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Geomorfologia a2

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GEOMORFOLOGIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Paulo César Medeiros 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Geomorfologia! Esta aula se destina 
ao estudo dos principais sistemas de referência aplicados no estudo do relevo, 
iniciando com o conhecimento da origem e formação geológica da superfície 
terrestre e apresentando os diferentes modelos de explicação sobre a evolução 
do relevo. 
Os sistemas de referência oferecem possibilidades de compreensão dos 
fatores ou forças condicionantes na transformação do relevo terrestre. Os 
diversos modelos explicativos, combinados ou relacionados, nos possibilitam 
uma visão multidimensional dos processos que decorrem na gênese e evolução 
dos compartimentos do relevo. Permitem, assim, compreender os sistemas 
naturais, suas interações e modificações. 
A aplicação da geomorfologia ao estudo dos geossistemas terrestres 
permitiu aos geógrafos e demais estudiosos da superfície uma aproximação 
fundamental no estudo das paisagens e definição das regiões naturais ou biomas 
globais, bem como suas diferentes unidades e diversidade de domínios naturais. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Sabemos que a Terra é formada por sistemas naturais que se 
desenvolveram ao longo da sua história geológica. Assim, litosfera, atmosfera, 
hidrosfera e biosfera são subsistemas que nos permitem explicar esse grande 
Sistema Terra. 
 
Fonte: Brasil Escola (2014). Disponível em: 
<http://s4.static.brasilescola.uol.com.br/img/2014/11/composicao-da-biosfera.png> Acesso em 
26/04/2016. 
 
http://s4.static.brasilescola.uol.com.br/img/2014/11/composicao-da-biosfera.png
 
 
3 
A geomorfologia, como vimos na aula anterior, se especializou na 
explicação dos processos e formas da porção superficial da crosta terrestre, 
portando, é uma seção de contato entre todos esses subsistemas, com foco na 
identificação das unidades do relevo e suas dinâmicas. 
Ao longo da expansão da geomorfologia, diferentes escolas produziram 
abordagens sobre o relevo, gerando o que convencionamos denominar de 
sistemas de referência em geografia. 
Vamos conhecê-los e também aplicar suas perspectivas no estudo 
ambiental dos geossistemas. 
 
TEMA 1 - ESTRUTURA GEOLÓGICA E RELEVO TERRESTRE 
O nosso planeta é muito antigo e tem uma história de muitas 
transformações geológicas até atingir as condições físico-químicas necessárias 
para abrigar as primeiras formas de vida. 
 
 
De acordo como os estudos geológicos atuais, o planeta Terra tem cerca 
de 4,6 bilhões de anos e sua crosta é formada por placas tectônicas que juntas 
formam a litosfera. A litosfera é rígida e está disposta sobre o manto, que tem 
comportamento plástico devido à composição química e fusão pelas altas 
temperaturas dessa camada. 
Entre as primeiras teorias geológicas, encontramos a Deriva Continental, 
formulada pelo alemão Alfred Wegener (1915), segundo a qual há mais de 200 
milhões de anos, os continentes América, Oceania, Ásia, Europa, África e 
Antártica compunham um único e imenso continente chamado de Pangeia. Isso 
explica, por exemplo, porque os contornos da costa leste da América e oeste da 
África “se encaixam” perfeitamente. 
 
 
4 
A superfície da litosfera evoluiu ao longo do tempo e se configurou como 
crosta continental e oceânica. Nas porções continentais formaram-se os 
regolitos, ou manto de intemperismo, que se constituem dos solos e dos 
materiais não consolidados até encontrar a rocha consolidada. 
Na década de 1960, essa teoria foi reformulada e incorporada a uma 
teoria mais abrangente: a Tectônica das Placas, que explicou como a litosfera 
está composta ou dividida em pelo menos 13 placas rígidas rochosas que se 
movem constantemente conforme mostra a figura a seguir: 
Fonte: UFRR (2012). Disponível em 
<http://ufrr.br/lapa/index.php?option=com_content&view=article&id=%2094 > Acesso em 
26/04/2016. 
 
As placas tectônicas literalmente estão dispostas sobre o material líquido 
e muito quente denominado magma. O movimento das placas permite explicar 
a origem das montanhas, os terremotos e o vulcanismo que decorre das relações 
crosta e manto. 
A geomorfologia se dedica ao estudo da porção superficial e sub-
superficial dessa porção de contato entre as rochas, a atmosfera, a ação 
biológica e antrópica. Assim, produz explicações sobre os processos naturais 
que dão origem aos modelados e sobre as dinâmicas do relevo, propiciando as 
condições para a definição de ações e o planejamento da gestão ambiental, 
Dica de vídeo 
O ciclo das rochas é um conceito básico em geologia, que descreve as 
transformações através do tempo geológico entre os três principais tipos de 
http://ufrr.br/lapa/index.php?option=com_content&view=article&id=%2094
 
 
5 
rochas: sedimentares, metamórficas e ígneas. Cada um dos tipos de rochas é 
alterado ou destruído, quando ele é forçado para fora das suas condições de 
equilíbrio. Assista ao vídeo indicado a seguir para conhecer mais sobre esse 
processo. 
O ciclo das rochas representado em uma animação 
https://www.youtube.com/watch?v=DsQelCsfg0o&feature=youtu.be 
 
 
TEMA 2 - IMPLICAÇÕES DA TEORIA DOS SISTEMA NA GEOMORFOLOGIA 
Você já parou para pensar que a explicação das dinâmicas da natureza 
sempre desafiou os estudiosos em todos os tempos e civilizações? Os gregos 
acreditavam que a Terra se constituiu a partir de cinco elementos básicos e, 
durante muitos séculos, essa visão de natureza predominou no mundo ocidental. 
Hoje sabemos que são mais de uma centena de elementos que se combinam 
para formar a natureza. 
Com a ciência moderna foi possível explicar o ciclo dos elementos e o 
funcionamento dos sistemas terrestres. A partir do século passado, conhecemos 
suas conexões e, a partir de algumas teorias, foi possível compreender o 
complexo Sistema Terra. 
Vamos conhecer uma das mais importantes teorias que influenciou a 
ciência e, em particular, a geomorfologia. 
A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) foi apresentada por Bertalanffy (1937) 
e, de acordo com essa teoria, é necessário estudar a natureza integrando as 
partes ou subsistemas que o formam. O todo deve ser considerado como sendo 
algo mais que a simples soma das partes, ou conforme o autor: 
É necessário estudar não somente partes e processos isoladamente, 
mas também resolver os decisivos problemas encontrados na 
organização e na ordem que os unifica, resultante da interação 
dinâmica das partes, tornando o comportamento das partes diferentes 
quando estudado isoladamente e quando tratado no todo 
(BERTALANFFY, 1973, p. 53). 
Os sistemas podem ser abertos ou fechados; 
O sistema aberto interage com outros sistemas, por exemplo uma bacia 
hidrográfica, que geralmente desagua em outra bacia ou no mar; 
O sistema fechado não interage com outros sistemas, por exemplo, um 
aquífero confinado. 
Veja o exemplo na ilustração: 
https://www.youtube.com/watch?v=DsQelCsfg0o&feature=youtu.be
 
 
6 
 
 
 
A visão sistêmica foi incorporada pelas escolas anglo-americana e 
germânica de geomorfologia e permitiu o desenvolvimento de abordagens 
integradoras entre relevo, clima e biosfera. 
Observando as unidades do relevo nota-se que existe um fluxo constante 
de matéria e energia que produz a sua transformação, por exemplo, a escavação 
produzida pela evolução dos leitos dos rios em relação à encosta e a planície. 
A visão sistêmica na geomorfologia emergiu inicialmente na escola anglo-
americana, com a teoria do ciclo geográfico de Davis, ainda que sob a ótica de 
um sistema fechado: ele considera a evolução cíclica do relevo a partir de forças 
endógenas responsáveis pelo rápido soerguimento de certo volume das placas 
da crosta, bem como por agentes exógenos encarregados de arrasar 
paulatinamente o modelado até as condições de peneplanície – ou superfície 
quase plana formada pela erosão –, estado este que, teoricamente, encontra-se 
termodinamicamentepróximo da entropia máxima. 
Na escola alemã, a teoria geral dos sistemas aparece como método 
aplicado no sistema geomorfológico de Walther Penck, que concebe a ação 
concomitante de forças atuando na acentuação do relevo e de forças exógenas 
opostas, empenhadas no rebaixamento do modelado. 
De acordo com Christofoletti (1989), a visão sistêmica influenciou os 
conceitos de dinâmica do Sistema Terra, ou seja, do planeta Terra interpretado 
como um sistema aberto pela teoria do equilíbrio dinâmico de Grove Karl Gilbert, 
em 1877, e revivida por Hack, em meados do século XX. 
 
 
7 
 
TEMA 3 - SISTEMAS DE REFERÊNCIA NO ESTUDO DO RELEVO 
Sabemos que durante a evolução da ciência geomorfológica várias 
abordagens foram desenvolvidas. Vejamos a seguir. 
Sistema de Davis: a teoria do ciclo do relevo 
O processo de denudação do relevo inicia-se a partir de uma emersão ou 
soerguimento da massa continental, originada por um processo geológico. 
 
 
 Juventude: diante do elevado gradiente produzido em relação ao nível 
de base geral, o sistema fluvial inicia a produção de forte entalhamento dos 
talvegues, formando a rede fluvial (CASSETI, s/d). A partir desse estado, o 
sistema sofre as ações físico-químicas ao longo do tempo, atingindo a 
maturidade. 
 Senilidade: quando sofre a horizontalização topográfica, com extensos 
peneplanos. 
 
 
8 
Sistema de Walther Penck: teoria do recuo paralelo das vertentes 
■ A emersão e a denudação acontecem ao mesmo tempo e não em 
momentos distintos; 
■ Existe uma relação entre o entalhamento do talvegue e os efeitos 
denudacionais, em função do comportamento da crosta; 
■ Para Davis o relevo evoluía em um movimento de cima para baixo 
(wearing-down), 
 
 
 
 Penck demostrou que existe o recuo paralelo das vertentes (wearing-
back) ou desgaste que promove a esculturação. 
 
 
Sistema de King e Pugh: teoria da pedimentação e pediplanação 
 Desenvolveram o conceito de estabilidade tectônica com o ajustamento 
por compensação isostática e também consideraram o recuo paralelo das 
vertentes (wearing back) como forma de evolução morfológica. 
 
 
9 
 Teoria da Pediplanação: o material que resulta da erosão decorrente 
do recuo promove o entalhamento das áreas depressionárias, originando 
pedimentos. 
 Com o tempo de relativa estabilidade tectônica, ocorre a formação de 
extensos pediplanos. 
 
 
Sistema de John T. Hack: teoria do equilíbrio dinâmico 
 Aplicou o conceito de equilíbrio dinâmico, fortemente sustentado na 
teoria geral dos sistemas; 
 As formas de relevo e os depósitos superficiais têm uma íntima relação 
com a estrutura geológica (litologia) e os mecanismos de intemperização. 
 
 
 
10 
. 
Sistema de G. Millot: teoria do aplainamento por mudanças climáticas. 
Aplicou a teoria do aplainamento por mudanças climáticas. Os 
aplainamentos se originam na sucessão de climas ao longo do tempo geológico, 
por meio do: 
 Intemperismo da rocha fresca na subsuperfície; 
 Transformação pedogenética do material alterado; 
 Erosão superficial. 
 
Esses diferentes modelos de análise do relevo tiveram seguidores e 
produziram técnicas e métodos de estudo. Porém, isoladamente, cada qual 
apresentou limitações: 
Os modelos de Davis (1899) e Penck (1953) tiveram como 
predominantes os fatores tectônicos; 
Os modelos de King (1953), Hack (1960), Büdel (1975, 1982) e Millot 
(1983) privilegiaram os fatores climáticos; 
Embora cada uma das teorias tenha suas potencialidades, nenhuma 
delas foi capaz de explicar completamente as superfícies de aplainamento; 
Os aplainamentos de dimensão continental devem ser explicados como 
de origem poligenética, tendo como método a justaposição das diversas 
teorias. 
 
 
11 
Sugestão de leitura 
O artigo a seguir mostra o desenvolvimento global da ciência 
geomorfológica. Apresenta as diferentes posturas assumidas pelos 
geomorfólogos no correr do tempo e identifica linhas-mestras da evolução da 
geomorfologia, através da filogênese da teoria geomorfológica. 
ABREU, A. A. de. A teoria geomorfológica e sua edificação: análise crítica. 
Rev. IG, São Paulo, 4(112):5-23, jan./dez. 1983. Disponível em: 
http://ppegeo.igc.usp.br/pdf/rig/v4n1-2/v4n1-2a01.pdf 
 
TEMA 4 - RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS GEOMORFOLÓGICOS 
Agora que você conheceu as diversas teorias geomorfológicas e seus 
principais formuladores, vamos estabelecer algumas comparações e verificar as 
contribuições que cada uma delas deixou. 
As diversas teorias para explicação do relevo levam em consideração os 
processos internos e externos à crosta terrestre e, de acordo com as áreas 
especificas dos pesquisadores, resultaram em quatro grandes abordagens. 
 
Características W. M. Davis (1899) W. Penck (1953) L. C. King / J. Pugh 
(1955) 
J. T. Hack (1960) 
Característica 
geral do 
sistema 
Rápido 
soerguimento com 
posterior 
estabilidade 
tectônica e 
eustática. 
Ascensão de 
massa com 
intensidade e 
duração 
diferentes. 
Longos períodos 
de estabilidade 
tectônica, 
separados por 
períodos rápidos e 
intermitentes de 
soerguimento da 
crosta. 
Toda e qualquer 
alternância de 
energia interna ou 
externa gera 
alteração no 
sistema por meio 
da matéria. 
Relação entre 
soerguimento e 
denudação 
Início da 
denudação 
(comandada pela 
incisão fluvial) 
após estabilidade 
ascensional. 
Intensidade de 
denudação 
associada ao 
comportamento 
da crosta. 
Denudação 
concomitante ao 
soerguimento. 
Reação do 
sistema com 
alteração do 
fornecimento de 
energia 
(oscilações 
climáticas). 
Estágio final ou 
parcial da 
morfologia 
Evolução 
morfológica de 
cima para baixo 
(wearing down). 
Evolução por 
recuo paralelo 
das vertentes 
(wearing back). 
Evolução 
morfológica por 
recuo paralelo 
(wearing back). 
Todos os 
elementos da 
topografia estão 
mutuamente 
ajustados e se 
modificam na 
mesma 
proporção. 
http://ppegeo.igc.usp.br/pdf/rig/v4n1-2/v4n1-2a01.pdf
 
 
12 
Características 
morfológicas 
Fases 
antropomórficas: 
juventude, 
maturidade e 
senilidade 
(peneplano). 
Processos de 
declividade 
laterais das 
vertentes: 
convexas, 
retilíneas e 
côncavas 
(relação entre 
incisão e 
denudação por 
ação crustal). 
Nível de 
pedimentação 
(coalescência de 
pedimentos: 
pediplano). 
As formas não 
são estáticas e 
imutáveis. Íntima 
relação com a 
estrutura 
geológica. 
Estágio final ou 
parcial da 
morfologia 
Peneplanização 
(formas residuais: 
monadnocks). 
Superfície 
primária (lenta 
ascensão 
compensada pela 
denudação). Não 
haveria produção 
de elevação geral 
da superfície. 
Pediplanação 
(formas residuais: 
inselbergs). 
Não evolui 
necessariamente 
para o 
aplainamento 
(equifinalização). 
O equilíbrio pode 
ocorrer sob os 
mais variados 
“panoramas 
topográficos”. 
Noção de nível 
de base 
Processo evolutivo 
comandado pelo 
nível de base 
geral. 
A vertente evolui 
em função do 
nível de base 
local. 
Pressupõe a 
generalização de 
níveis de base 
(qualquer ponto de 
um rio é 
considerado nível 
de base para os 
demais à 
montante). 
Ajustamento 
sequencial. 
Variáveis que 
compõem os 
sistemas 
Temporal/estrutural 
com subordinação 
ao processual. 
Processo, 
tectônica e 
tempo. 
Processo/forma, 
considerando o 
fator temporal, 
admitidas 
implicações 
isostásicas. 
Relações entre 
formas e 
processos 
independentes do 
tempo (processo 
morfogenético – 
resistência das 
rochas – 
influências 
diastróficas). 
 
Conforme dito anteriormente, os fatores tectônicos aparecem como 
fundamentais nas teorias de Davis (1899) e Penk (153), e os fatores climáticos 
adquirem maior importância nos modelos de King (1953), Hack (1960), Büdel 
(1975, 1982) e Millot (1983). Com o desenvolvimento científico e tecnológico das 
últimas décadas, foi possível integrar as diferentes abordagens e juntas 
produziram uma visão multidimensional do relevo, 
 
 
13 
Sugestão de leituraO artigo a seguir faz um apanhado histórico do desenvolvimento da 
geomorfologia brasileira, a partir da noção de paradigmas de Thomas Kuhn, 
dividindo em tempos distintos: 
a. Primórdios: quando há forte vinculação com a teoria davisiana; 
b. Ruptura epistemológica dos anos 1950: marcada pela 
incorporação da teoria da pediplanação de Lester King, com 
destaque para os trabalhos de Aziz Ab’Sáber, João José Bigarella, 
Maria Regina Mousinho e Fernando Flávio Marques de Almeida; 
c. Problemática ambiental: marcada por forte inserção da teoria geral 
dos sistemas e influenciada pela concepção geossistêmica, 
principalmente a desenvolvida por Georges Bertrand; 
d. Fase atual: marcada pelo aprofundamento das questões 
ambientais, como a urbana, com o desenvolvimento de 
metodologias de estudos. 
 
 VITTE, A. C. Breves considerações sobre a história da geomorfologia 
geográfica no Brasil. ISSN 1981-9021. Geo UERJ. Ano 12, v.1, no .21, 1º 
semestre de 2010. Disponível em: 
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/download/1445/1221 
 
TEMA 5 - GEOMORFOLOGIA APLICADA AO ESTUDO DOS GEOSSISTEMAS 
Vimos anteriormente como a Teoria Geral dos Sistemas exerceu forte 
influência sobre as escolas geomorfológicas e, de acordo com Christofoletti 
(1999), influenciou na elaboração da teoria geossistêmica, que foi aplicada ao 
estudo das paisagens naturais, modificadas ou não pela ação humana. A 
concepção de geossistema se desenvolveu na União Soviética na década de 
1960 com Viktor Borisovich Sochava (1972), que aplicou o termo para descrever 
a esfera físico-geográfica como um sistema que definiu como geographical 
cover, ou geossistema de nível planetário. Segundo ele, o geossistema é uma 
dimensão do espaço terrestre onde os mais diversos componentes naturais do 
planeta se encontram, produzindo a conexão dos fenômenos, incluindo aí o 
relevo. 
http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/geouerj/article/download/1445/1221
 
 
14 
A paisagem expressa a materialização de um determinado geossistema 
e sua análise permite avaliar as condições do relacionamento entre os elementos 
biológicos, as condições ambientais e a ação humana, com o relevo. 
A geomorfologia pode contribuir significativamente no estudo a partir de 
suas técnicas e metodologias para o estudo da evolução dos geossistemas. 
As pesquisas relacionadas a essas duas temáticas deram origem à 
Morfodinâmica, desenvolvida por Chorley (1962) e aplicada no Brasil a partir 
dos estudos desenvolvidos por Tricart (1977), que a definiu como a dinâmica que 
se estabelece entre o clima, a topografia, o solo, o material rochoso e a cobertura 
vegetal. 
O geossistema contém três componentes que interagem em níveis 
distintos, como mostra a Figura 1, a seguir: 
a. Potencial ecológico: formado pelos sistemas geomorfológico, 
climático e hidrológico; 
b. Exploração biológica: produzida por plantas e animais; 
c. Ação antrópica: produzida pelas sociedades humanas. 
 
Figura 1 – Geossistema 
 
Fonte: Adaptado de Bertrand (1971). 
O balanço morfogenético de um geossistema é estabelecido pela relação 
entre os elementos perpendiculares (infiltração e cobertura vegetal) e o elemento 
paralelo, representado pela erosão. Quando predominam as componentes 
perpendiculares e as vertentes se encontram com cobertura vegetal, ocorre o 
equilíbrio entre potencial ecológico e exploração biológica que caracteriza um 
 
 
15 
geossistema em estado de biostasia. Quando essa vegetação é retirada, ocorre 
alteração sensível desse equilíbrio, cria condições de resistasia. Como exemplo 
temos o tempo relativo que o solo leva para ser erodido em condições de 
exposição direta às precipitações e o tempo que leva para a formação das 
camadas do solo. A Geomorfologia também contribui para o estudo da evolução 
dos geossistemas e permite aferir se as mudanças serão positivas ou negativas, 
dos pontos de vista ambiental e social. 
Sugestão de leitura 
A Teoria Geral dos Sistemas influenciou vários segmentos do 
conhecimento científico, entre eles a Geografia Física. Essa abordagem tem 
seus primórdios na Escola Alemã de Alexander Von Humboldt no século XIX, 
esforçada em conhecer a complexidade do meio e a interdependência entre os 
atributos componentes da paisagem. Entre as disciplinas da ciência geográfica, 
a geomorfologia teve papel de destaque na aplicação da abordagem sistêmica 
em suas pesquisas. O objetivo do artigo indicado a seguir é discutir a abordagem 
sistêmica no âmbito da Geografia Física com ênfase nos estudos 
geomorfológicos. 
NETO, R. M. A abordagem sistêmica e os estudos geomorfológicos: 
algumas interpretações e possibilidades de aplicação. Geografia - v. 17, n. 2, 
jul./dez. 2008 – Universidade Estadual de Londrina, Departamento de 
Geociências. 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/viewFile/2354/2175 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
Com base nos conteúdos de nossa segunda aula, vamos organizar um 
debate no fórum da disciplina com a seguinte temática: 
Quais as principais contribuições das teorias geomorfológicas para a 
compreensão das dinâmicas do relevo terrestre? 
NA PRÁTICA 
Elabore um plano de aula sobre o relevo terrestre para estudantes do 6º 
ano do ensino fundamental, considerando o seguinte objetivo proposto pelos 
Parâmetros Curriculares Nacionais: 
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/viewFile/2354/2175
 
 
16 
 Compreender a espacialidade e temporalidade dos fenômenos 
geográficos estudados em suas dinâmicas e interações (PCN, 1999 p. 81): 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro052.pdf 
Comentários 
Em geral, os planos de aula se caracterizam pela descrição específica de 
tudo que o(a) professor(a) realizará em classe durante as aulas de um período 
específico. A estrutura dos planos deve conter alguns itens fundamentais: dados 
de identificação do professor e da escola; objetivos da aula; conteúdos da aula; 
procedimentos de aprendizagem dos alunos; recursos e materiais aplicados; 
metodologias e técnicas avaliativas. 
 
SÍNTESE 
Nesta aula, conhecemos as relações da geomorfologia e da geologia, 
destacando suas especificidades no estudo dos sistemas terrestres. 
Conhecemos as várias escolas de pensamento geomorfológico e seus 
paradigmas dominantes, que resultaram em distintos sistemas de análise do 
relevo. Em geral os modelos foram elaborados a partir de fatores tectônicos e 
climáticos, permitindo conhecer as relações entre forças endógenas e exógenas, 
que atuam na evolução da paisagem. A abordagem sistêmica na Geomorfologia 
permitiu grande avanço científico e o desenvolvimento de abordagens 
integradoras no estudo dos geossistemas terrestres. 
 
REFERÊNCIAS 
 
CASSETI, W. Introdução à Geomorfologia. Disponível em: 
<http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap1/> Acesso em 27/04/2016 
MEDEIROS, P. C. Geomorfologia: fundamentos e métodos para o ensino do 
relevo. Curitiba: Intersaberes, 2016. 
 
 
 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro052.pdf
http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap1/

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