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ALTERAÇÕES CONGÊNITA/HEREDITÁRIAS INTERSEXOS DETERMINAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO SEXUAL EM MAMÍFEROS - Origem dos problemas está nas 3 grandes etapas da diferenciação sexual dos mamíferos; - A causa pode advir de um ou mais fatores > vai se agravando, se tornando cada vez mais evidente a medida de que tem o comprometimento dos 3 níveis. - Sexo genético; - Sexo gonadal; determinação primária do sexo. - Sexo fenotípico; - Sexo hormonal; genitália interna e externa. - Sexo cerebral. - Formação do fenótipo do animal compatível com o cariótipo ou com o sexo cromossomal > depende de várias etapas > desde a estruturação cromossômica potencial de macho ou fêmea, até etapas de diferenciação sexual, passando por todas as impressões hormonais que o animal tem que ter para ter o sexo compatível com o sexo cromossomal; - Qualquer falha em um desses processos, pode gerar alterações na expressão fenotípica e na fertilidade desses animais; - Alteração pode não ser no cromossoma sexual, mas pode ser em cromossomas autossômicos (responsáveis ou participam do processo de diferenciação sexual); - Alterações de ordem numérica > podem levar desde a inviabilidade de vida até as aneoploidias/monoploidias/poliploidias (relacionado com o número de cromossomos alterados em relação ao número de cromossomos da espécie); - Translocações e mutações > falhas no processo de diferenciação sexual. CONCEITOS BÁSICOS - Alterações congênitas > indivíduo apresenta alteração desde o nascimento > geralmente são fenotípicas evidentes; - Alterações hereditárias podem ou não ser congênitas > podem apresentar ao nascimento ou apenas quando há demanda hormonal para que haja expressão da fertilidade (entrada da puberdade, problemas de fertilidade etc.). ALTERAÇÕES CONGÊNITAS ALTERAÇÕES HEREDITÁRIAS Hermafrodita Hipoplasia testicular Disgenesia gonadal Aplasia segmentar dos Ductos de Wolff Pseudo-hermafrodita Translocação Robertsoniana Freemartin - Alterações congênitas não são necessariamente hereditárias; - Alterações hereditárias não se expressam necessariamente desde o nascimento, ou seja, nem sempre são congênitas. INTERSEXOS - Uma alteração no desenvolvimento orgânico do animal que se contrapõe às características determinadas pelo sexo genético (cromossômico), levando o indivíduo a apresentar características dos dois sexos, do sexo oposto ou ambíguas (nem um, nem outro); - Nem sempre são todas as alterações de diferenciação sexual; - Tendência de se fixarem cada vez mais na população quanto mais cosanguíneo for o rebanho; - Também pode ocorrer em cruzamentos interespecíficos (cruzar uma espécie com a outra). INTERSEXOS DE ORIGEM CROMOSSÔMICA: - Alterações cromossômicas numéricas. INTERSEXOS GONADAIS: - Exemplo: erros de migração da formação da crista gonadal e de migração das espermatogônias para a crista gonadal, que podem gerar um processo organizacional da gônada posterior. INTERSEXOS FENOTÍPICOS: - Anomalias no desenvolvimento da genitália; - Exemplo: falha no desenvolvimento dos Ductos de Wolff em decorrência da falta de dihidro-testosterona, se não tiver erro na deleção de genes. DESVIOS NA DETERMINAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DO SEXO GENÉTICO - Erros na determinação do sexo genético; - Erros na gonadogênese: → Hermafrodita verdadeiro; → Síndrome da reversão sexual > XX e XY. - Erros na diferenciação dos órgãos genitais: → Pseudo-hermafrodita masculino; → Síndrome da feminização testicular; → Pseudo-hermafrodita feminino. - Freemartinismo. MOSAICISMO - Anomalia caracterizada pela reunião em um mesmo indivíduo de dois ou mais tipos celulares cromossomicamente diferentes; - Devido a fusão celular de dois embriões > gestação que era para ser gemelar e embriões se fundem, formando um só indivíduo; - Também pode ocorrer por erros no processo de divisão cromossomal. QUIMERA - Anomalia na qual o indivíduo possui populações geneticamente diferentes originárias de indivíduos diferentes; - Devido a anastomose dos vasos. ERROS NA DETERMINAÇÃO DO SEXO GENÉTICO ¹ Síndrome de Klinefelter. ² Síndrome de Turner. SÍNDROME DE KLINEFELTER - XXY; XXXXY; XXYY; XXXYY; XX > dois ou mais cromossomos X junto a um cromossomo Y, em indivíduos do sexo masculino. FENÓTIPO: - Aspermia; - Ginecomastia; - Testículos pequenos; - Nível urinário elevado de gonadotrofinas (GnRH, LH, FSH); - Baixa quantidade de pelos corporais; - Baixa produção de T; - Atraso mental (humanos). SÍNDROME DE TURNER - X0; - Humanos e equinos. FENÓTIPO FEMININO: - Estatura e peso menor que a média da população; - Ciclo estral irregular ou ausente; - Ovários pequenos e lisos – gônada em forma de fita; - Folículos atrésicos; - Útero e cérvix infantis e flácidos; - Não responsivos a tratamentos hormonais; - Nível elevado de LH plasmático; - Nível baixo de estrógenos; - Sem comprometimento comportamental; - Animal não é fértil. TRANSLOCAÇÃO ROBERTSONIANA - Rearranjos cromossômico; - Humanos, bovinos, humanos, caprinos e ovinos; - Pode ocorrer entre vários pares do cariótipo do animal > mais frequente: par (1; 29); - Causa de perdas embrionárias > 9 a 10%. - Fenótipo sem alterações > indivíduos normais. CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS - Expressão fenotípica no desenvolvimento do trato genital; - Animais geralmente descartados da reprodução; - Maioria subfértil ou infértil > para que haja gestação, é necessário que haja trânsito da gônada até a região externa; - Erros de cariotipagem e na formação do embrião. HERMAFRODITA VERDADEIRO: - Sempre vias genitais externas femininas (completas); - Pode ter gônadas femininas ou masculinas; - Vias genitais internas femininas ou masculinas. PSEUDO-HERMAFRODITA MASCULINO: - Vias genitais externas mais rudimentares > pênis menor, óstio prepucial deslocado, escroto dividido ao meio (cliteromegalia); - Gônadas geralmente são masculinas > testículos; - Vias genitais internas femininas > útero, tuba uterina, saco vaginal. PSEUDO-HERMAFRODITA FEMININO: - Estrutura genital externa rudimentar feminina; - Gônada feminina; - Via genital interna masculina rudimentar. ERROS NA GONADOGÊNESE HERMAFRODITA VERDADEIRO - Cariótipo: XX (XXY, XXXY, XXYY) - (SRY+) > falha na expressão do SRY (processo de diferenciação sexual do macho); - Suínos, caprinos, raros em bovinos. FENÓTIPO - QUASE SEMPRE FEMININO: - Gônada e genitália interna do mesmo sexo > podem transitar entre macho ou fêmea; - Sexo gonadal ambíguo > ovário/testículo/ovotestis; - Ovário abdominal, testículo e ovotestis > abdominal/escrotal/inguinoescrotal; - Ambiguidade no desenvolvimento da genitália interna > pode desenvolver ductos de Müller e Wolff; - Ambiguidade na genitália externa (75% dos casos), quase sempre feminina; - Presença de T em níveis elevados > Células de Leydig; - Indivíduos podem ser férteis quando existe presença de ovário/ovotestis e reconstitui-se a genitália externa; - Comportamento determinado pela quantidade de tecido testicular; - Presença de antígeno H-Y em níveis intermediários. Suíno Yorkshire de seis meses de idade. Hermafrodita verdadeiro. Ovotestis abaixo e testículo acima. - Hermafroditismo em cachorros parece ser genético, porém o modo de herança está determinado > frequente em Cocker Spaniel e em Mini Schnauzer. Trato reprodutivo bovino. Aparenta ser uma fêmea pseudo- hermafrodita num exame geral. Entretanto, em cortes seriados dos ovários, tecido testicular foi encontrado juntamente com tecido ovariano. Vesículas seminais presentes. Hermafrodita verdadeiro. SÍNDROME DA REVERSÃO SEXUAL EM FÊMEAS - Cariótipo: XX (feminino). FENÓTIPO – MACHO: - Sexo gonadal: macho > testículo pequenos, pênis, bolsa escrotal; - Genitália interna masculina; - Glândula mamária rudimentar com maior acúmulo de gordura do em relação aos machos normais > ginecomastia;- Testículo com preponderância de tecido intersticial com poucas espermatogônias (espermatogônias XX degeneram- se antes da puberdade); - Ausência de espermatogênese > infértil. SÍNDROME DA REVERSÃO SEXUAL EM MACHOS - Cariótipo: XY (macho); - Equinos; - Bovinos – SRY- em animais estéreis. FENÓTIPO – FÊMEA: - Sexo gonadal: ovários pequenos (2x2x2 cm); - Útero subdesenvolvido; - Genitália externa feminina; - Ag. H-Y em níveis intermediários; - Ciclo estral/repetição do estro – amenorréia; - Podem gestar; - Rara formação de tumores e não há ovários em fitas. PSEUDO-HERMAFRODITA FEMININO - Cariótipo: XX (feminina). FENÓTIPO – FÊMEA: - Sexo gonadal: ovários abdominais; - Genitália interna feminina subdesenvolvida; - Genitália externa com vários graus de virilização, desde hipertrofia do clitóris até presença de pênis e saco escrotal. PSEUDO-HERMAFRODITA MASCULINO FENÓTIPO – SÍNDROME DA FEMINIZAÇÃO TESTICULAR COMPLETA: - Cariótipo: XY; - Suínos e caprinos; - História familiar compatível com herança ligada ao sexo; - Feições femininas e desenvolvimento de mamas, pelos púbicos e axilares escassos/ausentes na maioria dos casos; - Gônadas: histologicamente assemelham-se a testículos > abdominais, posicionadas ao longo do canal inguinal/lábios vulvares > mais rudimentar, posicionada nos lábios vulvares; - Genitália externa feminina com tendência a um hipodesenvolvimento dos lábios e vagina em fundo cego; - Genitália interna: ausentes, exceto órgãos embrionários; - Refratariedade aos efeitos androgênicos e anabólicos da Testosterona > não responde; - Níveis elevados de gonadotrofinas (LH e FSH); - Níveis sanguíneos e taxas de produção de Testosterona semelhantes ou maiores que os machos normais; - Taxas de produção de estrogênio maiores. FENÓTIPO – PSEUDO-HERMAFRODITA DO TIPO I: - Cariótipo: XY > história familiar compatível com herança ligada ao sexo; - Desde macho normal (estéril) até fêmea (pseudo-vagina); - Gônadas: testículos histologicamente normais, excetuando espermatogênese que geralmente é incompleta; - Genitália interna: estruturas dos ductos de Wolff com grau variado de desenvolvimento. Não há derivados dos Ductos de Müller; - Refratariedade parcial aos efeitos androgênicos e anabólicos da Testosterona; - Níveis elevados de gonadotrofinas; - Níveis sanguíneos e taxas de produção de Testosterona semelhantes ou maiores que os machos normais; - Taxas de produção de estrogênio maiores. FENÓTIPO – PSEUDO-HERMAFRODITA DO TIPO II: - Cariótipo: XY/XX > cariótipo compatível com expressão fenotípica ou não > história familiar compatível com caráter recessivo autossômico; - Caprinos, bovinos; - Feições femininas sem desenvolvimento das mamas; - Gônadas histologicamente semelhante a testículos retidos; - Genitália externa: feminina com algum grau de cliteromegalia ao nascimento; - Genitália interna: ductos de Wolff presentes > epidídimo, vaso deferente e vesículas seminais desembocam na vagina; - Provável resistência à ação da T, mas não à DHT; - Níveis normais de gonadotrofinas, níveis sanguíneos e taxas de produção de T iguais aos machos normais; - Taxas de produção de estrogênio maiores. Suíno de seis meses de idade. Macho pseudo-hermafrodita. Testículos e epidídimo em cada lado. Útero, cérvix e vagina bem desenvolvidos. Genitália externa de um caprino macho pseudo-hermafrodita. Pênis caudal à glândula mamária. Hipospadias. Caprino macho pseudo-hermafrodita com útero, testículos e epidídimos. Pardo Suíço macho pseudo-hermafrodita. Abertura vaginal, testículos elevados, clitóris bem proeminente. FREEMARTINISMO - Cariótipo: XX/XY – Quimera. FENÓTIPO: - Grau de virilização depende da produção de células XY > entram no feto feminino; - Hipertrofia do clitóris; - Vagina com fundo cego; - Útero subdesenvolvido ou infantil; - Ovários presentes; - Vulva subdesenvolvida. CAUSA: - Anastomose de várias placentários em gestações gemelares heterossexuais. Freemartin adulto. Grande quantidade de tecido adiposo envolvendo o trato reprodutivo > difícil palpar órgãos reprodutivos por exame retal. Vesículas seminais proeminentes. Trato reprodutivo de um freemartin recém-nascido. Gônadas pequenas. Cornos uterinos, e pequena quantidade de tecido representando o ducto paramesonéfrico no centro e ductos mesonéfricos laterais. Vesículas seminais proeminentes.