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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RELATÓRIO DE ESTÁGIO REDECON SHOP DA CONSTRUÇÃO: NA ÁREA FINANCEIRA Controles financeiros: um estudo de caso em uma pequena empresa de material de construção. Discente: Geovanne Lucas Bezerra Cavalcante Orientador: Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena Supervisor: Jailson Severo Currais Novos/RN 2016 GEOVANNE LUCAS BEZERRA CAVALCANTE CONTROLES FINANCEIROS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO. ORIENTADOR: PROF. ESP. JOÃO PAULO OLIVEIRA LUCENA SUPERVISOR: JAILSON SEVERO Currais Novos/RN 2016 Projeto de Estágio apresentado ao Curso de Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Administração. CONTROLES FINANCEIROS: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO. . Data da Aprovação: _____/_____/______ ____________________________________________ Prof. Esp. João Paulo Oliveira Lucena Projeto de Estágio apresentado ao Curso de Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Dedico este trabalho ao meu grande Deus e ao grande alicerce da minha vida, minha mãe Maria de Jesus. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por toda força dada, essencialmente nos momentos difíceis. Por toda sabedoria dada em contribuir para administração como pequenas atitudes e grandes efeitos. À minha mãe, pela educação prestada, pelo exemplo que é e pelo seu apoio incondicional nas minhas decisões. Aos meus familiares, por todo apoio e por acreditarem em mim, principalmente minha tia Goreti e sua filha, minha prima Danielle, pela ajuda dada e pelo entendimento que não importa onde esteja seu objetivo, é preciso buscá-lo e conquistá- lo. À minha namorada Jaira Luiza, pelo seu carinho, sabedoria e pela sua inteligência nas discussões argumentativas que passamos, elas me ajudaram muito. Ao meu orientador João Paulo Lucena, por toda presteza, paciência e elevado conhecimento passado. Foi um grande mestre e tornou as finanças um assunto agradável e de importância elevada para a Administração. Aos meus professores pelo entendimento da importância da crítica, grande transformadora dos ambientes inadequados. Em especial Marcos Adller e Marcelo Henrique, por sua capacidade de passar o poder da Administração nas nossas vidas e de forma primordial nas dos outros. Aos meus grandes colegas de classe, pela alegria e pelos momentos vividos juntos. São pessoas especiais e que ajudarão o mundo a se tornar um lugar melhor com o poder da Administração. Aos amigos do “hoje tem”, pelas brincadeiras e criatividade nos seminários, foi o humor aliado ao conhecimento que fizeram a diferença nas apresentações. O desenvolvimento, na realidade, diz respeito às metas da vida. Desenvolver para criar um mundo melhor, que responda às aspirações do homem e amplie os horizontes de expectativas. Só há desenvolvimento quando o homem se desenvolve. Celso Furtado RESUMO O conturbado momento em que o país está passando, especialmente na área econômica, causa nas empresas certa intimidação em relação ao futuro. Dessa forma, as organizações precisam de um preparo e de cuidados a fim de evitar que a situação piore. A área financeira ganha ainda mais atenção nestas ocasiões, pois uma análise mal feita e um controle executado de maneira errônea podem custar caro à organização. Sendo assim, uma atenção maior deve ser dada a esse setor, pois quando se formula um bom planejamento financeiro e o executa com o auxílio de controles financeiros, a organização se fortalece para enfrentar eventuais crises. Desse modo, o presente trabalho irá analisar se a Redecon Shop da Construção faz usos do planejamento e dos controles financeiros no seu dia a dia, como também propõe-se a: identificar os controles financeiros existentes, verificar se os mesmos são acompanhados rotineiramente, conferir se a organização possui um planejamento financeiro e averiguar se o planejamento financeiro é elaborado e executado. O referencial teórico engloba basicamente a importância da Administração financeira, as funções do Administrador Financeiro, o Planejamento Financeiro e os principais controles financeiros. Em relação à análise dos resultados, buscou-se questionar dois funcionários atuantes na área de finanças sobre quais são os controles financeiros utilizados e se a empresa possui um Planejamento Financeiro (as respostas foram positivas, mas com opiniões diferentes). Na conclusão, destacou-se mais uma vez a importância da Administração Financeira como um fator que mantém as empresas no mercado. Palavras-chave: Controles financeiros. Administração financeira. Planejamento financeiro. ABSTRACT The troubled time that the country is experiencing, especially in the economic area, causes some intimidation in the companies about the future. Thus, organizations need some preparation and care in order to prevent the situation from getting worse. The financial field gets more attention on these occasions, because a botched analysis and a wrong control may cost the organization. Therefore, more attention should be given to this sector, because when it formulates a good financial planning and performing it with the aid of financial controls, the organization is strengthened to face any crisis. Thus, this study will examine whether the “Redecon Shop da Construção” makes use of planning and financial controls in their diary activities, but also proposes to: identify the financial controls, verify that they are monitored routinely, check whether the organization has a financial planning and ascertain whether this financial planning is really prepared and implemented. The theoretical framework basically encompasses: the importance of financial management, the functions of the Financial Director, Financial Planning and the main financial controls. Regarding the analysis of the results, we seek to question two employees working in the finance area about what are the financial controls used and if the company has a Financial Planning (the responses of them were positive but with different opinions). In conclusion, we emphasize once again to the importance of Financial Management as a factor that keeps companies on the market. Keywords: Financial controls. Financial management. Financial planning. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1- Classificação das empresas quanto ao número de funcionários 36 Quadro 2 – Tipos de Regime tributários 37 Quadro 3 - Cargo ocupado 38 Quadro 4 - Tempo de atuação no cargo 39 Quadro 5 - Nível de formação dos respondentes 40 Quadro 6 – Curso de graduação 41 Quadro 7 - Principais Controles financeiros utilizados42 Quadro 8. Acompanhamento dos controles financeiros 42 Quadro 9 - Frequência do acompanhamento dos controles financeiros 43 Quadro 10 – Como os controles são feitos 44 Quadro 11 – Utilização do planejamento financeiro 44 Quadro 12 – Execução do planejamento financeiro 45 Quadro 13 – Execução do planejamento financeiro 46 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 12 1.1 PROBLEMÁTICA 12 1.2. HIPÓTESES 13 1.3. JUSTIFICATIVA 13 1.4 OBJETIVOS 14 1.4.1 Objetivo Geral 14 1.4.2 Objetivos específicos 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO 14 2.1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 14 2.1.1. Aspectos conceituais 14 2.1.2. Funções do administrador financeiro 17 2.1.3. Gestão do Caixa 18 2.1.4. Concessão do crédito 19 2.1.5. Captação de recursos 20 2.1.6. Planejamento financeiro 20 2.2. GESTÃO FINANCEIRA 22 2.2.1.Aspectos conceituais 22 2.2.2. Ferramentas de gestão 22 2.3. FLUXO DE CAIXA 26 2.3.1. Fluxo de Caixa Operacional 27 2.3.2. Fluxo de caixa de investimento 28 2.3.3. Fluxo de caixa de financiamento 28 2.4 CONTROLES FINANCEIROS 29 2.4.1. Controle de Caixa 29 2.4.2. Controle de estoques 29 2.4.3. Contas a pagar 31 2.4.4. Contas a receber 32 3. METODOLOGIA 34 3.1. TIPOLOGIA DA PESQUISA 34 3.1.1. Quanto à natureza 34 3.1.2. Quanto aos objetivos 34 3.1.3. Quanto aos procedimentos 34 3.1.4. Quanto à forma de abordagem 35 3.2. DEFINIÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA 35 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 36 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA 36 4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES 38 4.3. QUESTÕES REFERENTES AOS CONTROLES FINANCEIROS 41 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 46 REFERÊNCIAS 48 APÊNDICES 51 12 1. INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMÁTICA O cenário mundial vive um momento de turbulência na área financeira, pois, a crise econômica impõe obstáculos, como por exemplo, a alta taxa de juros e a inflação, fatores responsáveis por limitar o poder de compra do cliente e diminuir, consequentemente, o faturamento das empresas. Muitas organizações não dão a devida importância a capacitação do pessoal na área financeira e isso acarreta em uma série de erros que podem influenciar negativamente nas tomadas de decisões. Orçamentos realizados em tempos muito longos, semestralmente ou anualmente, por exemplo, o fato de desconhecer o nível ideal de caixa para que se possa manter um fluxo adequado e preparado para os imprevistos e possuir um controle ineficaz das compras e vendas, podem dificultar nas tomadas de decisões no cotidiano da organização. Sendo assim, conhecer alguns aspectos básicos da área financeira e suas características, se faz necessário para se posicionar estrategicamente. Isso é possível com análises e projeções de curto e longo prazo para os diversos tipos de ambiente, como também, a utilização de orçamentos variados, um para cada situação, mantendo-se assim, a empresa saudável financeiramente frente aos concorrentes. Nesse sentido, o setor financeiro é um dos mais importantes para a permanência das empresas dentro do mercado. Pois, ele avalia as condições econômicas internas e externas à organização e mostra se ela possui viabilidade econômica para seguir com seus negócios. Também funciona como um sinal de alerta, tanto para cortar gastos em momentos de crise quanto para investir, no caso de lucro. Dessa forma, não disponibilizar a atenção merecida ao financeiro pode significar prejuízos e até mesmo colocar a empresa em situações de risco. Isso vale para todas as organizações, independente do seu tamanho, mas principalmente nas pequenas, onde os recursos financeiros são limitados e a lucratividade é menor quando comparada com as de grande porte. Para estas, o planejamento e o controle financeiro devem ser seguidos com comprometimento, a fim de se garantir estar à altura diante dos seus concorrentes. No entanto, o que observa na realidade é que ainda há organizações funcionando com a ausência de softwares financeiros básicos que servem tanto para manter os controles quanto para o planejamento. Percebe-se que a maioria das micro e pequenas empresas controlam suas contas de formas simples, como por exemplo, com o auxílio de folhas de papel, sem analisá- 13 las no curto e no longo prazo. E quando o planejamento é realizado, este é arquivado, ficando as organizações sem um norte, perdidas dentro do seu próprio negócio. E, se mesmo assim, conseguirem permanecer dentro do mercado sem levarem em consideração que os controles com o passar do tempo tornam-se essenciais e que planejamentos mais elaborados são necessários, poderão ter como resposta à ausência disto, dívidas e fechamentos de negócios. Nesse contexto, o trabalho tem o seguinte questionamento: quais são os principais controles financeiros utilizados e as dificuldades encontradas para implementação na Redecon Shop da Construção? 1.2. HIPÓTESES Levando em consideração a importância do setor financeiro para as organizações, o estudo aborda algumas hipóteses seguindo os métodos de controle financeiro que a empresa utiliza no seu cotidiano: A Redecon Shop da Construção faz uso dos controles financeiros essenciais, porém alguns são seguidos rotineiramente e outros não, como por exemplo, o controle de estoques. Os controles são acompanhados por sistemas de informação, com a justificativa da empresa ser de médio porte e de possuir um grande e também minucioso estoque. A organização possui um planejamento financeiro e que este é flexível às variáveis internas e externas, conseguindo se aproximar do mais ideal possível. 1.3. JUSTIFICATIVA O presente trabalho irá analisar os controles financeiros da Redecon Shop da Construção, ressaltando a importância que esse tema tem, tais como, possibilitar ao gestor informações financeiras de curto e longo prazo, projeções de vendas e de ambientes de riscos, manter o controle diário das contas e mostrar áreas de potencial para possíveis investimentos, para que assim a empresa tenha lucratividade e evite entrar para as estatísticas negativas de fechamento dos negócios. Assim, a Redecon Shop da Construção precisa realizar os seus controles financeiros, a fim de obter informações para melhorar as tomadas de decisões e conseguir se manter rentável e disputar a altura clientes com os seus concorrentes. O tempo de crise é ideal para fazer a análise, pois é onde se necessita de um controle mais rígido e também de observar quais são as estratégias adotadas pela empresa. 14 O acesso se dará através dos funcionários e dos gestores, que estão disponíveis para contribuir com a pesquisa, porém, a dificuldade se dá no conhecimento de alguns fornecedores da organização para o pesquisador. O tema se caracteriza como atual, pois as organizações sempre precisam utilizar o setor financeiro para se manter no mercado, para consultar se o negócio é viável ou não e para tomar as melhores decisões. Mesmo assim, a maioria delas funcionam com a ausência das informações desse setor, sendo mais um motivo para a realização da pesquisa. O trabalho também visa contribuir com as pesquisas já realizadas sobre os controles financeiros em empresas de material de construção. 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Objetivo Geral Analisar se a empresa faz uso de planejamento e de controles financeiros. 1.4.2 Objetivos específicos Identificar os controles financeiros existentes; Verificar se os mesmos são acompanhados rotineiramente; Conferir se a organização possui um planejamento financeiro; Averiguar se o planejamento financeiro é elaboradoe executado; 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 2.1.1. Aspectos conceituais A administração é uma integração entre os diversos setores, desde o marketing até a gestão de pessoas, da produção de um produto à uma decisão sobre um investimento, visando de acordo com o que o mercado atual exige gerar valor ao cliente. A integração dos setores em uma empresa é peça fundamental para que todo um sistema funcione com qualidade, garantindo o sucesso organizacional do empreendimento e de seus envolvidos. 15 Dentre os setores, um que se destaca como fundamental para o funcionamento da empresa é o financeiro, responsável no geral por agregar valor em forma de capital, proporcionando consistência financeira e permanência dentro do mercado. Dessa forma, administrar o financeiro é essencial para se manter frente aos seus concorrentes de forma competitiva e, também, para evitar e se preparar para eventuais momentos críticos que toda empresa passa. Para Moreira (1999, p. 12) “a administração financeira está presente nas empresas para orientar, do ponto de vista financeiro, as decisões e para responder como estas decisões devem ser tomadas para maximizar o valor da empresa”. Como o autor assegura, a administração financeira funciona como uma ferramenta que auxilia o administrador nas suas tomadas de decisões, objetivando garantir um norte seguro para que a empresa aumente o seu valor em relação às outras. Dessa forma, a administração financeira utiliza ferramentas como, planejamento, controles financeiros, de estoque, fluxo de caixa e concessão de crédito para auxiliar na análise de investimentos e de financiamentos. Assim como, para manter o controle de seus custos fixos e variáveis dentro de um orçamento, de suas contas a pagar e a receber e, para manter o fluxo de caixa eficiente, evitando que ele fique no zero. Sobre isso, Oliveira et al (2010, p. 03) afirmam que, A administração financeira é de suma importância no sucesso das empresas, uma vez que englobam diversos pontos, tais como as obrigações financeiras, planejamento, concessão de crédito para clientes, avaliação de investimento e aplicações, obtenção de recursos para financiamentos de operações da empresa, enfim tudo que gira em torno de negócios - financeiros e não financeiros, públicos ou privados, grandes ou pequenos, com ou sem fins lucrativos, fazem parte do gerenciamento ativo do administrador financeiro compreendendo avaliações de investimento, bem como análises de meios para obter recursos para financiar operações da empresa. Vale ressaltar a importância de uma tomada de decisão dentro da esfera financeira, pois, uma decisão errada poderá acarretar em prejuízos, o que irá gerar desconfiança dos demais setores. Sendo assim, um ou mais orçamentos devem ser elaborados, simulando cenários favoráveis e desfavoráveis, procurando o melhor caminho para funcionar com um custo baixo e com uma tomada de decisão mais segura sobre os negócios financeiros. Lizote e Krause (2011, p. 03) alertam para o perigo da indecisão sobre os recursos financeiros: A administração financeira tem como um de seus objetivos que a empresa opere com baixos custos e alta rentabilidade. Para que isso ocorra, não é permitido que ocorra qualquer tipo de indecisão sobre o que fazer com os recursos financeiros da 16 empresa, principalmente no que tange ao curto prazo, para que seja garantida a liquidez do negócio. A estratégia é uma aliada ao setor financeiro e a sua administração, ou seja, funciona como um forte método para o conhecimento do ambiente externo e indica os possíveis pontos, áreas e mercados que o administrador financeiro deverá seguir com a sua empresa. Acrescenta-se também a importância de sua implementação, como argumentam Morante e Jorge (2009, p. 03): A função financeira responde pela obtenção dos recursos necessários ao desenvolvimento das atividades da organização. Por outro lado, deve participar ativamente da formulação de uma estratégia e sua implementação e controle no que se referir à otimização do uso desses fundos. É salutar informar que a administração financeira se utiliza da teoria para encontrar o melhor método dentro da prática. Assim, segundo Machado (2004, p. 4) “a Administração financeira tem como funções básicas: o planejamento, a administração e o controle das entradas e saídas de fundos, ou seja, os investimentos e financiamentos necessários à sustentação das atividades da empresa.” No mercado existem administradores que nascem com a arte de administrar, sendo tão competentes quanto aqueles que estudaram a vida toda para exercerem a função. Mesmo assim não é interessante, principalmente na área financeira, que esses administradores da arte se acomodem só por que possuem o dom, pois o dom não resolve questões como inovação tecnológica na área e o surgimento de produtos e mercados inovadores. Dessa forma, Cherobin, Júnior e Rigo (2010, p. 4) conceituam que “a administração financeira é a arte e a ciência de administrar recursos financeiros para maximizar a riqueza dos acionistas”. Basicamente, em poucas palavras, a administração financeira preocupa-se com o patrimônio financeiro e garante a maximização do seu valor. Conforme Chiavenato (2005, p. 9) “Administração Financeira (AF) é a área da administração que cuida dos recursos financeiros da empresa.” Ainda sobre esse tema, Groppelli e Nikbakht (2010, p. 3) dizem que, a administração financeira é “a contribuição ao valor de uma empresa por meio da seleção dos investimentos que produzam o melhor balanceamento entre risco e retorno.” Nesse sentido, percebe-se que mais uma vez, os autores destacam a importância da administração financeira com a maximização do valor da empresa, deixando claro, que a empresa não deve somente crescer em lucro, mas também se desenvolver em valor com investimentos seguros e com retornos atraentes tanto no curto quanto no longo prazo. 17 2.1.2. Funções do administrador financeiro Uma administração eficaz e eficiente se faz com um pessoal qualificado, atualizado e flexível frente aos obstáculos que o mercado impõe. No setor financeiro não se exige diferente, pois o que está em jogo é a valorização financeira da empresa. Assim, um administrador financeiro é o indicado para resolver as questões financeiras e fornecer dados que orientem para a melhor decisão. Para Hoji (2010, p. 7) “as funções típicas do administrador financeiro de uma empresa são: a) análise, planejamento e controle financeiro; b) tomadas de decisões de investimentos; e c) tomadas de decisões de financiamentos.” O administrador financeiro deve ter uma visão holística do ambiente interno e externo para que possa traçar a melhor estratégia na valorização da empresa e evitar tomadas de decisão equivocadas sobre assuntos que lhe falte conhecimento. Segundo Moreira (1999, p. 18) “o administrador financeiro precisa tomar conhecimento do ambiente interno e externo da empresa, da economia, da legislação e tributação, pois, todas as atividades da empresa, financeiras ou não, podem ser afetadas por mudanças neste âmbito”. Destaca-se também a responsabilidade no cumprimento de suas funções, sejam elas, a formação de orçamentos, projeções, pesquisas mercadológicas, análise de risco e retorno, decisão sobre a concessão de crédito mais rígida ou mais frouxa e da interação com os outros setores. Pois, uma empresa é um sistema integrado, onde uma desorganizada campanha de publicidade realizada pelo departamento de marketing por exemplo, acarretará em prejuízos para o setor financeiro, que terá que buscar outro meio de conseguir mais recursos para a empresa. A despeito disso, Sanvicente (2013, p. 17) apontam dois pontos que resume as atribuições do administrador financeiro: (1) a obtenção de recursos monetários para que a empresa desenvolva as suas atividadescorrentes e expanda a sua escala de operações, se assim for desejável, e (2) a análise da maneira com a qual os recursos obtidos são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de atuação da empresa. O conhecimento das teorias administrativas e financeiras são desempenhadas por um bom administrador financeiro. Dessa forma, uma gestão de recursos financeiros se torna mais fácil, pois há uma união entre teoria e prática para obtenção de objetivos. Segundo Júnior, Rigo e Cherobin (2010, p. 7) “a administração financeira envolve basicamente a gestão de recursos financeiros. Como obter esses recursos e onde aplica-los é atividade principal do administrador financeiro”. Nesse sentido, dependendo do porte da 18 empresa, a função de administrador financeiro demanda diferentes pessoas para sua posição. Em uma organização de grande porte, o encarregado do financeiro, é um dos sócios, responsável por conseguir investimentos e agregação de valor. Há ainda um departamento, onde normalmente se tem um gerente liderando os seus funcionários. Geralmente também, nas organizações de pequeno porte, o responsável pelo financeiro é o pequeno empreendedor ou o seu sócio, pois os recursos são menores se comparados com a empresa de grande porte e por isso a organização muitas vezes não possui condições de contratar esse profissional. Mesmo com as diferenças de tamanho entre as organizações, Matias e Júnior (2002, p. 12) ressaltam que as funções dos administradores financeiros deveriam ser iguais: Os administradores financeiros, tanto na empresa de pequeno porte quanto nas demais empresas, desempenham ou deveriam desempenhar uma variedade de tarefas, tais como: orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito e do estoque, análise de investimento e captação de recursos, tanto a curto como a longo prazo. O profissional responsável pela administração financeira precisa também estar atento ao valor que a empresa possui dentro do mercado, assim como afirmam Groppelli e Nikbakht (2010, p.20): “os administradores financeiros estão incumbidos da responsabilidade primária de maximizar o preço das ações da empresa mantendo o risco no menor nível possível. ” 2.1.3. Gestão do Caixa Uma das atribuições da administração financeira é a gestão do caixa. Com uma boa gestão de caixa, a empresa pode administrar com eficiência suas questões financeiras, melhorando a tomada de decisão e agregando valor organizacional. Segundo Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 375) gestão do caixa “é atividade de tesouraria da empresa, que acompanha os reflexos das políticas de investimentos, de vendas, de crédito, de compras e de estoques”. Assim, a gestão de caixa também se relaciona com o fluxo de caixa, controlando-o e evitando a escassez de capital. E para que isso não aconteça, um planejamento eficaz se faz necessário, demonstrando os riscos, apontando os meios para se investir e os controles a se utilizar. Para Sá (2012) a gestão do caixa se relaciona com os objetivos da projeção do fluxo de caixa de curto prazo que são claros: servir de base para um planejamento financeiro que permita uma correta administração dos eventuais excessos e/ou escassezes de caixa previstas 19 no período projetado. Logo, o gestor financeiro também precisa possuir conhecimento sobre a gestão de caixa. Não se trata apenas de um simples depósito em uma conta ou de uma aplicação, mas sim de um estudo palpado no melhor retorno para a empresa. Nesse sentido, Santos (2010, p. 42) também ressalta a importância do planejamento e do controle: A administração de caixa numa empresa abrange as atividades de planejamento e controle das disponibilidades financeiras que é parcela do ativo circulante representada pelos depósitos nas contas correntes bancárias e aplicações financeiras de liquidez imediata. Uma gestão de caixa eficaz também é responsável por uma operação a um baixo custo, como afirma Salazar (2012, p. 178) a administração de caixa “refere-se à manutenção de dinheiro vivo o mais baixo possível para manter uma eficiente atividade de produção e comercial da empresa". 2.1.4. Concessão do crédito O setor financeiro muitas vezes necessita de capital para suprir as despesas e também para investir no mercado financeiro. Esse capital, lógico, vem dos bolsos dos clientes, que em alguns casos não possuem dinheiro vivo e preferem pagar a prazo. A administração financeira é a encarregada de oferecer ou não a possibilidade de conceder a compra a prazo para o cliente, todavia a negação dessa forma de pagamento pode levar o cliente a trocar de organização. Para Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 392) é “por meio da concessão de crédito, que as empresas podem vender muito mais do que venderiam se não utilizassem esse tipo de facilidade. Por outro lado, crédito é fator de risco para as empresas; porquanto pode haver perda com devedores relapsos”. A tomada de decisão sobre a concessão de crédito deve ser analisada criteriosamente, onde o risco e o retorno devem seguir uma disparidade mínima, a fim de evitar perdas de clientes potenciais e uma possível escassez de fluxo de caixa. Júnior, Rigo eCherobim (2010, p. 393) ainda apontam que “a concessão de crédito exige também grandes volumes de investimentos em capital de giro, o que torna a sua administração complexa, exigindo de gestores e executivos atenção e uso de técnicas adequadas”. Diante disso, o administrador financeiro irá procurar a melhor saída com a utilização de uma pesquisa sobre os clientes potenciais, procurando saber a sua renda e capacidade de pagamento. 20 Isso demanda tempo, porém, ajuda ainda mais no desenvolvimento de um capital de giro, que tonar-se ainda maior com uma concessão de crédito menos rígida. Machado (2004, p. 102) destaca a atitude que muitas empresas precisam ter na concessão de crédito: A análise da concessão do crédito tem que ser baseada em dois aspectos fundamentais. Primeiramente, nas fontes de informações disponíveis combinadas com a evolução da conjuntura econômica e em segundo lugar, em uma forte dose de bom senso, pois, muitas vezes vale aceitar um determinado risco considerando que o cliente tem potencial para torna-se regular e confiável futuramente. É interessante a comunicação entre empresa e cliente na negociação para a concessão de crédito. Para Assaf Neto e Silva (2012, p. 140) “a concessão de crédito é uma resposta individual da empresa a cada cliente. Se o cliente satisfazer as condições mínimas preestabelecidas pela empresa, poderá existir financiamento por parte da empresa para sua compra”. 2.1.5. Captação de recursos Segundo Júnior, Rigo e Cherobin (2010, p. 430) “capitais próprios são recursos aportados nas empresas pela via do Patrimônio Líquido, quer através da auto geração de recursos e respectivo investimento, quer pela subscrição e integralização de capital social". Como as empresas geralmente fazem compras de outras empresas a prazo, registrando a dívida como uma conta a pagar (fornecedores), esse tipo de fonte de financiamento de curto prazo é conhecido como crédito comercial. (Brighan, Gapenski e Ehrhardt, 2008, p. 809). Segundo Brighan, Gapenski e Ehrhardt (2008, p. 813) “os bancos comerciais, cujos empréstimos geralmente aparecem nos balanços patrimoniais das empresas como empréstimos a pagar, ocupam o segundo lugar em importância como fonte de financiamento de curto prazo.” Para Assaf Neto e Lima (2009, p. 556) “o financiamento de uma empresa por meio de recursos próprios pode desenvolver-se pela retenção de seus resultados líquidos (autofinanciamento) e, principalmente, pela integralização de novas ações. ” 2.1.6. Planejamento financeiro Uma das ferramentas importantes para a execução consistente de uma boa administração financeira é o planejamento financeiro. Este, segundo Machado(2004, p. 4) “Consiste na tomada de decisões fundamentadas em projeções financeiras para um 21 determinado período futuro (orçamentos)”. O planejamento financeiro permite à empresa uma visualização de cenários vantajosos, desvantajosos, uma análise e uma visualização criteriosa de onde deve-se investir, onde os custos estão altos e se o recebimento é o necessário para um bom saldo no fluxo de caixa. Para Sá (2012, p. 13) “é um conjunto de operações financeiras que podem ser empréstimos, aplicações financeiras ou resgates de aplicações financeiras-realizadas para atingir um determinado objetivo”. O sucesso financeiro de uma empresa depende de um planejamento financeiro organizado e bem pensando. Ele leva a organização a tomar decisões antecipadas que refletirão no presente de forma positiva ou negativa, dependo da importância que lhe é dada. Salazar (2012, p. 95) aborda que o “planejamento dos fluxos de caixa provenientes dos ativos circulantes e não circulantes é conhecido, na literatura de finanças empresariais, como o planejamento financeiro empresarial”. Destaca-se também a execução do controle dentro do planejamento financeiro. Pois, permite que a empresa ande por um caminho com segurança e livre de obstáculos, como perdas de informações e dados, pedidos acima do recomendável de estoques e contas a pagar acima do limite permitido. De acordo com Júnior, Rigo e Cherobin (2010, p. 446) o planejamento financeiro “é também eficiente ferramenta de controle visando conhecer se as projeções e os objetivos estabelecidos estão sendo atingidos, permitindo analisar o desempenho de produtos e áreas da empresa, indicando a necessidade, ou não, de ações de correção de curso.” Assim, a decisão e negociação partem de um ponto: planejamento financeiro. Negociar um financiamento sem um estudo sobre a viabilidade de pagamento da empresa, mesmo que no longo prazo, é arrisca-se sem calcular o risco. Segundo Groppelli e Nikbakht (2010, p. 319) o “planejamento financeiro é o processo por meio do qual se calcula quanto de financiamento é necessário para se dar continuidade às operações de uma companhia e se decide quando e como a necessidade de fundos será financiada”. Nesse sentido, o planejamento financeiro não deve somente ser feito e engavetado, é preciso fazer e colocar em prática, como Brighan, Gapenski e Ehrhardt apontam (2008, p. 534) que o planejamento financeiro precisa “estabelecer e manter um sistema de controles governando a alocação e o uso dos fundos dentro da empresa”. Em essência, isso envolve ter certeza de que o plano básico está sendo conduzido apropriadamente. ” 22 2.2. GESTÃO FINANCEIRA 2.2.1.Aspectos conceituais Administrar recursos financeiros envolve todo um processo que resumidamente se baseiam em duas palavras: planejar e controlar. São ferramentas fundamentais para auxiliar ao gestor no seu dia a dia e garantem que tudo que foi pensando seja realizado. Segundo Dal-Ry (2009) “a gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos que envolvem o planejamento, o controle e a análise das atividades econômicas e financeiras da empresa”. O que está em jogo na administração financeira, são os recursos de toda a empresa, assim, além da responsabilidade de guardá-lo em um local seguro, o setor financeiro tem o dever de agregar valor a esse capital, investindo-o em produtos, em mercados, com o objetivo de obter o melhor retorno possível. Oliveira et al. (2010, p. 02) destacam a importância da gestão financeira: É uma técnica utilizada para melhor operacionalização dos recursos financeiros de forma a proporcionar o melhor resultado possível, no que diz respeito ao negócio da empresa, seja ele de fornecer crédito, planejamentos, investimentos e de meios de obtenção de recursos financeiros para financiar as atividades. Desse modo a gestão financeira auxilia de forma primordial nas tomadas de decisões, pois ela realiza um estudo detalhado do ambiente interno e externo e entrega como resultado análises dos caminhos mais adequados para investir os recursos. 2.2.2. Ferramentas de gestão Além do planejamento financeiro, a empresa possui ou pelo menos deveria ter um planejamento geral. Uma decisão de resultados positivos depende de informações de todos os setores, do raciocínio sobre as intempéries que o mercado impõe (apontando as soluções) e de uma coesão entre suas opiniões, o que gera uma opinião integrada que se não sortir efeitos, a culpa será de todos. Para Hoji (2010, p. 415) “O planejamento consiste em estabelecer com antecedência as ações a serem executadas dentro de cenários e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados". Nesse sentido, o planejamento funciona basicamente como um mapa, um caminho 23 que a empresa deve seguir para uma possível colheita de resultados positivos. Devendo este ser flexível, pois o ambiente externo é dinâmico e obriga que as empresas mudem seu plano de ação. Lucion (2005, p.03) aborda diversos conceitos sobre o planejamento: O ato ou efeito de planejar; trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; planificação, processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações (pelo governo, pela direção de uma empresa, etc.) visando à consecução de determinados objetivos; elaboração de planos ou programas governamentais, especialmente na área econômica e social. Para um cumprimento de objetivos total do planejamento, planos de metas são estabelecidos, a fim de evitar o descontrole nos passos que são indicados. Vale ressaltar, que o plano de metas oferece a flexibilidade para uma rota de ação que o mercado indica. A despeito disso, Hoji (2010, p. 445) acrescenta que o “planejamento é o processo de estabelecer objetivos ou metas, determinando a melhor maneira de atingi-las. O planejamento estabelece o alicerce para as subsequentes funções de organizar, liderar e controlar”. Assim sendo, a empresa em curtas palavras, não pode entrar no mercado sem um planejamento, já que segundo Gazzoni (2003, p. 27) “o planejamento é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de qualquer organização, pois quando uma organização planeja, decide antecipadamente qual risco está disposta a correr. Decidir antecipadamente constitui-se em possuir o controle do futuro.” Outra ferramenta importante na gestão financeira, são os orçamentos. Eles auxiliam o gestor financeiro com dados financeiros e disponibilizam se a empresa está com prejuízo em seu negócio ou com lucro. Hoji (2010, p. 414) destaca a importância do orçamento para a estratégia: O orçamento geral retrata a estratégia da empresa e evidencia, por meio de um conjunto integrado por orçamentos específicos, subdivididos em quadros auxiliares, onde estão refletidas quantitativamente as ações e políticas da empresa, relativas a determinados períodos futuros. Os orçamentos permitem realizar projeções, de curto, médio e de longo prazo, além de fornecer simulações de um investimento, analisando o risco e o retorno. Tudo isso é mostrado em números, onde o gestor financeiro fará a sua análise e poderá tirar as suas conclusões. Sobre a versatilidade dos orçamentos, Sanvicente (2013, p. 209) destaca: Os planos de curto prazo ou anuais são formalizados através de orçamentos que indicam quantitativamente (em unidades físicas, medidas de tempo, valores monetários etc.) e transformam os objetivos mais amplos do plano de longo prazo em objetivos mais imediatos e específicos aos diversos setores da empresa. 24 Destaca-se ainda a veracidade que os dados devem possuir para uma formulação correta dos orçamentos, pois, isso evita investimentos em áreas de risco alto, em fornecimento de crédito para clientes com índicesde inadimplência elevados e com o capital em estoques em desacordo com o valor real. Sobre isto, Ribeiro e Timóteo (2012, p. 68) abordam o orçamento como um identificador de pontos críticos: O orçamento tem o papel de auxiliar a visualização do comportamento das variáveis planejadas por meio de relatórios quantitativos ao longo do tempo. É o instrumento que pode identificar possíveis gargalos e pontos críticos nos processos da organização e elaborar planos para eliminar ou minimizar o seu efeito. Nesse sentido, o orçamento também auxilia na formulação de um fluxo de caixa adequado. Segundo Groppelli e Nikbakht (2010, p. 322) “o orçamento de caixa é a comparação dos recebimentos de caixa futuros com os pagamentos de caixa futuros numa base mensal e determina o excesso ou a falta de caixa mensal.” Assim, uma estruturação de capital fornece informações para o fluxo de caixa, onde a empresa terá em suas mãos elementos para colocar em prática um capital que fique no meio termo, entre excesso e escassez. No que diz respeito a importância das informações dadas pela estruturação de capital, Lizote e Krause (2011, p. 04) asseguram: Na estruturação do fluxo de caixa, são necessárias inúmeras informações que podem e devem contribuir para torná-lo mais eficaz perante as necessidades da empresa. Essas informações abrangem dados referentes à atividade econômica da empresa, seu porte, as necessidades relativas aos estoques, os tipos de clientes, a origem dos recursos, as prioridades dos fornecedores e os gastos. Para Assaf Neto e Lima (2009, p. 529) “a identificação da estrutura de capital de custo mínimo promove a maximização do valor da empresa, beneficiando a riqueza de seus proprietários.” A estrutura de capital permite que o administrador financeiro tome conhecimento de quanto vale a organização de qual ele faz parte, além de dizer quais são os seus limites e os possíveis riscos. Ainda de acordo com Assaf Neto e Lima (2009, p. 527) “a decisão da estrutura de capital altera o risco financeiro da empresa, o qual é proveniente da decisão de financiar com dívidas ou recursos próprios.” A estrutura do capital dependendo da decisão da empresa, pode se tornar de risco, quando há dívidas, ou não, quando há um financiamento feito por recursos próprios. No que tange ao planejamento e orçamento, estes fazem partes dos controles financeiros de qualquer organização. Reinert e Bertolini (2007, p. 02) argumentam que “é do 25 controle financeiro que depende a sorte de qualquer empresa, porém em muitas empresas ele recebe muito pouca atenção até que ocorram dificuldades que obrigam a empresa a dar mais atenção a movimentação do dinheiro”. No tocante às ferramentas que auxiliam no planeamento, na contemporaneidade das empresas privadas, o uso de TI é forte para manter um controle financeiro eficiente e eficaz, uma vez que a tecnologia fornece velocidade e segurança dos dados e ainda gera relatórios para os seus gestores. Segundo Groppelli e Nikbakht (2010, p. 443) softwares financeiros “são programas projetados para administrar dados, realizar análise de planilhas eletrônicas, fornecer bancos de dados e demonstrativos financeiros para resolver problemas matemáticos complexos.” Outro aspecto importante que faz parte de uma boa gestão financeira é a negociação. Esta começa internamente entre os setores, entre os sócios e depois vai para o meio externo. Lembrando que uma boa negociação, seja ela entre empresa e empresa, empresa e cliente, precisa deixar claro que o objetivo é o ganha-ganha entre as duas partes. Segundo Pinheiro (2012, p. 26) “uma negociação é antes de tudo, um processo de comunicação no qual e sobre o qual há e atuam, no mínimo, três elementos: o emissor (também denominado de codificador), a mensagem (que flui por um canal) e o receptor (por vezes referido como decodificador).” Assim, o pessoal responsável por negociar os interesses da organização precisa de capacitação para agir com competência. Pois, a negociação, é antes de tudo uma gestão, como afirma Pinheiro (2012, p. 32): Gestão da negociação significa tudo o que envolve uma negociação (objetivos, metas, pessoas, recursos, etapas, critérios, procedimentos, etc.) deve, necessariamente, ser submetido aos subprocessos [...] que interligados e alinhados, constituem o processo de gestão como um todo. Deste modo, a negociação se utiliza do planejamento, como afirma Martinelli e Ghisi (2006, p.147) “o planejamento da negociação consiste, então, na busca das informações necessárias ao processo, na formulação de um roteiro ou plano de ação e na preparação para o desenvolvimento da negociação, objetivando prever os eventuais problemas [...].” Nesta perspectiva, a negociação envolve empatia, colocar-se no lugar do outro, saber qual é o seu interesse naquele negócio, para depois formular a melhor estratégia para trazer como resultado o interesse da empresa. Para Júnior (2005, p. 23) “o processo de negociação está sujeito a definições das partes diretamente envolvidas (instituições e seus representantes) e interferências de outras 26 instituições e pessoas, mesmo daquelas que não ocupam uma posição de poder devidamente constituída, [...].” Assim, a negociação leva em consideração os interesses das duas partes, afim de encontrar o melhor resultado para as partes envolvidas. 2.3. FLUXO DE CAIXA Outra ferramenta de total importância para a administração financeira é o fluxo de caixa. Este é responsável por registrar as entradas e saídas de capital da organização. Configura-se como um controle necessário para manter um caixa bem administrado. Para Higgins (2014, p. 22) o fluxo de caixa “é a movimentação do dinheiro que entra e sai de uma conta de caixa em um determinado período de tempo.” Trata-se de um controle que auxilia na visualização e compreensão das movimentações financeiras num período preestabelecido. (Bibliotecas Sebrae). Pagar funcionários, fornecedores e utilizar o capital para investir em algo, fazem parte das funções do setor financeiro. O pagamento deve ser feito em uma data que a organização possua dinheiro em caixa, ou de contrário, terá problemas em explicar aos seus funcionários o porquê do atraso. Lizote e Krause (2011, p. 04) ressaltam a competência do fluxo de caixa: É inegável que as empresas necessitam controlar seus valores a receber e a pagar, diante disso, o fluxo de caixa projetado surge como uma importante ferramenta a ser utilizada, possibilitando a verificação da existência de possíveis excedentes de caixa e a melhor maneira de aplicá-los, como também a possibilidade de prever possíveis ausências de recursos e as possibilidades de financiamentos com o intuito de evitar futuras dificuldades. Nesse sentido, o fluxo de caixa funciona como um registro de movimentação financeira. Ele permite que o gestor tenha conhecimento do dia que comprou estoques, que pagou os funcionários, que recebeu capital através das contas a receber, por exemplo, tudo isso com o objetivo de oferecer controle e transparência. Para Sá (2012, p. 11) “fluxo de caixa é o método de captura e registro dos fatos e valores que provoquem alterações no saldo de caixa e sua apresentação em relatórios estruturados, de forma a permitir sua compreensão e análise.” Além de oferecer o controle, o fluxo de caixa permite ao gestor financeiro o planejamento de suas ações financeiras, a fim de mais uma vez, evitar a escassez em dias de pagamento ou o excesso em momentos que é mais viável investir. Segundo Santos (2010, p. 43) “fluxo de caixa é um instrumento de planejamento financeiro que tem por objetivo fornecer estimativas da situação de caixa da empresa em 27 determinado período de tempo à frente.” O controle do fluxo de caixa pode ser realizado em curtos ou longos espaços de tempo, assim segundo Ribeiro e Timóteo (2012, p. 68) “o fluxode caixa serve para informar a origem do dinheiro que entrou e saiu do caixa de um dado período, seja diário, semanal ou mensal”. Com isso, o gestor financeiro pode utilizar o fluxo de caixa para formular projeções até encontrar uma movimentação adequada, que esteja de acordo com as especificidades financeiras da organização. Para Reinert e Bertolini (2007, p. 02) fluxo de caixa é “uma demonstração para o apoio da gerência financeira, com projeções da movimentação de dinheiro da empresa para os próximos períodos”. É importante destacar que o fluxo de caixa também dá suporte para execução dos orçamentos, pois as receitas e despesas que são colocadas são fornecidas por ele. Dessa forma, Salazar (2012, p. 17) conceitua fluxo de caixa como “a diferença entre quantidade de dinheiro que entra (recurso financeiro: receitas) e sai (recurso financeiro: despesas) de caixa.” A organização no fluxo de caixa precisa ser feita com qualidade, ou seja, as informações e os dados que são fornecidos, além de serem verídicos, necessitam que sejam computados na sua totalidade. Matias e Júnior (2002, p. 23) ressaltam que “o fluxo de caixa é um instrumento de previsão e, como tal, serve para antecipar possíveis situações a serem enfrentadas pelo administrador". Assim, a entrada e saída de capital computada ou escrita, permite transparência, planejamento e controle do que se vai fazer com o dinheiro que se encontra em caixa. Para Assaf Neto e Silva (2012, p. 33) o fluxo de caixa “é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo". 2.3.1. Fluxo de Caixa Operacional O fluxo de caixa se subdivide em três partes: fluxo de caixa operacional, fluxo de caixa de investimento e de financiamento. O operacional é responsável por disponibilizar capital para as atividades relacionadas à produção e a venda de produtos. No tocante ao fluxo de caixa operacional, para Ross et al (2015, p 35) este “é definido como lucro antes juros mais depreciação menos tributos sobre o lucro, mede o caixa gerado nas operações, sem contar os gastos de capital ou as demandas de capital de giro”. Assim sendo, o fluxo de caixa operacional funciona como uma caixa com dinheiro, para as necessidades de capital a curto prazo. 28 Diante disso, é preciso um planejamento e um controle afim de evitar que as operações relacionadas a produção e a venda fique sem caixa para execução de suas funções. Salazar (2012, p. 139) relaciona o lucro operacional com as variações nos ativos e nos passivos: Representa uma medida financeira do montante do caixa gerado ou consumido pela atividade operacional do negócio num período específico e pode ser calculado por meio de ajustes ao lucro operacional (LBO) das variações nos ativos e passivos cíclicos de curto prazo ocorridas ao longo desse período. Segundo Matias e Júnior (2002, p. 24) são os fluxos de caixa (entradas e saídas) diretamente relacionados à produção e venda dos produtos e serviços da empresa. O fluxo de caixa operacional nasce dos resultados financeiros adquiridos pelas atividades da empresa, onde segundo Assaf Neto e Silva (2012, p. 48) “representa basicamente os resultados financeiros (no sentindo estrito de caixa) produzidos pelos ativos identificados diretamente na atividade da empresa.” Segundo Gazzoni (2003, p. 44) “Os fluxos operacionais, corresponde às entradas e saídas relacionadas às atividades operacionais da empresa. ” 2.3.2. Fluxo de caixa de investimento No que diz respeito ao fluxo de caixa de investimento, este está relacionado as atividades financeiras envolvidas como o próprio nome diz, com os investimentos que a empresa precisa para agregar valor dentro do mercado. De acordo com Matias e Júnior (2002, p. 24) “são os fluxos de caixa associados com a compra e venda de ativos imobilizados e participação societária.” Logo, o fluxo de caixa de investimento aponta os investimentos mais atrativos para empresa e também sua capacidade de poder aceitar, dependo das suas condições de caixa. Gazzoni (2003, p. 44) destaca todo o caminho por onde esse tipo de fluxo de caixa passa: Os fluxos permanentes, que está ligado aos investimentos no ativo permanente da empresa; o fluxo dos acionistas, que indica as transações que afetam os mesmos e que são derivadas de decisões de capitalização ou de distribuição do lucro ou redução do capital. 2.3.3. Fluxo de caixa de financiamento No que se refere ao fluxo de caixa de financiamento, este tem sua fonte de capital através dos empréstimos conseguidos com os bancos e também da concessão de crédito 29 oferecida pelos fornecedores. Isso garante um capital para subsidiar os custos de curto prazo que são mais frequentes, principalmente no ciclo inicial de uma empresa. Para Matias e Júnior (2002, p. 24) “fluxo de caixa de financiamento são os fluxos de caixa que resultam de operações de empréstimo e capital próprio. Tomando ou quitando empréstimos tanto de curto prazo (títulos a pagar) como de longo prazo.” O setor financeiro é o encarregado por gerenciar os três tipos de fluxo de caixa, garantindo o controle entre entrada e saída, fornecendo informações aos gestores e garantindo a realização das atividades financeiras da empresa. Gazzoni (2003, p. 44) aborda o que pode ser feito com o capital obtido pelo fluxo de caixa financeiro: O fluxo financeiro equivale ao somatório dos demais fluxos, onde, no caso de sobra de recursos, ocorre à saída para aplicação deste valor no mercado e, no caso de insuficiência de recursos, ocorre à entrada por meio de resgate de investimentos, ou por meio de captação de recursos com terceiros. 2.4 CONTROLES FINANCEIROS 2.4.1. Controle de Caixa Para se conseguir um fluxo de caixa coeso com ausência de surpresas desagradáveis, um controle deve ser montado. O controle de caixa orienta a organização a manter um caixa equilibrado e a ter uma visão dos gastos imprevistos que surgirão no futuro. Segundo Brighan, Gapenski e Ehrhardt (2008, p. 772) “com o orçamento de caixa a empresa prevê vendas, suas necessidades de ativos fixos e estoques e as épocas em que os pagamentos devem ser feitos.” Assim, o controle se uni ao planejamento para possibilitar maior qualidade aos resultados financeiros da empresa. A organização funcionará melhor com um controle de caixa, com pagamentos em dia, aproveitando as oportunidades de investimento e observando como de costume o risco e o retorno que ele envolve. Para Assaf Neto e Lima (2009, p. 660) “as medidas de caixa podem incluir maior maximização nos recebimentos de clientes, mediante contatos com os bancos com que a empresa trabalhe, visando à agilização na liberação dos cheques recebidos.” 2.4.2. Controle de estoques Além de um controle de caixa para fornecimento de capital sempre que a organização necessitar, a empresa precisa de um estoque para subsidiar as demandas exigidas pelo cliente. 30 Há todo um estudo para saber qual é o estoque ideal, mas o que se sabe de certeza, baseado nas recomendações de profissionais da área, é que ele deve ser mantido no mínimo. Para Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 414) “a administração de estoques envolve, portanto, o controle dos ativos circulantes que são usados nos processos de prestação de serviços, na comercialização ou na produção para serem vendidos no curso normal das operações da empresa.” O estoque em excesso é custo para a empresa. A permanência por muito tempo dentro da empresa pode acarretar perdas, onde o investimento decidido no início do planejamento não levou em consideração o risco de comprar a mais do que a demanda exige. A escassez de estoque por outro lado, gera a perda de clientes, pois a organização não planejou e não manteve o controle, em essencial, do estoque de segurança. Morante e Jorge (2009,p. 51) alertam para a importância da gestão de estoque: Uma gestão eficiente de estoques implica em manter o menor volume possível de recursos financeiros neste ativo, de modo que os recursos disponíveis sejam aplicados em outros ativos circulantes mais rentáveis, maximizando o resultado operacional da organização. O controle de estoque é responsabilidade da administração financeira, mas ela precisa de informações e ações de outros setores, como por exemplo, o marketing que fornece a pesquisa de clientes e a logística que distribui e entrega os produtos. Para Machado (2004, p. 123) o planejamento e o controle dos itens estocados “é fundamental para uma adequada administração de materiais, sendo a função primordial desse planejamento suprir o processo produtivo com os insumos necessários e, ao mesmo tempo, evitar altos financiamentos nesse tipo de ativo.” O controle de estoque se relaciona com os custos que a empresa irá arcar. Para Reinert e Bertolini (2007, p. 03) “a manutenção de um adequado controle da movimentação em quantidade e valor dos estoques é essencial não só para fins gerenciais e de controle interno como para espelhar corretamente seus reflexos e resultados na contabilidade”. As informações das quantidades de estoques precisam ser constantemente atualizadas, com o propósito de não gerar confusão na hora que a empresa precisar utilizar o seu estoque. A quantidade de estoque desatualizado pode acarretar em imprevistos e até irritação nos clientes. Para Assaf Neto e Silva (2012, p. 196) controlar estoques significa investir: 31 Investimento em estoques é um dos fatores mais importantes para adequada gestão financeira de uma empresa. Esta relevância pode ser consequência tanto da participação deste ativo no total de investimento, quanto da importância de gerir o ciclo operacional ou por ambos os motivos. Um nível de estoques que possua uma média adequada e que se mantenha em equilíbrio entre excesso e escassez para atender os clientes é aquele mais indicado para as organizações. De acordo com Groppelli e Nikbakht (2010, p. 339) “o propósito da administração de estoques é determinar e manter um nível de estoque que assegure o atendimento pontual dos pedidos dos clientes”. Há também dentro do controle de estoque vários métodos para manter a eficácia e a eficiência de um estoque seguro. Um deles é a curva ABC que classifica o estoque de acordo com a importância do seu valor monetário. A parte –A, destina-se ao estoque com maior valor monetário para empresa e onde o controle precisa ser rígido e cuidadoso. A parte –B, é onde se encontra os produtos com valor monetário médio e onde há um controle razoável e a parte –C, onde está o componente do estoque com menor valor monetário para a organização e onde se tem o controle menor em comparação com a parte A e B. Segundo Machado (2004, p. 126) o método ABC “consiste na classificação dos itens de estoque por ordem decrescente de importância. Assim, os estoques são divididos em três grupos: A, B e C.” A curva ABC também utiliza percentuais para classificar o estoque, sendo que no grupo A estarão os estoques com os percentuais mais altos, ou seja, de maior investimento e que geralmente possuem um índice baixo no volume dos estoques (20% do estoque total). Já o grupo B, representa os produtos de investimento médio (percentual médio) e que ocupa um volume mediano dentro do estoque (30% do estoque total). E o C, representam os itens que detém de um investimento mais baixo (percentual baixo) em relação aos outros dois grupos e que ocupam um grande volume dentro do estoque (50% do estoque total). Para Assaf Neto e Lima (2009, p. 711) “a curva ABC retrata a representatividade dos elementos estocados, mediante constatações históricas, às quais podem ser acrescentadas certas previsões futuras”. 2.4.3. Contas a pagar Uma das obrigações das empresas são as contas a pagar. Ela envolve pagamentos a funcionários, fornecedores, a custos fixos e variáveis, empréstimos, entre outros. Segundo Reinert e Bertolini (2007, p.03) “o controle de contas a pagar proporciona uma visualização 32 global dos compromissos assumidos pela empresa, permitindo acompanhar de forma fácil os pagamentos a serem efetuados em determinado período”. Diante disso, o gestor financeiro precisa estabelecer um equilíbrio com os pagamentos e que coincida com o capital disponível em caixa, garantindo a existência do capital de giro, do contrário, com o desiquilíbrio se mantendo, a competência do setor financeiro será posta em questão. Para Machado (2004, p. 78) “se constitui na segunda fonte interna de financiamento a curto prazo, sendo oriunda de serviços já recebidos pela empresa e que têm uma data futura para pagamento”. Percebe-se mais uma vez que o planejamento e o controle se sobressaem para uma boa administração financeira. Nesse sentido, as empresas de grande porte contam com um sistema que gerencia as contas a pagar e fornece a melhor data. Com relação às pequenas empresas, por causa dos seus recursos escassos, não o possuem, mas o que há em comum entre as duas é o capital humano que alimenta os dados e possibilita que a exatidão funcione com qualidade. Para Ribeiro e Timóteo (2012 p. 67) conceituar contas a pagar é simples: O conceito de contas a pagar é em si muito simples. Significa o dinheiro que a empresa deve em contas e obrigações. Nessa conta, estão incluídas dívidas contraídas com fornecedores, obrigações com o fisco, com prestadores de serviços e outras saídas previstas de dinheiro. Segundo Matias e Júnior (2002, p. 38) “as contas a pagar são resultantes dos serviços recebidos que ainda deverão ser pagos. As contas mais comuns são salários e impostos". Destaca-se ainda a negociação que as organizações têm para efetuar os seus pagamentos a prazo. Para Groppelli e Nikbakht (2010, p. 341) “contas a pagar podem ser vistas como empréstimos sem juros dos fornecedores. Na ausência de capital disponível, a empresa precisa tomar emprestado ou usar seu próprio capital para pagar as faturas de seus fornecedores. ” 2.4.4. Contas a receber Assim como as contas a pagar, a empresa possui as contas a receber. Basicamente ela consiste em capital que foi concedido em um dia para somente ser pago em outra data. Isso tem um risco, mas também um possível retorno como aponta Hoji: As contas a receber são geradas pelas vendas a prazo, que são feitas após a concessão de crédito. As vendas a prazo geram riscos de inadimplência e despesas 33 com análise de crédito, cobrança e recebimento, mas alavancam as vendas, isto é, aumentam o volume de vendas e, consequentemente, o lucro. (HOJI, 2010, p. 126). A política de concessão de crédito vai obedecer aos requisitos do fluxo de caixa, para depois partir para uma política conservadora ou liberal. Lógico que todo um estudo com previsões precisa ser feito, pois se o concorrente utilizar uma política mais liberal, a perda de clientes pode ser enorme. Sanvicente assim como Hoji (2013, p. 152), destacam a análise que a administração precisa fazer: Vender a prazo, com o reconhecimento de que há um ganho (o cliente compra da empresa, porque pagar a prazo lhe é financeiramente importante), de um lado, contra um custo (o dos recursos imobilizados proporcionalmente ao saldo médio de contas a receber) adicionado a um risco (de que o cliente não pague), de outro lado. Segundo Santos (2010, p. 22) “uma boa administração de contas a receber deve incluir, além da execução, as funções de planejamento e controle, para que as vendas pelo crédito comercial proporcionem resultados efetivos.” Escolher uma política de concessão liberal irá agregar maior capital para a organização. Assim, ela poderá utilizar esse capital em futuros investimentos e financiamentos, como também, efetuar os pagamentos dos seus empréstimos.Reinert e Bertolini argumentam o que uma boa ou uma má administração financeira faz com as contas a receber da empresa. Para os autores; Normalmente as contas a receber são representadas por faturas ou duplicatas e são relacionadas com as receitas da empresa. A correta administração das contas a receber pode resultar em melhorias das operações, no entanto, se os candidatos a crédito e os métodos de cobrança não forem escolhidos corretamente, poderá haver redução nos recebimentos de caixa, o que poderá fazer com que a firma procure capital adicional para financiar as vendas. (REINERT E BERTOLINI, 2007, p. 03). Segundo Assaf Neto e Silva (2012, p. 128) “a política de crédito fixa os parâmetros da empresa em termos de vendas a prazo. Na política de crédito, estarão os elementos fundamentais para a concessão, a monitoria e a cobrança". Para Brighan, Gapenski e Ehrhardt (2008, p. 786) “as empresas, em geral, preferem vendas à vista em vez de vendas a crédito, porém pressões competitivas forçam a maioria das empresas a oferecer crédito. Assim os bens são transportados, estoques são reduzidos, e contas a receber são criadas”. 34 3. METODOLOGIA 3.1. TIPOLOGIA DA PESQUISA 3.1.1. Quanto à natureza Será uma pesquisa de natureza aplicada, pois visa determinar a solução de problemas observados dentro da organização e como Gerhardt e Silveira (2009, p. 35) abordam, “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais”. 3.1.2. Quanto aos objetivos O trabalho terá como objetivo uma pesquisa descritiva que irá fazer um levantamento bibliográfico, utilizará questionários e será aplicado entrevistas. Descritiva porque segundo Karuak, Manhães e Medeiros (2010, p. 28) “visa descrever as características de determinada população ou fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. ” 3.1.3. Quanto aos procedimentos Quanto aos procedimentos, o trabalho apresenta dois tipos de pesquisa. O primeiro é a bibliográfica, onde será buscado informações, dados, artigos, a fim de relacionar com os resultados da pesquisa do trabalho. Marconi e Lakatos (2007, p. 71) abordam ainda mais a pesquisa bibliográfica: Abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádios, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Essa primeira parte refere-se a pesquisa documental, segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 62) “a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser recolhidas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois.” 35 Para Gil (2009, p. 147) “essas fontes documentais são capazes de proporcionar ao pesquisador dados em quantidade e qualidade suficiente para evitar a perda de tempo e o constrangimento que muitas das pesquisas em que os dados são obtidos diretamente das pessoas.”. A segunda parte está relacionada ao estudo de caso, que de acordo com Martins (2006) Assume-se como uma investigação particularista, procurando descobrir o que há de mais essencial e característico na situação em estudo. Ainda funciona como um processo para desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa. 3.1.4. Quanto à forma de abordagem Quanto à abordagem, o que será escolhido para o tema é uma pesquisa qualitativa, pois envolve informações subjetivas e aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas. Gerhardt e Silveira destacam que (2009, p. 35) “a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.” Ainda segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 35) “as características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno; hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno [...].” 3.2. DEFINIÇÃO DO UNIVERSO E AMOSTRA Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 41-43) “o universo ou população de uma pesquisa depende do assunto a ser investigado, e a amostra, porção ou parcela do universo, que realmente será submetida à verificação, é obtida ou determinada por uma técnica específica de amostragem.” Nesse sentido, a presente pesquisa utilizará uma amostragem não probabilística que não faz menção ao uso de formas aleatórias de seleção e de forma intencional onde o pesquisador irá buscar saber o resultado, por exemplo, da opinião do gestor sobre os seus controles financeiros. (Marconi; Lakatos, 2007, p. 51-52). 36 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O questionário foi elaborado e aplicado com dois funcionários da empresa, responsáveis pelo setor financeiro, de forma individual, com objetivo de coletar a visão e a forma de agir de cada um sobre os controles financeiros. Na análise e discussão dos resultados, os funcionários serão denominados de “representante A” e “representante B.” A finalidade geral do questionário se dá no propósito de responder as indagações dos objetivos geral e específico e dessa forma alcançá-los para a resolução dos possíveis problemas. Este foi organizado em três blocos: 4.1 sobre a caracterização da empresa; 4.2 sobre os aspectos dos respondentes e o 4.3 referente aos controles financeiros. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA Com intuito de responder as questões referentes a caracterização da empresa, o questionário se apresentou de forma simples e objetiva. Os representantes “A e B” responderam de modo homogêneo em relação ao número de colaboradores, que no caso é de 50 a 99. O quadro demostra a classificação das empresas quanto ao número de funcionários: Quadro 1- Classificação das empresas quanto ao número de funcionários Porte da empresa Número de empregados Comércio e Serviços Indústria Microempresa Até 9 Até 19 Empresa de Pequeno porte 10 a 49 20 a 99 Empresa de Médio porte 50 a 99 100 a 499 Empresa de Grande porte >99 >499 Fonte: SEBRAE. No que diz respeito à empresa Redecon Shop da Construção, esta possui entre 50 a 99 funcionários, se enquadrando assim como uma empresa de médio porte. Em relação ao tempo da referida no mercado de trabalho, a resposta dada foi de mais de 30 anos de atuação e que se 37 encaixa no regime tributário de lucro presumido. O quadro 2 demonstra os tipos de regimes tributários das empresas: Quadro 2 – Tipos de Regime tributários Tipos de Regime Tributário Descrição Lucro Real O lucro real é caracterizado como uma regra geral, para que seja possível realizar a apuração do Imposto de renda (IRPJ) e também da Contribuição Social sobre o lucro líquido que a pessoa jurídica deverá apresentar. Nesta modalidade será realizada a apuração do Imposto de Renda a partir da determinação do lucro contábil, acrescido de ajustes, podendo ser estes positivos ou negativos que sejam requeridos pela legislação fiscal. No regime conhecido como lucro real podem ser identificadas duas situações específicas, sendo o Prejuízo Fiscal e a Base de Cálculo Negativa de CSLL, sendo que não existe a necessidade de realizar o pagamento do imposto de renda, ou mesmo contribuição social. Lucro Presumido Ao escolher o regime tributário do lucro presumido a empresa deverá realizar o pagamento do importo à alíquota de 15% sobre o lucro presumido, de forma que seja realizada a apuração conforme o regulamento do Imposto de Renda, nesta modalidade pode ser encontrado até mesmo a pessoa jurídica que realize atividadesde forma rural. Simples Nacional O regime do simples nacional pode ser selecionado, a partir da arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos que sejam aplicáveis às Microempresas e Empresas de pequeno porte, de acordo com a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.O simples nacional em muitos casos, pode parecer a melhor opção para muitas empresas, uma vez que apresenta alíquotas mais baixas e inúmeros benefícios, de forma que conseguem apresentar uma pequena carga tributária. Fonte: Adaptado da Receita Federal do Brasil, 2016. 38 Esses três tipos de regimes tributários são opções, onde de acordo com o seu faturamento, as empresas irão se encaixar. No Simples nacional, optarão as empresas que faturam até R$ 3,6 milhões por ano, Já no Lucro Presumido, estarão as organizações que faturam até R$ 78 milhões de reais por ano e, no Lucro Real, escolherão ele as organizações que não se enquadram nas outras opções. No concernente à Redecon Shop da Construção, a empresa opta pelo lucro presumido, onde se pode prever um faturamento superior ao do simples nacional e como também por deduzir uma possível preferência em simplificar o seu lucro, o que não acontece com o lucro real, pois nele há um cálculo mais trabalhoso a ser realizado. 4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES As questões referentes a caracterização dos respondentes foram: qual o cargo ocupado, qual o nível de formação e qual o curso de graduação. O quadro 3 apresenta a reposta do cargo ocupado por cada representante. Quadro 3 - Cargo ocupado REPRESENTANTE A REPRESENTANTE B (X) Diretor/Proprietário ( ) Diretor/Proprietário ( ) Gerente (X) Gerente ( ) Contador ( ) Contador ( ) Supervisor/Analista ( ) Supervisor/Analista ( ) Outros ( ) Outros ( ) Não quero me identificar ( ) Não quero me identificar Fonte: Elaborado pelo autor, 2016. O representante “A” respondeu que o seu cargo é o de diretor/proprietário. O diretor ou proprietário geralmente é o responsável por tomar conta dos negócios da empresa. Suas tomadas de decisões influenciam diretamente sobre o futuro de qualquer organização, por isso comumente quem ocupa esse cargo são funcionários que entendem minuciosamente sobre aquele negócio. Algumas vezes o diretor é um administrador formado ou um administrador nato, que já “nasceu” com o dom. Talvez a grande desconfiança dos diretores que tem mais tempo de mercado sobre um administrador recém formado esteja na sua inexperiência de negócio, mas 39 esses devem levar em consideração o quanto esse administrador aprendeu sobre as teorias e o quanto elas são úteis para as situações inesperadas que o ambiente externo apresenta. No tangente ao representante “B”, este disse que sua função é a de gerente. Enquanto o diretor está mais envolvido com as tomadas de decisão, o gerente está focado na realização dos objetivos organizacionais com qualidade nos processos. Sua atuação é importante, pois ele muitas vezes diminui a carga de tarefas do diretor, auxiliando a resolver conflitos e dúvidas presentes no dia a dia da organização. Talvez o principal estágio para um diretor seja a experiência de gerente, mas muitas vezes essa experiência não se encaixa nos requisitos que um diretor deve ter, assim, é interessante analisar as potencialidades e observar se o gerente possui competência para exercer o cargo de diretor. O tempo de permanência na função determina o nível de experiência que o profissional possui. Ele pode ser alto ou baixo, dependendo das situações que o tipo de negócio do qual ele faz parte impõe. Assim sendo, o quadro quatro apresenta quanto tempo os representantes têm na Redecon Shop da Construção: Quadro 4 - Tempo de atuação no cargo Qual o tempo de ocupação no cargo REPRESENTANTE A REPRESENTANTE B ( ) Menos de 1 ano ( ) Menos de 1 ano ( ) De 1 a 2 anos ( ) De 1 a 2 anos ( ) De 2 a 5 anos ( ) De 2 a 5 anos (X) Mais de 5 anos (X) Mais de 5 anos Fonte: Elaborado pelo autor, 2016. Os dois representantes disseram que estão há mais de cinco anos ocupando seus respectivos cargos. O tempo é razoável e permite deduzir que os dois tenham um conhecimento apurado da organização que fazem parte. Mesmo assim, é interessante não cair no comodismo e sempre buscar novas experiências, como palestras, treinamentos e viagens para conhecer negócios maiores, com intuito de trazer para a empresa inovação que gere diferença em relação aos concorrentes. 40 Tão importante quanto o tempo de permanência no cargo é o nível de formação que um funcionário tem. Quantos mais qualificações, mais entendimento da área se possui. O quadro cinco demonstra o nível de formação do representante A e B. Quadro 5 - Nível de formação dos respondentes Qual o nível de formação? REPRESENTANTE A REPRESENTANTE B ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio incompleto (X) Graduado ( ) Graduado ( ) Pós graduado Lato Sensu (Especialização ou MBA- Master Busines Administration) (X) Pós graduado Lato Sensu (Especialização ou MBA- Master Busines Administration) ( ) Pós-graduado Strictu Sensu (Mestrado) ( ) Pós-graduado Strictu Sensu (Mestrado) Fonte: Elaborado pelo autor, 2016. Os dois representantes são graduados e o representante B tem especialização na área financeira. Desse modo, a empresa dispõe de dois funcionários com nível superior, mais próximos das teorias importantes para o desenvolvimento do negócio. Aliar teoria e prática é dispor de uma ferramenta imprescindível para conhecer as contingências dos ambientes interno e externo. Possuir uma graduação que se adeque com o que a função exige é um passo fundamental para que o funcionário possa contribuir com as demandas que a empresa apresenta. Se a graduação é diferente, torna-se um pouco mais trabalhoso, pois o funcionário terá que buscar o conhecimento que seja o pedido pelo cargo. Nesse sentido, o quadro seis aborda em qual graduação os representantes são formados: 41 Quadro 6 –Curso de graduação Se graduado, qual o curso de graduação? REPRESENTANTE A REPRESENTANTE B ( ) Administração (X) Administração ( ) Ciências contábeis ( ) Ciências contábeis ( ) Direito ( ) Direito ( ) Economia ( ) Economia ( ) Engenharia ( ) Engenharia (X) Outros. Citar: Terapia Ocupacional ( ) Outros. Citar: Fonte: Elaborado pelo autor, 2016. Percebe-se um fato curioso quanto a formação da representante A. Seu curso não possui uma afinidade com a área administrativa que ela ocupa, sendo interessante uma especialização nessa área com objetivo de buscar mais conhecimento e aplicar em benefício para a empresa. O representante B enquanto gerente, parece estar sempre buscando maiores aprendizados em sua área, papel fundamental para manter qualquer empresa competitiva no mercado. 4.3. QUESTÕES REFERENTES AOS CONTROLES FINANCEIROS Quanto aos controles financeiros, o questionário se limitou em buscar dos representantes, quais são os principais controles financeiros utilizados pela empresa, se estes são acompanhados, como eles são feitos, se a Redecon Shop da Construção possui um planejamento financeiro e se este é executado na organização. Como foi destacado pelo referencial teórico do presente estudo sobre a importância dos controles financeiros para as empresas, buscou-se extrair dos representantes, as principais ferramentas para um bom funcionamento financeiro de qualquer organização. Assim, o quadro sete demonstra as respostas dos respondentes: 42 Quadro 7 - Principais Controles financeiros utilizados Quais são os principais controles financeiros utilizados pela empresa? REPRESENTANTE A REPRESENTATE B (X) Controle de caixa (X) Controle de caixa (X) Controle de estoques (X)
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