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DOR AGUDA ABDOMINAL NA INFÂNCIA Caso 04 Sessão Tutorial Resumo Nesta apostila, exploramos os desafios e nuances do diagnóstico e tratamento da dor abdominal aguda na infância, uma preocupação comum na prática clínica pediátrica. Com um enfoque didático e embasado em fontes confiáveis, este material aborda tópicos essenciais como as causas da dor abdominal aguda, a fisiopatologia e o manejo da apendicite aguda, adenite mesentérica e êmese, bem como a avaliação puberal e a fisiologia do ciclo menstrual. Ao longo das seções, você encontrará informações detalhadas e atualizadas que o ajudarão a entender os processos fisiológicos e as abordagens terapêuticas envolvidas nestes distúrbios. Esta apostila é uma ferramenta valiosa para estudantes e profissionais de saúde que buscam aprofundar seus conhecimentos sobre a dor abdominal aguda na infância e suas implicações clínicas. Mergulhe neste guia informativo e aprimore sua compreensão das complexidades do diagnóstico e tratamento dessas condições pediátricas. Caso 04 Sessão Tutorial 2 SUMÁRIO Capitulo 1: Introdução 1.1. Objetivo Central 1.2. Objetivos Secundários Capitulo 2: Dor Abdominal Aguda na Infância 2.1. Principais Causas por Faixa Etária 2.2. Conceito de Abdome Agudo 2.3. Classificações 2.4. Diagnósticos 2.5. Abordagem Terapêutica Geral Capitulo 3: Apendicite Aguda 3.1. Definição 3.2. Fisiopatologia 3.3. Manifestações Clínicas 3.4. Tratamentos 3.5. Complicações Capitulo 4: Adenite Mesentérica 4.1. Apresentação Clínica 4.2. Principais Causas Capitulo 5: Êmese 5.1. Fisiologia 5.2. Farmacologia dos Antieméticos Capitulo 6: Avaliação Puberal e Fisiologia do Ciclo Menstrual Capitulo 7: Referências Bibliográficas Capitulo 8: Perguntas e Respostas CASO 04 Identificação: Y.S.F., sexo feminino, 12 anos de idade, estudante, natural de Salvador-BA, procedente de Mussurunga Informante: A genitora / a paciente Queixa Principal: “Dor na barriga há 15 dias” História da Moléstia Atual (HMA): A genitora informa que a paciente há 15 dias iniciou quadro de febre, temperatura máxima de 38,4oC, associado a dor abdominal em região periumbilical e fossa ilíaca direita. Refere que a febre cessou após 4 dias, mas que a dor abdominal persistiu. Relata que chegou a apresentar dejeções amolecidas por 2 dias, com restos alimentares, cerca de 3-4 episódios/dia, sem presença de sangue ou muco. Informa que atualmente está com dejeção ausente há 5 dias. Vem fazendo uso de Novalgina (dipirona), além de buscopan composto (butilbrometo de escopolamina + dipirona) e luftal (simeticona), sem melhora da dor. Refere que a dor é intermitente. Nega alteração na alimentação da criança antes do início do quadro, mas o apetite está diminuído. Nega outras pessoas com mesmos sintomas em casa. Nega também trauma abdominal. Refere data da última menstruação há 3 semanas. Chegou a procurar atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde realizou uma ultrassonografia de Abdome total e foi verificado aumento dos gânglios em região mesentérica. A paciente informa que o quadro álgico abdominal é do tipo cólica parecida com a dor que sente no período menstrual, mas em região periumbilical e fossa ilíaca direita, de maneira intermitente, não sabe referir fatores de melhora ou piora da dor, mas incomoda seu sono e suas as atividades habituais. Nega náuseas ou vômitos. Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. História Patológica Pregressa: Teve varicela na infância e 1 internamento aos 6 meses de vida por quadro de Bronquiolite. Nega cirurgias. Calendário Vacinal atualizado (apresentado durante o atendimento). História Fisiológica: Nascida de parto Natural, a termo, teve seu desenvolvimento neuropsicomotor dentro do esperado. Menarca aos 11 anos, já apresentando ciclo menstrual mensal regular, com duração média de 5-6 dias. Estágio puberal pela escala de Tanner M3P3. Ainda não apresenta vida sexual ativa. História Familiar: Genitor hipertenso, genitora diabética, avô materno diabético e hipertenso, avô paterno falecido por IAM, avó materna sem comorbidades, avó paterna hipertensa. História Social: Natural de Salvador, residindo toda infância no bairro de Mussurunga, estudante do 7º ano do ensino fundamental, mora em casa própria, com rede elétrica, água encanada e filtrada, com rede de esgoto. História Alimentar: Alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições. Alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, consumindo muito açúcar, farinhas e frituras. Exame Físico: Aspecto Geral: Regular estado geral, com referência de dor abdominal durante a consulta, descorada 1+/IV, hidratada, anictérica, normotensa, eupneica em ar ambiente. Dados Antropométricos: Altura: 1,52m; Peso: 45Kg; Índice de Massa Corpórea (IMC) 19,48 Sinais Vitais: Pressão Arterial (PA): 100x60mmHg; Pulso Radial: 118bpm; Frequência Respiratória (FR) 24ipm; Temperatura Axilar (Tax) 36,6oC. Pele: V Corada, com turgor e elasticidade normais, mucosas descoradas 1+, não palpo linfonodos em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, inguinais ou abdominais, sem alterações dos pelos. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe sem hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, tireoide palpável, sem nódulos, consistência elástica, ausência de turgência de jugular patológica (TJP). Aparelho Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura acessória). Expansibilidade preservada bilateralmente. Frêmito tóraco vocal (FTV) uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). Aparelho Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ausência de atritos. Ictus invisível, palpável em 5º Espaço Intercostal (EIC) no nível da Linha Hemiclavicular Esquerda (LHCE) medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo Ritmo Cardíaco Regular em 2 tempos com bulhas normofonéticas (RCR 2T c/ BNF). Ausência de sopros ou extra-sístoles. Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Caso 04 Sessão Tutorial 4 Abdome: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse reduzida em todos os quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 10 cm (lobo direito). A Percussão do espaço de Traube apresenta som timpânico. Sem visceromegalias. Abdome tenso, doloroso a palpação superficial e profunda difusamente, mais intenso em região periumbilical e fossa ilíaca direita, indolor a descompressão, sem sinais de irritação peritoneal, ausência de massas. Gênito-urinário e região perineal: Genitália feminina, com presença de pelos ásperos, escuros sobre a púbis, sem hiperemia, presença de orifício uretral e hímen integro. Região perianal sem hiperemia, sem presença de fistulas, fissuras ou prolapso. Realizado toque retal com presença de fezes em dedo de luva, sem sangue. Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. Aparelho osteoarticular: ausência de deformidades articulares ou sinais inflamatórios. Articulações com boa amplitude de movimentos. Coluna vertebral com curvaturas fisiológicas, ausência de dor à palpação das apófises espinhosas, mobilidade normal. Sistema nervoso: lúcida e orientada em tempo e espaço. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais de irritação meníngea. Glasgow 15.Caso 04 Sessão Tutorial 5 Capitulo 1: Introdução 1.1. Objetivo Central A dor abdominal aguda na infância é uma queixa comum e pode ser causada por uma variedade de condições médicas e cirúrgicas. O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para evitar complicações e garantir o bem-estar das crianças afetadas. Portanto, o objetivo central deste material é fornecer uma visão abrangente sobre a dor aguda abdominal na infância, abordando suas causas, diagnósticos e tratamentos apropriados. Para alcançar esse objetivo, serão discutidos os principais fatores que contribuem para a dor abdominal aguda em crianças, bem como a importância da avaliação clínica e das investigações diagnósticas apropriadas. Além disso, serão analisadas as abordagens terapêuticas gerais e específicas para diferentes causas de dor abdominal aguda na infância. Este material servirá como um guia de estudo para profissionais de saúde, estudantes de medicina e outros interessados em entender e tratar adequadamente a dor aguda abdominal na infância, contribuindo para a melhoria dos cuidados pediátricos. 1.2. Objetivos Secundários Além do objetivo central de abordar a dor aguda abdominal na infância, este material também visa cumprir os seguintes objetivos secundários: 1. Explicar o conceito de "abdome agudo" e fornecer informações detalhadas sobre suas classificações, diagnósticos e principais causas na infância, de acordo com a faixa etária. 2. Discutir condições específicas que podem causar dor abdominal aguda na infância, como apendicite aguda e adenite mesentérica, incluindo suas definições, fisiopatologia, manifestações clínicas, tratamentos e possíveis complicações. 3. Abordar o tema da êmese, incluindo a fisiologia e farmacologia dos antieméticos, e como eles podem ser usados no tratamento de crianças com dor abdominal aguda. 4. Examinar a fisiologia do ciclo menstrual e a avaliação puberal, já que algumas causas de dor abdominal aguda na infância podem estar relacionadas a esses processos. Ao cumprir esses objetivos secundários, este material proporcionará uma compreensão mais completa da dor abdominal aguda na infância e ajudará os profissionais de saúde a desenvolver habilidades de diagnóstico e tratamento eficazes para melhorar a qualidade dos cuidados pediátricos. Capitulo 2: Dor Abdominal Aguda na Infância 2.1. Principais Causas por Faixa Etária A dor abdominal aguda na infância pode ter diversas causas, e elas variam conforme a faixa etária. Abaixo estão listadas as principais causas de dor abdominal aguda de acordo com a idade: Lactentes (0 a 12 meses): • Cólicas • Refluxo gastroesofágico • Intolerância alimentar • Obstrução intestinal (ex.: atresia, estenose, vólvulo) • Infecções gastrointestinais • Hérnia encarcerada Pré-escolares (1 a 5 anos): • Gastroenterite • Apendicite • Adenite mesentérica • Constipação • Infecção do trato urinário • Intussuscepção Escolares (6 a 12 anos): • Apendicite • Gastroenterite • Adenite mesentérica • Constipação • Infecção do trato urinário • Pancreatite Adolescentes (13 a 18 anos): • Apendicite • Gastroenterite • Infecção do trato urinário • Constipação • Doença inflamatória pélvica Caso 04 Sessão Tutorial 6 • Dor menstrual • Gravidez ectópica (em meninas sexualmente ativas) As referências bibliográficas sugeridas, como o Tratado de Pediatria e o Tratado de Gastroenterologia, fornecem informações detalhadas sobre cada uma dessas causas e podem ser consultadas para obter um entendimento mais profundo de cada condição e suas implicações na dor abdominal aguda na infância. 2.2. Conceito de Abdome Agudo Abdome agudo é um termo médico utilizado para descrever uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa, que pode ser acompanhada de outros sinais e sintomas, como distensão abdominal, náuseas, vômitos e alterações no trânsito intestinal. Esse quadro clínico exige uma rápida avaliação médica e, muitas vezes, intervenção cirúrgica. Na infância, o abdome agudo pode ser causado por uma variedade de condições médicas e cirúrgicas. Algumas dessas condições podem ser potencialmente graves e, se não tratadas adequadamente, podem levar a complicações e sequelas a longo prazo. Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde estejam bem informados sobre as principais causas de abdome agudo em crianças e estejam preparados para diagnosticar e tratar esses pacientes de forma rápida e eficaz. A avaliação do abdome agudo na infância começa com uma anamnese completa e um exame físico detalhado. Durante a anamnese, é importante obter informações sobre a localização, a natureza, a duração e a irradiação da dor, bem como quaisquer fatores desencadeantes ou aliviadores. O exame físico deve incluir uma inspeção cuidadosa do abdome, palpação, percussão e ausculta. Dependendo da suspeita clínica, exames complementares, como exames laboratoriais e de imagem, podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico. 2.3. Classificações A dor abdominal aguda na infância pode ser classificada de várias maneiras, com base em critérios como etiologia, localização da dor, características da dor, duração e gravidade. Essas classificações são úteis para auxiliar no diagnóstico diferencial e orientar a abordagem terapêutica. Algumas das principais classificações incluem: 1. Etiologia: A dor abdominal aguda pode ser de origem médica, cirúrgica ou funcional. As condições médicas incluem gastroenterite, infecção do trato urinário e constipação. As condições cirúrgicas abrangem apendicite, obstrução intestinal e hérnia encarcerada. Já a dor abdominal funcional é uma dor crônica ou recorrente sem causa orgânica identificável, como a síndrome do intestino irritável. 2. Localização da dor: A localização da dor abdominal pode fornecer pistas importantes sobre a etiologia subjacente. Por exemplo, a dor no quadrante inferior direito pode ser indicativa de apendicite, enquanto a dor no quadrante superior esquerdo pode sugerir pancreatite. 3. Características da dor: A natureza da dor também pode ser útil para distinguir diferentes causas de dor abdominal aguda. A dor visceral, originada nos órgãos internos, geralmente é difusa e mal localizada, enquanto a dor parietal, originada na parede abdominal, é mais localizada e intensa. A dor referida é a dor sentida em uma área distante do local da origem da dor, como a dor no ombro direito causada pela irritação do diafragma em casos de colecistite aguda. 4. Duração: A duração da dor também pode ser considerada na classificação da dor abdominal aguda. A dor pode ser aguda (de início súbito e duração curta), subaguda (persistente por algumas horas a dias) ou crônica (persistente por semanas a meses). 5. Gravidade: A gravidade da dor abdominal aguda pode ser classificada como leve, moderada ou grave, com base na intensidade da dor e na incapacidade funcional associada. A avaliação da gravidade da dor é útil para determinar a urgência do tratamento e a necessidade de intervenção cirúrgica. 2.4. Diagnósticos O diagnóstico da dor abdominal aguda na infância começa com uma anamnese completa e um exame físico detalhado, seguidos de exames complementares, conforme necessário. Caso 04 Sessão Tutorial 7 Anamnese: Na anamnese, é crucial obter informações sobre a localização, a natureza, a duração e a irradiação da dor, bem como quaisquer fatores desencadeantes ou aliviadores. Além disso, deve-se investigar o histórico médico da criança, incluindo condições preexistentes, cirurgias prévias, uso de medicamentos e possíveis alergias. Exame físico: O exame físico deve incluir uma inspeção cuidadosa do abdome, palpação, percussão e ausculta. A avaliação do estado geral da criança, a presença de sinais vitais alterados, a presença de sinais de desidratação, a cor e a textura da pele e apalidez conjuntival também são aspectos importantes a serem considerados. Exames complementares: Dependendo da suspeita clínica, exames laboratoriais e de imagem podem ser solicitados para auxiliar no diagnóstico: • Exames laboratoriais: hemograma completo, perfil bioquímico, incluindo eletrólitos, função renal, hepática e enzimas pancreáticas, proteína C-reativa, testes de coagulação, exame de urina e, se necessário, testes de gravidez. • Exames de imagem: radiografia simples de abdome (em pé e deitado), ultrassonografia abdominal, tomografia computadorizada (TC) de abdome e, em casos selecionados, ressonância magnética (RM) de abdome. Cada exame tem suas indicações específicas, vantagens e limitações, e a escolha do exame de imagem mais apropriado dependerá da suspeita clínica e da idade do paciente. • Outros exames: em alguns casos, podem ser necessários exames adicionais, como parasitológico de fezes, pesquisa de vírus nas fezes, coprocultura e endoscopia digestiva alta ou baixa. O diagnóstico diferencial da dor abdominal aguda na infância é amplo e inclui condições médicas, cirúrgicas e funcionais. A abordagem diagnóstica deve ser sistemática e individualizada para cada paciente, considerando a idade, o sexo, a história clínica e os achados do exame físico. 2.5. Abordagem Terapêutica Geral A abordagem terapêutica geral para a dor abdominal aguda na infância depende da causa subjacente, da gravidade dos sintomas e da condição clínica geral do paciente. Algumas medidas gerais incluem: • Estabilização do paciente: O primeiro passo no manejo da dor abdominal aguda é a estabilização do paciente. Isso envolve a avaliação e o tratamento de quaisquer condições que possam ameaçar a vida, como choque, desidratação grave, sepse ou perfuração intestinal. Os sinais vitais devem ser monitorados e quaisquer anormalidades corrigidas. • Alívio da dor: O alívio da dor é uma parte importante do tratamento da dor abdominal aguda. Analgésicos comuns, como paracetamol e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), podem ser usados, dependendo da idade do paciente e da causa da dor. Opioides podem ser considerados em casos de dor grave, mas seu uso deve ser criterioso e monitorado devido ao risco de efeitos colaterais e dependência. • Terapia medicamentosa específica: O tratamento medicamentoso específico depende da causa da dor abdominal aguda. Por exemplo, em casos de infecção bacteriana, pode ser necessário o uso de antibióticos. Em casos de constipação, laxantes suaves e mudanças na dieta podem ser indicados. Para crianças com gastroenterite viral, a terapia de reposição de líquidos e eletrólitos é fundamental. • Tratamento cirúrgico: Algumas causas de dor abdominal aguda requerem intervenção cirúrgica, como apendicite aguda, obstrução intestinal e hérnia encarcerada. A decisão de realizar cirurgia deve ser baseada na avaliação clínica do paciente, nos achados dos exames de imagem e na experiência do cirurgião. • Acompanhamento e prevenção de complicações: Após o tratamento inicial, é importante acompanhar o paciente para garantir a resolução dos sintomas e prevenir complicações. Isso pode incluir consultas de acompanhamento, orientação sobre mudanças na dieta e no estilo de vida, e vigilância para possíveis complicações tardias, como aderências intestinais e infecções. Capitulo 3: Apendicite Aguda 3.1. Definição A apendicite aguda é uma inflamação do apêndice vermiforme, uma estrutura em forma de dedo localizada no ceco, a primeira parte do intestino Caso 04 Sessão Tutorial 8 grosso. O apêndice tem um papel limitado no sistema imunológico, especialmente na infância, mas sua função exata ainda é pouco compreendida. A apendicite aguda é uma das causas mais comuns de dor abdominal aguda e cirurgia abdominal de emergência em crianças e adultos. A apendicite aguda geralmente ocorre devido à obstrução do lúmen do apêndice, que pode ser causada por fezes endurecidas (fecalitos), hiperplasia do tecido linfático, infecções, tumores ou corpos estranhos. A obstrução leva ao acúmulo de secreções no interior do apêndice, causando aumento da pressão e inflamação. Se não tratada, a inflamação pode levar à isquemia, necrose, perfuração do apêndice e formação de abscessos, com risco de peritonite e sepse. O diagnóstico de apendicite aguda baseia-se em uma combinação de história clínica, exame físico e exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia computadorizada (TC) de abdome. O tratamento de escolha para a apendicite aguda é a apendicectomia, que é a remoção cirúrgica do apêndice inflamado. Dependendo da condição do paciente e da presença de complicações, a cirurgia pode ser realizada por via aberta ou laparoscópica. 3.2. Fisiopatologia A fisiopatologia da apendicite aguda está intimamente relacionada à obstrução do lúmen do apêndice vermiforme e ao subsequente acúmulo de secreções, levando à inflamação e possíveis complicações. A seguir, são apresentados os principais eventos fisiopatológicos envolvidos na apendicite aguda: • Obstrução do lúmen: A obstrução do lúmen do apêndice é geralmente causada por fecalitos (fezes endurecidas), hiperplasia do tecido linfático, infecções, tumores ou corpos estranhos. A obstrução impede o fluxo normal das secreções mucosas produzidas pelo apêndice, levando ao acúmulo de secreções no seu interior. • Aumento da pressão intraluminal: O acúmulo de secreções no lúmen do apêndice aumenta a pressão intraluminal, o que dificulta a drenagem venosa e a circulação arterial. Como resultado, a parede do apêndice torna-se isquêmica e inflamada. • Inflamação e infecção: A isquemia e a inflamação da parede do apêndice facilitam a proliferação bacteriana no seu interior. As bactérias presentes na flora intestinal normal, como Escherichia coli e bacteroides spp., podem invadir a parede do apêndice e contribuir para a inflamação e a infecção. • Necrose e perfuração: Se a apendicite aguda não for tratada, a inflamação e a infecção podem progredir, levando à necrose (morte) do tecido do apêndice. A necrose pode causar a perfuração do apêndice, resultando na liberação do seu conteúdo infectado e inflamatório na cavidade abdominal. A perfuração do apêndice aumenta significativamente o risco de complicações graves, como a formação de abscessos e a peritonite, uma infecção difusa do peritônio. • Resposta inflamatória sistêmica: A infecção e a inflamação localizadas no apêndice podem levar à resposta inflamatória sistêmica, caracterizada pela liberação de citocinas pró-inflamatórias e ativação de células imunológicas. Essa resposta pode resultar em sinais e sintomas sistêmicos, como febre e leucocitose, além de agravar a inflamação local. • Complicações: A apendicite aguda não tratada ou tratada inadequadamente pode levar a várias complicações, incluindo abscessos intra- abdominais, peritonite, sepse e, em casos extremos, choque séptico e morte. Compreender a fisiopatologia da apendicite aguda é essencial para o diagnóstico e tratamento adequados dessa condição. As referências bibliográficas sugeridas, como o Tratado de Pediatria, o Pronto- Socorro em Pediatria e o Tratado de Cirurgia, fornecem informações detalhadas sobre a fisiopatologia da apendicite aguda e podem ser consultadas para obter um entendimento mais profundo desse processo. 3.3. Manifestações Clínicas As manifestações clínicas da apendicite aguda variam e dependem de fatores como idade, localização anatômica do apêndice e gravidade da inflamação. No entanto, alguns sinais e sintomas são comuns na maioria dos casos de apendicite aguda: 1. Dor abdominal: A dor é o sintoma mais comum e geralmente começa de forma Caso 04 Sessão Tutorial 9 difusa ou periumbilical e, após algumas horas, migra para o quadrante inferior direito do abdome, na região da fossa ilíaca direita (sinal de McBurney). A doré geralmente constante e de intensidade moderada a severa, podendo ser agravada pelo movimento, tosse ou pressão no local. 2. Anorexia: A perda de apetite é um sintoma frequentemente associado à apendicite aguda e pode ocorrer antes do início da dor abdominal. 3. Náuseas e vômitos: Náuseas e vômitos podem ocorrer em até 50% dos pacientes com apendicite aguda, geralmente após o início da dor abdominal. 4. Febre: Febre baixa a moderada (37,5– 38,5°C) é comum na apendicite aguda, mas a ausência de febre não exclui o diagnóstico. Febre alta pode ser um sinal de complicações, como perfuração ou peritonite. 5. Sinais físicos: No exame físico, os pacientes com apendicite aguda podem apresentar sensibilidade à palpação no quadrante inferior direito do abdome, dor à descompressão brusca (sinal de Blumberg), dor à compressão do quadrante inferior esquerdo (sinal de Rovsing) e dor ao elevar a perna direita estendida (sinal de psoas). 6. Leucocitose: Um aumento no número de leucócitos no hemograma, geralmente com desvio à esquerda (aumento de neutrófilos imaturos), pode ser observado na apendicite aguda como resultado da resposta inflamatória. As manifestações clínicas da apendicite aguda podem variar e se sobrepor a outras condições abdominais agudas. Portanto, é essencial obter uma história clínica detalhada e realizar um exame físico completo para estabelecer um diagnóstico preciso. 3.4. Tratamentos O tratamento da apendicite aguda tem como objetivo principal a remoção do apêndice inflamado antes que ocorram complicações. A seguir, são apresentadas as principais abordagens terapêuticas para a apendicite aguda: 1. Apendicectomia: A apendicectomia, que é a remoção cirúrgica do apêndice, é o tratamento padrão para a apendicite aguda. Existem duas abordagens principais para a apendicectomia: a cirurgia aberta e a laparoscopia. A cirurgia aberta envolve a realização de uma incisão no abdome, enquanto a laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões e instrumentos especializados. A escolha entre as abordagens depende de fatores como a experiência do cirurgião, a gravidade da apendicite e a presença de complicações. 2. Antibioticoterapia: O uso de antibióticos é uma parte importante do tratamento da apendicite aguda. Os antibióticos são administrados antes da cirurgia para reduzir o risco de infecção pós-operatória e, em alguns casos, podem ser usados como tratamento não cirúrgico em pacientes selecionados com apendicite não complicada. Geralmente, são utilizados antibióticos de amplo espectro que cobrem bactérias gram-negativas e anaeróbias, como a combinação de cefalosporinas de terceira geração com metronidazol ou amoxicilina- clavulanato. 3. Tratamento não cirúrgico: Em casos selecionados de apendicite aguda não complicada, o tratamento não cirúrgico com antibióticos pode ser uma opção. No entanto, essa abordagem apresenta um risco maior de recorrência da apendicite e deve ser considerada somente em pacientes que apresentem baixo risco de complicações e sejam capazes de serem acompanhados de perto. 4. Tratamento das complicações: Se ocorrerem complicações, como abscesso intra-abdominal ou peritonite, podem ser necessárias medidas adicionais, como drenagem percutânea guiada por imagem ou cirurgia para tratar a complicação e controlar a infecção. 5. Cuidados pós-operatórios: Após a apendicectomia, os pacientes devem receber cuidados pós-operatórios adequados, como controle da dor, mobilização precoce e acompanhamento para identificar possíveis complicações. O tratamento da apendicite aguda deve ser individualizado de acordo com a gravidade da doença, a presença de complicações e as condições clínicas do paciente. A consulta a fontes de Caso 04 Sessão Tutorial 10 referência pode fornecer informações adicionais sobre as opções de tratamento e o manejo ideal dessa condição. 3.5. Complicações A apendicite aguda pode levar a várias complicações se não for tratada adequadamente ou em tempo hábil. Algumas das complicações mais comuns relacionadas à apendicite aguda incluem: 1. Perfuração do apêndice: A inflamação prolongada e intensa do apêndice pode levar à sua perfuração. Isso resulta no extravasamento do conteúdo do apêndice no interior da cavidade abdominal, aumentando o risco de infecção e peritonite. 2. Abscesso periapendicular: Um abscesso periapendicular é uma coleção de pus que se forma ao redor do apêndice inflamado. Essa complicação pode ocorrer após a perfuração do apêndice e geralmente requer drenagem e antibioticoterapia. 3. Peritonite: A peritonite é a inflamação do peritônio, a membrana que reveste a cavidade abdominal. Pode ocorrer quando a inflamação e a infecção se espalham após a perfuração do apêndice. A peritonite é uma condição grave e potencialmente fatal que exige tratamento imediato com cirurgia e antibioticoterapia. 4. Formação de aderências: A inflamação e a infecção no local da apendicite podem levar à formação de aderências no interior da cavidade abdominal. As aderências são faixas de tecido fibroso que podem causar obstrução intestinal e dor crônica no futuro. 5. Infecção da ferida cirúrgica: A infecção da ferida cirúrgica é uma complicação possível após a apendicectomia. O tratamento inclui a limpeza adequada da ferida, antibioticoterapia e, em alguns casos, drenagem do local infectado. 6. Obstrução intestinal: A obstrução intestinal pode ocorrer após a apendicectomia devido à formação de aderências, como mencionado anteriormente, ou à resposta inflamatória local que leva ao íleo paralítico (diminuição temporária do funcionamento normal do intestino). A identificação precoce e o tratamento adequado da apendicite aguda são fundamentais para prevenir complicações. A consulta a fontes de referência pode fornecer informações adicionais sobre as complicações da apendicite aguda e como evitá-las e tratá-las. Capitulo 4: Adenite Mesentérica 4.1. Apresentação Clínica A adenite mesentérica é uma inflamação dos linfonodos mesentéricos, geralmente causada por uma infecção viral ou bacteriana. Essa condição é comum na infância e pode apresentar sintomas semelhantes aos da apendicite aguda, o que pode dificultar o diagnóstico diferencial. A seguir, são descritos os principais aspectos clínicos da adenite mesentérica: 1. Dor abdominal: A dor abdominal é o sintoma mais comum da adenite mesentérica. A dor é geralmente localizada no quadrante inferior direito do abdome, semelhante a dor da apendicite aguda. No entanto, a dor da adenite mesentérica pode ser menos intensa e mais difusa do que a dor da apendicite. 2. Febre: A febre é outro sintoma comum da adenite mesentérica, especialmente quando a causa é uma infecção bacteriana. A febre pode ser baixa a moderada, geralmente não ultrapassando 38,5°C. 3. Náuseas e vômitos: Alguns pacientes com adenite mesentérica podem apresentar náuseas e vômitos, embora esses sintomas sejam menos frequentes e intensos do que os observados na apendicite aguda. 4. Diarreia: A diarreia pode ocorrer em casos de adenite mesentérica, principalmente quando a causa é uma infecção viral ou bacteriana que afeta o trato gastrointestinal. 5. Sinais inflamatórios: Em alguns casos, pode haver sinais inflamatórios, como aumento dos linfonodos regionais e leucocitose (aumento do número de leucócitos no sangue). No entanto, esses sinais podem ser menos marcantes do que na apendicite aguda. 6. História de infecção recente: Uma história de infecção respiratória ou gastrointestinal recente pode ser um indicativo de adenite mesentérica, uma vez que essas infecções Caso 04 Sessão Tutorial 11 são causas comuns da inflamação dos linfonodos mesentéricos. O diagnóstico diferencial entre adenite mesentérica e apendicite aguda é importante, pois o tratamento e o prognóstico dessas condiçõessão diferentes. 4.2. Principais Causas A adenite mesentérica é uma condição inflamatória dos linfonodos mesentéricos e pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. As principais causas da adenite mesentérica incluem: 1. Infecções virais: A adenite mesentérica é frequentemente causada por infecções virais, principalmente em crianças. Vírus como adenovírus, enterovírus e vírus Epstein-Barr são causas comuns de adenite mesentérica viral. Essas infecções podem afetar o trato gastrointestinal ou respiratório e, subsequentemente, causar a inflamação dos linfonodos mesentéricos. 2. Infecções bacterianas: A adenite mesentérica também pode ser causada por infecções bacterianas, embora sejam menos comuns do que as virais. Algumas bactérias associadas à adenite mesentérica incluem Yersinia enterocolitica, Campylobacter jejuni, Salmonella e Mycobacterium tuberculosis. Essas bactérias podem ser adquiridas por meio do consumo de alimentos contaminados ou contato com pessoas infectadas. 3. Infecções parasitárias: Embora menos comuns, infecções parasitárias também podem levar à adenite mesentérica. Parasitas como Giardia lamblia e Toxoplasma gondii são alguns exemplos de agentes infecciosos que podem causar inflamação dos linfonodos mesentéricos. 4. Doenças inflamatórias e autoimunes: Em casos raros, a adenite mesentérica pode estar relacionada a doenças inflamatórias e autoimunes, como doença de Crohn, artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. Essas doenças podem afetar várias partes do corpo, incluindo os linfonodos mesentéricos. 5. Outras causas: Outras causas menos comuns de adenite mesentérica incluem linfoma, tuberculose e sarcoidose. Essas condições podem afetar os linfonodos mesentéricos e causar sintomas semelhantes aos da adenite mesentérica infecciosa. A identificação da causa subjacente da adenite mesentérica é crucial para determinar o tratamento adequado e prevenir complicações. Capitulo 5: Êmese 5.1. Fisiologia A êmese, também conhecida como vômito, é um mecanismo reflexo complexo que envolve a expulsão forçada do conteúdo gástrico através da boca. A fisiologia da êmese pode ser dividida em três etapas principais: a náusea, o ato emético e a expulsão. 1. Náusea: A náusea é a sensação de desconforto e mal-estar no estômago, frequentemente acompanhada pela vontade de vomitar. Ela ocorre quando os centros eméticos do cérebro, localizados na área postrema do tronco encefálico, são estimulados. Diversos estímulos, como substâncias químicas (drogas, toxinas), distensão gástrica, equilíbrio do aparelho vestibular e fatores emocionais, podem provocar a náusea. 2. Ato emético: Quando os estímulos são suficientemente intensos, o ato emético é iniciado. Ele é caracterizado pela contração muscular coordenada do diafragma, dos músculos abdominais e do esfíncter esofágico inferior. Isso resulta em aumento da pressão intra-abdominal e diminuição da pressão no esôfago, promovendo o refluxo do conteúdo gástrico. 3. Expulsão: A expulsão é a fase final da êmese, quando o conteúdo gástrico é efetivamente expelido pela boca. Isso ocorre quando a pressão intra-abdominal aumenta e supera a pressão no esôfago, forçando o conteúdo gástrico a passar pelo esôfago e ser expelido pela boca. O processo emético é regulado por neurotransmissores, como a serotonina, a dopamina e a histamina, que atuam em receptores específicos no sistema nervoso central e periférico. Caso 04 Sessão Tutorial 12 O centro emético no cérebro é particularmente sensível à serotonina, e sua ativação pode desencadear a náusea e o vômito. A compreensão da fisiologia da êmese é fundamental para o diagnóstico e tratamento de várias condições médicas que apresentam náuseas e vômitos como sintomas. 5.2. Farmacologia dos Antieméticos Os antieméticos são medicamentos utilizados para prevenir e tratar náuseas e vômitos, agindo em diferentes vias e receptores envolvidos no processo emético. Eles são comumente usados em casos de vômitos relacionados a infecções gastrointestinais, gravidez, quimioterapia, pós-operatório e condições neurológicas, entre outras situações. Algumas das principais classes de antieméticos e seus mecanismos de ação incluem: 1. Antagonistas da serotonina (5-HT3): Os antagonistas do receptor 5-HT3, como ondansetron e granisetron, são usados principalmente para prevenir náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia e radioterapia. Eles atuam bloqueando os receptores de serotonina no trato gastrointestinal e no centro emético do cérebro, inibindo a ação da serotonina e reduzindo a estimulação do centro emético. 2. Antagonistas da dopamina (D2): Medicamentos como metoclopramida, domperidona e haloperidol atuam bloqueando os receptores de dopamina D2 no sistema nervoso central e no trato gastrointestinal. Eles são utilizados no tratamento de náuseas e vômitos relacionados a distúrbios gastrointestinais, quimioterapia, pós-operatório e outras condições. 3. Antagonistas dos receptores H1 de histamina: A classe dos anti-histamínicos, como a difenidramina e a meclizina, atuam bloqueando os receptores H1 de histamina no sistema nervoso central. Esses medicamentos são eficazes no tratamento de náuseas e vômitos associados ao enjoo de movimento e gravidez. 4. Anticolinérgicos: Os anticolinérgicos, como a escopolamina, inibem a ação da acetilcolina nos receptores muscarínicos do sistema nervoso central e periférico. Eles são comumente usados para prevenir e tratar náuseas e vômitos relacionados ao enjoo de movimento. 5. Antagonistas do receptor NK1 de substância P: Aprepitanto e fosaprepitanto são antagonistas do receptor NK1 de substância P, usados para prevenir náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia em associação com outros antieméticos. Eles atuam bloqueando os receptores NK1 no centro emético do cérebro, inibindo a ação da substância P. 6. Corticosteroides: A dexametasona e a metilprednisolona são corticosteroides usados como adjuvantes no tratamento de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia. O mecanismo exato de ação desses medicamentos ainda não é totalmente compreendido, mas acredita-se que estejam relacionados à diminuição da inflamação e à inibição da liberação de mediadores pró-eméticos. Para aprofundar o entendimento sobre os antieméticos e suas indicações, mecanismos de ação, efeitos adversos e interações medicamentosas, é importante consultar as referências bibliográficas sugeridas, como os livros de Farmacologia e Terapêutica (Goodman, Katzung) e o Tratado de Gastroenterologia. Essas fontes fornecem informações detalhadas sobre os diferentes tipos de antieméticos e suas aplicações clínicas. Além disso, é importante ressaltar que o uso de antieméticos deve ser sempre feito sob orientação médica, levando em consideração as características individuais do paciente, a causa subjacente da náusea e vômito, e a segurança e eficácia de cada medicamento. O manejo adequado do paciente, incluindo a escolha do antiemético correto, pode ajudar a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar do indivíduo afetado por náuseas e vômitos. Capitulo 6: Avaliação Puberal e Fisiologia do Ciclo Menstrual A avaliação puberal é um processo fundamental na prática clínica pediátrica, pois permite o acompanhamento do desenvolvimento físico e sexual dos indivíduos em crescimento. A fisiologia do ciclo menstrual é parte integrante desse processo, Caso 04 Sessão Tutorial 13 sendo importante para a compreensão dos mecanismos que regem o amadurecimento sexual e reprodutivo nas meninas. A avaliação puberal pode ser realizada através da classificação de Tanner, que inclui cinco estágios de desenvolvimento das mamas, genitália e pelos pubianos. Esse sistema de classificação permite aos profissionais de saúde monitorar o progresso da puberdade e identificar possíveis atrasos,avanços ou anormalidades no desenvolvimento. A fisiologia do ciclo menstrual está intimamente relacionada com o eixo hipotálamo-hipófise- ovariano, que controla a secreção dos hormônios sexuais e coordena a maturação dos folículos ovarianos e a liberação do óvulo. O ciclo menstrual é composto por três fases principais: 1. Fase folicular: Nesta fase, a secreção de hormônio folículo-estimulante (FSH) pela hipófise estimula o crescimento e a maturação dos folículos ovarianos. O folículo dominante produz estrogênio, que, por sua vez, induz a proliferação do endométrio e a preparação do útero para a implantação do óvulo fertilizado. 2. Ovulação: A liberação do hormônio luteinizante (LH) pela hipófise desencadeia a ovulação, que é a liberação do óvulo maduro do folículo ovariano. A ovulação geralmente ocorre por volta do 14º dia do ciclo menstrual, mas pode variar de acordo com a duração e a regularidade do ciclo de cada mulher. 3. Fase lútea: Após a ovulação, o folículo rompido se transforma no corpo lúteo, que secreta progesterona e estrogênio. A progesterona é responsável por manter e estabilizar o endométrio, preparando-o para uma possível implantação. Se não ocorrer a fecundação, o corpo lúteo regride, os níveis de progesterona e estrogênio diminuem, e o endométrio é eliminado na forma de menstruação. Capitulo 7: Referências Bibliográficas Livros: 1. BRASIL. Manual de fundamentos em hematologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 2. BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. Fisiologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 3. GOODMAN, Louis Sanford; GILMAN, Alfred; BRUNTON, Laurence L. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 4. GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 5. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 6. SABISTON, David C. Tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna. 20. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 7. SLEISENGER, Marvin H.; FORDTRAN, John S. Gastroenterologia e hepatologia. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021. 8. TEBAS, Fernando Kok; KREBS, Vera Lúcia Jornada; CARVALHO, Werther Brunow de. Tratado de pediatria. 5. ed. São Paulo: Manole, 2020. 9. VERONESI, Ricardo. Tratado de infectologia. 6. ed. São Paulo: Atheneu, 2015. Caso 04 Sessão Tutorial 14 Capitulo 8: Perguntas e Respostas Questão 1: Qual das seguintes condições é a causa mais comum de dor abdominal aguda na infância que requer cirurgia? a) Gastroenterite b) Adenite mesentérica c) Apendicite aguda d) Obstrução intestinal e) Colecistite Resposta: c) Apendicite aguda Justificativa: A apendicite aguda é a causa mais comum de dor abdominal aguda na infância que requer cirurgia. Essa condição ocorre quando o apêndice, um pequeno órgão em forma de tubo localizado no ceco, torna-se inflamado e infectado. Se não for tratada, a apendicite aguda pode levar a complicações graves, como a perfuração do apêndice e peritonite. Por esse motivo, o diagnóstico precoce e o tratamento cirúrgico são essenciais para evitar complicações e garantir a recuperação do paciente. Questão 2: Qual é a definição mais apropriada para o termo "abdome agudo"? a) Uma condição crônica caracterizada por dor abdominal persistente e de longa duração. b) Uma condição em que a dor abdominal é o sintoma principal, mas não há necessidade de intervenção cirúrgica. c) Um conjunto de sinais e sintomas que indicam a presença de uma doença sistêmica. d) Uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa que pode exigir intervenção cirúrgica. e) Uma condição caracterizada por dor abdominal que ocorre apenas durante atividades físicas intensas. Resposta: d) Uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa que pode exigir intervenção cirúrgica. Justificativa: Abdome agudo refere-se a uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal súbita e intensa que pode exigir intervenção cirúrgica. Essa condição pode ser causada por várias patologias, incluindo apendicite aguda, obstrução intestinal, colecistite aguda, entre outras. O diagnóstico e tratamento rápidos são essenciais para evitar complicações e garantir uma melhor recuperação do paciente. Questão 3: Ao avaliar um paciente pediátrico com dor abdominal aguda, como você classificaria a dor com base em sua origem? a) Visceral, parietal, referida, neuropática e psicogênica b) Muscular, visceral, óssea, cutânea e mista c) Aguda, crônica, subaguda, recorrente e intermitente d) Superficial, profunda, somática, radicular e mista e) Inflamatória, obstrutiva, isquêmica, funcional e perfurativa Resposta: a) Visceral, parietal, referida, neuropática e psicogênica Justificativa: A dor abdominal aguda pode ser classificada com base em sua origem em visceral, parietal, referida, neuropática e psicogênica. A dor visceral é causada pela distensão ou contração de órgãos internos e geralmente é difusa e difícil de localizar. A dor parietal, por outro lado, é causada pela irritação do peritônio parietal e é mais localizada e intensa. A dor referida é a dor percebida em uma área diferente do local da lesão ou estímulo Caso 04 Sessão Tutorial 15 nocivo. A dor neuropática ocorre devido a lesões ou disfunções no sistema nervoso, enquanto a dor psicogênica é causada por fatores emocionais ou psicológicos. Essas classificações auxiliam na identificação da causa da dor e na abordagem terapêutica apropriada. Questão 4: Qual dos seguintes sinais e sintomas é mais comum na apresentação clínica inicial da apendicite aguda em pacientes pediátricos? a) Dor abdominal localizada no quadrante inferior direito, com início súbito e intensidade crescente. b) Dor abdominal generalizada, náuseas, vômitos e diarreia aquosa. c) Dor abdominal que migra do quadrante superior direito para o quadrante inferior direito ao longo de várias horas. d) Dor abdominal que se inicia ao redor do umbigo e migra para o quadrante inferior direito após algumas horas. e) Dor abdominal intensa no quadrante inferior esquerdo, acompanhada de febre e calafrios. Resposta: d) Dor abdominal que se inicia ao redor do umbigo e migra para o quadrante inferior direito após algumas horas. Justificativa: A apendicite aguda é uma inflamação do apêndice e é uma das causas mais comuns de dor abdominal aguda em crianças. O sintoma clássico da apendicite aguda é dor abdominal que começa ao redor do umbigo e, após algumas horas, migra para o quadrante inferior direito (QID). Essa migração é devido à irritação do peritônio parietal à medida que a inflamação progride. Outros sintomas associados podem incluir náuseas, vômitos, perda de apetite e febre baixa. O diagnóstico e tratamento precoce são cruciais para prevenir complicações, como a perfuração do apêndice e peritonite.
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