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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA RICARDO FÉLIX DE MORAIS MÚSICA BRASILEIRA PARA TROMBONE SOLO DOS SÉCULOS XX E XXI: UMA ABORDAGEM AUTOETNOGRÁFICA DA PREPARAÇÃO DAS MÚSICAS FANTASIA SUL AMÉRICA (1983), SERRA DE TREMITAÇÃO (2013) E 3 MOMENTOS PARA TROMBONE SOLO (2017) NATAL – RN 2021 RICARDO FÉLIX DE MORAIS MÚSICA BRASILEIRA PARA TROMBONE SOLO DOS SÉCULOS XX E XXI: UMA ABORDAGEM AUTOETNOGRÁFICA DA PREPARAÇÃO DAS MÚSICAS FANTASIA SUL AMÉRICA (1983), SERRA DE TREMITAÇÃO (2013) E 3 MOMENTOS PARA TROMBONE SOLO (2017) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Música (PPGMUS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na linha de pesquisa – Processos e dimensões de produção artística, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Música. Orientador: Prof. Dr. Ranilson Bezerra de Farias NATAL – RN 2021 Catalogação de Publicação na Fonte Biblioteca Setorial Pe. Jaime Diniz - Escola de Música da UFRN Mm Morais, Ricardo Félix de. Música brasileira para trombone solo dos séculos XX e XXI: uma abordagem autoetnográfica da preparação das músicas Fantasia Sul América (1983), Serra de Tremitação (2013) e 3 Momentos para Trombone Solo (2017) / Ricardo Félix de Morais. – Natal, 2021. 196f. : il. ; 30 cm. Orientador: Ranilson Bezerra de Farias. Dissertação(mestrado) – Escola de Música, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2021. 1. Música brasileira – Dissertação. 2. Séculos XX e XXI – Dissertação. 3. Trombone solo – Dissertação. 4. Catalogação – Dissertação. 5. Autoetnografia – Dissertação. I. Farias, Ranilson Bezerra de. II. Título. RN/BS/EMUFRN CDU 788.2 Elaborada por: Rayssa Ritha Marques Gondim Fernandes – CRB-15/Insc. 812 RICARDO FÉLIX DE MORAIS MÚSICA BRASILEIRA PARA TROMBONE SOLO DOS SÉCULOS XX E XXI: UMA ABORDAGEM AUTOETNOGRÁFICA DA PREPARAÇÃO DAS MÚSICAS FANTASIA SUL AMÉRICA (1983), SERRA DE TREMITAÇÃO (2013) E 3 MOMENTOS PARA TROMBONE SOLO (2017) BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________ PROF. DR. RANILSON BEZERRA DE FARIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) ORIENTADOR _________________________________________________________ PROF. DR. MARCOS FLÁVIO DE AGUIAR FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) MEMBRO EXTERNO _______________________________________________________ PROF. DR. ALEXANDRE MAGNO E SILVA FERREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) MEMBRO EXTERNO NATAL-RN 28 de Junho de 2021 RESUMO Esta pesquisa investiga sobre o processo preparatório das obras musicais Fantasia Sul América (1983), Serra de Tremitação (2013) e 3 Momentos para Trombone Solo (2017). A partir do método da autoetnografia, discutimos sobre as principais estratégias de estudos aplicadas para a superação de 11 principais dificuldades técnico- interpretativas inicialmente encontradas durante o processo. O trabalho está dividido em 7 capítulos de desenvolvimento, os quais apresentam (1) introdução, (2) um catálogo de obras do repertório brasileiro para trombone solo dos séculos XX e XXI, (3) os critérios estabelecidos para a escolha do repertório selecionado e as principais dificuldades técnico-interpretativas emergentes dele, (4) uma discussão sobre rotina e estratégias de estudos aplicadas ao trombone construída a partir de uma revisão de literatura e da fala de 15 trombonistas profissionais entrevistados, (5) estratégias de estudos para a superação das dificuldades elencadas no capítulos 3, sugeridas pelos entrevistados, (6) uma discussão sobre o processo preparatório do repertório selecionado e (7) as considerações finais. Palavras-chave: música brasileira; séculos XX e XXI; trombone solo; catalogação; autoetnografia. ABSTRACT This research investigates the preparatory process of the music Fantasia Sul América (1983), Serra de Tremitação (2013) and 3 Moments for Trombone Solo (2017). From the method of autoethnography, we discuss about the main strategies of study applied to overcome 11 main technical-interpretative difficulties encountered during the process. The work is divided into 7 development chapters, which present (1) introduction, (2) a catalog of music from the Brazilian repertoire for solo trombone of the 20th and 21st centuries, (3) the criteria of selected for the choice of the selected repertoire and the main technical-interpretative difficulties emerging from it, (4) a discussion of the routine and study strategies applied to the trombone built from a literature review and the speaks of 15 professional trombonists interviewed, (5) study strategy for overcoming the difficulties listed in chapters 3, suggested by the interviewees, (6) a discussion about the preparatory process of the selected repertoire and (7) the final considerations. Keywords: brazilian music; centuries XX and XXI; solo trombone; cataloguing; autoethnography. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11 2 O REPERTÓRIO BRASILEIRO PARA TROMBONE SOLO DOS SÉCULOS XX E XXI ...................................................................................................................... 19 2.1 ÍNDICE GERAL ...................................................................................................... 27 2.2 OBRAS DO SÉCULO XX ....................................................................................... 30 2.2.1 Obras para trombone tenor ................................................................................ 30 2.2.2 Obras para trombone baixo................................................................................ 56 2.3 OBRAS DO SÉCULO XXI ..................................................................................... 58 2.3.1 Obras para trombone alto .................................................................................. 58 2.3.2 Obras para trombone tenor ................................................................................ 62 2.3.3 Obras para trombone baixo................................................................................ 87 2.3.4 Obras para trombone contrabaixo .................................................................... 96 3 REPERTÓRIO SELECIONADO E AS SUAS PRINCIPAIS DIFICULDADES TÉCNICO-INTERPRETATIVAS INICIALMENTE ENCONTRADAS ............ 100 3.1 SERRA DE TREMITAÇÃO .................................................................................. 101 3.1.1 Realizar multifônicos (compassos 16-20, 31-32, 39-41, 50, 54-55, 59, 62, 64-65 e 67- 68 do primeiro movimento) .............................................................................. 101 3.1.2 Realizar Slap Tongue (compassos 36-39 e 61 do primeiro movimento) ....... 103 3.1.3 Realizar trechos rápidos (compassos 47-49 do primeiro movimento e 51-61 do terceiro movimento) ................................................................................................... 103 3.1.4 Realizar molto vibrato em andamento lento de 70 bpm (todo o segundo movimento) .................................................................................................................. 105 3.1.5 Realizar notas agudas (compassos 17, 19, 21, 24-25 e 56 do segundo movimento; 61-63 do terceiro movimento) .............................................................. 106 3.1.6 Realizarnotas longas na região aguda (compassos 1-13 do terceiro movimento) .................................................................................................................. 107 3.1.7 Realizar o frulato na região grave em dinâmica ff (compassos 41-43 do segundo movimento) ................................................................................................... 107 3.2 FANTASIA SUL AMÉRICA ................................................................................ 107 3.2.1 Realizar glissando ascendente (compassos 1-2, 20-31 e 53) ........................... 108 3.2.2 Realizar notas agudas (compasso 101)............................................................. 108 3.2.3 Realizar grandes intervalos (compasso 9, 17-18 e 101-102) ........................... 108 3.2.4 Realizar staccatos triplos (compasso 25, 27-28, 32-34 e 69-93) ..................... 109 3.2.5 Realizar as notas Ab1 e G1 (compasso 43-44) ................................................. 110 3.3 MOMENTOS PARA TROMBONE SOLO ........................................................... 110 3.3.1 Realizar ligadura em intervalos de oitava ascendente (compassos 32, 55 e 72 no primeiro movimento) ............................................................................................ 110 3.3.2 Realizar glissando ascendente (compassos 40, 80, 94 e 100 do primeiro movimento) .................................................................................................................. 111 3.3.3 Realizar o legatissimo (todo o segundo movimento) ...................................... 112 3.3.4 Realizar multifônicos (155-163, 165, 167 e 186-187 no segundo movimento; 232-235 no terceiro movimento) ................................................................................ 113 3.3.5 Realizar notas agudas (compasso 254 no terceiro movimento) ..................... 114 4 ROTINA E ESTRATÉGIAS DE ESTUDOS PARA A PREPARAÇÃO E REALIZAÇÃO DA PERFORMANCE MUSICAL APLICADAS AO TROMBONE .............................................................................................................. 115 4.1 UMA COMPREENSÃO A PARTIR DA LITERATURA .................................... 115 4.2 UMA COMPREENSÃO A PARTIR DE UM GRUPO DE TROMBONISTAS ENTREVISTADOS ..................................................................................................... 122 5 SUGESTÕES DE ESTUDOS REALIZADAS PELO GRUPO DE TROMBONISTAS ENTREVISTADOS PARA A SUPERAÇÃO DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES TÉCNICO-INTERPRETATIVAS INICIALMENTE ENCONTRADAS ........................................................................ 139 5.1 REALIZAÇÃO DOS MULTIFÔNICOS ............................................................... 139 5.1.1 Estudar fora da peça ......................................................................................... 139 5.1.2 Dominar solfejo .................................................................................................. 139 5.1.3 Desenvolver os princípios do canto .................................................................. 140 5.1.4 Realizar aquecimento com a voz ...................................................................... 140 5.1.5 Realizar vocalizes utilizando uma mesma nota como pedal .......................... 140 5.1.6 Desenvolver formas e variações de estudos para aplicá-los na rotina .......... 140 5.1.7 Praticar combinações entre o buzzing e cantar uma nota simultaneamente..........................................................................................................140 5.1.8 Inicialmente procurar emitir qualquer som vocal.......................................... 140 5.1.9 Iniciar por intervalos mais simples e de maiores resultados: quartas quintas e sextas.............................................................................................................................141 5.1.10 Estudar os intervalos inicialmente de forma melódica e em seguida de forma harmônica .................................................................................................................... 141 5.1.11 Estudar utilizando a surdina plunger ............................................................ 141 5.1.12 Equalização dos sons: cantar mais forte do que toca ................................... 142 5.2 REALIZAÇÃO DE NOTAS AGUDAS ................................................................ 142 5.2.1 Desenvolver o controle dessa região................................................................. 142 5.2.2 Estudar nota por nota ....................................................................................... 142 5.2.3 Trabalhar o condicionamento .......................................................................... 143 5.2.4 Estudar do grave (ou de uma região de conforto) ao agudo .......................... 143 5.2.5 Pensar em uma vogal específica para cada região ......................................... 144 5.2.6 Estudos técnicos específicos para essa dificuldade ......................................... 144 5.2.7 Vibração labial ................................................................................................... 144 5.2.8 Estudos dos métodos Borgdoni, Arban, Peretti, André Lafosse, Gagliardi, Slokar ........................................................................................................................... 145 5.2.9 Escalas, Glissandos e combinações entre os dois ............................................ 146 5.2.10 Entendimento de como tocar o agudo ........................................................... 146 5.3 REALIZAÇÃO DE GLISSANDO ASCENDENTE ............................................. 148 5.3.1 Estudos de flexibilidade e intervalos ................................................................ 148 5.3.2 Valorizar a nota de saída e a nota de chegada ................................................ 148 5.3.3 Conduzir o efeito com o ar ................................................................................ 149 5.3.4 Realizar combinações entre ligaduras e o glissando ...................................... 149 5.4 REALIZAÇÃO TRECHOS RÁPIDOS ................................................................. 150 5.4.1 Dominar um conjunto de elementos técnicos .................................................. 150 5.4.2 Representar a música do jeito mais simples .................................................... 150 5.4.3 Escalas ................................................................................................................ 151 5.4.4 Tocar com leveza ............................................................................................... 151 5.4.5 Utilizar as posições alternativas ....................................................................... 151 5.4.6 Estudar com o metrônomo a partir de um andamento lento e/ou confortável e aumentar o ritmo aos poucos 3 .................................................................................. 152 5.4.7 Estudo de staccato simples por meio de repetição de notas ........................... 153 5.4.8 Fragmentar o trecho e criar padrões ............................................................... 154 5.5 REALIZAÇÃO DE STACCATOS TRIPLOS ....................................................... 154 5.5.1 Trabalhar fora da peça ..................................................................................... 154 5.5.2 Estudar diversos tipos de ataque de notas ...................................................... 154 5.5.3 Escolher a melhor silabação ............................................................................. 154 5.5.4 Estudar gradativamente do lento para o rápido com o metrônomo ............. 155 5.5.5 Simplificar e em seguida agregar dificuldades ............................................... 156 5.5.6 Combinar estudos de notas repetidas com escalas .........................................156 5.5.7 Estudos dos métodos Arban e Lafosse ............................................................. 157 5.6 REALIZAÇÃO DE GRANDES INTERVALOS .................................................. 157 5.6.1 Ter os intervalos claros na cabeça e no ouvido ............................................... 157 5.6.2 Buscar o menor movimento da bucal possível ................................................ 157 5.6.3 Criar exercícios e inseri-los na rotina diária ................................................... 158 5.6.4 Respirar na mesma nota ................................................................................... 158 5.6.5 Estudar inicialmente inserindo pausas entre as notas ................................... 158 5.6.6 Exercícios dos métodos Coplas, Müller, Arban, Gagliardi, Mckay e Schlossberg .................................................................................................................. 158 5.6.7 Escalas com intervalos ...................................................................................... 159 5.7 REALIZAÇÃO DE LIGADURAS EM INTERVALOS DE 8ª ASCENDENTES.......................................................................................................... .160 5.7.1 Manutenção do fluxo do ar ............................................................................... 160 5.7.2 Estudar inicialmente sem ligadura e separando o intervalo.......................... 160 5.7.3 Apoiar com mais som a nota de baixo ............................................................. 161 5.7.4 Estudos de intervalos, articulação e dos métodos Arban, Gagliardi, Rochut e Hamilton ...................................................................................................................... 161 5.7.5 Evitar glissandos entre as notas ....................................................................... 162 5.7.6 Criar exercícios .................................................................................................. 162 5.8 REALIZAÇÃO DE SLAP TONGUE .................................................................... 162 5.8.1 Soprar no instrumento e interromper o fluxo do ar com um golpe de língua.............................................................................................................................162 5.8.2 Primeiro praticar sem o instrumento para entender como utilizar a língua e a quantidade de ar ......................................................................................................... 163 5.9 REALIZAÇÃO DE NOTAS LONGAS NA REGIÃO AGUDA .......................... 163 5.9.1 Respirar durante a nota .................................................................................... 163 5.9.2 Utilizar vibrato ................................................................................................... 164 5.9.3 Identificar a real dificuldade e praticar exercícios específicos ...................... 164 5.9.4 Desenvolver estudos para inseri-los na rotina ................................................ 164 5.9.5 Incorporar as notas cantando o trecho e tocando na região grave ............... 165 5.9.6 Praticar dentro do estudo de escalas................................................................ 165 5.9.7 Respiração, precisão, controle do fluxo de ar e condicionamento físico ...... 165 5.9.8 Poupar o ar no início da nota ........................................................................... 166 5.9.9 Economizar energia ........................................................................................... 166 5.10 REALIZAÇÃO DO FRULATO NA REGIÃO GRAVE EM DINÂMICA FF ... 166 5.10.1 Equilibrar os três efeitos ................................................................................. 166 5.10.2 Diversificar os estudos da região grave ......................................................... 167 5.10.3 Exercitar o frulato durante os estudos de nota longa e de glissandos ........ 167 5.10.4 Desenvolver uma embocadura estável e relaxada ........................................ 168 5.10.5 Utilizar bastante ar e dominá-lo ..................................................................... 168 5.10.6 Estudar primeiramente na oitava superior ou em uma região de conforto mais próxima da que está escrito .............................................................................. 168 5.11 EXECUTAR A NOTA AB -1 .............................................................................. 169 5.11.1 Saber entender e lidar com a compressão do ar ........................................... 169 5.11.2 Métodos de Charles Vernon, Gagliardi, Brad Edwards, Schlossberg ........ 169 5.11.3 Praticar a partir do “ponto crucial” ou de uma “zona confortável” .......... 170 5.11.4 Estudos de glissando ........................................................................................ 170 5.11.5 Conectar diversos tipos de estudos................................................................. 170 5.11.6 Realizar adequações na embocadura ............................................................. 171 5.11.7 Identificar o local de “quebra” da embocadura ........................................... 171 6 PREPARAÇÃO DO REPERTÓRIO SELECIONADO ...................................... 173 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 183 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 186 APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA APLICADA COM 15 TROMBONISTAS PROFISSIONAIS ............................... 192 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..........................................................................................................194 APÊNDICE C – CARTA DE AGRADECIMENTO ............................................... 195 APÊNDICE D – INTERPRETAÇÃO DAS MÚSICAS PESQUISADAS ............. 196 11 1 INTRODUÇÃO As novas ideias e concepções que vêm moldando a poética musical desde o século XX contribuíram significativamente para o desenvolvimento do trombone como um instrumento solístico. Seja no cenário nacional, seja no internacional, observamos um constante aumento na quantidade de músicas que compõem esse tipo de repertório e de trombonistas com um alto nível de expertise que se propõem a interpretar essas obras. A realização desse tipo de repertório passou a exigir novas habilidades dos intérpretes, na medida em que os compositores passaram a cultivar novas técnicas que resultaram no surgimento e descobrimento de novos sons. Assim, a aquisição ou aprimoramento dessas habilidades tem tornado a interpretação das músicas desse período cada vez mais desafiadora e, no caso das músicas para instrumento solo sem acompanhamento, os desafios podem ser ainda maiores. O repertório para instrumento sem acompanhamento é um desafio às habilidades interpretativas do instrumentista. O intérprete de uma obra sem acompanhamento torna-se o principal elemento responsável pela transmissão do conteúdo musical ao ouvinte e pela constituição do cenário musical (LOPES, 2012, p. 1). Entretanto, o fato de Botelho (2017) ter constatado que o repertório para trombone solo1 não ser amplamente utilizado pelos professores do instrumento nas universidades brasileiras, levantamos a hipótese de que muitas das soluções encontradas pelos trombonistas que interpretam esse tipo de repertório específico não são largamente compartilhadas, principalmente no meio acadêmico. Nesse sentido, Borém (2006, p. 46) ressalta que “no mundo da performance musical, grandes instrumentistas e cantores permanecem como uma memória inacessível às gerações posteriores que não tiveram a oportunidade de ouvi-los enquanto eram ativos como intérpretes e compositores”. Diante desse panorama, especialmente no cenárionacional, observamos 2 pontos importantes a serem investigados, os quais estão inseridos nesta pesquisa: (1) a realização de uma catalogação para melhor organizar o grande número de obras para trombone solo produzidas no século XX e XXI e (2) a realização de uma pesquisa que compartilhe as estratégias de estudo utilizadas por diversos trombonistas para interpretar as músicas do repertório catalogado. Para o desenvolvimento da catalogação, tomamos como base o trabalho de Silva (2002), em que dentre as obras do século XX para trombone catalogadas pelo autor, fizemos um recorte das músicas solo e em seguida iniciamos pesquisas bibliográficas e 1 Esclarecemos que a aplicação do termo solo faz referência à formação musical sem acompanhamento. 12 documentais, objetivadas na ampliação do número de obras escritas durante o século XX para a construção de um catálogo que também contempla peças compostas no século XXI, apresentado no capítulo 2 desta dissertação. O segundo ponto foi desenvolvido a partir de 03 obras selecionadas, representativas dentre as catalogadas e que atenderam os seguintes critérios: (01) obras nunca estudadas pelo pesquisador intérprete; (02) uma obra em que o compositor também seja trombonista – 3 Momentos para Trombone Solo (2017) de Hugo Pinheiro (1979); (03) uma obra resultante de um processo colaborativo entre intérprete e compositor – Serra de Tremitação (2013) de Diego Silveira (1975) e (04) uma obra que não contemple os critérios (02) e (03) – Fantasia Sul América (1983) de Cláudio Santoro (1919 – 1989). Para alcançarmos o objetivo de identificar e sugerir possíveis resoluções para os principais desafios técnico-interpretativos existentes no processo de preparação das três peças para trombone solo: Fantasia Sul América (1983) – Cláudio Santoro (1919 – 1989), Serra de Tremitação (2013) – Diego Silveira (1975-) e 3 Momentos para Trombone Solo (2017) – Hugo Pinheiro (1979-), apoiamo-nos no método da autoetnografia para o desenvolvimento desta pesquisa artística. Esse objetivo revelou-se a partir do seguinte questionamento: quais são os principais desafios técnico-interpretativos existentes na preparação das três peças para trombone solo: Fantasia Sul América (1983) – Cláudio Santoro (1919 – 1989), Serra de Tremitação (2013) – Diego Silveira (1975) e 3 Momentos para Trombone Solo (2017) – Hugo Pinheiro (1979)? Observamos que a construção da resposta a essa pergunta de pesquisa requer a preparação e/ou estudo do Repertório pesquisado, ou seja, uma prática artística, que nos permitiu situar este trabalho como uma pesquisa artística, pois esse modelo consiste em “um processo de produção de conhecimento a partir da experiência prática” (LÓPEZ-CANO, 2015, p. 71) e “em geral, aborda questões e problemas que não podem ser tratados em contextos carentes de um alto nível de prática artística ou sem a participação de profissionais artísticos”2 (LÓPEZ-CANO; OPAZO, 2014, p. 41, tradução nossa), que no entendimento de Benetti (2017, p. 149) sobre esse contexto, “a pergunta/problema de investigação requer a prática artística para ser respondida. [...] e a investigação artística só pode ser desenvolvida por um artista prático – um performer investigador”. Assim, “não só as perguntas de pesquisa emergem da prática artística, mas também são resolvidas através dela [prática artística], esse ciclo de interação prática/reflexão 2 “En general, aborda preguntas y problemas que no pueden ser atendidas en contextos carentes de un nivel de práctica artística alto o sin la participación de profesionales artísticos”. 13 desenvolve um papel importante nas diversas abordagens metodológicas”3 (Polifonia Research Working Group, 2010, p. 55 apud LÓPEZ-CANO; OPAZO, 2014, p. 45, tradução nossa). “Deste modo, a pesquisa se realiza “em e através” dos mesmos objetos e processos que formam parte dos produtos da pesquisa. São ao mesmo tempo o meio e o resultado da investigação” (LÓPEZ-CANO, 2015, p. 73). Em suma: A pesquisa artística emerge como uma modalidade de pesquisa que visa contribuir para o conhecimento da área ao revelar o entrelaçamento entre os conhecimentos tácitos e explícitos a partir da ação e da reflexão do performer sobre o processo de criação artística” (DOMENICI, 2012, p. 177). A partir das colocações dos autores supracitados, definimos que este trabalho possui uma abordagem qualiquantitativa, objetivo descritivo e natureza aplicada, uma vez que terá a figura do intérprete como pesquisador de sua própria prática. Embora Davidson (2004), comente que: Na preparação de uma peça, muitos performers investigam qual o melhor som e o porquê. Esses performers podem de alguma forma se engajar com a pesquisa musicológica. [...] A preparação para a performance é muitas vezes, portanto, um processo de pesquisa: variáveis são manipuladas, assim como hipóteses são testadas4 (DAVIDSON, 2004, 134, tradução nossa). Corroboramos com López-Cano (2015, p. 71) e acrescentamos que toda “atividade artística é produtora de conhecimento”, desde que “o seu propósito seja aumentar o nosso conhecimento e compreensão, levando adiante uma pesquisa original em e através de objetos artísticos e processos criativos” (BORGDORFF, 2012, p. 53). Entre algumas das mais recorrentes categorias de investigação científica desenvolvidas por performers, citadas por Benetti (2017, p. 148), apresentamos aqui as que melhor se relacionam com esta pesquisa: [...] preparação técnico-mecânica para a execução (MACRITCHIE, 2011; THEORO, 2011); estratégias de estudo (BENETTI, 2013a; GERLING, 2014); [...] gestos e movimentos físicos (MCCALEB, 2011; PÓVOAS, 2011); processo de memorização (LISBOA, 2011; HARPER et al., 2011) [...] (BENETTI, 2017, p. 148). Ainda, é necessário considerarmos que: 3 “[...] no sólo las preguntas de investigación emergen de la práctica artística, sino que también se resuelven a través de ésta, el bucle de retroalimentación práctica/reflexión juega un importante rol en las diversas aproximaciones metodológicas”. 4 “For in the preparation of a piece, many performers investigate what sounds best and why. These performers may engage in some form of musicological research, or use an existing research literature such as the findings presented in the rest of the current volume as a grounding for their own performance. The preparation for performance is often, therefore, a research process: variables being manipulated, as hypotheses are tested”. 14 Não existe uma metodologia própria ou exclusiva para a pesquisa artística em música. Cada projeto tem que eleger as estratégias, técnicas ou rotas metodológicas mais convenientes para responder as questões de pesquisa. Em geral, cada parte ou seção do processo exigirá uma estratégia específica5 (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 83, tradução nossa) Os autores Lópes-Cano e Opazo (2014) aconselham utilizar modelos de pesquisa reconhecidos no meio acadêmico, e caso seja necessário, é pertinente adaptá-los. Com base nessa recomendação, optamos por uma pesquisa autoetnográfica, pois esse campo de pesquisa possui: [...] uma série de recursos metodológicos, estratégias de investigação, e formas de discurso acadêmico praticados na antropologia e nas ciências sociais há muito tempo, e que são cada vez mais utilizados no campo da pesquisa artística com variações e adaptações diferentes6 (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 138, tradução nossa). Benetti (2017) é outro autor que comenta sobre a utilização da autoetnografia como método de investigação artística, que inclusive é o título de seu trabalho. Em sua abordagem, aponta que: [...] a autoetnografia é um método adequado de pesquisa relacionado a performance musical na medidaem que registra de forma eficiente o processo habitual de prática do instrumentista e fornece uma descrição completa sobre os elementos envolvidos (ex. processos mentais e físicos envolvidos na execução) (BENETTI, 2017, p. 147). Nessa perspectiva, López-Cano e Opazo (2014) acrescentam que: Os recursos da autoetnografia podem ser utilizados a qualquer momento na pesquisa artística: para modelar questões de pesquisas mais operativas e produtivas; para gerar ideias novas; para documentar processos e momentos criativos que precisam ser detalhados, analisados e avaliados no trabalho; para registrar percepções, opiniões, ou emoções em relação a outras tarefas de pesquisa; etc.7 (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 143, tradução nossa). Observando a autoetnografia de uma maneira mais ampla, para além da pesquisa artística, Adams, Jones e Ellis (2015, p. 1, tradução nossa) destacam que “a autoetnografia é 5 “No existe una metodología propia o exclusiva para la investigación artística en música. Cada proyecto tiene que elegir las estrategias, técnicas o rutas metodológicas más convenientes para responder a sus preguntas de investigación. Por lo general cada parte o sección del proceso requerirá alguna estrategia particular”. 6 “[...] una serie de recursos metodológicos, estrategias de investigación y formas de discurso académico que se practican en la antropología y ciencias sociales desde hace tiempo y que cada vez se emplean más en el ámbito de la investigación artística con diferentes matices y adaptaciones”. 7 “Los recursos de la autoetnografía se pueden emplear en cualquier momento de la investigación artística: para modelar las preguntas de investigación más operativas y productivas; para generar ideas (heurística); para documentar procesos y momentos creativos que se han de detallar, analizar o evaluar en el trabajo; para registrar percepciones, opiniones o emociones en relación a otras tareas de investigación; etc”. 15 um método de pesquisa que [...] reconhece e valoriza o relacionamento de um pesquisador com o outro”8. Nessa perspectiva, Kock, Godoi e Lenzi (2012) comentam que: A autoetnografia, [...] representa um gênero da etnografia que aprofunda a pesquisa nas múltiplas lacunas da consciência do indivíduo relacionando-o com o meio em que está inserido através da experiência pessoal. [...]. A reflexão na autoetnografia contextualiza a voz do indivíduo e do grupo na experiência vivida. O olhar de cada envolvido gera forças para as vozes do coro. [...]. Desta forma, a reflexão pessoal não se torna uma verdade única, mas sim a reflexão sobre os discursos pessoais analisados como grupo (KOCK; GODOI; LENZI, 2012, p. 95). As considerações dos autores Kock, Godoi e Lenzi (2012) reforçam a importância da aplicação de entrevistas semiestruturadas com outros trombonistas em uma das etapas metodológicas desta pesquisa. Os entrevistados são considerados no âmbito da pesquisa como integrantes do meio, do grupo, são as vozes que compõem o coro supracitado pelos autores e não colocam em detrimento a experiência do pesquisador-intérprete, ao contrário disso, fortalecem a discussão e a construção do conhecimento a partir de possíveis convergências e divergências. Dito isso, assim como Fabrício Silva (2018), tomamos como base o trabalho de Benetti Jr. (2013) e convidamos vinte trombonistas profissionais do cenário nacional e internacional de carreira consolidada, que atuam como professores do instrumento em universidades, conservatórios e/ou escolas de música especializadas, músicos de orquestra e performers, para participarem de uma entrevista semiestruturada. Desses, 159 aceitaram o convite e concederam as entrevistas que foram realizadas por meio de vídeoconferência (9) e de maneira presencial (6), entre os meses de agosto e outubro do ano de 2019. O número de entrevistados está adequado às recomendações de Bauer e Gaskell (2002, p. 71), de acordo com os autores, “[...] há um limite máximo ao número de entrevistas que é nescessário fazer, e possível analisar. Para cada pesquisador, este limite é algo entre 15 e 25 entrevistas 8 [...] autoethnography is a research method that [...] acknowledges and values a researcher's relationships with others. 9 Os trombonistas que aceitaram o convite em participar das entrevistas foram: Carlos Freitas – professor de trombone da Escola de Música do Estado de São Paulo e trombonista da Orquestra Sinfônica da USP; Fábio Carmo Plácido – professor de trombone da Universidade Estadual do Amazonas; Gilvando Pereira da Silva – professor de trombone da Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Jackes Douglas – professor de trombone da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; João Luiz Areias – professor de trombone da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; José Milton Vieira – trombonista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre; Klênio Barros – trombonista da Orquestra Sinfônica das Beiras9; Lito Fontana – solista internacional; Marcos Botelho – professor de trombone da Universidade Federal de Goiás; Marcos Flávio – professor de trombone da Universidade Federal de Minas Gerais; Martin Bonilla – professor de trombone da Universidade de Costa Rica e trombonista da Orquestra Sinfônica Nacional de Costa Rica; Pablo Fenoglio – trombonista da Orquestra do Teatro Colón; Raphael Paixão – trombonista da Orquestra Sinfônica Brasileira, Ricardo Pacheco – trombonista da Orquestra Nacional do Teatro Cláudio Santoro; e Rodrigo dos Santos – professor de trombone da Universidade Federal do Cariri. 16 individuais [...]”. As entrevistas tiveram o intuito de ouvir sugestões de estudos e estratégias de estudos que aliadas à experiência do pesquisador-intérprete auxiliaram na superação das dificuldades encontradas durante o processo de preparação das obras já mencionadas. Sobre essa etapa metodológica, Kock, Godoi e Lenzi (2012) observam que: A utilização da entrevista na autoetnografia é discutida por autores como Ellis e Bochner (2000), que alertam para ausência de modelo e padronização na escolha das técnicas autoetnográficas, deixando-as ao critério do pesquisador. A ação da entrevista não busca uma resposta “verdadeira”, muito menos a “real realidade”, mas sim a compreensão do que forma essa realidade na percepção do outro. Aceitar os pensamentos múltiplos e a subjetividade de cada discurso contribui para a construção do objeto, uma vez que cada entrevista possibilita ao pesquisador reviver, com nova versão, os acontecimentos. As entrevistas contribuem para a construção do discurso coletivo, da união entre o prisma do pesquisador com o de cada envolvido (KOCK; GODOI; LENZI, 2012, p. 97). No que se refere à pesquisa artística, Lopez-Cano e Opazo (2014) também validam a aplicação de entrevistas como um instrumento de coleta de dados deste tipo de pesquisa, para os autores: As fontes de informações que sustentam a pesquisa artística são as mesmas de outros tipos de pesquisa: aquela obtida de documentos ou de metodologias quantitativas e qualitativas. Entretanto, nessa modalidade (de pesquisa) artística possuem a mesma validez e autoridade que: opiniões de músicos excepcionais expressas em conferências ou entrevistas, sejam preexistentes ou realizadas durante o processo de investigação; as soluções que músicos reconhecidos dão a problemas artísticos registradas através de anotações em partituras, gravações em discos ou vídeos; a informação que o pesquisador pode obter por meio da observação e reflexão de sua própria prática artística; etc.10 (LÓPEZ-CANO; OPAZO, 2014, p. 46, tradução nossa). Com base no ponto de vista dos autores mencionados, registraremos e documentaremos todo o processo de preparação do repertório envolvido nesta pesquisa, a partir de duas dentre as cinco estratégias11expostas por López-Cano e Opazo (2014, 146): a auto-observação e a autorreflexão. Essas se relacionam, sendo que a “auto-observação é equivalente à observação participante dos métodos qualitativos acadêmicos, mas refere-se ao próprio sujeito que realiza a observação”12 (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 150, tradução 10 “Las fuentes de información que sustentan la investigación artística son las mismas de otro tipo de investigaciones: la obtenida desde documentos o a partir de metodologías cuantitativas y cualitativas. No obstante, en esta modalidad artística tienen la misma validez y autoridad aspectos como: opiniones de músicos destacados expresados en conferencias o entrevistas, ya sean éstas preexistentes o realizadas ex profeso para la investigación; las soluciones que músicos reconocidos dan a problemas artísticos y su registro a través de anotaciones en partituras, grabaciones en discos o vídeos; la información que el investigador puede obtener de la observación y reflexión de la propia práctica artística; etc”. 11 As cinco estratégias expostas (ibid) são: a memória pessoal, a auto-observação, a autorreflexão, as entrevistas autoetnogáficas e a análise de artefatos pré-existentes. 12 “La autobservación es el equivalente de la observación participante de los métodos cualitativos académicos, pero referida al propio sujeto que realiza la observación”. 17 nossa), e é complementada pela autorreflexão, resultando em “uma maneira de pensar sobre si mesmo que implica introspecção, análise e avaliação do que fazemos, além de apenas observarmos o que estamos fazendo”13 (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 159, tradução nossa). As auto-observações a serem realizadas utilizaram as três modalidades de estratégias propostas pelos autores López-Cano e Opazo (2014, p. 151): a auto-observação indireta, por meio de gravações de áudio e vídeo das ações artísticas objeto de estudo, por exemplo, as seções de estudo (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 152); a auto-observação direta, por meio de anotações em um diário de estudos, realizadas durante as seções dos estudos (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 152); e a auto-observação interativa, relacionando e contrastando as minhas práticas com as práticas de outros artistas/pesquisadores que possuem os mesmos interesses e questionamentos (LÓPES-CANO; OPAZO, 2014, p. 153). A realização desta pesquisa artística percorre sequencialmente as seguintes etapas metodológicas: (1) levantamento e catalogação do repertório, (2) seleção das obras pesquisadas, (3) identificação das características e das principais dificuldades técnico- interpretativas do repertório pesquisado, (4) aplicação de entrevistas com trombonistas profissionais, (5) planejamento e aplicação de estratégias de estudos e (6) considerações sobre a aplicação da etapa anterior. O trabalho está organizado em cinco capítulos de desenvolvimento, em que no primeiro introduzimos a discussão, no segundo apresentaremos uma catalogação do repertório brasileiro para trombone solo dos séculos XX e XXI, que tem como ponto de partida o trabalho de Silva (2002), intitulado “Música Brasileira do Século XX: catálogo temático e caracterização do repertório para trombone”. No terceiro capítulo, apresentaremos os critérios de seleção do repertório pesquisado e as principais dificuldades encontradas no processo de preparação dele. No quarto capítulo, realizaremos uma discussão dividida em dois subitens sobre a rotina de estudos. Para o primeiro subitem, apresentamos o referencial teórico construído a partir de dados obtidos por intermédio de pesquisas bibliográficas, considerando principalmente autores que abordam a interpretação e preparação da música dos séculos XX e XXI de um modo geral e, em especial, com ênfase na música brasileira e em obras solo. No segundo subitem, a discussão ocorre a partir de dados coletados por meio de entrevistas aplicadas com 15 trombonistas profissionais do cenário nacional e internacional. No capítulo 5, apresentamos e reflexionamos sobre os procedimentos preparatórios das três peças 13 “La autobservación se complementa con la autorreflexión, un modo de pensar sobre sí mismo que implica introspección, análisis y evaluación de lo que hacemos, pero ya no sólo observando lo que hacemos en el momento de hacerlo”. 18 selecionadas, bem como os resultados obtidos e por fim, no capítulo 7, apresentaremos as considerações finais. 19 2 O REPERTÓRIO BRASILEIRO PARA TROMBONE SOLO DOS SÉCULOS XX E XXI Neste capítulo apresentaremos uma das etapas metodológicas desta pesquisa que acreditamos ser importante para o contexto no qual ela está inserida. Mesmo cientes de que estamos exibindo uma parte colateral a este trabalho e apesar de ser um recorte oriundo de todo o percurso metodológico, ainda assim optamos por reservar este espaço por confiarmos nas significativas contribuições que os dados apresentados a seguir podem agregar à temática pesquisada. Realizamos, durante os meses de fevereiro e maio do ano de 2019, um levantamento do repertório brasileiro para trombone solo dos séculos XX e XXI com o objetivo de selecionarmos três obras para análises mais detalhadas. Algumas obras que utilizam o trombone e equipamentos eletrônicos como efeitos ou a reverberação com o auxílio do piano, por exemplo, também foram inclusas, por considerarmos que a execução desses ocorre por meio de técnicas estendidas, uma expressão que “se tornou comum no meio musical a partir da segunda metade do século XX” (PADOVANI; FERRAZ, 2011, p. 11), que “equivale a técnica não-usual: maneira de tocar ou cantar que explora possibilidades instrumentais, gestuais e sonoras pouco utilizadas em determinado contexto histórico, estético e cultural” (PADOVANI; FERRAZ, 2011, p. 11, grifo dos autores). Ainda sobre o termo, também destacamos que “em várias épocas a experimentação de novas técnicas instrumentais e vocais e a busca por novos recursos expressivos resultaram em técnicas estendidas” (PADOVANI; FERRAZ, 2011, p. 11) e, em tempos atuais, diante das diversas possibilidades de utilização de meios eletrônicos e computacionais na criação musical, corroboramos com Padovani e Ferraz (2011, p. 11) sobre a necessidade de uma redefinição do termo para que envolva esses novos recursos, justificando assim a inclusão de obras com essas características no levantamento. Quanto à delimitação do termo “compositores brasileiros”, apoiamo-nos nos trabalhos de Silva (2002), em que assim como o autor, consideramos também que todos os compositores com obras incluídas no levantemento são brasileiros ou estrangeiros que desempenham ou tenham desempenhado relevante atividade musical no Brasil e de Ray (1996), que ao construir o Catálogo de Obras Brasileiras Eruditas para Contrabaixo, também considerou outras nacionalidades que tenham vivido a maior parte de suas carreiras no Brasil. Ao tomarmos como base inicial o trabalho de Silva (2002), que trata da música brasileira pra trombone do século XX, iniciamos o levantamento com um quantitativo de 27 20 obras. Para a ampliação desse número, realizamos contatos direto e/ou indireto, por intermédio de ligações e mensagens de textos, com diversos compositores e trombonistas, além de buscas em catálogos, trabalhos acadêmicos, programas de concerto, plataformas on- line de áudio e/ou vídeo, entre outros mecanismos. Ressaltamos que a procura por obras para trombone solo do repertório brasileiro percorreu todo o período de desenvolvimento desta pesquisa, resultando em 63 obras encontradas, sendo 28 produzidas durante o século XX e 35 durante o século XXI. Durante o percurso até alcançarmos o objetivo supracitado de selecionarmos 3 músicas, percebemos a necessidade e a importância da continuidade e ampliação desse levantamentopara a temática em questão e o quanto contribui com instrumentistas e/ou pesquisadores da subárea da performance musical a existência de trabalhos que possibilitem o acesso e a consulta de maneira mais prática a informações específicas referentes a uma determinada obra musical ou repertório, bem como onde encontrá-las. Nessa perspectiva, a catalogação se apresenta como uma ferramenta apta a contribuir com esse cenário. [...] a catalogação de música impressa não é um tema em evidência por parte dos bibliotecários [...]. Porém, isso não minimiza a importância da catalogação de música impressa, uma vez que, evidencia-se o quão rico e necessário é para catalogadores e principalmente músicos o tratamento desse tipo de material (COSTA, 2013, p. 17). Almejamos nas etapas iniciais desta pesquisa construir um catálogo a partir das obras levantadas com o maior número de informações sobre elas mesmas, porém, ao observarmos que: No Brasil, o conhecimento da utilização dos códigos de catalogação é obtido durante o período de formação regular, nos cursos superiores de Biblioteconomia, entretanto a aplicabilidade destes conhecimentos em bases automatizadas se dá, na maioria das vezes, na prática, ou seja, por meio dos estágios curriculares e não curriculares ou durante a atuação profissional (MACHADO; HELDE; COUTO, 2007, p. 102). Além de que na área da música, a subárea que tem se especializado nesse campo é a Musicologia Histórica, lidando com maior especificidade com os detalhes existentes na área. A catalogação de documentos musicais é de grande importância para o controle da informação [...]. Para os especialistas a partitura é considerada uma fonte fundamental para pesquisa, pois apresenta diversas informações que vão além do título e do compositor [...]. Estas informações constantes das partituras tornam a catalogação desses documentos mais complexa, por requerer um certo conhecimento por parte do analista responsável pela descrição [...] (COSTA, 2013, p. 3). [...] um conteúdo musical se apresenta numa grande diversidade de formas, géneros e versões, os documentos têm uma multiplicidade de apresentações e de suportes, a 21 música é representada através de convenções técnicas muito particulares e os utilizadores caracterizam-se por uma disparidade de usos e de níveis de especialização. [...]. No caso específico dos documentos musicais, [...] a multiplicidade de expressões e suportes para cada obra é muito maior do que na literatura e as formas de procura são muito mais complexas (ASSUNÇÃO, 2005, p. 47). Ao nos mantermos delimitados na subárea a qual esta pesquisa está inserida e apoiados no entendimento de Mey (1995, p. 5): “catalogação é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir interseção entre as mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários”, deliberamos por apresentar os itens catalogados apenas acompanhados de algumas informações que se revelaram como fundamentais para a escolha do repertório selecionado e que também encontramos em alguns catálogos em que consultamos (CRUZ, 2008; BELTRAMI, 2006; SILVA, 2002), os quais julgamos serem suficientes para que o intérprete e uma obra musical possam se encontrar. Conforme destaca Mey (1995, p. 6): “a catalogação deve [...] permitir que, feita a escolha do item, o usuário seja capaz de localizá-lo no acervo”. No âmbito da pesquisa, estamos considerando como o item ao qual Mey (1995) se refere a obra musical e o performer ou intérprete, o usuário. Beltrami (2006, p. 211) ao comentar sobre o Catálogo de obras brasileiras para trompa e piano, elaborado pela própria autora, comenta que ele “contém informações cruciais sobre as peças como data de composição, compositor e edição, como também tem por objetivo informar aos leitores onde cada uma delas foi encontrada”. Cruz (2008) destaca que para desenvolver o trabalho de catalogação das peças brasileiras para flauta solo da segunda metade do século XX optou por um catálogo temático, pois esse possibilita: [...] aos músicos, pesquisadores, alunos e professores uma identificação composicional mais eficaz, pois neste apresentaremos informações importantes como: o nome do compositor, o nome da obra, a data da composição, o andamento, a expressão, o incipt, a primeira estreia, uma pequena biografia do compositor e o nome do intérprete da primeira estreia (CRUZ, 2008, p. 3). Lélio Silva (2012), por sua vez, realça as suas reflexões sobre os dois primeiros catálogos que tratam do repertório brasileiro para trombone: A pesquisa intitulada Literatura brasileira para trombone: solos, música de câmara e trechos orquestrais – catálogo geral, (NUNES & NETO, 1996) merece destaque devido ao seu pioneirismo em relação ao levantamento do repertório para trombone. [...]. Quanto as informações relativas a cada obra na catalogação, pode-se dizer que foram utilizadas em número muito restrito, informando desta maneira: o nome da peça, compositor, local e data de composição, além de dizer se a obra está em manuscrito ou editada (SILVA, L., 2012, p. 1293-1294). 22 A monografia intitulada Catalogação das obras brasileiras para trombone do século XX (BIZARRO JÚNIOR, 2000) foi apresentada na Escola de Belas Artes do Paraná e incluída neste trabalho por se tratar de um segundo trabalho de catalogação do repertório musical brasileiro para trombone. Pode-se dizer que o autor deu continuidade ao trabalho para trombone citado anteriormente, demonstrando muitas semelhanças. Quanto à organização do catálogo, o autor não chegou a explicá-la, porém procurou evidenciar alguns itens utilizados. O catálogo foi dividido de acordo com a formação instrumental pertinente às obras, procurando colocar informações como o nome do autor e da peça, duração de tempo, a quem a obra foi dedicada, onde foi composta, informe sobre sua estreia e versões para outros instrumentos, além de informações sobre edição (SILVA, L., 2012, p. 1294). Para a construção do terceiro catálogo que versa sobre o repertório para trombone no Brasil, como o próprio título sugere: “Música Brasileira do Século XX: catálogo temático e caracterização do repertório para trombone”, no que se refere às informações inseridas, o autor (SILVA, 2002) buscou ir um pouco além, conforme ele mesmo destaca ao refletir 10 anos depois sobre o processo catalográfico utilizado: [...] optou-se por realizar uma pesquisa ampla e que incluísse informações sobre a obra, tais como: título, dedicatória, data de composição, arquivo onde foi encontrada e dentre outras coisas um inciso musical. Além disso encontrou-se informações relativos a estrutura da obra e aspectos de interpretação (SILVA, 2012, p. 1294). Podemos observar que apesar da existência de regulamentações de catalogação estabelecidas, a exemplo de algumas instituições destacadas por Assunção (2005), tais como: ISBD(PM) – Norma Internacional de Descrição Bibliográfica para Música Impressa; UNIMARC – Universal Machine Readable Cataloging; e RISM – Répertoire International des Sources Musicales, essas “normas e regras [...] destinam-se, em princípio a satisfazer as necessidades de informação dos utilizadores de música. No entanto, [...] nem sempre elas cumprem esta função” (ASSUNÇÃO, 2005, p. 46). Ao perguntar-se sobre a razão do “por que normas específicas para a descrição de espécies musicais escritas?”, Assunção (2005) conjectura que: Esta pergunta é pertinente na medida em que também não existem normas específicas para a catalogação de documentos musicais sonoros [...]. É inquestionável que a catalogação de documentos musicais envolve, para além dos problemas próprios dos outros documentos, um conjunto acrescido de problemas (ASSUNÇÃO, 2005, p. 46). Os catálogos musicais os quais consultamos nos permitiramobservar que eles não apresentam as mesmas informações, organização e modelo, certamente isso ocorre porque cada um está condicionado às informações que cada item é capaz de fornecer e o objetivo do catalogador ao construí-lo, conforme destaca Brum (2015): 23 Entendemos que a construção de um catálogo depende de uma série de balizamentos e definições que respeitem características da própria obra a ser organizada. Para tanto, torna-se imprescindível o conhecimento dos objetos em questão, a história de vida do compositor e, principalmente, entender que o catálogo deverá ter o formato que o seu conteúdo permitir. Um engessamento, um modelo fixo a ser aplicado aos mais diversos conjuntos poderia ser prejudicial à tarefa de catalogação (BRUM, 2015, p. 50). Dito isso, esclarecemos que o principal objetivo desse catálogo é servir como um canal de comunicação para intérpretes e pesquisadores da área de performance musical interessados pela temática específica e as demais correlatas, alinhando-se assim às expectativas do manual de catalogação intitulado “Introdução à Catalogação”, da autora Eliane Serrão Alves Mey (1995), o qual utilizaremos como nosso guia: Embora a representação dos itens, ou a catalogação (ou, ainda, o registro bibliográfico, como as vezes é denominada), possa ser utilizada para diferentes finalidades e veiculada por diferentes instrumentos, este manual se limitará à catalogação que utiliza o catálogo como canal de comunicação de suas mensagens. Com este enfoque, são funções da catalogação: a) Permitir ao usuário: 1) localizar um item específico; 2) escolher entre as várias manifestações de um item; 3) escolher entre vários itens semelhantes, sobre os quais, inclusive, possa não ter conhecimento prévio algum; 4) expressar, organizar ou alterar sua mensagem interna. b) Permitir a um item encontrar seu usuário; c) Permitir a outra biblioteca: 1) localizar um item específico; 2) saber quais itens existentes em acervos que não o seu próprio (MEY, 1995, p. 6 – 7, grifos da autora). A autora (MEY, 1995, p. 7) ainda destaca que: para que as funções por ela citadas sejam cumpridas, faz-se necessário que dentre as suas características a catalogação possua integridade, que significa “fidelidade, honestidade na representação, transferindo informações passíveis de verificação. Por exemplo, um ponto de interrogação [?], indicando [...] dúvida” (MEY, 1995, p. 7); clareza, “significa que o código utilizado deve ser compreensível pelos usuários [...], os termos representativos deverão adequar-se ao seu público” (MEY, 1995, p. 7); precisão, “significa que, no código utilizado, cada informação só pode representar um único dado ou conceito, sem dar margem a confusão entre as informações” (MEY, 1995, p. 8); lógica “significa que as informações devem ser organizadas de modo lógico” (MEY, 1995, p. 8); e consciência, “significa que a mesma solução deve ser sempre usada para informações semelhantes” (MEY, 1995, p. 7). Quanto às partes da catalogação, Mey (1995) observa que existem três que “se ligam ao fato de que a catalogação deve: individualizar os itens, de forma que não sejam confundidos entre si; reunir itens por suas semelhanças, estabelecendo relações entre si; e, finalmente, permitir a localização de um item em um acervo determinado” (MEY, 1995, p. 24 38-39). Essas partes são: a descrição bibliográfica14, responsável pela caracterização do item, a qual “cabe extrair diretamente do item todas as informações, de interesse do usuário, que individualizem o item tornando-o único entre os demais. Cada item possui apenas uma descrição e cada descrição se aplica a um único item” (MEY, 1955, p. 39); os pontos de acesso, “[...] a parte pela qual os usuários podem acessar a representação de um item no catálogo. Em catálogos manuais, são pontos de acesso: responsabilidade pelo conteúdo intelectual, título e assunto do item” (MEY, 1995, p. 39); e os dados de localização, que “são as informações que permitem ao usuário localizar um item em determinado acervo. [...]. Em catálogos coletivos compreende também a indicação da biblioteca onde o item pode ser encontrado” (MEY, 1995, p. 39). O termo catálogo coletivo anteriormente utilizado por Mey (1995) fica mais bem esclarecido na seguinte fala da autora: “uma das características do catálogo é estar vinculado a um acervo específico. Quando compreende acervos de várias bibliotecas, denomina-se catálogo coletivo” (MEY, 1995, p. 9). Quanto aos catálogos mais utilizados na área da musicologia, Cruz (2008, p. 15) destaca dois: catálogos temáticos e não temáticos, que são diferenciados principalmente pelo fato de o catálogo expor ou não um trecho musical, conforme explica a autora: “os catálogos temáticos são aqueles que apresentam a grafia musical, ou seja, um trecho da partitura. O nome dado a este trecho é incipt. Os incipts são apresentados por trechos iniciais da obra que possibilitem a identificação tonal e/ou estrutural da mesma” (CRUZ, 2008, p. 15, grifos da autora), enquanto: Os catálogos não-temáticos são aqueles que não apresentam trechos musicais, ou seja, utilizam um incipt abstrato. Segundo Volpe12, o incipt abstrato caracteriza-se por apresentar fórmula de compasso, tonalidade, indicação de andamento e/ou título e o número de compassos de cada segmento” (CRUZ, 2008, p. 16, grifo da autora). Em relação aos catálogos temáticos, Cruz (2008, p. 15-16) esboça várias propostas, das quais melhor se identificam com este trabalho: “catálogos Localizadores – são aqueles apresentados de maneira cronológica e têm por objetivo organizar e localizar um grande repertório. [...] catálogos Instrumentais – são catálogos dedicados a um instrumento específico”. Com base nas discussões acima apresentadas, optamos em realizar um catálogo temático de caráter (1) coletivo pelo fato dos itens que o compõem serem oriundos de acervos de diversos compositores, trombonistas, do próprio autor, bibliotecas, dentre outros, (2) catálogo localizador, uma vez que as obras serão apresentadas de maneira cronológica e (3) 14 [...] também chamada representação descritiva, ou catalogação descritiva [...] (MEY, 1995, p. 39). 25 instrumental pelo fato de ser dedicado a um instrumento específico: trombone. Como forma de representação quantitativa, inicialmente apresentaremos um índice geral das obras em forma de listagem, distribuídas em ordem cronológica e divididas em duas tabelas: (1) obras do século XX e (2) obras do século XXI. Em seguida, os itens serão apresentados em dois grandes grupos: (1) composições do século XX e (2) composições do século XXI, que por sua vez, como forma de organizar as obras por suas semelhanças, conforme recomenda Mey (1995), cada um desses dois grupos será subdividido em quatro subgrupos: (1) obras para trombone alto, (2) obras para trombone tenor, (3) obras para trombone baixo e (4) obras para trombone contrabaixo. No caso de obras compostas com o objetivo de serem executadas por mais de uma dessas quatro configurações referentes ao instrumento, elas estarão presentes em mais de um subgrupo. As demais informações sobre cada item serão apresentadas da seguinte forma: 1. Nome de compositor: será apresentado no formato Prenome, Nome e Sobrenome e com alinhamento à esquerda. 2. Ano de nascimento e morte do compositor: serão apresentados entre parênteses, ao lado do nome do compositor. Em casos de compositores in memoriam, serão apresentados os anos de nascimento e morte, separados por um hífen. Em casos de compositores em vida, será indicado apenas o ano de nascimento, seguido de um hífen. 3. Título da obra: será apresentado em caixa alta, extraindo-o de acordo com a partitura, com alinhamento centralizado. 4. Local e data da composição: para obras produzidas em território brasileiro, será indicadoo nome da cidade e a sigla da unidade federativa à qual ela pertence. Para obras produzidas fora do território brasileiro, a sigla apresentada será referente ao país ao qual a cidade pertence, ambas com alinhamento à direita. 5. Inciso musical (incipt): serão exibidos os primeiros compassos da obra musical, com a quantidade de compassos indefinida, a depender da formatação e da edição da partitura. Para cada obra, a quantidade de compassos será indicada sob o inciso. 6. Dedicatória: será informada se na obra consta alguma dedicação especial. 7. Estreia: serão informados o nome do instrumentista que estrou a obra, o local e data de estreia. Em casos que algum desses itens não possam ser identificados, eles serão omitidos. 26 8. Número de movimentos: será indicada a quantidade de movimentos em que a música foi dividida ou se foi escrita em movimento único. 9. Número de compassos: será indicada a quantidade total de compassos da música. 10. Processo composicional: indicará se houve alguma relação colaborativa entre o intérprete e o compositor, durante o processo composicional. 11. Técnicas estendidas: indicará se a execução exige ou não a aplicação de técnicas estendidas. 12. Notas de performance: indicará se o compositor descreveu ou não alguma nota ou indicação de performance. 13. Acervo: indicará o acervo onde a obra foi localizada. 14. Observações: serão apresentadas, quando julgarmos necessárias, eventuais observações que se demostrarem relevantes e que não tenham sido comtempladas nos tópicos anteriores. 27 2.1 ÍNDICE GERAL OBRAS DOS SÉCULO XX ANO COMPOSITOR TÍTULO DA OBRA 1 1948 Edino Krieger Improviso 2 1976 Flávio Fernandes de Lima Pazzia 3 1980/1981 Frederico Meireles Dantas Trombone Solo 4 1981 José Siqueira Estudo para Trombone Solo 5 1981 Estércio Marquez Cunha Music for Trombone Solo 6 1982 Estércio Marquez Cunha Música para Trombone Solo no. 2 7 1982 Nestor de Hollanda Cavalcanti Um minuto para trombone solo (ninguém aguenta mais que isso!) 8 1983 Cláudio Santoro Fantasia Sul América 9 1983 Jorge Antunes Inutilemfa 10 1984 Andersen Viana Fantasieta 11 1984 Lelo Nazário Insight 12 1987 Lourival Silvestre Nostalgie Tropicale 13 1988 Tim Rescala Tango 14 1990 Luiz Carlos Csekö Songs of Oblivion 1 15 1990 Luiz Carlos Csekö Boca no trombone 16 1991 Adolfo Almeida Júnior Metal 17 1993 Fernando Mattos Fantasia II 18 1994 Calimério Soares Enigmas 19 1994 Robson dos Santos Quanta falta faz um solo? 20 1994 Sérgio Freire Short Stoires 21 1994 Hugo Ksenhuk Improviso 22 1996 Káthia Bonna Improviso 23 1998 Yves Rudner Schmidt Destaque 24 1998/1999 Jonatas Manzolli Recortes para Trombone 25 1999 Dimitri Cervo Mini-Suite para Trombone 26 1999 Carlos Eduardo Mello PS 27 2000 Carlos Eduardo Mello Circuitos 28 2000 Ernani Aguiar Temas e Dobles 28 OBRAS DO SÉCULO XXI ANO COMPOSITOR TÍTULO DA OBRA 1 2001 Rodrigo Lima Paisagem Sonora nº 1 2 2003 Wellington das Mercês Ecos 3 2007 Caio Senna Acorde aos Poucos 4 2009 Francisco F. Filho Inventiva nº1 5 2009 Sergio Di Sabbato Suíte para Trombone Solo 6 2009 Arimateia de Melo Sanduva 7 2009 Daniel Moreira BaKaTaKaBaKa 8 2009 Jean Marcio Souza Tico Tico no Fubá (Genérico) 9 2012 Sergio Kafejian Circulares 10 2013 Diego Silveira Serra de Tremitação 11 2013 Rodrigo Lima Matiz IV 12 2013 Estércio Marquez Cunha Música Para Trombone n. 3 13 2013 Estércio Marquez Cunha Música Para Trombone n. 4 14 2014 Fernando Morais Suíte Brasileira Nº 3 15 2014 Fernando Morais Entrada e Acalanto 16 2014 Thiago Osório Lembrando Gagliardi 17 2014 Clayton Ribeiro Fragmentos (Para Trombone) 18 2014 Estércio Marquez Cunha Música Para Trombone n. 5 20 2015 Estércio Marquez Cunha Variações Sobre Cantigas do Menino Jackes Douglas 21 2015 Adolfo Almeida Júnior Gaudério 22 2015 Jean Marcio Souza Prelúdio 23 2015 Jean Marcio Souza Variações de Gagliardi 24 2015 Jean Marcio Souza Apologia ao Barroco 25 2017 Hugo Pinheiro 3 Momentos para Trombone Solo 26 2017 Jean Marcio Souza Assum Preto (Envenenado) 27 2017 Jean Marcio Souza Canto e Dança 28 2018 Marlon Barros Frevo Baixo 29 2018 Nilsinho Amarante e Nilson Lopes Impressões de um Frevo 30 2018 Pedro Kröger Fantasia para Trombone 29 31 2019 Jean Marcio Souza Depois da Queda o Coice 32 2019 Jean Marcio Souza Contrastes 33 2019 Jefferson Carvalho de Moura Invenção Número 1 34 2019 Jean Marcio Souza Capricho de Ciranda 35 2020 Ricardo Félix de Morais Abertura Varzealegrense 30 2.2 OBRAS DO SÉCULO XX 2.2.1 Obras para trombone tenor Edino Krieger IMPROVISO New York/EUA – 1948 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: [?]. Estreia: [?]. Número de movimentos: movimento único. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: sim. Acervo: do pesquisador. Observações: a obra não está dividida por compassos. 31 Flávio Fernandes de Lima PAZZIA Recife/PE – 1976 Inciso musical: 4 compassos iniciais Dedicatória: “ao prof. Maviael Celestino”. Estreia: realizada “por David Adams”. Número de movimentos: único. Número de compassos: 54. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 32 Frederico Meireles Dantas TROMBONE SOLO Salvador/BA – 1980/1981 Inciso musical: 3 compassos iniciais. Dedicatória: não se aplica. Estreia: “segundo o compositor: “Bem, a música Trombone Solo foi muito executada nos anos 80, por mim e por outros colegas (Gerson Barbosa, Jorge Alves e alunos) em recitais de alunos na Reitoria da UFBA, na abertura da anti-ópera O Desespero Tonal, durante shows do grupo de free jazz Raposa Velha””. Número de movimentos: único. Número de compassos: 25. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 33 Estércio Marquez Cunha MUSIC FOR TROMBONE SOLO Oklahoma/EUA - 1981 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: ao trombonista David Tegnell. Estreia: mundial realizada em 1982 pelo trombonista David Tegnell, em Oklahoma (EUA); nacional realizada em 1997 pelo trombonista Paulo Lacerda, no Ciclo de Música Contemporânea de Belo Horizonte, 1997. Número de movimentos: único. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: sim. Acervo: do próprio compositor. Observações: a obra não está dividida por compassos. 34 José Siqueira ESTUDO PARA TROMBONE SOLO Rio de Janeiro/RJ – 1981 Inciso musical: 6 compassos iniciais. Dedicatória: “A Oscar Brum”. Estreia: [?]. Número de movimentos: único. Número de compassos: 42. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: Silva (2002). Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 35 Estércio Marquez Cunha MÚSICA PARA TROMBONE SOLO NO. 2 Oklahoma/EUA – 1982 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: para David Tegnell Estreia: [?] Número de movimentos: único. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: sim. Acervo: do próprio compositor. Observações: a obra não está dividida por compassos. 36 Nestor de Hollanda Cavalcanti UM MINUTO ATONAL PARA TROMBONE SOLO (NINGUÉM AGUENTARIAMAIS DO QUE ISSO!) Rio de Janeiro/RJ – 1982 Inciso musical: 3 compassos iniciais. Dedicatória: “Ao meu Senhor; À minha Míriam”. Estreia: [?]. Número de movimentos: único. Número de compassos: 45. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: não se aplica. Acervo: do próprio compositor. Observações: “O autor adverte aos incautos, os "apressadinhos" em julgamentos, que o título é uma brincadeira dele, faz referência exclusivamente à obra e sua linguagem. E não ao instrumento solista...”. 37 Cláudio Santoro FANTASIA SUL AMÉRICA Brasília/DF – 1983 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: não se aplica. Estreia: realizada em 1983, por um trombonista candidato no I Concurso Nacional Jovens Intérpretes da Música Brasileira, na Sala Cecília Meireles. Número de movimentos: único. Número de compassos: 82. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: não se aplica. Acervo: do pesquisador. Observações: as informações referentes à estreia da obra foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 38 Jorge Antunes INUTILEMFA Brasília/DF– 1983 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: não se aplica. Estreia: realizada em 1984, durante o II Concurso Nacional Jovens Intérpretes da Música Brasileira. Número de movimentos: único. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: não se aplica. Técnicas estendidas: sim. Notas de performance: sim. Acervo: do pesquisador. Observações: obra encomendada para pelo Instituto Nacional de Música da Funarte para o II Concurso Nacional Jovens Intérpretes da Música Brasileira; as informações referentes à estreia da obra foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 39 Andersen Viana FANTASIETA Rio de Janeiro/RJ – 1984 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: “a Dolarino Pereira da Rocha”. Estreia: não se aplica. Número de movimentos: único. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 40 Lourival Silvestre NOSTALGIE TROPICALE Paris/FR – 1987 Inciso musical: 4 compassos iniciais. Dedicatória: não se aplica. Estreia: realizada em 11 de dezembro de 1990, pelo trombonista Paulo Lacerda, na Sala João Cheschiatti, na cidade de Belo Horizonte/MG. Número de movimentos: único. Número de compassos: 129. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: Biblioteca da Escola de Música da UFRN Pe. Jaime Diniz. Observações: as informações referentes à estreia da obra foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 41 Luiz Carlos Csekö BOCA NO TROMBONE Rio de Janeiro/RJ – 1990 Inciso musical: pentagrama inicial. Dedicatória: não se aplica. Estreia: realizada em 1994, pelo trombonista Paulo Lacerda, em Belo Horizonte. Número de movimentos: único. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 42 Luiz Carlos Csekö SONGS OF OBLIVION 1 Rio de Janeiro/RJ – 1990 Inciso musical: pentagrama inicial. Dedicatória: não se aplica. Estreia: não estreada. Número de movimentos: único. Número de compassos: [?]. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 43 Adolfo Almeida Júnior (1960 –) METAL Porto Alegre/RS – 1991 Inciso musical: 6 compassos iniciais. Dedicatória: “ao amigo Júlio Rizzo”. Estreia: realizada em 14 de outubro de 1991, pelo trombonista Júlio Rizzo, no Teatro Renascença, em Porto Alegre/RS. Número de movimentos: único. Número de compassos: 194. Processo composicional: não se aplica. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: não se aplica. Acervo: do próprio compositor. Observações: não se aplica. 44 Dimitri Cervo MINI-SUITE PARA TROMBONE Porto Alegre/RS – 1992 Inciso musical: primeiro pentagrama. Dedicatória: não se aplica. Estreia: não se aplica. Número de movimentos: 5. Número de compassos: não se aplica. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: sim. Acervo: do próprio compositor. Observações: o compositor informou que a obra é uma transcrição de sua versão original para flauta doce. O mesmo não localizou a partitura da versão para trombone, nos enviando assim a versão original, a qual o mesmo autorizou a realização da transposição por parte do pesquisador, que em seguida foi revisada pelo mesmo. 45 Fernando Mattos FANTASIA II Porto Alegre/RS – 1993 Inciso musical: pentagrama inicial. Dedicatória: “Dedicado a Júlio Rizzo”. Estreia: realizada em 4 de setembro de 1995, por Júlio Rizzo no IV Encontro de Compositores Latino-americanos de Porto Alegre (ENCOMPOR), no Auditório do Goethe Instituto, em Porto Alegre/RS. Número de movimentos: único. Número de compassos: 31. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 46 Robson dos Santos QUANTA FALTA FAZ UM SOLO? Belo Horizonte/MG – 1994 Inciso musical: 6 compassos iniciais. Dedicatória: não se aplica. Estreia: realizada em 17 de dezembro de 1997, pelo trombonista Paulo Lacerda no Palácio das Artes (Sala Juvenal Dias), em Belo Horizonte. Número de movimentos: único. Número de compassos: 20. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: [?]. Notas de performance: [?]. Acervo: do próprio compositor. Observações: não obtivemos acesso à partitura e todas as informações apresentadas foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 47 Sérgio Freire SHORT STORIES Standford/EUA – 1994 Inciso musical: 3 compassos iniciais. Dedicatória: dedicada a Paulo Lacerda. Estreia: realizada em 21 de outubro de 1994, pelo trombonista Paulo Lacerda na Sala Juvenal Dias da Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte. Número de movimentos: 5. Número de compassos: 132. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: não se aplica. Notas de performance: sim. Acervo: do pesquisador. Observações: os movimentos II e IV não estão subdivididos em compassos; as informações referentes à estreia da obra foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 48 Calimério Soares ENIGMAS Leeds/ENG – 1994 Inciso musical: 4 compassos iniciais. Dedicatória: não se aplica. Estreia: mundial realizada em 19 de janeiro de 1995, pelo trombonista Christopher Smith, no Clothworkers Centenary Concert Hall (Leeds University), Inglaterra. Número de movimentos: único. Número de compassos: 91. Processo composicional: [?]. Técnicas estendidas: sim. Notas de performance: sim. Acervo: do próprio compositor. Observações: as informações referentes à estreia da obra foram extraídas do trabalho de Silva (2002). 49 Hugo Ksenhuk IMPROVISO São Paulo/SP – 1994 Inciso musical: 5 compassos iniciais. Dedicatória: ao trombonista Wagner Polistchuk. Estreia: não se aplica. Número de movimentos: único. Número de compassos: 56. Processo composicional: não se aplica. Técnicas estendidas:
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