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DOR AGUDA ABDOMINAL NA INFÂNCIA - Abordagem PBL para Estudantes de Medicina

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DOR AGUDA 
ABDOMINAL NA 
INFÂNCIA 
Caso 04 Sessão Tutorial 
Resumo 
Nesta apostila, exploramos os desafios e nuances do diagnóstico e 
tratamento da dor abdominal aguda na infância, uma preocupação comum 
na prática clínica pediátrica. Com um enfoque didático e embasado em 
fontes confiáveis, este material aborda tópicos essenciais como as causas da 
dor abdominal aguda, a fisiopatologia e o manejo da apendicite aguda, 
adenite mesentérica e êmese, bem como a avaliação puberal e a fisiologia 
do ciclo menstrual. 
Ao longo das seções, você encontrará informações detalhadas e atualizadas 
que o ajudarão a entender os processos fisiológicos e as abordagens 
terapêuticas envolvidas nestes distúrbios. Esta apostila é uma ferramenta 
valiosa para estudantes e profissionais de saúde que buscam aprofundar 
seus conhecimentos sobre a dor abdominal aguda na infância e suas 
implicações clínicas. Mergulhe neste guia informativo e aprimore sua 
compreensão das complexidades do diagnóstico e tratamento dessas 
condições pediátricas. 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
Capitulo 1: Introdução 
1.1. Objetivo Central 
1.2. Objetivos Secundários 
Capitulo 2: Dor Abdominal Aguda na Infância 
2.1. Principais Causas por Faixa Etária 
2.2. Conceito de Abdome Agudo 
2.3. Classificações 
2.4. Diagnósticos 
2.5. Abordagem Terapêutica Geral 
Capitulo 3: Apendicite Aguda 
3.1. Definição 
3.2. Fisiopatologia 
3.3. Manifestações Clínicas 
3.4. Tratamentos 
3.5. Complicações 
Capitulo 4: Adenite Mesentérica 
4.1. Apresentação Clínica 
4.2. Principais Causas 
Capitulo 5: Êmese 
5.1. Fisiologia 
5.2. Farmacologia dos Antieméticos 
Capitulo 6: Avaliação Puberal e Fisiologia do Ciclo Menstrual 
Capitulo 7: Referências Bibliográficas 
Capitulo 8: Perguntas e Respostas 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO 04 
Identificação: Y.S.F., sexo feminino, 12 anos de idade, estudante, natural de Salvador-BA, procedente de 
Mussurunga 
Informante: A genitora / a paciente 
Queixa Principal: “Dor na barriga há 15 dias” 
História da Moléstia Atual (HMA): A genitora informa que a paciente há 15 dias iniciou quadro de febre, 
temperatura máxima de 38,4oC, associado a dor abdominal em região periumbilical e fossa ilíaca direita. Refere 
que a febre cessou após 4 dias, mas que a dor abdominal persistiu. Relata que chegou a apresentar dejeções 
amolecidas por 2 dias, com restos alimentares, cerca de 3-4 episódios/dia, sem presença de sangue ou muco. 
Informa que atualmente está com dejeção ausente há 5 dias. Vem fazendo uso de Novalgina (dipirona), além 
de buscopan composto (butilbrometo de escopolamina + dipirona) e luftal (simeticona), sem melhora da dor. 
Refere que a dor é intermitente. Nega alteração na alimentação da criança antes do início do quadro, mas o 
apetite está diminuído. Nega outras pessoas com mesmos sintomas em casa. Nega também trauma abdominal. 
Refere data da última menstruação há 3 semanas. Chegou a procurar atendimento na UPA (Unidade de Pronto 
Atendimento), onde realizou uma ultrassonografia de Abdome total e foi verificado aumento dos gânglios em 
região mesentérica. A paciente informa que o quadro álgico abdominal é do tipo cólica parecida com a dor que 
sente no período menstrual, mas em região periumbilical e fossa ilíaca direita, de maneira intermitente, não 
sabe referir fatores de melhora ou piora da dor, mas incomoda seu sono e suas as atividades habituais. Nega 
náuseas ou vômitos. 
Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. 
História Patológica Pregressa: Teve varicela na infância e 1 internamento aos 6 meses de vida por quadro de 
Bronquiolite. Nega cirurgias. Calendário Vacinal atualizado (apresentado durante o atendimento). 
História Fisiológica: Nascida de parto Natural, a termo, teve seu desenvolvimento neuropsicomotor dentro do 
esperado. Menarca aos 11 anos, já apresentando ciclo menstrual mensal regular, com duração média de 5-6 
dias. Estágio puberal pela escala de Tanner M3P3. Ainda não apresenta vida sexual ativa. 
História Familiar: Genitor hipertenso, genitora diabética, avô materno diabético e hipertenso, avô paterno 
falecido por IAM, avó materna sem comorbidades, avó paterna hipertensa. 
História Social: Natural de Salvador, residindo toda infância no bairro de Mussurunga, estudante do 7º ano do 
ensino fundamental, mora em casa própria, com rede elétrica, água encanada e filtrada, com rede de esgoto. 
História Alimentar: Alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições. Alimentação pobre em 
frutas, legumes e verduras, consumindo muito açúcar, farinhas e frituras. 
Exame Físico: Aspecto Geral: Regular estado geral, com referência de dor abdominal durante a consulta, 
descorada 1+/IV, hidratada, anictérica, normotensa, eupneica em ar ambiente. 
Dados Antropométricos: Altura: 1,52m; Peso: 45Kg; Índice de Massa Corpórea (IMC) 19,48 
Sinais Vitais: Pressão Arterial (PA): 100x60mmHg; Pulso Radial: 118bpm; Frequência Respiratória (FR) 24ipm; 
Temperatura Axilar (Tax) 36,6oC. 
Pele: V Corada, com turgor e elasticidade normais, mucosas descoradas 1+, não palpo linfonodos em cadeias 
cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, inguinais ou abdominais, sem alterações dos pelos. 
Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em 
perfeito estado de conservação. Orofaringe sem hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem 
hipertrofia de amígdalas. 
Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, tireoide palpável, sem nódulos, consistência elástica, ausência de 
turgência de jugular patológica (TJP). 
Aparelho Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura 
acessória). Expansibilidade preservada bilateralmente. Frêmito tóraco vocal (FTV) uniformemente palpável 
bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios 
(MVBD s/ RA). 
Aparelho Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ausência de atritos. Ictus invisível, palpável em 5º Espaço 
Intercostal (EIC) no nível da Linha Hemiclavicular Esquerda (LHCE) medindo cerca de 2 polpas digitais, não 
propulsivo Ritmo Cardíaco Regular em 2 tempos com bulhas normofonéticas (RCR 2T c/ BNF). Ausência de 
sopros ou extra-sístoles. Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
4 
Abdome: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse reduzida em todos 
os quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 10 cm (lobo 
direito). A Percussão do espaço de Traube apresenta som timpânico. Sem visceromegalias. Abdome tenso, 
doloroso a palpação superficial e profunda difusamente, mais intenso em região periumbilical e fossa ilíaca 
direita, indolor a descompressão, sem sinais de irritação peritoneal, ausência de massas. 
Gênito-urinário e região perineal: Genitália feminina, com presença de pelos ásperos, escuros sobre a púbis, 
sem hiperemia, presença de orifício uretral e hímen integro. Região perianal sem hiperemia, sem presença de 
fistulas, fissuras ou prolapso. Realizado toque retal com presença de fezes em dedo de luva, sem sangue. 
Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. 
Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. 
Aparelho osteoarticular: ausência de deformidades articulares ou sinais inflamatórios. Articulações com boa 
amplitude de movimentos. Coluna vertebral com curvaturas fisiológicas, ausência de dor à palpação das apófises 
espinhosas, mobilidade normal. 
Sistema nervoso: lúcida e orientada em tempo e espaço. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e 
fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais 
de irritação meníngea. Glasgow 15.Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
5 
Capitulo 1: Introdução 
1.1. Objetivo Central 
A dor abdominal aguda na infância é uma queixa 
comum e pode ser causada por uma variedade de 
condições médicas e cirúrgicas. O diagnóstico e 
tratamento precoces são essenciais para evitar 
complicações e garantir o bem-estar das crianças 
afetadas. Portanto, o objetivo central deste material 
é fornecer uma visão abrangente sobre a dor aguda 
abdominal na infância, abordando suas causas, 
diagnósticos e tratamentos apropriados. 
Para alcançar esse objetivo, serão discutidos os 
principais fatores que contribuem para a dor 
abdominal aguda em crianças, bem como a 
importância da avaliação clínica e das investigações 
diagnósticas apropriadas. Além disso, serão 
analisadas as abordagens terapêuticas gerais e 
específicas para diferentes causas de dor abdominal 
aguda na infância. 
Este material servirá como um guia de estudo para 
profissionais de saúde, estudantes de medicina e 
outros interessados em entender e tratar 
adequadamente a dor aguda abdominal na infância, 
contribuindo para a melhoria dos cuidados 
pediátricos. 
1.2. Objetivos Secundários 
Além do objetivo central de abordar a dor aguda 
abdominal na infância, este material também visa 
cumprir os seguintes objetivos secundários: 
1. Explicar o conceito de "abdome agudo" e 
fornecer informações detalhadas sobre suas 
classificações, diagnósticos e principais 
causas na infância, de acordo com a faixa 
etária. 
2. Discutir condições específicas que podem 
causar dor abdominal aguda na infância, 
como apendicite aguda e adenite 
mesentérica, incluindo suas definições, 
fisiopatologia, manifestações clínicas, 
tratamentos e possíveis complicações. 
3. Abordar o tema da êmese, incluindo a 
fisiologia e farmacologia dos antieméticos, e 
como eles podem ser usados no tratamento 
de crianças com dor abdominal aguda. 
4. Examinar a fisiologia do ciclo menstrual e a 
avaliação puberal, já que algumas causas de 
dor abdominal aguda na infância podem 
estar relacionadas a esses processos. 
Ao cumprir esses objetivos secundários, este 
material proporcionará uma compreensão mais 
completa da dor abdominal aguda na infância e 
ajudará os profissionais de saúde a desenvolver 
habilidades de diagnóstico e tratamento eficazes 
para melhorar a qualidade dos cuidados pediátricos. 
Capitulo 2: Dor Abdominal Aguda na Infância 
2.1. Principais Causas por Faixa Etária 
A dor abdominal aguda na infância pode ter diversas 
causas, e elas variam conforme a faixa etária. Abaixo 
estão listadas as principais causas de dor abdominal 
aguda de acordo com a idade: 
Lactentes (0 a 12 meses): 
• Cólicas 
• Refluxo gastroesofágico 
• Intolerância alimentar 
• Obstrução intestinal (ex.: atresia, estenose, 
vólvulo) 
• Infecções gastrointestinais 
• Hérnia encarcerada 
Pré-escolares (1 a 5 anos): 
• Gastroenterite 
• Apendicite 
• Adenite mesentérica 
• Constipação 
• Infecção do trato urinário 
• Intussuscepção 
Escolares (6 a 12 anos): 
• Apendicite 
• Gastroenterite 
• Adenite mesentérica 
• Constipação 
• Infecção do trato urinário 
• Pancreatite 
Adolescentes (13 a 18 anos): 
• Apendicite 
• Gastroenterite 
• Infecção do trato urinário 
• Constipação 
• Doença inflamatória pélvica 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
6 
• Dor menstrual 
• Gravidez ectópica (em meninas 
sexualmente ativas) 
As referências bibliográficas sugeridas, como o 
Tratado de Pediatria e o Tratado de 
Gastroenterologia, fornecem informações 
detalhadas sobre cada uma dessas causas e podem 
ser consultadas para obter um entendimento mais 
profundo de cada condição e suas implicações na 
dor abdominal aguda na infância. 
2.2. Conceito de Abdome Agudo 
Abdome agudo é um termo médico utilizado para 
descrever uma síndrome clínica caracterizada por 
dor abdominal súbita e intensa, que pode ser 
acompanhada de outros sinais e sintomas, como 
distensão abdominal, náuseas, vômitos e alterações 
no trânsito intestinal. Esse quadro clínico exige uma 
rápida avaliação médica e, muitas vezes, intervenção 
cirúrgica. 
Na infância, o abdome agudo pode ser causado por 
uma variedade de condições médicas e cirúrgicas. 
Algumas dessas condições podem ser 
potencialmente graves e, se não tratadas 
adequadamente, podem levar a complicações e 
sequelas a longo prazo. Portanto, é fundamental que 
os profissionais de saúde estejam bem informados 
sobre as principais causas de abdome agudo em 
crianças e estejam preparados para diagnosticar e 
tratar esses pacientes de forma rápida e eficaz. 
A avaliação do abdome agudo na infância começa 
com uma anamnese completa e um exame físico 
detalhado. Durante a anamnese, é importante obter 
informações sobre a localização, a natureza, a 
duração e a irradiação da dor, bem como quaisquer 
fatores desencadeantes ou aliviadores. O exame 
físico deve incluir uma inspeção cuidadosa do 
abdome, palpação, percussão e ausculta. 
Dependendo da suspeita clínica, exames 
complementares, como exames laboratoriais e de 
imagem, podem ser solicitados para auxiliar no 
diagnóstico. 
2.3. Classificações 
A dor abdominal aguda na infância pode ser 
classificada de várias maneiras, com base em 
critérios como etiologia, localização da dor, 
características da dor, duração e gravidade. Essas 
classificações são úteis para auxiliar no diagnóstico 
diferencial e orientar a abordagem terapêutica. 
Algumas das principais classificações incluem: 
1. Etiologia: A dor abdominal aguda pode ser 
de origem médica, cirúrgica ou funcional. As 
condições médicas incluem gastroenterite, 
infecção do trato urinário e constipação. As 
condições cirúrgicas abrangem apendicite, 
obstrução intestinal e hérnia encarcerada. Já 
a dor abdominal funcional é uma dor 
crônica ou recorrente sem causa orgânica 
identificável, como a síndrome do intestino 
irritável. 
2. Localização da dor: A localização da dor 
abdominal pode fornecer pistas importantes 
sobre a etiologia subjacente. Por exemplo, a 
dor no quadrante inferior direito pode ser 
indicativa de apendicite, enquanto a dor no 
quadrante superior esquerdo pode sugerir 
pancreatite. 
3. Características da dor: A natureza da dor 
também pode ser útil para distinguir 
diferentes causas de dor abdominal aguda. A 
dor visceral, originada nos órgãos internos, 
geralmente é difusa e mal localizada, 
enquanto a dor parietal, originada na parede 
abdominal, é mais localizada e intensa. A 
dor referida é a dor sentida em uma área 
distante do local da origem da dor, como a 
dor no ombro direito causada pela irritação 
do diafragma em casos de colecistite aguda. 
4. Duração: A duração da dor também pode 
ser considerada na classificação da dor 
abdominal aguda. A dor pode ser aguda (de 
início súbito e duração curta), subaguda 
(persistente por algumas horas a dias) ou 
crônica (persistente por semanas a meses). 
5. Gravidade: A gravidade da dor abdominal 
aguda pode ser classificada como leve, 
moderada ou grave, com base na 
intensidade da dor e na incapacidade 
funcional associada. A avaliação da 
gravidade da dor é útil para determinar a 
urgência do tratamento e a necessidade de 
intervenção cirúrgica. 
2.4. Diagnósticos 
O diagnóstico da dor abdominal aguda na infância 
começa com uma anamnese completa e um exame 
físico detalhado, seguidos de exames 
complementares, conforme necessário. 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
7 
Anamnese: Na anamnese, é crucial obter 
informações sobre a localização, a natureza, a 
duração e a irradiação da dor, bem como quaisquer 
fatores desencadeantes ou aliviadores. Além disso, 
deve-se investigar o histórico médico da criança, 
incluindo condições preexistentes, cirurgias prévias, 
uso de medicamentos e possíveis alergias. 
Exame físico: O exame físico deve incluir uma 
inspeção cuidadosa do abdome, palpação, 
percussão e ausculta. A avaliação do estado geral da 
criança, a presença de sinais vitais alterados, a 
presença de sinais de desidratação, a cor e a textura 
da pele e apalidez conjuntival também são aspectos 
importantes a serem considerados. 
Exames complementares: Dependendo da suspeita 
clínica, exames laboratoriais e de imagem podem 
ser solicitados para auxiliar no diagnóstico: 
• Exames laboratoriais: hemograma 
completo, perfil bioquímico, incluindo 
eletrólitos, função renal, hepática e enzimas 
pancreáticas, proteína C-reativa, testes de 
coagulação, exame de urina e, se necessário, 
testes de gravidez. 
• Exames de imagem: radiografia simples de 
abdome (em pé e deitado), ultrassonografia 
abdominal, tomografia computadorizada 
(TC) de abdome e, em casos selecionados, 
ressonância magnética (RM) de abdome. 
Cada exame tem suas indicações específicas, 
vantagens e limitações, e a escolha do exame 
de imagem mais apropriado dependerá da 
suspeita clínica e da idade do paciente. 
• Outros exames: em alguns casos, podem ser 
necessários exames adicionais, como 
parasitológico de fezes, pesquisa de vírus nas 
fezes, coprocultura e endoscopia digestiva 
alta ou baixa. 
O diagnóstico diferencial da dor abdominal aguda 
na infância é amplo e inclui condições médicas, 
cirúrgicas e funcionais. A abordagem diagnóstica 
deve ser sistemática e individualizada para cada 
paciente, considerando a idade, o sexo, a história 
clínica e os achados do exame físico. 
2.5. Abordagem Terapêutica Geral 
A abordagem terapêutica geral para a dor 
abdominal aguda na infância depende da causa 
subjacente, da gravidade dos sintomas e da condição 
clínica geral do paciente. Algumas medidas gerais 
incluem: 
• Estabilização do paciente: O primeiro passo no 
manejo da dor abdominal aguda é a 
estabilização do paciente. Isso envolve a 
avaliação e o tratamento de quaisquer condições 
que possam ameaçar a vida, como choque, 
desidratação grave, sepse ou perfuração 
intestinal. Os sinais vitais devem ser 
monitorados e quaisquer anormalidades 
corrigidas. 
• Alívio da dor: O alívio da dor é uma parte 
importante do tratamento da dor abdominal 
aguda. Analgésicos comuns, como paracetamol 
e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), 
podem ser usados, dependendo da idade do 
paciente e da causa da dor. Opioides podem ser 
considerados em casos de dor grave, mas seu 
uso deve ser criterioso e monitorado devido ao 
risco de efeitos colaterais e dependência. 
• Terapia medicamentosa específica: O 
tratamento medicamentoso específico depende 
da causa da dor abdominal aguda. Por exemplo, 
em casos de infecção bacteriana, pode ser 
necessário o uso de antibióticos. Em casos de 
constipação, laxantes suaves e mudanças na 
dieta podem ser indicados. Para crianças com 
gastroenterite viral, a terapia de reposição de 
líquidos e eletrólitos é fundamental. 
• Tratamento cirúrgico: Algumas causas de dor 
abdominal aguda requerem intervenção 
cirúrgica, como apendicite aguda, obstrução 
intestinal e hérnia encarcerada. A decisão de 
realizar cirurgia deve ser baseada na avaliação 
clínica do paciente, nos achados dos exames de 
imagem e na experiência do cirurgião. 
• Acompanhamento e prevenção de 
complicações: Após o tratamento inicial, é 
importante acompanhar o paciente para garantir 
a resolução dos sintomas e prevenir 
complicações. Isso pode incluir consultas de 
acompanhamento, orientação sobre mudanças 
na dieta e no estilo de vida, e vigilância para 
possíveis complicações tardias, como aderências 
intestinais e infecções. 
Capitulo 3: Apendicite Aguda 
3.1. Definição 
A apendicite aguda é uma inflamação do apêndice 
vermiforme, uma estrutura em forma de dedo 
localizada no ceco, a primeira parte do intestino 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
8 
grosso. O apêndice tem um papel limitado no 
sistema imunológico, especialmente na infância, 
mas sua função exata ainda é pouco compreendida. 
A apendicite aguda é uma das causas mais comuns 
de dor abdominal aguda e cirurgia abdominal de 
emergência em crianças e adultos. 
A apendicite aguda geralmente ocorre devido à 
obstrução do lúmen do apêndice, que pode ser 
causada por fezes endurecidas (fecalitos), 
hiperplasia do tecido linfático, infecções, tumores 
ou corpos estranhos. A obstrução leva ao acúmulo 
de secreções no interior do apêndice, causando 
aumento da pressão e inflamação. Se não tratada, a 
inflamação pode levar à isquemia, necrose, 
perfuração do apêndice e formação de abscessos, 
com risco de peritonite e sepse. 
O diagnóstico de apendicite aguda baseia-se em 
uma combinação de história clínica, exame físico e 
exames de imagem, como ultrassonografia ou 
tomografia computadorizada (TC) de abdome. O 
tratamento de escolha para a apendicite aguda é a 
apendicectomia, que é a remoção cirúrgica do 
apêndice inflamado. Dependendo da condição do 
paciente e da presença de complicações, a cirurgia 
pode ser realizada por via aberta ou laparoscópica. 
3.2. Fisiopatologia 
A fisiopatologia da apendicite aguda está 
intimamente relacionada à obstrução do lúmen do 
apêndice vermiforme e ao subsequente acúmulo de 
secreções, levando à inflamação e possíveis 
complicações. A seguir, são apresentados os 
principais eventos fisiopatológicos envolvidos na 
apendicite aguda: 
• Obstrução do lúmen: A obstrução do lúmen do 
apêndice é geralmente causada por fecalitos 
(fezes endurecidas), hiperplasia do tecido 
linfático, infecções, tumores ou corpos 
estranhos. A obstrução impede o fluxo normal 
das secreções mucosas produzidas pelo 
apêndice, levando ao acúmulo de secreções no 
seu interior. 
• Aumento da pressão intraluminal: O acúmulo 
de secreções no lúmen do apêndice aumenta a 
pressão intraluminal, o que dificulta a drenagem 
venosa e a circulação arterial. Como resultado, a 
parede do apêndice torna-se isquêmica e 
inflamada. 
• Inflamação e infecção: A isquemia e a 
inflamação da parede do apêndice facilitam a 
proliferação bacteriana no seu interior. As 
bactérias presentes na flora intestinal normal, 
como Escherichia coli e bacteroides spp., 
podem invadir a parede do apêndice e 
contribuir para a inflamação e a infecção. 
• Necrose e perfuração: Se a apendicite aguda não 
for tratada, a inflamação e a infecção podem 
progredir, levando à necrose (morte) do tecido 
do apêndice. A necrose pode causar a 
perfuração do apêndice, resultando na liberação 
do seu conteúdo infectado e inflamatório na 
cavidade abdominal. A perfuração do apêndice 
aumenta significativamente o risco de 
complicações graves, como a formação de 
abscessos e a peritonite, uma infecção difusa do 
peritônio. 
• Resposta inflamatória sistêmica: A infecção e a 
inflamação localizadas no apêndice podem levar 
à resposta inflamatória sistêmica, caracterizada 
pela liberação de citocinas pró-inflamatórias e 
ativação de células imunológicas. Essa resposta 
pode resultar em sinais e sintomas sistêmicos, 
como febre e leucocitose, além de agravar a 
inflamação local. 
• Complicações: A apendicite aguda não tratada 
ou tratada inadequadamente pode levar a várias 
complicações, incluindo abscessos intra-
abdominais, peritonite, sepse e, em casos 
extremos, choque séptico e morte. 
Compreender a fisiopatologia da apendicite aguda é 
essencial para o diagnóstico e tratamento adequados 
dessa condição. As referências bibliográficas 
sugeridas, como o Tratado de Pediatria, o Pronto-
Socorro em Pediatria e o Tratado de Cirurgia, 
fornecem informações detalhadas sobre a 
fisiopatologia da apendicite aguda e podem ser 
consultadas para obter um entendimento mais 
profundo desse processo. 
3.3. Manifestações Clínicas 
As manifestações clínicas da apendicite aguda 
variam e dependem de fatores como idade, 
localização anatômica do apêndice e gravidade da 
inflamação. No entanto, alguns sinais e sintomas são 
comuns na maioria dos casos de apendicite aguda: 
1. Dor abdominal: A dor é o sintoma mais 
comum e geralmente começa de forma 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
9 
difusa ou periumbilical e, após algumas 
horas, migra para o quadrante inferior 
direito do abdome, na região da fossa ilíaca 
direita (sinal de McBurney). A doré 
geralmente constante e de intensidade 
moderada a severa, podendo ser agravada 
pelo movimento, tosse ou pressão no local. 
2. Anorexia: A perda de apetite é um sintoma 
frequentemente associado à apendicite 
aguda e pode ocorrer antes do início da dor 
abdominal. 
3. Náuseas e vômitos: Náuseas e vômitos 
podem ocorrer em até 50% dos pacientes 
com apendicite aguda, geralmente após o 
início da dor abdominal. 
4. Febre: Febre baixa a moderada (37,5–
38,5°C) é comum na apendicite aguda, mas 
a ausência de febre não exclui o diagnóstico. 
Febre alta pode ser um sinal de 
complicações, como perfuração ou 
peritonite. 
5. Sinais físicos: No exame físico, os pacientes 
com apendicite aguda podem apresentar 
sensibilidade à palpação no quadrante 
inferior direito do abdome, dor à 
descompressão brusca (sinal de Blumberg), 
dor à compressão do quadrante inferior 
esquerdo (sinal de Rovsing) e dor ao elevar 
a perna direita estendida (sinal de psoas). 
6. Leucocitose: Um aumento no número de 
leucócitos no hemograma, geralmente com 
desvio à esquerda (aumento de neutrófilos 
imaturos), pode ser observado na apendicite 
aguda como resultado da resposta 
inflamatória. 
As manifestações clínicas da apendicite aguda 
podem variar e se sobrepor a outras condições 
abdominais agudas. Portanto, é essencial obter uma 
história clínica detalhada e realizar um exame físico 
completo para estabelecer um diagnóstico preciso. 
3.4. Tratamentos 
O tratamento da apendicite aguda tem como 
objetivo principal a remoção do apêndice inflamado 
antes que ocorram complicações. A seguir, são 
apresentadas as principais abordagens terapêuticas 
para a apendicite aguda: 
1. Apendicectomia: A apendicectomia, que é a 
remoção cirúrgica do apêndice, é o 
tratamento padrão para a apendicite aguda. 
Existem duas abordagens principais para a 
apendicectomia: a cirurgia aberta e a 
laparoscopia. A cirurgia aberta envolve a 
realização de uma incisão no abdome, 
enquanto a laparoscopia é uma técnica 
minimamente invasiva que utiliza pequenas 
incisões e instrumentos especializados. A 
escolha entre as abordagens depende de 
fatores como a experiência do cirurgião, a 
gravidade da apendicite e a presença de 
complicações. 
2. Antibioticoterapia: O uso de antibióticos é 
uma parte importante do tratamento da 
apendicite aguda. Os antibióticos são 
administrados antes da cirurgia para reduzir 
o risco de infecção pós-operatória e, em 
alguns casos, podem ser usados como 
tratamento não cirúrgico em pacientes 
selecionados com apendicite não 
complicada. Geralmente, são utilizados 
antibióticos de amplo espectro que cobrem 
bactérias gram-negativas e anaeróbias, como 
a combinação de cefalosporinas de terceira 
geração com metronidazol ou amoxicilina-
clavulanato. 
3. Tratamento não cirúrgico: Em casos 
selecionados de apendicite aguda não 
complicada, o tratamento não cirúrgico com 
antibióticos pode ser uma opção. No 
entanto, essa abordagem apresenta um risco 
maior de recorrência da apendicite e deve 
ser considerada somente em pacientes que 
apresentem baixo risco de complicações e 
sejam capazes de serem acompanhados de 
perto. 
4. Tratamento das complicações: Se 
ocorrerem complicações, como abscesso 
intra-abdominal ou peritonite, podem ser 
necessárias medidas adicionais, como 
drenagem percutânea guiada por imagem ou 
cirurgia para tratar a complicação e controlar 
a infecção. 
5. Cuidados pós-operatórios: Após a 
apendicectomia, os pacientes devem 
receber cuidados pós-operatórios 
adequados, como controle da dor, 
mobilização precoce e acompanhamento 
para identificar possíveis complicações. 
O tratamento da apendicite aguda deve ser 
individualizado de acordo com a gravidade da 
doença, a presença de complicações e as condições 
clínicas do paciente. A consulta a fontes de 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
10 
referência pode fornecer informações adicionais 
sobre as opções de tratamento e o manejo ideal 
dessa condição. 
 
3.5. Complicações 
A apendicite aguda pode levar a várias complicações 
se não for tratada adequadamente ou em tempo 
hábil. Algumas das complicações mais comuns 
relacionadas à apendicite aguda incluem: 
1. Perfuração do apêndice: A inflamação 
prolongada e intensa do apêndice pode levar 
à sua perfuração. Isso resulta no 
extravasamento do conteúdo do apêndice 
no interior da cavidade abdominal, 
aumentando o risco de infecção e peritonite. 
2. Abscesso periapendicular: Um abscesso 
periapendicular é uma coleção de pus que 
se forma ao redor do apêndice inflamado. 
Essa complicação pode ocorrer após a 
perfuração do apêndice e geralmente requer 
drenagem e antibioticoterapia. 
3. Peritonite: A peritonite é a inflamação do 
peritônio, a membrana que reveste a 
cavidade abdominal. Pode ocorrer quando a 
inflamação e a infecção se espalham após a 
perfuração do apêndice. A peritonite é uma 
condição grave e potencialmente fatal que 
exige tratamento imediato com cirurgia e 
antibioticoterapia. 
4. Formação de aderências: A inflamação e a 
infecção no local da apendicite podem levar 
à formação de aderências no interior da 
cavidade abdominal. As aderências são 
faixas de tecido fibroso que podem causar 
obstrução intestinal e dor crônica no futuro. 
5. Infecção da ferida cirúrgica: A infecção da 
ferida cirúrgica é uma complicação possível 
após a apendicectomia. O tratamento inclui 
a limpeza adequada da ferida, 
antibioticoterapia e, em alguns casos, 
drenagem do local infectado. 
6. Obstrução intestinal: A obstrução intestinal 
pode ocorrer após a apendicectomia devido 
à formação de aderências, como 
mencionado anteriormente, ou à resposta 
inflamatória local que leva ao íleo paralítico 
(diminuição temporária do funcionamento 
normal do intestino). 
A identificação precoce e o tratamento adequado da 
apendicite aguda são fundamentais para prevenir 
complicações. A consulta a fontes de referência 
pode fornecer informações adicionais sobre as 
complicações da apendicite aguda e como evitá-las 
e tratá-las. 
Capitulo 4: Adenite Mesentérica 
4.1. Apresentação Clínica 
A adenite mesentérica é uma inflamação dos 
linfonodos mesentéricos, geralmente causada por 
uma infecção viral ou bacteriana. Essa condição é 
comum na infância e pode apresentar sintomas 
semelhantes aos da apendicite aguda, o que pode 
dificultar o diagnóstico diferencial. A seguir, são 
descritos os principais aspectos clínicos da adenite 
mesentérica: 
1. Dor abdominal: A dor abdominal é o 
sintoma mais comum da adenite 
mesentérica. A dor é geralmente localizada 
no quadrante inferior direito do abdome, 
semelhante a dor da apendicite aguda. No 
entanto, a dor da adenite mesentérica pode 
ser menos intensa e mais difusa do que a dor 
da apendicite. 
2. Febre: A febre é outro sintoma comum da 
adenite mesentérica, especialmente quando 
a causa é uma infecção bacteriana. A febre 
pode ser baixa a moderada, geralmente não 
ultrapassando 38,5°C. 
3. Náuseas e vômitos: Alguns pacientes com 
adenite mesentérica podem apresentar 
náuseas e vômitos, embora esses sintomas 
sejam menos frequentes e intensos do que 
os observados na apendicite aguda. 
4. Diarreia: A diarreia pode ocorrer em casos 
de adenite mesentérica, principalmente 
quando a causa é uma infecção viral ou 
bacteriana que afeta o trato gastrointestinal. 
5. Sinais inflamatórios: Em alguns casos, pode 
haver sinais inflamatórios, como aumento 
dos linfonodos regionais e leucocitose 
(aumento do número de leucócitos no 
sangue). No entanto, esses sinais podem ser 
menos marcantes do que na apendicite 
aguda. 
6. História de infecção recente: Uma história 
de infecção respiratória ou gastrointestinal 
recente pode ser um indicativo de adenite 
mesentérica, uma vez que essas infecções 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
11 
são causas comuns da inflamação dos 
linfonodos mesentéricos. 
O diagnóstico diferencial entre adenite mesentérica 
e apendicite aguda é importante, pois o tratamento 
e o prognóstico dessas condiçõessão diferentes. 
 
4.2. Principais Causas 
A adenite mesentérica é uma condição inflamatória 
dos linfonodos mesentéricos e pode ser causada por 
diferentes agentes infecciosos. As principais causas 
da adenite mesentérica incluem: 
1. Infecções virais: A adenite mesentérica é 
frequentemente causada por infecções 
virais, principalmente em crianças. Vírus 
como adenovírus, enterovírus e vírus 
Epstein-Barr são causas comuns de adenite 
mesentérica viral. Essas infecções podem 
afetar o trato gastrointestinal ou respiratório 
e, subsequentemente, causar a inflamação 
dos linfonodos mesentéricos. 
2. Infecções bacterianas: A adenite 
mesentérica também pode ser causada por 
infecções bacterianas, embora sejam menos 
comuns do que as virais. Algumas bactérias 
associadas à adenite mesentérica incluem 
Yersinia enterocolitica, Campylobacter 
jejuni, Salmonella e Mycobacterium 
tuberculosis. Essas bactérias podem ser 
adquiridas por meio do consumo de 
alimentos contaminados ou contato com 
pessoas infectadas. 
3. Infecções parasitárias: Embora menos 
comuns, infecções parasitárias também 
podem levar à adenite mesentérica. Parasitas 
como Giardia lamblia e Toxoplasma gondii 
são alguns exemplos de agentes infecciosos 
que podem causar inflamação dos 
linfonodos mesentéricos. 
4. Doenças inflamatórias e autoimunes: Em 
casos raros, a adenite mesentérica pode estar 
relacionada a doenças inflamatórias e 
autoimunes, como doença de Crohn, artrite 
reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. 
Essas doenças podem afetar várias partes do 
corpo, incluindo os linfonodos 
mesentéricos. 
5. Outras causas: Outras causas menos 
comuns de adenite mesentérica incluem 
linfoma, tuberculose e sarcoidose. Essas 
condições podem afetar os linfonodos 
mesentéricos e causar sintomas semelhantes 
aos da adenite mesentérica infecciosa. 
A identificação da causa subjacente da adenite 
mesentérica é crucial para determinar o tratamento 
adequado e prevenir complicações. 
 
Capitulo 5: Êmese 
5.1. Fisiologia 
A êmese, também conhecida como vômito, é um 
mecanismo reflexo complexo que envolve a 
expulsão forçada do conteúdo gástrico através da 
boca. A fisiologia da êmese pode ser dividida em 
três etapas principais: a náusea, o ato emético e a 
expulsão. 
1. Náusea: A náusea é a sensação de 
desconforto e mal-estar no estômago, 
frequentemente acompanhada pela vontade 
de vomitar. Ela ocorre quando os centros 
eméticos do cérebro, localizados na área 
postrema do tronco encefálico, são 
estimulados. Diversos estímulos, como 
substâncias químicas (drogas, toxinas), 
distensão gástrica, equilíbrio do aparelho 
vestibular e fatores emocionais, podem 
provocar a náusea. 
2. Ato emético: Quando os estímulos são 
suficientemente intensos, o ato emético é 
iniciado. Ele é caracterizado pela contração 
muscular coordenada do diafragma, dos 
músculos abdominais e do esfíncter 
esofágico inferior. Isso resulta em aumento 
da pressão intra-abdominal e diminuição da 
pressão no esôfago, promovendo o refluxo 
do conteúdo gástrico. 
3. Expulsão: A expulsão é a fase final da 
êmese, quando o conteúdo gástrico é 
efetivamente expelido pela boca. Isso ocorre 
quando a pressão intra-abdominal aumenta 
e supera a pressão no esôfago, forçando o 
conteúdo gástrico a passar pelo esôfago e ser 
expelido pela boca. 
O processo emético é regulado por 
neurotransmissores, como a serotonina, a 
dopamina e a histamina, que atuam em receptores 
específicos no sistema nervoso central e periférico. 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
12 
O centro emético no cérebro é particularmente 
sensível à serotonina, e sua ativação pode 
desencadear a náusea e o vômito. 
A compreensão da fisiologia da êmese é 
fundamental para o diagnóstico e tratamento de 
várias condições médicas que apresentam náuseas e 
vômitos como sintomas. 
 
5.2. Farmacologia dos Antieméticos 
Os antieméticos são medicamentos utilizados para 
prevenir e tratar náuseas e vômitos, agindo em 
diferentes vias e receptores envolvidos no processo 
emético. Eles são comumente usados em casos de 
vômitos relacionados a infecções gastrointestinais, 
gravidez, quimioterapia, pós-operatório e condições 
neurológicas, entre outras situações. Algumas das 
principais classes de antieméticos e seus 
mecanismos de ação incluem: 
1. Antagonistas da serotonina (5-HT3): Os 
antagonistas do receptor 5-HT3, como 
ondansetron e granisetron, são usados 
principalmente para prevenir náuseas e 
vômitos induzidos por quimioterapia e 
radioterapia. Eles atuam bloqueando os 
receptores de serotonina no trato 
gastrointestinal e no centro emético do 
cérebro, inibindo a ação da serotonina e 
reduzindo a estimulação do centro emético. 
2. Antagonistas da dopamina (D2): 
Medicamentos como metoclopramida, 
domperidona e haloperidol atuam 
bloqueando os receptores de dopamina D2 
no sistema nervoso central e no trato 
gastrointestinal. Eles são utilizados no 
tratamento de náuseas e vômitos 
relacionados a distúrbios gastrointestinais, 
quimioterapia, pós-operatório e outras 
condições. 
3. Antagonistas dos receptores H1 de 
histamina: A classe dos anti-histamínicos, 
como a difenidramina e a meclizina, atuam 
bloqueando os receptores H1 de histamina 
no sistema nervoso central. Esses 
medicamentos são eficazes no tratamento de 
náuseas e vômitos associados ao enjoo de 
movimento e gravidez. 
4. Anticolinérgicos: Os anticolinérgicos, como 
a escopolamina, inibem a ação da 
acetilcolina nos receptores muscarínicos do 
sistema nervoso central e periférico. Eles são 
comumente usados para prevenir e tratar 
náuseas e vômitos relacionados ao enjoo de 
movimento. 
5. Antagonistas do receptor NK1 de substância 
P: Aprepitanto e fosaprepitanto são 
antagonistas do receptor NK1 de substância 
P, usados para prevenir náuseas e vômitos 
induzidos por quimioterapia em associação 
com outros antieméticos. Eles atuam 
bloqueando os receptores NK1 no centro 
emético do cérebro, inibindo a ação da 
substância P. 
6. Corticosteroides: A dexametasona e a 
metilprednisolona são corticosteroides 
usados como adjuvantes no tratamento de 
náuseas e vômitos induzidos por 
quimioterapia. O mecanismo exato de ação 
desses medicamentos ainda não é 
totalmente compreendido, mas acredita-se 
que estejam relacionados à diminuição da 
inflamação e à inibição da liberação de 
mediadores pró-eméticos. 
Para aprofundar o entendimento sobre os 
antieméticos e suas indicações, mecanismos de 
ação, efeitos adversos e interações medicamentosas, 
é importante consultar as referências bibliográficas 
sugeridas, como os livros de Farmacologia e 
Terapêutica (Goodman, Katzung) e o Tratado de 
Gastroenterologia. Essas fontes fornecem 
informações detalhadas sobre os diferentes tipos de 
antieméticos e suas aplicações clínicas. 
Além disso, é importante ressaltar que o uso de 
antieméticos deve ser sempre feito sob orientação 
médica, levando em consideração as características 
individuais do paciente, a causa subjacente da 
náusea e vômito, e a segurança e eficácia de cada 
medicamento. O manejo adequado do paciente, 
incluindo a escolha do antiemético correto, pode 
ajudar a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar 
do indivíduo afetado por náuseas e vômitos. 
Capitulo 6: Avaliação Puberal e Fisiologia do 
Ciclo Menstrual 
A avaliação puberal é um processo fundamental na 
prática clínica pediátrica, pois permite o 
acompanhamento do desenvolvimento físico e 
sexual dos indivíduos em crescimento. A fisiologia 
do ciclo menstrual é parte integrante desse processo, 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
13 
sendo importante para a compreensão dos 
mecanismos que regem o amadurecimento sexual e 
reprodutivo nas meninas. 
A avaliação puberal pode ser realizada através da 
classificação de Tanner, que inclui cinco estágios de 
desenvolvimento das mamas, genitália e pelos 
pubianos. Esse sistema de classificação permite aos 
profissionais de saúde monitorar o progresso da 
puberdade e identificar possíveis atrasos,avanços ou 
anormalidades no desenvolvimento. 
A fisiologia do ciclo menstrual está intimamente 
relacionada com o eixo hipotálamo-hipófise-
ovariano, que controla a secreção dos hormônios 
sexuais e coordena a maturação dos folículos 
ovarianos e a liberação do óvulo. O ciclo menstrual 
é composto por três fases principais: 
1. Fase folicular: Nesta fase, a secreção de 
hormônio folículo-estimulante (FSH) pela 
hipófise estimula o crescimento e a 
maturação dos folículos ovarianos. O 
folículo dominante produz estrogênio, que, 
por sua vez, induz a proliferação do 
endométrio e a preparação do útero para a 
implantação do óvulo fertilizado. 
2. Ovulação: A liberação do hormônio 
luteinizante (LH) pela hipófise desencadeia 
a ovulação, que é a liberação do óvulo 
maduro do folículo ovariano. A ovulação 
geralmente ocorre por volta do 14º dia do 
ciclo menstrual, mas pode variar de acordo 
com a duração e a regularidade do ciclo de 
cada mulher. 
3. Fase lútea: Após a ovulação, o folículo 
rompido se transforma no corpo lúteo, que 
secreta progesterona e estrogênio. A 
progesterona é responsável por manter e 
estabilizar o endométrio, preparando-o para 
uma possível implantação. Se não ocorrer a 
fecundação, o corpo lúteo regride, os níveis 
de progesterona e estrogênio diminuem, e o 
endométrio é eliminado na forma de 
menstruação. 
Capitulo 7: Referências Bibliográficas 
Livros: 
1. BRASIL. Manual de fundamentos em 
hematologia. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2021. 
2. BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. 
Fisiologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2018. 
3. GOODMAN, Louis Sanford; GILMAN, 
Alfred; BRUNTON, Laurence L. As bases 
farmacológicas da terapêutica de Goodman 
& Gilman. 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2018. 
4. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. 
Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2017. 
5. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia 
básica e clínica. 14. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2018. 
6. SABISTON, David C. Tratado de cirurgia: 
a base biológica da prática cirúrgica 
moderna. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017. 
7. SLEISENGER, Marvin H.; FORDTRAN, 
John S. Gastroenterologia e hepatologia. 11. 
ed. Porto Alegre: Artmed, 2021. 
8. TEBAS, Fernando Kok; KREBS, Vera 
Lúcia Jornada; CARVALHO, Werther 
Brunow de. Tratado de pediatria. 5. ed. São 
Paulo: Manole, 2020. 
9. VERONESI, Ricardo. Tratado de 
infectologia. 6. ed. São Paulo: Atheneu, 
2015. 
 
 
Caso 04 Sessão Tutorial 
 
 
 
14 
 
Capitulo 8: Perguntas e Respostas 
Questão 1: Qual das seguintes condições é a causa mais comum de dor abdominal aguda na infância que requer 
cirurgia? 
a) Gastroenterite 
b) Adenite mesentérica 
c) Apendicite aguda 
d) Obstrução intestinal 
e) Colecistite 
Resposta: c) Apendicite aguda 
Justificativa: A apendicite aguda é a causa mais comum de dor abdominal aguda na infância que requer cirurgia. 
Essa condição ocorre quando o apêndice, um pequeno órgão em forma de tubo localizado no ceco, torna-se 
inflamado e infectado. Se não for tratada, a apendicite aguda pode levar a complicações graves, como a 
perfuração do apêndice e peritonite. Por esse motivo, o diagnóstico precoce e o tratamento cirúrgico são 
essenciais para evitar complicações e garantir a recuperação do paciente. 
Questão 2: Qual é a definição mais apropriada para o termo "abdome agudo"? 
a) Uma condição crônica caracterizada por dor abdominal persistente e de longa duração. 
b) Uma condição em que a dor abdominal é o sintoma principal, mas não há necessidade de intervenção 
cirúrgica. 
c) Um conjunto de sinais e sintomas que indicam a presença de uma doença sistêmica. 
d) Uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa que pode exigir intervenção 
cirúrgica. 
e) Uma condição caracterizada por dor abdominal que ocorre apenas durante atividades físicas intensas. 
Resposta: d) Uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa que pode exigir intervenção 
cirúrgica. 
Justificativa: Abdome agudo refere-se a uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa 
que pode exigir intervenção cirúrgica. Essa condição pode ser causada por várias patologias, incluindo apendicite 
aguda, obstrução intestinal, colecistite aguda, entre outras. O diagnóstico e tratamento rápidos são essenciais 
para evitar complicações e garantir uma melhor recuperação do paciente. 
Questão 3: Ao avaliar um paciente pediátrico com dor abdominal aguda, como você classificaria a dor com base 
em sua origem? 
a) Visceral, parietal, referida, neuropática e psicogênica 
b) Muscular, visceral, óssea, cutânea e mista 
c) Aguda, crônica, subaguda, recorrente e intermitente 
d) Superficial, profunda, somática, radicular e mista 
e) Inflamatória, obstrutiva, isquêmica, funcional e perfurativa 
Resposta: a) Visceral, parietal, referida, neuropática e psicogênica 
Justificativa: A dor abdominal aguda pode ser classificada com base em sua origem em visceral, parietal, referida, 
neuropática e psicogênica. A dor visceral é causada pela distensão ou contração de órgãos internos e geralmente 
é difusa e difícil de localizar. A dor parietal, por outro lado, é causada pela irritação do peritônio parietal e é 
mais localizada e intensa. A dor referida é a dor percebida em uma área diferente do local da lesão ou estímulo 
 
 
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15 
nocivo. A dor neuropática ocorre devido a lesões ou disfunções no sistema nervoso, enquanto a dor psicogênica 
é causada por fatores emocionais ou psicológicos. Essas classificações auxiliam na identificação da causa da dor 
e na abordagem terapêutica apropriada. 
Questão 4: Qual dos seguintes sinais e sintomas é mais comum na apresentação clínica inicial da apendicite 
aguda em pacientes pediátricos? 
a) Dor abdominal localizada no quadrante inferior direito, com início súbito e intensidade crescente. 
b) Dor abdominal generalizada, náuseas, vômitos e diarreia aquosa. 
c) Dor abdominal que migra do quadrante superior direito para o quadrante inferior direito ao longo de 
várias horas. 
d) Dor abdominal que se inicia ao redor do umbigo e migra para o quadrante inferior direito após algumas 
horas. 
e) Dor abdominal intensa no quadrante inferior esquerdo, acompanhada de febre e calafrios. 
Resposta: d) Dor abdominal que se inicia ao redor do umbigo e migra para o quadrante inferior direito após 
algumas horas. 
Justificativa: A apendicite aguda é uma inflamação do apêndice e é uma das causas mais comuns de dor 
abdominal aguda em crianças. O sintoma clássico da apendicite aguda é dor abdominal que começa ao redor 
do umbigo e, após algumas horas, migra para o quadrante inferior direito (QID). Essa migração é devido à 
irritação do peritônio parietal à medida que a inflamação progride. Outros sintomas associados podem incluir 
náuseas, vômitos, perda de apetite e febre baixa. O diagnóstico e tratamento precoce são cruciais para prevenir 
complicações, como a perfuração do apêndice e peritonite.

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