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SÍNDROME DE MÁ ABSORÇÃO INTESTINAL- Abordagem PBL para Estudantes de Medicina

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SÍNDROME DE MÁ 
ABSORÇÃO 
INTESTINAL 
Caso 10 Sessão Tutorial 
Resumo 
A diarreia crônica e a síndrome de má absorção intestinal são problemas de saúde 
comuns que afetam a vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Este documento 
apresenta uma análise abrangente dessas condições, explorando seus conceitos, 
características, diagnóstico e tratamento. Com uma abordagem multidisciplinar, este 
texto visa fornecer informações atualizadas e precisas, baseadas em evidências 
científicas e práticas clínicas, que ajudarão a expandir o conhecimento do leitor sobre 
esses distúrbios e aprimorar sua capacidade de identificar e tratar efetivamente esses 
casos. 
Ao longo deste documento, discutiremos em detalhes as características da diarreia 
crônica, incluindo sua diferenciação em relação à diarreia aguda, e abordaremos 
questões específicas relacionadas à diarreia crônica em crianças. Também 
analisaremos a síndrome de má absorção intestinal, explorando sua fisiopatologia, 
diagnóstico clínico e exames laboratoriais relevantes. Além disso, aprofundaremos o 
estudo da doença celíaca, uma das principais causas de má absorção intestinal, 
investigando sua epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e tratamento. 
Para ilustrar a aplicação prática das informações apresentadas, analisaremos estudos 
de caso envolvendo pacientes com diarreia crônica e síndrome de má absorção 
intestinal, proporcionando exemplos concretos de como essas condições podem ser 
abordadas no contexto clínico. Por fim, apresentaremos uma série de perguntas e 
respostas que permitirão ao leitor testar e consolidar seus conhecimentos adquiridos 
ao longo do texto. 
Com uma linguagem clara e objetiva, este documento foi elaborado para ser um 
recurso valioso para profissionais de saúde, estudantes e qualquer pessoa interessada 
em aprender mais sobre diarreia crônica, síndrome de má absorção intestinal e 
doença celíaca. Mergulhe neste conteúdo e amplie seu conhecimento sobre essas 
condições que afetam a vida de tantos indivíduos. 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
Capítulo 1: Introdução 
1.1. Funções do intestino (motilidade, secreção, digestão, absorção) 
Capítulo 2: Diarreia: conceitos e características 
2.1. Diferenciação entre diarreia aguda e crônica 
2.2. Diarreia crônica em crianças 
2.2.1. Principais causas e diagnósticos diferenciais 
2.2.2. Fluxograma diagnóstico 
Capítulo 3: Síndrome de Má Absorção Intestinal 
3.1. Definição e diferenciação 
3.2. Fisiopatologia 
3.3. Diagnóstico clínico 
3.4. Manifestações clínicas 
3.5. Teste terapêutico (retirada do grupo de alimentos suspeito) 
3.6. Exames laboratoriais 
3.7. Teste diagnóstico 
Capítulo 4: Doença celíaca 
4.1. Introdução e epidemiologia 
4.2. Fisiopatologia 
4.3. Manifestações clínicas 
4.4. Diagnóstico e exames complementares 
4.5. Tratamento e acompanhamento 
Capítulo 5: Estudos de caso e exemplos práticos 
5.1. Caso clínico 1: Diarreia crônica em criança com síndrome de má absorção 
5.2. Caso clínico 2: Adulto com doença celíaca não diagnosticada 
Capítulo 6: Perguntas e Respostas 
6.1. Questões relacionadas à diarreia e suas características 
6.2. Questões sobre síndrome de má absorção intestinal e sua fisiopatologia 
6.3. Questões sobre diagnóstico e tratamento da doença celíaca 
6.4. Questões envolvendo casos clínicos e abordagem prática 
Capítulo 7: Referências bibliográficas 
CASO 10 
 
Identificação: M.P.G.S., sexo masculino, 6 anos de idade, procedente de Itinga, Lauro de Freitas 
Informante: Genitora 
Queixa Principal: “Diarreia há 6 meses” 
História da Moléstia Atual (HMA): Paciente em atendimento no ambulatório de Pediatria da Clínica FTC, 
acompanhado da genitora com relato de que vem apresentando diarreia há 6 meses. A genitora informa que 
criança já foi várias vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Pediátrica de Itinga e que já fez uso de 
várias medicações e não melhora da diarreia. Refere que as dejeções da criança normalmente apresentam mal-
cheirosas, de grande quantidade, em pedaços ou esfarelando, oscilando com dejeções pastosas ou semi-liquidas 
com alguns pedaços moles. Relata que já apresentou pequena quantidade de sangue vivo e muco. Nega febre 
durante esse período. A genitora informa que que já fez uso de Albendazol, Annita (nitazoxanida), Tiorfan 
(racecadotril), Soro de Rehidratação oral, Simeticona, Biozinc (Zinco) e várias marcas de repositor de flora 
intestinal, mas sempre o quadro retorna. Geralmente a criança apresenta o quadro cerca 1-2 horas após se 
alimentar, ficando com o abdome distendido, doloroso, às vezes nauseado e posteriormente apresenta 
evacuação de fezes de consistência variada. Quando a criança apresenta dor na barriga, ela dar ibuprofeno e 
simeticona com alívio dos sintomas. Na UPA já fez vários exames de sangue e os médicos sempre informam 
que é virose ou então verme. No último atendimento foi orientada pelo médico da UPA que procurasse 
atendimento ambulatorial para investigação. A genitora diz que não sabe mais o que fazer, que está dando maçã, 
banana e água de tapioca para ver se a criança melhora. Refere no momento dejeções amolecidas sem sangue 
ou muco, com eliminação de flatos. Informa também presença de assadura em nádegas e está fazendo uso de 
Nistatina + óxido de zinco creme. 
Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. 
Antecedentes Médicos Patológicos: A genitora garante cartão vacinal completo e teste do pezinho normal, mas 
não estava de posse no atendimento; relata que criança vem perdendo peso, mas não sabe quantificar. Não 
realizou aleitamento materno sendo introduzido desde o nascimento leite artificial (“Itambé”). Refere 3 
episódios de Pneumonia e histórico de Cansaço, necessitando de internamento uma vez por conta do cansaço. 
Nega outras doenças. Nega uso de medicações de maneira regular. 
Antecedentes Médicos Fisiológicos: Nascido de parto Cesáreo, a termo, teve seu desenvolvimento 
neuropsicomotor dentro do esperado. 
Antecedentes Médicos Familiares: Irmão portador de traço falcêmico. Avô materno hipertenso e diabético. Avó 
materna hipertensa, avós paternos com histórico desconhecido. 
Antecedentes Médicos Sociais: Natural e Procedente de Lauro de Freitas, possui 3 irmãos mais velhos, 
frequenta escola, mora em casa de aluguel, possui em casa eletricidade, água encanada e filtrada, sem rede de 
esgoto em sua rua, mas possui fossa. 
Hábitos Alimentares: Alimenta-se bem, com horários pré-estabelecidos para as suas refeições. Boa parte da 
alimentação é realizada na escola. Alimentação rica em frutas, legumes e verduras, presença de proteína animal 
e leite de vaca na alimentação com engrossante (farinhas/cereais). 
Exame Físico: Geral: Bom estado geral, ativo, reativo, afebril, descorado 1+/IV, mucosas levemente ressecadas, 
hipohidratado, anictérico, normotenso, eupneico em ar ambiente. 
Dados Antropométricos: Altura 112cm (Z-score -1); Peso 18kg (Z-score -1) 
Sinais Vitais: Pressão Arterial(PA): 85x55mmHg; Pulso Radial: 116bpm; Frequência Respiratória (FR) 28ipm; 
Temperatura Axilar (Tax) 36,4oC; Glicemia Capilar: 72mg/dL. 
Pele: turgor e elasticidade diminuídos, sinal da prega menor que 2 segundos, mucosas levemente ressecadas e 
descoradas 1+/IV, presença de linfonodos menores de 1cm em região inguinal direita, não palpo linfonodos 
em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular; sem alterações dos pelos. 
Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades. Orofaringe sem 
hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. 
Pescoço: Nuca livre, traqueia na linha média, ausência de estase de jugulares a 45 graus. 
Aparelho Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
4 
acessória). Expansibilidade preservada bilateralmente. Frêmito tóraco vocal (FTV) uniformementepalpável 
bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuído, sem ruídos adventícios 
(MVBD s/ RA). 
Aparelho Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ausência de atritos. Ritmo Cardíaco Regular em 2 
tempos com bulhas normofonéticas (RCR 2T c/ BNF). Ausência de sopros ou extrassístoles. Pulsos arteriais 
periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. 
Abdome: Plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse aumentada e 
presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais, hipertimpânico. 
Hepatimetria medindo cerca de 10 cm (lobo direito). À percussão o espaço de Traube apresenta-se com som 
timpânico, fígado palpável a 2 cm do rebordo costal direito, com borda fina. Abdome doloroso difusamente a 
palpação profunda. Ausência de massas. 
Gênito-urinário e região perineal: genitália masculina, infantil, com exposição completa da glande, sendo 
possível observar orifício uretral. Bolsa escrotal contendo os dois testículos; ausência de hidrocele ou herniações. 
Presença de hiperemia em região perianal e presença de hiperemia e lesões descamativas em região de nádegas. 
Não realizado toque retal. 
Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. 
Pulsos periféricos palpáveis. Tempo de Enchimento Capilar (TEC) menor que 3 segundos. 
Sistema nervoso: Ativo e reativo. Sem déficit motor aparente. Nuca livre, sem sinais de irritação meníngea. 
Pupilasisocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais e profundos presentes simétricos e sem anormalidades. 
Glasgow 15. 
Conduta: Foram solicitados exames complementares para a criança, orientado sobre a alimentação e explicado 
sobre a necessidade de restringir alguns alimentos da dieta da criança. Orientado sobre hidratação da criança e 
sinais de alarme para procurar atendimento de urgência na UPA. Orientado retorno após resultado de exames.
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
5 
Capítulo 1: Introdução 
 
A medicina é um campo em constante evolução, 
no qual o conhecimento atualizado e a 
compreensão dos sistemas corporais são 
fundamentais para diagnosticar e tratar uma ampla 
variedade de condições médicas. Nesta apostila, 
exploraremos um aspecto específico da medicina: 
a síndrome de má absorção intestinal e a diarreia 
intermitente crônica. Esta introdução fornecerá 
uma visão geral dos tópicos que serão abordados, 
bem como um contexto para entender a 
importância desses assuntos na prática médica. 
O trato gastrointestinal (GI) é um sistema 
complexo responsável por digerir alimentos, 
absorver nutrientes e eliminar resíduos. Várias 
doenças e condições podem afetar o 
funcionamento adequado do trato GI, levando a 
problemas como má absorção e diarreia crônica. 
Nesta apostila, discutiremos as funções do 
intestino, incluindo motilidade, secreção, digestão 
e absorção, para estabelecer uma base sólida para 
entender o funcionamento do trato 
gastrointestinal. 
Dentro desse contexto, examinaremos a síndrome 
de má absorção intestinal e a diarreia intermitente 
crônica em maior detalhe. A síndrome de má 
absorção intestinal é um conjunto de condições 
que afetam a capacidade do intestino de absorver 
adequadamente os nutrientes dos alimentos. A 
diarreia intermitente crônica, por outro lado, é um 
sintoma comum de várias condições que afetam o 
trato GI, incluindo a síndrome de má absorção 
intestinal e a doença celíaca. 
A apostila abordará a fisiopatologia, o diagnóstico 
e o tratamento dessas condições e fornecerá 
estudos de caso e exemplos práticos para ajudar os 
estudantes a aplicar seu conhecimento na prática 
médica. Além disso, discutiremos a doença celíaca, 
uma condição autoimune que afeta a absorção de 
nutrientes no intestino delgado e pode levar à 
síndrome de má absorção intestinal e diarreia 
crônica. 
Ao longo desta apostila, apresentaremos 
informações precisas e relevantes com base nas 
referências bibliográficas mencionadas 
anteriormente, e seguindo as diretrizes 
estabelecidas para criar conteúdo educacional. 
Nossa abordagem visa garantir que os estudantes 
de medicina compreendam os conceitos e termos 
médicos de maneira clara e concisa, utilizando 
exemplos e ilustrações sempre que possível para 
facilitar a compreensão. 
 
1.1. Funções do intestino (motilidade, secreção, 
digestão, absorção) 
O intestino é um órgão fundamental do sistema 
digestório e desempenha várias funções essenciais 
na digestão e absorção de nutrientes, assim como na 
excreção de resíduos. As principais funções do 
intestino incluem motilidade, secreção, digestão e 
absorção. 
1.1.1. Motilidade 
A motilidade intestinal refere-se ao movimento 
coordenado dos músculos do intestino, que 
permitem o transporte do bolo alimentar através do 
trato gastrointestinal. A motilidade é controlada pelo 
sistema nervoso entérico e é essencial para misturar 
o bolo alimentar com enzimas digestivas e secretar 
produtos de degradação para serem absorvidos 
pelas células intestinais. Existem dois tipos 
principais de movimentos intestinais: peristálticos e 
segmentares. Os movimentos peristálticos são ondas 
de contração que empurram o conteúdo intestinal 
para frente, enquanto os movimentos segmentares 
são contrações locais que promovem a mistura do 
conteúdo intestinal. 
1.1.2. Secreção 
A secreção intestinal é responsável pela produção e 
liberação de várias substâncias, como enzimas, 
ácidos biliares, muco e hormônios, que facilitam a 
digestão e absorção de nutrientes. As glândulas 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
6 
intestinais e as células epiteliais secretam essas 
substâncias no lúmen intestinal para ajudar na 
digestão, proteger a mucosa intestinal e regular a 
motilidade e a função do intestino. 
1.1.3. Digestão 
A digestão é o processo pelo qual os alimentos são 
quebrados em componentes menores e mais 
simples, que podem ser absorvidos pelas células 
intestinais. A digestão no intestino ocorre 
principalmente no intestino delgado e envolve a 
ação de enzimas digestivas, ácidos biliares e outras 
substâncias secretadas pelo pâncreas, fígado e 
intestino. A digestão mecânica, como a trituração e 
a mistura do bolo alimentar, também ocorre no 
intestino e auxilia na quebra e processamento dos 
alimentos. 
1.1.4. Absorção 
A absorção é o processo pelo qual os produtos da 
digestão, como aminoácidos, açúcares simples e 
ácidos graxos, são transportados das células 
intestinais para a corrente sanguínea e linfática. A 
absorção ocorre principalmente no intestino 
delgado, onde a superfície interna é revestida por 
vilosidades e microvilosidades que aumentam a área 
de absorção. Diferentes mecanismos, como 
transporte ativo, difusão passiva e co-transporte, 
estão envolvidos na absorção de nutrientes, 
dependendo da natureza e concentração do 
nutriente. 
Em resumo, o intestino desempenha um papel 
crucial no processo de digestão e absorção dos 
nutrientes necessários para o funcionamento 
adequado do corpo. A motilidade intestinal garante 
o movimento coordenado do bolo alimentar através 
do trato gastrointestinal, enquanto a secreção 
produz enzimas e outras substâncias necessárias 
para a digestão. A digestão no intestino envolve a 
quebra mecânica e química dos alimentos em 
componentes menores e mais simples. Por fim, a 
absorção permite que os produtos da digestão sejam 
transportados das células intestinais para a corrente 
sanguínea e linfática, onde podem ser utilizados 
pelo corpo para diversas funções. 
Ao compreender as funções do intestino e sua 
importância no processo digestivo, os profissionais 
de saúde podem identificar e tratar de forma mais 
eficaz várias condições clínicas, como síndromes de 
má absorção, diarreia crônica e doença celíaca, que 
afetam a função intestinal e a saúde geral dos 
pacientes. 
 
 
 
 
Capítulo 2: Diarreia: conceitos e 
características 
Conceitos 
A diarreia é um sintoma comum caracterizado pelo 
aumento dafrequência, volume e/ou diminuição da 
consistência das fezes em comparação com o 
normal para o indivíduo. A diarreia pode ser 
classificada em aguda ou crônica, dependendo da 
duração dos sintomas. 
• Diarreia aguda 
A diarreia aguda é um episódio súbito de diarreia 
que geralmente dura menos de 14 dias. As causas 
mais comuns de diarreia aguda são infecções 
gastrointestinais por vírus, bactérias ou parasitas. 
Outras causas incluem intoxicação alimentar, 
efeitos colaterais de medicamentos e condições 
médicas subjacentes. 
• Diarreia crônica 
A diarreia crônica é um episódio persistente de 
diarreia que dura mais de 14 dias. As causas da 
diarreia crônica são mais variadas e podem 
incluir doenças inflamatórias intestinais, 
síndrome do intestino irritável, má absorção de 
nutrientes, doença celíaca, intolerância 
alimentar, efeitos colaterais de medicamentos e 
infecções crônicas. 
 Características 
As características da diarreia podem variar 
dependendo da causa subjacente e da gravidade 
da condição. Algumas características comuns 
incluem: 
• Frequência e volume das fezes 
O aumento da frequência e do volume das 
fezes é um dos principais indicadores de 
diarreia. Em alguns casos, a diarreia pode ser 
acompanhada de urgência para defecar e 
incontinência fecal. 
 
• Consistência das fezes 
A consistência das fezes é um aspecto 
importante na avaliação da diarreia. As fezes 
podem variar de pastosas a líquidas, 
dependendo da quantidade de água e 
eletrólitos presentes. A consistência das fezes 
pode fornecer informações importantes sobre a 
causa e a gravidade da diarreia. 
• Presença de muco, sangue ou gordura 
A presença de muco, sangue ou gordura nas 
fezes pode indicar uma condição subjacente 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
7 
específica. Por exemplo, a presença de sangue 
nas fezes pode ser um sinal de doença 
inflamatória intestinal, enquanto a presença de 
gordura pode indicar má absorção de 
nutrientes. 
• Dor abdominal e cólicas 
Dor abdominal e cólicas podem ser sintomas 
associados à diarreia, especialmente se a causa 
for uma infecção ou inflamação do trato 
gastrointestinal. A dor abdominal geralmente é 
do tipo cólica e pode ser aliviada após a 
defecação. 
• Desidratação e perda de eletrólitos 
A diarreia pode levar à perda excessiva de água 
e eletrólitos, resultando em desidratação e 
desequilíbrio eletrolítico. Isso pode causar 
sintomas como sede excessiva, diminuição da 
produção de urina, tontura e fraqueza. 
Ao compreender os conceitos e características 
da diarreia, os profissionais de saúde podem 
identificar e tratar de forma mais eficaz as 
causas subjacentes e fornecer cuidados 
apropriados aos pacientes afetados. 
2.1. Diferenciação entre diarreia aguda e crônica 
A diferenciação entre diarreia aguda e crônica é 
fundamental para orientar a investigação e o 
tratamento adequados. Além da duração dos 
sintomas, outros fatores podem ajudar na 
diferenciação, incluindo a presença de sinais e 
sintomas associados, histórico médico e fatores de 
risco. 
 Diarreia aguda 
A diarreia aguda geralmente dura menos de 14 
dias e é frequentemente causada por infecções 
gastrointestinais (por vírus, bactérias ou 
parasitas), intoxicação alimentar, efeitos 
colaterais de medicamentos e condições 
médicas subjacentes. Os sinais e sintomas 
associados à diarreia aguda podem incluir febre, 
náuseas, vômitos, dor abdominal e, em alguns 
casos, a presença de sangue ou muco nas fezes. 
A diarreia aguda geralmente resolve-se 
espontaneamente ou após tratamento da causa 
subjacente. 
 Diarreia crônica 
A diarreia crônica é um episódio persistente de 
diarreia que dura mais de 14 dias. As causas da 
diarreia crônica são mais variadas e podem 
incluir doenças inflamatórias intestinais (como 
a doença de Crohn e a colite ulcerativa), 
síndrome do intestino irritável, má absorção de 
nutrientes (como na síndrome de má absorção 
intestinal e na doença celíaca), intolerância 
alimentar, efeitos colaterais de medicamentos e 
infecções crônicas. 
Os sinais e sintomas associados à diarreia 
crônica podem ser menos intensos do que na 
diarreia aguda, mas tendem a ser mais 
persistentes. A diarreia crônica pode estar 
associada à perda de peso, fadiga, anemia e 
deficiências nutricionais. O tratamento da 
diarreia crônica geralmente envolve identificar 
e tratar a causa subjacente, além de abordar os 
sintomas e possíveis complicações. 
 Fatores a serem considerados na diferenciação 
Ao avaliar um paciente com diarreia, é 
importante considerar a duração dos sintomas, 
a presença de sinais e sintomas associados e o 
histórico médico do paciente, incluindo fatores 
de risco, para diferenciar entre diarreia aguda e 
crônica. A identificação correta da causa 
subjacente é crucial para direcionar o 
tratamento e melhorar os resultados clínicos. 
 
2.2. Diarreia crônica em crianças 
A diarreia crônica em crianças é uma condição 
preocupante, pois pode levar a complicações sérias, 
como desnutrição, desidratação, atraso no 
crescimento e desenvolvimento e, em casos graves, 
até mesmo risco de vida. A investigação e o 
tratamento precoce são cruciais para minimizar 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
8 
esses riscos e garantir a saúde e o bem-estar da 
criança. 
2.2.1. Principais causas 
As causas da diarreia crônica em crianças são 
diversas e podem incluir: 
• Doença celíaca: uma doença autoimune 
desencadeada pela ingestão de glúten, que pode 
levar a danos no revestimento do intestino delgado 
e má absorção de nutrientes. 
• Alergia ou intolerância alimentar: como 
intolerância à lactose, que ocorre quando a criança 
não consegue digerir adequadamente o açúcar 
presente no leite e nos produtos lácteos. 
• Doenças inflamatórias intestinais: como a doença 
de Crohn e a colite ulcerativa, que causam 
inflamação crônica no trato gastrointestinal. 
• Síndrome do intestino irritável: uma condição 
funcional que afeta o movimento e a sensibilidade 
do intestino, levando a sintomas como dor 
abdominal e diarreia. 
• Infecções crônicas: como parasitas intestinais (por 
exemplo, Giardia) que podem causar diarreia 
persistente. 
• Outras condições médicas: como fibrose cística, 
que pode afetar a função do pâncreas e levar a 
problemas na digestão e absorção de nutrientes. 
2.2.2. Diagnóstico diferencial e fluxograma 
diagnóstico 
O diagnóstico da diarreia crônica em crianças 
envolve uma abordagem sistemática, incluindo a 
coleta de histórico médico detalhado, exame físico 
e exames complementares, conforme necessário. 
Algumas etapas a serem seguidas no processo de 
diagnóstico incluem: 
1. Histórico médico e exame físico: Identificar a 
duração e as características da diarreia, sinais e 
sintomas associados, histórico familiar de doenças 
gastrointestinais, exposição a possíveis alérgenos 
alimentares e fatores de risco para infecções. 
2. Exames laboratoriais: Realizar testes de sangue, 
urina e fezes para identificar possíveis infecções, 
inflamações, alergias ou deficiências nutricionais. 
Pode ser necessário realizar testes adicionais, 
como exame de fezes para gordura, para avaliar a 
presença de má absorção. 
3. Testes de imagem e endoscopia: Em alguns 
casos, pode ser necessário realizar exames de 
imagem (como ultrassom ou tomografia 
computadorizada) ou endoscopia (como 
colonoscopia ou endoscopia digestiva alta) para 
investigar anormalidades estruturais ou 
inflamatórias no trato gastrointestinal. 
4. Testes de intolerância e alergia alimentar: Se 
houver suspeita de intolerância ou alergia 
alimentar, podem ser realizados testes adicionais, 
como teste cutâneo de prick ou testes de 
eliminação e desafio alimentar, para identificar o 
alérgeno ou componente alimentar específico 
responsável pelos sintomas. 
5. Testes genéticos e imunológicos: Em casos 
selecionados, quando há suspeita de condições 
hereditárias ou autoimunes, como doença celíaca 
ou fibrose cística, podem ser realizados testes 
genéticos e imunológicos para confirmar o 
diagnóstico.6. Acompanhamento e monitoramento: Após o 
estabelecimento de um diagnóstico e o início do 
tratamento, é fundamental acompanhar e 
monitorar a criança regularmente para avaliar a 
resposta ao tratamento e ajustar a abordagem 
terapêutica conforme necessário. 
2.2.3. Tratamento 
O tratamento da diarreia crônica em crianças 
depende da causa subjacente e pode incluir 
medidas como: 
• Dieta e modificações alimentares: No caso de 
intolerância ou alergia alimentar, a eliminação 
do alérgeno ou componente alimentar 
responsável pode aliviar os sintomas. Na 
doença celíaca, a dieta isenta de glúten é o 
tratamento principal. 
• Medicamentos: Em casos de infecções, 
doenças inflamatórias intestinais ou síndrome 
do intestino irritável, podem ser prescritos 
medicamentos específicos para tratar a causa 
subjacente e controlar os sintomas. 
• Suplementos nutricionais: Em situações de má 
absorção ou deficiências nutricionais, podem 
ser necessários suplementos nutricionais e 
vitamínicos para garantir um crescimento e 
desenvolvimento adequados. 
• Educação e acompanhamento: A educação dos 
pais e cuidadores sobre a condição da criança e 
o acompanhamento regular com profissionais 
de saúde são fundamentais para garantir o 
tratamento adequado e o monitoramento da 
resposta da criança. 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
9 
Capítulo 3: Síndrome de Má Absorção 
Intestinal 
3.1. Definição e diferenciação 
A Síndrome de Má Absorção Intestinal é uma 
condição caracterizada pela incapacidade do trato 
gastrointestinal de absorver adequadamente os 
nutrientes essenciais dos alimentos ingeridos. Essa 
má absorção pode ser causada por diversos 
fatores, como problemas estruturais ou funcionais 
do intestino, distúrbios metabólicos e doenças 
inflamatórias. 
A Síndrome de Má Absorção Intestinal pode ser 
classificada em dois grupos principais, com base 
em suas causas: 
 Má absorção primária: Nesta categoria, a má 
absorção ocorre devido a um defeito inerente 
no trato gastrointestinal, como na doença 
celíaca ou fibrose cística. A má absorção 
primária também pode ser causada por 
deficiências enzimáticas, como a intolerância 
à lactose. 
 Má absorção secundária: A má absorção 
secundária ocorre quando um fator externo 
prejudica a função normal do intestino, 
levando à má absorção. Esses fatores incluem 
infecções, cirurgias intestinais, doenças 
inflamatórias intestinais (como doença de 
Crohn e colite ulcerativa), uso de 
medicamentos e radiação, entre outros. 
 
É importante diferenciar a Síndrome de Má 
Absorção Intestinal de outras condições que 
possam apresentar sintomas semelhantes, como a 
síndrome do intestino irritável, para garantir um 
diagnóstico correto e um tratamento apropriado. 
Os sintomas comuns da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal incluem diarreia crônica, 
perda de peso, inchaço abdominal, flatulência, 
fadiga e deficiências nutricionais. Esses sintomas 
podem variar em gravidade e duração, 
dependendo da causa subjacente e da extensão da 
má absorção. 
O diagnóstico da Síndrome de Má Absorção 
Intestinal é baseado em uma avaliação clínica 
detalhada, que inclui histórico médico, exame 
físico e exames complementares, como análises de 
fezes, testes de absorção, endoscopia e biópsias, 
entre outros. O tratamento da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal visa abordar a causa 
subjacente e corrigir as deficiências nutricionais, 
garantindo um crescimento e desenvolvimento 
adequados. 
 
3.2. Fisiopatologia 
A fisiopatologia da Síndrome de Má Absorção 
Intestinal envolve uma série de mecanismos que 
resultam na incapacidade do trato gastrointestinal de 
absorver nutrientes adequadamente. Os principais 
processos envolvidos na absorção de nutrientes são 
a digestão, a absorção propriamente dita e o 
transporte. A má absorção pode ocorrer devido a 
falhas em qualquer um desses processos. Vamos 
analisar brevemente os principais mecanismos 
fisiopatológicos da má absorção: 
• Digestão inadequada: A digestão dos alimentos 
envolve a quebra de macronutrientes, como 
carboidratos, proteínas e lipídios, em unidades 
menores que podem ser absorvidas pelas células 
intestinais. A falta de enzimas digestivas, como a 
lactase na intolerância à lactose, ou a insuficiência 
pancreática exócrina na fibrose cística, pode levar 
à má digestão e subsequente má absorção de 
nutrientes. 
• Superfície absortiva reduzida: O intestino delgado 
possui uma grande superfície de absorção devido 
às vilosidades e microvilosidades presentes nas 
células intestinais. Qualquer dano ou redução 
dessa superfície absortiva, como ocorre na doença 
celíaca, pode resultar em má absorção. Além 
disso, ressecções intestinais extensas ou doenças 
inflamatórias intestinais também podem diminuir 
a superfície absortiva. 
• Transporte prejudicado: Após a absorção pelas 
células intestinais, os nutrientes são transportados 
para a corrente sanguínea e linfática. Problemas no 
transporte de nutrientes, como disfunção das 
proteínas transportadoras ou linfangiectasia 
intestinal, podem resultar em má absorção. 
• Alterações na motilidade intestinal: A motilidade 
intestinal adequada é essencial para o trânsito dos 
alimentos e a absorção de nutrientes. A motilidade 
prejudicada pode acelerar ou retardar o trânsito 
intestinal, afetando a absorção de nutrientes. A 
síndrome do intestino curto e a síndrome do 
intestino irritável são exemplos de condições que 
podem afetar a motilidade intestinal e contribuir 
para a má absorção. 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
10 
• Infecções e inflamação: Infecções bacterianas, 
virais ou parasitárias e processos inflamatórios, 
como na doença de Crohn, podem danificar o 
revestimento do intestino e afetar a função 
absortiva das células intestinais, levando à má 
absorção. 
Em resumo, a fisiopatologia da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal é complexa e pode envolver 
vários mecanismos que resultam na incapacidade do 
intestino de absorver nutrientes adequadamente. 
Identificar e entender esses mecanismos é essencial 
para o diagnóstico e tratamento eficazes dessa 
condição. 
 
3.3. Diagnóstico clínico 
O diagnóstico clínico da Síndrome de Má Absorção 
Intestinal é um processo que envolve a avaliação dos 
sintomas, histórico médico, exame físico e exames 
complementares. Os principais passos no 
diagnóstico clínico dessa condição são: 
 Avaliação dos sintomas: Os pacientes com 
Síndrome de Má Absorção Intestinal geralmente 
apresentam sintomas como diarreia crônica, perda 
de peso, inchaço abdominal, flatulência, fadiga e 
deficiências nutricionais. O médico deve investigar 
o início, a duração e a natureza desses sintomas, 
bem como possíveis desencadeantes e fatores de 
risco. 
 Histórico médico: O histórico médico do 
paciente deve ser revisado para identificar 
possíveis causas subjacentes da má absorção, como 
doenças prévias, cirurgias intestinais, uso de 
medicamentos e histórico familiar de doenças 
gastrointestinais. 
 Exame físico: Durante o exame físico, o médico 
deve avaliar o estado nutricional do paciente, 
procurar sinais de desnutrição e verificar a 
presença de anormalidades físicas que possam 
indicar a causa da má absorção. 
 Exames complementares: Dependendo dos 
achados clínicos e da suspeita diagnóstica, 
podem ser solicitados exames complementares 
para ajudar no diagnóstico da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal. Esses exames podem 
incluir: 
• Análises de fezes: A avaliação das fezes pode 
detectar a presença de gordura (esteatorreia), o 
que indica má absorção de lipídios. Testes 
adicionais, como a pesquisa de ovos e parasitas, 
podem ajudar a identificar infecções intestinais 
que podem causar má absorção. 
• Testes de absorção: Exames como o teste do 
hidrogênio no ar expirado e a prova de 
tolerância à lactose podem ser utilizados para 
avaliar a capacidade de absorção de 
carboidratos específicos. 
• Endoscopia e biópsia: A endoscopia do trato 
gastrointestinal superior e a biópsia de tecido 
intestinal podem serrealizadas para identificar 
anormalidades estruturais e histológicas que 
possam explicar a má absorção, como na 
doença celíaca. 
• Exames de imagem: Estudos radiológicos, 
como a radiografia do trato gastrointestinal e a 
tomografia computadorizada, podem ser úteis 
para identificar anormalidades anatômicas, 
obstruções ou inflamação que possam estar 
causando a má absorção. 
• Exames laboratoriais: Testes sanguíneos 
podem ser solicitados para avaliar o estado 
nutricional e identificar deficiências específicas, 
como anemia e hipoproteinemia. Além disso, 
testes sorológicos, como os anticorpos anti-
transglutaminase tecidual, podem ser úteis no 
diagnóstico de doença celíaca. 
O diagnóstico clínico da Síndrome de Má Absorção 
Intestinal é um processo que envolve a integração 
de informações obtidas a partir de várias fontes, 
incluindo a história clínica, exame físico e exames 
complementares. A identificação da causa específica 
da má absorção é fundamental para o 
desenvolvimento de um plano de tratamento 
adequado e personalizado para cada paciente. 
 Diagnóstico diferencial: O diagnóstico diferencial 
da Síndrome de Má Absorção Intestinal é 
importante para excluir outras condições que 
possam apresentar sintomas semelhantes. Algumas 
dessas condições incluem doenças inflamatórias 
intestinais, síndrome do intestino irritável, infecções 
gastrointestinais, intolerâncias alimentares e alergias, 
distúrbios metabólicos e endócrinos, entre outros. 
 Confirmação do diagnóstico: A confirmação do 
diagnóstico da Síndrome de Má Absorção Intestinal 
é feita com base nos resultados dos exames 
complementares e na resposta do paciente ao 
tratamento. Em alguns casos, pode ser necessário 
realizar testes terapêuticos, como a retirada de 
determinados alimentos ou a introdução de enzimas 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
11 
digestivas, para avaliar se os sintomas melhoram 
com essas intervenções. 
Em resumo, o diagnóstico clínico da Síndrome de 
Má Absorção Intestinal é um processo complexo 
que envolve a avaliação de sintomas, histórico 
médico, exame físico e exames complementares. A 
identificação da causa subjacente da má absorção é 
crucial para orientar o tratamento e melhorar a 
qualidade de vida do paciente. 
 
3.4. Manifestações clínicas 
As manifestações clínicas da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal podem variar dependendo da 
causa subjacente, da gravidade da má absorção e dos 
nutrientes específicos afetados. Algumas das 
manifestações clínicas mais comuns incluem: 
 Diarreia crônica: A diarreia é um sintoma 
comum da má absorção e pode ser caracterizada 
por evacuações frequentes e volumosas, 
geralmente com fezes malformadas, fétidas e 
gordurosas (esteatorreia). 
 Perda de peso: A perda de peso pode ocorrer 
devido à má absorção de nutrientes e à redução da 
ingestão de alimentos devido a sintomas 
gastrointestinais desconfortáveis. 
 Inchaço e distensão abdominal: A má absorção 
de carboidratos pode levar à fermentação 
bacteriana no cólon, produzindo gases e causando 
inchaço e distensão abdominal. 
 Flatulência e eructação: A produção excessiva 
de gases no trato gastrointestinal devido à má 
absorção pode causar flatulência (gases) e 
eructação (arrotos). 
 Fadiga e fraqueza: A deficiência de nutrientes 
essenciais, como vitaminas, minerais e calorias, 
pode levar a fadiga, fraqueza e diminuição da 
capacidade de realizar atividades diárias. 
 Deficiências nutricionais: A má absorção de 
nutrientes específicos pode resultar em várias 
deficiências nutricionais, como anemia por 
deficiência de ferro ou vitamina B12, osteoporose 
devido à deficiência de cálcio e vitamina D, e 
edema por deficiência de proteínas. 
 Manifestações dermatológicas: A má absorção 
de nutrientes essenciais para a saúde da pele, como 
vitaminas A e E, pode causar dermatite, pele seca 
e escamosa, e outras alterações cutâneas. 
 Manifestações neurológicas: A deficiência de 
vitaminas do complexo B, como a vitamina B12, 
pode causar sintomas neurológicos, como 
neuropatia periférica, parestesias e alterações 
cognitivas. 
 Distúrbios do crescimento e desenvolvimento: 
Em crianças, a má absorção crônica pode levar a 
distúrbios do crescimento e desenvolvimento, 
como baixo ganho de peso, baixa estatura e atraso 
no desenvolvimento neuropsicomotor. 
As manifestações clínicas da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal podem ser inespecíficas e 
variáveis, tornando o diagnóstico um desafio. No 
entanto, a identificação precoce desses sintomas e a 
investigação adequada são cruciais para o 
estabelecimento de um diagnóstico preciso e o 
início do tratamento apropriado. 
 
3.5. Teste terapêutico (retirada do grupo de 
alimentos suspeito) 
O teste terapêutico é uma estratégia utilizada no 
diagnóstico e tratamento da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal, particularmente quando a 
causa subjacente é uma intolerância ou alergia 
alimentar, como a doença celíaca ou intolerância à 
lactose. A abordagem consiste em retirar 
temporariamente um grupo específico de alimentos 
suspeitos da dieta do paciente e observar se há 
melhora dos sintomas. 
Os passos para realizar um teste terapêutico 
incluem: 
 Identificação dos alimentos suspeitos: Com base 
na história clínica, exame físico e exames 
laboratoriais, o médico pode identificar os 
alimentos ou grupos alimentares mais prováveis de 
causar a má absorção. Alguns exemplos incluem 
glúten (encontrado no trigo, cevada e centeio) na 
doença celíaca e lactose (presente em produtos 
lácteos) na intolerância à lactose. 
 Eliminação dos alimentos suspeitos: O paciente 
deve eliminar completamente os alimentos ou 
grupos alimentares suspeitos da dieta por um 
período determinado pelo médico, geralmente de 
2 a 4 semanas. É importante garantir que o 
paciente mantenha uma dieta equilibrada e 
nutritiva durante este período, substituindo os 
alimentos eliminados por alternativas adequadas. 
 Monitoramento dos sintomas: Durante a fase de 
eliminação, o paciente e o médico devem 
monitorar cuidadosamente os sintomas. Se houver 
melhora significativa dos sintomas, isso pode 
sugerir que a causa da má absorção está 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
12 
relacionada ao alimento ou grupo alimentar 
eliminado. 
 Reintrodução dos alimentos: Após o período de 
eliminação, os alimentos suspeitos são 
gradualmente reintroduzidos na dieta do paciente 
enquanto os sintomas continuam sendo 
monitorados. Se os sintomas retornarem após a 
reintrodução do alimento suspeito, isso pode 
confirmar o diagnóstico de uma intolerância ou 
alergia alimentar como causa da má absorção. 
 Ajuste do tratamento: Com base nos resultados 
do teste terapêutico, o médico pode ajustar o 
tratamento do paciente, como prescrever uma 
dieta específica, suplementos nutricionais ou 
medicamentos para controlar os sintomas e 
prevenir a má absorção. 
O teste terapêutico é uma ferramenta útil no 
diagnóstico e tratamento da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal, especialmente quando a causa 
subjacente é uma intolerância ou alergia alimentar. 
No entanto, deve ser realizado sob a orientação de 
um médico e, idealmente, com o apoio de um 
nutricionista, para garantir que o paciente mantenha 
uma dieta equilibrada e adequada durante o 
processo. 
 
3.6. Exames laboratoriais 
Os exames laboratoriais desempenham um papel 
crucial no diagnóstico e na avaliação da Síndrome 
de Má Absorção Intestinal. Esses exames ajudam a 
identificar a causa subjacente da má absorção e a 
monitorar a resposta ao tratamento. Os principais 
exames laboratoriais utilizados incluem: 
 Hemograma completo: O hemograma completo 
pode mostrar anemia, que pode ser um sinal de 
má absorção de ferro, vitamina B12 ou ácido 
fólico. Leucocitose (aumento dos glóbulos 
brancos) e trombocitose (aumento das plaquetas) 
podem estar presentes em casos de doença 
inflamatória intestinal. 
 Exames bioquímicos: A dosagem de eletrólitos 
séricos, proteínas totais, albumina e globulinas 
pode ajudar a avaliaro estado nutricional do 
paciente e detectar possíveis deficiências. A 
hipoproteinemia (baixos níveis de proteínas no 
sangue) e a hipoalbuminemia (baixos níveis de 
albumina) são comuns em casos de má absorção. 
 Testes de função hepática: Alterações nos testes 
de função hepática podem estar presentes em 
condições como doença celíaca, doença hepática 
gordurosa não alcoólica e fibrose cística, que 
podem estar associadas à má absorção. 
 Testes sorológicos: Os testes sorológicos, como 
os anticorpos antigliadina (AGA), antiendomísio 
(EMA) e antitransglutaminase tecidual (tTG), são 
úteis no diagnóstico da doença celíaca. Outros 
exames imunológicos podem ser solicitados para 
avaliar a presença de doenças autoimunes ou 
inflamatórias que podem causar má absorção. 
 Exame de fezes: A análise de fezes pode mostrar 
gordura excessiva (esteatorreia), sugerindo má 
absorção de gorduras. Outros achados incluem a 
presença de leucócitos (indicativo de inflamação) 
e a detecção de patógenos, como bactérias, 
parasitas ou vírus, que podem causar diarreia e má 
absorção. 
 Testes de absorção: Os testes de absorção, como 
o teste de tolerância à lactose e o teste de absorção 
de D-xilose, ajudam a identificar causas específicas 
de má absorção. O teste de tolerância à lactose 
mede a resposta glicêmica após a ingestão de 
lactose, enquanto o teste de absorção de D-xilose 
avalia a capacidade do intestino delgado de 
absorver açúcares simples. 
 Testes de imagem e endoscopia: A endoscopia 
digestiva alta com biópsia do intestino delgado é 
fundamental para o diagnóstico de doença celíaca 
e outras causas de má absorção, como doenças 
inflamatórias intestinais. Outros exames de 
imagem, como a radiografia do trato 
gastrointestinal, ultrassom e tomografia 
computadorizada, podem ser úteis na avaliação de 
complicações e causas subjacentes. 
Os exames laboratoriais são essenciais para 
identificar e confirmar a Síndrome de Má Absorção 
Intestinal, e a escolha dos exames apropriados deve 
ser baseada na história clínica, nos sintomas e nos 
achados do exame físico. Além disso, é importante 
lembrar que os resultados dos exames devem ser 
interpretados em conjunto com outros dados 
clínicos e não isoladamente. 
Em resumo, os exames laboratoriais são 
ferramentas importantes no diagnóstico e na 
avaliação da Síndrome de Má Absorção Intestinal. 
Eles fornecem informações valiosas sobre a causa 
subjacente da má absorção, o estado nutricional do 
paciente e a resposta ao tratamento. A interpretação 
correta desses exames, em conjunto com os dados 
clínicos, é crucial para o manejo adequado desses 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
13 
pacientes e para a obtenção de melhores resultados 
terapêuticos. 
 
3.7. Teste diagnóstico 
O diagnóstico da Síndrome de Má Absorção 
Intestinal é baseado em uma combinação de 
achados clínicos, exames laboratoriais e testes 
diagnósticos específicos. A seleção dos testes 
diagnósticos apropriados depende das suspeitas 
clínicas e das possíveis causas da má absorção. 
Alguns dos testes diagnósticos mais comuns 
incluem: 
 Endoscopia digestiva alta com biópsia: Esse teste 
permite a visualização direta do esôfago, estômago 
e duodeno e a obtenção de biópsias do intestino 
delgado. É fundamental para diagnosticar doença 
celíaca e outras causas de má absorção, como 
doenças inflamatórias intestinais. Os achados 
histopatológicos podem revelar atrofia vilositária, 
inflamação e outras alterações sugestivas de má 
absorção. 
 Teste de tolerância à lactose: Esse teste é 
utilizado para diagnosticar a intolerância à lactose, 
uma causa comum de má absorção. Ele mede a 
resposta glicêmica após a ingestão de lactose. Se o 
paciente não for capaz de digerir e absorver a 
lactose adequadamente, os níveis de glicose no 
sangue não aumentarão conforme o esperado. 
 Teste de absorção de D-xilose: Esse teste avalia a 
capacidade do intestino delgado de absorver 
açúcares simples, como a D-xilose. Se a absorção 
estiver comprometida, os níveis de D-xilose no 
sangue e na urina após a ingestão oral serão baixos, 
indicando má absorção. 
 Testes respiratórios: Os testes respiratórios, 
como o teste do hidrogênio expirado, são 
utilizados para diagnosticar a supercrescimento 
bacteriano no intestino delgado (SIBO), que pode 
causar má absorção. Os pacientes ingerem uma 
solução de açúcar específica (como lactose ou 
glicose) e, em seguida, a quantidade de hidrogênio 
no ar expirado é medida em intervalos regulares. 
Um aumento no hidrogênio expirado sugere a 
presença de bactérias que fermentam o açúcar, 
levando à produção de hidrogênio. 
 Testes sorológicos: Os testes sorológicos, como 
os anticorpos antigliadina (AGA), antiendomísio 
(EMA) e antitransglutaminase tecidual (tTG), são 
úteis no diagnóstico da doença celíaca. Um 
resultado positivo em um ou mais desses testes, em 
combinação com achados clínicos e 
histopatológicos, pode confirmar o diagnóstico de 
doença celíaca. 
 Testes de imagem: Radiografias, ultrassom e 
tomografia computadorizada podem ser úteis na 
avaliação de complicações e causas subjacentes da 
má absorção, como obstruções, tumores e doenças 
inflamatórias intestinais. 
O diagnóstico da Síndrome de Má Absorção 
Intestinal geralmente envolve a realização de vários 
testes diagnósticos em conjunto com os achados 
clínicos e exames laboratoriais. A escolha dos testes 
apropriados dependerá das suspeitas clínicas e das 
possíveis causas da má absorção. É importante 
lembrar que os testes diagnósticos devem ser 
interpretados em conjunto com outros dados 
clínicos e não isoladamente. 
Além disso, em alguns casos, pode ser necessário 
realizar testes diagnósticos adicionais ou repetir 
testes em diferentes momentos, dependendo da 
evolução dos sintomas e da resposta ao tratamento. 
A comunicação eficiente entre o médico e o 
paciente é crucial para garantir que os testes sejam 
realizados e interpretados adequadamente e que o 
plano de tratamento seja ajustado conforme 
necessário. 
Em resumo, o diagnóstico da Síndrome de Má 
Absorção Intestinal é complexo e envolve a 
combinação de achados clínicos, exames 
laboratoriais e testes diagnósticos específicos. A 
seleção e interpretação adequadas desses testes são 
fundamentais para o manejo correto dos pacientes e 
a obtenção de melhores resultados terapêuticos. 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
14 
Capítulo 4: Doença celíaca 
4.1. Introdução e epidemiologia 
A doença celíaca é uma doença autoimune que afeta 
principalmente o intestino delgado e é 
desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína 
encontrada em grãos como trigo, cevada e centeio. 
O glúten provoca uma resposta imunológica 
anormal no intestino delgado de indivíduos 
geneticamente predispostos, levando à inflamação, 
atrofia das vilosidades e consequente má absorção 
de nutrientes. 
A epidemiologia da doença celíaca varia em 
diferentes regiões do mundo. Estima-se que a 
prevalência global esteja entre 0,5% e 1% da 
população. No entanto, a doença é mais comum em 
populações de ascendência europeia e em países 
onde o trigo é um componente importante da dieta. 
Estudos têm mostrado que a doença celíaca é mais 
prevalente em mulheres do que em homens, com 
uma proporção de aproximadamente 2:1. 
O diagnóstico da doença celíaca pode ser 
desafiador, uma vez que os sintomas variam 
amplamente entre os indivíduos e podem ser 
inespecíficos. Além disso, muitas pessoas com 
doença celíaca são assintomáticas ou apresentam 
sintomas leves, o que pode levar a um atraso no 
diagnóstico e a um aumento da prevalência de casos 
não diagnosticados. 
Fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento 
da doença celíaca incluem predisposição genética, 
principalmente a presença dos genes HLA-DQ2 e 
HLA-DQ8, e exposição ambiental ao glúten. Além 
disso, alguns estudos sugerem que fatores como 
infecções gastrointestinais e uso de antibióticos na 
infância podem aumentar o risco de desenvolver a 
doença. 
 
4.2. FisiopatologiaA fisiopatologia da doença celíaca envolve uma 
combinação de fatores genéticos, imunológicos e 
ambientais. A predisposição genética é crucial, já 
que a doença ocorre principalmente em indivíduos 
com os genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8. Esses genes 
estão envolvidos na apresentação de peptídeos do 
glúten às células T do sistema imunológico. 
Quando uma pessoa com predisposição genética 
ingere glúten, a proteína é parcialmente digerida no 
intestino delgado, resultando na formação de 
peptídeos, como a gliadina. A gliadina atravessa a 
barreira epitelial do intestino e é modificada pela 
enzima tecidual transglutaminase 2 (tTG2). Essa 
modificação aumenta a afinidade dos peptídeos de 
gliadina pelos genes HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 nas 
células apresentadoras de antígenos. 
A apresentação dos peptídeos de gliadina 
modificados às células T desencadeia uma resposta 
imunológica, levando à ativação de células T helper 
1 (Th1) e à produção de citocinas inflamatórias, 
como o interferon-gama (IFN-γ) e o fator de 
necrose tumoral alfa (TNF-α). Essas citocinas 
promovem a inflamação e a ativação de células do 
sistema imunológico, incluindo linfócitos 
intraepiteliais e células NK, que causam danos 
diretos às células epiteliais do intestino. 
O resultado dessa resposta imune é a atrofia das 
vilosidades, a hiperplasia das criptas e o aumento da 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
15 
permeabilidade intestinal. A atrofia das vilosidades 
leva à redução da área de superfície disponível para 
a absorção de nutrientes, resultando em má 
absorção e os sintomas clínicos associados à doença 
celíaca. 
Além disso, a doença celíaca é caracterizada por 
uma resposta autoimune direcionada à enzima 
tTG2. A presença de autoanticorpos anti-tTG2 no 
soro é uma característica distintiva da doença e é 
utilizada como um marcador no diagnóstico. 
É importante notar que a resposta imune e o dano 
intestinal na doença celíaca são específicos ao 
glúten, e a eliminação do glúten da dieta leva à 
melhora dos sintomas e à recuperação da mucosa 
intestinal na maioria dos pacientes. 
 
4.3. Manifestações clínicas 
As manifestações clínicas da doença celíaca são 
amplas e podem variar consideravelmente entre os 
indivíduos. Podem ser classificadas em 
manifestações clássicas, atípicas e assintomáticas: 
 Manifestações clássicas: As manifestações 
clássicas da doença celíaca estão relacionadas 
principalmente à má absorção intestinal e incluem 
diarreia crônica, esteatorreia (fezes gordurosas e 
malcheirosas), perda de peso, distensão 
abdominal, dor abdominal e flatulência. Em 
crianças, a doença celíaca pode levar ao retardo no 
crescimento e desenvolvimento, além de 
irritabilidade e apatia. 
 Manifestações atípicas: A doença celíaca também 
pode se apresentar com manifestações atípicas que 
não estão diretamente relacionadas à má absorção 
intestinal. Algumas dessas manifestações incluem 
anemia por deficiência de ferro refratária à 
suplementação, osteoporose, artrite, neuropatias 
periféricas, ataxia, epilepsia, aftas recorrentes, 
dermatite herpetiforme, alterações no esmalte 
dentário e irregularidades menstruais. Em muitos 
casos, as manifestações atípicas podem ser a única 
apresentação clínica da doença, dificultando o 
diagnóstico. 
 Doença celíaca assintomática ou silenciosa: Em 
alguns indivíduos com predisposição genética, a 
doença celíaca pode ser assintomática. Isso 
significa que, apesar de terem anormalidades na 
mucosa intestinal, esses pacientes não apresentam 
sintomas clínicos evidentes. A doença celíaca 
assintomática é geralmente detectada por meio de 
triagem em parentes de primeiro grau de pacientes 
com doença celíaca ou em indivíduos com outras 
condições associadas, como diabetes mellitus tipo 
1 e síndrome de Down. 
Além disso, a doença celíaca pode se apresentar 
com complicações graves, como linfoma intestinal, 
síndrome de má absorção grave, ulcerações 
intestinais e estenose. A detecção precoce e o 
tratamento adequado da doença celíaca são 
fundamentais para prevenir essas complicações e 
melhorar a qualidade de vida dos pacientes. 
 
4.4. Diagnóstico e exames complementares 
O diagnóstico da doença celíaca envolve uma 
combinação de avaliação clínica, exames 
laboratoriais e exames complementares. A seguir, 
são apresentados os principais passos para o 
diagnóstico da doença celíaca: 
 Avaliação clínica: A suspeita clínica de doença 
celíaca é o primeiro passo no processo diagnóstico. 
Os médicos devem estar atentos às manifestações 
clássicas, atípicas e assintomáticas da doença, 
principalmente em pacientes com predisposição 
genética ou com condições associadas. 
1. Exames laboratoriais: Os exames laboratoriais 
incluem a dosagem de anticorpos específicos para 
doença celíaca no sangue, como os anticorpos anti-
transglutaminase tecidual (anti-tTG), anti-
endomísio (EMA) e anti-gliadina deamidada 
(DGP). Esses exames têm alta sensibilidade e 
especificidade para a doença celíaca e são úteis 
para identificar pacientes que necessitam de 
investigação adicional. 
2. Exames complementares: A biópsia duodenal 
é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico 
definitivo da doença celíaca. A biópsia envolve a 
obtenção de amostras de tecido da mucosa 
duodenal por meio de endoscopia digestiva alta. 
Essas amostras são então examinadas 
microscopicamente para identificar alterações 
típicas da doença celíaca, como atrofia das 
vilosidades, hiperplasia das criptas e infiltrado 
linfocitário. 
3. Resposta ao tratamento: A melhora clínica e a 
normalização dos níveis de anticorpos após a 
adoção de uma dieta sem glúten fornecem suporte 
adicional ao diagnóstico de doença celíaca. No 
entanto, a resposta ao tratamento não deve ser 
utilizada como critério isolado para o diagnóstico, 
pois outras condições, como a sensibilidade ao 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
16 
glúten não celíaca, também podem melhorar com 
a dieta sem glúten. 
É importante destacar que o diagnóstico da doença 
celíaca deve ser realizado antes do início da dieta 
sem glúten, uma vez que a restrição do glúten pode 
interferir nos resultados dos exames e dificultar a 
identificação da doença. 
 
4.5. Tratamento e acompanhamento 
O tratamento da doença celíaca é baseado na 
adoção de uma dieta rigorosa e permanente sem 
glúten. O glúten é uma proteína encontrada no trigo, 
cevada e centeio, e seus derivados. A seguir, são 
apresentados os principais aspectos do tratamento e 
acompanhamento da doença celíaca: 
 Dieta sem glúten: A dieta sem glúten é a única 
terapia eficaz para a doença celíaca. A retirada 
completa do glúten da alimentação leva à melhora 
dos sintomas, recuperação das vilosidades 
intestinais e redução dos riscos de complicações 
associadas à doença. Os pacientes devem evitar 
alimentos que contenham trigo, cevada e centeio, 
e seus derivados, e buscar alternativas seguras, 
como arroz, milho, quinoa e amaranto. 
 Educação nutricional: O acompanhamento com 
um nutricionista é essencial para garantir a 
adequação nutricional da dieta sem glúten e 
orientar os pacientes sobre a escolha e preparação 
dos alimentos. A educação nutricional também 
ajuda os pacientes a identificar e evitar fontes 
ocultas de glúten, como em medicamentos, 
suplementos e produtos industrializados. 
 Monitoramento clínico e laboratorial: O 
acompanhamento médico regular é importante 
para avaliar a adesão à dieta sem glúten, o controle 
dos sintomas e a evolução da doença. Os exames 
laboratoriais, como a dosagem de anticorpos 
específicos para a doença celíaca, podem ser 
realizados periodicamente para monitorar a 
resposta ao tratamento e identificar possíveis 
transgressões alimentares. 
 Suporte psicossocial: O apoio emocional e 
psicológico é fundamental para auxiliar os 
pacientes no enfrentamento das dificuldades e 
limitações impostas pela doença celíaca. Grupos 
de apoio e associações de pacientes podem ser 
úteis para compartilhar experiências, dicas e 
recursos para facilitar a adaptação à dietasem 
glúten. 
 Prevenção e tratamento de complicações: 
Algumas complicações da doença celíaca, como 
anemia, osteoporose e deficiências nutricionais, 
podem requerer tratamento específico e 
suplementação. A prevenção e o tratamento dessas 
complicações devem ser abordados no 
acompanhamento médico e nutricional dos 
pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
17 
 
Capítulo 5: Estudos de caso e exemplos 
práticos 
5.1. Caso clínico 1: Diarreia crônica em criança 
com síndrome de má absorção 
Paciente: Menina de 3 anos de idade 
História clínica: A criança apresenta diarreia crônica 
há 6 meses, com episódios de fezes amolecidas, 
volumosas e fétidas, acompanhadas de flatulência e 
distensão abdominal. Além disso, a paciente 
apresenta perda de peso e baixo ganho de estatura 
nos últimos meses. A mãe relata que a criança tem 
uma dieta rica em cereais, como trigo e 
cevada.Exame físico: Ao exame físico, a criança 
apresenta-se desnutrida, com sinais de desidratação 
leve e distensão abdominal. Não há sinais de 
desnutrição edematosa. 
Exames laboratoriais: Hemograma completo e 
dosagem de proteínas séricas mostram sinais de 
anemia e hipoalbuminemia. Exames de fezes 
revelam esteatorreia, sugerindo má absorção de 
gorduras. 
Diagnóstico: A história clínica, os sintomas e os 
resultados dos exames sugerem a possibilidade de 
síndrome de má absorção intestinal. Com base na 
dieta rica em cereais e na presença de esteatorreia, 
a doença celíaca é uma hipótese diagnóstica a ser 
considerada. 
Exames complementares: Solicita-se dosagem de 
anticorpos específicos para doença celíaca (anti-
transglutaminase tecidual e antiendomísio). Os 
resultados são positivos, aumentando a suspeita de 
doença celíaca. 
Diagnóstico final: Para confirmar o diagnóstico de 
doença celíaca, é realizada uma biópsia do intestino 
delgado, que mostra atrofia vilositária compatível 
com doença celíaca. 
Tratamento: A criança é orientada a iniciar uma 
dieta sem glúten. A mãe recebe orientações 
nutricionais e é encaminhada a um nutricionista 
especializado para acompanhamento. Além disso, 
são prescritas suplementações de ferro, ácido fólico 
e outras vitaminas e minerais de acordo com as 
deficiências identificadas. 
Acompanhamento: Após 3 meses de adesão à dieta 
sem glúten, a criança apresenta melhora significativa 
dos sintomas gastrointestinais, ganho de peso e 
recuperação da estatura. Os níveis de anticorpos 
específicos para doença celíaca diminuem 
progressivamente, indicando uma resposta positiva 
ao tratamento. 
 
5.2. Caso clínico 2: Adulto com doença celíaca 
não diagnosticada 
 
Paciente: Homem de 35 anos de idade 
 
História clínica: O paciente apresenta episódios 
recorrentes de dor abdominal, flatulência e diarreia 
há cerca de 5 anos. Além disso, relata fadiga, perda 
de peso e anemia persistente, mesmo com 
tratamento com suplementos de ferro. O paciente 
não tem histórico familiar de doença celíaca. 
Exame físico: Ao exame físico, o paciente apresenta-
se com peso abaixo do ideal para sua estatura, mas 
sem sinais de desnutrição grave. A ausculta 
abdominal revela aumento dos ruídos hidroaéreos. 
Exames laboratoriais: Hemograma completo 
mostra anemia microcítica hipocrômica, enquanto a 
dosagem de proteínas séricas está dentro da 
normalidade. Outros exames, como função renal e 
hepática, estão normais. 
Diagnóstico: Diante da história clínica e dos 
sintomas, a possibilidade de doença celíaca é 
considerada, mesmo sem histórico familiar. 
Exames complementares: Solicita-se dosagem de 
anticorpos específicos para doença celíaca (anti-
transglutaminase tecidual e antiendomísio), que 
apresentam resultados positivos. 
Diagnóstico final: Para confirmar o diagnóstico de 
doença celíaca, é realizada uma biópsia do intestino 
delgado, que mostra atrofia vilositária compatível 
com doença celíaca. 
Tratamento: O paciente é orientado a iniciar uma 
dieta sem glúten. Além disso, recebe suplementação 
de ferro, ácido fólico e outras vitaminas e minerais 
de acordo com as deficiências identificadas. 
Acompanhamento: Após 6 meses de adesão à dieta 
sem glúten, o paciente apresenta melhora 
significativa dos sintomas gastrointestinais e da 
fadiga, além de ganho de peso e normalização dos 
níveis de hemoglobina. Os níveis de anticorpos 
específicos para doença celíaca diminuem 
progressivamente, indicando uma resposta positiva 
ao tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
18 
5.3. Caso clínico 4: Doença inflamatória 
intestinal e diarreia crônica 
 
Paciente: Mulher de 28 anos de idade 
 
História clínica: A paciente relata episódios 
recorrentes de diarreia com muco e sangue, 
acompanhados de dor abdominal, há 
aproximadamente um ano. Ela também menciona 
perda de peso, fadiga e febre ocasional. 
Exame físico: Ao exame físico, a paciente apresenta-
se com palidez e peso abaixo do ideal para sua 
altura. A ausculta abdominal revela aumento dos 
ruídos hidroaéreos, e a palpação abdominal é 
dolorosa à direita. 
Exames laboratoriais: Hemograma completo 
mostra anemia normocítica normocrômica, e a 
proteína C-reativa está elevada. Outros exames, 
como função renal, hepática e eletrólitos, estão 
normais. 
Diagnóstico: A combinação de sintomas e achados 
laboratoriais sugere uma possível doença 
inflamatória intestinal (DII), como a doença de 
Crohn ou a retocolite ulcerativa. 
Exames complementares: A paciente é submetida a 
uma colonoscopia, que revela inflamação, úlceras e 
áreas de estenose no íleo terminal e no cólon 
ascendente. Uma biópsia das áreas inflamadas é 
realizada. 
Diagnóstico final: A análise histológica das amostras 
de biópsia mostra inflamação transmural e 
granulomas não caseosos, compatíveis com a 
doença de Crohn. 
Tratamento: O paciente recebe corticosteroides 
orais para indução da remissão, e posteriormente é 
iniciado tratamento com imunomoduladores para 
manutenção da remissão. A paciente também é 
orientada a realizar ajustes na dieta, como a redução 
de alimentos ricos em fibras e a ingestão de 
alimentos mais facilmente digeríveis. 
Acompanhamento: Após iniciar o tratamento, a 
paciente apresenta melhora progressiva dos 
sintomas. A colonoscopia de acompanhamento 
mostra redução da inflamação e cicatrização das 
úlceras. O acompanhamento clínico e laboratorial é 
mantido para monitorar a doença e ajustar o 
tratamento conforme necessário. 
 
 
 
Capítulo 6: Perguntas e Respostas 
6.1. Questões relacionadas à diarreia e suas 
características 
Questão 1: Qual das seguintes opções é uma 
característica da diarreia aguda? 
a. Ocorre por mais de 4 semanas 
b. Pode ser causada por infecções bacterianas 
c. Resulta da má absorção de nutrientes 
d. Geralmente é causada por doenças inflamatórias 
intestinais 
e. Está associada a um distúrbio metabólico 
Resposta: b)Pode ser causada por infecções 
bacterianas. 
Justificativa: A diarreia aguda é definida como uma 
mudança na frequência e consistência das fezes que 
dura menos de 4 semanas. Geralmente é causada 
por infecções (bacterianas, virais ou parasitárias), 
intoxicações alimentares ou medicamentos. 
 
Questão 2: A diarreia crônica em crianças pode ser 
causada por qual dos seguintes? 
a. Infecções recorrentes 
b. Alergia alimentar 
c. Parasitoses intestinais 
d. Doença celíaca 
e. Todas as opções acima 
Resposta: e) Todas as opções acima 
Justificativa: A diarreia crônica em crianças pode ser 
causada por diversas condições, como infecções 
recorrentes, alergia alimentar, parasitoses intestinais, 
doença celíaca, entre outras. É importante investigar 
a causa específica para fornecer um tratamento 
adequado. 
 
6.2. Questões sobre síndrome de má absorção 
intestinal e sua fisiopatologia 
Questão 1: Qual das seguintes condições é uma 
causa comum de má absorção intestinal? 
a. Gastroenterite viral 
b. Doença celíaca 
c. Apêndice inflamado 
d. Síndrome do intestino irritável 
e. Diverticulite 
Resposta: b) Doença celíaca 
Justificativa: A doença celíaca é uma causacomum 
de má absorção intestinal devido à inflamação e 
atrofia das vilosidades intestinais causadas pela 
resposta imune ao glúten. As outras opções listadas 
não são causas comuns de má absorção intestinal. 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
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Questão 2: Qual dos seguintes mecanismos NÃO 
está envolvido na fisiopatologia da síndrome de má 
absorção intestinal? 
a. Diminuição da área de absorção intestinal 
b. Alterações na digestão de macronutrientes 
c. Aumento da secreção de ácido gástrico 
d. Deficiência de enzimas digestivas 
e. Alterações na motilidade intestinal 
Resposta: c) Aumento da secreção de ácido gástrico 
Justificativa: A fisiopatologia da síndrome de má 
absorção intestinal geralmente envolve uma 
diminuição na área de absorção intestinal, alterações 
na digestão de macronutrientes, deficiência de 
enzimas digestivas e alterações na motilidade 
intestinal. O aumento da secreção de ácido gástrico 
não está diretamente relacionado à má absorção 
intestinal. 
 
Questão 3: Qual das seguintes condições pode 
resultar em má absorção intestinal devido à 
deficiência de enzimas digestivas? 
a. Doença celíaca 
b. Fibrose cística 
c. Intolerância à lactose 
d. Doença de Crohn 
e. Todas as opções acima 
Resposta: e) Todas as opções acima 
Justificativa: Todas as condições listadas podem 
resultar em má absorção intestinal devido à 
deficiência de enzimas digestivas. A doença celíaca 
e a doença de Crohn afetam a mucosa intestinal e 
podem levar à diminuição da produção de enzimas, 
enquanto a fibrose cística afeta a produção de 
enzimas pancreáticas e a intolerância à lactose 
resulta na deficiência da enzima lactase. 
 
6.3. Questões sobre diagnóstico e tratamento da 
doença celíaca 
Questão 1: Qual dos seguintes exames é 
considerado o padrão-ouro para o diagnóstico 
definitivo da doença celíaca? 
a. Sorologia para anticorpos anti-transglutaminase 
tecidual (tTG) 
b. Sorologia para anticorpos anti-endomísio (EMA) 
c. Biópsia do intestino delgado 
d. Teste de tolerância ao glúten 
e. Teste de anticorpos anti-gliadina (AGA) 
 
Resposta: c) Biópsia do intestino delgado 
Justificativa: A biópsia do intestino delgado é 
considerada o padrão-ouro para o diagnóstico 
definitivo da doença celíaca, pois permite a 
avaliação direta das alterações histológicas típicas, 
como atrofia das vilosidades e hiperplasia das 
criptas. Os exames sorológicos, como os anticorpos 
tTG, EMA e AGA, são úteis para rastreamento e 
monitoramento da doença, mas não são suficientes 
para um diagnóstico definitivo. 
 
Questão 2: Qual é o principal componente do 
tratamento da doença celíaca? 
a. Terapia com corticosteroides 
b. Dieta sem glúten 
c. Terapia com imunossupressores 
d. Suplementação de enzimas digestivas 
e. Dieta com baixo teor de gordura 
Resposta: b) Dieta sem glúten 
Justificativa: O tratamento principal e mais eficaz 
para a doença celíaca é a dieta sem glúten. A 
eliminação do glúten da dieta permite a recuperação 
da mucosa intestinal e a resolução dos sintomas em 
grande parte dos pacientes. As outras opções 
listadas não são componentes principais do 
tratamento da doença celíaca. 
 
Questão 3: Em pacientes com doença celíaca, a 
ingestão de qual dos seguintes alimentos deve ser 
evitada? 
a. Arroz 
b. Milho 
c. Aveia 
d. Trigo 
e. Batata 
Resposta: d) Trigo 
Justificativa: O trigo contém glúten, uma proteína 
que desencadeia a resposta imunológica prejudicial 
em pacientes com doença celíaca. Por isso, a 
ingestão de trigo deve ser evitada. Arroz, milho e 
batata são naturalmente livres de glúten e podem ser 
consumidos pelos pacientes com doença celíaca. A 
aveia pode ser consumida por alguns pacientes com 
doença celíaca, desde que seja garantido que esteja 
livre de contaminação por glúten. 
 
 
 
 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
20 
6.4. Questões envolvendo casos clínicos e 
abordagem prática 
Questão 1: Em um paciente com diarreia crônica e 
má absorção, qual é a principal causa a ser 
investigada em crianças? 
a. Doença celíaca 
b. Doença de Crohn 
c. Alergia à proteína do leite de vaca 
d. Síndrome do intestino irritável 
e. Colite ulcerativa 
Resposta: c) Alergia à proteína do leite de vaca 
Justificativa: A alergia à proteína do leite de vaca é 
uma causa comum de diarreia crônica e má 
absorção em crianças. Embora outras condições, 
como a doença celíaca e doença inflamatória 
intestinal, também possam causar sintomas 
semelhantes, a alergia à proteína do leite de vaca 
deve ser investigada como uma das principais causas 
em crianças. 
 
Questão 2: Um adulto apresenta diarreia crônica, 
perda de peso e fadiga. O paciente relata que os 
sintomas melhoram ao eliminar o glúten da dieta. 
Qual é o próximo passo apropriado na investigação? 
a. Iniciar tratamento com corticosteroides 
b. Solicitar sorologia para doença celíaca 
c. Realizar colonoscopia 
d. Prescrever uma dieta com baixo teor de gordura 
e. Iniciar tratamento com imunossupressores 
Resposta: b) Solicitar sorologia para doença celíaca 
Justificativa: Dado que os sintomas do paciente 
melhoram com a eliminação do glúten da dieta, a 
doença celíaca deve ser considerada como uma 
possível causa. Solicitar sorologia para doença 
celíaca (anticorpos anti-transglutaminase tecidual e 
anti-endomísio) é um passo apropriado na 
investigação. 
 
Questão 3: Em um paciente com doença 
inflamatória intestinal e diarreia crônica, qual das 
seguintes opções de tratamento pode ser 
considerada inicialmente? 
a. Terapia com corticosteroides 
b. Dieta sem glúten 
c. Terapia com imunossupressores 
d. Suplementação de enzimas digestivas 
e. Dieta com baixo teor de gordura 
Resposta: a) Terapia com corticosteroides 
Justificativa: A terapia com corticosteroides é 
frequentemente utilizada como tratamento inicial 
para induzir remissão em pacientes com doença 
inflamatória intestinal e diarreia crônica. Outras 
opções de tratamento, como imunossupressores, 
podem ser consideradas posteriormente 
dependendo da gravidade da doença e da resposta 
ao tratamento inicial. 
 
 
 
Caso 10 Sessão Tutorial 
 
 
 
21 
Capítulo 7: Referências bibliográficas 
 Livros: 
1. FASANO, A.; TRONCONE, R. Doença celíaca: do diagnóstico ao tratamento. São Paulo: Editora 
Manole, 2020. 
2. FERREIRA, C. T.; PENNA, F. J.; MORAES-FILHO, J. P. Doenças do aparelho digestivo: 
diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
3. MARINO, L. V.; ALVES, R. R. Gastroenterologia pediátrica: prática e atualização. Porto Alegre: 
Artmed, 2019. 
Artigos: 
4. GUANDALINI, S.; ASSIRI, A. Celiac disease: a review. JAMA Pediatrics, v. 169, n. 8, p. 798-805, 
2015. 
5. HILL, I. D.; FASANO, A.; GUANDALINI, S.; HOFFENBERG, E.; LEVY, J.; REILLY, N.; 
VERMA, R. NASPGHAN Clinical Report on the Diagnosis and Treatment of Gluten-related 
Disorders. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition, v. 63, n. 1, p. 156-165, 2016. 
6. KELLY, C. P.; GREEN, P. H. R.; MURRAY, J. A.; DIMARINO, A.; LEFFLER, D.; 
ALEXANDER, T.; RIZZARI, S.; MCALLISTER, L.; MENG, S.; WANG, C. Larazotide acetate in 
patients with coeliac disease undergoing a gluten challenge: a randomised placebo-controlled study. 
Alimentary Pharmacology & Therapeutics, v. 37, n. 2, p. 252-262, 2013. 
7. LUDVIGSSON, J. F.; LEFFLER, D. A.; BAIOCCHI, G. L.; BIANCHI, P. I.; FABIANI, E.; 
GREEN, P. H. R.; HADJIVASSILIOU, M.; KAU, K. I. N.; MCGOUGH, N.; ROSTAMI, K.; 
RUBIO-TAPIA, A.; SANDERS, D. S.; SCHUPPAN, D.; SHANAHAN, F.; SLEISENGER, M. H.; 
AKKERMANS, L. M. A.; BOELENS, P. G. A.; BRONTE, F.; CORAZZA, G. R.; ELLI, L.; GAY, 
G.; KLEIN, S. K.; KOLACEK, S.; KORPONAY-SZABO, I. R.; MAGAZZÙ, G.; REVERSE, M.; 
MÄKI, M.; MAZZARELLA, G.; MUMMERT, L.; PÉREZ-PÉREZ, G.; RONCORONI, L.; 
ROSINACH, M.; SCHATZ, R. A.; SCHREIBER, S.; SCHWEIZER, J. J.; SZAJEWSKA, H.; 
ULLRICH, R.; VECSEI, A.; VIDAL-MARTÍ 
8. LUDVIGSSON, J. F.; CARD, T.; CICLITIRA, P. J.; SWIFT, G. L.; NASR, I.; SANDERS, D. S.; 
LOCK, R. J. Support for patients with celiac disease: A literature review. United EuropeanGastroenterology Journal, v. 1, n. 3, p. 146-159, 2013. 
9. MCGOWAN, K. E.; LYONS, C. E.; CHEN, L. Celiac disease and the gluten-free diet: consequences 
and recommendations for improvement. Digestive Diseases, v. 35, n. 4, p. 334-342, 2017. 
10. REILLY, N. R.; FASANO, A.; GREEN, P. H. R. Presentation of celiac disease. Gastrointestinal 
Endoscopy Clinics of North America, v. 22, n. 4, p. 613-621, 2012. 
11. RUBIO-TAPIA, A.; HILL, I. D.; KELLY, C. P.; CALDERWOOD, A. H.; MURRAY, J. A. ACG 
clinical guidelines: diagnosis and management of celiac disease. American Journal of Gastroenterology, 
v. 108, n. 5, p. 656-676, 2013. 
12. SCHREIBER, S.; SCHUPPAN, D. Update on serologic testing in celiac disease. American Journal of 
Gastroenterology, v. 105, n. 12, p. 2520-2524, 2010. 
Lembrando que as referências podem ser atualizadas conforme a publicação de novos estudos e avanços na 
área. Certifique-se de verificar a relevância e atualidade das fontes antes de utilizá-las em seu trabalho.

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