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REMIT Capacidade de responder a determinadas agressões, sejam elas de natureza cirúrgica, traumática ou infecciosa é um componente fundamental apresentado pelos seres vivos. É uma importante parte da reação de estresse que objetiva aumentar a probabilidade de um indivíduo sobreviver ao trauma. O resultado desta resposta coordenada envolve a manutenção do fluxo sanguíneo e da oferta de oxigênio para tecidos e órgãos e mobilização de substratos para utilização como fonte energética, cicatrização de feridas entre outros. Se o processo que levou a lesão tecidual é de pequena intensidade, a resposta endócrina, metabólica e humoral tende a ser temporária e a restauração da HOMEOSTASE metabólica e imune prontamente ocorre. Por outro lado, uma lesão grave, como observada no politrauma e queimaduras, pode desencadear uma resposta de tamanha magnitude, a ponto de ocasionar uma deterioração dos processos reguladores do hospedeiro e impedir a recuperação das funções celulares e de órgãos, fenômenos estes que levam, na ausência de intervenção terapêutica adequada, ao óbito. Embora a resposta biológica ao trauma tenha como princípio básico preservar o organismo, concluí-se que, dependendo da intensidade da agressão sofrida, a resposta endócrina, metabólica e imunológica pode ser tanto benéfica na recuperação dos indivíduos afetados, como maléfica, como em casos de traumatismos extensos. O termo “REMIT”, utilizado com frequência na literatura médica, consistia na elevação esperada de determinados hormônios e diminuição de outros em resposta a uma lesão. Com o avanço das pesquisas no campo das ciências básicas e no estudo do paciente crítico, observou-se que indivíduos em estado grave apresentavam também uma resposta imune, que englobava um aumento da síntese e liberação de mediadores humorais e da inflamação. Atualmente esses mediadores possuem importância fundamental em cirurgia e determinam em pacientes críticos ou em pós-operatórios, sinais clínicos que anteriormente eram difíceis de ser entendidos. Dentre estes mediadores citamos: as citocinas (TNF, ILs, etc.), os radicais livres de oxigênio, os opióides endógenos, o ácido araquidônico e os produtos de seu metabolismo (prostaglandinas e tromboxanes) e o Complemento Ativado. Funções da REMIT Preservar órgãos nobres Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos Estabilizar funções hemodinâmicas e pressão arterial Criar fontes alternativas de energia Garantir fornecimento de nutrientes ao cérebro e ao coração Resposta Inflamatória A resposta inflamatória pode evoluir em diversos estágios, dependendo do estímulo desencadeante. Os sinais cardinais que apontam para um evento inflamatório são: Dor, rubor, calor, tumor e perda da função. Considera-se com Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) todo doente que apresenta pelo menos 2 itens ou mais, entre: Frequência Cardíaca (FC) > 90 BPM Frequência Respiratória (FR) > 20 irpm ou PaCO2 < 32 mmHg Temperatura (T) > 38° Celsius (C) ou < 36°C Contagem de leucócitos > 12.000 cels/mm3, < 4.000 cels/mm3 ou > 10% de células imaturas (bastões). SIRS + Foco Infeccioso (FI) comprovado com cultura = Sepse SIRS + FI + Choque circulatório = Sepse Grave SIRS + FI + Choque circulatório não revertido com volume e necessidade de droga vasoativa (noradrenalina, por exemplo) = Choque Séptico Infecção sem disfunção = infecção suspeita ou confirmada, sem disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais de SIRS Sepse = infecção suspeita ou confirmada associada a disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais de SIRS Choque séptico = sepse que evolui com hipotensão não corrigida com reposição volêmica (PAM ≤ 65mmHg), de forma independente de alterações de lactato Resposta Metabólica Resposta Metabólica a Inflamação e ao Estresse Orgânico Grave A resposta à inflamação grave (e principalmente ao trauma) consiste numa série de alterações metabólicas que facilitam a recuperação do organismo e diminuem a extensão da lesão do hospedeiro. Classicamente, essa resposta inclui pelo menos duas fases bem características: 1. Fase inicial (Fase de Choque) 2. Fase seguinte (Fase de Fluxo) FASE DE CHOQUE (EBB FASE) Predomínio da circulação inadequada, metabolismo anaeróbio, acidose e aumento do lactato sérico. Geralmente de curta duração após trauma agudo (cirurgia, queimaduras, etc.). Organismo desacelera seu metabolismo, priorizando a sobrevivência. Não mais do que 18-72 horas em instabilidade hemodinâmica: Redução do consumo de O2 e a terapia nutricional é de pequeno valor (exceto talvez pela nutrição enteral precoce, que preserva a mucosa intestinal e talvez iniba complicações como a translocação intestinal de microorganismos). O reequilíbrio hemodinâmico, com manutenção da perfusão tecidual adequada, regulação do pH dos líquidos corporais e etc., são prioritários durante a fase de baixo fluxo. FASE DE FLUXO (FLOW FASE) Após o trauma (ou inflamação) grave, o hipotálamo recebe sinais neuronais aferentes, transmitindo estímulos como dor, hipóxia, hipotensão, medo, ansiedade e outros. Há aumento do consumo de O2 (hipermetabolismo) e o organismo mobiliza todas as fontes de energia, incluindo gorduras (lipólise) e proteínas (proteólise com hipercatabolismo) para sua recuperação completa. Substâncias como interleucina-1 (IL-1), as prostaglandinas, os fatores de complemento e endotoxina estimulam o hipotálamo, que por sua vez secreta (ou induz a secreção pancreática e da suprarrenal) hormônios como cortisol, catecolaminas, glucagon, insulina, ADH, GH, endorfinas, etc. O estado metabólico prévio do doente modula a intensidade da resposta pós-operatória. Resposta Metabólica ao Jejum Necessidade energética Em condições de repouso (metabolismo basal), o dispêndio calórico do organismo adulto é de 25 a 30 Kcal/dia, ou seja, por volta de 1.600 a 1.800 Kcal/dia, para uma pessoa de estatura e peso medianos. Sob condições normais, o paciente supre a necessidade energética diária por meio de ingestão de alimentos. No entanto, após o trauma, a ingestão de alimentos na grande maioria das vezes, é interrompida, levando o organismo a recorrer a medidas não usuais, a fim de suprir a demanda energética. A ação mais simples é obtenção de calorias por meio do uso das reservas de glicogênio, medida efetivada pelo organismo. Entretanto, as reservas de glicogênio acabam rapidamente: elas se localizam principalmente no fígado e no tecido muscular, constituindo no adulto cerca de 1.200 a 2.000 Kcal, que são consumidas nas primeiras 15 a 18 horas (até 24-30 horas). Como há persistência da demanda calórica, e a ingestão de alimentos está ausente ou deficitária, inicia-se, então, um catabolismo celular, em que calorias são obtidas a partir de reservas de proteínas e lipídeos. Proteólise & Lipólise A degradação de moléculas protéicas e lipídicas oferece um importante recurso na gênese de calorias. De modo geral, proteínas participam gerando 15% das calorias, ao passo que lipídeos contribuem com cerca de 85% da calorias. Desse modo, a principal reserva do organismo para fornecimento adicional de calorias é o tecido adiposo. Este constitui no adulto normal cerca de 25% do peso corpóreo, podendo contribuir, portanto, com um considerável valor energético. Os lipídeos fornecem calorias a taxa de 9 Kcal/g. Excluído o fato de aumento de ácidos graxos na corrente sanguínea e a decorrente perda de peso, não há nenhum inconveniente para o organismo com a lipólise, o que é diferente para a proteólise, pois o catabolismo protéico ocorre fundamentalmente com a degradaçãode tecido muscular e implica correspondente perda de função. Enquanto perdura o catabolismo protéico, há aumento da liberação na corrente sanguínea de nitrogênio e de potássio, com consequente aumento de excreção urinária dos mesmos, e o organismo apresenta, nesse período, um balanço negativo de ambos. Na degradação protéica, 1g de proteína gera 1 g de glicose, que corresponde a 4 Kcal de energia. Para que se compreenda a extensão do catabolismo protéico, convém salientar que 1 g de nitrogênio equivale a 6,25 g de proteína, que, por sua vez, equivale a 30 g de tecido muscular. Massa Muscular Corpórea Total = +-28 Kg Uma gastrectomia sem complicações implica na eliminação urinária de 50 g de nitrogênio, havendo, portanto, perda de cerca de 1,5 kg de tecido muscular. Gliconeogênese (Neoglicogênese): A gliconeogênese supre as necessidades de glicose pelo organismo, quando o carboidrato não está disponível em quantidade adequada na dieta. Ela consiste na formação de glicose (ou glicogênio) a partir de fontes não glicídicas e ocorre sob condições normais, principalmente no fígado e no rim. No pós-trauma, encontra-se acentuada, no sentido de fornecer ao organismo a glicose necessária como fonte de calorias. Cetose Em consequência do estado de alta demanda energética do pós-trauma, o organismo recorre à lipólise como fonte adicional de calorias. Isso acarreta liberação acentuada de ácidos graxos livres na circulação e, na vigência de níveis elevados de oxidação de ácidos graxos, há produção acentuada dos chamados “corpos cetônicos” pelo fígado: essa ocorrência é conhecida como Cetose, que, de modo geral, não ocorre no organismo sob condições normais. Os corpos cetônicos consistem no aceto-acetato, acetona e Beta-hidroxibutirato (composto quantitativamente predominante). Uma vez formados, eles passam a circulação, com aumento de sua concentração no sangue periférico e na urina. A cetose é semelhante à que ocorre no diabetes não controlado e, quando excessiva, pode levar à depleção de reserva alcalina sanguínea e ceto-acidose. Glicose Uma vez que a glicose alcança a circulação, sua captação periférica é facilitada pela insulina, mas, na resposta geral ao trauma, essa ação da insulina está parcialmente bloqueada. Como decorrência da oferta de glicose e do bloqueio parcial à sua captação celular, há uma tendência a hiperglicemia. O nível sanguíneo de glicose no organismo normal é regulado pela produção balanceada de insulina, que diminui a glicemia, e por outros hormônios, cuja as ações elevam a glicemia, que são o glucagon, a adrenalina, o GH (hormônio do crescimento) e os glicocorticoides (cortisol). Esses 4 hormônios estão aumentados na resposta geral do trauma (Contrarreguladores). Alcançando o tecido periférico, a glicose pode ser completamente oxidada a dióxido de carbono e água (ciclo de Krebs – 38 ATPs) ou parcialmente degradada a lactato. Nesse segundo caso, a quantidade de calorias liberadas no processo catabólico é bem menor (2 ATPs), mas o lactato pode ser reutilizado pelo organismo na gliconeogênese, de modo a originar novamente glicose. A sequência entre a glicólise parcial a lactato, que ocorre principalmente ao nível de tecido muscular estriado, eritrócitos e ferida, seguido pelo transporte do lactato ao rim e ao fígado para formar novamente glicose, que a seguir é lançada de novo na circulação para uso energético, constitui o chamado CICLO DE CORI. Proteínas (Alanina e Glutamina) A alanina e a glutamina são os principais aminoácidos liberados na proteólise muscular. Principalmente por meio delas que o nitrogênio é transferido do tecido muscular para os órgãos viscerais. Subsequentemente, o nitrogênio assim carreado tem parte substancial eliminada na urina, em decorrência da REMIT, dando origem ao balanço nitrogenado negativo. A principal via de excreção de nitrogênio pelo organismo é através da uréia, que é sintetizada no fígado, liberada na circulação e, posteriormente, eliminada na urina. A ALANINA, proveniente do músculo, é derivada do PIRUVATO, que por sua vez, é oriundo da glicose muscular. Durante a resposta ao trauma ou a cirurgias eletivas, a proteólise faz com que a alanina seja liberada do músculo, ganhe a circulação e seja “transformada” no fígado em glicose (gliconeogênese) – CICLO DE FELIG. Resposta Endócrina Alterações Endócrinas 1. Hormônio Antidiurético (ADH ou Vasopressina): A secreção do ADH está aumentada pelo estímulo da área traumatizada. Age no túbulo contornado distal e no ducto coletor do néfron (RINS), aumentando a permeabilidade à água nestes segmentos. Esse aumento perdura até o 4° ou 5° PO. 2. Aldosterona: Mineralocorticóide, controla os níveis plasmáticos dos íons sódio e potássio. Exerce seu efeito no túbulo contornado distal e no ducto coletor do néfron, aumentando a reabsorção de sódio e a excreção de potássio. A reabsorção de sal (NaCl), por sua vez, reabsorve água (por osmose). A capacidade de excretar o excesso de água fica diminuída no PO. Em cirurgias de médio e grande portes ocorre aumento de renina, angiotensina II e aldosterona. 3. Cortisol: Exerce importantes efeitos no metabolismo dos carboidratos (Aumenta a glicogenólise > Aumenta a glicemia), proteínas (proteólise e redução de síntese protéica) e gorduras (lipólise). Além disso estabiliza a membrana de lisossomas . O aumento do cortisol acontece 4-12 horas no pós- operatório. Se ocorrer trauma prolongado (ex. queimaduras), o aumento de cortisol fica sustentado. Ele tem efeito de catabolismo. EIXO HIPOTÁLAMO (CRF: Fator Liberador da Corticotrofina) – HIPÓFISE (ACTH: Corticotrofina) – ADRENAL (Cortisol) 4. Catecolaminas: A secreção de adrenalina e noradrenalina ocorre progressivamente no pós-operatório (PO), mantendo-se em 2-48 horas nas cirurgias de grande porte. Tem grande participação no metabolismo: Glicogenólise, Gliconeogênese, mobilização de aminoácidos musculares, Hidrólise de lipídeos (lipólise). Repercussões Hemodinâmicas: Vasoconstricção, aumento da frequência cardíaca e estimulação do coração. Outros efeitos: Atonia intestinal no PO (associado aos opióides endógenos), piloereção, boncodilatação, relaxamento esfincteriano. 5. Insulina: Ação: Armazena glicose na forma de glicogênio; Favorece incorporação de aminoácidos aromáticos nas proteínas musculares. Com o aumento de catecolaminas no PO, a produção de insulina fica limitada. A insulina circulante é menor do que as necessidades em relação à glicose sanguínea (que está elevada). Além disso, a vida média da insulina está baixa. É por isso que no PO existe hiperglicemia semelhante ao diabetes. A insulina é o principal hormônio de efeito anabólico. 6. Glucagon: Ação: Degrada glicose e lipídeos + Bloqueia formação de glicogênio + Favorece a transformação de aminoácidos aromáticos em glicose no fígado (gliconeogênese). Apesar de os níveis de glicemia estarem elevados, observamos o aumento do glucagon plasmático. Esse aumento é diretamente proporcional à intensidade do trauma. 7. GH (Hormônio do Crescimento): No período pós-agressivo existe um aumento de GH. De modo geral, qualquer trauma significativo pode causar aumento dos hormônios da hipófise (GH, ACTH, ADH). O GH é um hormônio anabólico. Este peptídeo tem ação em mobilizar gorduras do tecido adiposo e promover lipólise. O GH estimula a síntese hepática do fator de crecimento insulina-símile (IGF-1) que é substância pela qual exerce a maioria de suas funções, principalmente as anabólicas, como a síntese proteíca. O GH vem sendo estudado para melhorar a resposta ao trauma. Resposta Imunológica A partir da década de 80, vários trabalhos têm demonstrado a importância de mediadores humorais na gênese do trauma e de processos inflamatórios. Observou-se que, mesmo após a atenuação da resposta endócrina, com diminuição dos níveis de hormônios associados, a resposta inflamatória persistia e, dependendo de sua intensidade, levava a alterações da função de vários órgãos e a falência de múltiplos sistemas, com elevada mortalidade. Temos conhecimento que estas substâncias ou mediadores se encontram intimamente relacionadas com a resposta humoral, além de explicarem, algumas manifestações clínicas apresentadas por pacientes cirúrgicos. Proteínas de Fase Aguda São proteínas sintetizadas na vigência de lesões teciduais (traumatismos extensos ou cirurgias). Têm função protetora ao organismo. Antiproteases (α-1 antitripsina e α-2 macroglobulina): Previne a ampliação do dano causado por enzimas liberadas pelos tecidos lesados e células fagocitárias. Ceruloplasmina: Ação antioxidante expressiva. Fibrinogênio e Proteína C Reativa (PCR): Auxílio no reparo das lesões teciduais Tipos de Resposta 1. Mediada pelas Citocinas 2. Mediadores das Células Endoteliais 3. Mediadores Intracelulares ->Radicais Livres Derivados do Oxigênio 4. Derivados do Ácido Araquidônico ou Eicosanóides 5. Sistema da Calicreína: Cininas 6. Opióides Endógenos 1. Resposta Mediada pelas Citocinas Interleucinas (ILs): Produzidas pelos macrófagos, linfócitos e leucócitos aderidos ao endotélio; Fator de Necrose Tumoral (TNF): Sintetizado preferencialmente por macrófagos ativados. Exemplos de efeitos: IL-1 e a PGE2: Febre (Estimulação hipotalâmica); IL-1 e TNF: Anorexia, o hipermetabolismo (com degradação proteíca e lipólise), o emagrecimento e a caquexia; Fator de Necrose Tumoral (TNF), Caquetina, ou Caquexina: Causa choque, falências de múltiplos órgãos, isquemias viscerais, trombose venosa, insuficiência respiratória, hipotensão arterial, anúria e acidose. Recursos terapêuticos para bloquear a ação das interleucinas e TNF: Uso de anticorpos monoclonais, anti- inflamatórios não esteróides – AINEs e glicocorticóides. 2. Mediadores de Células Endoteliais: Participam da coagulação e regulam o tônus vasomotor E Células Endoteliais: São capazes de sintetizar e liberar mediadores humorais, como o Fator de Ativação Plaquetária (FAP), a IL-1, as Prostaglandinas (PGI2 e PGE2), o Óxido Nítrico e pequenas quantidades de Tramboxane A2 (TXA2). Óxido Nítrico (NO) e Prostaciclina (PGI2): Ação vasodilatadora e diminuem a função plaquetária (ambas aumentas no trauma e choque séptico). Fator de Ativação Plaquetária (FAP): Sintetizada e liberada pelas células endoteliais → Estimula a produção de TXA2 (aumento na agregação plaquetária e vasocontricção). 3. Mediadores Intracelulares / Radicais Livres Derivados do Oxigênio (RLDO): São moléculas que contém elétrons não emparelhados em seu orbital externo. Apresentam vida média de milissegundos, mas exerce sua atividade oxidativa citotóxica inclusive sobre microorganismos invasores. Promovem alterações metabólicas nas proteínas (inativação de enzimas), nos lipídeos celulares (peroxidação de membranas), nos carboidratos (despolimerização dos polissacarídeos), nos ácidos nucleicos (oxidação de bases nitrogenadas, o que fragiliza as cadeias de DNA – potencial de carcinogênese / mutações). Mecanismos de defesa intracelulares: Inativação dos radicais livres (superóxido dismutase – mitocôndrias e todas as células; catalase e glutatião) embora as reservas biológicas esgotam-se quando da manutenção do agente agressor. Resposta Mediada pelas Citocinas 4. Derivados do Ácido Araquidônico ou Eicosanóides: Os mediadores lipídicos são liberados durante processos de isquemia/reperfusão ou em estados inflamatórios, por ação dos radicais livres. Uma vez ativada, a fosfolipase A2 degrada o ácido araquidônico (principal ácido graxo poliinsaturado nas membranas celulares) por duas vias enzimáticas principais: a cicloxigenase e a lipoxigenase. A via da cicloxigenase induz a síntese de prostaglandinas e tromboxane, enquanto a que a ação da lipoxigenase promove o surgimento de mediadores como leucotrienos e os ácidos hidroxieicosatetranóicos (5-HETE). Como descrito antes, a PGI2, é sintetizada pelo endotélio, enquanto as demais prostaglandinas são produzidas por todas as células nucleadas, com exceção dos linfócitos. O TXA2 é sintetizado pelas plaquetas. Leucotrienos: São potentes quimiotáxicos para os neutrófilos ativados, além de induzirem o aumento da permeabilidade vascular, promovem a contração da musculatura lisa do trato gastrointestinal, diminuição do débito cardíaco, broncoconstricção, e vasoconstricção pulmonar. Dentre os leucotrienos, o LTB4 tem sido o mais pesquisado. Existem antagonismos farmacológicos destes produtos da degradação do ácido araquidônico: Aspirina e Anti- Inflamatórios Não Esteróides – AINES (ex. diclofenaco) inibem a via da ciclooxigenase. Os glicocorticóides inibem a vai da fosfolipase A2, inibição da ativação dos macrófagos e quimiotaxia e marginação dos polimorfonucleares – PMN. 5. Sistema Calicreína – Cininas: A Calicreína é uma serina protease (enzima) que se encontra inativa no interior das células. Sob estímulos variados, como a presença do fator XII da coagulação, tripsina e lesão tecidual, esta enzima age sobre o cininogênio, produzindo a bradicinina. A bradicinina aumentada é observada nas queimaduras, na endotoxemia, nas hemorragias, na sepse e no trauma. Ações: Aumento da permeabilidade capilar, do edema tecidual, promove dor e broncoconstricção. Correlação clínica direta com a magnitude da lesão tecidual e com a mortalidade. 6. Opióides Endógenos: Estas substâncias são neuropeptídeos (endorfinas e encefalinas) liberados pela hipófise anterior em consequência a hipovolemia, hipóxia, infecção e a estímulos provenientes da região de trauma. Agem nos mesmos receptores cerebrais e medulares da morfina. Efeitos: Diminuição da dor, depressão miocárdica, vasoconstricção e aumento da resistência periférica, atonia intestinal além da inibição da bomba de sódio/potássio. RESUMINDO Resposta Metabólica: Glicogenólise (glicogênio consumido), lipólise (principal reserva) e proteólise (perda de função), balanço negativo de nitrogênio e potássio, gliconeogênese, cetogênese (acúmulo de corpos cetônicos), glicólise total e parcial, cilclo de Cori e ciclo de Felig. Tendência a hipeglicemia. Resposta Endócrina: Aumentados: hormônio antidiurético (ADH), aldosterona, cortisol, catecolaminas, glucagon (efeito catabólico) / hormônio do crescimento (GH)* - Efeito anabólico. Diminuído: Insulina (efeito anabólico). Resposta Imunológica / Inflamatória: SIRS; Resposta mediada pelas citocinas, células endoteliais, mediadores intracelulares, derivados do ácido araquidônico, Sistema Calicreína-Cininas e opióides endógenos. Possibilidades de modificar as Respostas Pós-Operatórias Cirurgias sem incisão aberta em cavidades (as laparoscópicas): Resposta endócrina de menor intensidade (IL-1). Quantidade reduzida de leucócitos presentes na ferida operatória, com menor produção de mediadores humorais. Anestesia Peridural: Valores de cortisol, ácidos graxos livres (lipólise) e aldosterona, praticamente com níveis normais. Essas vias aferentes bloqueadas, impedem estímulos ao SNC, com diminuição da síntese de ACTH e, indiretamente, do cortisol. Utilização de GH exógeno: Redução da fase catabólica, com uma menor perda de massa magra. Infelizmente, esse efeito demonstrou ser benéfico apenas em crianças grande queimadas.
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