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GABRIELA GUCKERT DE OLIVEIRA GABRIELA GUCKERT DE OLIVEIRA M ARKETING PESSOAL E ETIQUETA Gabriela Guckert de Oliveira Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6546-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 5 4 6 2 Código Logístico 58978 MARKETING PESSOAL E ETIQUETA Marketing pessoal e etiqueta IESDE BRASIL 2019 Gabriela Guckert de Oliveira © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: IESDE Brasil S/A Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ O47m Oliveira, Gabriela Guckert de Marketing pessoal e etiqueta / Gabriela Guckert de Oliveira. - 1. ed. - Curitiba [PR]: IESDE Brasil, 2019 94 p. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6546-2 1. Sucesso nos negócios. 2. Comportamento organizacional. 3. Autoprojeção. Eti- queta comercial. I. Título. 19-60251 CDD: 650.1 CDU: 005.336.6 Gabriela Guckert de Oliveira Pós-graduada em Direito Aduaneiro e Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Graduada em Direito pela Faculdade Cesusc (mantida pelo Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina). É gerente comercial. Atua como professora no ensino superior, ministrando disciplinas de Marketing Pessoal e Etiqueta. Sumário Apresentação 7 1 O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 9 1.1 Mercado e economia 9 1.2 Marketing pessoal e sua importância no ambiente de trabalho 11 1.3 Marketing pessoal como ferramenta para estabelecer objetivos e metas 15 1.4 Comunicação interpessoal 16 1.5 Networking 20 2 Valorização da própria imagem profissional 25 2.1 Construção da marca pessoal 25 2.2 Como manter a imagem de marca? 30 2.3 Como recuperar uma imagem “arranhada”? 32 2.4 Diferentes posturas em diferentes ambientes corporativos 34 3 Regras de etiqueta no mundo corporativo 39 3.1 Ética e civilidade 39 3.2 Apresentação e postura 42 3.3 Etiqueta nas redes sociais 44 3.4 Boas maneiras no ambiente corporativo 48 4 Mercado de trabalho 55 4.1 Currículo 55 4.2 Entrevista 62 4.3 Negociação e pretensão salarial 66 4.4 Empreendedorismo e trabalhos autônomos 68 5 Comunicação oral e escrita em contextos formais 73 5.1 Carta, memorando e e-mail 73 5.2 Comunicação por telefone 79 5.3 Palestras e apresentações 81 5.4 Erros que devem ser evitados na comunicação 84 Gabarito 89 Apresentação Em um mercado de trabalho cada vez mais concorrido, ter formação superior, especialização ou conhecimento de outro idioma pode não ser mais um diferencial. Considerando-se a quantidade de profissionais disponíveis para uma mesma função, com competências e qualificações semelhantes, você já parou para pensar sobre como se diferenciar? Nesta obra, apresentamos respostas para essa e outras perguntas, além de técnicas, ferramentas e sugestões sobre marketing pessoal e etiqueta para que você possa estabelecer ou repensar seus objetivos, aproximando-se, assim, de sua realização profissional. Dessa forma, abordamos, no primeiro capítulo, questões conceituais de marketing e suas conexões com a economia e o marketing pessoal, bem como conhecimentos teóricos e práticos de comunicação interpessoal, que facilitam o reconhecimento do indivíduo no mercado de trabalho. Além disso, demonstramos como o marketing pessoal, desde que sempre pautado por autoconhecimento, originalidade e honestidade, torna-se uma excelente ferramenta para alcançarmos metas. Seguindo esse contexto, no segundo capítulo, aprofundamos algumas orientações e noções para a construção, a manutenção e a recuperação da marca pessoal para que você possa ter uma postura apropriada no ambiente de trabalho e, consequentemente, ampliar seu valor de mercado. Levando em consideração que o convívio em sociedade, com o objetivo de promover um ambiente harmonioso para todos, deve ser pautado pelo respeito e pela educação, construímos o terceiro capítulo, no qual são apresentadas orientações sobre boas maneiras e etiqueta on-line e off-line. Esses direcionamentos são formados com base nos conceitos de ética e civilidade, de modo a contribuir para a formação da marca pessoal. No quarto capítulo, abordamos questões para aprimorar a propaganda pessoal por meio do currículo e da entrevista. Fundamentados nas regras de civilidade e boas maneiras – também essenciais em uma situação de novo emprego –, lidamos com situações de negociação entre entrevistado e entrevistador. Mas, caso seu objetivo não seja conseguir um emprego e trabalhar como celetista, não desanime! Nesse capítulo, conheceremos, ainda, a livre iniciativa (empreendedorismo) e os trabalhos autônomos, compreendendo os desafios envolvidos nessas áreas. Por fim, no último capítulo, mergulhamos na comunicação verbal e escrita, retomando as noções de comunicação interpessoal. Dessa maneira, explicamos os padrões e as estruturas profissionais adequados para e-mails, cartas ou memorandos, além de abordarmos os comportamentos apropriados na realização de palestras e apresentações, citando os erros mais comuns e que devem ser evitados na comunicação. Este livro não se limita apenas às questões conceituais, mas trata também das questões práticas do mercado, com exemplos didáticos que podem ajudá-lo no entendimento da matéria e no desenvolvimento de uma visão holística sobre o assunto. Ao proporcionar dicas sobre o processo de inserção e comportamento no mercado de trabalho, permite que você identifique o seu valor, que será percebido pelo contratante. Esta obra apresenta, ainda, um momento de reflexão sobre o caminho a ser traçado e o que fazer para transformar objetivos em realidade. Bons estudos! 1 O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo Neste capítulo, abordaremos as questões conceituais do marketing e suas conexões com economia e marketing pessoal, bem como conhecimentos teóricos e práticos de comunicação interpessoal e a percepção das pessoas diante dessa interação, que levam ao sucesso no ambiente de trabalho. 1.1 Mercado e economia Para entender as tendências do mercado de trabalho e do marketing, é importante conhecer economia, sistemas econômicos e mercados existentes, pois, assim, conseguiremos definir “onde estamos” e “para onde vamos”. A economia é um dos fatores primordiais para traçar uma estratégia de marketing apoiada no entendimento do perfil de consumo, com base em fatores de gasto e renda, e para estabelecer o público-alvo das ações de marketing. Afinal, como a economia pode ser definida? Para os economistas clássicos como Adam Smith (1996), a economia é a ciência que estuda produção, distribuição, circulação e consumo dos bens e serviços, ou seja, que estuda riqueza. E como a economia e o marketing estão relacionados? De acordo com Ciletti (2017), as empresas trabalham para que seus produtos e serviços sejam necessários aos consumidores. Dessa forma, eles precisam escolher o seu serviço/produto em detrimento de algum outro, uma vez que os recursos são escassos. As necessidades e os desejos são ilimitados, enquanto os recursos são limitados, gerando a escassez. Ainda de acordo com a autora, a tendência é comprar mais quando o preço é menor. Segundo a lei da oferta e da procura, a quantidade de demanda de um produto relaciona-se inversamente ao preço: quanto mais baixo o preço, maior a demanda (CILETTI, 2017). Além disso, os consumidores escolhem produtos e serviços que geram satisfação conforme a utilidade econômica, ou seja, precisam estar disponíveis no momento em que o consumidor deseja (utilidade de tempo), onde o consumidor deseja (utilidade de lugar), na forma atual como o produto se apresenta (utilidade de forma) e devem possibilitar a aquisição/posse do produto de diversas maneiras (utilidadede posse). Todos os conceitos econômicos elencados estão intimamente relacionados à estratégia de comercialização, e os sistemas econômicos explicados nos próximos parágrafos respondem a três perguntas relevantes para o planejamento de qualquer companhia: Quais bens e serviços serão produzidos? Como serão produzidos? Para quem serão produzidos? De acordo com Ciletti (2017), temos quatro tipos de sistemas econômicos que se desenvolveram com o tempo e são conceituados da seguinte forma: Vídeo Marketing pessoal e etiqueta10 • Economia tradicional: tem como premissa a satisfação das necessidades básicas das pessoas por comida, vestuário e moradia. Está na base da pirâmide e tudo é definido por costume e tradições. • Economia de comando: o governo controla todos os recursos e determina o que será produzido. Nesse sistema, o indivíduo não se beneficia diretamente do seu trabalho. É utilizado em Cuba e na Coreia do Norte. • Economia de mercado: a oferta e demanda movimentam a economia. Tudo se baseia na pura escolha dos indivíduos sobre quais produtos desejam comprar, escolaridade, carreiras. Aqui temos o capitalismo puro, conceituado na obra de Adam Smith (1996). • Economia mista: esse sistema mescla a economia de mercado com a economia de comando e é utilizado na maioria dos países, conhecido como capitalismo. A economia do Brasil é mista, os indivíduos são livres para possuir propriedade privada e é permitida a livre concorrência visando ao ganho econômico, contudo, o governo regula os negócios e detém outros, bem como possui programas governamentais para apoiar membros da sociedade. Exemplos clássicos de órgãos reguladores de negócios são o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avalia os atos de concentração econômica prejudiciais à livre concorrência, e o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que regulamenta a veiculação de publicidade no país. Acerca da ajuda à sociedade, o Brasil possui uma vasta lista de programas nas áreas da educação e saúde. A partir de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, iniciou-se, no Brasil, o período da industrialização e desenvolvimento, com a instalação de indústrias, como siderúrgicas e petroquímicas, e o aumento significativo da renda per capita no país. Aqui temos a primeira geração do marketing no Brasil, recebida com receio pela indústria e com pouca utilização em vendas e promoções. Após 1969, ocorre o Milagre Econômico. Nesse período, o produto interno bruto (PIB) brasileiro cresceu 12% e o Brasil começou a receber investimento estrangeiro, bem como tivemos grandes avanços, como a Ponte Rio-Niterói, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a Rodovia Transamazônica, os shopping centers, os hipermercados e a popularização da televisão. Com isso, o marketing passou a ser estruturado nas empresas por meio de estratégias de promoções e venda, utilizando o magnetismo da televisão e das rádios FM. As revistas e publicações começaram a entender melhor o seu público e a segmentar as edições. Entretanto, logo após essa gloriosa era, o país se viu afundado em dívida externa e com uma inflação vertiginosa. Para conter essa inflação e tentar aquecer a economia, tivemos diversos planos econômicos fracassados até chegarmos ao Plano Real, que denotou uma estabilidade monetária. Durante esse período, o marketing no Brasil se organizou e se preocupou com o planejamento e a formatação das identidades corporativas (a imagem das empresas). Atualmente, a economia do país está sofrendo com grande instabilidade econômica. Entretanto, o marketing está evoluindo, assim como a tecnologia, buscando atrair novos clientes, manter os atuais e antecipar as necessidades de todos. A comunicação e o marketing de relacionamento são mais importantes do que nunca. A noção de marketing deixou de ser a de um único departamento para se enraizar em toda a companhia, com a “visão cliente”. O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 11 As inovações tecnológicas, principalmente os meios de comunicação e a tecnologia da informação, mudaram a forma do fornecimento de serviço, e as empresas precisam se reinventar e buscar a satisfação plena dos consumidores, que são cada vez mais exigentes. O perfil de consumo se renova em uma velocidade assustadora e a máxima utilizada por empresas, administradores e colaboradores é a frase de Peter Drucker (2002): “mude antes que seja preciso”. Assim como a economia, a administração também evoluiu, acompanhando as tendências de mercado e se adequando à nova realidade. O administrador tem responsabilidades específicas, de acordo com o nível gerencial, mas algumas características são essenciais para a sua transformação em um verdadeiro líder, tais como: determinação, capacidade de motivar, interação com indivíduos e empresas, coragem, adaptabilidade, competência, boa comunicação com colaboradores, carisma e disposição para aceitar responsabilidade. As qualidades e competências mudam de acordo com a época e com o mercado em que se encontram. É certo afirmar que grande parte das competências e habilidades exigidas hoje são diferentes das que serão procuradas daqui a 50 anos. O site da revista Época Negócios tem uma gama de reportagens sobre esses assuntos e a mais relevante para o nosso tema é a da jornalista Bruna Castro (2018), que trata das habilidades para as profissões do futuro, com destaque especial para a resiliência, o bom relacionamento com as máquinas e a construção da marca pessoal. A jornalista aponta que, em 2030, a população mundial chegará a 8,6 bilhões de pessoas de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Assim, é necessário nos tornarmos conhecidos e, por isso, a construção da marca pessoal é tão importante e valorizada. Pensando nisso, devemos sempre nos atualizar, criar nossa marca/identidade e estar atentos às constantes mudanças da sociedade e economia. 1.2 Marketing pessoal e sua importância no ambiente de trabalho Antes de falarmos de marketing pessoal, é importante entender o conceito de marketing. Ouvimos constantemente que o marketing nas empresas é estratégico ou que marketing é sinônimo de estratégia. Será que é isso mesmo? Ou o marketing é um processo puro de venda? Ambas as afirmações estão parcialmente corretas, mas o marketing não é só isso. A origem da palavra é inglesa e, no português, se aproxima da palavra mercadologia; é o estudo das relações de consumo, que visa aumentar o fluxo de vendas. Para Kotler (2006, p. 4), o marketing é “um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para clientes, bem como a administração do relacionamento com eles”, ou seja, a fidelização/manutenção do cliente. O marketing é uma estratégia que visa estimular a troca entre indivíduos para que obtenham o que desejam e aquilo de que necessitam, ou seja, a percepção de valor é essencial. Desejo e necessidade precisam estar atrelados à satisfação; não adianta desejar e precisar de algo se, ao final, não houver satisfação para ambas as partes: Vídeo Marketing pessoal e etiqueta12 você faz uma transação monetária quando vai a uma loja e troca dinheiro por uma garrafa de água gelada. A água é valiosa para você, pois está com calor e sedento, e o dinheiro é valioso para a loja porque ela lucra ao vender a água. Porém, a troca deve entregar satisfação: o desempenho do produto ou serviço deve atender às expectativas do consumidor. Se a água “gelada” estiver morna, a troca não será satisfatória. Você pode até voltar à loja para reclamar. (CILETTI, 2017, p. 5) Contudo, o marketing não envolve apenas a venda do produto. De acordo com a autora, as principais funções do marketing são: planejamento, administração do produto/serviço, promoção, venda, precificação, distribuição, administração de informações de marketing, financiamento e gestão de risco (CILETTI, 2017). Diante dessas funções, depreende-se que o marketing envolve todo o negócio, desde o desenho das estratégiase a projeção de novos produtos até a análise de performance, reprecificação e redução dos riscos relacionados às decisões negociais. Considerando que marketing é uma troca entre duas partes, desde que haja valor envolvido, o emprego também é uma forma de troca, uma vez que se espera que o trabalho desenvolvido gere valor para o empregador e que em troca o colaborador receba uma remuneração, previamente negociada diante dos serviços prestados. Após a negociação do salário e das funções no início da relação laboral, precisamos cumprir com todas as promessas de conhecimento e competências que afirmamos possuir, visando à manutenção da relação de emprego e a outros cargos na empresa. Esse é um paradoxo, uma vez que, em processos seletivos, não precisamos exagerar, fazendo afirmações como “conheço tudo de Excel”, mas, sim, ser honestos com nós mesmos e com os recrutadores. Aquele que reconhece suas dificuldades e se esforça para melhorar demonstra integridade, pois a essência do marketing pessoal é a verdade. Precisamos reconhecer a verdade para que possamos construir relações duradouras e significativas. É preciso despertar a atenção por atitudes consideradas positivas, com muita destreza e sem aparentar falsidade, como uma bijuteria de má qualidade passando-se por ouro. Conforme esclarece Persona (2009, p. 84, grifo nosso), “quando a desconfiança prevalece, a esperteza tem menor expectativa de vida. Hoje é preciso ser o que o cliente quer ver, não apenas aparentar”. O marketing pessoal aplica os mesmos conceitos e funções do marketing só que ao indivíduo, ou seja, promover, vender, precificar, distribuir, planejar, analisar, entre outros. Ele visa tanto ao aprimoramento pessoal quanto ao profissional, com estratégias e métodos definidos, valorizando o ser humano e ajustando o comportamento aos objetivos e interesses pessoais. Ritossa conceitua marketing pessoal de modo simples e direto: um conjunto de ações planejadas que facilitam a obtenção de sucesso pessoal e profissional, seja para conquistar uma nova posição no mercado de trabalho, seja para manter sua posição atual. Essas ações compreendem não só a divulgação de uma melhor imagem de nós mesmos, mas também o aprimoramento de nossas deficiências e o investimento em nossas qualidades. (RITOSSA, 2012, p. 17, grifos nossos) O objetivo do marketing pessoal é agregar valor a si mesmo para a construção de uma imagem positiva, conduzindo o indivíduo ao sucesso. Nesse contexto, o indivíduo é considerado um produto que pode ser aprimorado, de acordo com as palavras de Tascin e Servidoni: O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 13 Atualmente, para se destacar no mercado de trabalho a tendência é cada vez mais as pessoas utilizarem o marketing pessoal que, além de ajudar a identificar os pontos fortes, pode fortalecê-los, na medida em que agrega valor à imagem da pessoa, ajudando a identificar e desenvolver talentos, habilidades e competências. Hoje, além de criar e consolidar uma imagem positiva no mercado, é fundamental ser reconhecido por ela. E isso o marketing pessoal pode fazer, pois valoriza o ser humano, seus atributos e características, com o objetivo de possibilitar a utilização plena das capacidades e potencialidades não somente na área profissional como também na área pessoal. (TASCIN; SERVIDONI, 2005, p. 3) É importante considerar que no marketing pessoal precisamos ter mais cuidado, uma vez que o produto de uma empresa pode ser relançado, mas, quando o produto somos nós, fica difícil fazer vários recalls sem deixar uma mancha na imagem. Por exemplo, quanto mais crimes um indivíduo comete, maior será a sua ficha criminal e, consequentemente, maiores serão as máculas em sua imagem. Por mais que a pessoa “pague” o que deve à sociedade, sempre será um reincidente criminal. Esse é um exemplo drástico, mas podemos ver esse caso em situações cotidianas, como mentiras reiteradas, promessas não cumpridas etc. Um bom exemplo do que não se deve falar em uma entrevista, ou para amigos, é a afirmação de que só aceitará trabalhar por R$ 15.000,00, sabendo que a média de mercado para a vaga almejada é de R$ 5.000,00. Se não houver uma justificativa adequada para o pedido (em razão de suas competências e habilidades), todos pensarão que você está delirando. Além disso, as chances de você ser chamado para outra entrevista poderão diminuir. Por isso, é essencial uma autoanálise para conhecer muito bem o seu produto (pontos fortes e fracos) e ter uma visão ampla do mercado (concorrência, precificação, ameaças e oportunidades), permitindo que possamos nos qualificar e nos diferenciar perante os concorrentes. Parte do amadurecimento é conhecer quem somos e quais são nossos interesses, ou seja, quais são as atividades que nos dão prazer e refletem nossas habilidades. Uma ferramenta que pode nos ajudar com essa percepção é a análise SWOT, comumente utilizada em empresas para avaliar circunstâncias internas (forças e fraquezas) e externas (oportunidades e ameaças). Identificar essas questões é fundamental para traçar metas e elaborar um planejamento de marketing, com planos de ação para potencializar os pontos fortes, desenvolver os fracos, bem como aproveitar ao máximo as oportunidades encontradas. Outra ferramenta que pode nos apoiar é o MBTI, teoria de Bárbara Barron-Tieger e Paul Tieger que analisa os diferentes tipos de personalidade e os trabalhos compatíveis, fazendo com que a carreira seja satisfatória e prazerosa. O intuito do marketing pessoal é o crescimento pessoal e profissional, visando à atualização de competências, habilidades, conhecimentos específicos e gerais e, assim, possibilitando a visibilidade de suas características. Em outras palavras, é a comercialização de nossas competências e habilidades. Vale lembrar que a embalagem precisa ter conexão com o conteúdo, não adianta a embalagem estar impecável se o produto não corresponde ao que foi vendido. Lembre-se também de que todos temos defeitos; é normal e intrínseco ao ser humano, uma vez que ninguém é perfeito. O importante Marketing pessoal e etiqueta14 é jogar limpo e se sentir confortável com essa vulnerabilidade, pois somente ao assumirmos nossa condição real conseguiremos nos permitir mudar e melhorar como pessoas. Se assumimos que já sabemos tudo e que nosso maior defeito é sermos “perfeccionistas”, estamos nos limitando e nos fechando às oportunidades de aprendizado que a vida pode nos proporcionar. Afinal, ninguém vai explicar algo que já “sabemos”. Se no marketing a palavra central é troca, no marketing pessoal é a mudança. Em outras palavras, o marketing pessoal nos auxilia na transformação, na evolução do ser humano para uma versão aprimorada, iniciando pelo caráter e passando pelo comportamento, atitude e marca pessoal: Marketing pessoal é uma questão estrutural. Começa no caráter, passa pelo comportamento e atitude até chegar à reputação, que é a marca que você deixa nas pessoas. Clientes esperam algo de você, e cabe a você entregar aquilo que está dentro ou além das expectativas deles. Como vai fazer isso? É preciso começar de dentro para fora. Qualquer estratégia de marketing pessoal que se concentre apenas na imagem – naquilo que seu cliente percebe aqui e agora – pode ser facilmente desmascarada em um mundo onde todos se comunicam com uma facilidade nunca vista. É claro que vai ser preciso uma boa dose de inteligência no processo, se o que se busca é o marketing pessoal. Na falta dela, só resta o animal. (PERSONA, 2009, p. 16, grifo nosso) Mudar não é fácil e não acontece do dia para a noite. É importante termos técnica e foco. Contudo, nos mantermos motivados não é tarefa simples. Por isso, Ciletti estabelece algumas dicas que podem nos ajudar: • Reconhecer e definir a característica a ser modificada. Seja específico. • Estabelecer uma estratégia para essa mudança. Faça um plano de ação esboçando os passos que possibilitarão realizar essa mudança. • Praticarativamente essa estratégia. Quanto mais esforço colocar nela, provavelmente melhores serão os resultados. Avaliar seu sucesso. Se sua estratégia funciona, ótimo para você. Se tiver dificuldade, revise seu plano de ação e o ajuste conforme necessário. (CILETTI, 2017, p. 72) O marketing pessoal vai muito além de aparência e regras de etiqueta; trata-se de algo profundo com diversos componentes, que precisam estar atrelados e passando a mesma mensagem. Não adianta estar com uma ótima aparência e um comportamento inconveniente ou, ainda, ter uma ótima postura e não cumprir com o que vendeu. Essas incongruências limitam nossas oportunidades, uma vez que transparecem uma imagem negativa e falsa. Não adianta apenas ser, é preciso parecer e vice-versa. Às vezes, disfarçamos alguns sentimentos para atender às boas práticas de convívio e às boas maneiras. Entretanto, não podemos esquecer os nossos valores, que serão o termômetro de até onde é aceitável/conveniente disfarçar. Conforme afirma Persona: estou morrendo de dor de cabeça, mas meus clientes não precisam sofrer com minha cara feia. Então sorrio, melhorando minha qualidade de expressar aquilo que meus clientes esperam ver em mim. [...] Mas tome muito cuidado, pois maquiagem demais acaba escorrendo. Nunca esconda totalmente seus sentimentos sob o risco de parecer falso. Nem tente construir uma reputação O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 15 sem ter um alicerce de caráter, ou a casa cai. É sempre mais caro reformar e o resultado nunca é o mesmo. (PERSONA, 2009, p. 19) Encerraremos respondendo à questão central desta seção: Qual é a importância do marketing pessoal no ambiente de trabalho? A resposta é simples. Conforme vimos, essa é uma das formas de conquistar sucesso no mundo profissional, demonstrando valor, habilidades e competências, bem como desenvolvendo nossos pontos fracos com alternativas razoáveis para alcançarmos os objetivos e metas que foram traçados. 1.3 Marketing pessoal como ferramenta para estabelecer objetivos e metas O marketing pessoal nos faz olhar para dentro. Contudo, muitas vezes ficamos confusos e em dúvida acerca de quem somos e do que queremos e, com toda essa bagunça, não conseguimos construir nossa marca e muito menos vendê-la de modo adequado. O primeiro passo para nossa introdução ao marketing pessoal é definir metas e objetivos com base em nossos principais valores, bem como nos planos de ação para alcançá-los. Após uma análise individual1, conseguimos traçar o caminho a ser percorrido para alcançarmos nossas metas e objetivos. Empresas com uma governança estruturada e visão de mercado possuem planejamento estratégico e declaração de missão, visão e valores. Já os indivíduos podem elaborar um plano de marketing pessoal, definindo aonde querem chegar e quais valores permearão sua trajetória. Assim como empresas, os indivíduos também devem estabelecer sua missão, visão e valores. A missão é conceituada como a razão da existência de cada pessoa, já a visão é a nossa percepção sobre nós mesmos, é a busca pelo ponto em que queremos chegar. Conforme conceitua Melo (2012, p. 101), “a visão reflete as aspirações da empresa na forma de como ela se vê no futuro, considerando-se em média um período de cinco a dez anos”. Por fim, devemos pensar: Quais são os nossos valores? O que valorizamos? Nossos valores são o que de fato importa, são eles que norteiam nossas atitudes e geralmente são influenciados pela cultura e pela sociedade. Eles refletem o que é verdadeiramente importante para nós, o que nos dá significado. De acordo com os sociólogos, “valores” são: “Os ideais e costumes de uma sociedade para os quais as pessoas têm uma consideração especial”. Eu prefiro definir valores de uma forma mais pragmática: “Valores são um método simplificado de descrever o que é importante para nós, individual ou coletivamente (como uma organização, comunidade ou nação) em qualquer momento no tempo”. Eles são simplificados porque os conceitos que os valores representam podem normalmente ser entendidos com uma palavra ou frase curta. Por exemplo: honestidade, abertura, compaixão, perspectiva de longo prazo e direitos humanos podem ser considerados valores. Os valores são universais: eles transcendem contextos. (BARRET, 2017, p. 34) 1 Como discorrido na seção anterior (análises SWOT e MBTI). Vídeo Marketing pessoal e etiqueta16 Os valores estão intimamente relacionados a nossa personalidade, essência e limites éticos e morais. Encontrá-los é descobrir algo significativo em nossas vidas, caso contrário, nos preocuparemos com causas frívolas, que não merecem a nossa atenção, e nos tornaremos pessoas fúteis, impactando nossa imagem social, uma vez que nosso posicionamento diante dos assuntos polêmicos e relevantes será tão vazio quanto nossos valores. A partir do momento que conseguimos estabelecer nossa missão, visão e valores, podemos traçar nossos objetivos e metas; tudo isso com propósito/significado claro em nossas vidas. Ciletti (2017, p. 75) define os valores e objetivos da seguinte forma: “valores referem-se à forma de viver sua vida – as coisas que lhe são importantes. Objetivos são o você que quer fazer com a sua vida. Planejar seus objetivos com base em seus valores pode ajudá-lo a obter sucesso”. Os objetivos e as metas mudam no decorrer de nossa vida, assim como nós. Seja por uma tragédia, nascimento, perda de um emprego, feedback significativo ou, ainda, por uma mudança na fase da nossa vida. Por exemplo, objetivos e metas de muitos familiares ou amigos próximos mudaram ou foram revistos após a tragédia de Brumadinho (janeiro de 2019) ou o acidente da TAM no aeroporto de Congonhas (julho de 2007). Contudo, seus valores permanecem inalterados, uma vez que são princípios que direcionam suas vidas. Para Ciletti (2017), os objetivos precisam ser: acionáveis – são realísticos, podem ser alcançados; limitados – são mensuráveis e específicos o bastante para medir o progresso alcançado; e atraentes, ou seja, importantes para atingir algo que queremos muito. Por fim, para tangibilizar seus objetivos, escreva-os e estabeleça os planos de ação para alcançá-los. Lembre-se de que o intuito é alcançar os objetivos traçados! Para isso, utilize o mesmo conceito das metas corporativas, que não podem ser baixas/fáceis demais, mas também não podem ser inalcançáveis. 1.4 Comunicação interpessoal Evoluímos dos gestos para as imagens, sons e sinais gráficos e, hoje, a comunicação é o que nos define e nos diferencia dos animais irracionais. De acordo com Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), “o homem é um animal social”, que necessita comunicar-se e viver em sociedade. Diante desse conceito, muitos estudiosos desenvolveram teorias acerca do tema comunicação. Rego (2007, p. 24) afirma que “somos animais sociais pelo que necessitamos comunicar e esta necessidade transcorre também nas organizações, pois são espaços onde desenvolvemos uma parcela significativa de nossas vidas e onde necessitamos satisfazer as nossas necessidades profissionais ou mesmo pessoais”. A área da comunicação recebeu contribuição de diversas áreas do conhecimento, tais como a ética, a filosofia e a civilidade, que são a base da sociedade e da comunicação interpessoal que conhecemos. A comunicação pode ser conceituada como a habilidade de se comunicar com o outro e estar em constante evolução e aprimoramento. E qual é a relação do marketing pessoal com a comunicação? A comunicação é a forma de exteriorizar nossas habilidades e competências. Conforme a definição de Persona (2009, p. 19), Vídeo O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 17 “o marketing pessoal começa com uma autoanálise e continua com a melhoria contínua de suas atitudes, habilidades e competências, até chegar à comunicação disso para o mundo exterior”. A origem da palavra comunicação é do latim communicatio e significa tornar comum. Significa transmitir uma mensagem,informar, ter boa argumentação, ou seja, um bom comunicador se faz entender de modo claro pelo maior número de pessoas. É a forma que o indivíduo externa o que está em seu interior. Desse modo, precisa ser simples e o processo só ocorre quando o receptor da mensagem entende a informação, ou seja, precisa haver uma comunicação efetiva entre o emissor e o receptor da mensagem. É importante observar que o contexto pode influenciar o entendimento da mensagem ou, ainda, podem ocorrer ruídos que distorcem a compreensão. Observe o esquema da Figura 1, que mostra o processo de comunicação. Figura 1 – Processo de comunicação CONTEXTO RUÍDO EMISSOR DA MENSAGEM RECEPTOR DA MENSAGEMMENSAGEM Canais de comunicação FEEDBACK Jo rg en M cl em an /S hu tte rs to ck Jo rg en M cl em an /S hu tte rs to ck Al m ie va R ai kh an /S hu tte rs to ck Não pode haver dúvidas! Caso contrário, a comunicação não foi bem-sucedida, provavelmente por algum ruído. Para as matérias de exatas, ruído é tudo aquilo que distorce a qualidade de um sinal. Esse conceito também pode ser aplicado na área de humanas, sendo ruído aquilo que atrapalha, confunde, distorce ou interfere de alguma forma no processo de comunicação pela ausência de clareza do emissor, falta de atenção do receptor ou até por excesso de barulho no local. A comunicação pode ser verbal (oral e escrita)2 ou não verbal (expressões faciais, gestos, mímicas). Ambas as comunicações precisam estar conectadas. Não adianta falar “sim” e gesticular “não” com a cabeça. Com certeza essa inconsistência será percebida pelo receptor da mensagem, que não a compreenderá. Se não há compreensão, não há comunicação, uma vez que a comunicação apenas se dá quando o receptor interpretar/receber a mensagem da mesma forma que ela foi emitida. Especialistas afirmam que a linguagem não verbal corresponde a até 65% do total de mensagens enviadas e recebidas. Portanto, é essencial prestar atenção às nossas reações e às do outro, visando construir nossa imagem com gestos, expressões e posturas a nosso favor. Temos cada vez mais meios/canais de comunicação, como WhatsApp, Skype, Telegram, e as redes sociais (Facebook, Twitter), além dos meios tradicionais, como e-mail, telefone, televisão, rádio e papel (escrita, desenho). Vale ressaltar que o canal é tão importante quanto a forma de 2 Será estudada no Capítulo 5. Marketing pessoal e etiqueta18 comunicação, uma vez que precisa ter sinergia com a realidade do receptor. Por exemplo, não é eficaz enviar uma mensagem de WhatsApp ou e-mail para alguém que está sem internet. Dificilmente conseguimos acompanhar a quantidade de informação que recebemos diariamente, principalmente pelo fato de que já saímos da era da informação, que possuía crescimento linear, e estamos na era da inovação, em que o crescimento é exponencial diante da digitalização do mundo. Apesar de a comunicação ser um tema amplo e complexo, vamos nos concentrar na comunicação organizacional, que decorre dos agrupamentos de pessoas que fazem parte de uma organização, integrando todas as áreas da comunicação de modo sinérgico. Segundo Kunsch (2002, p. 149-150), “a comunicação organizacional pressupõe a junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o composto da comunicação”. Dentro da comunicação empresarial, está inserida a comunicação externa, voltada aos públicos externos da empresa, como a mídia, a comunidade de seu entorno e os fornecedores; e a comunicação interna, voltada aos colaboradores e sócios. Na comunicação externa, podemos englobar tanto a comunicação institucional – atividades de relações públicas, assessoria de imprensa, imagem organizacional, marketing social – quanto a comunicação mercadológica – atividades tradicionais de publicidade, marketing direto, promoção de vendas, eventos, merchandising e venda pessoal. A comunicação interna é um conceito que merece aprofundamento. Para Heath (2005, p. 430-432), ela é “realizada para os funcionários de uma organização, trata das relações entre os empregados e seus superiores, cujo objetivo deve ser não apenas compartilhar informações, mas também construir a compreensão e resolução de conflitos para que os resultados sejam positivos”. Como os colaboradores são os maiores recursos de qualquer organização, cada vez mais as empresas buscam melhores formas de se comunicar com seus clientes internos, utilizando abordagens que variam desde treinamentos, reposicionamento da cultura organizacional e programas de incentivo para integração de funcionários até ações de melhoria do clima organizacional. Os colaboradores são comumente chamados de clientes internos em razão de serem os primeiros a “comprar” os produtos ou serviços vendidos pela empresa em que trabalham. Eles são a porta de entrada, o mostruário, o portfólio de toda a empresa. Conforme exemplifica Persona, a resposta eu vi na TV. Na tela o repórter entrevistava um jovem trabalhando na produção de uma fábrica de bombons. — Já enjoou de tantos bombons? — perguntou o repórter esperando uma resposta afirmativa. — De maneira nenhuma! — exclamou o rapaz, como se a pergunta fosse absurda. — É impossível não gostar deste bombom! Tem o recheado com morango, o recheado com baunilha... E assim continuou ele, falando para milhares de telespectadores com os olhos brilhantes daquela satisfação que só pode nascer da paixão. Senti até vontade. O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 19 Ali estava alguém que acrescentava sabor à marca que representava. O repórter nem precisava perguntar onde estava o quadro com a visão, a missão ou os valores daquela empresa. Estava bem ali, na sua frente. (PERSONA, 2009, p. 24-25, grifos nossos) Não adianta a empresa gastar milhões em consultoria especializada para elaborar uma pomposa declaração de missão, visão e valores se esses valores não estiverem intrínsecos no dia a dia da companhia e refletidos em seus colaboradores. Declarações sem fundamento na realidade cotidiana da empresa soam falsas. E qual é a relação entre motivação, valores e comunicação interna? A resposta é simples. A melhor forma de engajar alguém é por meio da comunicação eficaz, transparente e empática. Dessa forma, os colaboradores se sentem devidamente informados e compreendidos, e, por consequência, motivados. De acordo com experiências nos ambientes corporativos, a melhor forma de tornar uma comunicação interna eficaz é por meio da transparência e construção de uma relação de confiança, convergindo para que todos estejam na mesma sintonia. Para que isso ocorra, é importante que haja conexão entre os valores da companhia e os dos funcionários, ou seja, é necessário um propósito maior do que a troca de salário por trabalho. Caso contrário, aos poucos os funcionários se tornarão desmotivados e o único fator que os fará permanecer na empresa é um bom salário. Nesse caso, ninguém vestirá a camisa da empresa, não haverá cumplicidade, espírito de equipe e tampouco empatia. Assim, a empresa morrerá por dentro. Problemas de comunicação custam caro às empresas, gerando conflitos e desvirtuando bons colaboradores. Por isso, companhias de sucesso não medem esforços e investem pesado em endomarketing, visando ao melhor entendimento de seus colaboradores acerca dos objetivos, história e cultura da organização. Isso se traduz em produtividade e resultado financeiro, evitando o desperdício do principal recurso da empresa: seus colaboradores. Em outras palavras, a comunicação organizacional é uma estratégica para todos os negócios. Cumpre salientar que a comunicação é a essência de nossa sociedade e uma competência primordial no contexto profissional, uma vez que tudo é permeado por pessoas. Assim, nossa forma de nos relacionar com o outro impacta diretamente nossa produtividade no ambiente corporativo. Um ótimo exemplo é a pesquisa noticiada pelo site da revista ÉpocaNegócios (NOGUEIRA, 2017), que comprova que falar pessoalmente é 34 vezes mais eficiente do que enviar um e-mail com o mesmo pedido ou argumento. Em síntese, é essencial desenvolver cada vez mais habilidades relacionadas à comunicação, alcançando qualidade nas relações interpessoais. Se você acha que não sabe se comunicar muito bem, lembre-se de que sempre há tempo para aprender e desenvolver novas competências, e nada melhor do que o ambiente acadêmico para estimular o aprendizado. Marketing pessoal e etiqueta20 1.5 Networking Sem comunicação, não há como manter um relacionamento. Ela transmite sentimentos, emoções e experiências, permite adquirir e ampliar outros conhecimentos, amplia a nossa rede de relacionamentos e contribui para alcançarmos nossos objetivos. É preciso cultivar amizades com o prazer do convívio, seja por meio de um telefonema, de redes sociais ou de uma visita com a demonstração sincera de bons sentimentos. A arte de conviver precisa ser praticada e aprimorada todos os dias; esse hábito sempre melhora a vida e pode nos surpreender positivamente. A comunicação é fundamental para o ser humano conhecer pessoas, descobrir caminhos e oportunidades de troca e crescimento e, sobretudo, alcançar seus objetivos. Existe uma influência em relação ao outro quando estabelecemos uma comunicação clara, com base em um vocabulário adequado, boa postura e respeito às opiniões diferentes. Nesse contexto de relacionamento e comunicação, o networking é complementar ao marketing pessoal, sendo uma ferramenta valiosa para criar e manter relacionamentos dentro e fora do ambiente corporativo, com diversos benefícios, como aumentar o contato em seu círculo social e apoiar as oportunidades de um novo negócio ou parceria e a troca de informações e conhecimentos. Além disso, o networking tem um efeito multiplicador: um amigo pode apresentar outro amigo ou colega de profissão para a troca de conhecimento e experiências ou, ainda, para multiplicar aspectos positivos ou negativos a seu respeito. Ter um bom currículo é essencial, mas nem sempre é o suficiente para conseguir um emprego. Conhecer alguém que trabalhe na empresa e que reconheça que você pode agregar valor à organização pode ser determinante para alcançar aquela vaga tão sonhada. Pense na seguinte situação: você está procurando emprego e quanto mais pessoas souberem, maiores são as suas chances de alcançar esse objetivo, uma vez que um dos seus contatos pode colocá-lo em contato direto com o recrutador da vaga. Contudo, esse cenário pode ser benéfico ou trágico, tudo depende da visão que as pessoas têm de você. Palestras, simpósios, happy hours, jantares, almoços, eventos, workshops, cursos e reuniões são excelentes oportunidades de ser notado e criar sua rede de contatos, sendo ideais para a troca de cartões e experiências. Cada conversa é uma oportunidade para expandir a sua rede de contatos. As redes sociais podem ser grandes aliadas para facilitar a aproximação com profissionais que estão e que já passaram por sua vida profissional ou, ainda, para seguir influenciadores da sua área de interesse. O LinkedIn é a rede ideal para essas conexões. Por isso, é necessário mantê-la atualizada para que os profissionais da sua rede saibam sua trajetória profissional e onde o encontrar. Importante notar os ensinamentos de Menezes (2015) acerca do assunto. Durante o networking, nosso trabalho é igual ao de um agricultor: devemos plantar sementes de ideias que fiquem germinando na cabeça das pessoas após o encontro, para só depois colher seus frutos. São essas sementes que irão nos ajudar a conseguir uma reunião de negócios com a pessoa, e é nesta reunião que devemos colher as sementes que plantamos durante o networking. (MENEZES, 2015, p. 182) Vídeo O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 21 No momento de estabelecer sua rede de contatos, cuidado com os exageros para não parecer interesseiro. Para uma relação ser saudável, ela precisa ter equilíbrio e ser “vantajosa” para ambas as partes, não apenas no aspecto profissional, mas também no pessoal. Além de pegar informações, dicas e escutar atenciosamente as críticas, dê a sua contribuição. Isso fará com que as pessoas queiram participar do seu círculo de amizade. Apesar de sempre nos envolvermos com pessoas parecidas conosco ou da mesma área de conhecimento, é importante nos relacionarmos com pessoas de outras áreas, de diversos níveis sociais, culturais, econômicos e profissionais, com opiniões divergentes da nossa, dispostos a criticar nossas decisões e escolhas. É dessa premissa que parte uma das palestras do filósofo Mário Sérgio Cortella (TER..., 2017), em que afirma que “uma das coisas mais perigosas da vida é gente que concorda com você o tempo todo. Um adversário fraco te enfraquece. Um concorrente burro te emburrece. Uma oposição frágil, fragiliza um governo”. Esse tipo de oposição estimula nosso crescimento pessoal e profissional, desde que a discordância seja respeitosa. É importante ressaltar que não adianta sair convidando todas as pessoas a participarem da sua rede de contatos, pois a qualidade é representada pelas pessoas certas e é mais importante que a quantidade. Devemos nos cercar de pessoas positivas, focadas em resolver problemas e com senso crítico apurado, bem como estar nos ambientes certos para termos conexão com os objetivos e interesses delas, uma vez que estar conectado a vários grupos e indivíduos sem critério não é networking. Brasil (2015) cita cinco valiosas dicas para que sua rede de contatos recorde de você de modo positivo: 1. Não é somente seu líder direto que pode lhe promover, mas principalmente como você se relaciona com todos a sua volta. 2. Sua imagem profissional é construída a vida toda. Anos de dedicação podem ser perdidos por um descontrole emocional grave que o coloque na “geladeira” profissional. 3. “Engolir sapos” muita das vezes é uma virtude. Feliz é aquele que tem “jogo de cintura” para lidar com os desafios da comunicação e do relacionamento com o outro. 4. Gerar reflexão e autoconsciência sobre suas atitudes fará de você um profissional maduro e honesto consigo mesmo, pois isso lhe permitirá grandes aprendizados. 5. Esteja aberto a feedbacks, seja de amigos ou pessoas que você não valoriza tanto. Receba-o como um “presente”. Se não estiver pronto para desembrulhá- lo, aceite-o e “abra” na hora certa. Mesmo que lhe pareça improvável, pense que o conteúdo desta informação é a imagem que você está gerando ao seu redor. Além dessas dicas, algumas regras são primordiais em qualquer situação: • Não seja uma pessoa chata e desinteressante. Por isso, leia, vá ao teatro e ao cinema e esteja bem informado acerca do mundo a sua volta. Ninguém gosta de conversar com alguém sem cultura e com papo apenas do mundo corporativo. • Seja gentil e ofereça ajuda aos seus contatos. Marketing pessoal e etiqueta22 • Se precisar de um favor, tenha certeza de que o pedido foi claro, evitando desperdiçar qualquer oportunidade. • Comece por um assunto que interesse a ambos. • Exponha suas ideias com parcimônia e sempre peça a opinião do seu contato. Afinal, é uma conversa e não um monólogo. • Não faça mensagens genéricas para disparar numa lista de transmissão ou mala direta. Personalize seus textos. Por fim, fechamos este capítulo ressaltando que um bom networking significa conhecer as pessoas certas que podem dar referência sobre você ou indicá-lo a alguma empresa e mantê-las em sua rede de contatos. Considerações finais Neste capítulo, compreendemos que o marketing pessoal está em evidência por ser uma ferramenta poderosa na busca de suas metas e objetivos, bem como no aprimoramento dos pontos fracos e na valorização das qualidades, facilitando o reconhecimento do sujeito no mercado de trabalho. Como ele está atrelado ao esforço, à dedicação e à personalidade de cada indivíduo, a partir do momento em que definimos o que é importante para nós, conseguimostraçar metas e objetivos, e o marketing pessoal é uma excelente estratégia para alcançá-los, gerando benefícios. Autoconhecimento e honestidade são a chave para o marketing pessoal, nos permitindo analisar as discrepâncias entre a imagem que temos de nós mesmos e a percepção de terceiros. Esse tipo de análise nos traz oportunidade de crescimento e até mesmo humildade, característica essencial para qualquer profissional bem-sucedido. Quanto mais o utilizamos, maiores são as chances de construirmos relacionamentos profissionais sólidos com uma extensa rede de contatos nos diversos meios de atuação. Ampliando seus conhecimentos • PERSONA, M. Marketing pessoal – entrevista Mundo do Marketing. [Entrevista cedida a] Mundo do Marketing. Mario Persona Comunicação & Marketing, 2019. Disponível em: http://www.mariopersona.com.br/entrevista_mundo_marketing.html. Acesso em: 24 set. 2019. Mario Persona é referência em marketing pessoal. Nessa entrevista, são abordados elementos essenciais e dicas valiosas sobre o tema. • PROCESSO de comunicação. [S. l.: s. n.], 2012. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Daniela Ramos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_C3AmzKpJbQ. Acesso em: 24 set. 2019. Vídeo produzido para o curso de Especialização em Coordenação Pedagógica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na Sala Práticas e Espaços de O marketing pessoal e a comunicação no ambiente corporativo 23 Comunicação, pela professora Daniela Karine Ramos com o apoio do Laboratório de Novas Tecnologias (Lantec/CED). Conteúdo didático sobre o conceito e o processo de comunicação, bem como dicas para se comunicar de modo claro. • KARKOSKI, E. Mensuração de campanhas: o desafio de transformar o subjetivo em objetivo. Aberje, 16 maio 2016. Disponível em: http://www.aberje.com.br/colunas/ mensuracao-de-campanhas-o-desafio-de-transformar-o-subjetivo-em-objetivo/. Acesso em: 24 set. 2019. Breve coluna que contempla os desafios da comunicação interna no ambiente corporativo, principalmente a mensuração de resultado das campanhas. • BASILIO, P. As habilidades que seus filhos vão precisar ter no futuro (programar não é uma delas). Época Negócios, 22 out. 2018. Disponível em: https://epocanegocios.globo. com/Carreira/noticia/2018/10/habilidades-que-seus-filhos-vao-precisar-ter-no-futuro- programar-nao-e-uma-delas.html. Acesso em: 24 set. 2019. Ótima matéria jornalística sobre as habilidades do futuro, enfatizando a questão da comunicação, empatia e trabalho em equipe. Atividades 1. Reflita sobre quais são os impactos que a satisfação gera nos clientes e responda: Por que a satisfação é um importante componente de troca em termos de marketing? 2. Como um trabalho pode ser uma troca e qual sua conexão com o marketing? 3. Diante da frase “Se você não sabe o que quer, provavelmente nunca conseguirá alcançar seus objetivos”, descreva dois de seus objetivos, fundamentando com os respectivos valores e estabelecendo os planos de ação para alcançá-los. Referências BRASIL, D. O mundo é uma ervilha: criando relacionamento interpessoal no trabalho. Linkedin, 3 dez. 2015. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/o-mundo-%C3%A9-uma-ervilha-daniele-brasil. Acesso em: 8 ago. 2019. BARRET, R. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. CASTRO, B. 5 super-habilidades que você vai precisar para as profissões do futuro. Época Negócios, 20 jul. 2018. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/07/5-super-habilidades-que- voce-vai-precisar-para-profissoes-do-futuro.html. Acesso em: 24 set. 2019. CILETTI, D. Marketing pessoal: estratégias para os desafios atuais. São Paulo: Cengage Learning, 2017. DRUCKER, P. O melhor de Peter Drucker: obra completa. São Paulo: Nobel, 2002. Marketing pessoal e etiqueta24 HEATH, R. L. Encyclopedia of Public Relations. London: Sage Publications, 2005. KOTLER, P. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 2. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2002. MELO, L. R. D. Comunicação empresarial. Curitiba: IESDE, 2012. MENEZES, J. Transformando networking em negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2015. NOGUEIRA, P. E. Falar pessoalmente é 34 vezes mais eficiente do que enviar um e-mail. Época Negócios, 04 nov. 2017. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/11/falar-pessoalmente-e- 34-vezes-mais-eficiente-do-que-enviar-um-e-mail-diz-estudo.html. Acesso em: 24 set. 2019. PERSONA, M. Marketing de gente: o marketing pessoal como suporte para o principal ativo das empresas. 2. ed. Joinville: Clube de Autores, 2009. E-book. REGO, A. Comunicação pessoal e organizacional: teoria e prática. Lisboa: Edições Sílabo, 2007. RITOSSA, C. Marketing pessoal: quando o produto é você. Curitiba: InterSaberes, 2012. E-book. SMITH, A. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. São Paulo: Nova Cultural, 1996. v. I. TASCIN, J. C.; SERVIDONI, R. Marketing pessoal: uma ferramenta para o sucesso. Revista Científica Eletrônica de Administração, Garça, ano V, n. 9, dez. 2005. TER inimigo é bom. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (7 min). Publicado pelo canal Poppi Lava Rápido Alexandre Poppi. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ksAqSJhOdkA. Acesso em: 24 set. 2019. 2 Valorização da própria imagem profissional No capítulo anterior, entendemos as noções de marketing pessoal e imagem e a importância da nossa marca como fator de diferenciação no mercado de trabalho. Agora, vamos aprofundar o tema com orientações para a construção, manutenção e recuperação da marca pessoal, convergindo para uma postura apropriada no ambiente de trabalho. 2.1 Construção da marca pessoal Como vimos no capítulo anterior, nossa vida está repleta de escolhas e descartes, e é nesse ponto que o marketing nos ajuda a escolher entre centenas de marcas existentes. No ambiente corporativo não é diferente, temos um leque imenso de stakeholders, desde fornecedores, colaboradores e parceiros até investidores. A pergunta a que precisamos responder é: o que faria uma empresa ou alguém nos escolher em vez de outro? Isso significa que somos mais uma marca na prateleira do mercado de trabalho? Sim, é exatamente isso. Somos constantemente comparados, avaliados, comprados e vendidos e, para que nossos objetivos sejam alcançados, precisamos ajustar nossa marca ao que desejamos e dar os sinais corretos para o mercado de trabalho. Arthur Bender elucida de modo prático a marca pessoal: Você é uma marca que precisa ser comprada antes que perca a validade e seja trocada por outras mais jovens e mais atraentes. Seu nome é uma marca que precisa ser lembrada, precisa ter visibilidade, precisa ter diferenciais, precisa ser percebida com valor. Você precisa representar alguma coisa na mente dos seus prospects (clientes potenciais) nesse emaranhado de informações e de gente disponível no mercado profissional. (BENDER, 2009, p. 47) Nossa embalagem é tão importante quanto o conteúdo, afinal somos julgados primeiro pela imagem. Contudo, não precisamos nos preocupar apenas com a nossa imagem, mas sim com tudo aquilo que é nosso. Um ótimo exemplo é a nossa casa, ou a mesa do trabalho, ou, até mesmo, o carro, uma vez que, se ele está constantemente sujo, alguém pode pensar que o dono é desleixado com seus pertences; se sobre uma mesa tem um emaranhado de papéis, talvez concluíssemos que é de uma pessoa acumuladora; se uma casa está em uma completa confusão, poderíamos supor que se trata de uma pessoa desorganizada. Pode parecer besteira, mas pense bem: será que você já não julgou alguém por essas questões? Automaticamente, associamos a imagem ao profissionalismo. A partir do momento que alguém tem uma percepção sobre nós, é difícil desfazer essa imagem. Ritossa (2015, p. 86) explica que “a impressão que causamos é processadanos primeiros sete segundos em que somos apresentados a alguém [...] e 67% das vezes a primeira impressão está correta”. Então, a criação da nossa imagem depende de como somos percebidos por meio das nossas características, aparência, expressão, relacionamentos etc. O marketing pessoal só funciona se houver uma marca que identifica e diferencia um indivíduo em qualquer grupo, seja ele pessoal ou profissional. A gestão da marca pessoal, ou personal branding, é o planejamento adequado da nossa diferenciação, visando vender ao comprador ideal. Vídeo 26 Marketing pessoal e etiqueta E qual é a diferenciação ideal? Isso depende muito do que você almeja. Por isso, devemos traçar objetivos1, já que eles são o ponto de partida para uma carreira brilhante. Por exemplo, se nosso objetivo é trabalhar na Nubank, uma empresa pautada pela inovação, uma das competências necessárias no colaborador é a flexibilidade. Você pode falar que o seu objetivo é apenas ter um bom salário, o que, sem dúvidas, é muito relevante. No entanto, se o trabalho não tiver conexão com seus valores, ele se tornará algo enfadonho e, quando menos esperar, pode ser que você seja um profissional infeliz e cheio de reclamações. Notamos que muitas pessoas no mundo corporativo se sentem infelizes no trabalho atual. Entretanto, quando são questionadas, elas não sabem nem o motivo da insatisfação; via de regra, são pontos genéricos que existem em qualquer ambiente corporativo (chefe chato, agenda lotada, clientes complicados etc.). Se não sabemos nem o que nos incomoda dentro de uma corporação, qual é a chance de sabermos onde estaremos daqui a cinco anos? Uma coisa é certa: nós escolhemos a vida profissional que queremos, seja por nos deixarmos levar, sendo vítimas da situação, seja por corrermos atrás dos nossos objetivos. Após esse reforço sobre metas e objetivos, voltamos a falar sobre criar e deixar nossa marca no mundo. Mas, afinal, o que é marca pessoal? É a impressão e o sentimento que despertamos nas pessoas nos ambientes onde interagimos, com equilíbrio entre conteúdo e imagem. Tudo que fazemos publicamente, desde o bairro onde moramos, locais que frequentamos até nosso círculo de amizades e formação profissional, contribui para a construção da nossa marca. Nada passa despercebido; tudo é observado. Marca não é o que eu tenho ou mostro, mas o que o cliente percebe e retém, armazenando na memória, se exceder suas expectativas. Marca é a quinta marcha que faltava em meu Del Rey, algo que todo profissional ou negócio tem – ela está bem ali, só falta acioná-la para superar suas limitações e exceder as expectativas. Uma pequena ação, que aproveite todo o potencial do câmbio no desempenho do negócio ou profissão. (PERSONA, 2009, p. 36) De acordo com Ritossa (2015, p. 88), a “marca é o conjunto percebido de atributos pessoais e profissionais, atitudes, competências, relacionamentos, comportamentos, aparência, comunicação, entre outros”. Ainda de acordo com a autora, ela é constituída por fatores não controlados, que são determinados em nosso nascimento, como a idade e a cor da pele, e por fatores controlados, que podem ser alterados, como aparência física, expressões faciais, contato visual, movimento do corpo, uso dos espaços ao nosso redor e competências. Também, os fatores controláveis são predominantes, e a composição da marca é formada por 45% de fatores não controláveis e 55% de fatores controláveis. Uma das melhores definições sobre esse assunto é a de Jeff Bezos, fundador da Amazon: “Sua marca é o que as pessoas dizem sobre você quando você não está na sala” (apud MACCEDO, 2018). É uma declaração simples e clara, mas que evidencia que não precisamos sair gritando aos quatro ventos nossas qualidades e competências, já que a marca é divulgada pelo boca a boca dos próprios consumidores. E como podemos criar a nossa marca pessoal? Fazer cursos em instituições renomadas é o suficiente? Não, a marca é muito mais abrangente do que um bom currículo. Hoje, uma graduação ou MBA não é um diferencial, e apenas um certificado a mais não fará diferença se você não tiver objetivos claros (BIGARELLI, 2018). O ideal é pensar estrategicamente e a longo prazo na sua marca. 1 Capítulo 1, Seção 3. Valorização da própria imagem profissional 27 O grande diferencial é mudar nossas atitudes, parar de reagir e começar a agir, pensando em como agregar valor à nossa marca. Nem tudo envolve investimento financeiro. Podemos começar fazendo trabalhos voluntários, por exemplo, apenas pelo prazer do aprendizado e para nos conectarmos a novas pessoas. Esses trabalhos podem ser: dar palestras gratuitas sobre nossa experiência, abraçar um projeto novo na empresa e nos dedicarmos com afinco, publicar artigos ou escrever colunas. Vale observar que apenas fazer as atribuições do seu cargo dentro de uma corporação não é o suficiente para construir uma marca. É necessário investir em nós mesmos, na nossa carreira, em um projeto que leve o nosso nome ou em outras atividades que podem nos engrandecer, com o intuito de ganhar visibilidade e reputação. Um ótimo exemplo é quando falamos em público, dando uma palestra ou fazendo um discurso, e alguém influente na plateia acaba gravando nosso nome para uma possível contratação. Lembre-se: falar em público nunca é tempo perdido, pois ganhamos visibilidade e experiência! Podemos falar que não temos tempo e que não é possível fazer o “além”, mas se houver força de vontade e inconformismo sempre encontramos tempo. Se personalidades como Steve Jobs, Barack Obama e Albert Einstein encontraram tempo para fazer coisas maravilhosas, elevando suas marcas, por que nós não conseguiríamos? Todas as instituições têm rotinas ou trabalhos que podem ser otimizados, e nós podemos assumir esses problemas e solucioná-los, ou seja, podemos ocupar lugares vagos. Conforme Arthur Bender (2009), quando assumimos lugares que estão vazios, conquistamos poder e respeito, tornando-nos, muitas vezes, os únicos especialistas no assunto dentro da empresa. Ocupar esses lugares significa ir além dos manuais, ter iniciativa e disponibilidade, ultrapassar crenças, fazer mais, utilizar a arte do encantamento para envolver clientes, fornecedores e líderes. Ao fazer isso, nossa marca pessoal brilhará muito mais dentro da corporação e nos tornaremos referência. Além disso, não devemos ter medo de assumir riscos. De acordo com Bender: a diferença entre medianos invisíveis e profissionais brilhantes é que as estrelas não têm medo de correr riscos nem temem o fracasso na busca pelo poder legítimo. Simplesmente tomam a frente. Os medianos ficam acuados, presos ao receio de serem mal interpretados, de parecer puxa-sacos da empresa, de se afastar dos seus cargos, de ser malsucedidos em sua iniciativa. Ou de simplesmente perder tempo. As estrelas se sujam mais, fazem mais. Por isso se tornam estrelas. (BENDER, 2009, p. 115) Se tivermos pensamentos limitantes de que “isso não é o meu trabalho” ou “o fulano ganha mais do que eu e pode fazer isso”, não vamos crescer e tampouco construir uma marca de valor. Toda empresa tem espaço para crescermos, mas não há recompensa sem trabalho duro. Primeiro, precisamos mostrar o nosso valor, com muita proatividade, bom relacionamento e honestidade. Cumpre ainda discutir o poder do foco em nossa vida, agregando valor à nossa marca pessoal. Apesar de grande parte dos especialistas em recrutamento afirmar que o importante é ser generalista, ou seja, ter conhecimento básico ou mediano de cada área, os profissionais que realmente se destacam são os especialistas, com uma visão ampla de todas as áreas. Precisamos ter foco em alguma área/assunto e nos tornarmos referência, criando um diferencial. Como afirma Bender (2009, p. 149), “você precisa ser MUITO BOM em algum aspecto ou conjunto diferente de habilidades que o faça superespecial, único. É aí que vai residir o seu valor: quando você representar um atributo que não se encontra em outros profissionaisdo seu segmento”. A questão não é nos tornarmos referência em qualquer assunto ou área. Afinal, nossa área de conhecimento e diferencial precisam estar alinhados com nossos objetivos. Após estabelecermos nosso propósito de vida, fica mais fácil nos dedicarmos e diferenciarmo-nos em uma única área. 28 Marketing pessoal e etiqueta Quando compreendemos o valor da diferenciação, somos mais seletivos, mantendo o foco no que de fato importa, e entendemos que nem todas as tarefas têm a mesma importância. Quanto menos tarefas temos, mais facilmente nos dedicamos ao que de fato interessa e, com isso, colhemos resultados cada vez melhores, diferenciando-nos do restante. Se quisermos ser extraordinários e especialistas, devemos ter foco, coerência na concentração e rotina simples. Lembre-se: ser multitarefas é um grande erro, pois não é possível ter 100% do resultado fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Quando nos dedicamos a muitas coisas simultaneamente, tornamo-nos medianos, e pessoas medianas não se diferenciam e não conseguem construir uma marca de valor. Se vamos à academia, meditamos e empreendemos, não vamos treinar como Arnold Schwarzenegger, meditar como Monja Coen e empreender como Steve Jobs. Além disso, para conquistarmos resultados extraordinários, precisamos entender que não é possível ser grandioso fazendo um pouco de cada atividade. Pessoas extraordinárias são excepcionais em uma única área. Por exemplo, não vemos Eric Clapton fazendo shows e tentando encontrar a cura para o câncer ou Bill Gates treinando para as olimpíadas e se dedicando à Microsoft. Não podemos ser bons em tudo e precisamos escolher uma única coisa para nos dedicarmos. Um caso extraordinário é o dos Rolling Stones, banda de rock ativa há mais de 50 anos. Antes de toda turnê ou nos seus intervalos, eles fazem uma preparação prévia de 20 dias, com ensaios diários que duram de 6 a 8 horas, repassando todas as músicas que serão tocadas. Mas qual é o motivo? É simples: eles possuem um padrão de qualidade que precisa ser mantido e todos esperam o melhor da banda; para ser o melhor, é necessário treinar. Para muitos, o sucesso pode ser visto como sorte, mas, na verdade, é dedicação, esforço, concentração e foco. Podemos até estar “na hora certa e no lugar certo” para as coisas acontecerem, mas não adianta nada estar lá se não estivermos preparados para o que a vida nos reserva. Preparação, treinamento e humildade são fundamentais para uma carreira brilhante. Sempre podemos aprender e melhorar com as situações e pessoas. Então, se você está desmotivado e sem vontade de aprender mais coisas em sua área, mude, busque desafios! Só não caia no comodismo. Vale ainda lembrar que a marca pessoal construída precisa ser justificada, sob pena de parecer altamente artificial ou falsa. Um dos exemplos que podemos utilizar é o ex-prefeito de São Paulo, João Dória, que se vestiu de gari para lançar um programa de limpeza. De acordo com a nota da assessoria de imprensa, todos estavam esperando que o ex-prefeito trabalhasse. Entretanto, ele pegou a vassoura apenas por 10 segundos para as fotos, e a rua já havia sido limpa na noite anterior (AMORIM, 2017). Assim, ficou evidenciado que se tratava apenas de uma “jogada de marketing” do novo governo, algo condenável aos olhos dos eleitores. Desse modo, precisamos sempre ser coerentes e construir algo genuíno, que exige muito esforço, seja por mudanças de rumo na carreira ou por hábitos da vida pessoal. De acordo com Ritossa (2015, p. 86), “é importante salientarmos que a construção da nossa marca pessoal deve estar pautada em fatos concretos. Sermos descobertos numa mentira pode trazer consequências irreversíveis para a nossa imagem”. Diante desse contexto, podemos perceber que a marca pessoal não tem relação com autopromoção ou com vender algo que não é genuíno; nosso discurso precisa ter coerência com nossos atos. Muitos profissionais ficam deslumbrados com os cargos que conquistaram dentro das organizações e se esquecem da própria marca pessoal. Então, quando eles perdem o cargo, perdem junto todo o glamour, Valorização da própria imagem profissional 29 os amigos, o sonho e a carreira. Fica evidente, então, que as relações que existiam eram com o cargo, e não com as pessoas, já que elas desapareceram com o posto. Por isso, não podemos permitir que o cargo se sobreponha à marca pessoal, afinal, ele é passageiro, mas as construções de relacionamento, respeito e consideração permanecem. Invista em relações de trabalho tratando todos com ética, respeito e consideração, mas jamais se iluda com a ideia de que será tratado sempre da mesma forma. Você vai colher aquilo que vem plantando. Se tem plantado ética, respeito, parceria, justiça, consideração, certamente o universo lhe devolverá isso. Mas não espere que o mercado seja justo. Mesmo assim, seja você, pela sua consciência. Isso basta. (BENDER, 2009, p. 101) Além de pensar em cargos, isto é, o nome da posição dentro da empresa, precisamos começar a pensar em funções, que são as tarefas ou habilidades relacionadas ao cargo, bem como em tendências de mercado. Quais funções executamos muito bem? Independentemente da nossa profissão e seu conteúdo técnico, é imprescindível que tenhamos uma visão holística da situação, uma vez que o mercado está em constante mudança e os cargos e empregos que existem hoje podem não existir amanhã. Por exemplo: um advogado que possui uma ótima visão da área negocial e talento para se comunicar pode utilizar essas habilidades na área comercial ou na área de estratégia de negócios. O ideal é buscar atividades que precisam das nossas competências e habilidades. Desconfie de livros de autoajuda que apontam um caminho fácil, pois isso não existe. O que existe são estratégias, táticas e planejamento para alcançarmos nossos objetivos. A estratégia se refere ao nosso plano a longo prazo, e a tática está ligada à movimentação rápida, ou seja, a partir do momento que traçamos nossa estratégia, precisamos sair do âmbito do planejamento e começar a agir sem perder tempo. Dessa forma, precisamos dominar os dois conceitos, estabelecendo objetivos a longo prazo e metas rápidas e tangíveis. De acordo com Bender (2009), se nosso objetivo é tornar nossa marca única, precisamos ter visibilidade para agregar valor à nossa marca e contrapô-la com a longevidade. Porém, devemos tomar cuidado, pois, caso não seja bem pensado, a alta visibilidade pode comprometer nossos planos ao invés de gerar resultados imediatos. O autor também destaca que “visibilidade boa para a sua marca é aquela que agrega valor, que o coloca no campo onde quer ser percebido, que valoriza seus melhores atributos. Visibilidade ideal é a que produz sinergia entre seus valores de marca, que reforça seu DNA de marca pessoal” (BENDER, 2009, p. 213). Não precisamos aceitar todos os convites que aparecem para ter visibilidade. Aliás, quando a demanda é demais, perde-se o valor de mercado. O ideal é escolhermos com cautela e corrermos riscos calculados em assuntos em que nossa performance é excelente. Por isso, retomamos: treine; e treine muito. Após essa análise, ficará mais fácil fazer nossas escolhas de caminho, descartando opções que podem nos tirar daquele que sonhamos, já que elas nos direcionam e refletem em nosso futuro. Um exemplo é a escolha da área do nosso primeiro estágio. Pode parecer algo insignificante, mas nós dificilmente saímos dessa área, pois sempre teremos a desculpa de que temos conhecimento aprofundado nesse assunto. Por isso, tenha cuidado desde as suas primeiras escolhas, não subestime o tempo e preste atenção nos sinais deixados pelo caminho. Um dos casos mais emblemáticos de marca pessoal é o do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que conseguiu construir sua marca e a gerencia até hoje. Temos a imagem de Obama como um homem autêntico, ótimo orador, elegante e com valores sólidos baseados na família. Tudo isso foi milimetricamente construído pormeio de personal branding e de boas maneiras, como a expressão 30 Marketing pessoal e etiqueta corporal, o olhar penetrante na plateia durante seus discursos, a vestimenta correta em diversas ocasiões e o posicionamento claro. Para clarificar um pouco mais o assunto, Bender (2009) estabelece algumas leis primordiais no âmbito da marca pessoal. São elas: • O valor de mercado está na diferença. A diferença ganha valor, enquanto a normalidade tem preço médio de mercado, é commodity. • Precisamos ter foco e nos especializar em algo que dominamos muito bem. • Cultive o defeito, uma vez que ninguém é perfeito e os defeitos nos tornam humanos e geram empatia. • Construa uma história relembrando passagens significativas da sua vida, destacando os fatos e dando singularidade à imagem construída. Contudo, cuidado para não exagerar e contar uma história mentirosa. • A imagem pessoal é apenas uma parte do processo. • Entenda a lógica do seu mercado descobrindo quem são seus públicos. • Sinergia é vital, criando experiências memoráveis com a harmonia do conjunto (imagem, relacionamento, tom de voz, maneiras, gestos, escrita, estilo pessoal, roupas, perfume, corte de cabelo, apresentação). • Jamais subestime a audiência. • Nunca esqueça que o melhor marketing do mundo não sustenta a venda de um produto ruim. • Faça alguma coisa para se orgulhar no futuro, algo que o faça entrar na velhice com a sensação de dever cumprido, com a alma leve. Para encerrar esse assunto, vale a pena citar o discurso de Obama no prêmio Nobel da Paz de 2009, em que o ex-presidente afirma que algumas ações fazem diferença e podem fazer com que a história se incline na direção da justiça (OBAMA, 2009). 2.2 Como manter a imagem de marca? Tão importante quanto a construção da nossa marca é sua manutenção, mantendo-nos motivado, com o diferencial brilhando. Nessa perspectiva, é importante elucidar a diferença entre identidade e imagem. Identidade é como nos idealizamos (visão interna), enquanto imagem é como nossa marca é percebida pelo público (visão externa). Essa percepção é vista como realidade pela audiência. Nosso papel, então, é corrigir a distância entre o percebido e o idealizado, uma vez que nosso valor de mercado é sempre determinado pelas pessoas a nossa volta. Do nosso ponto de vista, podemos acreditar que determinada característica é ótima para nossa marca. Contudo, muitas vezes, nosso diferencial está em outra habilidade. Para que isso não ocorra, é importante avaliar nossa marca e os sinais que deixamos no percurso, ouvindo as críticas e ficando abertos a outras interpretações sobre nós mesmos, dispostos a corrigir erros. Se nos supervalorizarmos diante das pessoas e elas não tiverem a mesma visão, seremos vistos como arrogantes e todo o trabalho de construção da marca irá por água abaixo. Precisamos, constantemente, avaliar a nossa imagem de marca, analisando quais sinais estamos emitindo para o mercado e se esses sinais estão adequados, afinal, o que o mercado procurava há dez anos é diferente do que procura hoje. Além disso, devemos viver nos questionando, refletindo sobre nossa posição e montando Vídeo Valorização da própria imagem profissional 31 novas estratégias e objetivos para nossa vida profissional e pessoal. Não podemos esquecer que o valor está na diferença e que a normalidade pode ser facilmente substituída por qualquer outro profissional de mercado. Conforme afirma Bender (2009, p. 99), “o normal tem preço médio de mercado, é commodity. O valor está na diferença”. Você ainda faz diferença no ambiente de trabalho? Se perdeu seu diferencial no meio do caminho, acorde. Afinal, sempre é tempo para virar o jogo. No filme Alice no País das Maravilhas, do diretor Tim Burton, o Chapeleiro Maluco diz para Alice que ela perdeu sua “muiteza”, significando que ela perdeu sua autenticidade, coragem, bravura e autoconfiança. Isto é, a personagem perdeu o que a diferenciava das outras pessoas e não se enquadrava mais naquilo que se esperava dela. O mundo corporativo se assemelha muito com essa cena do filme. Não podemos ficar na zona de conforto e normalidade, precisamos nos manter curiosos e inconformados, pois: você foi contratado justamente pela diferença que fazia. Foi contratado para desequilibrar a normalidade da empresa trazendo coisas novas, novos ângulos de visão, novas ideias. E, se você se igualou e passou a vibrar como a maioria, não desequilibra mais nada, não confronta mais nada nem serve mais. Se isso não aconteceu ainda, fique atento, pois pode acontecer. (BENDER, 2009, p. 101) Para não perder o foco, concentre-se em três princípios imbatíveis, para uma defesa de marca inatacável, que podem ser utilizados tanto para empresas quanto para manutenção da marca pessoal ou, ainda, para apoiar a tomada de decisão (COLLINS, 2001). São eles: • Escolha uma atividade em que se torne referência, possa ser o melhor do mundo, e continue aprendendo sempre uma determinada especialidade. • Escolha uma atividade com valor econômico, ou seja, alguém precisa querer pagar pela competência desenvolvida. • Escolha algo que dê tanto prazer que você nem veja as horas passarem. Quem tem paixão aguenta todos os percalços da profissão e tem entregas excelentes. Esses princípios podem ser observador na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Princípios para defesa da marca Melhor do mundo Valor econômico Paixão Atividade ideal Fonte: Adaptado de Collins, 2001, p. 141. 32 Marketing pessoal e etiqueta Assim como as organizações, nossa marca também não pode estar jogada ao acaso, sem propósito. Precisamos encontrar uma conexão entre paixão, valor econômico e competência. As organizações não se formam acidentalmente ou espontaneamente; ao contrário, são orientadas para uma meta, têm um propósito específico e são criadas porque um ou mais indivíduos percebem que a ação coordenada e dirigida de várias pessoas pode realizar algo que a ação individual não pode. (SCHEIN, 2009, p. 212) Um exemplo prático de manutenção da marca é o da cantora Anitta, utilizado como parâmetro em diversos canais especializados em personal branding. Anitta é sincera, versátil e faz parcerias com outros artistas que estão na mídia para fortalecer sua marca. Já fez singles com Maluma, Wesley Safadão, Madonna, Iggy Azalea, Pabllo Vittar e J Balvin. Ela chama a atenção do mercado publicitário para oportunidades de atrelar sua imagem a marcas como Samsung e Cheetos (Elma Chips) e executa estratégias alinhadas com as redes sociais, como uma boa jogadora de xadrez. Anitta não deixa os holofotes, mantendo uma entrega frequente e consistente. Seu projeto “CheckMate” entregou um clipe por mês, contando com ação de live marketing com peças de xadrez gigantes espalhadas pelo país. Essa ação foi a sua porta de entrada para o mercado internacional, já que as músicas foram lançadas em português, inglês e espanhol. A cantora leva a sério a máxima “quem não é visto, não é lembrado”, contrapondo visibilidade e longevidade, ou seja, ela sabe onde, quando, como e por que aparecer. Não adianta apenas ter visibilidade momentânea e não manter a imagem ou, ainda, ter visibilidade em algo que não está atrelado ao seu foco (por exemplo, fofocas). É necessário produzir conteúdo com recorrência e interessante para seu público, com uma comunicação efetiva por meio dos canais adequados (não apenas pelas mídias tradicionais, mas também pelas digitais). Ela agora pretende estrear como atriz, repassando a administração da carreira para empresários do segmento. Isto é, Anitta não está parada apenas esperando desaparecer. Quando chegou no auge da carreira internacional, já se preparou para diversificar sua atuação no mundo artístico. A cantora é o exemplo claro de que não podemos ficar parados e que precisamos sempre fazer uma autoavaliação, uma vez que o mercado está em constante mudança. Por isso, é essencial manter o inconformismo com nós mesmos e avaliar se nossa capacidade de reação está adequada.
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