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Nutriçãono trauma epaciente crítico Trauma é um evento agudo que altera a homeostase do organismo. Reações neuroendócrinas, metabólicas e imunobiológicas modificam o metabolismo corporal e as funções cardiorrespiratórias para preservar algumas funções fundamentais: ● Volemia; ● Débito cardíaco; ● Oxigenação tecidual; ● Oferta e utilização de substratos energéticos. A ativação da resposta ao estresse envolve a regulação do sistema nervoso simpático e liberação de hormônios como cortisol, glucagon e catecolaminas endógenas – assim como a liberação de citocinas pró-inflamatórias que induzem o paciente ao estado de hiperinflamação, que por sua vez será proporcional ao trauma sofrido. As catecolaminas são responsáveis pela lipólise e consequente liberação de ácidos graxos para a circulação – resultando em aumento dos níveis de triglicerídeos plasmáticos. A glicemia é elevada, em decorrência do estímulo do glucagon à glicólise, e também à síntese de novo a partir de aa liberados pela proteólise promovida pelo cortisol – processo conhecido como gliconeogênese. A proteólise, a hiperglicemia e a hipertrigliceridemia induzidas pela mudança do padrão hormonal e inflamatório serão proporcionais ao trauma. Resposta ao trauma A resposta metabólica ao trauma assemelha-se ao processo de jejum – o intuito inicial do organismo é promover mudanças no padrão metabólico para garantir a sobrevivência. Há redução do consumo energético sistêmico e a ativação neuroendócrina desencadeada para prevenção do volume circulatório priva determinados territórios do fluxo sanguíneo, garantindo que este seja direcionado a órgãos vitais como cérebro e coração, diminuindo o consumo por cessação da oferta. As características da resposta ao trauma são: Fase de choque (ebb): ● Ocorre logo após o evento traumático; ● Hipovolemia – choque – hipóxia tecidual; ● Redução do débito cardíaco, do consumo de oxigênio e da temperatura corporal; ● Aumento na concentração plasmática de ácido pirúvico, que é convertido em ácido lático (isso devido a baixa de O2); ● Quando irreversível causa a morte; ● Tem duração de 48h (momento de estabilizar); ● O paciente não é alimentado; ● Choque hipovolêmico: diminui perfusão tissular; diminui taxa metabólica e consumo de O2; diminui pressão sanguínea; aumenta a produção de glicose por gliconeogênese. Fase de fluxo (flaw): ● Se inicia logo após a estabilização hemodinâmica. Com adequada perfusão e oxigenação tecidual; ● Aumento do débito cardíaco, da temperatura corporal, consumo de oxigênio, gasto energético e catabolismo corporal total de proteína; ● Hipermetabolismo, catabolismo proteico e outras coisas que são características do jejum, mas com o aumento do metabolismo. Fases: ● Resposta aguda/catabólica: prevalece catabolismo; elevação de glicocorticoide., GLUC, catecolaminas; secreção de citocinas e mediadores lipídicos; síntese de proteína de fase aguda; aumento da taxa de metabolismo e do consumo de O2; ● Resposta de adaptação/anabolica: predominância de anabolismo; diminuição de alteração hormonal; diminuição do estado hipermetabólico; potencial de recuperação da proteína corporal; recuperação depende em parte de oferta de nutrientes. Fase recovery: Características gerais: ● Aumento do gasto energético e consumo de O2; ● Metabolismo proteico alterado (catabolismo periférico x anabolismo central); ● Gliconeogênese não suprimida + resistência à insulina (síntese de glicose para sustentar anabolismo); ● Hiperglicemia: >180mg/dL; ● Balanço nitrogenado negativo devido a alteração hormonal. Resposta hormonal e mediada por células: ● GLUC: gliconeogênese, captação de AA pelo fígado, gênese de ureia e catabolismo proteico; ● Cortisol: catabolismo de músculo esquelético, uso hepático de AA para gliconeogênese, glicogenólise, síntese de proteína de fase aguda; ● Proteína de fase aguda: proteínas secretoras do fígado (rápida perda de MM e BN-) que aumentam a resposta ao trauma/sepse; ● Degradação proteica aumenta perda urinária de K, P e Mg; ● Conservação de Na e água para sustentar o volume sanguíneo: aldosterona e vasopressina; ● Aumento de citocinas pró-inflamatórias: IL-1, IL-6 e TNF-α. Porque TN no paciente critico ● Reduz o estado hipercatabólico; ● Reduz incidência de complicações; ● Modula resposta inflamatória Avaliação nutricional ● Paciente gravemente enfermo tipicamente internado na UTI, diagnóstico cardiopulmonar e complicações; ● Pacientes geralmente usam cateteres e monitoração hemodinâmica invasiva; ● Medidas antropométricas e história alimentar – limitados; ● Albumina sérica – resultar de efeitos da subnutrição e gravidade da doença; ● Transtiretina e transferrina - decréscimo da síntese hepática; ● Triagem nutricional (NRS - 2002); ● + de 48h em UTI: risco nutricional. Determinação das necessidades metabólicas Dieta de normoenergética a hipoenergética e hiperptoteica (para que a quebra de proteína não seja muscular, seja alimentar e haja minimização do catabolismo. Estimativa energética: ● Manutenção da massa corporal; ● Não se deve ter o objetivo inicial de anabolismo (objetivo diminuir catabolismo muscular entendendo que não será realizado anabolismo. O catabolismo só é revertido quando o paciente estiver estável da inflamação. Como o catabolismo está ligado à atividade inflamatória sistêmica e o padrão hormonal desencadeado, ele não será bloqueado somente diante da oferta de nutrientes); ● Apesar das necessidades aumentadas, o fornecimento de quantidade excessiva de energia deve ser evitado, pois o organismo é incapaz de metabolizar de maneira adequada uma quantidade elevada de energia, ocorrendo efeitos indesejáveis, como hiperglicemia, uremia, hiperosmolaridade, desidratação, excessiva produção de CO2, síndrome de realimentação, etc; ● GER (gasto energético em repouso) >38 61% do GEB; ● Aporte calórico inicial não deve ser maior que 35% a mais do GEB; ● Em casos muito graves, recomenda-se inicialmente 20 Kcal/kg/dia e a medida que o paciente melhorar, evoluir gradativamente, chegando em 25 a 30 Kcal/kg/dia, sempre com controle metabólico rígido para evitar hiperalimentação e síndrome de realimentação. Metas da TN: Durante a sepse e depois do trauma, incluem: ● A minimização da inanição; ● Prevenção ou a correção de deficiência de nutrientes específicos; ● Provisão de calorias adequadas para satisfazer as necessidades calóricas enquanto se está tentando minimizar as complicações metabólicas associadas; ● Restabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico para manter adequada a diurese e homeostase normal. Carboidratos: ● Não é possível reverter neoglicogênese; ● Diminui as proteínas para a neoglicogênese e diminui a formação de corpos cetônicos; ● Administração >0,2g/kg/h (200g/dia) está associado com aumento de catecolaminas, consumo de O2 e produção de CO2 (maior trabalho respiratório) e infiltração de triglicerídeos no fígado; ● Controle moderado de glicemia (150 – 180 mg/dL); ● Glutamina é um aa condicionalmente essencial em situação de lesão aguda. Proteínas: ● Evitar/reduzir mobilização de reserva tecidual; ● Maior consumo de tecido muscular periférico está associado a maior incidência de complicações; ● ASPEN (2016): 1,2 – 2,0 g/kg de peso/dia; ● Hemodiálise: 2,5 g/kg de peso/dia; ● Obeso: proteínas 2 g/kg de peso IDEAL/dia para IMC 30 a 40 ou 2,5 g/kg de peso IDEAL/dia para IMC acima de 40. Lipídeos: ● Dieta rica em lipídeos pode levar a imunossupressão, alteração na função de membrana e de produção de eicosanoides; ● TCM: fonte de energia mais rápida de TCL; ● Ácidos graxos essenciais: ômega 3 e 6 (alteração na produção de eicosanoides) – 6 é pro-inflamatório; ● Não se recomenda fórmulas enriquecidas em ômega 3; ● Óleo de oliva: rico em alfa-tocoferol, fitosteróis e compostos fenólicos; ● Recomendação de 15% do VCT (mistura de TCM, TCL, oliva, óleode peixe x de soja); ● Em TNP, não exceder 1,5g/kg/dia. Vitaminas e minerais: ● Fornecer vitaminas e minerais suficientes para suprir o metabolismo; ● Pacientes com níveis muito baixos de vitamina D pode suplementar; ● Zinco pode ser importante marcador na sepse (diminui na inflamação); ● Antioxidantes pode ter efeito benéfico. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica Glutamina Pode atenuar a permeabilidade intestinal que acompanha doença e/ou lesões graves e diminuir a resposta inflamatória sistêmica acionada pelo intestino Fórmulas enterais Especialmente suplementadas, administradas a doentes graves ou pacientes com traumatismos severos e pacientes cirúrgicos têm sido documentadas como sendo benéfica em numerosos estudos Fibra dietética Mantém a integridade colônica. A fermentação colônica de fibra e de outros carboidratos não digeríveis produz os AGCC (evitar em casos de isquemia intestinal). Modalidade da TN: Preferência pela via mais fisiológica (TNE). Nutrição enteral: presença do alimento no TGI tem ação trófica, estímulo sobre hormônios e secreções intestinais – ação imunomoduladora. Início precoce: ● Usar nutrição trófica (10 a 20 cal/h ou 500 cal/dia) na fase aguda e não usar TNP nesta fase; ● Avançar TNE 24-48h após alcançar estabilização hemodinâmica para 80% do alvo na primeira semana; ● Não há evidências de benefícios no uso de zinco, selênio e outros antioxidantes nesses pacientes; ● Não está recomendado uso de imunonutrientes em pacientes com sepse. Restrição hídrica: considerar volume da TNE (paciente com restrição hídrica é comum hiperprtoteica e hipercalórica). Quando iniciar a TNP em pacientes críticos ASPEN (2016): ● Paciente com menor risco nutricional: aguardar 7 dais para iniciar a TNP; ● Paciente com maior risco nutricional: TNP imediato e tentar nutrição trófica (10 a 30 cal/h) juntamente com a TNP; ● TNE insuficiente (<60% do VCT) independente se menor ou maior o risco nutricional – esperar de 7 a 10 dias para iniciar a NP. ESPEN: ● 3-7 dias; ● TNP precoce em desnutridos graves.
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