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TFG---RENATA-MELO--parte-escrita-

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
RENATA MARIA NOBRE DE MELO
PROJETO ARQUITETÔNICO DE UMA POUSADA NA SERRA DE
SÃO BENTO
Natal/RN
2021
RENATA MARIA NOBRE DE MELO
PROJETO ARQUITETÔNICO DE UMA POUSADA NA SERRA DE
SÃO BENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito para obtenção do grau
em Arquitetura e Urbanismo.
Orientadora:
Prof.ª Dr.ª Eunadia Silva Cavalcante
Natal/RN
2021
Melo, Renata Maria Nobre de.
 Projeto arquitetônico de uma pousada na Serra de São Bento /
Renata Maria Nobre de Melo. - 2021.
 78f.: il.
 Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Arquitetura.
Natal, RN, 2021.
 Orientadora: Eunadia Silva Cavalcante.
 1. Arquitetura hoteleira - Monografia. 2. Conforto térmico -
Monografia. 3. Covid-19 - Monografia. I. Cavalcante, Eunadia
Silva. II. Título.
RN/UF/BSE15 CDU 725.75
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT
Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-1533/4
Renata Maria Nobre de Melo
PROJETO ARQUITETÔNICO DE UMA POUSADA NA SERRA DE SÃO
BENTO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, como requisito para obtenção do grau
em Arquitetura e Urbanismo.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Eunadia Silva Cavalcante
Orientadora - DARQ/UFRN
_________________________________________________________________________
Prof. Dr. Verner Max Liger de Mello Monteiro
Examinador Interno - DARQ/UFRN
_________________________________________________________________________
Maíra Nascimento Queiroz Reis
Examinadora Externa - Arquiteta e Urbanista
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, que me ensinaram
o que é realmente importante nessa vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, e pela sua imensa
sabedoria e misericórdia. Aos meus pais, que não cansam em oferecer o melhor
que eles podem. Especialmente a minha mãe, que não desanima e sempre me
impulsiona a fazer o meu melhor.
Aos meus familiares, pelo incentivo e apoio incondicional em todos os
momentos. Ao meu namorado Matheus, pela paciência e companheirismo.
Aos amigos que fiz ao longo dessa caminhada. Jessyca Floro, que tive a
honra de conhecer, e que foi parceira em muitas noites de trabalho. A Matheus
Galvão, pelas risadas em meio ao estresse. A Roberta Carvalho, por ter me
acolhido e ter vivido momentos incríveis comigo dentro da universidade. Aos amigos
que são quase irmãos: Camila, Andreza, André, Helô, Rosinha, e especialmente
Yanne, que torce pelo meu sucesso e me incentiva o crescimento.
A todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo que tive contato,
e que contribuíram para meu desenvolvimento profissional através do conhecimento
transmitido, e das lições aprendidas.
A minha orientadora, Eunádia Cavalcante, pela orientação nos últimos
meses, e principalmente pela paciência durante o desenvolvimento dos estudos
deste neste trabalho. A todos os colegas de classe pela troca de experiências e
companheirismo.
Por fim, agradeço às pessoas que convivi ao longo desses anos de curso e a
todos que me auxiliaram de alguma forma nessa fase da minha vida.
“Não fui eu que ordenei a você?
Seja forte e corajoso!
Não se apavore nem desanime,
pois o Senhor, o seu Deus,
estará com você por onde você andar”
(Josué 1:9)
Bíblia Sagrada
RESUMO
Esse trabalho consiste na proposta arquitetônica de uma pousada para a Serra de
São Bento/RN. No contexto da pandemia da Covid-19, destinos que propiciam
atividades ao ar livre possuem maior procura, e o local, portanto, apresenta alto
potencial paisagístico, caracterizado pela beleza de suas serras. O projeto, então,
parte dessa observação e o terreno em declive auxilia na criação de visuais para o
entorno. Com o objetivo de utilizar os princípios da arquitetura bioclimática com
ênfase nas questões térmicas, foram utilizados processos projetuais que
alcançassem tal objetivo. O desenvolvimento da proposta foi realizado através de
pesquisas e programas computacionais para auxílio das simulações de possíveis
soluções. As estratégias bioclimáticas foram aplicadas ao projeto, através de
desenhos e componentes arquitetônicos, combinados com materiais específicos,
resultando na proposta da edificação.
Palavras-chave: Arquitetura hoteleira; conforto térmico; Covid-19.
ABSTRACT
This work consists of the architectural proposal of an inn for the Serra de São
Bento/RN. In the context of the Covid-19 pandemic, destinations that provide
outdoor activities are in greater demand, and the place, therefore, has high scenic
potential, characterized by the beauty of its mountains. The project, then, starts from
this observation and the sloping terrain helps in creating visuals for the surroundings.
In order to use the principles of bioclimatic architecture with an emphasis on thermal
issues, design processes were used to achieve this objective. The development of
the proposal was carried out through research and computer programs to aid in the
simulation of possible solutions. Bioclimatic strategies were applied to the project,
through drawings and architectural components, combined with specific materials,
resulting in the building proposal.
Keywords: Hotel architecture; thermal comfort; Covid-19.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 10
2. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL 11
2.1. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA 11
2.1.1. Zonas bioclimáticas 12
2.2. MEIOS DE HOSPEDAGEM 14
2.2.1. Classificação: requisitos avaliados 17
3. ESTUDO DE PRECEDENTES 20
3.1. BANGALÔS DO LAGO 20
3.2. KÛARA HOTEL 22
3.3. BOTANIQUE HOTEL & SPA 25
3.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESTUDOS DE PRECEDENTES 28
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS 30
4.1. ÁREA DE INTERVENÇÃO 30
4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 32
4.3. CONDICIONANTES CLIMÁTICOS 35
4.3.1. Estratégias Bioclimáticas 35
Ventilação Natural 38
Sombreamento 39
Inércia Térmica para aquecimento 40
4.4. ASPECTOS LEGAIS 40
4.4.1. Código de Obras 40
4.4.2. Plano Diretor 42
4.4.3. Norma de Acessibilidade - NBR 9050/2020 44
4.4.4. Segurança Contra Incêndio e Pânico do Rio Grande do Norte 49
4.4.5. Estatuto do Idoso 49
4.4.6. Resolução nº 304/08 do Contran 50
4.4.7. Documento sobre gestão da COVID-19 50
4.4.8. NR 24 51
5. PROCESSO PROJETUAL 53
5.1. ZONEAMENTO 54
5.2. SOLUÇÕES PROJETUAIS 56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 75
REFERÊNCIAS 77
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho discorre sobre a proposta de uma pousada na região de
Serra de São Bento/RN. O principal objetivo deste projeto é o desenvolvimento de
um empreendimento em clima serrano, com ênfase nas questões térmicas.
Serra de São Bento, a qual está inserida no polo turístico do Agreste Trairi,
de acordo com o Programa de Regionalização do Turismo (PRT), caracteriza-se por
sua topografia, repleta de cenários deslumbrantes de montanhas, o qual a torna
propício à prática do ecoturismo e aventura. Somado a isso, o contexto da
pandemia incentivou o turismo interno e valorização dos espaços naturais, dando
ainda mais destaque à região.
Diante desse cenário, o interesse pela pesquisa desse trabalho surgiu ao
perceber o potencial da região mencionada. A partir dessa observação, deu-se
início à pesquisa sobre a temática, sendo realizado o estudo das diretrizes
bioclimáticas da região, assim como de estratégias para menor consumo de
energia. Além das orientações da OMS, no que se refere aos edifícios de
hospedagem, no contexto da pandemia.
Dessa forma, este projeto visa proporcionar não só o conforto dos hóspedes,
como também o desenvolvimento da região, através da prática sustentável deatividades que promovam o ecoturismo ecológico.
O trabalho está estruturado em seis capítulos. O primeiro, que corresponde a
essa introdução, discorre acerca do tema escolhido e das problemáticas, expondo
os objetivos do trabalho e a justificativa da elaboração da pesquisa. Cada capítulo
seguinte corresponde a uma etapa do desenvolvimento deste projeto.
O segundo capítulo contém o embasamento teórico para o desenvolvimento
da proposta de projeto. O terceiro capítulo, obras que servem de referência para a
proposta, seja no aspecto funcional, formal ou estrutural.
O quarto capítulo discorre sobre os condicionantes de projeto. Análise da
área, com dimensões e características topográficas, bem como legislação vigente
na área de estudo, e características de conforto ambiental.
O quinto capítulo fala do projeto e soluções adotadas.
Por fim, o capítulo 6 discorre sobre os resultados alcançados no
desenvolvimento do trabalho e reflexões acerca do projeto.
10
2. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
Esse capítulo discorre sobre a fundamentação teórico-conceitual do trabalho,
que é estruturada a partir do conceito de arquitetura bioclimática. Aborda-se,
primeiramente, os estudos relacionados ao clima e as estratégias bioclimáticas
adequadas ao lugar que buscam garantir o conforto térmico dos usuários; e em
seguida, as estratégias que se aplicam ao clima serrano potiguar.
Em segundo lugar, apresenta-se o sistema de classificação dos meios de
hospedagem do Brasil, para os mais diversos tipos de meios de hospedagem,
levando em consideração as exigências do Ministério do Turismo em função de
determinados requisitos que podem classificar em uma, duas, três, quatro ou cinco
estrelas.
Por fim, explica-se o conceito de pousada, como pode ser classificada, e os
requisitos avaliados para tal.
2.1. ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA
O estudo do clima é imprescindível para a compreensão da Arquitetura
Bioclimática, porque a partir dele é possível obter resultados positivos para a
concepção do projeto arquitetônico, através do entendimento dos fatores físicos e
como eles podem ser controlados no ambiente. De acordo com Romero (2000),
esse estudo compreende tanto a formação resultante de diversos fatores
geomorfológicos e espaciais em jogo (sol, latitude, altitude, ventos, massas de terra
e água, topografia, vegetação, solo etc), quanto sua caracterização definida por
seus elementos (temperatura do ar, umidade do ar, movimentos das massas de ar e
precipitações).
Os irmãos Olgyay (1963) definem que o clima de uma dada região é
determinado pelo padrão das variações dos vários elementos e suas combinações,
destacando que os principais elementos climáticos que devem ser considerados no
desenho dos edifícios e no conforto humano são: radiação solar, comprimento de
onda da radiação, temperatura do ar, umidade, ventos e precipitações.
Para Lamberts (1998), o clima é a condição média do tempo em uma dada
região baseada em medições em longos períodos de tempo. Para projetar, deve-se
considerar o clima local e suas variáveis, e observar como ele se altera ao longo do
11
ano. Essas variáveis são quantificadas em estações meteorológicas e descrevem as
características gerais de uma região em termos de sol, nuvens, temperatura, ventos,
umidade e precipitações.
2.1.1. Zonas bioclimáticas
O zoneamento bioclimático brasileiro é descrito pela norma de desempenho
térmico de edificações (NBR 15220, 2003) abrangendo um conjunto de
recomendações e estratégias construtivas destinadas às habitações unifamiliares de
interesse social. A divisão do território brasileiro em oito zonas (Figura 1) é proposta
com intuito classificar as áreas que possuem características similares em relação ao
clima, para a compreensão das necessidades técnico-construtivas que otimizam o
desempenho térmico das edificações, através de sua melhor adequação climática.
Figura 1 – Zoneamento bioclimático brasileiro
Fonte: NBR 15220, 2003.
A NBR 15220-3 (2005) destaca que para a formulação das diretrizes
construtivas - para cada zona bioclimática Brasileira - e para o estabelecimento das
estratégias de condicionamento térmico passiva, foram considerados os parâmetros
e condições de contorno seguintes:
a) tamanho das aberturas para ventilação;
b) proteção das aberturas;
12
c) vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura); e
d) estratégias de condicionamento térmico passivo.
O estado do Rio Grande do Norte está dividido em duas zonas bioclimáticas,
sendo uma para clima quente e seco e outra para clima quente e úmido. A Serra de
São Bento/RN está inserida na Zona Bioclimática 8 (Figura 2). Essa zona tem como
indicação a utilização de ventilação cruzada permanente, e as seguintes diretrizes
construtivas: grandes aberturas para ventilação, sombreamento das aberturas e
vedação nas paredes e nas cobertas. No entanto, como é ressaltado por Pacheco
(2016), existem outras configurações climáticas presentes no RN.
Figura 2 - Zona bioclimática 8
Fonte: NBR 15220-3:2005
Em seu estudo, Pacheco (2016) encontra recomendações bioclimáticas para
habitações de interesse social em quatro condições climáticas: quente e subúmido;
quente e úmido; quente e seco; e serras. Para tanto, utilizou-se uma ferramenta
computacional para realização de simulações das condições térmicas de três tipos
de habitações populares e de diferentes estratégias. No quadro 1, é descrito como
foram divididas as microrregiões no território do Rio Grande do Norte e os seus
respectivos tipos climáticos.
13
Quadro 1 – Quadro da divisão climática do RN para simulação.
Tipos Climáticos Microrregiões Características
Quente e subúmido Inclui as microrregiões do
oeste (Mossoró, Chapada do
Apodi, Pau dos Ferros, Médio
Oeste, Serra de São Miguel,
Umarizal e Seridó Ocidental) e
parte do litoral setentrional do
estado (Microrregião de
Macau e Angicos).
Temperaturas elevadas
durante todo o ano e umidade
elevada apenas nos meses
chuvosos.
Quente e úmido Porção norte do Vale do Açu,
Baixa Verde, Litoral Nordeste,
Agreste Potiguar, Macaíba,
Natal e Litoral Sul.
Temperaturas elevadas e alta
umidade durante todo o ano.
Quente e seco Porção sul do Vale do Açu,
Serra de Santana, Seridó
Oriental e Borborema Potiguar.
Temperaturas elevadas e
baixa umidade durante quase
todo o ano.
Serras Serras do Seridó e do Alto
Oeste.
Temperaturas baixas e
umidades elevadas apenas
nos meses chuvosos.
Fonte: Elaborado pela autora com base em PACHECO, 2016.
2.2. MEIOS DE HOSPEDAGEM
Segundo o artigo 23 da Lei nº 11.771/2008 do Ministério do Turismo,
entende-se por meio de hospedagem:
Os empreendimentos ou estabelecimentos de sua forma de constituição,
destinados a prestar serviços de alojamento temporário, ofertados em unidades
de frequência individual e de uso coletivo exclusivo do hóspede, bem como
outros serviços de hospedagem, mediante adoção do instrumento contratual,
tácito ou expresso, e cobrança de diária.
Para aumentar a competitividade do setor hoteleiro e informar ao público os
níveis de conforto, os preços e os serviços oferecidos, o Ministério do Turismo
(MTur) desenvolveu um sistema de classificação de meios de hospedagem. Em 16
de junho de 2011, o Ministério do Turismo expediu a portaria n⁰ 100, que “Institui o
Sistema Brasileiro de Classificação dos meios de hospedagem (SBClass)”, que foi
elaborado em parceria com a qualidade do serviço prestado por cada
empreendimento, por meio de estrelas que são atribuídas determinando os serviços
14
prestados e disponibilizados no local. Segundo essa portaria, os tipos de meios de
hospedagem com as respectivas características distintivas são:
· Hotel: Estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou
sem alimentação, ofertados em unidades individuais e de uso exclusivo dos
hóspedes, mediante cobrança de diária.
· Resort: Hotel com estrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços
de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza nopróprio
empreendimento.Hotel Fazenda: Localizado em ambiente rural, dotado de
exploração agropecuária, que ofereça entretenimento e vivência do campo.
· Cama & café: Hospedagem em residência com no máximo três unidades
habitacionais para uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza, na
qual o possuidor do estabelecimento resida.
· Hotel histórico: Instalado em edificação preservada em sua forma original ou
restaurada, ou ainda que tenha sido palco de fatos histórico-culturais aqueles
tidos como relevantes pela memória popular, independentemente de quando
ocorreram, podendo o reconhecimento ser formal por parte do Estado brasileiro,
ou informal, com base no reconhecimento popular ou em estudos acadêmicos.
· Pousada: Empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo
30 unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e
alojamento temporário, podendo ser um prédio único com até três pavimentos,
ou contar com chalés ou bangalôs.
· Flat/ Apart-hotel: São constituídos por unidades habitacionais que disponham de
dormitório, banheiro, sala e cozinha equipada, em edifício com administração e
comercialização integradas, que possuam serviço de recepção, limpeza e
arrumação.
As categorias de cada um (Figura 3), segunda a mesma portaria, são:
15
Figura 3 – Categorias dos Meios de Hospedagem
Fonte: Sistema brasileiro de classificação de meios de hospedagem, 2016.
Considerando que o projeto desenvolvido, trata-se de uma edificação
classificada como “Pousada”, serão apresentados/aprofundados estudos com
relação a esse tipo de empreendimento.
Pousadas são hotéis voltados ao descanso, na maioria das vezes, de
pequeno porte. Possui características semelhantes à resorts, porém em menor
escala e com menor diversidade de serviços. A quantidade de unidades
habitacionais é menor, as instalações para a prática de esportes, quando existem,
resumem-se a alguns poucos itens, e as áreas para reuniões, também quando
existem, são de pequeno porte. O regime predominante é o de diárias completas,
incluindo as refeições, em um único restaurante. A administração é basicamente
familiar, e, por essa razão e pelo porte reduzido do hotel, o tratamento concedido
aos hóspedes é mais pessoal (ANDRADE, 2001).
A procura por estes tipos de hospedagem vai além da localização, das
paisagens naturais e da culinária local. Na maioria das vezes, os hóspedes buscam
o conforto e a sensação de estar em casa, por serem administrados de maneira
mais familiar e mais próxima com o hóspede.
Isso demonstra a importância de agregar elementos relacionados às
características da localidade, tais como: material para construção, itens usados na
decoração, tipo de refeições servidas em seus restaurantes, além do atendimento
dos funcionários e também do contrato de fornecedores locais. Conforme relata
Hsieh (2006, p.14):
16
Não se pode esquecer que a relação com a comunidade não é meramente
social. A maior parte da mão de obra será requisitada da comunidade, e
muitos produtos serão abastecidos por fornecedores locais. Quanto mais
intensas forem essas interações, melhor será o relacionamento
desenvolvido.
2.2.1. Classificação: requisitos avaliados
A classificação hoteleira categoriza os meios de hospedagem conforme o
padrão e as características das suas instalações, informando os níveis de conforto,
os preços e os serviços oferecidos, orientando o público para uma melhor escolha
ao viajar. As características dos tipos de meios de hospedagem, de acordo com a
localização, natureza da edificação, clientela preferencial e infraestrutura estão
descritas no Quadro 2. Nele, consegue-se fazer um comparativo entre hotel, hotel
histórico, hotel de lazer e pousada, deixando mais clara a compreensão desses
edifícios.
Quadro 2 – Características dos Tipos de Meios de Hospedagem
Tipo Localização Natureza da
edificação
Clientela
preferencial
Infraestrutura
Hotel – H Preferencialmente
urbana
Normalmente, em
edificação com vários
pavimentos (partido
arquitetônico vertical).
Mista, com
executivos e
turistas,
predominando
ora uns, ora
outros.
Hospedagens e,
dependendo da
categoria,
alguma
infra-estrutura
para lazer e
negócios.
Hotel
Histórico –
HH
Em prédios, locais
ou cidades
históricas (no meio
urbano e rural).
Prédio tombado pelo
IPHAN ou de
significado histórico ou
valor regional
reconhecido.
Mista, com
executivos e
turistas, com
predominância
variável de uns
e outros.
Normalmente,
restrita à
hospedagem.
Hotel de
Lazer –
HL
Áreas rurais ou
local turístico fora
do centro urbano.
Normalmente,
possuem partido
arquitetônico
horizontal.
Turistas em
viagens de
recreação e
lazer.
Áreas,
instalações,
equipamentos e
serviços próprios
para lazer e
hóspede.
Pousada –
P
Locais turísticos
normalmente fora
do centro urbano.
Predominantemente,
partido arquitetônico
horizontal.
Turistas em
viagens de
recreação e
lazer.
Restrita à
hospedagem.
Fonte: EMBRATUR. Regulamento e matriz de classificação dos meios de hospedagem e turismo
(apud ANDRADE et al, 2000, p.45)
17
Para alcançar a categoria desejada na classificação de meios de
hospedagem para uma pousada, que pode alcançar de 1 até 5 estrelas, o Sistema
de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass) explana na Portaria
Ministerial MTur nº 100/2011, anexo VII, os requisitos necessários de acordo com
três aspectos: a infraestrutura, os serviços e a sustentabilidade.
Na infraestrutura, observa-se a qualidade das instalações e os equipamentos
utilizados; na parte de serviços, são verificadas as ofertas e a variedade do mesmo;
e finalmente, são analisados os requisitos vinculados às ações sustentáveis, ou
seja, uso dos recursos de maneira ambientalmente responsável, de forma que o
atendimento das necessidades atuais não comprometa a possibilidade de uso pelas
futuras gerações. Os requisitos são divididos em mandatórios, que são aqueles de
cumprimento obrigatório pelo meio de hospedagem; e eletivos, que são aqueles de
livre escolha do meio de hospedagem, tendo como base uma lista pré-definida
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010).
Para o quesito da infraestrutura, áreas como a de estacionamento, local
específico para serviço de recepção e guarda de bagagens, são mandatórias para
todo o tipo de classificação. Jardim, banheiros sociais de áreas comuns, masculino
e feminino, separados entre si, com ventilação natural ou forçada, são obrigatórios
para as pousadas de 3 ou mais estrelas. Salão de jogos, instalações para recreação
de crianças e gerador de emergência com partida automática ou manual, com
cobertura nos apartamentos e áreas sociais, para manutenção de todos os serviços
essenciais são exigidos na classificação de 4 estrelas ou superior. Na de 5 estrelas,
exclusivamente, uma entrada de serviço independente e espaço para leitura são
necessários. Restaurante com número de lugares correspondente a pelo menos
50% da capacidade máxima de hóspedes são obrigatórios nas pousadas de 3 ou
mais estrelas.
Para a metragem das unidades habitacionais, exceto banheiro, a área útil
mínima é de 9,00 m² (em no mínimo 65% das UH), 9,00 m² (em no mínimo 70% das
UH), 11,00 m² (em no mínimo 80% das UH), 13,00 m² (em no mínimo 90% das UH)
e 15,00 m² (100% das UH) nas categorias de 1, 2, 3, 4 e 5 estrelas,
respectivamente. Para os banheiros, a metragem mínima para a categoria de 1 e 2
estrelas é de 2,00 m², com presença em no mínimo 65% e 70%, respectivamente,
das unidades habitacionais. Na categoria de 3 estrelas, em no mínimo 80% das
18
unidades habitacionais, e 4 estrelas em no mínimo 90% das unidades habitacionais,
a dimensão mínima dos banheiros é de 3,00 m². Na pousada 5 estrelas, é
mandatório banheiro em todas as unidades habitacionais, com pelo menos 3,50 m².
No quesito sustentabilidade, medidas permanentes para redução do
consumo de energia elétrica, gerenciamento dos resíduos sólidos, com foco na
redução, reuso e reciclagem, redução do consumo de água, geração de trabalho e
renda para acomunidade local são essenciais nos 5 tipos de classificação dos
meios de hospedagem para pousadas.
19
3. ESTUDO DE PRECEDENTES
O capítulo trata de análises de obras/projetos que servem como referência
para a ação projetual, por se tratar de tema similar, soluções estruturais, tipo
arquitetônico, materiais, composições e cores adotadas. Todos os estudos foram
realizados de forma indireta, ou seja, não houve visita in loco, por motivos de
medidas preventivas de distanciamento social decorrente da pandemia de
COVID-19, no período de execução deste trabalho.
3.1. BANGALÔS DO LAGO
Ficha Técnica
Tema: Arquitetura residencial
Arquitetos: Cadi Arquitetura
Ano de conclusão: 2019
Área construída: 64m²
Localização: Imigrante, Rio Grande do Sul - Brasil
Figura 4 – Bangalôs do Lago
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/929819/bangalos-do-lago-cadi-arquitetura
O projeto Bangalôs do Lago (Figura 4) foi realizado a partir de uma
necessidade do cliente de aproveitar a área adjacente à uma edificação intitulada
Casa do Lago (Figura 5), que havia sido concluída em 2017. Com isso, os bangalôs
aproveitam os cenários desta região, com uma posição privilegiada e áreas de
20
descanso. Um espaço voltado para a vista do lago, propiciando uma experiência
diferenciada para todas as pessoas que utilizam este lugar.
Figura 5 – Planta Esquemática de implantação dos Bangalôs e da Casa do Lago
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/929819/bangalos-do-lago-cadi-arquitetura
O ponto forte desse projeto é o conforto térmico e acústico, sem deixar de
lado a privacidade. Os materiais foram bem empregados, com pedra aparente,
concreto e madeira (Figura 6), com uma identidade visual semelhante à Casa do
Lago (já existente), trazendo a naturalidade do entorno para o projeto, deixando-o
mais aconchegante. Além disso, foram utilizados outros elementos (Figura 7), como
o vidro, e a vegetação.
Figura 6 e Figura 7 – Bangalôs do Lago com seus respectivos materiais
Fonte: Adaptado de
https://www.archdaily.com.br/br/929819/bangal
os-do-lago-cadi-arquitetura
Fonte: Adaptado de
https://www.archdaily.com.br/br/929819/bangal
os-do-lago-cadi-arquitetura
21
Na parte interna do bangalô (Figura 8), os mesmos materiais do exterior da
edificação se repetem, conferindo aconchego e conforto para o projeto. Cores claras
são utilizadas, com aproveitamento da luz natural através das esquadrias que
permeiam todo o ambiente.
Figura 8 – Parte interna do bangalô do lago
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/929819/bangalos-do-lago-cadi-arquitetura
3.2. KÛARA HOTEL
Ficha Técnica
Tema: Arquitetura hoteleira
Arquiteto: David Guerra
Ano de conclusão: 2019
Localização: Porto Seguro, Bahia - Brasil
22
Figura 9 – Kuâra Hotel
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/928111/kuara-hotel-david-guerra
Na planta de implantação do Kûara Hotel (Figura 10), é visível a quantidade
de massa verde no terreno. De fato, houve uma preocupação com a preservação da
vegetação nativa do empreendimento, e com a composição do edifício e a flora
local, com objetivo de existir um diálogo e interpretação da paisagem nativa. A
arquitetura dos espaços foi pensada para atender aos requisitos de lazer e
descanso. Privacidade, intimidade e silêncio foram as palavras-chave desse projeto.
O zoneamento, que foi dividido em lavanderia e academia, administração,
recepção, restaurante e piscina, bar e lounge, spa, e blocos de quartos, foram
separados no terreno em vários edifícios, propiciando ao projeto maior conexão com
o meio. O estilo arquitetônico é bem marcante, com espaços de descanso e
relaxamento, sem deixar de lado a identidade brasileira, principalmente pela adoção
de varandas.
23
Figura 10 – Planta de Implantação do Kuâra Hotel
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/928111/kuara-hotel-david-guerra/5dc8e9c03312fd0b0a0001d6-kuara-
hotel-david-guerra-implantacao
O restaurante do hotel é um dos pontos mais belos e imponentes do projeto.
Possui uma extensão de sua área para a parte externa, permitindo aos hóspedes a
escolha do local para as refeições: a parte interior com a beleza do ambiente, ou a
parte de fora que propicia a atmosfera beira-mar (Figura 11). A área interna do
restaurante (Figura 12) possui um pé direito elevado devido ao espaço criado pela
cobertura que possui inclinação acentuada. A estrutura aparente em madeira
confere ao espaço mais aconchego. Além disso, as aberturas em vidro permitem
que o sol permeie por esse espaço, sendo aproveitada a iluminação natural de
forma mais inteligente.
24
Figura 11 – Foto da área externa do restaurante do Kuâra Hotel
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/928111/kuara-hotel-david-guerra/5dc931f33312fd0b0a000227-kuara-
hotel-david-guerra-foto
Figura 12 – Foto da área interna do restaurante do Kuâra Hotel
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/928111/kuara-hotel-david-guerra/5dc932ea3312fd0b0a000230-kuara-
hotel-david-guerra-foto
3.3. BOTANIQUE HOTEL & SPA
Ficha Técnica
Tema: Arquitetura hoteleira
Arquitetos: Candida Tabet Arquitetura
25
Ano de conclusão: 2006
Área construída: 7000m²
Localização: São Carlos, São Paulo - Brasil
Figura 13 – Botanique Hotel & Spa
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/772859/botanique-hotel-and-spa-candida-tabet-arquitetura/55e498e3
e58ece0313000102-botanique-hotel-and-spa-candida-tabet-arquitetura-foto
O Botanique Hotel & Spa (Figura 13) está localizado na junção de três vales
de rio, cercado de uma área montanhosa e envolto por uma porção da mata
Atlântica, a uma altitude de 1.200 metros acima do nível do mar. O projeto tem como
características a privacidade, intimidade e silêncio em um projeto contemporâneo e
marcante. A harmonização dos diferentes elementos, como os telhados aparentes
com bastante inclinação, as grandes fachadas em vidro, os materiais de madeira e
pedra, é possível através da composição mostrada na figura 14.
26
Figura 14 – Foto da parte interna do Botanique Hotel & Spa
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/772859/botanique-hotel-and-spa-candida-tabet-arquitetura/55e4991e
e58eceb7f1000106-botanique-hotel-and-spa-candida-tabet-arquitetura-foto
O quarto (Figura 15), que é bastante espaçoso, propicia aos hóspedes a
contemplação da vista privilegiada do local, e as esquadrias em vidro auxiliam na
iluminação natural. A varanda, que é uma extensão da acomodação, ainda permite
um novo espaço de descanso para os usuários.
Figura 15 – Hospedagem do Botanique Hotel & Spa
Fonte:
https://www.archdaily.com.br/br/772859/botanique-hotel-and-spa-candida-tabet-arquitetura/55e499e3
e58ece031300010e-botanique-hotel-and-spa-candida-tabet-arquitetura-foto
27
3.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESTUDOS DE PRECEDENTES
A análise realizada a partir dos três projetos arquitetônicos revela algumas
características que são distintas entre eles mas, principalmente, as que têm em
comum. Todos são meios de hospedagem que se assemelham nos formatos, nos
materiais, na função e no objetivo edificável. Mesmo assim, diferentes localizações,
climas e terrenos, programa de necessidades revelam infinitas possibilidades como
resultado arquitetônico. A seguir, o quadro 3 sintetiza os pontos mais importantes na
comparação.
Quadro 3 – Quadro síntese dos estudos de precedentes
Bangalôs do Lago Kûara Hotel Botanique Hotel & Spa
Localização Imigrante, Rio Grande
do Sul - Brasil
Porto Seguro, Bahia
- Brasil
São Carlos, São Paulo -
Brasil
Implantação Edifícios um ao lado do
outro
Edifícios
espalhados no
terreno a partir de
zoneamento
pré-definido
Edifício principal ao centro
do terreno, e demais
edificações menores mais
distantes
Tipo de terreno Plano Com desnível Com desnível
Paisagem Rural - lago Litoral - praia Rural - mata
Tipo de UH Bangalôs Bangalôs Quartos no edifício principal
Estudo Indireto Indireto Indireto
Programa de
necessidades
Suítes com varanda Projeto com
lavanderia,
academia,
administração,
recepção,
restaurante, piscina,
bar, lounge, quartos
e spa
Edificação com seis
quartos, espaçode
restaurante, spa e onze
vilas independentes
Materiais
empregados
Vidro, pedra aparente,
concreto e madeira
Vidro e madeira Vidro, pedra e madeira
Soluções
empregadas
Pergolado e varanda Beirais, varandas e
vegetação
Grandes aberturas em vidro
Cobertura Duas águas Quatro águas Duas águas
Apesar desses projetos estarem localizados em regiões bioclimáticas
distintas, pode-se perceber soluções de adaptação que podem inspirar as decisões
28
de projeto. Como os ambientes foram locados no terreno, o programa de
necessidades escolhido, o tipo de cobertura, os materiais empregados, as soluções
de conforto e a paisagem do entorno nortearam as escolhas que foram adaptadas
para a realidade do terreno em estudo.
29
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS
Neste capítulo estão expostas as informações referentes ao local de
intervenção, tendo como enfoque a caracterização do local quanto às questões
físicas e ambientais que norteiam o entendimento das estratégias bioclimáticas,
bem como, as prescrições legais que envolvem o local e o tipo de projeto. Para, por
fim, abordar o programa arquitetônico e o pré-dimensionamento do projeto.
4.1. ÁREA DE INTERVENÇÃO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
cidade de Serra de São Bento, que está localizada no estado do Rio Grande do
Norte, possui uma área territorial de 96,628km² (IBGE, 2021) e população estimada
de 5.739 habitantes (IBGE, 2020). Possui densidade demográfica de 59,43 hab/km²
(IBGE, 2011). Serra de São Bento situa-se a 16 km a Norte-Leste de Araruna, a
maior cidade nos arredores, e faz divisa com os municípios de Passa-e-Fica, São
José do Campestre e Monte das Gameleiras.
Situado a 398 metros de altitude, Serra de São Bento tem as seguintes
coordenadas geográficas: Latitude: 6° 25' 18'' Sul, Longitude: 35° 42' 18'' Oeste.
Está localizado na Mesorregião do Agreste Potiguar e na Microrregião da
Borborema Potiguar.
Figura 16 – Localização da Serra de São Bento no Estado e no Brasil
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
30
https://www.cidade-brasil.com.br/municipio-araruna.html
Figura 17 – Localização do terreno do projeto
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
O terreno escolhido para o projeto (Figura 17) tem seus confrontantes ao
nordeste, com a RN-269 (via que conecta as cidades de Passa e Fica, e Serra de
São Bento), e os demais confrontantes com áreas que ainda não foram edificadas.
A topografia do município de Serra de São Bento (Figura 18) aponta uma
altitude máxima de 576m, mínima de 122m e média de 272m, de acordo com dados
do Open Map Street.
Figura 18 – Mapa topográfico do município de Serra de São Bento
Fonte: https://pt-br.topographic-map.com/maps/psun/Serra-de-S%C3%A3o-Bento/
31
Logo, a figura 19 mostra o mapa topográfico em mais detalhes da área de
estudo. As cores que representam a altitude vão do verde ao vermelho,
configurando um terreno com bastante desnível.
Figura 19 – Mapa topográfico da área em estudo
Fonte: https://pt-br.topographic-map.com/maps/psun/Serra-de-S%C3%A3o-Bento
4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
Considerando tratar-se de uma pousada categoria de 3 estrelas (a partir do
Sistema de Classificação de Meios de Hospedagem), o quesito da infraestrutura
requer áreas como: Estacionamento, local específico para serviço de recepção e
guarda de bagagens, além de jardim, banheiros sociais de áreas comuns, masculino
e feminino, separados entre si; Restaurante com número de lugares correspondente
a pelo menos 50% da capacidade máxima de hóspedes; Unidades habitacionais,
exceto banheiro, com área útil mínima é de 11,00 m² (em no mínimo 80% das UH),
e banheiros, com metragem mínima de 2,00 m², em no mínimo 80% das unidades
habitacionais.
A partir dessas informações, e com base nos estudos de referência, foi
determinado o seguinte programa (Quadro 4), dividido nos setores administrativo,
restaurante, lazer, hospedagem, serviço e hospedagem.
32
Quadro 4 – Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento dos ambientes
ADMINISTRATIVO
AMBIENTES OBSERVAÇÕES ÁREA
Recepção Balcão de atendimento e cadeiras 20m²
Sala de estar Sofás, poltronas e mesinhas de centro 50m²
Guarda bagagens 5m²
Banheiro acessível unissex 3m²
Sala administrativa Mesa, cadeiras e armários 12m²
ÁREA TOTAL= 90m²
RESTAURANTE
AMBIENTES OBSERVAÇÕES ÁREA
Área de espera Sofás e poltronas 20m²
Salão de mesas Mesas e cadeiras 120m²
Bar Bancada, refrigeradores e bancos altos 20m²
Banheiro acessível masculino 3m²
Banheiro masculino Duas cabines para sanitário, mictórios, bancada e cubas 7m²
Banheiro acessível feminino 3m²
Banheiro feminino Duas cabines para sanitário, bancada e cubas 7m²
ÁREA TOTAL= 180m²
LAZER
AMBIENTES OBSERVAÇÕES ÁREA
Piscina infantil 15m²
Piscina adulto 35m²
ÁREA TOTAL= 50m²
33
HOSPEDAGEM
AMBIENTES OBSERVAÇÕES ÁREA
UNIDADE
TIPO A
Quarto Cama de casal king, mesa de cabeceira, lâmpada de
leitura, cesto de lixo, armário, espaço para mala, mini
refrigerador, tv e cortina
15m²
Banheiro Bacia sanitária, cuba e chuveiro 3,5m²
Varanda 6m²
UNIDADE
TIPO B
Quarto Cama de casal king, mesa de cabeceira, lâmpada de
leitura, cesto de lixo, armário, espaço para mala, mini
refrigerador, tv e cortina
22m²
Banheiro Bacia sanitária, cuba e chuveiro 5m²
Varanda 10m²
ÁREA TOTAL= 61,50m² (x10) = 615,50m²
SERVIÇO
AMBIENTES OBSERVAÇÕES ÁREA
LAVANDERIA Roupa limpa 8m²
Roupa suja 8m²
Almoxarifado 8m²
Vestiário feminino 15m²
Vestiário masculino 15m²
ÁREA TOTAL= 54m²
ESTACIONAMENTO
AMBIENTES OBSERVAÇÕES ÁREA
Espaço de vagas Restaurante: 1 vaga para cada 10m² de salão 150m²
Espaço de vagas Hospedagem: 1 vaga para cada unidade habitacional 250m²
ÁREA TOTAL= 400,00m²
ÁREA ÚTIL TOTAL= 1.389,50m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
34
4.3. CONDICIONANTES CLIMÁTICOS
A análise da insolação é de extrema importância para qualquer projeto, pois
auxilia as decisões arquitetônicas para alcançar a melhor solução de conforto para
os espaços, através da divisão entre os setores de zoneamento e aberturas do
edifício, juntamente com elementos que irão sombrear para os casos na qual
necessitam de proteção.
Figura 20 – Carta solar de Serra de São Bento
Fonte: SunTool, 2022.
4.3.1. Estratégias Bioclimáticas
Para o estudo das estratégias bioclimáticas, foi utilizado a plataforma
nacional Projeteee (Projetando Edificações Energeticamente Eficientes),
desenvolvida pela Universidade Federal de Santa Catarina. A base de dados
contém a caracterização climática de mais de 400 cidades brasileiras, com
indicação das estratégias de projeto mais apropriadas a cada região e
detalhamentos da aplicação prática destas estratégias.
35
Entretanto, os dados climáticos para o município de Serra de São Bento
ainda não estão disponíveis. A pesquisa recomenda a cidade de Areia, na Paraíba,
como referência, pois possui a mesma zona climática da zona em estudo.
A primeira informação climática relevante é o índice pluviométrico da área
(Figura 21). Percebe-se que nos meses de janeiro, março, setembro, outubro,
novembro e dezembro o índice é inferior a 100mm, enquanto que apenas no mês de
julho, esse mesmo índice é superior a 300mm. A carência desse recurso,
principalmente nos meses de verão, pode ser amenizada através da reutilização da
água e de sistemas de captação de água pluvial. Entender a distribuição da
precipitação pluviométrica ao longo dos meses e a frequência auxilia no correto
dimensionamento dos reservatórios.
Figura 21 – Gráfico de Chuva de Areia/PB
Fonte:
http://www.mme.gov.br/projeteee/dados-climaticos/?cidade=PB-Areia&id_cidade=bra_pb_areia.81877
0_inmet
A análise da ventilação é de suma importância, pois a percepção mais ampla
desse estudo promove uma proposta de projeto alinhada com o objetivo de
renovação constante do ar e um maior conforto térmico. O gráfico da rosa dos
ventos (Figura 22) mostra as estatísticas sobre a incidência do vento, reunidas ao
36
longo do tempo. Essas medições incluem velocidade do vento,direção e frequência.
É possível perceber que a predominância do sentido do fluxo do vento em todas as
estações do ano possui uma orientação sudeste.
Figura 22 – Rosa dos Ventos de Areia/PB
Fonte:
http://www.mme.gov.br/projeteee/dados-climaticos/?cidade=PB-Areia&id_cidade=bra_pb_areia.81877
0_inmet
Para um edifício mais confortável termicamente, é interessante manter as
aberturas voltadas para essa direção, e todos os ambientes deverão receber
ventilação cruzada. Eles terão no mínimo uma abertura para a entrada e outra para
a saída do ar, para permitir a circulação pelos ambientes da edificação. Artifícios e
elementos impedidores da penetração da chuva nos ambientes, bem como proteção
das paredes também são importantes. O uso de beirais e varandas, por exemplo,
irão auxiliar nesse quesito.
37
Figura 23 – Condições de Conforto ao longo do ano em Areia/PB
Fonte: http://www.mme.gov.br/projeteee/estrategias-bioclimaticas/
As condições de conforto ao longo do ano, apresentadas na Figura 23,
apontam desconforto para o calor em maior porcentagem do que para o frio, apesar
dele também existir. Apenas em 24% do ano existe conforto térmico. Sendo assim,
estratégias precisam ser utilizadas para mitigar tais efeitos, e melhorar o conforto
térmico no geral para a edificação.
As estratégias bioclimáticas sugeridas pelo programa (Figura 24) são três: a
ventilação natural, o sombreamento e a inércia térmica para o aquecimento,
conforme será explicado a seguir.
Figura 24 – Estratégias Bioclimáticas sugeridas para Areia/PB
Fonte: http://www.mme.gov.br/projeteee/estrategias-bioclimaticas/
● Ventilação Natural
Os objetivos e o projeto de sistemas passivos de ventilação dependem da
edificação e do clima local, aliado às condições de vento em função do relevo e
38
obstruções vizinhas. A qualidade desses projetos está bastante relacionada aos
próprios espaços internos e ao tamanho e posicionamento das aberturas.
A ventilação é muito importante por exercer diferentes funções no ambiente:
renovação do ar, resfriamento psicofisiológico e resfriamento convectivo.
Diferenças de pressão movem o ar fresco através dos edifícios e podem ser
causadas pelo vento ou por diferenças de temperatura, configurando
respectivamente a ventilação cruzada e ventilação por efeito chaminé, as quais
podem se misturar num mesmo espaço.
No efeito chaminé, o ar mais frio, mais denso, exerce pressão positiva, e o ar
mais quente, menos denso, exerce baixa pressão e tende a subir.
Na ventilação cruzada, os mesmos efeitos são explorados, mas em virtude
das pressões que o vento exerce, por isso para proporcionar uma boa ventilação
natural é preciso posicionar as aberturas em zonas de pressão oposta.
Vale ressaltar que a ventilação natural é ineficaz para reduzir a umidade do ar
que penetra no ambiente, o que limita sua aplicação em climas de umidade relativa
do ar muito elevada.
● Sombreamento
O sombreamento é uma estratégia fundamental para redução dos ganhos
solares por envolver a edificação. Evitar os ganhos solares nos períodos mais
quentes, mas sem obstruí-los no inverno e sem prejudicar a iluminação natural
pelas aberturas contribui para o conforto e uso prolongado do local projetado.
Por outro lado, a proteção solar mal projetada pode obstruir a radiação solar
direta e prejudicar a iluminação natural, de modo que se faz necessário o projetista
conhecer a geometria solar de inverno e verão em relação ao lugar de implantação
do edifício.
Por fim, também é importante considerar o entorno da área construída, pois
sombras de edificações vizinhas ou áreas de vegetação podem influenciar no
planejamento da orientação da edificação e as proteções necessárias às fachadas.
39
● Inércia Térmica para aquecimento
A inércia térmica está associada à manutenção da temperatura. Uma
edificação de elevada inércia térmica proporcionará uma diminuição das amplitudes
térmicas internas e um atraso térmico no fluxo de calor.
A inércia térmica total da edificação vai depender das características do
envelope (tipo de piso, parede e cobertura) que devem ser compostos por materiais
geralmente densos, de elevada capacidade térmica, os quais funcionam como uma
espécie de bateria térmica: absorvendo calor durante o verão e, no inverno, pode
armazenar o calor para liberá-lo à noite, ajudando a edificação a permanecer
aquecida.
O concreto e a alvenaria cerâmica são exemplos de materiais que
apresentam capacidade térmica elevada. A capacidade térmica do material e seu
respectivo atraso térmico são propriedades importantes na escolha do material a ser
selecionado.
Essa característica de inércia térmica é particularmente interessante em
regiões de clima mais seco onde há uma grande diferença entre as temperaturas
diurnas e noturnas externas, isto é, acima de 7 ºC.
4.4. ASPECTOS LEGAIS
O município de Serra de São Bento não dispõe de Código de Obras e Plano
Diretor próprios. Dessa forma, o projeto leva em consideração a Legislação da
capital do Rio Grande do Norte, Natal, e a Legislação Federal, conforme descritas a
seguir.
4.4.1. Código de Obras
O Código de Obras e Edificações do Município de Natal, que é instituído pela
Lei Complementar Nº 055, de 27 de janeiro de 2004, tem como um de seus
objetivos, garantir que o espaço edificado atenda aos padrões de qualidade que
satisfaçam as condições mínimas de segurança, conforto, higiene e saúde dos
40
usuários e dos demais cidadãos. Ele é um instrumento básico que permite exercer
adequadamente o controle e a fiscalização do espaço construído.
A partir disso, o projeto deve obedecer a esses requisitos. Deve-se prever
área de estacionamento, coberta ou não, de acordo com o uso do edifício. Por se
tratar de uma pousada, o empreendimento se encaixa na especificação de hotel,
apart hotel ou similar, e necessita de 1 vaga a cada 2 apartamentos de até 50m²,
pois o acesso se dará através de uma via arterial (Figura 25). Esse tipo de
empreendimento também exige que seja reservado um espaço para embarque e
desembarque, lixo, ônibus de turismo, táxi, carga e descarga. Além disso, também
existe um restaurante nesse mesmo terreno. Para tal, é exigido 1 vaga a cada 10m²
de área de público.
Figura 25 – Via arterial confrontante com o terreno
Fonte: Elaborado pela autora, 2022
O dimensionamento das formas de acesso ao terreno é definido a partir da
hierarquia da via que será utilizada (arterial, coletora ou local), da quantidade de
vagas do empreendimento e da dimensão da testada. O acesso pela via arterial,
com uma quantidade de vagas maior que 20 e menor que 100, em uma testada
maior que 50 metros, resulta em um desenho do acesso conforme a Figura 26.
41
Figura 26 – Desenho da via de acesso ao empreendimento
Fonte: Código de Obras de Natal, 2004
As calçadas devem obedecer ao tamanho padrão que segue na rua que
limita o terreno. Caso não haja, elas devem obedecer a largura mínima de 1,20m
(um metro e vinte) de faixa livre, ou seja, sem bloqueios, barreiras físicas ou
mobiliário urbano que venha a dificultar a circulação de pedestres. Deve conter
também, sinalização tátil adequada, antiderrapante e acessível, com piso contínuo.
A edificação precisa ser pensada e projetada com intuito de promover um
melhor conforto aos usuários, sempre atentando para a ventilação, insolação e
iluminação dos ambientes. Se o ambiente for de uso prolongado, as aberturas não
podem ter uma área inferior a um sexto (1/6) da área do compartimento, assim
como se o ambiente for de uso transitório, as aberturas não podem ter uma área
inferior a um oitavo (1/8).
Sobre a acessibilidade, o Código de Obras discorre que hotéis, apart-hotéis
ou similares devem dispor de unidades de hospedagem adaptadas às pessoas
portadoras de deficiência motora, e/ou com mobilidade reduzida em proporção
específica. O projeto que possui entre 4 e 50 unidades habitacionais necessita de 1
unidade adaptada apenas.
4.4.2. Plano Diretor
O Plano Diretor é o instrumento parao desenvolvimento urbano sustentável,
e serve de orientação para o desempenho dos agentes públicos e privados que
atuam na produção e gestão do espaço urbano. Seu objetivo é o pleno
42
desenvolvimento das funções sociais e ambientais da cidade e da propriedade, a
fim de que seus habitantes gozem de qualidade de vida, bem-estar e segurança no
Município de Natal.
É uma lei que organiza e estabelece o funcionamento, crescimento e
planejamento da cidade, e para isso, utiliza-se de um instrumento para zonear a
cidade com intuito de facilitar e dividir as exigências básicas que incidem sobre
essas áreas, de acordo com cada tipo de projeto.
Para as prescrições urbanísticas, deve-se levar em consideração a taxa de
ocupação, taxa de impermeabilização, recuos e gabarito. A taxa de ocupação
máxima permitida, ressalvadas regulamentações especiais, não deve ser superior a
80% (oitenta por cento), e a taxa de impermeabilização máxima permitida é de 80%
(oitenta por cento) do lote. A partir das informações coletadas, foi confeccionado o
Quadro 5 com os dados necessários para construir o projeto respeitando a
legislação vigente.
Quadro 5 - Índices Urbanísticos para o anteprojeto
Índices Urbanísticos
Área do terreno 19.364m²
Taxa de impermeabilização até 80%
Área permeável no mínimo 3.872,80m²
Taxa de ocupação até 80%
Área de ocupação até 15.491,20m²
Fonte: Elaborado pela autora, 2020
Os recuos e o gabarito também possuem especificidade, a depender da área
em que o terreno se insere na cidade de Natal. Dentro do Macrozoneamento
estabelecido, a totalidade do território do Município de Natal está dividida em três
zonas:
I. Zona de Adensamento Básico;
II. Zona Adensável;
III. Zona de Proteção Ambiental.
43
Entretanto, o terreno se encontra na cidade de Serra de São Bento, e por
isso, esses índices não serão considerados neste projeto.
4.4.3. Norma de Acessibilidade - NBR 9050/2020
A acessibilidade, como definição de possibilidade e condição de alcance,
percepção e utilização por parte de todos, com segurança e autonomia, seja através
do uso público ou privado, deve ser implementada em todos os projetos
arquitetônicos. A NBR 9050/2020, publicada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas, estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem adotados para que as
condições de acessibilidade sejam alcançadas.
Os parâmetros adotados para o projeto, começando pelo módulo de
referência, merecem bastante atenção. A medida da projeção da cadeira de rodas é
de 0,80 metros por 1,20 metros. Para que ela consiga realizar diferentes manobras,
sem se deslocar, necessita de 1,20 metros x 1,20 metros (para rotação de 90°), 1,20
metros x 1,50 metros (para uma rotação de 180°), e círculo com diâmetro de 1,50
metros (para uma rotação de 360°).
Para que a cadeira de rodas consiga realizar as manobras com
deslocamento, o espaço mínimo aumenta, conforme Figura 27.
44
Figura 27 – Área para manobra de cadeiras de rodas com deslocamento
Fonte: NBR 9050/2020
Para dimensões referenciais em pé, normalmente é adotado o padrão para
uma pessoa sem órtese, que é de 0,60 metros x 0,60 metros. Porém, existem outras
particularidades que devem ser consideradas. Pessoas que utilizam bengala(s),
andador(es) ou muleta(s) também precisam ser incluídas. Nesse caso, as
dimensões variam entre 0,75 metros e 1,20 metros, sendo a última para usuários de
muletas, que necessitam desse espaço, tanto frontalmente quanto lateralmente.
45
As informações devem ser claras, completas e precisas. A sinalização deve
ser autoexplicativa, perceptível e legível para todos, inclusive às pessoas com
deficiência. Um exemplo disso é a utilização do símbolo internacional de acesso –
SIA. Consiste na representação do símbolo através de um pictograma, que deve ser
utilizado para indicar a acessibilidade nas edificações, no mobiliário, nos espaços e
nos equipamentos urbanos em um local visível ao público. Entradas, sanitários,
áreas e vagas de estacionamento são exemplos de locais nas quais devem ser
afixados.
Além do SIA, também existem outros símbolos, como o de pessoas com
deficiência visual, deficiência auditiva, atendimento preferencial, pessoa com
deficiência visual acompanhada de cão-guia, o de sanitário, de circulação e de
comunicação.
Para os acessos e circulações de pessoas, a rota acessível se insere como
uma resolução que conecta ambientes externos e internos de espaços e
edificações, com a característica de um trajeto contínuo para ser utilizado por todas
as pessoas de forma segura. O percurso entre o estacionamento e os acessos, por
exemplo, deve compor uma rota acessível. Caso não seja possível, deve-se
providenciar vagas para idosos e pessoas com deficiência a uma distância máxima
de 50 metros.
As rampas são consideradas quando a declividade do piso é igual ou superior
a 5%. Devem ter inclinação máxima de 8,33% (1:12), salvo em situações
excepcionais. A largura deve ser estabelecida a partir do fluxo de pessoas, sendo a
livre mínima admissível de 1,20 metros, e a mínima recomendável para rotas
acessíveis de 1,50 metros. Os patamares no começo, meios e fim da rampa devem
ter dimensão longitudinal mínima de 1,20 metros. Ademais, devem atender às
demais especificações, e também a de guia de balizamento, corrimão e guarda
corpo.
Na circulação interna do edifício, as larguras mínimas para a circulação
deverão possuir 0,90 metros para corredores de uso comum com extensão até 4
metros; 1,20 metros para corredores de uso comum com extensão até 10 metros;
1,50 metros para corredores com extensão superior a 10 metros; 1,50 metros para
corredores de uso público. As aberturas das portas devem ter um vão livre de no
mínimo 0,80 metros de largura, seja ela de giro, de correr ou sanfonada, e as
46
janelas devem seguir os limites de alcance visual, podendo ser operada com um
único movimento, com apenas uma das mãos.
Na circulação externa, as calçadas e vias devem garantir uma faixa livre para
a circulação de pedestres sem degraus. A inclinação transversal não deve ser
superior a 3% e a longitudinal deve sempre acompanhar a inclinação das vias
confrontantes. A calçada, dividida em três faixas de uso, possui dimensões mínimas
para o seu perfeito funcionamento, e está ilustrada na Figura 28 abaixo.
Figura 28 – Faixas de uso da calçada (corte)
Fonte: NBR 9050/2020
As vagas reservadas são divididas em dois tipos: a de idosos e a de pessoas
com deficiência. Elas devem ser posicionadas próximas à entrada do
empreendimento, para diminuir a distância de percurso. Possuir piso regular e
estável, para um melhor conforto dos usuários, e estar localizada de forma que o
trajeto a ser percorrido esteja protegido da circulação entre veículos. Além disso,
prover uma faixa adicional na dimensão de 1,20 metros de largura para circulação
47
nas vagas de pessoas com deficiência. Todo estacionamento deve garantir uma
faixa de circulação de pedestres que garantam um trajeto seguro e com largura
mínima de 1,20 m até o local de interesse. Este trajeto vai compor a rota acessível.
Os banheiros e vestiários acessíveis devem obedecer ao dimensionamento,
posicionamento, localização e características das peças, acessórios, pisos e
desníveis conforme descrito na norma. Eles devem localizar-se nas rotas
acessíveis, evitando lugares isolados e de difícil acesso, com a devida sinalização.
O projeto se insere na característica de uma edificação de uso privado e áreas
comuns, e para a quantificação dos sanitários com entradas independentes,
utiliza-se a tabela fornecida: 5% do total de cada peça sanitária, com no mínimo um,
onde houver sanitários. Barras de apoio e demais acessórios devem obedecer
igualmente às normas vigentes.
Para edifícios de hospedagem, as normas também devem ser obedecidas.
Os dormitórios acessíveis com banheiros não podem estar isolados dos demais,
mas distribuídos em toda a edificação, por todos os níveis de serviços e localizados
em rota acessível. As dimensõesdo mobiliário dos dormitórios acessíveis devem
atender às condições de alcance manual e visual e ser dispostos de forma a não
obstruírem uma faixa livre mínima de circulação interna de 0,90 m de largura,
prevendo área de manobras para o acesso ao banheiro, camas e armários. Deve
haver pelo menos uma área, com diâmetro de no mínimo 1,50 m, que possibilite um
giro de 360°, conforme Figura 29. A altura das camas deve ser de 0,46 m.
Figura 29 – Vista superior de dormitório acessível
Fonte: NBR 9050/2020
48
4.4.4. Segurança Contra Incêndio e Pânico do Rio Grande do Norte
O Código de Segurança contra Incêndio e Pânico do Estado do Rio Grande
do Norte estabelece critérios básicos para assegurar que todas as edificações
presentes no Estado estejam seguras contra o incêndio, de forma que a propagação
do fogo seja combatida, evitando e até minimizando esse fator.
Para que qualquer espaço alcance esse objetivo, ele precisa respeitar as
exigências descritas no documento, e elas podem variar de acordo com o seu uso e
características próprias. Como resultado, esse Código visa a minimização da
incidência de incêndios, e mesmo assim, caso ele venha ocorrer, que ele seja
detectado ainda no seu início, e que existam medidas e ferramentas que garantam o
escape seguro de todos os usuários daquele espaço, para que nenhuma das vidas
sejam perdidas.
De acordo com o Código, a pousada é classificada como um serviço de
hospedagem como divisão “B-1”. Com intuito de corresponder a todas as
expectativas em relação aos objetivos supracitados, essa edificação, térrea, e que
possui área construída superior a 750 metros quadrados, necessita de acesso de
viatura a edificação, segurança estrutural, controle de material de acabamento,
saídas de emergência, brigada de incêndio, iluminação de emergência em
circulações, detecção de incêndio nos quartos, sinalização de emergência,
extintores, hidrantes e mangotinhos.
4.4.5. Estatuto do Idoso
A Lei de número 10.741 de 01 de outubro de 2003 dispõe o Estatuto do
Idoso. Com o objetivo de regular os direitos às pessoas com idade igual ou superior
a sessenta anos, a norma assegura todas as oportunidades e facilidades, para
preservação de saúde física e mental dos idosos, bem como o aperfeiçoamento
moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Para o projeto, o artigo de número 41 descreve a quantidade mínima de
vagas a serem disponibilizadas pelo tipo de estabelecimento em estudo:
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de
5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as
49
quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao
idoso (Lei Federal nº 10.741/03, Estatuto do Idoso).
A partir do pré-dimensionamento realizado, foram previstas 12 vagas para a
área do restaurante e 20 vagas para a área da hospedagem. No total, 32 vagas. O
valor correspondente a 5% deste valor é 1,6 vagas, e é importante considerar a
quantidade de vagas sempre para mais, resultando em no mínimo 2 vagas
reservadas para o idoso.
4.4.6. Resolução nº 304/08 do Contran
A Resolução de 18 de dezembro de 2008 do Conselho Nacional de Trânsito
(CONTRAN) dispõe sobre as vagas de estacionamento destinadas exclusivamente
a veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência e com dificuldade de
locomoção. É determinada a reserva de 2% do total de vagas regulamentadas de
estacionamento para veículos que transportem pessoas portadoras de deficiência
física ou visual, desde que devidamente identificados.
Na totalidade de 32 vagas pré-estabelecidas no pré-dimensionamento, 2%
deste valor corresponde a 0,64 vagas. Ou seja, deverá ser reservado o mínimo de 1
vaga para veículos com pessoa portadora de deficiência.
4.4.7. Documento sobre gestão da COVID-19
O documento da gestão da COVID-19 em hotéis e outros estabelecimentos
do setor de hospedagem, publicado em 31 de março de 2020, foi desenvolvido com
base nos documentos de orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e
Organização Mundial do Turismo (OMT), com intuito de prevenir a transmissão da
doença, e estabelecer medidas de manejo em casos suspeitos ou confirmados nos
meios de hospedagem, durante o período da atual pandemia.
O SARS-CoV-2, vírus que causa a COVID-19, é transmitido através de
contato pessoal próximo, principalmente através de objetos ou superfícies
contaminadas por meio de gotículas respiratórias. As medidas de prevenção devem
incluir distanciamento social e uso de máscaras, juntamente com boas práticas de
higiene.
50
No setor de hospedagem, onde existe bastante interação entre
hóspede-hóspede, hóspede-funcionário e funcionário-funcionário, tais medidas
precisam de bastante atenção. Além disso, as atividades realizadas dentro do
estabelecimento, como manipulação de alimentos, bebidas e serviços de limpeza
também.
No geral, é estabelecido uma distância mínima de 1 metro entre funcionários
e hóspedes, e sempre que possível deve existir uma barreira física, sugerida como
exemplo a placa de proteção de acrílico. Devem existir comunicados, cartazes
informativos e mensagens explicativas, principalmente em áreas comuns do edifício
para divulgar amplamente os procedimentos exigidos. Os dispensers de álcool gel
também são exigidos e necessitam estar posicionados no edifício de forma
estratégica para utilização dos hóspedes e funcionários, principalmente em áreas
com tráfego intenso.
No projeto arquitetônico, o ponto chave é a ventilação natural. Permitir
aberturas na edificação, para que o ar circule e seja diluído promove melhores
condições para o ambiente.
4.4.8. NR 24
A norma regulamentadora que trata das condições mínimas de higiene e
conforto deve ser observada nos estabelecimentos, a fim de promover condições
dignas de trabalho. A NR 24 leva em consideração o número de trabalhadores
usuários no turno com maior fluxo.
De acordo com a norma, a cozinha deve:
● Ficar anexada aos locais de refeições;
● Possuir piso e parede revestido com material impermeável e que permita
lavagem;
● Dispor de aberturas para promover ventilação, protegidas com telas ou
ventilação exaustora;
● Possuir lavatório para uso dos trabalhadores do serviço de alimentação,
dispondo de material ou dispositivo para a limpeza, enxugo ou secagem das
mãos, proibindo-se o uso de toalhas coletivas;
● Ter condições para acondicionamento e disposição do lixo de acordo com as
normas locais de controle de resíduos sólidos;
51
● Dispor de sanitário próprio para uso exclusivo dos trabalhadores que
manipulam gêneros alimentícios, separados por sexo.
52
5. PROCESSO PROJETUAL
Diante dos estudos realizados e apresentados, as resoluções e estratégias
para o projeto começam a ser traçadas. No terreno escolhido para implantação da
pousada, existe uma pequena edificação, conforme Figura 30. Essa edificação
existente possui características da paisagem local: traçado simples, com materiais e
cores que se camuflam no ambiente e telhado de duas águas.
Figura 30 – Terreno em estudo com pequena edificação e visuais ao sul
Fonte: Google Maps (adaptado pela autora), 2022
Trata-se de uma edificação característica da arquitetura popular rural (Figura
31), bastante disseminada pelo interior do estado, que remete a adaptação do
abrigo às condições climáticas da região. O formato desse volume existente norteou
as ideias de partido dos volumes da proposta, notadamente, os bangalôs.
Figura 31 – Foto da edificação existente característica da região
Fonte: Google Maps, 2022
53
5.1. ZONEAMENTO
A setorização dos ambientes do projeto arquitetônico: hospedagem,
estacionamento, lazer, restaurante, administrativo e serviço, foram divididos no
terreno com o intuito de organizar os fluxos e garantir o perfeito funcionamento do
empreendimento, levando em consideração a análise dos condicionantes climáticos.
A incidência solar e a ventilação no terreno, obtidos a partir do norte geográfico,estão ilustrados na Figura 32.
Figura 32 – Condicionantes Climáticos
Fonte: Produzido pelo autor, 2022.
O setor de hospedagem, representado na Figura 32, corresponde à maior
área construída da pousada em relação ao terreno. É nesse espaço que os
hóspedes poderão descansar e também aproveitar a vista privilegiada do entorno.
Com 20 unidades habitacionais no total, divididos em 10 bangalôs, se faz
necessário um espaço considerável, principalmente por ter integração ao meio em
que está inserido. Está localizado no ponto mais distante do acesso ao terreno para
propiciar um ambiente mais silencioso e reservado. Vale salientar que o marco do
entorno visual é a Pedra da Boca (localizado a sul). Nesse caso, as visuais das
54
unidades habitacionais estarão voltadas ao sul, para enfatizar essa atração turística
da região.
Figura 33 – Zoneamento
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
O setor de estacionamento (Figura 33), representado pela cor lilás, está no
ponto mais alto do terreno e mais próximo ao acesso ao terreno.
O setor de serviço encontra-se na parte mais oeste do terreno. Nesse espaço
estarão locados os ambientes de apoio ao restaurante e as acomodações da
pousada.
O setor do restaurante está localizado na parte central do terreno, e
conecta-se com o estacionamento de forma a facilitar o fluxo das pessoas. Também
possui visual privilegiado do entorno e é aberto ao público.
A área administrativa está na porção leste do terreno, recebendo o sol
matinal, e com vista da RN-269. Apresenta-se em um lugar estratégico de conforto e
de conexão entre ambientes, assim trazendo maior visibilidade da gerência com
relação maior ao fluxo de pessoas.
Por fim, a área de lazer se conecta com o restaurante, e possui localização
voltada para oeste, para receber sol da tarde.
55
5.2. SOLUÇÕES PROJETUAIS
● Implantação
A implantação dos edifícios no terreno (figura 34), foi locada a partir do
planejamento das zonas necessárias para o projeto. O acesso de veículos ao
empreendimento está localizado a nordeste, pela rodovia RN-269. O usuário, ao
adentrar, consegue ter acesso tanto ao restaurante, como à pousada, com amplo
estacionamento. O acesso de serviço se destina a um público restrito, e por isso, é
menos evidenciado na fachada e está mais distante dos demais acessos.
Figura 34 – Implantação do projeto
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
O terreno, que possui 19.364,00 metros quadrados, ao final teve uma área
útil de 2.093,38 metros quadrados, área construída de 1.438,37 metros quadrados,
56
e área permeável de 13.637,25 metros quadrados. Na imagem acima, esses
números estão refletidos. Grande parte da área se deve à massa verde. Resultado
disso, a taxa de impermeabilização é de 29,57%, a taxa de ocupação de 7,43%, e o
coeficiente de aproveitamento 0,08.
As linhas que delimitam a topografia representam um desnível de 1 metro.
Dessa forma, quanto mais ao sul, menor a altitude em relação ao nível do mar. Os
edifícios inseridos acompanham essas curvas. Os caminhos existentes que
conectam as unidades habitacionais (na cor cinza claro) estão em um mesmo nível,
mas os trechos na cor cinza escuro, representam as rampas de acesso em
conformidade com a inclinação permitida pela NBR 9050/2020.
● Estacionamento
O estacionamento foi localizado no terreno próximo ao acesso principal. O
número de vagas foi disposto em conformidade com o pré-dimensionamento,
contemplando os usos da pousada e do restaurante. Ao todo, 40 vagas, sendo 2
reservadas para deficiente físico, 3 para idoso, e 5 para motos. Conecta-se
diretamente com o embarque e desembarque dos usos principais do edifício.
● Prédio Principal
O prédio principal abriga o restaurante com bar, área de cozinha e ambientes
de apoio, banheiro feminino e masculino, banheiros acessíveis, sala de espera para
os hóspedes da pousada, e ambientes da administração. Os ambientes em uma
mesma estrutura possibilitam um melhor gerenciamento e controle de fluxo de
pessoas na edificação.
O zoneamento do edifício, ilustrado na figura 35, está dividido em três partes:
restaurante, administrativo e serviço. A zona de serviço foi localizada na porção
oeste. A zona do restaurante foi localizada na parte central, com áreas molhadas a
oeste. A zona administrativa ao leste da edificação.
57
Figura 35 – Zoneamento do prédio principal
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
O edifício possui três acessos principais (Figura 36). O acesso da fachada
oeste é o de serviço. Restrito e disfarçado na fachada principal, ele permite que os
funcionários da cozinha transitem com eficiência. Além disso, é realizada carga e
descarga de mercadorias no espaço anexo.
Figura 36 – Planta baixa dos acessos ao prédio principal
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
58
O acesso ao norte mais ao centro da edificação é o do restaurante. Possui
espaço para embarque e desembarque coberto (próximo ao estacionamento
disponível), e possui funcionamento tanto para os hóspedes quanto para o público
externo.
O terceiro acesso é o da pousada, e ele também possui embarque e
desembarque coberto (próximo ao estacionamento disponível). Ao adentrar no
edifício, existe uma ampla sala de espera, com recepção, e caminho linear a ser
seguido para acesso às acomodações.
De forma geral, os acessos foram distribuídos com o objetivo de setorizar e
distribuir o fluxo de pessoas, promovendo mais organização aos espaços.
Figura 37 – Fachada principal do projeto
Fonte: Produzido pelo autor, 2022.
Na fachada principal do edifício (Figura 37) é possível perceber as entradas
citadas anteriormente. Pórticos foram criados, com pé direito mais elevado para
marcar os acessos, e facilitar a leitura dos usuários. O acesso de funcionários
localiza-se na lateral da edificação (lado direito da imagem), com elementos que
encobrem a área.
A figura 38 revela a imagem fotorealística da fachada principal.
59
Figura 38 – Imagem realística da fachada principal
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
A cobertura do prédio principal foi dividida, para facilitar a distribuição de
águas e criar diferentes volumes. Na representação, foi criado uma planta de
cobertura esquemática (Figura 39) para facilitar a compreensão. Todos os telhados
são com telhas termoacústicas apoiadas sobre madeiramento, porém estão
instaladas com inclinações diferentes. A telha é composta por chapas de aço com
material isolante no núcleo, e nas estruturas que são visíveis ao observador, possui
uma face que se comporta como forro, conforme Figura 40.
Figura 39 – Planta de cobertura esquemática do prédio principal
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
60
Figura 40 – Telha forro termoacústica
Fonte: https://galvaminas.com.br/blog/conheca-a-telha-forro-e-suas-vantagens/
O número 1 e o 3 mostram telhado de duas águas com inclinação mínima de
5% e calha central, envolto de platibanda. O número 2 e 4, telhado com inclinação
de 60%. Ambas com duas águas, porém a segunda apresenta beiral nos quatro
sentidos, e a quarta não apresenta. O número 5 é um telhado de inclinação de 5%
com calha lateral, envolto de platibanda. O número 6, telhado com duas águas,
inclinação de 60%, e beiral nos três sentidos. Os telhados que protegem os acessos
também são do mesmo material, com inclinação de 60% e beiral.
A escolha dos componentes construtivos é muito importante, porque estão
diretamente ligados à eficiência da estratégia bioclimática. Por isso, a estrutura de
parede, conforme figura 41, foi utilizada.
Figura 41 – Estrutura da parede dupla utilizada
Fonte:
http://www.mme.gov.br/projeteee/componente/argamassa-interna-2-5-cm-bloco-ceramico-9x14x24-c
m-la-de-rocha-4-cm-bloco-ceramico-9x14x24-cm-argamassa-externa-2-5-cm/
61
Essa estrutura de parede, com duas camadas de bloco cerâmico de
9x14x24cm, e 4cm de lã de rocha entre elas, com acabamento em argamassa, foi
utilizado nas faces externas voltadas para leste e oeste, por possuir alta inércia
térmica. Nas demais paredes, também foi empregadobloco cerâmico, com
dimensões e espessuras diferentes, idêntico a figura 42.
Figura 42 – Estrutura da parede simples utilizada
Fonte:
http://www.mme.gov.br/projeteee/componente/argamassa-interna-2-5-cm-bloco-ceramico-9x19x19-c
m-argamassa-externa-2-5-cm/
A alvenaria convencional foi utilizada neste projeto por ser mais tradicional na
construção civil brasileira, e por não exigir mão de obra especializada.
A estratégia bioclimática utilizada neste prédio foi a de sombreamento, com
prolongamento de alguns beirais, e utilização de vegetação no entorno. Na fachada
sul, foi realizado um estudo solar, para promover mais conforto térmico aos
usuários, principalmente do restaurante e da área de lazer.
A análise foi realizada com a maior abertura dessa fachada, e a solução foi
aplicada nas demais, por serem menores e estarem contempladas na resolução. A
parede tem comprimento de 21,25 metros, e altura de 4 metros na face exterior. A
janela inserida no estudo possui as dimensões de 3,25m x 1,8m e peitoril de 0,50m.
No conjunto (Figura 43), foram aplicados 20 perfis, com 30 centímetros de
largura e 30 centímetros de espaçamento entre eles. Brises solares horizontais com
inclinação de 35 graus, inseridos na parte superior da janela, com parte excedente
nas laterais da janela. O comprimento dessas peças varia de acordo com a
62
quantidade e largura das janelas na fachada. No projeto, a dimensão total das
larguras das janelas aplicadas na parede somam-se no valor de 15,60 metros. Logo,
se faz necessário um conjunto de peças que somem um valor de 16,30 metros para
proteger as aberturas dessa fachada.
Figura 43 – Simulação de brises solares horizontais aplicados na fachada sul
Fonte: SunTool, 2022.
A máscara de sombra da simulação, exposta na figura 44, revela 100% da
abertura sombreada, indicada pela cor branca. As cores mais escuras representam
menor sombreamento.
Figura 44 – Máscara de sombra com protetores solares para a fachada sul do prédio principal
Fonte: SunTool, 2022.
63
A inserção dos brises horizontais no projeto estão mostrados na figura 45. As
mesmas características permanecem, com adição de apoios para sustentar a
estrutura. A parede vista na imagem foi inserida para promover sombreamento na
janela subjacente.
Figura 45 – Brises solares horizontais aplicados na fachada sul
Fonte: Elaborado pela autora, 2022.
● Prédio de Serviço
Próximo ao prédio principal, o prédio de serviço está localizado na porção
oeste do terreno. A cor vermelha na figura 46 mostra a localização desse espaço no
terreno. De uso exclusivo dos funcionários, os ambientes contemplam vestiários
(masculino e feminino), copa, sala de descanso, depósito, roupa limpa, roupa suja e
depósito de material de limpeza. Todos possuem janela para o exterior, com
exceção do DML que não é exigido.
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Figura 46 – Mockup e planta baixa do prédio de serviço
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
Os vestiários atendem a demanda dos funcionários de todo o
empreendimento. Cada um possui 2 bacias sanitárias, 3 lavatórios e 3 duchas, com
espaço disponível para instalação de armários e banco para apoio na troca de
roupas. A lavanderia da pousada é terceirizada. Logo, são necessários apenas os
ambientes de roupa limpa e roupa suja para realização de separação, organização e
pesagem de materiais.
Figura 47 – Vista da fachada principal com enfoque na área de serviço
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
A fachada do prédio de serviço visível aos clientes possui visual conforme
figura 47. Paredes em alvenaria intercaladas com brises verticais, em madeira, são
inclinados de modo a inibir visibilidade em pontos específicos do terreno onde existe
maior fluxo de pessoas.
65
De um outro ângulo, a figura 48 ilustra o visual do usuário para a área de
serviço. Nesta posição, existe uma permeabilidade visual maior deste espaço, mas
a inserção de vegetação nesta área irá camuflar a área de embarque e
desembarque.
Figura 48 – Imagem realística da fachada principal com enfoque na área de serviço
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
A primeira estratégia bioclimática utilizada neste prédio foi a de
sombreamento, com prolongamento dos beirais, reduzindo os ganhos solares.
Ademais, utilização de parede dupla nas faces externas voltadas para leste e oeste,
com materiais de alta inércia térmica.
No espaço que conecta o prédio principal ao prédio de serviço, existe um
pequeno pátio com vegetação, e caminho que interliga os dois edifícios (Figura 49).
Dentro dessa área foi pensado a instalação do castelo d’água pré-moldado em
concreto armado que abastece todas as áreas da pousada, com exceção dos
bangalôs. Vale salientar que o castelo de água na imagem não está com dimensões
reais.
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Figura 49 – Locação do castelo de água
Fonte: Produzido pelo autor, 2022.
A escolha dessa estrutura possibilita a concentração de água em uma única
estrutura, sem necessidade de abrigo e posicionamento sob lajes. Permite maior
flexibilidade de formato, pois podem ser executadas em qualquer diâmetro, além de
possibilitar a montagem de um ou mais reservatórios na mesma torre. A
manutenção é menor, se comparada com a metálica, e tem estrutura durável.
No projeto, foram estimados 80.000 litros de capacidade para o reservatório,
a partir de cálculo realizado com instruções de Creder (2006), considerando reserva
técnica de incêndio. A volumetria e aparência assemelham-se com a figura 50: um
único corpo com cor neutra, e indicação de logo do empreendimento.
Figura 50 – Exemplo de castelo de água
Fonte: purex.com.br/caixa-dagua-torres-dagua-castelos-dagua/
67
● Área de Lazer
A área de lazer foi localizada na parte oeste do terreno, próximo ao prédio de
serviço, e com acesso ao restaurante. Possui bloco de banheiros para apoio, piscina
adulto e grande área livre para inserção de mobiliário que seja convidativo aos
hóspedes, tanto durante o dia quanto durante a noite.
● Bangalôs
A área de hospedagem da pousada foi pensada para ter um distanciamento
do prédio principal, e das demais áreas do empreendimento, para possibilitar mais
privacidade e tranquilidade. O afastamento existente entre os bangalôs permite mais
contato com o entorno, imersão com a natureza, e espaços verdes livres para
utilização, ao mesmo tempo que viabiliza o distanciamento social dos hóspedes de
diferentes localidades.
Chegou-se ao número de 20 unidades habitacionais, divididos em 20
bagalôs. Implantados em duplas, cada um deles abriga duas pessoas
confortavelmente, mas com possibilidade de inserção de cama extra.
Com o avanço da proposta, chegou-se à planta baixa conforme figura 51.
Dois quartos separados, mas que possuem proximidade e pátio em comum, para
ambiente de convivência e confraternização de possíveis grupos de amigos e
família.
Figura 51 – Planta baixa esquemática do bangalô
Fonte: Produzido pela autora, 2022.
68
A planta do quarto maior (à direita na figura 51), possibilita maior flexibilidade
ao espaço, com diferentes arranjos de mobiliários. Representado, cama de casal,
duas mesas de cabeceira e luminárias para leitura, guarda-roupa, poltrona,
televisão, mesa de apoio, frigobar, lixo e cortinas na área do quarto. O espaço,
pensado para atender as normas de acessibilidade e acolher pessoas com
deficiência física, também comporta cama extra. Possui banheiro privativo
acessível, que segue as normas vigentes, além de varanda ampla com espaço de
estar.
O quarto menor (à esquerda na figura 51), é mais compacto, e
consequentemente mais econômico para os hóspedes. Possui banheiro privativo, e
varanda. De acordo com estratégias bioclimáticas já descritas, a varanda promove o
sombreamento para o ambiente do quarto, e dispõe de armadores de rede para
descanso e contemplação da paisagem.
As aberturas das janelas dos bangalôs do Tipo “A” estão voltadas para oeste.
Nesse caso, é necessário a inserção de algum elemento protetor para que essa
fachada possa propiciar mais conforto aos seus usuários. Para

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