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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA CORRELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA PERCORRIDA NO TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS E A ESCALA DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO DE BORG EM PORTADORES DE HIPERTENSÃO PULMONAR EDINAVIT ALVES DE OLIVEIRA NATAL - RN 2022 EDINAVIT ALVES DE OLIVEIRA CORRELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA PERCORRIDA NO TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS E A ESCALA DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO DE BORG EM PORTADORES DE HIPERTENSÃO PULMONAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção de grau de FISIOTERAPEUTA. Orientadora: Profa. Dra. Joceline Cássia Ferezini de Sá. Natal - RN EDINAVIT ALVES DE OLIVEIRA CORRELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA PERCORRIDA NO TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS E A ESCALA DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO DE BORG EM PORTADORES DE HIPERTENSÃO PULMONAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção de grau de FISIOTERAPEUTA. Orientadora: Profa. Dra. Joceline Cássia Ferezini de Sá. Apresentado em 14 de dezembro de 2022. Profa. Dra. Joceline Cássia Ferezini de Sá Orientador - DFST/UFRN. Prof. Dr. Gerson Fonseca de Souza Examinador - DFST/UFRN. Mestranda Natália Lopes Cardoso. Examinadora – DFST/UFRN. Natal - RN 2022 A minha mãe, por todo o seu esforço para que eu pudesse seguir os meus sonhos. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a minha família por sempre terem sido o suporte para minhas conquistas. A todos os meus professores que dividiram seus inenarráveis conhecimentos comigo ao longo desse ciclo chamado graduação, todos vocês foram de grande importância para a minha formação. O corpo de docência de fisioterapia da UFRN é gigante! Agradeço em especial a professora Joceline, por todo o seu carinho e amor pela cardiologia, com o qual consegue despertar nos outros esse amor pela fisioterapia cardiológica também. Tenho um carinho muito especial por sua pessoa, obrigada por ao longo da graduação sempre ter sido uma referência para mim, é uma honra imensa ser sua aluna de iniciação científica. Agradeço em especial a minha irmã Ellitamara, não só pelo seu imenso apoio em todas as minhas conquistas, mas também por sua alegria em me ver conquista-las. Por todo o incentivo, por todas as noites de conversas e encontros na UFRN que muitas vezes me trouxeram alívio em meio as intermináveis semanas de prova. Muito obrigado a equipe do Centro de Reabilitação Cardíaca do HUOL, vocês sempre vão ter grande importância em minha memória e coração. Certa vez uma pessoa especial me disse que as vezes a jornada acadêmica pode ser solitária, mas que as coisas ficam mais leves quando se é presenteado por amigos nas bases de pesquisas. Muitas vezes ao longo da graduação esse centro fez com que eu me sentisse abraçada por tantas coisas, por conhecimento, por propósitos e por pessoas, é assim que vou continuar lembrando dele. Aos meus amigos que estiveram ao meu lado durante esse ciclo e agora vibram junto comigo o seu fechamento. Em especial a Dyogo que mesmo com o distanciamento que as vezes a faculdade pode causar, sempre esteve presente me mandando mensagens. A minha amiga Mayanne, que por diversas vezes me incentivou e esteve presente em momentos de angustias e alegrias. Ao longo da graduação tive muitos dias com momentos difíceis, obrigada por me animar em todos. Ao meu namorado por ser meu ponto de paz em meio aos altos e baixos do dia a dia e sempre me incentivar a dar o meu melhor em todas as coisas. Por sempre se fazer presente, por todas as conversas e por todo o cuidado que você tem e teve comigo ao longo do fechamento desse ciclo. Agradeço a UFRN por ter sido a minha casa durante todos esses anos, reconheço o privilégio que é cursar em uma das melhores universidades do mundo, conforme o Times Higher Education World University Rankings 2023, o curso que sonhei por tanto tempo. Na graduação os dias sempre foram longos, mas os anos foram curtos. Sentirei saudade. Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente. Jiddu Krishnamurti SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 16 2. MATERIAIS E MÉTODOS 19 2.1. Escala visual de percepção de esforço de Borg 20 2.2. TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS 22 2.3. PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS 22 2.4. 2.4 ANALISE ESTATÍSTICA 23 3. RESULTADOS 23 4. DISCUSSÃO 30 5. CONCLUSÃO 31 OLIVEIRA, E. A. de. CORRELAÇÃO ENTRE A DISTÂNCIA PERCORRIDA NO TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS E A ESCALA DE PERCEPÇÃO DE ESFORÇO DE BORG EM PORTADORES DE HIPERTENSÃO PULMONAR. Monografia, Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022. RESUMO Introdução: A hipertensão pulmonar (HP) é uma condição clínica progressiva que consiste em um conjunto de alterações hemodinâmicas que causam a vasoconstrição das artérias aumentando a pressão e gerando resistência vascular, dificultando, assim, a passagem do sangue. A HP é dividida em 5 grupos diagnósticos, sendo estes: 1 hipertensão arterial pulmonar (HAP); Grupo 2 HP devido a cardiopatia esquerda; Grupo 3 HP devido a doenças pulmonares e/ou hipóxia; Grupo 4 HP associada a obstruções da artéria pulmonar; Grupo 5 HP com mecanismos pouco claros e/ou multifatoriais. Apesar de sua etiologia multifatorial, a baixa tolerância ao exercício é um fator comum entre os 5 grupos. Dentre os testes submáximos, um frequentemente utilizado é o Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6), que em sua realização utiliza-se da escala visual de percepção de esforço de Borg como marcador de fadiga muscular periférica e cansaço respiratório. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo transversal observacional analítico realizado onde teve-se como objetivo correlacionar a distância percorrida no Teste de Caminhada de 6 minutos com os valores da escala visual de percepção de esforço de Borg em pacientes com HP: Foram correlacionados os dados da distância percorrida com os marcadores da escala de percepção de esforço de Borg para dispneia e fadiga de 47 TC6 de pacientes, de ambos os gêneros e qualquer dos 5 grupos de HP, que estavam em acompanhamento no ambulatório de Pneumologia e de Cardiologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Resultados: Obteve-se uma correlação negativa entre a distância percorrida no TC6 e os valores da escala visual de percepção de Borg de dispneia (p valor: 0,0011 r Spearman -0,4605) e fadiga (p valor: 0,0209 r Spearman -0,3362) no terceiro minuto do teste e no Borg de fadiga em repouso (p valor: 0,0024 r Spearman -0,4331). Conclusão: Conclui- se então que os marcadores de dispneia e fadiga relatados na escala de Borg influenciaram na distância percorrida. Palavras-chave: Escala visual de percepção de esforço de Borg. Hipertensão pulmonar. Teste de Caminhada de 6 minutos. OLIVEIRA,E. A. de. CORRELATION BETWEEN THE DISTANCE COVERED IN THE 6-MINUTE WALK TEST AND THE BORG PERCEIVED EXERTION SCALE IN PATIENTS WITH PULMONARY HYPERTENSION. Monograph, Physiotherapy Course at the Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2022. ABSTRACT Introduction: Pulmonary hypertension (PH) is a progressive clinical condition that consists of a set of hemodynamic changes that cause vasoconstriction of the arteries, increasing pressure and generating vascular resistance, thus hindering the passage of blood. PH is divided into 5 diagnostic groups, namely: 1 pulmonary arterial hypertension (PAH); Group 2 HP due to left heart disease; Group 3 HP due to pulmonary diseases and/or hypoxia; Group 4 PH associated with pulmonary artery obstructions; Group 5 HP with unclear and/or multifactorial mechanisms. Despite its multifactorial etiology, poor exercise tolerance is a common factor among the 5 groups. Among the submaximal tests, one frequently used is the 6-minute walk test (6MWT), which uses the Borg visual scale of perceived exertion as a marker of peripheral muscle fatigue and respiratory fatigue. Methodology: This is an analytical observational cross- sectional study, which aimed to correlate the distance covered in the 6-minute Walk Test with the values of the Borg visual scale of perceived exertion in patients with PH: They were correlated data on the distance covered with the markers from the Borg scale of perceived exertion for dyspnea and fatigue of 47 6MWT of patients, of both genders and any of the 5 PH groups, who were being followed up at the Pulmonology and Cardiology outpatient clinic of the Onofre Lopes University Hospital (HUOL). Results: There was a negative correlation between the distance covered in the 6MWT and the Borg visual scale of perception of dyspnea (p value: 0.0011 r Spearman -0.4605) and fatigue (p value: 0.0209 r Spearman -0.3362) in the third minute of the test and Borg of fatigue at rest (p value: 0.0024 r Spearman -0.4331). Conclusion: It is therefore concluded that the dyspnea and fatigue markers reported on the Borg scale influenced the distance covered. Keywords: Borg Visual Perceived Exertion Scale. Pulmonary hypertension. 6-minute Walk Test. LISTA DE SIGLAS ACSM – American College Sports of Medicine ATS – American Thoracic Society CF – Classificação Funcional DAC – Doença Arterosclerótica Coronariana DAOP – Doença Arterial Obstrutiva Periférica DC6M – Distância Percorrida no Teste de Caminhada de 6 Minutos DVOP – Doença Veno-Oclusiva Pulmonar ESC – European Society of Cardiology FC – Frequência Cardíaca FR – Frequência respiratória HAP – Hipertensão Arterial Pulmonar HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica HCP – Hemangiomatose Capilar Pulmonar HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana HP – Hipertensão Pulmonar HPTEC – Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes IC – Insuficiência Cardíaca IVC - Insuficiência Venosa Crônica Kg – Quilogramas m – Metro mmHg – Milímetros de mercúrio O2 - Oxigênio PA – Pressão Arterial PAPm – Pressão Arterial Pulmonar média SpO2 – Saturação Periférica de O2 TC6 – Teste de Caminhada de 6 minutos VD – Ventrículo Direito VO2 – Volume de Oxigênio VO2máx – Volume de Oxigênio Máximo LISTA DE FIGURA Figura 1 - A escala de Borg: escala de 15 níveis para índices de esforço percebido. .............. 21 Figura 2 - Número de casos de Hipertensão Pulmonar por Grupo. ......................................... 24 Figura 3 - Descrição do número de pacientes que necessitaram de suplementação de O2 ...... 25 Figura 4 - Descrição das comorbidades associadas na população estudada divididas por tipo de doença e sexo. .......................................................................................................................... 26 Figura 5 - Motivos de pausas durante o TC6 ........................................................................... 28 Figura 6 - Análise de Dispersão ............................................................................................... 30 LISTA DE TABELA Tabela 1 - Divisão dos Grupos de Hipertensão Pulmonar. ...................................................... 16 Tabela 2 - Caracterização Antropométricas. ............................................................................ 23 Tabela 3 - Caracterização Clínica da Amostra. ....................................................................... 24 Tabela 4 - Descrição dos resultados obtidos durante o TC6 quanto a saturação periférica de oxigênio, frequência respiratória e percepção de esforço de Borg: dispneia e fadiga. ............ 26 Tabela 5 - Correlação entre a Distância Percorrida, Parâmetros obtidos no TC6 e dados Antropométricos. ..................................................................................................................... 28 16 1. INTRODUÇÃO A Hipertensão pulmonar (HP) ocorre quando o nível de pressão da artéria pulmonar média é aumentado, causando uma resistência maior para o fluxo sanguíneo e dificultando a oxigenação do sangue. O padrão ouro para o diagnóstico da HP está baseado na avaliação hemodinâmica por cateterismo cardíaco direito, caracterizada pela presença de pressão média (PAPm) superior a 20mmHg e resistência vascular pulmonar maior ou igual a 3 unidade de Wood (SIMONNEAU et al.,2019). A desordem fisiopatológica desta patologia pode envolver diversas condições clínicas e estar associada a uma variedade de doenças cardiovasculares e respiratórias. A hipertensão pulmonar apresenta uma etiologia multifatorial, sendo dividida em cinco grupos conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1 - Divisão dos Grupos de Hipertensão Pulmonar. GRUPO 1 - Hipertensão arterial pulmonar (HAP) Idiopático: a) Não respondedores no teste de vasorreatividade; b) Respondedores agudos no teste de vasorreatividade. Herdável; Associado a drogas e toxinas; Associado a: a) Doença do tecido conjuntivo; b) Infecção pelo HIV; c) Hipertensão portal; d) Doença cardíaca congênita; e) Esquistossomose. HAP com características de envolvimento venoso/capilar (DVOP/HCP); HP persistente do recém-nascido. GRUPO 2 - PH associado a cardiopatia esquerda Insuficiência cardíaca: a) Com fração de ejeção preservada; b) Com fração de ejeção reduzida ou levemente reduzida. Doença cardíaca valvular; 17 Condições cardiovasculares congênitas/adquiridas que levam à HP pós- capilar. GRUPO 3 - HP associada a doenças pulmonares e/ou hipóxia Doença pulmonar obstrutiva ou enfisema; Doença pulmonar restritiva; Doença pulmonar com padrão misto restritivo/obstrutivo; Síndromes de hipoventilação; Hipóxia sem doença pulmonar (por exemplo, altitude elevada); Distúrbios pulmonares do desenvolvimento; GRUPO 4 - HP associada a obstruções da artéria pulmonar HP tromboembólica crônica – HPTEC; Outras obstruções da artéria pulmonar. GRUPO 5 - HP com mecanismos pouco claros e/ou multifatoriais Distúrbios hematológicos; Distúrbios sistêmicos; Distúrbios metabólicos; Insuficiência renal crônica com ou sem hemodiálise; Microangiopatia trombótica do tumor pulmonar; Mediastinite fibrosante. Fonte: Elaboração própria com base em MARC et al, 2022. Apesar das várias etiologias, a HP apresenta sinais semelhantes entre si relacionados aos mecanismos de vasoconstrição, obstrução e remodelamento da parede do vaso, inflamação e trombose in situ. Ocorrendo posteriormente como complicação maior o aumento da resistência vascular pulmonar e, consequentemente, a hipertrofia e falência ventricular direita, levando o paciente ao óbito (PFEIFFER, 2014). A hipertensão pulmonar é um problema de saúdeglobal que pode acometer indivíduos de todas as faixas etárias. As estimativas sugerem uma prevalência de aproximadamente 1% da população mundial. Devido a sua correlação com doenças cardíacas e pulmonares essa estimativa é maior em indivíduos com idade superior a 65 anos, apresentando uma prevalência de 10% nessa faixa etária (MARC et al, 2022). As doenças cardíacas e pulmonares do lado esquerdo tornaram-se as causas mais frequentes de hipertensão pulmonar. Cerca de 80% dos pacientes afetados vivem em países subdesenvolvidos, onde a hipertensão pulmonar é frequentemente associada a cardiopatia congênita e várias doenças infecciosas (HOEPER et al, 2016). 18 Apesar de sua etiologia multifatorial, os indivíduos dos 5 grupos de hipertensão pulmonar apresentam baixa tolerância ao exercício, limitando assim sua funcionalidade. Os guidelines especializados recomendam uma abordagem multidisciplinar focando no diagnóstico precoce e tratamento farmacológico associado a um programa adjuvante de exercícios para preservação da funcionalidade e autonomia dessa população (MARC et al, 2022). Para a prescrição adequada de exercícios é necessária a avaliação prévia da capacidade aeróbia máxima de cada indivíduo, devido às características de dessaturação da patologia causando dispneia aos esforços e assim limitações das atividades de vida diária (PACOCK et al 2016). Os testes de esforço máximo são considerados o padrão-ouro para avaliar a capacidade aeróbia e servem como guias para a prescrição de exercícios e reabilitação cardíaca. Entretanto, esses testes são menos acessíveis pois necessitam de equipamento e local adequado, juntamente com equipe treinada para sua utilização (FLORIANO et al 2019). Além disso, os níveis de esforço máximo podem não ser atingidos por pacientes impossibilitados de aumento significativo do débito cardíaco, como os pacientes com Hipertensão arterial pulmonar (HAP), nesses pacientes, os testes costumam ser interrompidos devido à dispneia intolerável (BARRETO et al, 2009). Os testes de esforço submáximos superam algumas limitações dos testes máximos, sendo mais acessíveis em sua realização. De acordo com a American Thoracic Society, o teste de caminhada de 6 minutos (TC6) é recomendado na avaliação da capacidade funcional em diversas situações, inclusive na população com hipertensão pulmonar e cardiopatias. Desta forma, o TC6 é comumente utilizado para a avaliação da capacidade aeróbia e seus resultados guiam a prescrição do protocolo de exercícios do programa de reabilitação (2002) O esforço percebido é um indicador válido para monitorar a tolerância de um indivíduo ao exercício. Assim, utilizam-se escalas de percepção de esforço para acompanhar parâmetros como dispneia, fadiga ou dor em determinado exercício físico. Essa taxação se faz muito necessária e é utilizada com frequência durante a realização de testes onde o esforço é progressivo (TIGGEMANN et al, 2010). Dentre essas escalas, uma já validada e bastante referenciada é a escala de percepção visual de esforço de Borg de 6 a 20, que apresenta correlação entre seus marcadores e a frequência cardíaca do indivíduo (TIGGEMANN et al, 2010). 19 Contudo, apesar de utilizada com frequência faz-se necessário a ciência terapêutica lidar com as especificidades dos pacientes, em especial os com hipertensão pulmonar visto que esses pacientes apresentam dispneia aos esforços que evolui progressivamente até a sua percepção na condição de repouso. Apresentando dispneia constante e fadiga, de forma que, mesmo tarefas simples, como vestir-se e caminhar curtas distâncias, tornam-se complexas (VELOSO, 2022). Assim, este estudo teve por objetivo analisar a correlação entre os marcadores da escala visual de percepção de esforço de Borg e a distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos. Assumi-se por hipotese inicial a existencia de correlação entre a percepção de esforço e a distância percorrida, visto que os pacientes com HP apresentaram uma baixa tolerância ao exercício. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo do tipo transversal observacional analítico realizado na Unidade de Reabilitação Cardíaca CORE/HUOL/EBSERH localizado na cidade de Natal-RN. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL, sob número 34658020.1.0000.5292 do CAAE e número do parecer: 4.300.174, além de contemplar as questões éticas fundamentadas na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e na Declaração de Helsinki para estudo com humanos. i. Critérios de inclusão Adotou-se como critério de inclusão participantes de ambos os gêneros com diagnóstico de hipertensão pulmonar, independente do grupo, com quadro clínico estável em acompanhamento pelo ambulatório de Pneumologia e de Cardiologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) que foram encaminhados para a realização do TC6. ii. Critérios de exclusão Foram excluídos pacientes que apresentaram algum tipo de descompensação clínica durante a avaliação, comorbidades musculoesqueléticas que interferiram na marcha e que apresentaram diminuição da saturação periférica de oxigênio (SpO2) abaixo de 80% durante o 20 teste de caminhada de seis minutos com uso de oxigênio suplementar, ou que apresentaram dificuldade de compreensão intelectual que os impediram de realizar o teste. iii. Desenho do estudo Os dados foram coletados de 2018 a 2022 onde os pacientes foram avaliados em um único dia com a duração média de 2 horas. A primeira etapa consistiu em explicar aos pacientes sobre as avaliações que seriam feitas, seus objetivos, benefícios, prováveis riscos e como seria realizado o teste. Em seguida foi solicitado a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO I) seguido da avaliação clínica, antropométrica, anamnese e exame físico para então realizar a avaliação da capacidade funcional através do TC6 e obtenção de dados clínicos e aferição dos sinais vitais antes, durante, ao final e após dois minutos da realização do teste, além de percepção de esforço através da Escala de BORG de 6 a 20 iv. Avaliação clínica e antropométrica Foi realizada a coleta da avaliação clínica e antropométrica por meio de uma ficha padronizada, contendo dados sobre a anamnese e exame físico. Na anamnese foram coletados dados de identificação, sexo, idade, data de nascimento e diagnóstico clínico. Avaliação das medidas antropométricas de adiposidade geral com o Índice de Massa Corporal (IMC) calculado através da divisão do peso em kg pela altura em metros elevada ao quadrado, kg/m². A altura foi mensurada através de um estadiômetro acoplado à balança eletrônica com o paciente descalço e postura ereta; além do registro da frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA), saturação periférica de oxigênio (SpO2), frequência respiratória (FR) e BORG de dispneia e fadiga. 2.1. Escala visual de percepção de esforço de Borg A maneira que determinado indivíduo percebe o esforço frente a determinada tarefa ou exercício físico, é de grande relevância para o desempenho real do mesmo. Desta forma, o uso de uma escala de predição de esforço, junto de variadas respostas metabólicas e cardiorrespiratórias, tem sido considerada uma ferramenta válida e eficaz podendo ser uma ferramenta eficaz tanto para predição do desempenho quanto para a prescrição de treinamentos físicos (TIGGEMANN et al, 2010). As respostas fisiológicas causadas pelo estresse físico produzem sinais sensitivos que alteram a percepção subjetiva de esforço, podendo estes sinais serem procedentes do VO2, ventilação, FC e concentração de lactato. A escala visual de percepção de esforço de Borg é 21 uma ferramenta não invasiva, de fácil aplicação e baixo custo financeiro, utilizada para a monitoração da intensidade de esforço físico relacionada às variáveis fisiológicas (KAERCHER et al2019). Figura 1 - A escala de Borg: escala de 15 níveis para índices de esforço percebido. Fonte: Elaboração própria com base em Borg (2000) e Nielman (2011). Como podemos observar na Figura 1 acima, a escala possui 15 níveis e é dividida em níveis de esforço sendo estes divididos pelas cores azul, verde, amarelo e vermelho, sendo essas descritas respectivamente como muito fácil, fácil, relativamente fácil, ligeiramente cansativo a cansativo, muito cansativo a exaustivo. Este trabalho utilizou a escala de Borg aqui explicitada como parâmetro de nivelamento de esforço devido a sua ampla aceitação e correlação entre os marcadores e a FC. 22 2.2. TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS O TC6 foi desenvolvido no início dos anos 70 para avaliar a capacidade funcional através dos resultados da distância percorrida em determinado período de tempo. Estudos validaram o TC6 como teste submáximo (MORALES-BLANHIR et al, 2011) e atualmente o teste é indicado pela American Thoracic Society (ATS) para medir a resposta de um paciente ao tratamento e também como forma de predição de morbidade e mortalidade de indivíduos com doenças pulmonares ou cardíacas leve ou moderada. O TC6 é considerado de fácil aplicação e grande significância de resultados (MORALES-BLANHIR et al, 2011). Para o TC6 os pacientes foram orientados a caminhar em um corredor o mais rápido possível durante os 6 minutos do teste. O corredor continha demarcação a cada metro e a presença de um cone no marco 0m e outro no marco 30m. Os participantes poderiam diminuir a velocidade ou parar por um tempo, se necessário, entretanto, o cronômetro continuaria contando os 6 minutos. Os parâmetros hemodinâmicos de pressão arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e saturação de oxigênio periférica (SpO2) assim como a aplicação da escala de Borg foram avaliados antes e ao final do teste, sendo a FC e a SpO2 observada a cada minuto e aos três minutos observada também a percepção de esforço de Borg (APÊNDICE I). Ao final do teste foi calculada a distância total percorrida no TC6 e utilizada a fórmula de Dourado para calcular a distância predita. (DOURADO et al, 2011) 2.3. PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS Para o presente estudo foram avaliados um total de 47 TC6, onde os pacientes foram orientados a não realizarem esforço físico 24 horas antes do teste. Chegando ao local de realização do TC6, os pacientes foram instruídos sobre a realização do mesmo, e encaminhados para o segundo andar das enfermarias do HUOL com cilindro de oxigênio, devido ao risco de dessaturação dos pacientes. Para a familiarização com o TC6 e a escala visual de percepção de esforço de Borg foi previamente ensinada ao paciente. 23 2.4. 2.4 ANALISE ESTATÍSTICA A normalidade do estudo foi realizada através do teste de Shapiro-Wilk. Os dados estão apresentados em mediana e intervalo interquartil 25-75%. E para as análises de correlação foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. A análise dos dados obtidos foi realizada no programa estatístico GraphPad Prism 8.0 e foram considerados níveis de significância p<0,05 e Intervalo de Confiança (IC) de 95%. Dancey e Reidy (2006) apontam para uma classificação de: r = 0,10 até 0,30 (fraco); r = 0,40 até 0,6 (moderado); r = 0,70 até 1 (forte). 3. RESULTADOS Quanto as características antropométricas da amostra analisada, conforme Tabela 2, a idade mediana foi de 46 [34-51,5] anos, sendo 46 [35 - 51,25] anos para mulheres e 19 [18-49] anos para homens, o peso encontrado teve uma mediana de 60,8 [56,9-68] Kg, sendo 60,7 [55,75 - 67,90] Kg para as mulheres e para homens de 65 [56,9 – 68] Kg, a altura encontrada teve uma mediana de 1,59m, sendo 1,58 [1,55 - 1,65] m para mulheres e para homens 1,7m [1,68 - 1,70]. Com relação ao IMC da amostra estudada, teve como mediana 24,41 para o total da amostra, sendo 24,54 para as mulheres e 22,96 para homens. Tabela 2 - Caracterização Antropométricas. Mulheres Homens Total Idade 46 [35 - 51,25] 19 [18 – 49] 46 [34 - 51,5] Peso (kg) 60,7 [55,75 - 67,90] 65 [60,35 - 66,95] 60,8 [56,9 – 68] Altura (m) 1,58 [1,55 - 1,65] 1,7 [1,68 - 1,70] 1,59 [1,56 - 1,68] IMC 24,54 [19, 42 - 28,32] 22,96 [21,57 - 23, 86] 24,41 [20,11 - 28,06] Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Nota1: Índice de massa corporal (IMC) = peso dividido pela altura ao quadrado No que concerne aos diagnósticos de Hipertensão Pulmonar (HP), para a referida amostra percebe-se uma maior concentração de HP do Grupo 1, com dezenove casos. Seguido do Grupo 2, com quatorze casos. Apenas dois casos foram registrados para o Grupo 5 de HP, conforme detalhado na Figura 2. 24 Figura 2 - Número de casos de Hipertensão Pulmonar por Grupo. Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Nota2: Grupo 1: Hipertensão arterial pulmonar; Grupo 2 HP associada a cardiopatia esquerda; Grupo 3 HP associada a doenças pulmonares e/ou hipóxia; Grupo 4 HP associada a obstruções da artéria pulmonar; Grupo 5 HP com mecanismos pouco claros e/ou multifatoriais. A Tabela 3 ilustra os dados clínicos, onde pode-se observar os parâmetros hemodinâmicos encontrados. O nível de saturação periférica de oxigênio mediano encontrado foi de 97%, sendo 99% para homens e 95,5% para as mulheres que compuseram a amostra. Na figura 4 abaixo, podemos observar a quantidade de homens e mulheres que utilizaram O2 suplementar para a realização do TC6. Sendo essa suplementação realizada quando ocorre a diminuição de saturação periférica inferior a 80%. No que se refere ao BORG de fadiga e dispneia obteve-se os níveis respectivamente, 9 e 7 para os homens, e 7 quando se refere ao total da amostra ou a apenas as mulheres da amostra, em ambas. Tabela 3 - Características Clínicas Basais da Amostra. Mulheres Homens Total Saturação 95,5 [93,75 - 97,25] 99 [97,5 – 99] 97 [94 – 98] BORG de dispneia 7 [6 – 9] 9 [6,5 - 10,5] 7 [6 – 9] BORG de fadiga 7 [6 – 8] 7 [6 – 7] 7 [6 – 8] Frequência respiratória 21 [20 – 24] 20 [18 – 22] 20 [20 – 24] 19 14 3 9 2 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 H ip er te n sã o P u lm o n ar : G ru p o s 25 Frequência cardíaca 82 [72,25 – 91] 93 [63 - 95,] 82 [68,5 – 94] Pressão arterial sistólica 110 [100 -120] 120 [115 – 125] 111 [100 – 120] Pressão arterial diastólica 70 [69,5 – 77] 80 [70 – 80] 70 [70 – 80] Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Nota3: Valores em mediana com intervalo interquartil de 25-75%. Figura 3 - Descrição do Número de Pacientes que Necessitaram de Suplementação de O2 Durante o TC6 Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Quanto as comorbidades associadas, verificou-se que, para ambos os sexos, a insuficiência cardíaca está presente na maioria dos casos seguida da hipertensão arterial sistêmica, também em ambos os sexos (Figura 4). 1 11 12 6 29 35 H O M E N S M U L H E R E S T O T A L Com suplementação de O2 Sem suplementação de O2 26 Figura 4 - Descrição das Comorbidades Associadas na População Estudada Divididas por Tipo de Doença e Sexo. Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Na Tabela 4, observamos a caracterização dos parâmetros avaliados em mediana e seus respectivos intervalos interquartis dos resultados obtidos durante o TC6. Considerando o objetivo proposto, julgou-se importante analisar as variáveis de Saturação Periférica de O2 (%), Frequência Respiratória, Frequência Cardíaca, Pressão Arterial Sistólica, Pressão Arterial Diastólica e Percepção de Esforço de BORG para Dispneia e Fadiga. Tabela 4 - Descrição dos Resultado Obtidos Durante o TC6 Quanto a Saturação Periférica de Oxigênio, Frequência Respiratória e Percepção de Esforço de Borg: Dispneia e Fadiga. MulheresHomens Total Saturação Periférica de O2 (%) Repouso 95,5 [93,75 - 97,25] 99 [97,5 – 99] 97 [94 – 98] 3º minuto 88,5 [81,75 – 93] 97 [94 - 97,5] 90 [84,5 - 95,5] Final 90 [81 - 93,25] 96 [94 – 97] 91 [82 - 95,5] 2 minutos de recuperação 95 [93,5 – 98] 99 [98 – 99] 96 [94 – 98] Frequência Respiratória Repouso 21 [20 – 24] 20 [18 – 22] 20 [20 – 24] Final 25 [21,75 – 28] 25 [23 - 27,5] 25 [22 – 28] 2 minutos de recuperação 22 [20 - 24,5] 20 [20 - 20,5] 22 [20 – 24] FREQUÊNCIA CARDÍACA FC repouso 82 [72,25 – 91] 93 [63 - 95,5] 82 [68,5 – 94] FC 3' 100 [91,5 – 107] 113 [92 - 127,5] 100 [91 – 115] 9 1 4 0 3 0 12 3 0 1 2 0 3 0 9 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Mulheres Homens Número de casos Hipertensão Arterial Sistêmica Diabetes Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Insuficiência Cardíaca Doença Arterosclerótica Coronariana Doença Arterial Obstrutiva Insuficiência Venosa Reumatológicas 27 FC final 107,5 [98,75 - 115,5] 103 [98,5 – 143] 106 [98,5 – 122] FC 2' de recuperação 111 [102,5 – 126] 100 [69 - 104,5] 120 [110 - 129,5] P R E S S Ã O A R T E R IA L ( m m H g ) Sistólica Repouso 110 [100 – 120] 120 [115 – 125] 111 [100 – 120] Final 122 [113,75 – 132] 140 [135 – 140] 130 [120 – 140] 2 minutos de recuperação 86 [77 - 99,5] 120 [120 – 130] 86,5 [76,5 - 100,75] Diastólica Repouso 70 [69,5 – 77] 80 [70 – 80] 70 [70 – 80] Final 77,5 [70 – 80] 90 [90 – 100] 80 [70 – 90] 2 minutos de recuperação 70 [70 – 80] 85 [80 – 90] 70 [70 – 80] P er ce p çã o d e E sf o rç o d e B O R G Dispneia Repouso 7 [6 – 9] 9 [6,5 - 10,5] 7 [6 – 9] 3º minuto 11 [8 – 13] 10 [9,5 - 13,5] 11 [8,5 – 13] Final 13 [9 - 14,25] 13 [11 – 16] 13 [9 – 15] 2 minutos de recuperação 9 [8 – 11] 11 [8,5 – 13] 10 [8 – 11] Fadiga Repouso 7 [6 – 8] 7 [6 – 7] 7 [6 – 8] 3º minuto 10 [8 – 13] 10 [8 - 11,5] 10 [8 - 12,5] Final 11 [8 - 13,25] 13 [9 – 14] 11 [8 - 13,5] 2 minutos de recuperação 9 [8 - 11,5] 10 [7 – 11] 9 [7,25 – 11] Distância Percorrida 345,5 [246,75 - 391,25] 371 [367,5 – 421] 360 [254,5 - 399,5] Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Nota4: Valores em mediana com intervalo interquartil de 25-75%. Quanto as manifestações dos sinais clínicos de saturação periférica de oxigênio, frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica e percepção de esforço de Borg para dispneia e fadiga, observadas durante o TC6, observou-se que as mulheres apresentaram a saturação periférica de O2 (%) mais baixa do que os homens. Supõe-se que esse resultado possa ter ocorrido devido a maior incidência de doenças associadas no grupo das mulheres (Figura 4), podendo-se ser justificado também pela diferença da mediana da idade entre ambos os sexos (Tabela 2). Verificou-se também, que as mulheres apresentaram maiores frequências respiratórias tanto no repouso quanto após os 2 minutos de recuperação. O aumento desse parâmetro para as mulheres em relação ao sexo masculino, pode ser justificado como forma de compensação da saturação periférica de O2 (%), que se apresentou menor que a dos homens. 28 A Figura 5 ilustras os principais motivos e número queixas dos pacientes, que levou a realização de pausas durante o TC6. O mesmo paciente pode ter informado mais de um sinal ou sintoma no momento de pausa. Figura 5 - Motivos de pausas durante o TC6 Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. A Tabela 5 descreve os resultados da correlação realizada com os parâmetros analisados. Observou-se correlação inversa e significativa moderada entre o Borg dispneia do terceiro minuto, e Borg fadiga do terceiro minuto e a distância percorrida no TC6. O estudo também apontou uma correlação inversa leve entre o Borg fadiga em repouso e a distância percorrida. Tabela 5 - Correlação entre a Distância Percorrida, Parâmetros obtidos no TC6 e dados Antropométricos. p valor r Spearman IC (95%) Significativo (alpha = 0,05) Característica Antropométricas Idade 0,4581 -0,1109 -0,3932 to 0,1905 Não Peso (kg) 0,3556 -0,1378 -0,4161 to 0,1640 Não Altura (m) 0,3285 0,1457 -0,1562 to 0,4227 Não Frequência Respiratória Repouso 0,03* -0,3169 -0,5597 to -0,02394 Sim Final 0,1398 -0,2289 -0,5021 to 0,08582 Não 1 1 1 8 4 6 3 2 D I S P N E I A F A D I G A Q U E D A D A S A T U R A Ç Ã O - 7 8 % D O R N O P E I T O T O N T U R A M F 29 p valor r Spearman IC (95%) Significativo (alpha = 0,05) 2 minutos de recuperação 0,3392 -0,1512 -0,4426 to 0,1691 Não Saturação Periférica de O2 (%) Repouso 0,0102* 0,3712 0,08536 to 0,6005 Sim 3º minuto 0,0584 0,2781 -0,01859 to 0,5298 Não Final 0,3894 0,1285 -0,1733 to 0,4082 Não 2 minutos de recuperação 0,0021** 0,4422 0,1657 to 0,6543 Sim Percepção de Esforço de BORG - Dispneia Repouso 0,2864 -0,1588 -0,4336 to 0,1431 Não 3º minuto 0,0011** -0,4605 -0,6653 to -0,1914 Sim Final 0,4236 -0,1195 -0,4006 to 0,1821 Não 2 minutos de recuperação 0,1736 -0,2041 -0,4737 to 0,1003 Não Percepção de Esforço de BORG - Fadiga Repouso 0,0209* -0,3362 -0,5744 to -0,04558 Sim 3º minuto 0,0024** -0,4331 -0,6457 to -0,1582 Sim Final 0,5468 -0,09014 -0,3753 to 0,2106 Não 2 minutos de recuperação 0,3379 -0,1445 -0,4246 to 0,1608 Não Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Nota5: Teste de normalidade por Shapiro-Wilk. Intervalo interquartil de 25-75%. * = p<0,05. ** = p<0,01. Assim, pode-se afirmar que quanto maior for o marcador da percepção de esforço de Borg, tanto para dispneia quanto para fadiga, menor será a distância percorrida no TC6. Obteve-se, também, que a frequência respiratória em repouso possui correlação leve inversamente proporcional com a distância percorrida no TC6. Bem como, verifica-se que saturação periférica de O2 (%) de repouso possui correlação moderada direta com a distância percorrida no TC6. 30 Figura 6 - Análise de Dispersão Fonte: Elaboração própria com base nos dados de Pesquisa. Coeficiente de correlação de Spearman Classificação de: r = 0,10 até 0,30 (fraco); r = 0,40 até 0,6 (moderado); r = 0,70 até 1 (forte). Níveis de significância p<0,05 Conforme a figura 6 acima, percebe-se que o nível de dispersão da amostra quanto as variáveis que se apresentaram significantes são pequenas. (APÊNDICE II) 4. DISCUSSÃO Apesar das diferenças fisiopatológicas entre os grupos de hipertensão pulmonar, em especial as diferenças entre o tipo 1 e os demais, todos apresentam o aumento da pressão na artéria pulmonar média, que tem por principal consequência o aumento da pressão sistólica no ventrículo direito (VD), que por sua vez precisará vencer esse aumento de pressão para manter o debito cardíaco (MARC Humbert. et al, 2022). O aumento da pressão no VD, para vencer essa resistência elevada, pode causar um aumento do tamanho da câmara cardíaca, levando a um quadro de insuficiência cardíaca, causando dessaturação, cansaço excessivo, vertigem e dor no peito. A maioria desses sintomas estão associados a dessaturação (MARTINS, 2014). Frigolino et al, (2017), em seu estudo comparou os resultados da distância percorrida no Teste de Caminhada de 6 Minutos (DC6M) e respostas fisiopatológicas entre os pacientes 4 6 8 10 12 14 16 18 20 100 200 300 400 500 600 700 800 Percepção de Esforço de BORG de Dispnéia no 3º minuto Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no Repouso Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no 3º minuto Exponencial (Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no 3º minuto) 31 do grupo I (HAP) e do grupo IV (HPTEC), onde observou-se que a DC6M e escala de BORG foram semelhantes entre os dois grupos, o que corrobora com nosso estudo e com as características fisiopatológicas comuns dentre todosos grupos da HP. Podemos observar que os resultados obtidos nesse estudo reafirmam o que a literatura traz sobre a fisiopatologia da HP e suas repercussões clínicas. Ao analisarmos tanto a Figura 3 e a Figura 5, ambas corroboram com o que a fisiopatologia aborda sobre a dessaturação e os sintomas percebidos pelos pacientes. O presente estudo evidenciou a existência de uma correlação negativa moderada entre a distância percorrida no TC6 e os valores da escala de Borg de dispneia e fadiga no terceiro minuto do teste e uma correlação negativa leve Borg de fadiga em repouso. Percebe-se, assim, que quanto maior for a percepção de BORG para dispneia ou fadiga no terceiro minuto, ou no repouso para fadiga, menor será a distância percorrida no TC6. 5. CONCLUSÃO Como apresentado anteriormente o presente estudo teve como objetivo buscar compreender a correlação entre distância percorrida e percepção de fadiga e dispneia, considerando parâmetros de distância percorrida e percepção de esforço na escala de Borg do TC6, realizado por pacientes com diagnóstico de hipertensão pulmonar. O presente estudo encontrou a existência de correlação moderada entre a distância percorrida no TC6 com os valores da escala de Borg de dispneia e fadiga no 3° minuto, encontrou também uma correlação leve entre distância percorrida e fadiga no repouso. Sendo assim possível constatar que os valores da escala de BORG, tanto para dispneia quanto para fadiga, influenciaram na distância percorrida no TC6. Foi encontrado também uma correlação moderada entre a distância percorrida com a saturação periférica de oxigênio em repouso. 32 APÊNDICE I: FICHA DE AVALIAÇÃO DO TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 33 APÊNDICE II: GRAFICOS DE DISPERSÃO INDIVIDULIZADOS 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 0 10 20 30 40 50 Saturação Periférica de O2 (%) no 2º minutos de recuperação Linear (Saturação Periférica de O2 (%) no 2º minutos de recuperação) 70 75 80 85 90 95 100 105 0 10 20 30 40 50 Saturação Periférica de O2 (%) no Repouso Linear (Saturação Periférica de O2 (%) no Repouso) 34 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 10 20 30 40 50 Percepção de Esforço de BORG de Dispnéia no 3º minuto Linear ( Percepção de Esforço de BORG de Dispnéia no 3º minuto) 0 2 4 6 8 10 12 0 10 20 30 40 50 Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no Repouso Linear (Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no Repouso) 35 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 10 20 30 40 50 Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no 3º minuto Linear (Percepção de Esforço de BORG de Fadiga no 3º minuto) 0 5 10 15 20 25 30 35 0 10 20 30 40 50 Frequência Respiratória no Repouso Linear (Frequência Respiratória no Repouso) 36 ANEXO I PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA 37 38 39 40 REFERÊNCIAS ALMEIDA, C. 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