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ANA LUISA ARRABAL DE ALMEIDA – -Existem tratamentos de grupos diferentes: suporte/sintomático, específico e adjuvante. -Sintomáticos/ suporte: tem objetivo de amenizar ou controlar uma sintomatologia. Um exemplo clássico é um paciente que está vomitando muito e, independentemente do diagnóstico ou causa, inicia-se um tratamento antiemético. Suporte: fluido terapia é um exemplo, sobretudo em pacientes com vômito e diarreia. Introdução de sonda nasogástrica ou seringa diretamente na boca é também uma terapia suporte para animais que não estão comendo. Outros exemplos são gastroprotetores, procinéticos (estimula movimentação peristáltica e segmentar do TGI), hepatoprotetores (hepatócitos são células propensas à lesão oxidativa) e laxantes. -Específico: tratamento direto da causa que leva aos sinais e sintomas. Entretanto, nem sempre é possível ter um diagnóstico claro de todas as doenças. Outras vezes, não se sabe a causa clara de uma doença, apesar de ter o diagnóstico. Outros exemplos são antiparasitários, dietas específicas, antibióticos, imunossupressores, endoscopia terapêutica, cirurgia corretiva. -Adjuvante: tratamento tem função de somar na terapia. Nutracêuticos, por exemplo, são benéficos para ajudar no controle ou prevenção de doenças. Microrganismos probióticos são considerados benéficos para a saúde gastrointestinal e é outro exemplo de terapia adjuvante. -São divididos em duas classes: • Citoprotetores: medicamentos que reforçam a barreira de proteção da mucosa gástrica. o Sucralfato. • Antiácidos: atuam diminuindo a produção do ácido clorídrico, com efeito protetor secundário. o IBPs: inibidor da bomba de prótons – omeprazol, pantoprazol. o Antagonistas H2: antagonizam, bloqueiam o receptor da histamina na célula parietal. Cimetidina, ranitidina, famotidina são exemplos. o Antiácidos não sistêmicos: bicarbonato. -Indicações: usado quando há fortes evidências de lesão erosiva/ ulcerativa na mucosa gastrointestinal, como em casos de hematêmese ou melena. Situações também de supressão ácida em que o indivíduo tem um aumento na produção de ácido clorídrico. -Sob a superfície há células endoteliais de proteção e orifícios por onde sai a secreção gástrica com zimogênios, bicarbonato etc. As células gástricas produzem secreção (suco gástrico). -As células parietais (produtoras de ácido clorídrico) possuem receptores H2 de histamina, receptores de gastrina e de acetilcolina. Os IBPs atuam diretamente em resíduos de cisteína das bombas de prótons e tem efeito antiácido mais potente (redução de mais de 90% das bombas de prótons) por uma ligação irreversível. -Antiácidos locais: hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio e hidróxido de magnésio. • Pouco utilizados; • Palatabilidade ruim; • Efeito antiácido de curta duração – administração a cada 4 horas; • Posologia: 10 ml/ animal. -Antagonistas H2: ranitidina, cimetidina, famotidina. Possuem efeito antiácido moderado. -IBPs: omeprazol, lanzoprazol, pantoprazol, esomeprazol. Há pequenas diferenças entre farmacocinética e farmacodinâmicas entre eles. -Cimetidina: • Pouco utilizado; • Efeito antiácido limitado; • Necessita administração de 8 em 8 horas; • Interações medicamentosas. -Ranitidina: • Efeito antiácido mais fraco comparado a IBPs. • Efeito procinético discreto. • Linha humana não está sendo encontrada e pode ocorrer taquifilaxia (organismo se acostuma com a molécula). -Famotidina: • Melhor efeito antiácido entre os antagonistas H2. • 0,5-1 mg/kg, VO, BID; • Apresentações humanas de 20 ou 40 mg; • Pode ocorrer taquifilaxia. -Inibidor de bomba de prótons: -Omeprazol: ação antiácida potente, é um dos mais utilizados atualmente. Indicado no tratamento de: • Úlceras; • Esofagite por refluxo ácido. -Feito imediatamente antes de alimentar, ação só ocorre depois da absorção intestinal. Pela corrente sanguínea chega nas células parietais. Ligação covalente com a bomba de prótons em ambiente ácido. Metabolização/ excreção hepática. Descontinuar gradativamente após terapias longas, porque o estímulo em caso contrário seria intenso para produção de ácido, com efeito rebote (hipersecreção de rebote). Tem boa segurança, efeitos adversos bem tolerados. Pode ocasionar disbiose do trato GI anterior com consequente diarreia. Outros fármacos do mesmo grupo: lanzoprazol, pantoprazol, esomeprazol. Tetraciclinas são mais absorvidas em pH ácido, não sendo feita a associação com esses medicamentos. -Sucralfato tem capacidade de aumentar e reforçar a barreira de proteção, a camada rica em muco e bicarbonato. Admite-se que seu mecanismo de ação esteja relacionado à sua capacidade de formar um complexo com o exsudato do tecido lesado, produzindo uma barreira protetora sobre a mucosa -Composição: hidróxido de alumínio + sacarose sulfatada. Hidróxido de alumínio atua como tampão. -Tem ação local e posologia de 0,25 , 0,5 a 1 grama/ animal VO, TID ou QID. Não é absorvido, ou seja, não tem problemas de intoxicação. Pode causar constipação. -A êmese (vômito) é a eliminação do conteúdo gástrico precedido por contrações intestinais. -Antieméticos evita perda hídricas eletrolíticas, promove bem estar, retorno da alimentação precoce e minimização do estresse. -Atuam bloqueando um reflexo neural de êmese, que acontece quando um grupo de neurônios no tronco encefálico são estimulados, os quais formam o centro do vômito. As vísceras possuem inervação para vômito, ou seja, pode ser uma manifestação clínica para diversas doenças. Problemas sanguíneos também podem ocasionar vômito, como administração de drogas intravenosas. Ao lado do centro do vômito, há células neurológicas que formam a zona de disparo e possuem prolongamentos que vão para a corrente sanguínea. Um problema nesses vasos as estimula a liberar neurotransmissores (principalmente histamina) que estimulam o centro do vômito. -Sistema vestibular: envolve oitavo par de nervos cranianos e os núcleos vestibulares são responsáveis pela postura e equilíbrio no espaço ambiente. Alterações nesse sistema ocasionam perda de equilíbrio e vômitos. Há também vômitos induzidos por movimento (cinetose). -Vômitos de origem central cerebral (sinalizações aferentes): aumento de pressão intracraniana, AVE, alterações cerebrais no geral. -Antieméticos: -Citrato de maropitant (cerênia); -Potente antiemético, antagonista dos receptores de NK1, SC ou IV, SID. O receptor de NK1 faz parte da classe de receptores de superfície celular para as taquicininas com afinidade maior para a substância P, que é um neuropeptídio que facilita processos inflamatórios, vômito, ansiedade e nocicepção. Mais utilizado em pacientes em estado grave. Caso a êmese persista, aumentar a dose. É adjuvante na analgesia visceral. Há protocolos de infusão contínua. -Ondansetrona (Vonau): também usado em seres humanos. Vonau VO e emedron IV. É antagonista do receptor HT3 nas vias periféricas viscerais em que os neurotransmissores estão. Os antagonistas de HT3 são especialmente eficazes no controle da êmese aguda, porém, com menor ação sobre a êmese tardia. O efeito antiemético é consequência do bloqueio de receptores 5-HT3 da zona deflagradora dos quimiorreceptores e daqueles localizados perifericamente nos terminais nervosos vagais. Também tem ação central. 0,5-1 mg/kg IV, VO, BID. -Metoclopramida: mais tradicional. Mais utilizado atualmente como procinético, atuando como antagonista dos receptores dopaminérgicos. Utilizado para casos mais brandos de êmese. 0,2-0,5 mg/kg. Existem protocolos de infusão contínua – 1 a 2 mg/kg/dia em pacientes hospitalizados. -Acelerao esvaziamento gástrico. Utilizado em pacientes com esvaziamento gástrico tardio. Como consequência da falta de motilidade gástrica, pode haver obstrução mecânica (tratamento cirúrgico) e funcional (dieta e procinéticos). -Recomendação dos procinéticos: • Após exclusão de obstrução mecânica; • Em casos de hipomotilidade; • Íleo nas condições de gastroenterite ou pós-cirúrgico; • Pancreatite ou peritonite. -Manejo de esvaziamento gástrico tardio: • Procinético 20-30 minutos antes da alimentação; • Alimentação de consistência líquida e rápida digestão; • Volumes menores de alimento mais vezes ao dia. -São medicamentos que facilitam a eliminação de gases contidos no sistema digestório ou dificultam a formação de espuma nos líquidos digestivos que aprisiona os gases no seu interior. -Dimeticona: antiespumante que reduz a tensão superficial dos líquidos digestivos, diminuindo os gases no interior do tubo digestório. Utilizado em ultrassom. -Utilizado principalmente em casos de intoxicações agudas. -É utilizado morfina (cães) e xilazina (gatos) ou água oxigenada por via oral avaliando o risco benefício, já que causa irritação da mucosa esofágica e gástrica. -Demulcentes: substâncias com efeito protetor de recobrir e lubrificar a barreira de proteção intestinal. -Sucralfato: pode ter algum efeito intestinal também, porém prioritariamente estomacal. -Sulfato de bário: utilizado muito por via oral como contraste. É um protetor de mucosa. -Bismuto coloidal ou salicilato de bismuto: mais da linha humana, mas há algumas preparações veterinárias com ação emulsente. -Adsorvente: substância que incorpora outras moléculas no seu interior. -Carvão ativado: atrai e fixa substâncias, como toxinas. Utilizado em casos de envenenamento, diminuindo a absorção. -Adstringente: formação de película para melhorar revestimento. -Zinco: presente em preparações antidiarreicas para melhorar a barreira de proteção. Muito utilizado em crianças. -Auxiliam na recuperação da microbiota intestinal. Dificilmente algum paciente vai ter algum problema ou reação com probióticos. É utilizado como adjuvante. -Probióticos: suplementos alimentares com microrganismos vivos/ viáveis com benefício comprovado para o hospedeiro. -Prebióticos: possuem fibras na sua constituição digerível por enzimas bacterianas que, de forma indireta, estimula seu crescimento. -Pós biótico: produtos gerados pelas bactérias que não são viáveis, mas que também possuem efeitos benéficos para o hospedeiro. Aumento na produção de ácidos graxos voláteis, por exemplo, são nutrientes para as células do epitélio intestinal, sendo benéfico. -Simbióticos: associação do pre e probióticos. É o que está em inúmeras apresentações comerciais. -Vários mecanismos são propostos, mas não está totalmente claro como funcionam. -Indicações: situações de disbiose (fenômeno geralmente secundário a diarreias e gastroenterites). Diarreias agudas ou crônicas, situações estressantes, durante ou após o uso de antibióticos que alteram a microbiota intestinal. -Contraindicações: praticamente inexistente, geralmente a contraindicação se relaciona ao que está presente na fórmula. Evitar em pacientes imunodeficientes graves. Eficácia não comprovada dependendo do produto. -Conclusões: faltam estudos para mais evidências. Há evidências para diarreias agudas. Saccharomyces boulardii geralmente utilizado em enteropatias crônicas em cães. É uma levedura utilizada como probiótico. Produtos combinados podem ter efeito melhor.