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GEOMORFOLOGIA AULA 6 Prof. Paulo César Medeiros 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, iremos vamos estudar o sistema de vertentes ou encostas e os sistemas hidrográficos fluviais e costeiros. Ambos sistemas apresentam processos de esculturação associados à circulação, ao armazenamento e ao escoamento da água, que é considerado um dos principais agentes dos processos geodinâmicos nos domínios morfoclimáticos, nas zonas úmidas. Conforme já sabemos, a diversidade climática é responsável pela distribuição da umidade nas zonas morfoclimáticas, definindo os processos físicos, químicos e biológicos nos domínios de natureza. A quantidade e a sazonalidade da circulação definem os padrões de drenagem, a dinâmica dos rios, das águas subterrâneas e marinhas. As vertentes são unidades de estudo geomorfológicas que permitem compreender o balanço denudacional, os processos de dissolução, a erosão, o deslocamento de materiais e os movimentos de massa ao longo das encostas. As dinâmicas do escoamento superficial e subterrâneo produzem processos erosivos que alteram as formas do relevo. Vamos conhecer os sistemas geomorfológicos fluviais continentais por meio da análise das bacias hidrográficas e suas dinâmicas associadas aos diversos padrões de drenagem que formam os relevos. Vamos, ainda, conhecer os sistemas geomorfológicos costeiros que nos permitem compreender as dinâmicas das águas litorâneas, bem como identificar as diferentes formas que ocorrem nas unidades de paisagem costeiras. CONTEXTUALIZANDO Nesta etapa final de nosso estudo sobre a Geomorfologia, vamos conhecer os sistemas hidrográficos continentais e costeiros. Sabemos que as condições climáticas e os compartimentos do relevo interagem para dar forma aos diversos modelados e as paisagens. Continuando o desafio de compreender as dinâmicas geomorfológicas do seu município, vamos realizar um estudo sobre as dinâmicas das águas e suas interferências na esculturação do relevo. Seguindo nossa conhecida forma de pesquisa, iniciaremos com as seguintes questões norteadoras: Ana Luisa . 3 Em qual Bacia Hidrográfica brasileira está localizado seu município? Qual a precipitação média anual de sua região? Quais as sub-bacias ou microbacias estão distribuídas ao longo do território municipal? Existem sistemas lacustres, subterrâneos ou costeiros em seu município? Quais tipos de intemperismo predominam sobre os tipos de rochas? Quais as características naturais dos rios que percorrem sua região? Existem áreas degradadas e suscetíveis à erosão ao longo das encostas? Quais os impactos humanos observáveis nas microbacias hidrográficas? Quais as influências da circulação das águas nas formas do relevo? Essas questões serão aprofundadas em nosso estudo e serão base para a identificação dos sistemas hidrográficos e das dinâmicas naturais e antrópicas nas vertentes. Acesse o texto a seguir, que fala sobre a hidrologia de encosta na interface com a Geomorfologia. Ele aborda as dinâmicas hidrológicas sobre as encostas e apresenta métodos e técnicas para o estudo do intemperismo, o deslocamento e a deposição de materiais ao longo das bacias hidrográficas. http://www.lages.ig.ufu.br/sites/lages.ig.ufu.br/files/Anexos/Bookpage/Ca p%C3%ADtulo%203%20- %20Hidrologia%20de%20Encosta%20na%20Interface%20com%20a%20Geom orfologia.pdf TEMA 1 – VERTENTES: FORMAS E PROCESSOS As vertentes ou encostas são formas no relevo que apresentam certo grau de inclinação, delimitadas pelos topos ou porções mais elevadas até os divisores de águas ao fundo do vale. Os processos naturais e antrópicos que decorrem nas encostas produzem alterações nas formas. http://www.lages.ig.ufu.br/sites/lages.ig.ufu.br/files/Anexos/Bookpage/Cap%C3%ADtulo%203%20-%20Hidrologia%20de%20Encosta%20na%20Interface%20com%20a%20Geomorfologia.pdf http://www.lages.ig.ufu.br/sites/lages.ig.ufu.br/files/Anexos/Bookpage/Cap%C3%ADtulo%203%20-%20Hidrologia%20de%20Encosta%20na%20Interface%20com%20a%20Geomorfologia.pdf http://www.lages.ig.ufu.br/sites/lages.ig.ufu.br/files/Anexos/Bookpage/Cap%C3%ADtulo%203%20-%20Hidrologia%20de%20Encosta%20na%20Interface%20com%20a%20Geomorfologia.pdf http://www.lages.ig.ufu.br/sites/lages.ig.ufu.br/files/Anexos/Bookpage/Cap%C3%ADtulo%203%20-%20Hidrologia%20de%20Encosta%20na%20Interface%20com%20a%20Geomorfologia.pdf Ana Luisa , 4 Observe o esquema a seguir que mostra os diversos processos que decorrem no sistema vertente: Nas vertentes decorrem processos exógenos que são controlados pela ação do clima e da ocupação biológica, bem como os processos endógenos controlados pelo tipo de rochas e estrutura superficial. Ambos os processos definem o grau de intemperismo, de percolação e infiltração da água, com produção do regolito. O conjunto dos processos e fatores associados à inclinação da encosta, a natureza das rochas e as condições climáticas produz o que Tricart (1974) denominou de balanço morfogenético das vertentes, constituído basicamente pelos seguintes fatores: meteorização ou intemperismo movimentos do regolito processos fluviais ação biológica As vertentes apresentam formas diversificadas em relação aos seus perfis longitudinais, conforme mostra a figura: Ana Luisa . Ana Luisa . 5 O estudo das vertentes permite aos estudiosos compreender a evolução das paisagens, uma vez que permite explicar os processos de modelagem pela atuação das forças do clima sobre o relevo ao longo do tempo. Permite também planejar ações de proteção e conservação dos solos e contenção dos processos erosivos, como por exemplo, as práticas de conservação de solos na agricultura ou contenção de deslizamentos e outras alterações naturais ou antrópicas. O vídeo a seguir apresenta as bases teóricas e metodológicas para estudo da Geomorfologia fluvial a partir de imagens e relatos de cientistas especialistas. Várias bacias hidrográficas são mostradas para exemplificar os processos e formas associados à dinâmica das águas superficiais e sub-superficiais. https://www.youtube.com/watch?v=zpkyb733tZc TEMA 2 – BALANÇO DENUDACIONAL E MORFOGENÉTICO DAS VERTENTES As encostas sofrem a ação de forças morfogenéticas em duas principais direções ou sentidos: Perpendicular e Paralela. A primeira se define pelo intemperismo do material superficial ou pedogenização. A segunda se refere ao deslocamento desse material para as porções mais baixas do relevo ou denudação. A relação entre a pedogênese e adenudação se denomina “balanço morfogenético”. Ele pode ser negativo se a pedogênese for maior que a denudação ou positivo em caso contrário. https://www.youtube.com/watch?v=zpkyb733tZc Ana Luisa . Ana Luisa . Ana Luisa 0 6 Erhart (1956) elaborou a teoria bio-resistásica para melhor explicar esse processo. Quando uma determinada vertente se encontra revestida por cobertura vegetal a atividade geomorfogenética é fraca podendo ser até nula, gerando um equilíbrio entre o potencial ecológico e a exploração biológica, essa condição é denominada de Biostasia. Quando a morfogênese domina a dinâmica da paisagem, o material intemperizado sofre deslocamento pelo escoamento superficial e subsuperficial, acelerando a desagregação e o transporte da camada pedogenizada para as áreas baixas, em geral causando assoreamentos e aterramentos. Esse processo denomina-se resistasia. Observe essas duas dinâmicas na figura a seguir: Fonte: Casseti (2005). De acordo com a intensidade e o volume de materiais em deslocamento podem ocorrer os “movimentos de massa”. Estes são identificados de acordo com sua natureza e composição em: Rastejamento, Escorregamento, Corrida de Massa e Queda. Ana Luisa 0 7 Observe esses movimentos na ilustração que segue: Fonte:Comunitexto (2013). Conforme já sabemos, as condições para o intemperismo estão diretamente associadas às condições e eventos climáticos. De acordo com a intensidade desses eventos teremos maior ou menor presença de água no sistema de vertentes. A água está presente em todas as etapas, desde a intemperização, no deslocamento e na deposição. A quantidade de água escoada, a declividade da encosta e o tipo de material deslocado são variáveis que determinam o grau do movimento de massa, podendo em alguns casos produzir tragédias e mesmo a perda de vidas. Vamos conhecer os processos morfogenéticos nas vertentes e suas principais características. Este vídeo foi um produto do projeto de pesquisa “Metodologia Educacional para Redução de Riscos Associados a Deslizamentos de Terra”, realizado pela Escola Politécnica/UFRJ (DCC-Geotecnia) com financiamento da Faperj. https://www.youtube.com/watch?v=K9i3JyXocgI O vídeo a seguir mostra efeitos de um temporal que provocou deslizamentos e 57 mortos no Rio de Janeiro em 12/01/2011. Não deixe de assistir! https://www.youtube.com/watch?v=fmfHUr3aUMQ https://www.youtube.com/watch?v=K9i3JyXocgI https://www.youtube.com/watch?v=fmfHUr3aUMQ Ana Luisa 0 8 TEMA 3 – ESCOAMENTO, FORMAS EROSIVAS E IMPACTOS AMBIENTAIS Conforme destacada anteriormente o escoamento de água precipitada pelas encostas define a pedogenização e a denudação do relevo. O fluxo da água pela superfície ou sub-superfície se denomina drenagem, e de acordo com a intensidade do fluxo, rugosidade e permeabilidade do regolito, pode ocorrer aceleração de processos erosivos. Podemos classificar os tipos de escoamentos em função da posição de suas ocorrências relativamente ao solo: Escoamento subterrâneo – ocorre nas camadas saturadas do solo. Escoamento subsuperficial ou hipodérmico – ocorre nas camadas não saturadas do solo. Escoamento superficial – ocorre sobre o solo em forma laminar e/ou em canais. O ciclo da chuva sobre a vertente é denominado de ciclo do deflúvio que tem início com a chuva. Toda a água que cai em uma determinada vertente denomina-se precipitação total, descontadas as parcelas destinadas à interceptação, à detenção em depressões, à infiltração e à evaporação da água superficial. A precipitação efetiva é aquela que alimenta o escoamento na vertente. Quando a superfície estiver saturada, os excedentes de água não infiltrada ficam armazenados em depressões da vertente ou escoam por fluxo laminar ou concentrado, até atingir o fluxo fluvial e o nível de base. O escoamento superficial pode se dar por fluxo difuso e por fluxo laminar ou turbulento. No primeiro caso as partículas de um fluido não se movem ao longo de trajetórias bem definidas, ou seja, as partículas descrevem trajetórias irregulares, com movimento aleatório. No segundo caso, a erosão ocorre de modo mais lento e pouco perceptível no curto e médio prazo, chegando a se dar em centímetros por ano em terrenos agrícolas, mas que podem carregar toneladas de materiais ao longo do tempo. Conforme mostramos anteriormente a cobertura vegetal e as condições físicas da vertente influencia os processos de denudação da encosta. Denomina- se de balanço do escoamento superficial a relação entre esses fatores. De acordo com as condições ambientais da encosta ocorrem movimentos de força e resistência, que desagregam materiais e liberam partículas que se Ana Luisa 0 Ana Luisa 0 9 deslocam durante o escoamento lento ou rápido. Em situações de extrema força e quebra de resistência do solo, ocorrerão os processos erosivos, que alteram as dinâmicas do solo. Os processos erosivos em uma vertente estão relacionados a velocidade de infiltração da água, a permeabilidade e a capacidade de absorção, e aquelas ligadas à coesão, que resistem à dispersão, ao salpicamento, à abrasão e às forças de transporte de chuva e enxurrada. A topografia e o uso e manejo do solo são fatores controladores do processo erosivo. As propriedades como velocidade, massa específica e pressão são orientadas para os vales e rios principais. Veja o esquema a seguir, que apresenta os processos erosivos das vertentes: Fonte: Adaptado de Casseti (2005). Quando a superfície da vertente está exposta, sem cobertura vegetal ou degradada por ação humana podem ocorrer situação extremas e o balanço erosivo torna-se negativo, nessas condições ocorrem sulcos no solo e formação de Ravinas e Voçorocas. A ação humana sobre as encostas decorre dos modos de ocupação, de intervenção e de alterações nas condições naturais. O manejo inadequado dos solos acelera os processos erosivos e consequentemente a degradação ambiental. Ana Luisa 0 Ana Luisa 0 10 Os impactos causados pelo ser humano podem ser medidos segundo sua intensidade e abrangência, podendo ser de nível baixo, como o caso de alterações químico-físicas nos cursos de água que podem acelerar processos de dissolução ou de nível elevando como o ravinamento e as voçorocas. Nas áreas rurais, os impactos estão relacionados à remoção da cobertura vegetal, manejo inadequado dos solos, pisoteamento por animais, abertura de estradas e plantio de espécies vegetais que podem alterar a composição natural. Nas áreas, os impactos decorrem da remoção dos solos para construção de ruas e edificações, ocupação desordenada das encostas, lançamento de águas pluviais em vales e cursos de água sem vegetação ciliar, aterros inadequados, deposição de resíduos à céu aberto e outras formas de intervenção sem planejamento ambiental. Tanto nas áreas rurais como urbanas, as medidas de contenção e recuperação dos impactos nas vertentes, geralmente são indicados procedimentos técnicos associados reflorestamento das nascentes e da mata ciliar ao longo dos rios, ampliação das capacidades de infiltração e do escoamento das águas da chuva, além de intervenções arquitetônicas como canais artificiais de escoamento, bacias de contenção, terraceamentos e paisagismo ambiental. Vamos conhecer os processos erosivos e as práticas de controle e recuperação ambiental. Assista ao um vídeo que mostra o emprego de práticas agrícolas adequadas para recuperar e preservar solos degradados, recompor a paisagem, evitar a substituição de nascentes e córregos por imensos buracos de erosão, conhecidos como voçorocas, produzir alimentos e, acima de tudo, recuperar a autoestima das famílias. https://youtu.be/-mnzjcB1A7Q?t=77 O vídeo a seguir mostra a formação das voçorocas provocadas pela erosão devido às fortes chuvas de verão. Apresenta, também, a causa principal que está na retirada da floresta, num solo susceptível à erosão, sendo mal utilizado, com atividade agrícola desordenada, queimadas, pisoteio do gado em fortes declividades, excesso de animais na pastagem, que, aliado à ação das chuvas, culmina em situação mais extrema da degradação natural. https://youtu.be/nN0Ido7z0vs https://youtu.be/-mnzjcB1A7Q?t=77 https://youtu.be/nN0Ido7z0vs 11 TEMA 4 – SISTEMAS GEOMORFOLÓGICOS FLUVIAIS Já sabemos que o ciclo hidrológico é um grande responsável pelas dinâmicas que modelam as formas do relevo, por meio da dissolução das rochas, do escoamento e transporte de materiais, decomposição e na formação dos solos. Por meio do ciclo hidrológico a água flui entre os diversos compartimentos ambientais do planeta, em um processo de transferência entre a atmosfera, a superfície, a subsuperfície, os rios, os mares, os oceanos, as geleiras e novamente a atmosfera, tendo como forças físicas o clima e a gravidade. Nas porções continentais a circulação e distribuição das águas forma sistemas fluviais superficiais, subsuperficiais e subterrâneos. Os sistemas fluviais consistem em unidades complexas que regulam o fluxo das águas superficiais e subsuperficiais, interagindo com as formas do relevo das baciasde drenagem ou hidrográficas. Um sistema fluvial se caracteriza pela entrada de água decorrente das precipitações, o que se processa por meio da infiltração, do escoamento superficial e subsuperficial e da saída para outros sistemas hidrográficos. As bacias hidrográficas são consideradas como sistemas abertos que recebem entradas ou inputs de matéria e energia, oriundos da precipitação, e produzem saídas ou outputs, relacionados à água e sedimentos oriundos da erosão fluvial e das encostas existentes na área da bacia. As bacias são compostas por unidades internas ou porções que desempenham funções específicas ao longo de sua extensão: montante nascente canal divisores de água jusante talvegue Em relação ao padrão de escoamento de determinada bacia de drenagem, ela pode ser classificada como: Exorreica – quando a drenagem se dirige para o mar. Endorreica – na qual a drenagem se dirige para uma depressão, areias do deserto, lagos ou para o interior do continente. Ana Luisa , 12 Arreica – apresenta drenagem sem estruturação em bacia hidrográfica. Criptorreica – definem as bacias subterrâneas, as áreas cársticas. As bacias apresentam determinados padrões de canais a partir de suas disposições no terreno. Vejamos esses padrões a seguir: Fonte: Christofoletti (1974) De acordo com o padrão de drenagem é possível conhecer o arranjo espacial dos cursos d’água e explicar a atividade morfogenética do relevo da bacia hidrográfica. As formas dos canais estão associadas à natureza e à disposição das camadas de rochas, suas resistências litológicas, diferentes declividades das vertentes e, principalmente, à evolução geomorfológica do sistema fluvial em estudo. Além dos diversos formatos dos cursos é também possível classificar um determinado rio pelo padrão geral dos cursos que podem ser retilíneos, anastomosados ou meandrantes. Ana Luisa 0, 13 Observado uma determinada bacia é também possível identificar o ordenamento ou hierarquização dos canais fluviais. Entre as propostas de classificação que são comumente aplicadas, temos a de Strahler (A) e de Horton (B) (CHRISTOFOLETTI, 1974), conforme os modelos analíticos que seguem. Fonte: Christofoletti (1974, p. 86). Na classificação de Strahler (A), os canais que não têm afluentes são canais de primeira ordem. Quando dois canais da mesma ordem se encontram, o canal resultante aumenta uma ordem, e quando canais de ordens diferentes se encontram, o canal resultante mantém o valor de maior ordem. Na classificação de Strahler, o rio principal não mantém sempre a mesma ordem ao longo de toda a sua extensão, e a rede de canais pode ser decomposta em segmentos distintos, cujas áreas de contribuição formam a própria bacia de drenagem. Além dos cursos de água, os sistemas fluviais também podem se apresentar na forma de lagos, que são corpos d’água interiores aos continentes 14 e sem comunicação direta com o mar e, em geral, suas águas têm baixo teor de íons dissolvidos, quando comparadas às águas oceânicas. Um lago pode apresentar diversas formas, profundidade e extensão. Eles são mantidos pelas águas subterrâneas ou por um ou mais rios afluentes. Em situações de grande oscilação climática, podem ter caráter temporário ou permanente. Os lagos armazenam água e sedimentos transportados pelos rios durante as cheias, bem como acumulam os diversos sedimentos derivados dos demais processos associados à sua gênese. Os aquíferos são reservatório subterrâneos formados por rochas com características porosas e permeáveis, capazes de armazenar as águas entre seus poros ou fraturas. Eles são classificados em função da pressão das águas no seu topo e base, e da sua capacidade de transmissão de água para outras camadas rochosas. Os tipos de aquíferos são as seguintes: aquíferos livres aquíferos confinados aquíferos porosos aquíferos fraturados ou fissurados aquíferos cársticos Assista ao vídeo que apresenta a evolução geológica da América do Sul e as transformações que provoca erosões e deposições de água que forma um dos maiores aquíferos do mundo, o Aquífero Guarani. Mostra, ainda, os objetivos e a estrutura do projeto de sistema da área aquífera de Guarani do Banco-OAS do GEF-Mundo. https://www.youtube.com/watch?v=VStbipVz0TY TEMA 5 – SISTEMAS GEOMORFOLÓGICOS COSTEIROS Os sistemas costeiros também definidos como litoral ou faixa costeira são representados pela seção do relevo ou faixa de contato entre o mar e os continentes. Nessa faixa, ocorrem processos geomorfológicos em três formas: Físicos – ondas, marés, ventos etc. Biológicos – formação de mangues, recifes de corais etc. Químicos – precipitação de sais etc. https://www.youtube.com/watch?v=VStbipVz0TY 15 Podemos distinguir três seções longitudinais do relevo costeiro: Margens continentais – formadas pela plataforma continental e pelo talude continental. Elevações continentais – apresenta rochas de constituição ainda granítica e está situada a aproximadamente 700 km do continente. Assoalho oceânico – rochas de constituição basáltica. Em relação à profundidade, ao declive e à distância em relação aos continentes, podemos identificar regiões geomorfológicas: Região litorânea – é aquela região próxima do continente, que permanece constantemente coberta e descoberta pelas marés (a faixa de trabalho das ondas é a chamada face praial). Região nerítica – estende-se da zona litorânea até a profundidade de aproximadamente 200 m, onde termina a plataforma continental e começa o talude. Compreende, na verdade, a plataforma continental. Nessa região, a vida é intensa; nela, ocorrem grandes depósitos sedimentares, e o petróleo é abundante. Região batial – vai de 200 m a 1.000 m de profundidade. A quantidade de vida é reduzida. Corresponde ao talude continental. Região abissal – com mais de 1.000 m de profundidade. A vida é rara, e apresenta falta de luz e oxigênio. Os sedimentos são muito finos. Região costeira – está situada na fronteira dos dois maiores ambientes do planeta: continente e oceano. É uma região onde ocorrem numerosas interações biológicas, químicas, físicas, geológicas e meteorológicas, ou 16 seja, é uma zona de “interface”. O principal agente envolvido na caracterização e na modelagem da zona costeira são as ondas. As águas oceânicas apresentam diversas propriedades que interagem com as formações geológicas e geomorfológicas costeiras. Dentre elas, destacamos as seguintes: salinidade densidade temperatura cor As águas oceânicas apresentam três grandes movimentos de massas líquidas: Ondas – ocorrem na superfície das águas oceânicas, e são causadas pela ação do vento em contato com a água; também ocorrem por abalos sísmicos na crosta. Marés – fenômeno natural que está associado à atração gravitacional da Lua sobre a Terra. Correntes marítimas – as temperaturas dessas correntes podem ser quentes ou frias, conforme a origem das massas de água. As correntes frias têm origem nas regiões polares, e as correntes quentes na zona tropical. TROCANDO IDEIAS Continuando o desafio de compreender as dinâmicas geomorfológicas do seu município, realizamos um estudo sobre as dinâmicas das águas e suas interferências na esculturação do relevo. Converse com seus colegas sobre isso. Lembre-se das seguintes questões norteadoras: Em qual bacia hidrográfica brasileira está localizado seu município? Qual a precipitação média anual de sua região? Quais as sub-bacias ou microbacias estão distribuídas ao longo do território municipal? Existem sistemas lacustres, subterrâneos ou costeiros em seu município? Ana Luisa 0 Ana Luisa 0 17 Quais tipos de intemperismo predominamsobre os tipos de rochas? Quais as características naturais dos rios que percorrem sua região? Existem áreas degradadas e suscetíveis à erosão ao longo das encostas? Quais os impactos humanos observáveis nas microbacias hidrográficas? Quais as influências da circulação das águas nas formas do relevo? NA PRÁTICA Em equipes, elaborem um mapa temático do seu município, indicando os principais aspectos geomorfológicos, tais como as altitudes, a rede de drenagem e as unidades de paisagem, os tipos de rochas e os depósitos correlativos. O mapeamento é a etapa de conclusão do estudo geomorfológico; em geral, ainda são realizados relatórios, publicações e apresentações públicas. Compartilhem seus resultados com a turma e realizem uma avaliação coletiva dos resultados alcançados. SÍNTESE Nesta última aula, estudamos a fisiologia da paisagem a partir dos sistemas de vertentes e dos sistemas hidrográficos continentais e litorâneos. Vimos a importância dos processos naturais e humanos na esculturação do relevo. Os processos associados à circulação da água nos compartimentos do relevo nos mostram sua capacidade de alteração, desde a infiltração e a intemperização das rochas, como no escoamento e transporte dos materiais, até a produção de erosões e formas específicas do relevo. Nas bacias hidrográficas, lagos, lagoas e aquíferos do interior dos continentes, as águas atuam de forma direta e indireta na dissolução, no transporte e na deposição de materiais particulados, bem como na definição dos cursos d’água superiores, como os rios e os lençóis freáticos. Nos sistemas costeiros, as águas doces atuam como fator de deslocamento de materiais para as encostas e planícies litorâneas, enquanto as águas salgadas dos mares e oceanos atuam como fator de esculturação dos sistemas de praias, manguezais e reservatórios de águas, criando contornos e formas exclusivas dos ambientes costeiros. 18 REFERÊNCIAS CASSETI, V. Cartografia Geomorfológica. Disponível em: www.funape.org.br/geomorfologia. Acesso em: 25 mai. 2016. MEDEIROS, P. C. Geomorfologia: fundamentos e métodos para o ensino do relevo. Intersaberes: Curitiba, 2016. NETTO, A. L. C. Hidrologia de encosta na interface com a Geomorfologia. In: GUERRA, A. J. T. & CUNHA, S. B. da. Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. São Paulo: Bertrand Brasil, 1994. http://www.funape.org.br/geomorfologia
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