Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hanseníase Ligante responsável: Ana Beatriz Figuerêdo Orientação: Dra. Vanessa Teixeira LIGA ACADÊMICA DE INFECTOLOGIA E IMUNOLOGIA Introdução Doença Infectocontagiosa Causada pelo bacilo álcool-ácidorresistente Mycobacterium Leprae Histórico estigmatizante Há registros precisos datados de 600 a.C. Acredita-se que China e Índia foram berço desta patologia. Registros bíblicos... Castigo divino? Doença hereditária? Bacilo de Hansen O bacilo Mycobacterium Leprae foi descoberto em 1873 por Gerhard Hansen Características Possui genoma simplificado; Crescimento lento; Parasitismo intracelular obrigatório; Neurotropismo. Taxonomia do M. Leprae Características Única micobactéria à invadir o SNP; Célula de Schwann como nicho preferido. Neurotropismo do M. Leprae A célula de Schwann seria uma hospedeira ideal? Não possui capacidade fagocítica profissional; Barreira sanguínea dos nervos como proteção; Afinidade entre o PGL-1 às cadeias alfa-2 da lâmina basal. Neurotropismo do M. Leprae Reservatório: Período de incubação: Vias de eliminação: Forma de contágio: Hanseníase Ser humano; Vias aéreas superiores e áreas da pele/mucosas erosadas de doentes bacilíferos; 2 a 5 anos; Inter-humana, maior risco na convivência domiciliar com doente bacilífero sem tratamento. Bacilo de alta infectividade e baixa patogenicidade e virulência! Epidemiologia Nos últimos cinco anos (2017 a 2021), foram diagnosticados no Brasil 119.698 casos novos de hanseníase. Epidemiologia Todas as regiões apresentaram redução na taxa de detecção geral de casos novos de hanseníase entre 2012 a 2021. Epidemiologia No período de dez anos, o Brasil apresentou uma redução de 30,4% na taxa de prevalência; contudo, não houve mudança no parâmetro oficial de endemicidade, que permaneceu como “médio”. Os chamados clusters definem áreas com maior risco e onde se encontra a maioria dos casos. Resposta imune celular e humoral Teste intradérmico de Mitsuda Avaliação estado imunitário individual das pessoas - imunidade celular específica contra o Bacilo de Hansen (1) Injeção intradérmica de 0,1 mL do antígeno de mitsuda; (2) Avaliação da reação tardia (cerca de 28-30 dias). OMS - Tamanho do nódulo (-) não há nódulo; (+) 3mm - 5mm; (++) 5mm - 10mm; (+++) >10mm. Não é diagnóstico! Utilizado para classificação e prognóstico. Fator "N" (FN) de Rotberg A evolução da infecção e as manifestações clínicas da Hanseníase variam de acordo a resposta do sistema imune. (1937) Fator N: (1986) Margem Hansen-anérgica: Por quê? Resistência natural genética expressa por Mitsuda (+). Pessoas Mitsuda (-). 80% das pessoas 20% das pessoas Diagnóstico Diagnóstico eminentemente clínico. Maioria dos casos pode ser confirmada no nível da APS. Ministério da saúde: presença de 1 ou + dos sinais cardinais da Hanseníase. Lesão(ões) e/ou áreas(s) da pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; Presença do M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele. 1) 2) 3) Baciloscopia direta para bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR): É um exame laboratorial que busca detectar a presença do M. leprae em esfregaços de raspado intradérmico e estimar a carga bacilar apresentada pelo paciente. A pesquisa do bacilo também pode ser feita por meio de colorações especiais em fragmentos de biópsia de pele, nervos, linfonodos e outros órgãos. Fisiopatologia As primeiras manifestações ocorrem no SNP e, em geral, passam despercebidas; Inicialmente alterações sensitivas (térmica/dolorosa/tátil); 1º acomete componentes mais distais do SNP; Progressão proximal, edema/sinal de Tínel (+) nos ramos secundários e troncos periféricos; Tropismo especial para os nervos periféricos. NERVOS CRANIANOS: MEMBROS SUPERIORES: MEMBROS INFERIORES: Trigêmeo e facial; Ulnar, mediano e radial; Fibular e tibial posterior. Manifestações clínicas Classificações Formas clínicas - Tuberculoide Comprometimento restrito da pele (lesão única bem delimitada) e nervos; Baciloscopia de esfregaço intradérmico negativa; Áreas com diminuição ou perda de sensibilidade térmica/dolorosa/tátil; Nervos periféricos poupados ou espessados de forma localizada e assimétrica; Granulomas tuberculoides na derme devido resposta inflamatória intensa. Formas clínicas - Virchowiana Manifestações cutâneas e neurológias OPOSTAS à forma tuberculoide; Comprometimento cutâneo silencioso, com progressiva infiltração dos sulcos; Baciloscopia de esfregaço intradérmico (+) com múltiplos bacilos; Lesões neurais extensas, simétricas e pouco intensas nos primeiros anos; Hansenomas e espessamento de nervos periféricos. Formas clínicas - indeterminada Forma inicial da doença; Baciloscopia de esfregaço intradérmico (-); Lesões cutâneas sem alteração de relevo ou textura; Alterações sensitivas discretas; É raro a busca dos pacientes pelo serviço de saúde nesse estágio da doença. Formas clínicas - Dimorfa Situa-se entre os polos tuberculoide e virchowiano; Baciloscopia de esfregaço intradérmico (+) moderada; Lesões cutâneas em número e aspecto variável (entre os polos); Múltiplos nervos periféricos acometidos (sinal de Tínel +); Forma clínica mais incapacitante da hanseníase. Lesões foveolares Classificação operacional - OMS Essa classificação visa a utilização dos esquemas multiterápicos no tratamento da Hanseníase. Paucibacilares (PB): Multibacilares (MB): Baciloscopia (-), abrange os tuberculoides e indeterminados Baciloscopia (+), abrange os vichorwianos e dimorfos Todos os casos de hanseníase que suscitem dúvida sobre a classificação operacional devem ser tratados como Multibacilares!!! Paucibacilares (PB) Presença de uma a cinco lesões cutâneas; Baciloscopia obrigatoriamente negativa; Comprometimento isolado de um nervo periférico na forma tuberculoide (consenso Brasil); Doentes não contagiantes, poucos bacilos e acometimento neural/cutâneo. Formas: (inicial) indeterminada e (tardia) tuberculoide. Multibacilares (MB) Presença de mais de cinco lesões cutâneas; Baciloscopia negativa ou positiva; Comprometimento de mais de um nervo periférico; Doentes contagiantes, muitos bacilos em todos os tecidos acometidos (exceto SNC). Formas: dimórfica (boderline) e virchowiana. Tratamento farmacológico Suporte psicossocial (enfrentamento ao estigma e discriminação); Prevenção de incapacidades físicas; Autocuidado; Cuidados com as lesões; Reabilitação física. Tratamento não farmacológico Reações Hansênicas Reação tipo 1 (ou reação reversa) Reação tipo 2 (eritema nodoso hansênico) São fenômenos inflamatórios agudos que cursam com exacerbação dos sinais e sintomas da doença e acometem um percentual elevado de casos. Reação de hipersensibilidade desencadeada por resposta imunológica contra antígenos do BH; Processo inflamatório agudo, com piora das lesões de pele existentes e surgimento de novas; Pode acompanhar uma intensa inflamação de nervos periféricos; Pode ocorrer ulcerações das lesões cutâneas e formação de abscessos em nervos periféricos; Acomete a forma: dimórfica, sendo paucibacilares ou multibacilares. Reação tipo 1 (reversa) OMS - ENH Agudo Recorrente Crônico Reação tipo 2 (ENH) Ativação da resposta humoral contra o BH (produção de anticorpos específicos); Pode vir acompanhado de sintomas gerais (febre, artralgias, mialgias, edema periférico etc); Nódulos subcutâneas, dolorosos, múltiplos e histopatologia caracterizada por paniculite (ENH); Pode causar importante comprometimento dos nervos periféricos (morbidade); Acomete a forma: multibacilar (virchowiana e dimorfos com altas cargas bacilares). Tratamento das reações VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto. Tratado de infectologia. 6. Rio de Janeiro: Atheneu Editora, 2021, 2v. BRASIL, Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico:Hanseníase. Brasília, 2023. BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase [recurso eletrônico]. Brasília, 2022. OBRIGADA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar