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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE KAREN DOS SANTOS BARROS MANTEIGA DE BATI (Ouratea parviflora): CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E UTILIZAÇÃO COMO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE LIPASE POR Aspergillus terreus EM FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA NATAL/RN 2018 KAREN DOS SANTOS BARROS MANTEIGA DE BATI (Ouratea parviflora): CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E UTILIZAÇÃO COMO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE LIPASE POR Aspergillus terreus EM FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para à obtenção de título de Mestre em Nutrição. Orientadora: Profª. Dra. Karla Suzanne Florentino da Silva Chaves Damasceno Co-Orientadora: Profª Drª. Cristiane Fernandes de Assis NATAL/RN 2018 Barros, Karen dos Santos. Manteiga de bati (Ouratea parviflora): caracterização físico- química e utilização como substrato para produção de lipase por Aspergillus terreus em fermentação semi-sólida / Karen dos Santos Barros. - 2018. 44f.: il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós- Graduação em Nutrição. Natal, RN, 2018. Orientadora: Profa. Dra. Karla Suzanne Florentino da Silva Chaves Damasceno. Coorientadora: Profa. Dra. Cristiane Fernandes de Assis. 1. Aspergillus terreus - Dissertação. 2. fermentação semi- sólida - Dissertação. 3. Ouratea parviflora - Dissertação. I. Damasceno, Karla Suzanne Florentino da Silva Chaves. II. Assis, Cristiane Fernandes de. III. Título. RN/UF/BSCCS CDU 612.39 Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS KAREN DOS SANTOS BARROS MANTEIGA DE BATI (Ouratea parviflora): CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E UTILIZAÇÃO COMO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE LIPASE POR Aspergillus terreus EM FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Nutrição. Aprovada em 29 de Novembro de 2018. Profª. Drª. Karine Cavalcanti de Sena Evangelista Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Nutrição Universidade Federal do Rio Grande do Norte BANCA EXAMINADORA Profª. Drª. Karla Suzanne Florentino da Silva Chaves Damasceno Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Orietadora Prof. Dr. Everaldo Silvino dos Santos Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Membro Interno Profª. Drª. Jailane de Souza Aquino Universidade Federal da Paraíba – UFPB Membro Externo AGRADECIMENTOS Nesses anos de mestrado, de muito esforço e estudo, gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pelo dom da minha vida e por me permitir viver estes momentos, agradecer aos meus pais, Eunice e Jalmir, por todo apoio e amor, sem vocês eu não teria condições de chegar até aqui! Ao meu irmão Arthur por sua paciência, admiriação e carinho. Agradeço a toda minha família, por me desejarem sempre o melhor, me induzindo aos melhores caminhos para realizar os meus objetivos e por por compreender meus momentos de ausência durante o desenvolvimento deste trabalho. Às minhas orientadoras, Profª Drª. Karla Suzanne Florentino da Silva Chaves Damasceno e a Profª Drª Cristiane Fernandes de Assis, por todos ensinamentos, afeto, ajuda e compreensão nos momentos mais difíceis, obrigada pela dedicação de vocês, e por vezes deixar seus momentos de descanso para me orientar. Obrigada as minhas amigas e companheiras de mestrado Rebecca, Anna Beatriz, Ana Gabriella e Gabrielle Mahara por serem tão presentes e me ajudarem a enfrentar cada obstáculo no decorrer dessa jornada. Aos meus amigos Anne Karolinne, Raiana, Rebeca, Gustavo, Juliana, Naiara, Alisson, Daniel, Camila, que mesmo sem entender nada sobre minha pesquisa me ouviram tantas vezes e foram abrigo, sempre me alegrando e incentivando a cada dia. Agradeço em especial também aos professores Thais Souza Passos e Francisco Caninde de Sousa Junior, por toda ajuda e conhecimento compartilhado nos momentos que eu precisei. Obrigada também aos profissionais Millena, Nathalia, Luiz, Oldemar, Giliane, Jonathas, Adriana, Maciel, Jéssica, Walleska, Luanda e Rogério, além dos alunos Alaine, Cecília, Fiamma, Lucas, Alane, Alessandra e Sara, que me receberam e ajudaram cedendo tempo e local de trabalho para fazer minhas análises. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), visto que o presente trabalho foi realizado com seu apoio - Código de Financiamento 001. E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento dessa dissertação, compartilhando comigo as alegrias e os desafios desta etapa da minha vida, minha sincera gratidão! RESUMO As lipases são enzimas pertencente a uma classe de hidrolases que catalisam a quebra de triacilgliceróis, gerando ácidos graxos livres. As fontes vegetais que apresentam maior interesse como substrato para a produção de lipase são as que contém triacilgliceróis de cadeia longa, neste contexto tem-se a manteiga de bati produzida a partir da Ouratea parviflora como uma alternativa para a produção de lipase. O objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial da manteiga de bati (Ouratea parviflora) como substrato para produção de lipase por Aspergillus terreus em fermentação semi-sólida. Foram realizadas as análises de composição dos ácidos graxos e de minerais, caracterização físico-química da manteiga de bati e utilização desta como substrato indutor para produção de lipase em duas temperaturas diferentes (25 ºC e 35 ºC) durante 196 h de fermentação. A contagem de esporos foi realizada em todo o período de fermentação. O extrato bruto enzimático foi avaliado frente a diferentes pH, temperaturas e ação de compostos ativadores e inibidores. A manteiga apresentou grande concentração de ácidos graxos de cadeia longa (C14 – C24). Destaca-se a quantidade do manganês (12,7 mg/g), cálcio (7,7 mg/g), sódio (6,7 mg/g) e magnésio (5,4 mg/g), além da presença, em menor concentração, do ferro (1,1 mg/g) e cobre (0,04 mg/g) que exercem efeito catalítico na oxidação lipídica. Quanto as características físico-químicas foi evidenciado elevado índice de acidez (20,76 mg KOHg-1) e peróxido (16,03 mEqkg-1) e baixa umidade (1,29 %). Independente da temperatura de incubação, a contagem de esporos do Aspergillus terreus foi semelhante e crescente durante todo o período de incubação (196 h). Porém, a maior atividade enzimática foi de 212,6 U/g, produzida no período de 120 h a 35 °C, com atividade específica de 144,5 U/mg. O extrato bruto enzimático apresentou melhor atividade relativa na temperatura de 37 ºC e pH 9. O β-mercaptanol aumentou significativamente a atividade relativa da enzima. Os demais compostos diminuíram a atividade relativa da enzima, com destaque para o dodecil sulfato de sódio (SDS) que inativou a enzima. Diante dos resultados encontrados afirma-se que a manteiga de bati é um substrato indutor para produção de lipase por fermentação semi-sólida. Palavras-chave: Ácidos graxos, atividade enzimática, fungo filamentoso, manteiga vegetal, minerais https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/lipasehttps://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/hydrolases https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/triglyceride https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/free-fatty-acids ABSTRACT Lipases are enzymes belonging to a class of hydrolases that catalyze the breakdown of triacylglycerols, generating free fatty acids. The vegetable sources that are of greatest interest as a substrate for lipase production are those containing long chain triacylglycerols. In this context, the bati butter produced from Ouratea parviflora is an alternative for lipase production. The objective of this work was to evaluate the potential of bati butter (Ouratea parviflora) as a substrate for lipase production by Aspergillus terreus in semi-solid fermentation. Analysis of the composition of fatty acids and minerals, physicochemical characterization of bati butter and its use as an inducing substrate for lipase production at two different temperatures (25 ºC and 35 ºC) were carried out during 196 h of fermentation. The spore count was performed throughout the fermentation period. The crude enzymatic extract was evaluated against different pH, temperature and action of activating compounds and inhibitors. The butter had a high concentration of long chain fatty acids (C14 - C24). The presence of manganese (12.7 mg / g), calcium (7.7 mg / g), sodium (6.7 mg / g) and magnesium (5.4 mg / g) of iron (1.1mg / g) and copper (0.04mg / g) that exert a catalytic effect on lipid oxidation. Regarding the physical-chemical characteristics, a high acidity index (20.76 mg KOHg- 1) and peroxide (16.03 mEqkg-1) and low humidity (1.29%) were found. Regardless of the incubation temperature, the spore count of Aspergillus terreus was similar and increasing throughout the incubation period (196 h). However, the highest enzymatic activity was 212.6 U / g, produced in the 120 h period at 35 ° C, with specific activity of 144,5 U/mg. The crude enzymatic extract presented better relative activity at 37 ºC and pH 9. β-mercaptanol significantly increased the relative activity of the enzyme. The other compounds decreased the relative activity of the enzyme, especially the Sodium Docetil Sulphate (SDS) that inactivated the enzyme. In view of the results obtained it is stated that bati butter was an inducing substrate to produce lipase by semi-solid fermentation. Key words: Enzymatic activity, fatty acids, filamentous fungi, minerals, vegetable butter. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Ouratea parviflora......................................................................................17 Figura 2 – Manteiga de bati........................................................................................18 Figura 3 – Desenho esquemático das etapas do estudo...........................................19 Figura 4 – Curva de crescimento Aspergillus terreus................................................ 30 Figura 5 – Atividade enzimática em U/g em diferentes tempos e temperaturas....... 30 Figura 6 – Efeito da temperatura na atividade enzimática da lipase..........................32 Figura 7 – Efeito do pH na atividade da lipase.......................................................... 33 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Composição de ácidos graxos da manteiga de bati................................ 26 Tabela 2 – Composição de minerais da manteiga de bati........................................ 27 Tabela 3 – Caracterização físico-química da manteiga de bati................................. 28 Tabela 4 – Efeito dos ativadores e inibidores na atividade da lipase.........................35 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10 2 OBJETIVOS ................................................................................................... 12 2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 12 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 12 3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 13 3.1 LIPASES: DEFINIÇÃO, PRODUÇÃO E APLICAÇÃO .................................... 13 3.2 MANTEIGAS VEGETAIS ................................................................................ 16 3.2.1. Manteiga de bati (Ouratea parviflora) .......................................................... 17 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 19 4.1 TIPO PESQUISA ............................................................................................ 19 4.2 DESENHO ESQUEMÁTICO DO ESTUDO .................................................... 19 4.3 AMOSTRA ...................................................................................................... 20 4.4 DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS NA MANTEIGA DE BATI ............. 20 4.5 DETERMINAÇÃO DE MINERAIS NA MANTEIGA DE BATI .......................... 21 4.6 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA MANTEIGA DE BATI ................. 21 4.7 PRODUÇÃO DA LIPASE ................................................................................ 21 4.7.1 Microrganismo .............................................................................................. 21 4.7.2 Manutenção ................................................................................................... 21 4.7.3 Preparo do meio de cultivo .......................................................................... 22 4.7.4. Fermentação ................................................................................................. 22 4.7.5. Avaliação do Crescimento dos microrganismos ....................................... 22 4.7.6. Extrato bruto enzimático .............................................................................. 22 4.7.7. Atividade enzimática .................................................................................... 23 4.7.8. Determinação da concentração de proteínas no extrato .......................... 23 4.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA EM DIFERENTES CONDIÇÕES .. 23 4.8.1. Efeito da temperatura ................................................................................... 24 4.8.2. Efeito do pH ................................................................................................... 24 4.8.3. Efeito de agentes inibidores e ativadores .................................................. 24 4.9 ESTATÍSTICA ................................................................................................. 24 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 25 5.1 DETERMINAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS DA MANTEIGA DE BATI ........... 25 5.2 DETERMINAÇÃO DE MINERAIS NA MANTEIGA DE BATI .......................... 26 5.3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUIMICA DA MANTEIGA DE BATI ................. 27 5.4. PRODUÇÃO DE LIPASE ................................................................................ 28 5.4.1. Crescimento dos microrganismos e atividade enzimática ....................... 28 5.5. ESTUDO DE DIFERENTES CONDIÇÕES PARA ATIVIDADE ENZIMÁTICA DO EXTRATO BRUTO ............................................................................................. 30 5.5.1. Efeito da temperatura e pH .......................................................................... 30 5.5.2. Efeito dos inibidores e ativadores ............................................................... 32 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 3710 1 INTRODUÇÃO As lipases são enzimas pertencente a uma classe de hidrolases que catalisam a quebra de triacilgliceróis, produzindo ácidos graxos livres, diacilgliceróis, monoacilgliceróis e glicerol 1 . Estas enzimas catalisam uma variedade de reações, incluindo hidrólise, transesterificação, interesterificação e formação de outros ésteres 2 . Além disso, outros aspectos que favorecem a utilização destas enzimas são as condições suaves em que as reações ocorrem, exigindo entradas energéticas mínimas, níveis reduzidos de subprodutos gerados durante a reação e a conversão mais eficiente de um substrato 3 . As lipases emergem como uma excelente enzima para catalisar reações dinâmicas que encontram aplicações promissoras no processamento químico e orgânico, formulações de detergentes, síntese de biossurfactantes, nas indústrias oleoquímica, alimentícia, agroquímica, fabricação de papel, cosmetícos, e farmacêutica 4 . Apesar do grande interesse na aplicação de lipases em várias indústrias, o seu elevado custo de produção, muitas vezes limita a sua utilização como biocatalisadores 5 , sendo vantajoso a utilização de microrganismos com eficiente produção de lipase e combinações de diferentes substratos e meios de cultura para obtenção desta enzima 3, 6 . A utilização da lipase produzida por fermentação em estado semi-sólido (FSS) a partir de um substrato vegetal mostra-se vantajosa para a qualidade de alimentos, pois esta enzima pode ser empregada para o tratamento específico ou isolamento de um tipo ou de uma classe de lipídios, sendo o aumento da sua utilização justificável pelo fato de serem naturais e biodegradáveis 2 . A fermentação semi-sólida é um processo de cultivo de microrganismos em substratos insolúveis com pouca ou nenhuma adição de água77. Lipases são amplamente encontradas em células de tecidos vegetais, animais e produzidas por microrganismos 7 . Quando obtidas pelo cultivo de microrganismos, podem ser isoladas das mais variadas fontes, incluindo bactérias, fungos, leveduras e actinomicetos 8 , sendo crescente o número de pesquisas sobre o uso de suplementos, substratos e tipos de microrganismos, visando a determinação das melhores combinações para obter uma enzima de alto valor, utilizando condições https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/lipase https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/hydrolases https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/triglyceride https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/free-fatty-acids https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/diglyceride https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/monoglyceride https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/glycerol https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/interesterified-fat https://www.sciencedirect.com/topics/agricultural-and-biological-sciences/surfactant https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/oleochemical 11 operacionais que facilitam a redução dos custos de produção em escala industrial 3, 9 . Entre os microrganismos utilizados para a produção de enzimas destacam- se os fungos filamentosos como os melhores produtores de lipase, visto que produzem lipases extracelulares, facilitando a recuperação de meios de fermentação 10 , sendo que as espécies mais relatadas pertencem aos gêneros Aspergillus sp 11,12, 13 e Penicillium sp 14, 15 . No gênero Aspergillus, a espécie Aspergillus terreus tem sido relacionada a uma ótima produção de lipase, por ser termoestável, com atividade em uma ampla faixa de pH (3 a 10) 16 , sendo capaz ainda de produzir biossurfactantes 17 e realizar reações de esterificação, apresentando, portanto, um potencial biocatalisador industrial. Porém, a produção de lipase por este microrganismo depende do tipo de lipídio utilizado como substrato, pH e fonte de nitrogênio 16 . As fontes vegetais de maior interesse como substrato para produção destas enzimas são óleos e gorduras contendo triacilgliceróis constituídos de ácidos graxos de cadeia longa 18 , sendo destacados estudos com azeite de oliva, óleo de oliva 19 , azeite de dendê 20 , óleo de soja 21 . Pensando na composição química rica em ácidos graxos de cadeia longa 22, 23 , tem-se a manteiga de bati como substrato para produção de lipase utilizando-se o fungo Aspergillus terreus. A manteiga de bati é obtida da Ouratea parviflora, uma planta presente em todo território nacional, destacando-se na região Nordeste e Sudeste 22 . Neste sentido, busca-se investigar se a manteiga de bati (Ouratea parviflora) será um bom substrato para produção de lipases utilizando o fungo Aspergillus terreus, esperando-se confirmar que este substrato de origem regional, produza lipase a partir do fungo Aspergillus terreus, colaborando com o conhecimento na área e despertar o interesse biotecnológico, para uso da enzima produzida, principalmente, na indústria de alimentos. 12 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o potencial da manteiga de bati (Ouratea parviflora) como substrato para produção de lipase por Aspergillus terreus em fermentação semi-sólida. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar perfil de ácidos graxos da manteiga de bati. Analisar a composição de minerais da manteiga de bati. Realizar a caracterização química e físico-química da manteiga de bati. Avaliar a produção de lipase utilizando a manteiga de bati como substrato. Determinar o efeito da temperatura, do pH e inibidores/ativadores sob a atividade da enzima. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 LIPASES: DEFINIÇÃO, PRODUÇÃO E APLICAÇÃO As lipases são definidas como carboxilesterases que hidrolisam acilgliceróis de cadeia longa, ou seja, com cadeia acila constituída por mais de 10 átomos de carbono 24 . Geralmente não requerem cofatores para a sua atividade catalítica, são altamente ativas na presença de substratos de cadeia longa 25 e, em meios com baixa concentração de água, catalisam reações de esterificação e transesterificação 26 . Outra característica marcante das lipases é a sua ativação na presença de interfaces hidrofóbicas (micelas de substratos, solventes orgânicos imiscíveis). Na ausência de interfaces, o sítio ativo das lipases é frequentemente coberto por uma “tampa”. Essas mudanças conformacionais se expõem em superfícies hidrofóbicas, conferindo funcionalidade à enzima 27 . São amplamente encontradas na natureza e produzidas por várias plantas, tecidos animais e microrganismos 28 . No entanto, as lipases de fonte microbianas são as mais utilizadas devido à sua grande versatilidade às condições ambientais, simplicidade na manipulação genética e condições de cultivo 2 , sendo bastante atrativa para a aplicação industrial 29 . A produção de lipases pode ser realizada por fermentação submersa (FS) ou por fermentação em estado semi-sólido (FSS), sendo a última um processo mais vantajoso em relação à fermentação submersa, por fornecer, em geral, altos rendimentos e facilidade na recuperação dos produtos, principalmente quando realizada utilizando fungos filamentosos 2 . O estudo e exploração de lipase microbiana específica são essenciais para alcançar alto rendimento, atividade e estabilidade, ajudando a elevar o seu campo de aplicação, estender sua vida útil, prolongar seus ciclos de uso e gerar competitividade no mercado de enzimas 3 . Apesar da importância desta exploração, os seus elevados custos de produção, muitas vezes limitam o seu estudo e utilização 30 . Para diminuir os custos com a produção desta enzima podem ser usados como substrato diversos óleos vegetais 5 e seus resíduos da indústria de refino, sendo uma boa fonte para a produção deenzimas lipolíticas com propriedades promissoras 14 e gerando um biocatalisador de baixo custo 12 . A produção de lipase por FSS com diferentes substratos sólidos combinados com uma grande variedade de fungos tem sido reportada na literatura, como no trabalho de Oliveira et al. 12 em que foram otimizados a produção de lipases a partir de A. ibericus, utilizando resíduos agroindustriais da torta de óleo de gergelim e palmiste e detendo uma boa produção da enzima, referente a 460 ± 38 U/g de lipase após 6 dias de fermentação. No estudo de Jain e Naik 32 a produção de lipase foi por Aspergillus oryzae e Aspergillus japonicus a partir de torta de mamona, que em fermentação semi-sólida resultou em uma atividade enzimática de 24,8 U/g e 18,9 U/g, respectivamente. Outro trabalho que também realizou fermentação semi-sólida para produção de lipase foi o de Damasano et al. 33 utilizando como substrato resíduo agroindustrial suplementado com subprodutos do processo de refino de óleo de milho ou azeite de oliva, em que a atividade lipásica obtida por Aspergillus niger variou de 7,7 a 58,6 U/g de substrato seco. Além dos fungos supracitados destaca-se o A. terreus, fungo filamentoso saprófita da família Aspergillaceae 34 , pois tem sido relacionado a uma ótima produção de lipase, sendo esta altamente termoestável, realizando atividade em uma ampla faixa de pH (3 a 10) 16 , obtendo resultados com um custo benefício efetivo, bem como economia de tempo e elevados rendimentos da enzima, tanto em termos de produção como de purificação 34, 16, 35 . É capaz, ainda, de produzir biossurfactantes 35 e realizar reações de esterificação, apresentando, portanto, uma potencial forma de aplicação industrial 34 . No estudo realizado por Gulati et al. 34 a produção de lipase por Aspergillus terreus em substrato contendo nutrientes e óleo de milho, teve um custo benefício efetivo, bem como economia de tempo, já que o processo todo do estudo levou menos de 60 h, além de rendimentos de lipase elevados, tanto em termos de produção como de purificação na metodologia adotada. Yadav et al. 16 e Kaushik et al. 34 encontraram rendimentos de lipase utilizando Aspergillus terreus (250 U/mg e 19,95 U/ml), e como substrato gordura de porco e óleo de milho, respectivamente. Esse crescente interesse na produção de lipase está associado com as suas aplicações como aditivos nos alimentos (modificação de sabor) 36 , química fina 15 . (síntese de ésteres) 37 , detergentes (hidrólise de gorduras), tratamento de águas residuais (decomposição e remoção de substância oleosas) 38 , cosméticos (remoção de lipídios), produtos farmacêuticos (digestão de óleos e gorduras em alimentos) 39 , e ensaios biomédicos (triglicérides no sangue) 40 . Além disso, as lipases de óleos vegetais têm uma aplicação importante no campo da bioenergia, especialmente na produção de biodiesel 41 . Na indústria de alimentos, as lipases são usadas para sintetizar os emulsionantes tais como mono e diglicéridos 42 e para a produção de lipídios com níveis elevados de ácidos graxos poli-insaturados 43 . Elas também são utilizadas para o desenvolvimento de sabores e maturação do queijo 44 e salsicha de carne 6 . São utilizadas para a obtenção de ácidos graxos livres a partir da hidrólise seletiva de óleos e gorduras presentes em diversos alimentos. Os ácidos graxos livres podem ou não sofrer modificações químicas, e dependendo do tamanho da cadeia carbônica e da instauração, conferem um peculiar sabor e aroma para os alimentos representando um importante papel nas propriedades físico-químicas, sensoriais e nutricionais de diversos produtos 45 . Na indústria de queijos elas são empregadas na alteração e intensificação do sabor e em processos de aceleração da maturação. Também na indústria de laticínios, as lipases são utilizadas para obtenção de manteigas de baixo teor calórico, entre outras 46 . A literatura destaca que a hidrólise do óleo de fígado de bacalhau a partir de lipases pode produzir ácidos graxo ômega 3, podendo ser destinados a dietas de grupos clínicos especiais 47 . As lipases podem ainda ser utilizadas no melhoramento da textura de pães 48 , na hidrólise de gorduras e alteração do sabor do leite 49 Se destacam também no processamento do ácido gama linolênico, astaxantina (corante alimentício), metilcetonas (moléculas características de flavor em queijos azuis), modificação de óleos vegetais na posição 2 do triacilglicerol, a fim de obter gorduras similares à gordura do leite humano para alimentação infantil 2 . Com as lipases, óleos baratos podem ser transformados em produtos de maior valor agregado tais como triacilgliceróis de baixa caloria e óleos com alto nívelde ácido oléico 50 , como apresentado no estudo de Shin et al. 51 , realizando 16 interesterificação de triacilgliceróis da manteiga com óleo de palma, reduzindo o teor de gordura saturada, sem produzir gordura trans. Sendo assim, diante dos diversos estudos com produção de lipase a partir de microrganismos, observa-se que os substratos vindos de fontes vegetais de maior interesse são óleos e gorduras contendo triacilgliceróis constituídos de ácidos graxos de cadeia longa, como é o caso de algumas manteigas vegetais 18 . 3.2 MANTEIGAS VEGETAIS As manteigas vegetais mais estudadas no Brasil são a de cacau, amendoim, soja, entre outras. A manteiga de cacau é a gordura natural extraída das sementes do cacaueiro Theobroma, sendo o componente mais abundante do grão de cacau seco, com sua cor levemente amarelada e conhecida mundialmente por ser ingrediente principal dos chocolates 52 . Outra manteiga vegetal bem conhecida é a manteiga de amendoim Arachis hypogaea L., que é um produto alimentar preparado a partir da moagem do amendoim torrado seco, que resulta num creme fino e fluído 53 . A manteiga de soja é produto obtido dos grãos de soja Glycine max, sendo um novo produto que não está comercialmente disponível em muitas partes do mundo e que pode ser usado como uma cobertura e recheio para uma grande variedade de receitas e formulações de alimentos salgados e doces 54 . Estas manteigas vegetais são produtos ricos em lipídios, e sua qualidade é determinada por parâmetros que descrevem suas características físicas e químicas, úteis para atestar a identidade dos produtos, para assegurar um padrão mínimo de qualidade e para avaliar o estado de conservação e estabilidade 55 . Entre estes parâmetros destacam-se os índices de iodo, peróxidos, acidez, refração, que juntamente com o perfil de ácidos graxos, servem para identificação e avaliação da maioria dos óleos e gorduras, funcionando também como critérios para verificar a aplicabilidade destes nas indústrias 56 . Dentre as aplicabilidades industriais tem-se a produção de lipases, favorecida pelas propriedades químicas dos constituintes das gorduras vegetais, sendo as fontes de maior interesse como substrato para produção desta enzima os óleos e gorduras contendo triacilgliceróis constituídos de ácidos graxos de cadeia longa 18 , 17 característicos da manteiga de bati 22, 23 . 3.2.1. Manteiga de bati (Ouratea parviflora) A Ouratea sp. é uma espécie pertencente à família Ochnaceae que compreende cerca de 28 gêneros e 400 espécies de ampla distribuição nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. No Brasil, existem aproximadamente 9 gêneros totalizando 105 espécies 57 . O gênero Ouratea ocorre em todo o território nacional, destacando-se no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. As espécies de Ouratea sp espalhadas pelo país recebem designações específicas como Angelim (Ouratea vaccinoides), Caju Bravo (Ourateafloribunda e Ouratea salicifolia) e Coração de Bugre ou bati (Ouratea parviflora) 58 (Figura1). Figura 1. Ouratea parviflora.Fonte: Unidade Amostral 285 do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina. Disponível em: http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=3413 São utilizadas pela população como tônicas e adstringentes, anti- inflamatórias, em doenças da pele e no tratamento de doenças gástricas 26 . O extrato hexânico dos frutos do bati apresentou ainda atividades antibacteriana e antifúngica 59 . Além disso o óleo de Ouratea serve para dor de reumatismo e nossos antepassados utilizavam para fritura de alimentos e como combustível em lamparinas 60 . As espécies de Ouratea são caracterizadas pelas flores geralmente vistosas, frequentemente de coloração amarela, com desenvolvimento de frutos entre http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=3413 18 . os meses de fevereiro e março. Das sementes da Ouratea parviflora pode-se obter a “manteiga de bati” (Figura 2), aromática e de característica adocicada, utilizada em conservas e temperos, rico em ácidos graxos essenciais 31 Pinto 23 , em 2017, identificou no óleo de Ouratea spp. como principais constituintes os ácidos linoléico (40,88%) e oléico (28,29%). A manteiga de bati, torna-se de interesse visto a busca constante por novas fontes vegetais de gorduras, atribuído principalmente ao fato desses materiais serem obtidos de fontes naturais e empregados como importantes matérias-primas para as indústrias químicas, farmacêuticas e alimentícias, inclusive como substrato para produção de enzimas, como a lipase 31 . Figura 2. Manteiga de bati. Fonte: arquivo pessoal 19 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1 TIPO PESQUISA A presente pesquisa é do tipo aplicada, quantitativa e exploratória. 4.2 DESENHO ESQUEMÁTICO DO ESTUDO A Figura 3 apresenta um desenhor esquemático das etapas que serão realizadas durante o estudo. Figura 3. Desenho esquemático das etapas do estudo. M a n te ig a d e b a ti Caracterização Determinação de ácidos graxos Determinação de minerais Análises físico- químicas Produção da lipase Ativação do microrganismo Preparo do meio de cultivo Fermentação Avaliação do crescimento do microrganismo Extrato bruto enzimático Efeito da temperatura Efeito do pH Efeito de agentes inibidores e aticadores Atividade enzimática Atividade específica 20 4.3 AMOSTRA A manteiga de bati (Ouratea sp.) utilizada como substrato neste estudo foi doada pela empresa Plantus Indústria e Comércio de Óleos, Extratos e Saneantes Ltda, localizada em Nísia Floresta/RN. A amostragem realizada no presente estudo foi por conveniência, sendo analisado dois lotes no período de outubro/2017 a julho/2018. As amostras foram recebidas em recipientes plásticos, sendo transportadas sob refrigeração, proteção da luz e levadas ao Laboratório de Bromatologia do Departamento de Farmácia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mantidas sob refrigeração a 4 ºC, até a realização das análises. Antes de cada análise, a manteiga de bati foi fundida em banho-maria a 40°C (QUIMIS, Mod. Q334M-28). 4.4 DETERMINAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS NA MANTEIGA DE BATI Para análise do perfil de ácidos graxos utilizou-se 50,0 mg da manteiga, que foi previamente esterificada pelo método descrito por Hartman e Lago 61 , usando- se solução de cloreto de amônia e ácido sulfúrico em metanol como agente esterificante para obtenção dos metil ésteres. Para determinação do perfil de ácidos graxos foi usado um cromatógrafo gasoso (Thermo Scientific – CG/FID – FOCUS, Milão - Itália) com detector de ionização de chama (FID) e coluna capilar (SUPELCO sp2560) 100 m x 0,25 mm x 0,2 µm. O gás nitrogênio foi utilizado para promover o arraste (2,5 mL/min). A programação da elevação da temperatura da coluna foi de 40 °C por 3 minutos, em seguida foi aquecida a 180 °C por 5 minutos, com taxa de 10 °C/minuto e, por fim a temperatura atingiu 240 °C, mantida por 25 minutos com taxa de 20 °C/minuto. As temperaturas do injetor e detector foram de 230 °C e 270 °C, respectivamente. O volume da amostra injetada foi de 1,0 µL com razão Split de 10:1 e os picos resultantes foram comparados com o padrão de ácidos graxos SupelcoTM componente FAME MIX. A análise foi realizada no Laboratório de Nutrição Animal na Escola Agrícola de Jundiaí/UFRN. 21 4.5 DETERMINAÇÃO DE MINERAIS NA MANTEIGA DE BATI A determinação dos minerais na manteiga foi realizado no instituto de química, no laboratório do Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água Produzida e Resíduos - NUPRAR/UFRN, sendo utilizada a técnica de espectrometria de emissão óptica com plasma (ICP/OES), por meio de espectrômetro (ICP-OES- iCAP 6000 Series), o qual detecta a radiação eletromagnética emitida por íons excitados ou átomos neutros na região UV- visível, sendo determinados os macro elementos (fósforo, potássio, cálcio e magnésio) e microelementos (ferro, zinco, cobre, manganês e sódio). Para esta análise foi realizada uma digestão nitro-perclórica, diluindo as cinzas das amostras, em 100,0 mL de ácido nítrico a 10 %, a fim de eliminar o material orgânico. Os resultados foram expressos em microgramas por g do produto (µg. g-¹). 4.6 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA MANTEIGA DE BATI A manteiga de bati foi submetida a caracterização físico-química segundo a AOCS 62 . Determinou-se o Índice de acidez (IA), Índice de peróxido (IP) e o percentual de Umidade por secagem a 105 °C. Estas análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos do Departamento de Nutrição/UFRN. Todas as análises físico-químicas foram realizadas em triplicata. 4.7 PRODUÇÃO DA LIPASE 4.7.1. Microrganismo O microrganismo utilizado foi o Aspergillus terreus (NRRL-255), obtido do banco de microrganismos “Agriculture Research Service Culture Collection” (Peoria, Illionois-EUA). 4.7.2. Manutenção O microrganismo utilizado ficou armazenado sob refrigeração (4°C) em placas de petri em meio ágar dextrose batata (PDA). Antes da incubação no meio de cultivo o microrganismo foi ativado em um novo PDA a 25°C durante 168 h, sendo o recolhimento dos esporos feito com Tween 80 1,0 % (V/V). 22 4.7.3. Preparo do meio de cultivo O meio de cultivo do microrganismo para a produção de lipase continha manteiga de bati 25 % (p/p), NaNo3 0,3 % (p/p), MgSO4 0,05 % (p/p), KCl 0,05 % (p/p), FeSO4 0,001 % (p/p), KH2PO4 0,1 % (p/p) e ágar-ágar 3 % (p/p). O meio foi esterilizado em autoclave por 15 minutos a temperatura de 121 °C, sendo adicionado às placas de petri com ajuda de uma proveta estéril e posteriormente levado para estufa (Quimis, Q317M, Diadema – São Paulo) a 25 °C. 4.7.4. Fermentação A fermentação foi realizada em placa de petri contendo o meio de cultivo com a manteiga e a cultura do Aspergillus terreus com uma concentração final de 10 7 esporos/g de substrato. Os experimentos foram incubados em estufa a 25 e 35 °C. As coletas das amostras para a determinação da atividade enzimática foram realizadas após 72, 120 e 168 h de fermentação. Cada ensaio foi repetido três vezes e a leitura da atividade realizada em sextuplicata. 4.7.5. Avaliação do Crescimento dos microrganismos O A. terreus foi cultivado durante 168 h em estufa a 25 e 35 °C. O crescimento foi avaliado por meio da contagem de esporos em câmara de Neubauer 63 a cada 24 h 11 . 4.7.6. Extrato bruto enzimático O processo de obtenção do extrato bruto enzimático foi realizado adicionando 50 mL de Tris-HCl 0,05 M pH 8 na placa de petri com ajuda de uma proveta, sendo 10 mL por vez, homogeneizado e transferido para um Erlenmeyer de 250 mL com ajuda de um funil. O Erlenmeyer foi levado para shaker (Quimis®– Q816M20) a 37 °C e 19 g por 30 min. O conteúdo do Erlenmeyer foi filtrado e levado para centrífuga (Centribio® - 80-2B) a 5240 g. O sobrenadante foi retiradoe armazenado em tubo falcon de 50mL, sendo a atividade do extrato bruto enzimático 23 analisada imediatamente. 4.7.7. Atividade enzimática A atividade da lipase do extrato bruto foi determinada pipetando em sextuplicata 10,0 µL do extrato enzimático, somado a 90,0 µL do substrato, sendo para o branco pipetado 10,0 µL de Tris-HCl 0,05M pH 8 e 90,0 µL do substrato, obtendo um volume final de 100,0 µL. A microplaca foi incubada a 37 °C em estufa por 30 minutos e a análise da atividade foi realizada em leitor de microplaca (ASYS, Mod.UVM-340) a 410 nm 64. Uma unidade de atividade enzimática foi definida como a quantidade de enzima que consome 1 µmol de ácido graxo por minuto. O cálculo da atividade enzimática foi realizado a partir da equação da reta encontrada na curva padrão com p-nitrofenol, sendo utilizado concentrações que variavam de 42 a 1400 nm/mL. 4.7.8. Determinação da concentração de proteínas no extrato A concentração de proteínas do extrato bruto foi determinada pelo método de Bradford 65 , utilizando como solução para curva padrão a albumina sérica bovina (Sigma) em concentrações que variavam de 0,08 a 0,4 mg/mL. Para o ensaio do extrato bruto enzimático da lipase foi utilizado 1,0 mL da amostra adicionando posteriormente 3,0 mL do reagente de Bradford em um tubo de ensaio, sendo incubado a temperatura ambiente por 15 minutos. A análise foi realizada em triplicata e a leitura da absorbância foi a 595 nm em espectrofotômetro (Biospectro, Mod. SP220). 4.8 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA EM DIFERENTES CONDIÇÕES O extrato bruto produzido foi testado quanto a diferentes valores de temperaturas, pH e sob a ação de diversos agentes inibidores e ativadores, segundo Sharma et al. 66 com modificações, sendo realizado em microplaca (ASYS, Mod.UVM- 340) e a leitura da atividade a 410 nm. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1687157X17300355#! 24 4.8.1. Efeito da temperatura Para avaliar o efeito da temperatura na atividade enzimática, a análise foi realizada em tubos de ensaio, adicionando 100 µL do extrato bruto enzimático a 900 µL do substrato, variando-se a temperatura de 35 a 75 °C, sendo incubada por um período de 30 minutos e a atividade enzimática determinada conforme o item 4.7.7. A atividade relativa foi calculada utilizando a temperatura de 37ºC como controle. 4.8.2. Efeito do pH O efeito do pH na atividade da enzima foi determinado por incubação a 37 °C da mistura reacional variando de 4,0 a 11,0. Os tampões utilizados foram o fosfato- citrato (pH 4,0 a 7,0), tampão Tris HCl (pH 8,0) e tampão glicina-NaOH (pH 9,0 a 11,0). A atividade enzimática foi determinada conforme o item 4.7.7. A atividade relativa foi calculada utilizando o pH 8,0 como controle. 4.8.3. Efeito de agentes inibidores e ativadores O extrato enzimático foi incubado durante 30 minutos com (1,0 mM) de NH4Cl, (NH4)2SO4, CaCl2, CuSO4, FeCl2, FeSO4, MgSO4, K2SO4, KI, ZnSO4, Na2SO4, NaCl, glicerol, beta mercaptanol, Dodecil sulfato de sódio (SDS), ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA), triton-x 100, além de uréia (2,0 mM). A atividade enzimática foi determinada conforme o item 4.7.7. A atividade relativa foi calculada utilizando o tampão Tris-HCl 0,05M pH 8 como controle. 4.9 ESTATÍSTICA Todas as análises foram realizadas em triplicata e os dados foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk para testar a normalidade. Os dados oriundos da atividade enzimáticas em temperaturas e períodos de incubação diferentes foram submetidos a análise de variância (ANOVA) com posterior teste Tukey (p<0,05). Os dados da avaliação da atividade enzimática do extrato bruto em diferentes condições foram submetidos à ANOVA e posterior teste de Dunnet (p<0,05) para avaliar as diferenças das atividades relativas em relação ao controle. O nível de significância adotado para todos os testes foi estabelecido em 5 % (p<0,05), e todas as análises estatísticas foram realizadas no programa XLSTAT (France, Paris). 25 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 DETERMINAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS DA MANTEIGA DE BATI Na determinação química do perfil de ácidos gráxos foram identificados e quantifificados catorze ácidos graxos na manteiga de bati (Tabela 1). Tabela 1. Composição de ácidos graxos da manteiga de bati. Ácidos graxos Percentual total (%) Ácido cáprico (C10:0) 0,84 Ácido láurico (C12:0) 2,00 Ácido tridecanóico (C13:0) 0,07 Ácido mirístico (C14:0) 14,51 Ácido pentadecanóico (C15:0) 0,16 Ácido palmítico (C16:0) 33,50 Ácido heptadecanóico (C17:0) 0,27 Ácido esteárico (C18:0) 0,19 Ácido elaídico (C18:1) 4,37 Ácido oleico (C18:1, 9c) 28,64 Ácido linoléico (C18:2, 6c) 14,56 Ácido linolelaídico (C18:2, 6t) 0,10 Ácido eicosanóico (C20:1) 0,42 Ácido eicosadienóico (C20:2) 0,11 Saturados 51,54 Insaturados 48,20 Monoinsaturados 33,43 Poliinsaturados 14,77 26 Observa-se que a concentração de saturados (51,54%) e insaturados (48,20%) na amostra foi próxima e que os ácidos graxos predominantes foram palmítico (33,50%), oléico (28,64%), linoléico (14,56%) e mirístico (14,51%). Esses dados corroboram com Galvão et al. 67 que analisaram a manteiga da Ouratea. É importante destacar a presença de ácidos graxos de cadeia longa (C14 – C24) 68 , característica que favorece a utilização da manteiga de bati como substrato para produção de lipase por fungo 69 , tendo em vista que esse é um fator que melhora o rendimento na produção desta enzima 70 . 5.2 DETERMINAÇÃO DE MINERAIS NA MANTEIGA DE BATI Na Tabela 2 visualiza-se a composição mineral da manteiga de bati, tendo como destaque o manganês, cálcio, sódio, magnésio. Tabela 2. Composição de minerais da manteiga de bati. Minerais mg/g Manganês 12,726 Cálcio 7,723 Sódio 6,700 Magnésio 5,447 Fósforo total 2,377 Potássio 1,810 Ferro 1,139 Zinco total 1,037 Níquel total 0,158 Cromo total 0,050 Cobre 0,044 Cobalto total ND* *ND: não detectado Ressaltando ainda a presença do cobre e ferro que exercem efeito catalítico na oxidação lipídica 71 . A análise da composição mineral da manteiga é importante para avaliar a concentração de micronutrientes e verificar se os mesmos 27 podem influenciar nos parâmetros físicos e físico-químicos da manteiga. A presença destes minerais, também, influencia a produção de enzimas pelos microrganismos, visto que podem atuar como catalizadores ou inibidores como evidenciado por Rahman et al. 68 . 5.3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUIMICA DA MANTEIGA DE BATI Os resultados da caracterização físico-química da manteiga de bati estão apresentados na Tabela 3. Foi evidenciado um elevado índice de acidez (20,76 mg KOH g-1), quando comparado com o índice de acidez de gordura de palma (0,4 mg KOH g-1) identificado por Vieira et al.72, gordura vegetal que pode ser consumida, inferindo-se assim que a manteiga de bati analisada no presente estudo não pode ser recomentado para consumo humano. Destaca-se ainda, que possivelmente esse alto índice de acidez pode estar ligado a característica da amostra, indicando que a a manteiga de bati, no momento da análise, detinha presença de ácidos graxos livres (AGL), devido a ocorrência da rancidez hidrolítica, que aumenta a presença destes AGL pela quebra dos triglicerídeos, podendo ser influenciada por altas temperaturas durante o processamento ou armazenamento da gordura 73 . Tabela 3. Caracterização físico-química da manteiga de bati. Determinações Média DP Índice de Acidez (mg KOHg-1) 20,76 5,26 Índice de Peróxido (mEqkg-1) 16,03 3,26 Umidade (%) 1,29 0,45 O elevado índice de peróxido encontrado na manteiga de bati evidencia que a mesma apresenta um elevado estado de oxidação provavelmente influenciado pela presença dos íons metálicos encontrados em sua composição, exercendo efeito catalítico nesta reação, além depresença de oxigênio e luz73. No intuito de reduzir significativamente o teor de minerais e consequente desaceleração das reações de oxidação, pode ser realizado o refino, que segundo Kreps et al. 74 , no processamento de óleos e gorduras vegetais, quando estes passam por uma etapa de refino, 28 proporciona redução de minerais, favorecendo a manutenção da qualidade da gordura. A baixa umidade encontrada na manteiga de bati é um fator positivo quando se correlaciona com a busca por um substrato para produção de lipase 75 , já que o aumento da umidade do substrato está diretamente relacionado com a diminuição da porosidade do mesmo, limitando a difusão de oxigênio na camada de substrato, reduzindo o crescimento do fungo filamentoso e também a produção de lipase 76 . 5.4. PRODUÇÃO DE LIPASE 5.4.1. Crescimento dos microrganismos e atividade enzimática Após a avaliação da caracterização química e físico-química da manteiga de bati foi observado que a mesma apresenta viabilidade para ser utilizada como substrato para produção de lipase por Aspergillus terreus utilizando o processo de fermentação semi-sólida. A fermentação semi-sólida é um processo de cultivo de microrganismos em substratos insolúveis com pouca ou nenhuma adição de água77, 78. A umidade é um importante fator que afeta o crescimento do fungo e produção de lipase particularmente em processo de fermentação semi-sólida79. Observa-se na Figura 4 que, independente da temperatura de incubação, a contagem de esporos do Aspergillus terreus foi similar, demostrando crescimento semelhante e crescente durante todo o período de incubação (196 h). Relacionando esses dados com a atividade enzimática (Figura 5), percebe- se que a medida que ocorre o aumento na contagem de esporos, tanto a 25 ºC como a 35 ºC, a atividade da enzima aumenta significativamente (p<0,05), mostrando que a produção da enzima está associada ao crescimento do microrganismo35. A maior atividade enzimática foi observada com 120 h de incubação na temperatura de 35ºC (212,6 U/g), com atividade específica de 144,5 U/mg. Apesar do crescimento do A. terreus ter sido semelhante nas duas temperaturas (25 e 35°C), a temperatura de 35°C foi capaz de induzir significativamente a produção da enzima podendo assim ser considerada a temperatura ótima de saturação do sítio catalítico da lipase produzida80. A temperatura ideal para a produção de lipase fúngica deve sempre garantir uma boa eficiência e maior produção da mesma81. 29 Figura 4. Curva de crescimento Aspergillus terreus. Figura 5. Atividade enzimática em U/g em diferentes tempos e temperaturas. abcde valores com letras iguais não diferem significativamente de acordo com ANOVA e posterior teste de Tukey (p<0,05). As melhores condições de cultivo identificadas no presente trabalho foram semelhantes as relatadas na literatura, como no estudo de Gutali et al. 34 que realizaram produção de lipase por Aspergillus terreus em meio contendo óleo de milho e caseína, obtendo a produção máxima de enzima a 37°C em 96 h de cultivo. Kaushik et al. 35 também produziram lipase por Aspergillus terreus, utilizando como substrato óleo de milho, e foi observado a produção de lipase na faixa de 25 a 45°C com atividade 30 máxima de 70,1 U/g a 37°C em 96 h. Em outro estudo com produção de lipase Mahmoud et al. 82 , obtiveram uma atividade enzimática de 15,463 U/mL produzida pelo fungo Aspergillus terreus, num período de fermentação de 144 h a 45 ºC tendo como substrato hidrocarbonetos. Sethi et al. 11 , que utilizaram a torta da mostarda para produção de lipase a 30°C por 96h utilizando o fungo Aspergillus terreus obtiveram uma atividade enzimática de 525 U/g com substrato suplementado com óleo de palma. Kamini et al. 83 avaliaram a produção de lipase por Aspergillus niger utilizando torta de gergelim como substrato e obtiveram uma atividade de 363,6 U/g em 72 h de cultivo a 37°C. Utami et al. 84 utilizado a temperatura de 30 °C para produção de lipase com farelo de arroz como substrato, obteve uma atividade enzimática de 38,67 U/g em 120 h de fermentação com Aspergillus niger. Sendo assim, observa-se que a manteiga de bati utilizada como substro no presente estudo tem potencial para produção de lipase, obtendo atividade enzimática superior ao de muitos trabalhos com fungos supracitados, podendo estar diretamente relacionado com composição rica em ácidos graxos de cadeia longa, que favoreceu o crescimento do microrganismo produtor de lipase. Os resultados positivos incentivam outros estudos utilizando a manteiga de bati para a produção lipase. 5.5. ESTUDO DE DIFERENTES CONDIÇÕES PARA ATIVIDADE ENZIMÁTICA DO EXTRATO BRUTO 5.5.1. Efeito da temperatura e pH Para avaliar o efeito da temperatura na atividade enzimática, a enzima foi incubada em pH 8,0 numa faixa de temperatura de 35 a 75ºC. A temperatura considerada como controle foi a de 37 °C, por ter sido a temperatura utilizada em todo o estudo para a quantificação da atividade enzimática. Observa-se que a melhor atividade relativa foi encontrada nesta temperatura e que, quando comparado com este controle, as demais temperaturas influenciaram significativamente (p< 0,0001) a atividade relativa da enzima. Ocorreu diminuição da atividade relativa em função do aumento da temperatura, sendo afetada de forma significativa, nas temperaturas de 45 a 75°C segundo o teste de Dunnet 31 (p<0,0001), como apresentado na Figura 6. Figura 6. Efeito da temperatura na atividade enzimática da lipase. ***Valores diferentes significantivamente do controle (37 °C), segundo ANOVA e posterior teste de Dunnett (p<0,0001). Hamdy & Abo-Tahon 85 utilizaram Aspergillus terreus para produção de lipase a partir de meio suplementado com azeite e identificaram atividade enzimática máxima a 30°C após 96 h. Sethi et al. 11 , que também avaliaram a influência da temperatura na atividade da enzima produzida pelo Aspergillus terreus, verificaram que a maior atividade da enzima foi na temperatura de 50ºC e temperaturas superiores levaram a desnaturação da enzima promovendo a diminuição da atividade. Utami et al. 84 , verificaram que a atividade enzimática da lipase produzida por Aspergillus niger, tendo como substrato farelo de arroz suplementado com óleo de oliva, foi melhor a 30°C, diminuindo consideravelmente a atividade relativa quando a temperatura era aumentada, testando-se o intervalo de 30 a 90°C. Diferente desses resultados o estudo de Gururaj et al. 86 que verificaram o efeito da temperatura na atividade da lipase produzida por Acinetobacter sp induzida pela presença de óleo de palma em temperaturas que variavam de 40 a 70 °C, mostraram uma boa atividade da enzima a 50°C, obtendo uma diminuição desta atividade no intervalo de 60 a 70°C. Para a avaliação da influência do pH sobre a atividade da enzima produzido pelo A. terreus tendo como substrato a manteiga de bati, diversos pH foram testados 32 (Figura 7). É importante observar que foi tomado como controle o pH8 visto que foi o pH utilizado em todos os ensaios de atividade enzimática do presente estudo. Figura 7. Efeito do pH na atividade da lipase. **Valores diferentes significantivamente do controle (pH 8), segundo ANOVA e posterior teste de Dunnett (p<0,001). *** Valores diferentes significantivamente do controle (pH 8), segundo ANOVA e posterior teste de Dunnett (p<0,0001). A enzima produzida pelo Aspergillus terreus apresentou boa atividade relativa nos pH de 6 a 9. Quando comparados com o controle todos os pH testados influenciaram significativamente (p<0,05) a atividade relativa da enzima. No pH 9 pode-se observar que houve um incremento na atividade enzimática que ultrapassou os 100% da atividade do controle. No estudo de Sethi et al. 11 a caracterização enzimática revelou que a lipaseobtida de A. terreus foi significativamente ativa em uma ampla faixa de pH (6 a 9), assim como no presente estudo, porém com pH ótimo de 6,0 e tornando-se instável em valores de pH acima de 9,0 e abaixo de 6,0. 5.5.2. Efeito dos inibidores e ativadores A atividade da lipase foi avaliada na presença de compostos visando identificar os que ativaram e inibiram a atividade da enzima, destacando-se em negrito aqueles que significativamente afetaram a atividade relativa da enzima (p<0,05), apresentado na Tabela 4. O β-mercaptanol aumentou a atividade relativa da enzima de forma estatisticamente significativa (p<0,05). Pastore 87 identificou um aumento 33 similar na atividade relativa de lipase produzida por Rhizopus sp. O β-mercaptanol é um composto químico comumente usado para reduzir pontes de dissulfeto, então sugere-se que esse composto agiu como antioxidante neutralizando o efeito oxidativo da ligação S-S formada entre os resíduos de cisteína podendo atuar como um antioxidante biológico em reações enzimáticas, obtendo uma maior atividade da enzima 88 . Discordando com estes resultados, outro estudo que produziu lipase por A. terreus observou um efeito notável na lipase, que reduziu a sua atividade em mais de 77% quando tratada com p-mercaptoetanol 11 . Os demais compostos diminuíram a atividade da enzima, destacando o SDS por reduzir a atividade da enzima a zero e NH4Cl, (NH4)2SO4, Na2SO4 e NaCl como sendo aqueles em que apesar da redução da atividade, não apresentaram diferença estatisticamente significativa (p>0,05), quando comparados com o controle. No estudo de Gururaj et al. 86 , que produziram lipase por Acinetobacter sp, identificaram que íons como Zn, Mg, Ca, Fe e Mn diminuíram a atividade da enzima, mostrando que a lipase produzida não requer íons metálicos para sua atividade ou que a natureza inibitória da enzima seja devida à interação dos metais com os grupos de cadeias laterais da estrutura da lipase, influenciando assim a conformação e a estabilidade da enzima 68 . Ainda segundo Gururaj et al. 86 foi encontrado diminuição na atividade relativa quando analisada a presença de EDTA, Triton-x 100 e SDS, resultados que corroboram com os encontrados nesse estudo. O EDTA é um composto orgânico que age como agente quelante, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. A diminuição da atividade por este composto pode ser explicada pela interação de íons que podem estar presentes no sítio ativo da enzima, provocando redução da atividade 89 . Contraditório a este resultado, no estudo de Sethi et al. 11 O EDTA não alterou a atividade e estabilidade da lipase produzida por A. terreus a partir de óleo de mostrada, mostrando que estas análises variam de acordo com o substrato avaliado. 34 Tabela 4. Efeito dos ativadores e inibidores na atividade da lipase produzida a partir da manteiga de bati. Ativadores/inibidores Atividade relativa (%) NH4Cl 94,17 (NH4)2SO4 95,00 CaCl2 75,02* CuSO4 48,18* FeCl2 16,75* FeSO4 32,53* MgSO4 48,11* K2SO4 82,28* KI 91,56* ZnSO4 48,67* Na2SO4 94,77 NaCl 96,43 Triton X-100 52,06* β-mercaptanol 113,80* Ureia 80,26* EDTA 40,53* SDS 0,00* Glicerol 50,42* Controle 100 *Atividade enzimática relativa que diferiu significativamente do controle devido ao efeito dos compostos testados, segundo o teste de Dunnett (p<0,05). Em relação à diminuição da atividade enzimática da lipase pelos detergentes Triton-x 100 (52,06 U/g) e SDS (0,00 U/g), pode ser devido a alterações locais de conformação no sítio ativo da molécula da enzima, resultando em inibição, desnaturação 90 , desdobramento reversível parcial e subsequente inativação ou diminuição da atividade 91 . Kumar et al. 88 ao analisar o efeito de compostos sob a atividade da enzima L-asparaginase produzida pelo fungo Cladosporium sp. observaram que a atividade relativa da enzima era reduzida por NH4Cl, (NH4)2SO4, CaCl2, CuSO4, FeCl2, MgSO4, 35 K2SO4, ZnSO4, concordando com o resultado encontrado para a lipase da manteiga de bati. 36 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A composição química e físico-química da manteiga de bati possibilitou caracterizar a amostra, obtendo dados sobre esta gordura que são escassos na literatura. A fermentação semi-sólida por Aspergillus terreus utilizando a manteiga de bati como substrato apresentou resultados satisfatórios, indicando um bom potencial para produção de lipase, obtendo abtendo boa atividade enzimática e verificanto que a manteiga não é indicada para consumo humano. Além disso, foi possível identificar fatores de afinidade do extrato bruto da lipase produzida em relação a condições de pH, temperatura e compostos inibidores e ativadores da enzima, mostrando a sua atividade relativa em diferentes condições, importante para se obter uma máxima atividade em estudos posteriores. 37 REFERÊNCIAS 1 Svendsen A. Review: Lipase protein engineering. Biochimica et Biophysica Acta. 2000. 1543: 223-238. 2 Sharma R, Chisti Y, Banerjee UC. Production, purification, characterization, and applications of lipases. Biotechnol. Adv. 2001. 19: 627-662. 3 Rigo E, Ninowa JL, Di Luccio M, Oliveira JV, Polloni A, Remonatto D. Lipase production by solid fermentation of soybean meal with different supplements LWT. Food Sci Technol. 2010. 43 (7): 1132–1137. 4 Konkit M, Kim W. Activities of amylase, proteinase, and lipase enzymes from Lactococcus chungangensis and its application in dairy products. 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