionais preestabelecidas. A NBR-5462 (1994) acrescenta a importância de algumas considerações como: Condições ambiente de operação dos equipamentos Tempo de operação do sistema, como indicativo da severidade dos danos. Periodicidade de manutenção. Como modelo de estudo aplicado, Accioly (1995) realiza um estudo de confiabilidade de bombas centrífugas submersas considerando fatores de prognóstico relacionados. Nos objetivos, são investigados os dados de falha de um sistema de Bombeio Centrífugo Submerso (BCS), de modo a elucidar fatores que tem principal influência em seu desempenho, para obter os tempos médios de vida dos equipamentos. Para ajustar modelos estatísticos que admitam avaliar o risco de falha em equipamentos deve-se considerar o tempo de vida útil ou de sobrevivência até que ocorra a falha como variável de importância. O tempo de vida útil corresponde ao período de operação onde há a menor probabilidade de falhas. Nesse âmbito, A operação e o reparo de uma máquina em ambiente fabril são experimentos. O tempo até a falha, a produção até a falha e o tempo até o reparo são algumas das saídas do experimento. São variáveis aleatórias, entre outras, as: (i) horas entre falhas; (ii) unidades produzidas entre falhas; e os (iii) minutos até o reparo (LEWIS, 1996 apud SELLITTO, 2005). Estas variáveis são consequências de outras variáveis aleatórias, tais como o tempo alocado para operação, a resistência dos materiais e a carga exigida pelo serviço. Como não se consegue conhecer e controlar todos os fatores ativos, usam-se técnicas probabilísticas para prever o comportamento das variáveis (Ibid, p.48). Essas afirmações caracterizam itens isolados, enquanto em sistemas é preciso considerar além das variáveis mencionadas o fator humano, que envolve riscos durante intervenções realizadas por operadores, muitas vezes ligadas à mau interpretação de instruções. 2.6. Modelos de distribuição de probabilidade Na literatura, existem diversos modelos paramétricos que são utilizados de forma satisfatória para expressar os tempos de vida de sistemas e equipamentos, denominados modelos de distribuição de probabilidade para o tempo de falha. De acordo com o tipo de equipamento analisado e com o tipo de dados de falhas disponível é selecionada a distribuição de probabilidades para análise. Em Fogliatto e Ribeiro (2009), quatro distribuições de probabilidade frequentemente utilizadas para descrever tempos até falha de componentes e sistemas são detalhadas: (i) Exponencial, (ii) Weibull, (iii) Gama, e (iv) Lognormal. As funções mais comumente usadas em estudos de confiabilidade são: f(t), R(t), h(t) e MTBF (Tempo Médio Entre Falhas, do inglês "Mean Time Between Failures”). 35 Alguns modelos de distribuição expressam o comportamento de tempos até a falha com base na função de risco (MAGALHÃES, 2013): h(t) constante, sugerindo o modelo exponencial que explica o comportamento de componentes eletroeletrônicos; h(t) linear crescente, sugerindo o modelo de Rayleigh, que explica o comportamento de modelos mecânicos; e h(t) exponencial, que sugere o modelo de Weibull para explicar o comportamento de sistemas cuja falha nasce da competição entre diversos modos de falha. Neste caso, o tempo até a falha de um equipamento é uma variável aleatória que segue este modelo se os modos de falha atuarem em série, competindo pela falha. A distribuição exponencial restringe sua aplicação a alguns componentes elétricos, que não apresentam memória de falha, no entanto, aplica-se também à modelagem sobre unidades que apresentam desgaste ou fadiga apenas durante seu período de vida útil, quando a ocorrência de falhas for relativamente constante no tempo (FOGLIATTO e RIBEIRO, 2009). As relações de confiabilidade de interesse para uma distribuição exponencial são representadas (para 0t ) nas equações (2.6), (2.7), (2.8) e (2.9), onde a taxa de falhas ( ) é constante e seu inverso é conhecido como Tempo Médio Entre Falhas (TMEF, ou do inglês MTBF) (LAFRAIA, 2001). (2.6) (2.7) (2.8) (2.9) Conforme análise de Fogliatto e Ribeiro, (2009, p.17, questão 13), sobre um grupo de dados de conjuntos motobombas, a distribuição de probabilidade que melhor se ajusta aos dados para a estimativa do tempo até falha (MTTF) foi a lognormal, numa simulação utilizando o software Proconf. A lognormal é um tipo de distribuição com bastante aplicação na modelagem de tempos até reparo em unidades reparáveis. A função de risco da lognormal exibe formato de uma curva de banheira invertida, com h(t) crescendo inicialmente e, após, decrescendo assintoticamente. Costuma-se supor que a taxa de reparo (isto é, a intensidade com que reparos são concluídos) se assemelha à função de risco de uma distribuição lognormal,
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