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Queimaduras Causas - Chama / fogo: lesão pelo ar oxidado superaquecido - Escaldadura: lesão pelo contato com líquidos quentes - Contato: lesão pelo contato com materiais sólidos quentes ou frios - Químicas: contato com agentes químicos nocivos - Eletricidade: condução de corrente elétrica através dos tecidos Profundidades 1º grau: lesão localizada na epiderme 2º grau superficial: lesão à epiderme e derme superficial 2º grau profundo: lesão através da epiderme até a derme profunda 3º grau: lesão de espessura total através da epiderme e da derme até a gordura subcutânea 4º grau: lesão através da pele e gordura subcutânea até o osso ou músculo subjacente Tamanho da queimadura A determinação do tamanho da queimadura estima a extensão da lesão. O tamanho da queimadura é geralmente avaliado pela regra dos noves. Via aérea: - Sinais de lesão inalatória: Queimaduras por chama em um espaço fechado; Queimaduras dérmicas de espessura completa ou profundas na face, pescoço ou parte superior do tórax; Pelos nasais chamuscados; Escarro carbonáceo ou partículas de carvão na orofaringe. - IOT precoce quando identificado risco: eritema ou inchaço da orofaringe, rouquidão, estridor, taquipneia ou dispneia, partículas de carvão na face após queimadura em espaço fechado. - A maioria das lesões é por inalação de fumaça tóxica e a menor parte das lesões de via aérea está relacionada a lesão térmica. - Pacientes com lesão inalatória possuem risco para intoxicação por monóxido de carbono, o oxímetro de pulso não é preciso para intoxicação por monóxido de carbono, pois só detecta oxi hemoglobina e deoxi hemoglobina. - Quadro clínico: náusea e dor de cabeça; sonolência e letargia; confusão e agitação; coma e depressão respiratória. - Tratamento: afastamento da exposição, oxigênio suplementar, IOT e ventilação mecânica e oxigênio hiperbárico. Queimadura de primeiro grau (epidérmica): - Causas: queimaduras solares, luz, UV e flash. - Sinais: pele seca, vermelha, fica branca ao ser pressionada, sem bolhas. - Sensação: dor - Tempo de cicatrização: 7 dias - Cicatriz: ausente Queimadura de segundo grau superficial (epiderme e parte da derme papilar): - Causas: escaldadura, fash curto. - Sinais: rosa pálido, com pequenas bolhas, branca se pressionada. - Sensação: extremamente dolorida - Tempo de cicatrização: 14 dias - Cicatriz: discromia, risco baixo para cicatriz hipertrófica. Queimadura de segundo grau profundo (epiderme, toda a derme papilar até a reticular) - Causas: Escaldadura, chama, óleo ou graxa - Sinais: rosa escuro ao vermelho pálido, pode ter grandes bolhas, preenchimento capilar lento ou ausente - Sensação: Dolorida ou sensação reduzida ou ausente - Tempo de cicatrização: 14 - 21 dias - Cicatriz: Moderado a alto risco de cicatriz hipertrófica Queimadura de terceiro grau (espessura total da pele) - Causas: Escaldadura (imersão), chama, vapor, óleo, graxa, produtos químicos, eletricidade de alta tensão. - Sinais: Branca serosa ou carbonizada sem bolhas, sem preenchimento capilar. - Sensação: Ausência de sintomas - Tempo de cicatrização: Não cicatriza, necessário tratamento cirúrgico - Cicatriz: formará cicatriz. Tratamento - Tratamento pré hospitalar I. Antes de serem submetidos a qualquer tratamento específico, os pacientes queimados devem ser removidos do cenário do trauma , e o processo lesivo, interrompido. II. Lesão por inalação sempre deve ser suspeitada e oxigênio a 100% deve ser administrado por máscara. III. Enquanto se remove o paciente do local do trauma, deve-se ter cuidado para que o socorrista não se torne outra vítima: Todos os profissionais de saúde e cuidadores devem estar cientes de que eles podem se ferir pelo contato com o paciente ou roupas do paciente: Precauções universais , incluindo o uso de luvas, aventais, máscara e óculos de proteção, devem ser tomadas quando há probabilidade de contato com sangue ou fluidos corporais. IV. Deve-se apagar o fogo das roupas em combustão e removê-las o mais cedo possível para prevenir lesões adicionais. V. Todos os anéis, relógios, joias e cintos devem ser removidos , pois eles retêm calor e podem produzir um efeito torniquete. VI. Água à temperatura ambiente pode ser vertida no ferimento dentro de 15 minutos da lesão para diminuir a profundidade do ferimento , mas quaisquer medidas subsequentes para refrescar o ferimento devem ser evitadas de modo a prevenir a hipotermia durante as manobras de reanimação. - Avaliação inicial ● ATLS: Como qualquer paciente traumatizado, o paciente queimado deve ser abordado inicialmente com uma avaliação primária e secundária ➔ Na avaliação primária , condições que ameaçam imediatamente a vida são rapidamente identificadas e tratadas. ➔ Na avaliação secundária, procede-se a uma avaliação mais completa da cabeça aos pés, com importância a história clínica, mecanismo e cinemática do trauma e cena do local do acidente. ● Aplicação de um curativo limpo e seco ou de uma bandagem para cobrir a parte envolvida. ● Curativos úmidos não devem ser usados. ● O paciente deve ser envolvido com um cobertor para minimizar a perda de calor e controlar a temperatura durante o transporte. ● Injeções intramusculares ou subcutâneas de narcóticos contra a dor nunca devem ser utilizadas, pois a absorção dos fármacos está reduzida devido à vasoconstrição periférica, isso pode se tornar um problema posteriormente quando o paciente for reanimado e a vasodilatação aumentar a absorção do narcótico depositado, resultando em apneia. - Tratamento hospitalar I. É preciso fazer o cálculo cuidadoso da Superfície Corporal Queimada II. Calcular a reposição volêmica O acesso venoso é mais bem obtido com punção venosa periférica através de pele não queimada e usando cateteres curtos. Entretanto, a punção de veia através de pele queimada pode ser utilizada e é preferível a não punção de acesso intravenoso. - As veias superficiais estão frequentemente trombosadas em lesão de espessura total da pele e, dessa forma, não são apropriadas à punção. - Dissecações de veia safena são úteis em casos de difícil acesso e são preferencialmente usadas em detrimento das punções de acessos centrais devido a menores taxas de complicação. Parkland 2 - 4 ml x %SCQ x Peso (kg): - 2-4 ml para crianças e adultos - Idosos, portadores de insuficiência renal e de insuficiência cardíaca congestiva (ICC) devem ter seu tratamento iniciado com 2 - 3 ml x %SQC x Peso (Kg) e necessitam de observação mais criteriosa quanto ao resultado da diurese. - Use preferencialmente soluções cristalóides (ringer lactato). - Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8h e 50% nas 16h seguintes. - Considere às horas a partir da hora da queimadura ● Mantenha a diurese entre 0,5 - 1 ml/kg/h ● No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina III. Extremidades devem ser examinadas para identificar queimaduras circunferenciais e síndrome compartimental (escarotomias para pressões acima de 40 mmHg) IV. Profilaxia do tétano deve ser considerada V. O uso de ATB sistêmico também tem seu papel na redução da sepse pela queimadura até que ela cicatrize (organismos comuns, incluem S. aureus e pseudomonas). PS: ● Avaliação da extensão da necrose muscular em queimaduras elétricas de compartimentos musculares. ● Queimaduras faciais: realizar coloração fluorescente da córnea e avaliação oftalmológica ● Queimaduras genitais: colocar cateter uretral ● Queimaduras perineais: colocar cateter retal Curativos - Pomadas antibióticas - Sulfadiazina de prata: ● Antibiótico de amplo espectro; ● Indolor e fácil de usar; ● Não penetra a escara;● Pode provocar pigmentações negras de íons prata; ● Inibição leve de epitelização; Outras opções: acetato de mafenida, bacitracina, neomicina, polimixina B, nistatina e mupirocina. - Solução antibiótica: Nitrato de prata a 0,5% ● Eficaz contra todos os microorganismos. ● Mancha às áreas tratadas; ● Retira sódio de feridas; ● Pode causar metahemoglobinemia Outras opções: acetato de mafenide a 5%; hipoclorito de sódio 0,0025%,ácido acético a 0,25% - Coberturas sintéticas: ● Opsite: fornece uma barreira de umidade; diminuição da dor na ferida; uso complicado pelo transudato e exsudato, exigindo a remoção; sem propriedades antimicrobianas. ● Biobrane: Fornece uma barreira para a ferida; associada a diminuição da dor; uso complicado pelo acúmulo de exsudato, trazendo risco de infecção invasiva da queimadura; sem propriedades antimicrobianas ● Transcyte: Fornece uma barreira para a ferida; diminuição da dor; cicatrização acelerada; uso complicado pelo acúmulo de exsudato; sem propriedades antimicrobianas. ● Integra: Proporciona o fechamento completo da ferida e deixa um equivalente dérmico; é trocado esporadicamente; propriedades antimicrobianas. - Coberturas biológicas ● Xenoenxertos (pele de porco e tilápia): Fecha completamente a ferida, fornece alguns benefícios imunológicos, deve ser removido ou pelo menos não ser impedido de se soltar. ● Aloenxerto (pele de cadáver ou homoenxertos): Fornece todas as funções normais da pele, pode deixar um equivalente dérmico, epitélio deve ser removido e pelo menos não ser impedido de se soltar. Indicação de centro de referência - Queimaduras de espessura parcial com SCQ >10%, queimaduras em face, mãos, pés, genitália, períneo e grandes articulações, queimaduras de espessura total com qualquer extensão. - SQC>5% em crianças de até 2 anos; SCQ >10% em crianças de 3 -10 anos ou idosos a partir de 65 anos. - SQC >15% em crianças de 10 - 15 anos: SCQ >20% em adultos de até 65 anos. - Queimadura elétrica ou química, lesão inalatória associada a comorbidades que possam prolongar o tratamento ou piorar o prognóstico, traumas associados (quando a queimadura representa maior risco de morbimortalidade). - Necessidade de reposição volêmica para controle do choque, queimaduras circunferenciais, pacientes em necessidade de suporte psicossocial e reabilitação a longo prazo; crianças em locais sem recursos humanos e estrutura adequados para o cuidado.
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