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CARDIOLOGIA 
TEORIA E PRÁTICA 
Edição 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
Organizadores: 
Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
Juliane Cristina de Almeida Paganini 
Hanan Khaled Sleiman 
 
 
 
 
 
 
 
 
2023 
2023 by Editora Pasteur 
Copyright © Editora Pasteur 
 
Editor Chefe: 
Dr Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
Corpo Editorial: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Cata logação na Publicação (CIP) 
(Editora Pasteur, PR, Brasil) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dr. Alaercio Aparecido de Oliveira (Faculdade 
INSPIRAR, UNINTER, CEPROMEC e Força Aérea Brasileira) 
Ana Karolina Santos Góes 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste - PR) 
Dra. Aldenora Maria Ximenes Rodrigues 
MSc. Aline de Oliveira Brandão (Universidade 
Federal de Minas Gerais - MG) 
MSc. Bárbara Mendes Paz 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste - PR) 
Dr. Daniel Brustolin Ludwig 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste - PR) 
Dr. Durinézio José de Almeida 
(Universidade Estadual de Maringá - PR) 
Dr. Everton Dias D’Andréa 
(University of Arizona/USA) 
Dr. Fábio Solon Tajra 
(Universidade Federal do Piauí - PI) 
Francisco Tiago dos Santos Silva Júnior 
(Universidade Federal do Piauí - PI) 
Dra. Gabriela Dantas Carvalho 
Dr. Geison Eduardo Cambri 
MSc. Guilherme Augusto G. Martins 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste - PR) 
 
Dr Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
(Universidade Federal do Piauí - PI) 
Dra. Hanan Khaled Sleiman 
(Faculdade Guairacá - PR) 
MSc. Juliane Cristina de Almeida Paganini 
(Universidade Estadual do Centro-Oeste - PR) 
Dra. Kátia da Conceição Machado (Universidade 
Federal do Piauí - PI) 
Dr. Lucas Villas Boas Hoelz 
(FIOCRUZ - RJ) 
MSc. Lyslian Joelma Alves Moreira (Faculdade 
Inspirar - PR) 
Dra. Márcia Astrês Fernandes 
(Universidade Federal do Piauí - PI) 
Dr. Otávio Luiz Gusso Maioli 
(Instituto Federal do Espírito Santo - ES) 
Dr. Paulo Alex Bezerra Sales 
MSc. Raul Sousa Andreza 
MSc. Renan Monteiro do Nascimento 
MSc. Talita Cristina Moreira Moraes 
(Centro Universitário Uniguairacá) 
Dra. Teresa Leal 
F866 FREITAS, GUILHERME BARROSO LANGONI DE 
Cardiologia Teoria e Prática. 
FREITAS, G.B.L. de et al. - Irati: Pasteur, 2023. 
1 livro digital; 205 p.; ed. VII; il. 
 
Modo de acesso: Internet 
ISBN 978-65-815-4986-2 
https://doi.org/10.29327/5198921 
1. Medicina 2. Cardiologia 3. Cardiopatias 
I. Título. 
 
CDD 610 
CDU 616.1 
 
 
 
 
Este livro traz trabalhos sobre um dos sistemas vitais para nossa vida, responsável pelas 
principais incidências de mortalidade e morbidades, o sistema cardiovascular. Ele possui 
o coração como ator principal, caracterizado por batidas e frequências graciosamente 
rítmicas para distribuir sangue e oxigênio a todos os outros órgãos e manter a pressão 
arterial, filtração glomerular e tantas outras tarefas vitais. 
Até o final de 1800 a cirurgia cardíaca era algo impensado, entretanto, os avanços da 
ciência médica permitiram o advento de tratamentos eficientes, cirurgias minuciosamente 
realizadas de forma presencial e até remota, políticas públicas eficazes para prevenção, 
controle e tratamento das doenças cardiovasculares. 
Muitos estudantes, profissionais da área e pesquisadores tornaram este livro possível. 
Portanto, a Editora Pasteur deixa aqui o seu muito obrigado a todos e deseja uma ótima 
leitura nesta coletânea de estudos sobre o campo da Cardiologia. 
 
 
Guilherme Barroso Langoni de Freitas 
Dr. Prof. Dpto. Bioquímica e Farmacologia, Universidade Federal do Piauí (UFPI) 
Diretor Científico do Grupo Pasteur 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 - IMPLANTES CARDÍACOS: UMA REVISÃO DA 
HISTÓRIA, EVOLUÇÃO E APLICAÇÕES ....................................................... 1 
 
CAPÍTULO 2 - MÉTODOS NÃO INVASIVOS DE DIAGNÓSTICO DE 
DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA ............................................................ 7 
 
CAPÍTULO 3 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS POR INFARTO 
AGUDO DO MIOCÁRDIO NO BRASIL DE 2016 A 2020 .............................. 14 
 
CAPÍTULO 4 - CONTROLE PRESSÓRICO DOS PACIENTES DE PÓS-
OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA NA UTI .................................... 21 
 
CAPÍTULO 5 - MANIFESTAÇÕES CARDIOVASCULARES EM 
PACIENTES COM COVID-19: REVISÃO DE LITERATURA ..................... 32 
 
CAPÍTULO 6 - CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA: ASPECTOS ATUAIS 
SOBRE EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ................ 43 
 
CAPÍTULO 7 - AS IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA HIPERTENSÃO 
ARTERIAL EM PACIENTES COM COVID-19: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA ...................................................................................................... 59 
 
CAPÍTULO 8 - ANÁLISE DOS IMPACTOS CARDIOVASCULARES DAS 
SÍNDROMES RENOCARDÍACAS: REVISÃO DE LITERATURA ............. 68 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 9 - HIPERTENSÃO ARTERIAL RESISTENTE ........................ 76 
 
CAPÍTULO 10 - COMPLICAÇÕES GERADAS PELO DIAGNÓSTICO 
TARDIO EM CASOS DE COMUNICAÇÃO INTERATRIAL ....................... 84 
 
CAPÍTULO 11 - CIRURGIAS CARDÍACA CONGÊNITAS: EVOLUÇÕES E 
DESAFIOS ............................................................................................................. 89 
 
CAPÍTULO 12 - HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA: ABORDAGEM 
CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA ......................................................................... 97 
 
CAPÍTULO 13 - DOENÇA REUMÁTICA DO CORAÇÃO: 
EPIDEMIOLOGIA E DIAGNÓSTICO EM FOCO ....................................... 112 
 
CAPÍTULO 14 - UMA ABORDAGEM FISIOPATOLÓGICA DAS CRISES 
HIPERCIANÓTICAS NA TETRALOGIA DE FALLOT .............................. 119 
 
CAPÍTULO 15 - TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS ................. 126 
 
CAPÍTULO 16 - O MANEJO AO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 
(IAM): UMA REVISÃO DE LITERATURA ................................................... 133 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 17 - PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA INCIDÊNCIA DE OBITO POR 
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NAS REGIÕES BRASILEIRAS ................ 145 
 
CAPÍTULO 18 - USO DE INIBIDORES DE SGLT-2 NO AUMENTO DA 
SOBREVIDA DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA SISTÓLICA .. 152 
 
CAPÍTULO 19 - ENDOCARDITE INFECCIOSA: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA ................................................................................................................ 161 
 
CAPÍTULO 20 - O IMPACTO DA SAÚDE MENTAL SOBRE O CORAÇÃO: UMA 
REVISÃO SISTEMATIZADA DA INTEGRAÇÃO CÉREBRO-CORAÇÃO ........ 168 
 
CAPÍTULO 21 - ANÁLISE DA MORTALIDADE POR DOENÇAS 
CARDIOVASCULARES NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA 
SANTISTA ....................................................................................................................... 174 
 
CAPÍTULO 22 - DESAFIOS NA APLICAÇÃO DA TERAPIA CELULAR NAS 
DOENÇAS CARDÍACAS ............................................................................................... 183 
 
CAPÍTULO 23 - USO DE OXIGENAÇÃO POR MEMBRANA EXTRACORPÓREA 
APÓS REPERFUSÃO MIOCÁRDICA NO CONTEXTO DE SÍNDROME 
CORONARIANA AGUDA: UM RELATO DE CASO ............................................... 191 
 
 
 
1 | P á g i n a 10.29327/5198921.7-1 
 
 
 CAPÍTULO 01 
IMPLANTES CARDÍACOS: UMA 
REVISÃO DA HISTÓRIA, 
EVOLUÇÃO E APLICAÇÕES 
CARLOS ROBERTO GOMES DA SILVA FILHO1 
MARIA EDUARDA BARACUHY CRUZ CHAVES1 
PEDRO GUILHERME PINTO GUEDES PEREIRA1 
MARIA FERNANDA STUART HOLMES ROCHA1 
EGILMÁRIA LADJA CANDEIA BEZERRA1 
MARIA ALICE SANTOS FALCONI DA COSTA3 
LUIZ FELIPE MARTINS MONTEIRO1 
BIANCA BRUNET CAVALCANTI1 
LORENA SOUZA DOS SANTOS LIMA1 
CAMYLLA FERNANDES FILGUEIRA DE ANDRADE1 
JOAQUIM FRANCISCO DE MELO CAVACANTI FILHO1 
ELISE MARIA ANACLETO DE ALBUQUERQUE3 
JÉSSICA FREIRE MADRUGA VIANA2 
BÁRBARA VILHENA MONTENEGRO1 
VICTOR PIRES DE SÁ MENDES¹ 
 
 
1Discente - Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ 
2Discente – Faculdades Nova Esperança - FACENE/FAMENE 
3Discente – Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba – FCM/Afya 
 
 
 
 
Palavras-chave: Implantes cardíacos; História; Evoluçãoe aplicações. 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
A atividade elétrica do coração humano foi 
registrada pela primeira vez por Augustus Wal-
ler em 1887, utilizando o Trem de ECG de Wal-
ler, parte do Arquivo BCS, como uma valiosa 
ferramenta de laboratório. No entanto, o galva-
nômetro de corda de Willem Einthoven provou 
ser uma ferramenta mais eficaz como aparelho 
clínico. Sir Thomas Lewis, presidente da pri-
meira reunião do Cardiac Club, foi pioneiro no 
uso do ECG na prática clínica, graças à sua cor-
respondência com Einthoven. Isso é um dos pri-
meiros exemplos dos benefícios da colaboração 
internacional, que foram fundamentais para o 
desenvolvimento da cardiologia clínica nos úl-
timos 100 anos (AMMANNAYA, 2020). 
Em 1980, o mundo assistiu à revolução da 
medicina com a primeira implantação bem-su-
cedida do ICD (Cardioverter-Desfibrilador Im-
plante) em um ser humano. A jornada para esse 
feito começou com a morte trágica de um co-
lega de Michel Mirowski, cirurgião cardíaco, 
em 1966. Determinado a encontrar uma solução 
para evitar mortes semelhantes, Mirowski co-
meçou a trabalhar em sua ideia de um ICD. 
Com a ajuda de seus colegas de equipe e apoio 
financeiro de uma empresa de marcapassos, o 
primeiro protótipo foi testado com sucesso em 
um cão em 1969. Após anos de refinamentos e 
aprovação da Food and Drug Administration 
(FDA), o ICD foi finalmente implantado em hu-
manos com sucesso no Hospital Johns Hopkins 
em 1980 (AMMANNAYA, 2020). 
O capítulo tem como objetivo ressaltar a im-
portância dos implantes cardíacos ao longo da 
história da medicina. 
 
MÉTODO 
Uma revisão bibliográfica qualitativa e ex-
plicativa de temporalidade serial para estudar o 
monitoramento móvel na gestão de pacientes 
em unidades de terapia intensiva. Realizada por 
meio de estudos publicados entre 2018 e 2023 
na base de dados da PubMed. Os dados coleta-
dos utilizaram os descritores DeCS/MeSH 
"Cardiac Pacemaker", "Cardiac Defibrilla-
tors", “Evolution" e "History" em combinação 
com os operadores booleanos "AND" e “OR”. 
A coleta de dados resultou em 481 artigos, 
dos quais 33 foram descartados devido à falta 
do texto completo disponível e 443 foram des-
cartados devido ao desvio do tema ou objetivo 
proposto, ausência do tratamento utilizado, 
falta de detalhamento das tecnologias de moni-
toramento móvel na gestão de pacientes. 
Os dados coletados foram avaliados por 2 
revisores de forma independente e cega, utili-
zando o software RAYYAN®, onde os reviso-
res selecionaram somente os artigos que cum-
priram os critérios de inclusão para compor a 
síntese, em caso de discrepância enquanto a in-
clusão do artigo, um terceiro revisor foi respon-
sável pelo desempate. Assim, resultando em 5 
artigos incluídos nessa síntese. Os critérios de 
inclusão utilizados: Artigos publicados entre ja-
neiro de 2018 e janeiro de 2023, disponíveis em 
português, inglês ou espanhol e que contem-
plem tecnologias de monitoramento móvel na 
gestão de pacientes. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
No início da década de 1980, Tony Rickards 
desenvolveu o primeiro marcapasso responsivo 
à frequência do mundo, baseado em estudos so-
bre os efeitos do exercício, da estimulação atrial 
e da estimulação ventricular fixa no intervalo 
QT. Esse sistema permitiu respostas fisiológi-
cas ao exercício em pacientes com eletrodos de 
estimulação unipolar padrão de acordo com o 
'Intervalo de estímulo-T'. A pesquisa continuou 
com o grupo de Richard Sutton publicando so-
bre o uso da estimulação AV no tratamento da 
 
3 
 
hipersensibilidade do seio carotídeo e estu-
dando a utilidade da estimulação em síncope 
cardioinibitória e neurogênica. Um estudo de 
Richard Charles em Liverpool examinou as ten-
dências temporais da prescrição do modo mar-
capasso em seu centro ao longo de 10 anos, de 
1984 a 1994, e mostrou um uso crescente de es-
timulação de dupla câmara. Dados fundamen-
tais para informar a prescrição de marcapasso 
foram fornecidos pelos resultados do Estudo 
UKPACE em 2005, conduzido por William 
Toff e John Camm, que mostraram nenhum be-
nefício significativo de mortalidade para esti-
mulação de dupla câmara versus estimulação de 
câmara única em pacientes > 70 anos 
(HAYDOCK & CAMM, 2022; AMMAN-
NAYA, 2020). 
Os ICDs de quarta geração, também conhe-
cidos como ICDs modernos, são dispositivos 
cada vez menores e mais sofisticados. Eles têm 
um peso de 80-90 g e um volume de 30 mL, 
medindo menos de um centímetro de espessura. 
As baterias mais recentes, como as de lítio, 
prata e vanádio, têm duração de até 9 anos. Es-
ses ICDs modernos possuem a capacidade de 
overdrive pacing, ou seja, ATP, o que frequen-
temente pode encerrar arritmias sem recorrer à 
terapia de choque. Além disso, eles também es-
tão disponíveis com estimulação biventricular 
(terapia de ressincronização cardíaca) para me-
lhorar os sintomas em pacientes com insufici-
ência cardíaca avançada. A importância dos 
avanços tecnológicos na área de dispositivos 
cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEIs) na 
prestação de cuidados a pacientes tem permi-
tido o monitoramento contínuo por anos e uma 
ampla gama de recursos de programação e tera-
pias. O monitoramento remoto (RM) tem revo-
lucionado o cuidado com o dispositivo, melho-
rando a satisfação do paciente, reduzindo a hos-
pitalização e melhorando a sobrevida entre os 
pacientes com DCEI (HAYDOCK & CAMM, 
2022; AMMANNAYA, 2020). 
As indicações para implante de Cardiover-
sor Desfibrilador Implantável (ICD) podem ser 
amplamente categorizadas como profilaxia pri-
mária e profilaxia secundária contra morte sú-
bita cardíaca (MSC). A profilaxia secundária é 
indicada para pacientes que já tiveram um epi-
sódio de fibrilação ventricular (FV) ou taquicar-
dia ventricular (TV) com risco de vida, en-
quanto a profilaxia primária é indicada para pa-
cientes com alto risco de desenvolver MSC, 
mas que ainda não tiveram nenhum episódio. 
Múltiplos ensaios clínicos randomizados mos-
traram que os ICDs são claramente superiores 
aos medicamentos antiarrítmicos em pacientes 
com história de TV e FV com risco de vida e, 
portanto, as indicações para profilaxia secundá-
ria são bem apoiadas por evidências clínicas. 
No entanto, as indicações para profilaxia primá-
ria, que representam a maioria dos implantes de 
ICD, têm evidências comparativamente bem 
menos estabelecidas, pois o benefício quantita-
tivo mensurável é menor (AMMANNAYA, 
2020). 
Pesquisas recentes têm mostrado que a res-
sincronização cardíaca (TRC) e a terapia com 
ICD têm eficácia clínica comprovada. Por 
exemplo, um estudo da Circulation Heart Fail, 
realizado em 2014, demonstrou a eficácia clí-
nica da TRC e da terapia com ICD entre 8.936 
pacientes ambulatoriais com insuficiência car-
díaca e fração de ejeção (FE) reduzida ≤ 35% e 
encontrou uma redução substancial da mortali-
dade em 24 meses em homens e mulheres ele-
gíveis com insuficiência cardíaca e FE redu-
zida. Uma edição da Circulation Arrhythmia 
and Electrophysiology de 2015, investigou a re-
lação entre profilaxia primária de ICDs e mor-
talidade em 852 pacientes de minorias raci-
ais/étnicas (raça não branca ou etnia hispânica) 
 
4 
 
e 2.070 pacientes brancos não hispânicos. Paci-
entes minoritários com ICD apresentaram uma 
taxa de mortalidade ajustada menor em 3 anos 
(44,9%) em comparação com seus equivalentes 
sem ICD (54,3%). Da mesma forma, pacientes 
brancos não hispânicos com ICD apresentaram 
uma taxa de mortalidade ajustada menor em 3 
anos (47,8%) em comparação com seus equiva-
lentes sem ICD (57,3%). Nenhuma relação sig-
nificativa entre raça/etnia e menor risco de mor-
talidade com ICD foi encontrada (POKOR-
NEY et al., 2015; WILCOX et al., 2014; AM-
MANNAYA, 2020). 
Vários ensaios clínicos randomizados mol-
daram as indicações atuais para os CDIs (cardi-
oversor-desfibrilador implantável). Alguns dos 
principais estudos incluem MADIT I & II, 
CAT, MADIT-CRT, PRESERVE EF e PRO-
TECT-ICD. O estudo MADIT-I mostrou que o 
CDI salva vidas em pacientesde alto risco com 
doença coronariana. O estudo MADIT-II mos-
trou que a terapia profilática com CDI foi asso-
ciada a uma sobrevida significativamente me-
lhorada em pacientes com cardiomiopatia is-
quêmica, definida por doença cardíaca coroná-
ria documentada e disfunção ventricular es-
querda avançada, sem a necessidade de triagem 
para arritmias ventriculares ou indutibilidade 
por testes eletrofisiológicos. Juntos, esses estu-
dos, bem como os resultados de vários outros 
estudos randomizados de CDI, indicam que a 
terapia com CDI é indicada em pacientes coro-
narianos que atendem aos critérios de elegibili-
dade MADIT-I ou MADIT-II (CHEUNG & 
DEYELL, 2018; AMMANNAYA, 2020). 
O estudo CAT não forneceu evidências a fa-
vor do implante profilático de CDI em pacien-
tes com CMD de início recente e fração de eje-
ção do ventrículo esquerdo prejudicada. Paci-
entes com insuficiência cardíaca classe I ou II 
da New York Heart Association, fração de eje-
ção ≤ 30% e bloqueio de ramo esquerdo (BRE) 
obtêm benefício clínico substancial da TRC-D 
na forma de redução na progressão da insufici-
ência cardíaca e redução no risco de taquiarrit-
mias ventriculares. A terapia de ressincroniza-
ção cardíaca (TRC) evoluiu, assim, como uma 
indicação de tratamento de Classe I com Nível 
de Evidência A, em pacientes com insuficiência 
cardíaca leve, fração de ejeção do ventrículo es-
querdo deprimida e QRS largo. A classificação 
atual de SCD vs. NSCD falha em identificar 
eventos de VTA no momento da morte em uma 
proporção significativa de pacientes. A análise 
multivariada mostrou que os fatores indepen-
dentemente associados à mortalidade por ATV 
incluíram TV/FV > 72 h antes do evento de 
mortalidade, hospitalização por insuficiência 
cardíaca e história de hipertensão. A incidência 
anual de MSC é de 0,6–1% em pacientes pós-
IM com fração de ejeção do ventrículo es-
querdo (FEVE) ≥ 40% (AMMANNAYA, 
2020). 
 
Projeções futuras 
A evolução desses dispositivos tem sido 
constante, visando torná-los cada vez menores 
e equipados com algoritmos de detecção mais 
avançados. Um exemplo disso é o S-ICD (Sis-
tema de Cardioversor Desfibrilador Subcutâ-
neo), que não possui eletrodos no coração e 
pode ser uma opção para pacientes com alto 
risco de MSC (Morte Súbita Cardíaca). Além 
disso, a integração potencial com estimulação 
sem eletrodo pode tornar essa terapia acessível 
para uma população-alvo maior. Os S-ICDs 
também podem ser utilizados como dispositi-
vos de monitoramento remoto para reconhecer 
fibrilação atrial, isquemia aguda ou desequilí-
brio eletrolítico. Novos dispositivos ICD e 
CRT-D, como o novo Gallant, estão surgindo 
no mercado e incluem recursos como integra-
 
5 
 
ção com aplicativos móveis, como o myMerlin-
Pulse™, para simplificar a comunicação entre 
médicos e pacientes. A incorporação de tecno-
logias avançadas, como inteligência artificial, 
também está sendo estudada para melhorar a 
capacidade de monitoramento dos pacientes. 
No entanto, é importante destacar que essas tec-
nologias de ponta vêm com ameaças de segu-
rança cibernética e, portanto, exigiriam os mais 
recentes controles de segurança cibernética e 
parcerias com especialistas em segurança ciber-
nética do setor para fornecer informações sobre 
o design e o teste desses controles para fornecer 
uma experiência segura e contínua (AMMAN-
NAYA, 2020). 
O monitoramento remoto é uma tecnologia 
que tem evoluído ao longo dos anos. Os primei-
ros dispositivos usavam transtelefônicos moni-
toramento (TTM) para a transmissão de dados, 
onde os pacientes tinham que ligar para um 
sistema central e transmitir manualmente infor-
mações básicas do dispositivo. Já os dispositi-
vos modernos usam tecnologias indutivas ou 
sem fio, fornecendo uma interrogação mais 
abrangente e permitindo a transmissão de dados 
por meio de conexões telefônicas ou de banda 
larga. Alguns dispositivos mais recentes, ainda, 
se conectam diretamente a uma rede celular, eli-
minando a necessidade de uma conexão fixa. 
Além disso, pode ser dividido em dois tipos: 
Monitoramento passivo e monitoramento ativo. 
O monitoramento passivo se refere a transmis-
sões programadas pelo paciente, que fornecem 
todas as informações de diagnóstico necessárias 
para avaliar o funcionamento do dispositivo e 
reduzir significativamente a necessidade de 
acompanhamento presencial. Já o monitora-
mento ativo se refere à transmissão automati-
zada e antecipada de diagnósticos em caso de 
falha do dispositivo ou eventos clínicos. Isso 
pode salvar vidas em caso de falha do disposi-
tivo, mas também pode resultar em alertas des-
necessários, se não programado adequadamente 
(CHEUNG & DEYELL, 2018). 
 
CONCLUSÃO 
A história dos implantes cardíacos tem evo-
luído ao longo dos anos, desde o primeiro mar-
capasso artificial no final da década de 1950 até 
os dispositivos mais recentes, como os Cardio-
versores Desfibriladores Implantáveis (ICDs) e 
os Dispositivos de Ressincronização Cardíaca 
(TRC). Esses dispositivos têm sido amplamente 
utilizados na profilaxia primária e secundária 
contra a morte súbita cardíaca, e vários estudos 
clínicos randomizados têm mostrado a sua efi-
cácia. No entanto, as indicações para a profila-
xia primária ainda têm evidências comparativa-
mente menos estabelecidas. Além disso, pes-
quisas recentes têm mostrado que a TRC e a te-
rapia com ICD têm eficácia clínica compro-
vada, incluindo uma redução substancial da 
mortalidade em pacientes com insuficiência 
cardíaca e fração de ejeção reduzida. Ainda as-
sim, é importante continuar estudando os bene-
fícios e riscos desses dispositivos e aplicá-los 
de forma seletiva e individualizada para cada 
paciente. 
 
 
6 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMMANNAYA, G.K.K. Implantable cardioverter de-
fibrillators – the past, present and future. Archives of 
Medical Science – Atherosclerotic Diseases, v. 5, n. 1, 
p. 163-170, 2020. 
CHEUNG, C.C. & DEYELL, M.W. Remote monitoring 
of cardiac implantable electronic devices. Canadian 
Journal of Cardiology, v. 34, n. 7, p. 941-944, 2018. 
HAYDOCK, P. & CAMM, A.J. History and evolution 
of pacing and devices. Heart, v. 108, n. 10, p. 794-799, 
2022. 
POKORNEY, S.D. et al. Primary prevention implanta-
ble cardioverter-defibrillators in older racial and ethnic 
minority patients. Circulation: Arrhythmia and Elec-
trophysiology, v. 8, n. 1, p. 145-151, 2015. 
WILCOX, J.E. et al. Clinical effectiveness of cardiac 
resynchronization and implantable cardioverter-defibril-
lator therapy in men and women with heart failure. Cir-
culation: Heart Failure, v. 7, n. 1, p. 146-153, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 10.29327/5198921.7-2 
 
 
 CAPÍTULO 02 
MÉTODOS NÃO INVASIVOS DE 
DIAGNÓSTICO DE DOENÇA 
ARTERIAL CORONARIANA 
 
 LÍVIA COUTO MELO
1 
LUISA REIS RIBEIRO1 
PEDRO VINICIUS SILVA PEREIRA1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1Discente – Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Doença arterial coronariana; Diagnóstico invasivo; Diagnóstico não invasivo. 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
No Brasil, a estimativa de prevalência de 
angina na população é de 7,6% de casos leves e 
de 4,2% de casos moderados a graves. Somente 
no ano de 2015, os gastos relacionados às doen-
ças cardiovasculares contabilizaram um total de 
31,7 bilhões de reais (CARMO et al., 2021). 
A cineangiocoronariografia (CAT), que é 
um exame invasivo, é considerada padrão-ouro 
para o diagnóstico de doenças arteriais corona-
rianas (DAC). Entretanto, o ideal é que testes 
diagnósticos não invasivos sejam realizados 
primeiramente, com a finalidade de selecionar 
quais pacientes devem ser submetidos à confir-
mação diagnóstica invasiva, visando reduzir o 
número de CATs desnecessárias (CARMO et 
al., 2021). 
Assim, esse capítulo visa explicar os parâ-
metros, as contraindicações e a forma que são 
realizados os seguintes exames: Ecocardiogra-
fia de estresse (EE), cintilografia miocárdica 
(CM),teste ergométrico (TE) e angiotomogra-
fia (ATC). 
 
MÉTODOS 
Para a realização deste capítulo de livro foi 
feita uma pesquisa baseando-se primariamente 
no artigo ‘Análise da Custo-efetividade da an-
giotomografia coronariana no SUS, em compa-
ração com outros métodos não invasivos na sus-
peita de DAC estável’. Com base no artigo 
mencionado fez-se uma busca na internet em 
diversas bases de dados tais como PubMed, Sci-
ELO, Medline e em sites referências da área da 
saúde como orientações e diretrizes publicadas 
pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Den-
tre os artigos e publicações encontradas, foram 
selecionados os mais novos e que apresentavam 
mais evidência científica, tendo como critério a 
pirâmide de evidência já conhecida, começando 
com revisões sistemáticas e metanálises até 
chegar às publicações de menor evidência que 
são elas: Opiniões de especialistas e relatos de 
caso. 
Após aplicados os critérios de seleção cita-
dos, os textos restantes foram avaliados e dis-
cutidos em grupo, e os métodos foram descritos 
separadamente, para então, na conclusão, base-
ando-se no artigo, apresentarmos os métodos e 
as combinações deles mais eficazes no diagnós-
tico de DAC de forma não invasiva. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Ecocardiografia de estresse 
A Ecocardiografia de Estresse (EE) é um 
método diagnóstico não invasivo de DAC fre-
quentemente usado em pacientes admitidos no 
setor emergencial com dor torácica, enzimas 
cardíacas normais, ECG não interpretável e 
com suspeita de angina instável de risco baixo 
ou intermediário (CAMAROZANO et al., 
2009). 
A indução do estresse pode ser por esforço 
físico ou por administração farmacológica. No 
estresse por esforço físico utiliza-se de uma es-
teira, seguindo o protocolo de Bruce com ob-
tenção de imagens em repouso e logo após o 
término do esforço; ou de uma bicicleta ergo-
métrica, colocada em posição vertical ou su-
pina, com aquisição de imagens em repouso, no 
pico de esforço e na recuperação. A movimen-
tação excessiva do paciente aumenta a dificul-
dade de captação de imagens nítidas, sendo um 
fator limitante para a realização do EE por es-
forço físico. Já no estresse por administração 
farmacológica, faz-se a aplicação de doses cres-
centes de dobutamina, com possível associação 
à atropina, visando atingir a frequência cardíaca 
máxima prevista para a idade do paciente. A 
aquisição das imagens se faz no estado basal, 
no pico de estresse e na recuperação. A escolha 
da técnica utilizada irá depender da capacidade 
 
9 
 
do paciente de realizar esforço físico, da expe-
riência do profissional e da disponibilidade de 
equipamento (MATHIAS JUNIOR, 2013; 
CASTRO FILHO, 2019). 
O estímulo ao estresse permite constatar al-
terações cardíacas por meio da incitação de is-
quemia miocárdica em regiões irrigadas por 
uma artéria com grau significativo de estenose. 
Tais alterações poderiam estar ausentes durante 
o repouso, o que não excluiria a presença de 
DAC (CAMAROZANO et al., 2009; BARBE-
RATO et al., 2019). 
Quando ocorre a isquemia miocárdica, tem-
se uma modificação no movimento e no espes-
samento da parede ventricular que pode ser 
identificada, através do EE, pelo modelo de di-
visão do ventrículo esquerdo (VE) em 17 seg-
mentos. Cada porção é analisada e classificada 
em um dos seguintes escores de função: 1 = 
contração normal (contratilidade miocárdica e 
espessamento ventricular adequados), 2 = hipo-
cinesia (diminuição da contratilidade miocár-
dica e espessamento ventricular em menos 
40%), 3 = acinesia (ausência de contratilidade 
miocárdica e espessamento ventricular em me-
nos de 10%) e 4 = discinesia (alteração da dire-
ção do movimento miocárdico e adelgaçamento 
ventricular). Ao final da avaliação faz-se a mé-
dia entre os escores atribuídos aos segmentos, 
conhecida como índice de escore de motilidade 
e espessamento de parede (IEMP). O IEMP 
igual a 1 indica função normal, já valores iguais 
ou acima de 2, correlacionam a importante dis-
função do VE, com aumento da probabilidade 
de ocorrência de arritmias graves, insuficiência 
cardíaca e morte. Assim, o EE é capaz de ava-
liar a extensão, a localização e a gravidade da 
lesão isquêmica, fornecendo dados relaciona-
dos ao diagnóstico e ao prognóstico e possibili-
tando a estratificação de risco para eventos car-
díacos futuros (CAMAROZANO et al., 2009; 
MATHIAS JUNIOR, 2013). 
Entre as contraindicações para a realização 
do EE estão: Dor precordial anginosa típica em 
repouso de início recente (angina de início re-
cente), ou pacientes em período após IAM com-
plicado; estenose ou insuficiência valvar grave; 
pacientes com instabilidade hemodinâmica ou 
clínica (angina instável grave, cardiomiopatia 
descompensada, endocardite/miocardites agu-
das); gravidez; dissecção de aorta; relato de 
alergia às drogas a serem utilizadas nos testes 
farmacológicos (MATHIAS JUNIOR, 2013). 
 
Cintilografia miocárdica 
A Cintilografia é um exame realizado para 
diagnosticar, de forma precoce e com elevada 
precisão, os padrões da perfusão miocárdica, 
sendo possível detectar anormalidades, cuja ex-
tensão e intensidade podem estar associadas a 
eventos adversos (SANTORO, 2018). 
Para realizar a investigação são necessárias 
duas etapas. A primeira consiste na injeção in-
travenosa de uma droga radioativa ou um radi-
ofármaco. O paciente é deixado em repouso e, 
partir disso, imagens do fluxo sanguíneo são co-
letadas após um intervalo de 30 a 60 minutos 
pelo gama câmara, tecnologia capaz de captar 
os sinais emitidos pelo medicamento radioa-
tivo. 
Iniciando a segunda fase, o alvo do teste é 
posto em uma situação de esforço físico. O es-
tresse pode ser causado por uma atividade física 
monitorada, ou por algum medicamento que in-
duz o aumento do fluxo sanguíneo nas artérias 
coronárias, como o dipiridamol ou dobutamina. 
Quando a dilatação máxima das artérias coro-
narianas for atingida, novamente será injetada a 
mesma substância radioativa a fim de marcar o 
quão perfundido está sendo o musculo cardíaco. 
 
10 
 
Ao final do exame, é feita a associação das 
imagens das etapas de repouso e estresse e a in-
terpretação, através de scores que analisam as 
variáveis: Repouso ou estresse, isquemia ou 
perfusão (FEITOSA, 2002). A análise dos re-
sultados obtidos inicia-se ao dividir o ventrí-
culo esquerdo em 17 partes, a cada uma é atri-
buída valores conforme o grau de defeito perfu-
sional variando de 0 (perfusão normal) a 4 (is-
quemia total). A apuração deve levar em conta 
a análise obtida, bem como os parâmetros com-
parativos com bancos de dados de indivíduos 
normais, fornecidos por softwares. Após a atri-
buição dos índices para cada região miocárdica 
tanto em estresse quando em repouso, os valo-
res devem ser somados, obtendo a somatória 
dos sores SS (Summed Scores). A somatória 
dos scores na imagem de repouso é chamada de 
SRS (Summed Rest Score) e expressa a exten-
são e a intensidade de defeito perfusional em re-
pouso e, portanto, a área fibrótica do músculo 
cardíaco. A somatória dos scores na fase de re-
pouso é chamada SSS (Summed Stress Score) e 
infere as áreas hipoperfundidas durante a indu-
ção do stress, representando áreas infartadas ou 
isquêmicas, que podem ser iguais ou maiores 
que os defeitos vistos em repouso. A somatória 
destes scores diferenciais é chamda SDS (Sum-
med Difference Score), e dirá exatamente a ex-
tensão do miocárdico que apresenta reversibili-
dade de perfusão induzida pelo estresse e, por-
tanto, áreas isquêmicas em risco (SANTORO, 
2018). 
A cintilografia de perfusão miocárdica é de 
alta sensibilidade (85-91%) e especificidade 
(85-87%), e um elevado valor preditivo nega-
tivo (> 99%), o que garante ao estufo normal 
uma predição de risco de eventos cardíacos 
(morte e infarto agudo) inferior a 1% ao ano 
(SANTORO, 2018). 
A duração total do teste, contemplando as 
duas etapas, tem um intervalo variável de qua-
tro a seis horas. Já os resultados das imagens 
são obtidos de 15a 60 minutos após a conclusão 
das duas etapas (SANTORO, 2018). 
As contraindicações são reservadas às mu-
lheres grávidas ou lactentes, pelo uso de drogas 
radioativas (FEITOSA, 2002). Os riscos refe-
rentes à execução do exame são mais esperados 
na cintilografia do miocárdio com estresse far-
macológico devido aos efeitos colaterais do 
medicamento, que podem ser: Sensação de ca-
lor na cabeça, dor no peito, enxaqueca, tonturas, 
diminuição da pressão arterial, falta de ar, en-
joos. Contudo, na maioria das vezes, a inspeção 
não provoca sequelas e não é necessário inter-
nação hospitalar (SANTORO, 2018). 
 
Teste ergométrico 
O Teste Ergométrico, hoje, é o teste mais 
usado e indicado para diagnóstico de doenças 
cardiovasculares, sendo também usado para 
avaliar resposta terapêutica, sintomas de arrit-
mias ao exercício físico e determinação prog-
nóstica. Esse possui baixo custo e fácil reprodu-
ção em todas as regiões do Brasil, tornando-lhe 
um dos principais exames cardiológicos não in-
vasivos presentes para estudo dos pacientes 
(MENEGHELO et al., 2010). 
O TE foi introduzido no país em 1960, no 
Instituto de Cardiologia do Estado de Guana-
bara, atual Instituto Estadual de Cardiologia 
Aloysio de Castro. Entretanto, foi introduzido 
na prática clínica somente em 1972, no Instituto 
Dante Pazzanese de Cardiologia (MENE-
GHELO et al., 2010). 
Esse exame possibilita detectar isquemia 
miocárdica; reconhecer arritmias cardíacas e 
distúrbios hemodinâmicos induzidos pelo es-
forço; avaliar a capacidade funcional e a condi-
ção aeróbica; diagnosticar e estabelecer o prog-
 
11 
 
nóstico de determinadas doenças cardiovascu-
lares; prescrever exercício; avaliar objetiva-
mente os resultados de intervenções terapêuti-
cas; demonstrar ao paciente e aos seus familia-
res as suas reais condições físicas e fornecer da-
dos para perícia médica. 
O teste ergométrico trata-se de um procedi-
mento de baixo risco, mesmo assim é impor-
tante que o profissional que irá conduzir o teste 
seja capacitado para atuar em caso de uma 
emergência, tal como uma PCR, além da sala de 
procedimento possuir os equipamentos neces-
sários (MENEGHELO et al., 2010). 
A ergoespirometria alia os resultados eletro-
cardiográficos às análises das variáveis ventila-
tórias, aferidas durante a prática de exercício fí-
sico de intensidade crescente. É levado em 
conta também a avaliação subjetiva do paciente 
quanto à sensação de cansaço, que deve ser me-
dido conforme a escala de Borg. No exame são 
geradas informações tais como: 
-Consumo de oxigênio (VO2) e produção de gás 
carbônico (VCO2); 
-Equivalente ventilatório de oxigênio 
(VE/VO2) e do gás carbônico (VE/VCO2); 
-Pulso de oxigênio (VO2/FC); 
-Quociente respiratório (RQ); 
-Parâmetros hemodinâmicos como pressão ar-
terial (PA) e frequência cardíaca (FC); 
-Parâmetros eletrocardiográficos. 
 
Angiotomografia coronariana 
A Angiotomografia Coronariana (ATC) 
consiste em uma tomografia computadorizada 
das artérias coronárias, o que permite a identi-
ficação de alterações na estrutura e no funcio-
namento desses vasos, sendo uma modalidade 
não invasiva de diagnóstico de DAC 
(MORSCH, 2018). 
As indicações para realização deste exame 
dependem das características clínicas apresen-
tadas pelo paciente, podendo elas variarem de 
um quadro sintomático não agudo ou uma ava-
liação pós-operatória, a uma avaliação em casos 
sintomáticos em caráter de urgência. A partir 
dos dados coletados, é feita uma estratificação 
por escores, que irá definir qual o grau de reco-
mendação do exame. De 7 a 9, a realização ge-
ralmente é aceita e a abordagem é racional e 
aceitável para a indicação. Escores de 4 a 6, a 
realização e a abordagem são tidas como acei-
tável e razoável, respectivamente. Já de 1 a 3, 
geralmente não é aceita a realização e a aborda-
gem é tida como não razoável (SASDELLI 
NETO, 2013). 
O preparo para o exame exige jejum com-
pleto por pelo menos 4 horas, não ingestão de 
bebidas cafeinadas e de remédios para trata-
mento de disfunção erétil nas 48 horas anterio-
res, possível administração oral ou intravenosa 
de betabloqueadores para diminuir a frequência 
cardíaca, que deve ficar entre 60 e 65 batimen-
tos por minuto (MORSCH, 2018). 
A angiotomografia não é recomendada para 
gestantes, pessoas alérgicas ao contraste de 
iodo (MORSCH, 2018). 
Durante a realização do exame, o ritmo car-
díaco do paciente é registrado com o auxílio de 
um eletrocardiograma, para que imagens gera-
das pelo tomógrafo possam ser sincronizadas 
com o movimento do coração (sístole e diás-
tole). Além disso, faz-se a injeção endovenosa 
de contraste iodado que circulará na corrente 
sanguínea, o que permite uma melhor visualiza-
ção das artérias coronárias. Alguns pacientes 
podem referir sensação de calor após a injeção 
do contraste. Em seguida, o paciente é subme-
tido à tomografia, gerando imagens com re-
curso 3D. A partir dessas imagens é possível vi-
sualizar o lúmen e as paredes das artérias, iden-
tificado a possível presença de placas calcifica-
das e de placas gordurosas que serão quantifi-
 
12 
 
cadas quanto ao grau de obstrução do vaso. As-
sim, faz-se o diagnóstico não invasivo de DAC, 
fornecendo informações, quanto ao tipo e ao 
grau da lesão, importantes para a tomada de de-
cisões em relação aos próximos passos no trata-
mento (AZEVEDO et al., 2012; MORSCH, 
2018). 
Atualmente, a dose de radiação efetiva esti-
mada do exame pode ser reduzida por meio de 
tomógrafos de última geração, com múltiplos 
detectores, sem alterações significativas na acu-
rácia diagnóstica da imagem (SASDELLI 
NETO, 2013). 
Associado à angiotomografia, também pode 
ser solicitado a avaliação do Escore de Cálcio, 
um importante indicador de aterosclerose nas 
artérias, que irá agregar mais informações ao di-
agnóstico final (AZEVEDO et al., 2012; 
MORSCH, 2018). 
 
CONCLUSÃO 
Após a pesquisa, concluiu-se que há diversas 
modalidades de diagnóstico não invasivo de 
doença arterial coronariana, sendo que o SUS 
não contempla apenas a angiotomografia. Com 
isso, torna-se cada vez menos necessário o di-
agnóstico invasivo pela cineangiocoronariogra-
fia, evitando possíveis complicações vascula-
res, vagais, isquêmicas e alérgicas, associadas a 
esse procedimento. Assim, a escolha da melhor 
estratégia diagnóstica não invasiva dependerá 
da disponibilidade de recursos financeiros de 
cada instituição para arcar com as despesas da 
realização desses exames e da capacitação da 
equipe médica responsável.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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https://www.dimen.com.br/medicina-nuclear/cintilografia-do-miocardio-2/
https://www.dimen.com.br/medicina-nuclear/cintilografia-do-miocardio-2/
 
14 
 10.29327/5198921.7-3 
 
 
 CAPÍTULO 03 
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS 
ÓBITOS POR INFARTO AGUDO DO 
MIOCÁRDIO NO BRASIL 
DE 2016 A 2020 
 
 
CLARA CECÍLIA RODRIGUES MENDES1 
ALYNE ANNE SILVA BARRETO3 
BRENDHA KETLYN ANDRADE SILVA2 
RAFAELLA ALVES PEREIRA1 
GABRIEL VICENTE CORREIA1 
GIULIA AMORIM PIRES MIRANDA1 
INGRID MIKAELLY CARDOSO CAVALCANTE1 
JANAÍNA PACHECO OLIVEIRA E SOUZA1 
JOÃO MARCOS GUIMARÃES DE OLIVEIRA1 
JORDANNA ARAUJO PRAXEDES1 
LARA CARVALHO PAIVA1 
MARIANNE LACERDA BARRETO2 
SABRINNA RODRIGUES SANTOS1 
THAYANA DE MATTOS NOGUEIRA1 
LARA CÂNDIDA DE SOUSA MACHADO4 
 
 
1Graduanda – Faculdade de Medicina, Universidade de Rio Verde – GO 
2Graduanda – Faculdade de Fisioterapia, Universidade de Rio Verde – GO 
3Graduada – Faculdade de Educação Física, Universidade estadual de Goiás – GO 
4Docente – Prof.a Ma. da Faculdade de Medicina pela Universidade de Rio Verde - GO 
 
 
Palavras-chave: Infarto; Cardiologia; Mortalidade. 
 
 
 
15 
 
INTRODUÇÃO 
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) cor-
responde a uma necrose miocárdica resultante 
de obstrução aguda de uma artéria coronária. 
Decorre, principalmente, de aterosclerose, em 
que placas de gordura se fixam nos vasos san-
guíneos e com o seu rompimento formam-se 
coágulos. Dessa forma, ocorre a interrupção do 
fluxo sanguíneo, o que gera isquemia do mús-
culo cardíaco (MENDES et al., 2022). 
Esse fenômeno está entre as maiores causas 
de morte no Brasil e no mundo, sendo a doença 
cardiovascular que mais leva a óbito nas pri-
meiras horas após o início dos sintomas, em que 
65% das mortes acontecem na primeira hora e 
80% nas primeiras 24 horas após a manifesta-
ção dos sintomas. Além disso, sabe-se que os 
principais fatores que contribuem para o desen-
cadeamento do IAM estão ligados a condições 
modificáveis como uso abusivo de drogas líci-
tas e ilícitas, sedentarismo e obesidade (FREI-
TAS et al., 2021). 
O diagnóstico dessa doença pode ser reali-
zado por vários métodos, mas o eletrocardio-
grama (ECG) é considerado um exame comple-
mentar para avaliação cardiológica rápida, de 
fácil realização e de baixo custo. Por mais que 
tenha uma baixa sensibilidade nas síndromes 
coronarianas agudas, o eletrocardiograma con-
tinua sendo um exame muito utilizado capaz de 
fornecer dados diagnósticos, evolutivos e prog-
nósticos das doenças cardiovasculares (BEET 
et al., 2022). Quanto aos exames laboratoriais, 
diversos avanços na busca de novos biomarca-
dores para o diagnóstico dessa doença estão 
ocorrendo. Contudo, as troponinas e creatino-
quinases continuam sendo as mais usadas pelos 
laboratórios, especialmente por serem reco-
mendadas pela SBC (Sociedade Brasileira de 
Cardiologia) (MOREIRA et al., 2022). 
A gravidade dessa doença remete a necessi-
dade de novas pesquisas que esclareçam e con-
tribuam para a diminuição do índice de casos, 
visto que há uma alta prevalência de mortali-
dade e morbidade da doença (SOBRINHO et 
al., 2015). 
Assim, o objetivo do presente capítulo é de-
finir o perfil epidemiológico dos óbitos por in-
farto agudo do miocárdio no Brasil de 2016 a 
2020. 
 
MÉTODO 
Trata-se de um estudo ecológico transversal 
e descritivo, com abordagem quantitativa do 
perfil epidemiológico dos óbitos por infarto 
agudo do miocárdio no Brasil de 2016 a 2020. 
Nos estudos ecológicos, compara-se a ocorrên-
cia de uma patologia com a exposição de inte-
resse entre agregados de indivíduos como por 
exemplo populações de países, regiões ou mu-
nicípios com o objetivo de verificar a possível 
existência de associação entre elas (LIMA-
COSTA et al., 2003). Os estudos transversais se 
caracterizam por observarem as variáveis em 
um momento proposto (uma única vez, sem 
acompanhamento dos participantes) e os descri-
tivos são aqueles que propõe a descrição deta-
lhada e organizada de um ou mais fenômenos. 
Ademais o termo quantitativo, refere-se à expo-
sição de números (ZANGIROLAMI-RAI-
MUNDO et al., 2018). 
Incluiu-se na pesquisa dados das “Estatísti-
cas Vitais” no item “Mortalidade – desde 1996 
pelo CID-10” especificamente os registros da 
sessão “Mortalidade Geral” contidos no Sis-
tema de Informação sobre Mortalidade (SIM) 
do Departamento de Informática do Sistema 
Único de Saúde (DATASUS). 
Foram considerados como critérios de ele-
gibilidade, casos de morte por infarto agudo do 
 
 
16 
 
miocárdio contidos no Brasil entre janeiro de 
2016 e dezembro de 2020. Para a avaliação do 
perfil epidemiológico utilizou-se as variáveis: 
Causa CID-BR-10 (068.1), faixa etária, sexo, 
ano, região e etnia. Os critérios de exclusão fo-
ram dados qualitativos e anteriores a dezembro 
de 2015. 
A análise de dados foi feita e organizada em 
gráficos, a partir do software Microsoft Excel®, 
contendo as quantidades de óbitos por infarto 
agudo do miocárdio. Calculou-se a taxa de mor-
talidade, frequência absoluta e percentual para 
em um segundo momento descrever em forma 
discursiva uma comparação entre os principais 
indicadores em que ocorreram oscilações nos 
números de casos em todo o Brasil. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Análise dos óbitos por infarto agudo do 
miocárdio segundo região geográfica 
Entre 2016 e 2020 foram registrados 
466.099 óbitos por infarto agudo do miocárdio. 
A região com maior número de casos foi a Su-
deste com 46,15% (n= 215.093), seguida do 
Nordeste 27,98% (n= 130.403), Sul 13,59% (n= 
63.343), Centro-Oeste 6,64% (n= 30.967) e 
Norte 5,64% (n= 26.293). 
Consoante Mendes (2022) apesar da maior 
suscetibilidade de casos da Região Sudeste, 
destaca-se a relevância de atenção que deve ser 
oferecida às regiões menos favorecidas finan-
ceiramente, visto que a dificuldade de acesso a 
serviços de saúde e desinformação sobre as do-
enças, causam por consequência uma maior 
quantidade de óbitos nesses locais (MENDES 
et al., 2022). Dessa forma, tanto o estudo de 
Mendes que destacou o perfil dos óbitos por 
IAM no Brasil entre 2011 e 2021, quanto o pre-
sente estudo que analisou o período de 2016 a 
2020, concordam no ponto em que a região Su-
deste é que ocorre maior percentual de mortes. 
Entretanto, é válido ressaltar que essa região 
também é a mais populosa do Brasil, o que con-
tribui para uma maior concentração do número 
de casos. 
Assim, é coerente a análise da taxa de mor-
talidade, visto que ela considera não só o nú-
mero de casos, mas considera também a popu-
lação de cada região. Dessa forma, constata-se 
que em todos os anos analisados o Sudeste ob-
teve maiores taxas de mortalidade quando com-
parada as demais regiões do Brasil sendo o ano 
de 2016 o de maior taxa com 50,79 óbitos a 
cada 100 mil habitantes, conforme ilustrado na 
Tabela 3.1. 
 
 
Tabela 3.1 Taxa de mortalidade por infarto agudo do miocárdio no Brasil, segundo região geográfica, de 2016 a 2020 
Taxa de Morta-
lidade 
2016 2017 2018 2019 2020 
Região Norte 27,16 28,91 29,02 29,57 29,79 
Região Nor-
deste 
45,10 45,95 46,37 47,39 43,67 
Região Sudeste 50,79 48,93 48,64 50,15 46,85 
Região Sul 46,65 42,20 42,74 41,81 39,26 
Região Centro-
Oeste 
38,75 38,4539,13 38,09 38,12 
Fonte: DATASUS, 2023. 
 
 
 
17 
 
Análise dos óbitos por infarto agudo do 
miocárdio segundo ano 
De acordo com os dados obtidos no DATA-
SUS, observa-se que os óbitos do ano de 2016 
representam 20,20% (n= 94.148) dos casos, 
2017 um percentual de 19,88% (n= 92.657), 
2018 equivale a 20,01% (n= 93.272), 2019 tra-
duz 20,50% (n= 95.557) e 2020 corresponde a 
19,41% (n= 90.465). Desse modo, avista-se que 
o ano de 2019 registrou o maior número de óbi-
tos e 2020 a menor quantidade, entretanto, os 
anos analisados mantiveram uma certa homo-
geneidade no número de óbitos, visto que não 
houve diferenças expressivas entre eles. Além 
disso, as taxas de mortalidade variaram entre 
42,55 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2020 
e 45,66 mortes a cada 100 mil habitantes em 
2016, conforme a Tabela 3.2. 
Mediante o estudo de Sant’Anna (2021), em 
2010 constatou-se que houve aproximadamente 
79 mil óbitos relacionados ao IAM 
(SANT’ANNA et al., 2021). Assim, ao compa-
rar os estudos, compreende-se que aconteceu 
uma elevação de 14,51% (n= 11.465) no nú-
mero de óbitos por IAM de 2010 para 2020. 
 
Tabela 3.2 Número de casos anuais de óbitos por infarto agudo do miocárdio no Brasil de 2016 a 2020 
Ano 2016 2017 2018 2019 2020 
Frequência absoluta 94.148 92.657 93.272 95.557 90.465 
População (milhões) 206,2 207,8 209,5 211 212,6 
Taxa de Mortalidade 
(por 100 mil habitantes) 
45,66 44,59 44,52 45,29 42,55 
Fonte: DATASUS, 2023; IBGE, 2022. 
 
Análise dos óbitos por infarto agudo do 
miocárdio segundo faixa etária 
Observou-se que as três faixas etárias de 
maior número de casos de óbitos entre 2016 e 
2020 foram as de 80 anos ou mais com 26,87% 
(n= 125.257), seguida das pessoas com idade 
entre 70 e 79 anos com 25,02% (n= 116.626) e 
posteriormente pela de indivíduos entre 60 e 69 
anos com 23,83% (n= 111.079). Assim, obser-
vamos que pessoas com 60 anos ou mais repre-
sentam 75,72% do total de óbitos por infarto 
agudo do miocárdio entre o período analisado, 
isso pode ser visto na Tabela 3.3. 
Um estudo realizado por Freitas (2021), 
constatou que o perfil epidemiológico do paci-
ente com infarto agudo do miocárdio contempla 
maior prevalência do sexo masculino e o início 
das manifestações clínicas ocorre predominan-
temente entre os 45 e 50 anos de idade (FREI-
TAS et al., 2021). Logo, vê-se que o intervalo 
de idade em que ocorrem os maiores índices de 
início de sintomas está muito próximo da faixa 
etária em que acontecem maiores números de 
óbitos por IAM. 
 
Tabela 3.3 Número de óbitos por infarto agudo do mio-
cárdio no Brasil, conforme faixa etária, entre os anos de 
2016 a 2020 
Faixa Etária Frequência Absoluta 
TOTAL 466.099 
Menor 1 ano 7 
1 a 4 anos 13 
5 a 9 anos 13 
10 a 14 anos 38 
15 a 19 anos 497 
20 a 29 anos 2.744 
30 a 39 anos 9.322 
40 a 49 anos 29.756 
50 a 59 anos 70.393 
60 a 69 anos 111.079 
70 a 79 anos 116.626 
 
18 
 
80 anos e mais 125.257 
Idade ignorada 354 
Fonte: DATASUS, 2023. 
 
Análise dos óbitos por infarto agudo do 
miocárdio segundo sexo 
Segundo o sexo, entre 2016 e 2020 o nú-
mero de óbitos por infarto agudo do miocárdio 
foi maior em homens com um percentual de 
59,14% (n= 275.656). Já as mulheres represen-
tam um percentual de 40,85% (n= 190.407). É 
válido acrescentar que 36 casos foram ignora-
dos, esses dados estão ilustrados no Gráfico 
3.1. 
O perfil epidemiológico das pessoas acome-
tidas por IAM traçado por Freitas (2021) evi-
denciou maior número de portadores entre pes-
soas do sexo masculino (FREITAS et al., 
2021). Dessa maneira, o presente estudo verifi-
cou que os homens também morrem mais do 
que as mulheres por essa causa. 
 
Gráfico 3.1 Número de casos de óbitos por infarto agudo 
do miocárdio no Brasil, segundo sexo, de 2016 a 2020 
 
Fonte: DATASUS, 2023. 
 
Análise dos óbitos por infarto agudo do 
miocárdio segundo etnia 
Entre 2016 e 2020 os casos de óbitos por in-
farto agudo do miocárdio ocorreram majoritari-
amente entre brancos 51,97% (n= 242.243) e 
pardos 37,17% (n= 173.229). As demais etnias 
representam percentuais pequenos sendo elas: 
Pessoas de pele preta 7,69% (n= 35.858), ama-
rela 0,56% (n= 2.615) e os indígenas 0,21% (n= 
977). Ademais, 2,40% (n= 11.177) dos óbitos 
foram ignorados, assim como demonstrado na 
Tabela 3.4. 
Outro estudo que traçou o perfil epidemio-
lógico dos óbitos por IAM de 2011 a 2021, evi-
denciou que a maior quantidade de óbitos pela 
doença aconteceu entre brancos com 55,56% 
dos casos, seguido de pardos com 38,26% dos 
óbitos, pessoas de pele preta com 4,54% e 
1,64% entrou na classificação de outros ou não 
informado (MENDES et al., 2022). 
Dessa forma, observa-se que apesar de os 
percentuais não serem os mesmos, o perfil epi-
demiológico dos óbitos nos dois estudos classi-
ficou em primeiro lugar quanto ao maior nú-
mero de casos brancos, seguido por pardos e 
pessoas de pele preta. 
 
Tabela 3.4 Número de óbitos por infarto agudo do mio-
cárdio no Brasil, conforme etnia, de 2016 a 2020 
Cor/etnia Frequência Absoluta 
TOTAL 466.099 
Branca 242.243 
Preta 35.858 
Amarela 2.615 
Parda 173.229 
Indígena 977 
Ignorado 11.177 
Fonte: DATASUS, 2023. 
 
CONCLUSÃO 
Mediante o panorama supracitado, pode-se 
concluir que o maior número de óbitos por in-
farto agudo do miocárdio no período analisado 
ocorreu no ano de 2019. Contudo, o período 
com maior taxa de mortalidade foi em 2016 
com 45,66 mortes a cada 100 mil habitantes. O 
perfil epidemiológico dos óbitos por IAM no 
Brasil entre 2016 e 2020 foi constituído por pes-
Masculino Feminino Ignorados
 
19 
 
soas da região Sudeste, com 80 anos ou mais, 
do sexo masculino e etnia branca. 
O conhecimento do perfil epidemiológico 
dos óbitos é importante para que os profissio-
nais da saúde se atentem aos pacientes com sin-
tomas sugestivos de determinada doença para 
facilitar o diagnóstico e tratamento em tempo 
 
 
 
hábil. Dessa maneira, evidencia-se a necessi-
dade de medidas em saúde com o objetivo de 
aprimorar o conhecimento da população pe-
rante essa temática, bem como qualificar os 
profissionais da saúde com o fito de mitigar o 
número de óbitos por essa doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BEET, M.S. et al. Infarto agudo do miocárdio: Do diag-
nóstico à intervenção. Research, Society and Deve-
lopment, v. 11, n. 3, 2022. 
FREITAS, R.B. et al. Perfil epidemiológico do paciente 
com infarto agudo do miocárdio no Brasil. Revista de 
Saúde Faculdade Dom Alberto, v. 8, n. 1, p. 100-127, 
2021. 
LIMA-COSTA, M.F. et al. Tipos de estudos epidemio-
lógicos: Conceitos básicos e aplicações na área do enve-
lhecimento. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 12, n. 
4, p. 189-201, 2003. 
MENDES, L.M.C. et al. Perfil dos óbitos por infarto 
agudo do miocárdio do Brasil no período de 2011 a 2021. 
Revista Científica Multidisciplinar, v. 3, n. 8. 2022. 
MOREIRA, V.C. et al. Biomarcadores do infarto agudo 
 
do miocárdio: Biomarcadores atuais e perspectiva de 
novos marcadores. Revista Saúde em Foco, n. 14, 2022. 
SANT’ANNA, M.F.B.S. et al. Taxa de morbimortali-
dade entre homens e mulheres com diagnóstico de infarto 
agudo do miocárdio. Rev. Enferm. UERJ, v. 29, 2021. 
SAÚDE. Banco de dados do Sistema Único de Saúde-
DATASUS. Estatísticas Vitais. Disponível em: 
<https://datasus.saude.gov.br/mortalidade-desde-1996-
pela-cid-10>. Acesso em: 21 de jan. 2022. 
SOBRINHO, J.R.P. et al. Infarto agudo do miocárdio: 
Uma revisão bibliográfica. Scire Salutis, v. 5, n. 1, 2015. 
ZANGIROLAMI-RAIMUNDO, J. et al. Tópicos de 
metodologia de pesquisa: Estudos de corte transversal. 
Journal of Human Growth and Development, v. 28, n. 3, 
p. 356-60, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 10.29327/5198921.7-4 
 
 
 CAPÍTULO 04 
CONTROLE PRESSÓRICO DOS 
PACIENTES DE PÓS-
OPERATÓRIO DE CIRURGIA 
CARDÍACA NA UTI 
 
 
LUCIANA MODESTO DE BRITO¹ 
KYLVIA LUCIANA PEREIRA COSTA2 
MÁRIO GUSTAVOLÚCIO ALBUQUERQUE DA NÓBREGA3 
MARCOS ANDRÉ PEREIRA4 
ARTHUR APOLINÁRIO FEITOSA5 
FRANCISCO WILLIAM SARAIVA LEITE6 
STÉPHANE APOLINÁRIO LANDIM DA CRUZ5 
JANE CAROLINE GUIMARÃES6 
MARYANNE PEREIRA FRANCO ADRIANO7 
THAISE DE ABREU BRASILEIRO SARMENTO¹ 
LUCIBEL ALBUQUERQUE DE ANDRADE8 
CÍCERA REJANE TAVARES DE OLIVEIRA4 
ANILTON JORGE DA NÓBREGA GONÇALVES4 
PHILIPPE APOLINARIO FEITOSA LANDIM DA CRUZ8 
ROBSON LEITE SAMPAIO8 
 
1Docente – Centro Universitário Santa Maria - UNIFSM 
. 2Discente – Mestrado em Gestão em Sistemas Agroindustriais do CCTA/UFCG 
3Docente – Centro Universitário Dr. Leão Sampaio – UNILEAO 
. 4Docente – Universidade Federal do Cariri – URCA 
. 5Discente – Faculdade de Medicina Estácio do Juazeiro do Norte 
. 6Discente – Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS 
. 7Discente – Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ 
. 8Discente – Centro Universitário Santa Maria - UNIFSM 
 
Palavras-chave: Cirurgia cardíaca; Pressão arterial; UTI. 
 
 
22 
 
INTRODUÇÃO 
As doenças cardiovasculares no Brasil são 
as principais causas de morte. Apresentado 
fator adicional à elevada representatividade 
epidemiológica nos índices de mortalidade e 
morbidade, o aumento da expectativa de vida ao 
nascer e as modificações nos hábitos de vida, 
principalmente decorrentes dos processos de 
urbanização e industrialização, que 
aumentaram a exposição aos fatores de risco 
para o seu desenvolvimento. Apresentam ainda 
caráter de cronicidade, podendo ser tratadas de 
maneira clínica ou cirúrgica (DUARTE et al., 
2012). 
A realização de um procedimento cirúrgico, 
em especial o cardíaco, envolve uma 
diversidade de questões psicológicas e físicas 
que se refletem nas alterações biológicas 
observadas em uma avaliação adequada das 
queixas expostas pelos pacientes. Tais 
manifestações repercutem em dados da análise 
clínica, que podem ser observados e 
mensurados (SILVA et al., 2014). 
É possível citar como forma dessas 
manifestações fisiológicas as medidas dos 
sinais vitais, das quais direcionam a 
estabilidade biológica, como as modificações 
na pressão arterial, nas frequências respiratória 
e cardíaca e, influenciando ainda na 
temperatura corporal (SILVA et al., 2014). 
Ponte et al., (2010) destacam que as 
alterações nos níveis tensionais são comumente 
encontradas nos pacientes submetidos à 
cirurgia cardíaca e diversos fatores, durante o 
perioperatório, podem provocar distúrbios que 
podem comprometer na evolução normal da 
cirurgia. 
A hipertensão arterial ocorre de acordo com 
Woods et al., (2005) em 48% a 55% dos paci- 
 
entes nas primeiras 4 (quatro) a 6 (seis) horas 
após a cirurgia cardíaca, sendo que nas 
primeiras 12 (doze) horas depois da cirurgia 
pode ocorrer a hipotensão. 
Nesse contexto, compreende-se a 
necessidade de uma assistência sistematizada e 
individualizada, pois existem pessoas que são 
assintomáticas, mas que possuem valores de 
pressão arterial que diferem dos valores 
considerados normais, por isso a importância de 
se saber os valores habituais, os quais devem 
ser avaliados evolutivamente. 
Para Benetti et al., (2013) apesar dos 
avanços já alcançados nas cirurgias cardíacas 
estudos ainda demonstram taxas significativas 
de complicações no pós-operatório, as quais 
fazem aumentar o tempo de permanência 
hospitalar, elevam custos e impactam em uma 
mortalidade. A identificação de fatores que 
possam influenciar a evolução clínica dos 
pacientes pode diretamente auxiliar na 
indicação cirúrgica, como também prevenir as 
complicações no pós-operatórias (PIOTTO et 
al., 2012). 
A mensuração sistemática da pressão 
arterial deveria ser uma das ações na prevenção 
de eventos de complicações. O diagnóstico da 
hipertensão arterial é fácil, necessitando, para 
sua aferição, equipamentos acessíveis, baixo 
treinamento e custo para realizá-los. Contudo 
os equipamentos podem apresentar 
variabilidade nas medidas de pressão arterial, 
dependendo do tipo de equipamento usado 
(COLARES et al., 2009). 
Nesse sentido, o presente capítulo tem como 
objetivo geral realizar uma revisão sobre a 
importância do controle da pressão arterial nas 
Unidades de Terapia Intensiva - UTI de 
paciente em pós-operatório de cirurgia 
cardíaca. 
 
 
23 
 
MÉTODO 
Para alcance do objetivo traçado, foi reali-
zada uma revisão integrativa da literatura, que 
permitiu o uso de evidências presentes em estu-
dos por meio da análise de pesquisas relevantes. 
Formulou-se como questão problema: 
“Qual importância do controle da pressão arte-
rial nas Unidades de Terapia Intensiva - UTI de 
paciente em pós-operatório de cirurgia cardí-
aca? 
Para busca dos estudos elegíveis, foram uti-
lizados descritores não controlados e controla-
dos dos vocabulários Descritores em Ciências 
da Saúde (DeCS) (Controle Pressão Arterial; 
Cirurgia Cardíaca; Unidade de Terapia Inten-
siva) e Medical Subject Heading – MeSH (Cri-
anças; Internados; Procedimentos Cirúrgicos 
Cardíacos; Hipertensão; Cardiopatias Congêni-
tas; Cuidados Críticos), dispostos no Quadro 
4.1, conectados pelos operadores booleanos 
OR, se pertencentes a uma mesma categoria da 
estratégia PVO, e AND, quando pertencentes a 
etapas distintas da estratégia. 
Para encontrar respostas apropriadas à per-
gunta de pesquisa e com vistas a uma melhor 
definição dos descritores, utilizou-se a estraté-
gia: Population, Variables and Outcomes 
(PVO) conforme disposto no Quadro 41. 
 
Quadro 4.1 Estratégia PVO 
Etapa Descrição DeCS/MeSH/ Descritores não controlados 
Population Pacientes Crianças; Internados 
Variables Controle Pressão Arterial; 
Cirurgia Cardíaca; Unidade 
de Terapia Intensiva 
Procedimentos Cirúrgicos Cardíacos; Hipertensão 
Outcomes Cuidados Pós-Operatórios; 
Complicações Pós-Operató-
rias 
Cardiopatias Congênitas; Cuidados Críticos 
 
 
Após a formulação da questão de pesquisa, 
procedeu-se à busca nas bases de dados para 
identificação dos estudos incluídos na revisão. 
Tais publicações, além de responderem à ques-
tão de pesquisa, deveriam atender aos seguintes 
critérios: Artigos originais, publicados em in-
glês, português ou espanhol, nos últimos 05 
anos, ou seja, a partir do ano de 2018. 
As buscas foram conduzidas no mês de já-
neiro do corrente de 2023, nas bases de dados 
eletrônicas indexadas na Biblioteca Virtual em 
Saúde (BVS): Literatura Latino-Americana e 
do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), 
Banco de Dados em Enfermagem (BDenf) e 
Sistema Online de Busca e Análise de Litera-
tura Médica (MEDLINE). 
A Tabela 4.1 ilustra a estrutura metodoló-
gica utilizada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Tabela 4.1 Publicações encontradas do ano de 2018 a 2023 nas bases de dados 
DESCRITORES 
BASE DE DADOS 
LILACS MEDLINE BDENF 
Controle Pressão Arterial 649 8.837 100 
Cirurgia Cardíaca 748 24.259 97 
Unidade de terapia Intensiva 2.505 27.382 1.050 
Controle Pressão Arterial and Cirurgia Cardíaca 
29 156 4 
Controle Pressão Arterial and Unidade de Tera-
pia Intensiva 81 16 7 
Controle Pressão Arterial and Cirurgia Cardíaca 
and Unidade de Terapia Intensiva 0 3 0 
Soma Artigos Achados 4.012 60.653 1.258 
Artigos Escolhidos 2 3 1 
 
Os estudos achados nas bases de dados fo-
ram agrupados por meio do gerenciador de re-
ferências Endnote Web, excluindo-se os artigos 
duplicados. 
Os artigos selecionados nesta etapa que pu-
deram ser obtidos na íntegra foram avaliados 
para a leitura. 
O processo de seleção foi documentado 
usando o fluxograma Preferred Reporting Items 
for Systematic Reviews and Meta-Analyses 
(PRISMA) (MOHER et al., 2009). 
A Figura 4.1 mostra o Fluxograma de sele-
ção dos estudos. 
 
Figura 4.1 Fluxograma de seleção dos estudos 
 
 
25 
 
Foram mobilizados 63.169 estudos, dos 
quais se excluiu 31.496 publicações por encon-
trarem-se duplicadas e 31.591após a triagem 
por título e resumo, por não responderem à 
questão de pesquisa ou não atenderem ao crité-
rio tipo de estudo. Em seguida, os 82 artigos se-
lecionados foram submetidosà avaliação por 
meio da leitura na íntegra para adequação aos 
critérios de elegibilidade, sendo excluídos 76 
artigos. Ao todo 06 artigos foram incluídos na 
revisão. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
No quadro a seguir está descrita a relação de 
artigos catalogados segundo: Autor/ano, título, 
objetivos e resultados (Quadro 4.2). 
 
Quadro 4.2 Relação de artigos catalogados segundo autores/ano, título, objetivos e resultados 
Numero Autor e Ano Titulo Objetivo Resultados 
01 Cho et al., 
2018) 
 
Differences in periop-
erative femoral and ra-
dial arterial blood 
pressure in neonates 
and infants undergoing 
cardiac surgery 
requiring 
cardiopulmonary by-
pass 
Avaliaram as diferenças na 
pressão arterial média 
(PAM) entre as artérias ra-
dial e femoral durante a ci-
rurgia cardíaca pediátrica 
para determinar a eficácia 
do monitoramento da pres-
são arterial femoral. 
Os autores sugerem que a 
monitorização da pressão ar-
terial femoral pode ser reali-
zada com segurança, mesmo 
em neonatos, e fornece valo-
res de PA mais precisos du-
rante os períodos de CEC e 
imediatamente após o des-
mame da CEC, especial-
mente quando o tempo de 
CEC foi superior a 60 min. 
02 Silva et al., 
(2022) 
Bilevel positive airway 
pressure improves the 
autonomic balance in 
the postoperative pe-
riod following cardiac 
surgery: A randomized 
trial 
Avaliar os efeitos da Bi-
PAP na saturação perifé-
rica de oxigênio, sinais vi-
tais e balanço 
autonômico no período de 
hospitalização após cirur-
gia cardíaca 
Os achados evidenciam que 
o BiPAP possibilita meca-
nismos autonômicos mais 
eficientes durante a interna-
ção após cirurgia cardíaca. O 
BiPAP atenuou a atividade 
simpática e melhorou a mo-
dulação vagal e o equilíbrio 
autonômico na alta hospita-
lar. Esses achados eviden-
ciam que o BiPAP possibi-
lita mecanismos autonômi-
cos mais eficientes durante a 
internação após cirurgia car-
díaca. O BiPAP atenuou a 
atividade simpática e melho-
rou a modulação vagal e o 
equilíbrio autonômico na 
alta hospitalar. Esses acha-
dos evidenciam que o Bi-
PAP possibilita mecanismos 
autonômicos mais eficientes 
durante a internação após ci-
rurgia cardíaca. 
03 Gutknecht et al., 
(2020) 
Non-invasive assess-
ment of haemodynamic 
parameters in patients 
after Fontan procedure 
Avaliação não invasiva 
dos parâmetros hemodinâ-
micos em pacientes após a 
operação de Fontan. 
Em pacientes após procedi-
mento de Fontan, a cardio-
grafia de impedância pode 
ser uma ferramenta útil na 
avaliação de alterações he-
 
26 
 
modinâmicas de curto prazo 
provocadas por alterações 
posturais. Seu valor clínico 
em pacientes com cardiopa-
tias congênitas deve ser me-
lhor investigado. 
04 Gören et al., 
(2021) 
Comparison of BPAP 
S/T and average vol-
ume-assured pressure 
support modes for hy-
percapnic respiratory 
failure in the emer-
gency department: A 
randomized controlled 
trial 
Comparação randomizada 
dos modos AVAPS e pres-
são positiva nas vias aé-
reas em dois níveis espon-
tâneo/temporizado (BPAP 
S/T) na aplicação de venti-
lação mecânica não inva-
siva com pacientes com in-
suficiência respiratória hi-
percápnica no departa-
mento de emergência. 
O modo AVAPS é tão eficaz 
e seguro quanto o BPAP S/T 
no tratamento de pacientes 
com insuficiência respirató-
ria hipercápnica no departa-
mento de emergência. 
05 Li & Shi (2019) Análise retrospectiva 
de fatores de risco para 
complicações 
relacionadas com abla-
ção química na cardio-
miopatia 
hipertrófica obstrutiva 
Investigar retrospectiva-
mente os fatores de risco 
de complicações relaciona-
das da ablação miocárdica 
septal transluminal percu-
tânea (PTSMA) para cardi-
omiopatia hipertrófica obs-
trutiva (CMHO). 
A hipertensão arterial foi um 
fator de risco independente 
para complicações conexas 
as com o procedimento de 
PTSMA. Pode ser muito 
mais seguro e eficiente se os 
procedimentos de PTSMA 
forem restritos a centros ex-
perientes, de acordo com os 
resultados da análise para a 
curva de aprendizado 
06 Luz et al., 
(2022) 
Analisar preditores de 
complicações em pós-
operatório de cirúrgia 
cardíaca pediátrica 
Identificar preditores de 
complicação no pós-opera-
tório de cirurgia cardíaca 
pediátrica. 
Variáveis de condições clíni-
cas, medicações em uso, de-
feitos congênitos e intercor-
rências intraoperatórias 
quando associados às com-
plicações encontradas no 
pós-operatório de cirurgias 
cardiopediátricas mostram-
se como preditivos de risco. 
 
O monitoramento invasivo da pressão arte-
rial é importante para pacientes durante e de-
pois da cirurgia de coração aberto (OHS) e a ar-
téria radial é o local de cateterizarão mais co-
mum durante uma OHS. Porém, muitos estudi-
osos relataram que durante a fase inicial de by-
pass cardiopulmonar (CPB) em adultos a pres-
são arterial femoral é mais alta significativa-
mente do que a pressão arterial periférica. Os 
poucos estudos investigam a diferença entre a 
PA da artéria femoral e artéria radial durante a 
cirurgia e no período pós-operatório em neona
tos e em bebês (CHO et al., 2018). 
Para Cho et al., (2018) muitos autores têm 
relatado a segurança da cateterização da artéria 
femoral durante a cirurgia cardíaca em adultos; 
porém, há poucas publicações sobre as caracte-
rísticas do monitoramento da pressão arterial 
femoral em neonatos e em bebês. O estudo de 
Cho et al., (2018), buscou examinar as diferen-
ças entre a pressão arterial femoral e radial em 
neonatos e bebês e revelou que a pressão arte-
rial radial foi normalmente subestimada em 
comparação com a pressão arterial femoral du- 
 
 
27 
 
rante o período do CPB-on nessa população. 
Contudo, esse fenômeno não permaneceu no 
período da UTI (CHO et al., 2018). 
Na população estudada por Cho et al., 
(2018), a pressão arterial radial foi normal-
mente subestimada em comparação com a pres-
são arterial femoral após o início do CPB e que 
as diferenças entre a pressão arterial radial e fe-
moral foram mais marcadas em pacientes com 
CPB mais longo. Também identificamos que 
essas diferenças de pressão não foram evidentes 
durante o período da UTI (CHO et al., 2018). 
A pressão arterial radial reduzida pode ser 
causada por vasoespasmo como resultado de al-
guns mecanismos termorregulatórios; da 
mesma forma, gradientes pressóricos das arté-
rias femoral e radial têm sido observados em 
pacientes com parada circulatória hipotérmica 
ou em pacientes cirúrgicos gravemente doentes 
tratados com doses elevadas de agentes vasoa-
tivos (CHO et al., 2018). 
Silva et al., (2022) buscou avaliar os efeitos 
da BiPAP na saturação periférica de oxigênio, 
sinais vitais e balanço autonômico no período 
de hospitalização após cirurgia cardíaca. Os 
principais achados desta pesquisa indicam a 
melhora do equilíbrio autonômico em pacientes 
tratados com BiPAP durante a internação após 
cirurgia cardíaca. Os autores encontraram uma 
atenuação da atividade simpática no BiPAPG, 
enquanto no GC houve aumento do compo-
nente simpático. O BiPAP promoveu o au-
mento da resposta parassimpática em compara-
ção com o GC. A SpO 2 não se alterou na alta 
hospitalar e foi semelhante entre os grupos 
(SILVA et al., 2022). 
O componente LF prevaleceu no GC, en-
quanto no BiPAPG o componente HF foi maior. 
Isso mostra a predominância da ação parassim-
pática na alta hospitalar em resposta ao BiPAP, 
que expressou boa adaptação autonômica cardi-
ovascular. Esses achados mostram que o BiPAP 
trouxe benefícios adicionais à fisioterapia de ro-
tina e aos cuidados habituais, que podem ser re-
forçados pela melhora do equilíbrio autonô-
mico, com predomínio do sistema nervoso pa-
rassimpático. A relação LF/HF apresentou se-
melhança entre os grupos no pré-operatório, 
mas foi prejudicada no GC na alta hospitalar. 
No BiPAPG, encontramos uma atenuação da 
atividade simpática, associada à predominância 
de estímulo vagal induzindo melhora da relação 
LF/HF e consequente benefício ao sistema decontrole autonômico cardiovascular (SILVA et 
al., 2022). 
Na insuficiência cardíaca, há comprometi-
mento do equilíbrio autonômico decorrente da 
hiperativação simpática e redução do tônus va-
gal cardíaco. Pacientes com insuficiência cardí-
aca hospitalizados por descompensação aguda 
se beneficiaram da terapia com BiPAP devido à 
melhora das respostas autonômicas via ativação 
vagal. Queda da VFC é considerada fator de 
risco independente para mortalidade cardiovas-
cular após infarto agudo do miocárdio (SILVA 
et al., 2022). 
Gutknecht et al., (2020) buscaram realizar 
uma avaliação não invasiva dos parâmetros he-
modinâmicos em pacientes após a operação de 
Fontan. O uso de ventilação não invasiva em 
pacientes com insuficiência cardíaca aumenta o 
débito cardíaco e o volume sistólico, reduz a 
pós-carga e apresenta resultados benéficos para 
a função ventricular esquerda com redução da 
regurgitação mitral. Esse mecanismo pode ex-
plicar nossos achados, sugerindo adaptações 
funcionais do sistema cardiovascular em res-
posta ao uso de pressão positiva nas vias aéreas. 
Alguns fatores podem ter contribuído para a 
estase da SpO 2. Todos os pacientes receberam 
fisioterapia de rotina com exercícios de respira-
ção profunda em CP, o que pode ter sido funda-
 
28 
 
mental para evitar a queda da SpO 2, uma vez 
que essa intervenção promove a oxigenação 
após cirurgia cardíaca. Com isso, o BiPAP foi 
incapaz de promover efeitos adicionais, além da 
fisioterapia respiratória, na SpO 2. A melhora 
da oxigenação poderia ter sido obtida se fosse 
avaliado o efeito agudo do BiPAP ou da fisio-
terapia de rotina. Entretanto, a medida da SpO 
2 foi realizada em repouso, tanto no pré-opera-
tório quanto na alta hospitalar. Ainda assim, as 
médias de SpO 2 estavam dentro da normali-
dade desde o pré-operatório, pois a amostra era 
composta apenas por pacientes estáveis. O tra-
tamento com CPAP é capaz de reduzir signifi-
cativamente a pressão arterial em pacientes com 
hipertensão resistente (GUTKNECHT et al., 
2020). 
Li & Shi (2019) buscaram realizar uma ava-
liação não invasiva dos parâmetros hemodinâ-
micos em pacientes após a operação de Fontan. 
Os autores destacaram que complicações du-
rante procedimentos de PTSMA e monitora-
mento hospitalar ocorreram nesse estudo. Os 
eventos foram choque cardíaco, insuficiência 
cardíaca aguda, eventos arrítmicos (assistolia, 
bradicardia, fibrilação ventricular e taquicardia 
ventricular sustentada e não sustentada) e morte 
cardíaca. 
As complicações da artéria coronária foram 
dissecção coronariana, infarto agudo do mio-
cárdio, perfuração coronariana, tamponamento 
pericárdico e derrame pericárdico agudo. Com-
plicações conexas com punção foram incluídas 
também para a análise final (LI & SHI, 2019). 
Nesse sentido, Li & Shi (2019) colocam a 
necessidade de os pacientes serem monitorados 
cuidadosamente nas UTIs, uma vez que a cirur-
gia cardíaca é um complexo procedimento que 
tem importantes repercussões orgânicas, alte-
rando de diversas maneiras os mecanismos fisi-
ológicos dos pacientes. Nesse estudo os pacien-
tes foram monitorados cuidadosamente na Uni-
dade Coronariana por pelo menos 3 dias após 
procedimento, e estimulação de apoio foi conti-
nuada pela veia femoral quando preciso. A ava-
liação intra-hospitalar foi feita para todos os 
desfechos clínicos, incluindo as complicações 
hemorrágicas e vasculares (pseudoaneurisma 
da artéria femoral e hematoma de punção foram 
incluídos também para análise). Depois da alta, 
os exames mensais de acompanhamento clínico 
foram realizados em ambulatório, com a finali-
dade de monitorar a ocorrência de eventos ad-
versos (LI & SHI, 2019). 
Em resumo, o trabalho de Li & Shi (2019) 
mostra que o PTSMA foi efetivo na redução do 
GVSVE em pacientes com CMHO. A hiperten-
são foi o único fator de risco para complicações 
conexas com o procedimento PTSMA depois 
da análise de regressão logística multivariada. 
Os procedimentos de PTSMA podem ser mais 
seguros e eficientes em centros experientes, se-
gundo os resultados da análise para a curva de 
aprendizado (LI & SHI, 2019). 
Goren et al., (2021) buscaram realizar uma 
comparação randomizada dos modos AVAPS e 
pressão positiva nas vias aéreas em dois níveis 
espontâneo/temporizado (BPAP S/T) na aplica-
ção de ventilação mecânica não invasiva com 
pacientes com insuficiência respiratória hiper-
cápnica no departamento de emergência. 
Os resultados mostraram que houve altera-
ções no exame de ecocardiograma pós-procedi-
mento estavam presentes em 47,7% do total 
avaliado, 14,8% deles apresentavam achados 
compatíveis com as correções realizadas e em 
37,5% não foi possível encontrar o laudo do 
exame em prontuário. As alterações encontra-
das incluíram: Dilatação de cavidades cardía-
cas, hipertrofia de ventrículo esquerdo e direito, 
derrame pleural, derrame pericárdico, artéria do 
tronco da pulmonar dilatado, tronco da pulmo-
 
29 
 
nar aumentado, refluxo pós plastia valvar, insu-
ficiência valvar, trombose em prótese, coroná-
ria dilatada, retalho cirúrgico mal posicionado, 
retalho cirúrgico com shunt residual, estenose 
valvar, neoaorta com refluxo e forame oval pa-
tente bidirecional (GOREN et al., 2021). 
Constatou-se que as complicações coexisti-
ram entre si e que nenhuma delas causou óbito 
aos pacientes. Referente ao sistema circulatório 
foram observadas a presença de: Hipertensão; 
hipotensão; trombo; hemorragia/sangramento; 
plaquetopenia; instabilidade hemodinâmica; 
baixo debito e queda do hematócrito; em se-
guida, a ocorrência de distúrbios renais foi ca-
racterizada por: Oligúria; poliúria; anasarca; 
congestão; hematúria; insuficiência aguda; hi-
percalemia e hipocalemia. No aspecto metabó-
lico foram percebidos: Hipoglicemia; hipergli-
cemia; acidose respiratória; alcalose respirató-
ria; acidose metabólica; acidose mista; condi-
ções pós paradas cardíaca. Foram consideradas 
complicações respiratórias a ocorrência de: Ex-
tubaçáo acidental; broncoespasmo; dispneia; 
congestão pulmonar; pneumotórax; derrame 
pleural; atelectasia; presença de secreção em 
via aérea; pneumomediastino e cânula orotra-
queal mal posicionada (GOREN et al., 2021). 
As complicações costumam ser comuns no 
período pós-operatório e podem variar quanto 
ao risco à vida que podem apresentar. Além 
disso, fatores de risco para complicações pós-
operatórias de cirurgia cardíaca pediátrica ainda 
não foram completamente elucidados (GOREN 
et al., 2021). 
A identificação precoce dos preditores de 
proteção e de complicações para cirurgia cardí-
aca congênita pediátrica pode ajudar na melho-
ria da assistência prestada ao paciente, na to-
mada de decisão, na escolha do tratamento, na 
redução do tempo de internação e complicações 
apresentadas e consequentemente, redução do 
custo com o tratamento (GOREN et al., 2021). 
Por fim, Luz et al., (2022) buscaram identi-
ficar preditores de complicação no pós-operató-
rio de cirurgia cardíaca pediátrica. Os resulta-
dos foram expressos pelo odds ratio (OR) com 
nível de significância de 5%. Observou-se 
idade média de 61 anos com a predominância 
do sexo feminino. Complicações metabólicas, 
circulatórias, renais, cardiovasculares e respira-
tórias foram identificadas intra e no pós-opera-
tória (LUZ et al., 2022). 
Foi identificada correlação estatística de 
complicações em: Uso dos diuréticos, hiperten-
são arterial, hipertrofia de ventrículo direito, in-
suficiência de valva atrioventricular, trissomia 
do cromossomo 21, derrame pericárdico, san-
gramento intraoperatório, leucócitos alterados 
nos pré-operatórios e alterações no ecocardio-
grama pós-operatório (LUZ et al., 2022). 
Os autores destacam que variáveis de con-
dições clínicas, medicações em uso, defeitos 
conpênitos e intercorrências intraoperatórias 
quando associadas às complicações encontra-
das no pós-operatório de cirurgias cardiopediá-
tricas mostram-se como preditivos de risco 
(LUZ et al., 2022). 
 
CONCLUSÃO 
O período pós-operatóriode cirurgia cardí-
aca é propício ao aparecimento de hipotensão 
arterial, isso ocorre pela somação de vários fa-
tores, ameaçando a integridade fisiológica dos 
pacientes. O controle da pressão arterial nos pa-
cientes requer uma monitoração constante e tra-
tamento imediato com correção dos fatores cau-
sais para minimizar a mortalidade e a morbi-
dade. 
A característica hemodinâmica do estado de 
choque é a queda do débito cardíaco havendo 
 
 
30 
 
como resultado um a diminuição do fluxo san-
guíneo arterial. Com um fluxo sanguíneo arte-
rial reduzido, irrigam-se mal os diferentes ór-
gãos e tecidos, nos quais a oxigenação defici-
ente condiciona distúrbios do metabolismo ce-
lular e alterações estruturais de vários graus até 
a desvitalização irreversível da célula. Neste 
sentido, destaca-se a necessidade do monitora-
mento constante dos sinais vitais e manter o pa-
ciente estabilizado antes, durante e depois da ci-
rurgia. 
Os resultados mostraram também que nos 
últimos 05 anos poucos estudos avaliaram a 
questão do controle da pressão arterial nas Uni-
dades de Terapia Intensiva - UTI em pós-ope-
ratório de cirurgia cardíaca. 
Conclui-se que os picos de pressão arterial 
pós-operatório de cirurgia cardíaca podem tra-
zer inúmeras complicações aos pacientes. 
 
 
 
31 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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São Paulo: Manole; 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 10.29327/5198921.7-5 
 
 
 
 CAPÍTULO 05 
MANIFESTAÇÕES 
CARDIOVASCULARES EM PACIENTES 
COM COVID-19: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
ANIÉLLY CRISTINA GUIMARÃES CURADO¹ 
AMANDA ARAÚJO DOS REIS2 
GUSTAVO FERNANDES AGUIAR2 
ISABELLA RODRIGUES PORTO2 
ISMAEL BATISTA RODRIGUES JÚNIOR2 
HUDA MOTRAN SARHAN2 
MÁRIO CÉSAR MIRANDA ALMEIDA2 
 
 
 
 
 
1Enfermeira, especialista em auditoria em sistemas de saúde, administração hospitalar e ginecologia e obstetrícia, 
acadêmica de Medicina da Universidade de Cuiabá 
2Discente – acadêmico de Medicina da Universidade de Cuiabá 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Covid-19; Doenças cardiovasculares; Infecções cardiovasculares. 
 
 
 
33 
 
INTRODUÇÃO 
O agente etiológico SARS-CoV-2, anterior-
mente identificado como novo coronavírus, é 
responsável pela infecção causadora de uma do-
ença respiratória aguda grave, a COVID-19 (do 
inglês – Coronavirus Disease-19), que teve Wu-
han, China, como seu epicentro epidêmico. Pos-
teriormente, a Organização Mundial da Saúde 
(OMS), em 11 de março de 2020, declarou a 
condição pandêmica da COVID-19 (GUO et al., 
2020; OLIVEIRA, 2020). 
O vírus causador da enfermidade acomete a 
célula hospedeira e reduz sua atividade, dese-
quilibrando sua função no organismo e aumenta 
as expressões fisiopatológicas da do-
ença. Ainda, estudos demonstram que as conse-
quências fisiológicas mais nefastas na COVID-
19 estão relacionadas a pacientes com comorbi-
dades prévias. E, considerando as características 
epidemiológicas do Brasil que definem as doen-
ças cardiovasculares como a principal causa de 
morte no país, é necessário se ater a relevância 
destas, sobretudo nos casos mais severos (AS-
KIN et al., 2020; BEVACQUA & PERRONE, 
2020; OLIVEIRA et al., 2020). 
Nesse ínterim, ressalta-se que pacientes com 
infecção por SARS-CoV-2, com inflamação sis-
têmica e complicações pulmonares podem re-
sultar em morbidade e mortalidade significati-
vas. Diante da manifestação sistêmica, compli-
cações cardiovasculares podem ocorrer, inclu-
indo miocardite, inflamação pericárdica, síndro-
mes coronárias agudas, insuficiência cardíaca, 
arritmias e eventos tromboembólicos venosos 
(LONG et al., 2020). 
Portanto, diante do cenário supracitado, o 
presente capítulo teve como objetivo principal 
analisar as principais alterações cardiovascula-
res, descritas pela literatura, decorrentes do 
agravamento fisiopatológico da COVID-19. 
 
MÉTODO 
Desenho do estudo 
Neste estudo, a opção foi por uma revisão 
integrativa, realizada a partir de uma abordagem 
qualitativa de tipo retrospectiva. 
Para a construção da revisão integrativa é 
preciso percorrer seis etapas distintas, sendo 
elas a identificação do tema e seleção da hipó-
tese ou questão de pesquisa; estabelecimento de 
critérios para inclusão e exclusão de estu-
dos/amostragem ou busca na literatura; defini-
ção das informações a serem extraídas dos estu-
dos selecionados/ categorização dos estudos; 
avaliação dos estudos incluídos; interpretação 
dos resultados; e apresentação da revi-
são/síntese do conhecimento (MENDES, 2008). 
Nesse ínterim, sabe-se que o intuito primário 
das revisões é promover uma análise sumari-
zada acerca de um determinado tópico cientí-
fico. Considerando que o contexto do presente 
trabalho que são as manifestações cardiovascu-
lares em pacientes com COVID-19, a revisão in-
tegrativa torna-se uma forma eficiente de agre-
gação de conhecimento, contribuindo ativa-
mente para a prática clínica como um todo 
(MAGGIO et al., 2016). 
 
Base de dados 
Foi realizada uma busca de artigos publica-
dos no período de 2019 a 2021, em periódicos 
científicos nacionais disponíveis na Biblioteca 
Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic 
Library Online (SciELO), Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde 
(Lilacs), Cochrane Library (Cochrane) e Banco 
de Dados nacionais com artigos pertinentes ao 
tema.
 
 
 
34 
 
Período da coleta dedados 
De março a junho de 2021. 
 
População de estudo 
Para se obter uma análise mais aprofundada 
e adquirir vários ângulos da visão sobre um 
mesmo assunto, estabeleceu que a amostra do 
estudo selecionada com os seguintes descritores 
em Ciências da Saúde: COVID-19, Doenças 
Cardiovasculares, Infecções Cardiovasculares. 
Foram utilizados os seguintes filtros: Idioma- 
português; Ano de publicação 2019 a 2021; 
Tipo de literatura: Artigo de revisão, metanáli-
ses e estudos de coorte. 
 
Técnicas e instrumentos de coleta de da-
dos 
A seleção dos estudos analisados se deu a 
partir dos seguintes critérios de inclusão: Abor-
dar a temática em estudo; Constar nas bases de 
dados selecionadas; Ser redigido ou traduzido 
em português; E ter sido publicado no período 
de 2019 a 2021; Estudos que abordavam as te-
máticas propostas para esta pesquisa; Estudos 
do tipo revisão, meta-análise, e de coorte dispo-
nibilizados na íntegra. Os critérios de exclusão 
foram: Textos incompletos ou publicamos na 
forma de resumo; Repetição de um mesmo ar-
tigo em mais de uma base de dados; Não ser es-
tudo realizado com âmbito cardiovascular; 
Texto com acesso indisponível; Falta de relação 
com alteração fisiológica e o objeto de estudo; 
Textos que não abordavam diretamente a pro-
posta estudada e que não atendiam aos demais 
critérios de inclusão. 
 Incluímos relatos de casos publicados revi-
sados por pares, séries de casos e estudos trans-
versais sobre complicações cardiovasculares 
em pacientes portadores da COVID-19. 
 
Organização de coleta de dados 
Os dados foram organizados de forma com 
que se pode aproveitar ao máximo possível de 
informação de cada artigo. Elaborou-se um ro-
teiro prévio com o intuito de obter uma base 
para cada ponto a ser estudado. 
Publicações referentes a um mesmo estudo 
foram agrupadas, e em cada um deles foram 
descritos o desenho do estudo, seus objetivos, 
as bases de dados encadeadas, e questões 
metodológicas relevantes relativas à pesquisa. 
Analisaram-se também as informações 
fornecidas sobre a qualidade dos dados nos 
bancos utilizados. 
Realizou-se a combinação de dados de lite-
ratura teórica e empírica. Assim, elaborou-se 
uma revisão integrativa com diferentes concei-
tos, a revisão de teorias ou a análise metodoló-
gica. 
 
Técnica de análise de dados 
O método utilizado na análise de dados qua-
litativos é o de análise de conteúdo, compreen-
dida como um conjunto de técnicas de pesquisa 
cujo objetivo é a busca do sentido ou dos senti-
dos de um documento. 
Nesse sentido, quando a análise de conteúdo 
é escolhida como procedimento de análise mais 
adequado, os dados em si constituem apenas da-
dos brutos, que só terão sentido ao serem traba-
lhados de acordo com uma técnica de análise 
apropriada (MOZZATO & GRZYBOVSKI 
2011). 
A análise de conteúdo, além de realizar a in-
terpretação após a coleta dos dados, 
desenvolve-se por meio de técnicas mais ou 
menos refinadas. Dessa forma, a análise de 
conteúdo se vem mostrando como uma das 
técnicas de análise de dados mais utilizada no 
 
 
35 
 
Brasil, especialmente nas pesquisas qualitativas 
(DELLAGNELO & SILVA, 2005). 
Diante do exposto, percebe-se que a análise 
de conteúdo é um conjunto de técnicas de aná-
lise de comunicações, que compreende critica-
mente o sentido das informações, seu conteúdo 
manifesto ou latente, as significações explícitas 
ou ocultas (CHIZZOTTI, 2006). 
No total de 40 publicações selecionadas, 16 
entraram na última seleção por enquadrar-se 
nos critérios de inclusão e constituíram o corpus 
da análise, houve repetição de 9 artigos entre as 
bases de dados, 14 artigos foram excluídos após 
a leitura dos resumos por serem estudos que não 
tinham relação com o objeto de estudo. 
Assim sendo, a Figura 5.1 demonstra o pro-
cesso de desenvolvimento do presente trabalho, 
considerando a seleção inicial e aplicação dos 
critérios de seleção das literaturas, de forma a 
elucidar as etapas para a construção da revisão. 
Após encontrar os potenciais artigos científicos 
a serem escolhidos, foi realizada uma análise 
crítica do conteúdo, de forma que foram seleci-
onados os dezesseis artigos supracitados, para 
compor esta revisão. 
 
Figura 5.1 Seleção de artigos 
Os resultados foram apresentados em tabe-
las, gráficos e quadros, divididos em categorias 
temáticas abordando: Tipo de estudo; Manifes-
tações cardiovasculares; Relação tipo de estudo 
e manifestações cardiovasculares. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
COVID-19: Pandemia de 2019 
Em dezembro de 2019 o mundo viveu a 
pandemia da doença causada pelo novo 
coronavírus (COVID-19), que surgiu na cidade 
de Wuhan, província de Hubei, na China 
(ZHENG et al., 2020). 
Chamado síndrome respiratória aguda grave 
do coronavírus 2 (SARS-CoV-2), identificado 
como o agente que causa a doença de 
coronavírus (COVID-19), nome oficialmente 
adotado pela Organização Mundial da Saúde. A 
COVID-19 é uma condição que pode afetar os 
pulmões, o trato respiratório e outros sistemas 
(FERRARI, 2020). 
Complicações cardiovasculares são 
frequentemente encontradas em pacientes 
infectados pelo vírus, agregando desafios a 
identificação e manuseio clínicos desses 
(LONG et al., 2020). 
Dentre os desfechos da COVID-19 está uma 
alta carga inflamatória, o que pode resultar em 
complicações cardiovasculares - miocardite, in-
suficiência cardíaca, arritmias, síndrome coro-
nariana aguda, e tendo a pior consequência a 
deterioração rápida e morte súbita. 
 
Estudos e Resultados 
Os dados são muito escassos em relação à 
literatura já publicada sobre essa infecção em 
adultos e suas complicações cardiovasculares. 
Sob essa ótica, a presente análise 
identificou, com grande precisão, impacto da 
infecção no sistema cardiovascular, uma vez 
que, a compreensão do impacto da COVID-19 
•Artigos identificados 
como potenciais 
compontes da revisão de 
literatura:
•N=40
Identificação
•Artigos selecionados 
após a remoção de 
duplicatas:
•N=31
Seleção 
Inicial
•Artigos esclhidos após 
aplicação de critérios de 
ano de publicação, 
disponibilidade de dados 
e relação como tema:
•N=16
Critérios/
Inclusão
 
36 
 
no sistema cardiovascular está em constante 
evolução. 
No total de 40 publicações selecionadas, 16 
entraram na última seleção por enquadrarem-se 
nos critérios de inclusão e constituíram o corpus 
da análise. Para auxiliar na escolha da melhor 
evidência possível, foi proposto uma hierarquia 
das evidências, segundo o delineamento da pes-
quisa, que é um dos itens mais importantes a se-
rem analisados, conforme descrito na Tabela 
5.1. 
Ademais, a prática baseada em evidências 
focaliza sistemas de classificação de 
evidências. Geralmente esses sistemas são 
caracterizados de forma hierárquica, 
dependendo do delineamento de pesquisa, ou 
seja, da abordagem metodológica adotada para 
o desenvolvimento do estudo (GALVÃO, 
2006). 
Em uma publicação recente, a qualidade das 
evidências é classificada em sete níveis. No 
nível 1, as evidências são provenientes de 
revisão sistemática ou metanálises de todos 
relevantes ensaios clínicos randomizados 
controlados ou oriundas de diretrizes clínicas 
baseadas em revisões sistemáticas de ensaios 
clínicos randomizados controlados; Nível 2, 
evidências derivadas de pelo menos um ensaio 
clínico randomizado controlado bem delineado; 
Nível 3, evidências obtidas de ensaios clínicos 
bem delineados sem randomização; Nível 4, 
evidências provenientes de estudos de coorte e 
de caso-controle bem delineados; Nível 5, 
evidências originárias de revisão sistemática de 
estudos descritivos e qualitativos; Nível 6, 
evidências derivadas de um único estudo 
descritivo ou qualitativo; Nível 7, evidências 
oriundas de opinião de autoridades e/ou 
relatório de comitês de especialistas 
(MELNYK & FINEOUT-OVERHOLT, 2005). 
 
Tabela 5.1 Estudo e nível de evidência 
ESTUDO TÍTULO TIPO DE 
ESTUDO 
P1 Doença cardiovascular 
preexistente, em vez de 
fatores de risco 
cardiovascular, conduzà 
mortalidade em COVID-19. 
 
Estudo de 
coorte 
P2 Doença por coronavírus 2019 
(COVID-19) complicada 
com infarto agudo do 
miocárdio: Etiologia e 
experiência de enfermagem 
de três relatos de caso. 
 
Relato de 
caso 
P3 Biomarcadores 
cardiovasculares em 
COVID-19. 
 
Revisão de 
literatura 
P4 Baixa incidência de compli-
cações cardíacas de COVID-
19 e seu tratamento entre pa-
cientes hospitalizados em 
Cingapura. 
Estudo 
de coorte 
P5 Associação de lesão cardíaca 
com mortalidade em pacien-
tes hospitalizados com CO-
VID-19 em Wuhan, China. 
Estudo 
de coorte 
P6 Implicações cardiovascula-
res de resultados fatais de pa-
cientes com doença por coro-
navírus 2019 (COVID-19). 
Estudo de 
séries 
de casos 
P7 Doença de Coronavírus-19 e 
o Miocárdio. 
Revisão de 
literatura 
P8 Biomarcadores de lesão mio-
cárdica e complicações cardí-
acas associadas à mortali-
dade em pacientes com CO-
VID-19. 
Revisão de 
literatura 
P9 O coração e a COVID-19: O 
que o cardiologista precisa 
saber. 
Revisão de 
literatura 
P10 COVID-19: dados atualiza-
dos e sua relação com o sis-
tema cardiovascular. 
Revisão de 
literatura 
P11 Características clínicas de 
pacientes infectados com 
Estudo de 
 séries de 
 casos 
 
37 
 
novo coronavírus de 2019 em 
Wuhan, China. 
P12 Prevalência e impacto de do-
enças metabólicas cardiovas-
culares em COVID-19 na 
China 
Revisão de 
literatura/ 
Metanálise 
P13 Curso clínico e fatores de 
risco para mortalidade de pa-
cientes adultos internados 
com COVID-19 em Wuhan, 
China: Um estudo de coorte 
retrospectivo. 
Estudo 
de coorte 
P14 Suspeita de lesão miocárdica 
em pacientes com COVID-
19: Evidências da observação 
clínica de linha de frente em 
Wuhan, China. 
Estudo 
de 
séries de 
 casos 
P15 COVID-19 em pediatria: Re-
lato de um caso com múlti-
plas complicações e bom 
desfecho clínico. 
Relato 
de caso 
P16 IAM com supra de ST em pa-
cientes com COVID-19. 
Desfechos clínicos e angio-
gráficos. 
Estudo 
de séries 
de casos 
 
A maior parte das publicações trata-se de 
estudos de revisão de literatura (31%), sendo a 
maioria originários do Brasil, e estes estudos 
conforme supramencionado são os de maiores 
evidências científica. 
 Observa-se que os estudos de coorte, 
estudo de caso e série de casos são em maioria 
oriundos da China, uma vez que é o país onde a 
epidemia de COVID-19 teve início e representa 
ambos 25% das metodologias de estudo 
utilizadas nesta revisão como no Gráfico 5.1, 
estudos estes que possuem menor evidência 
científica compõe o corpus da revisão, no 
entanto, o relato de uma série de casos que, pelo 
fato de não ter um critério comparativo, tem um 
valor um pouco maior que o relato de caso. 
 
Gráfico 5.1 Metodologia dos estudos análisados na revisão 
para classificação de evidências 
 
 
Observa-se que em relação aos estudos de 
revisão de literatura e metanálise a 
manifestação cardiovascular mais evidente foi 
elevação de enzimas cardíacas, seguida de 
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM)/ Lesão 
miocárdica e miocardites, como representado 
na Tabela 5.2. Em relação aos estudos de 
coorte, foram observadas que as lesões 
cardíacas e elevação de enzimas cardíacas 
compuseram também a maioria de alterações 
cardiovasculares conforme Tabela 5.3, 
seguidas de IAM e arritmias cardíacas 
 
Tabela 5.2 Manifestações cardiovasculares em estudo de 
revisão e metanálise 
Manifestação cardiovascular 
em estudos de revisão e me-
tanálise 
Publicação 
Arritmias cardíacas P7, P8, P9, P10 
Insuficiência Cardíaca 
Aguda 
P7, P8, P9 
Miocardites P3, P7, P8, P9 
Infarto Agudo do Miocárdio 
e alterações no eletrocardio-
grama 
P3, P7, P8, P9, P10 
Elevação de Enzimas Cardí-
acas / Lesão Cardíaca 
P3, P7, P8, P9, P10, 
P12 
Distúrbios de Coagulação P3, P7, P9, P10 
Síndrome de Takotsubo P7, P8, P9 
Síndrome Coronariana 
Aguda 
P7, P9 
Choque P9, P10 
31%
25%
25%
13%
6% Revisão de
Literatura
Estudo de Série
de Casos
Estudo de Coorte
Relato de Caso
 
38 
 
Em relação aos relatos de caso foram obser-
vados elevação de enzimas cardíacas, seguidos 
de distúrbios da circulação com alterações car-
diovasculares mais frequentes. 
 
Tabela 5.3 Manifestações cardiovasculares em estudo de 
coorte e série de casos 
Manifestação cardiovascu-
lar em estudos de coorte e 
série de casos 
Publicação 
Arritmias cardíacas P1, P4, P6, P13, 
P14 
Insuficiência Cardíaca 
Aguda 
P1, P13 
Miocardites P1, P14, P15 
Infarto Agudo do Miocár-
dio e alterações no eletro-
cardiograma 
P1, P2, P4, P6, P13, 
P14, P16 
Elevação de Enzimas Car-
díacas / Lesão Cardíaca 
P1, P2, P4, P5, P6, 
P11, P13, P14, P16 
Distúrbios de Coagulação P1, P4, P5, P6, P11, 
P13, P16 
Síndrome de Takotsubo P11 
Síndrome Coronariana 
Aguda 
P13, P14 
 
Desse modo, o mecanismo fisiopatológico 
de infecção do SARS-CoV-2 em relação ao 
sistema cardiovascular é baseado na ligação do 
vírus à membrana de Enzima Conversora de 
Angiotensina 2 (ECA2) e internalização do 
complexo pela célula hospedeira 
(RODRIGUES et al., 2020). 
É sabido que tal enzima participa do sistema 
renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) e 
mais especificamente, a ECA2, catalisa a 
conversão da Angiotensina II (Ang II), em 
Angiotensina1-7 (Ang 1-7), e o vírus impede 
essa conversão (RODRIGUES et al., 2020). 
Segundo Rodrigues et al., (2020) vale 
ressaltar que, a Ang II desencadeia inflamação, 
fibrose, estresse oxidativo e vasoconstrição 
enquanto a Ang 1-7 tem o papel antagonista e, 
portanto, efeito cardioprotetor. 
A perda de ECA2 no sistema cardiovascular 
promove disfunção endotelial, inflamação e 
exacerbação da aterosclerose e do diabetes. 
Paralelo a isso, no Sistema Nervoso Central 
(SNC) há desregulação da pressão arterial do 
sistema nervoso autônomo e do centro 
respiratório (RODRIGUES et al., 2020). 
Além disso, outros fatores podem contribuir 
para a lesão cardíaca como: Lesão direta no 
miocárdio pela infecção viral; Lesão por 
hipoxemia; Altas concentrações de 
Interleucinas-1β, IFN-γ, IP-10 e MCP-1 são 
detectadas nos pacientes infectados gerando 
uma resposta via linfócito T-helper. Gerando 
assim, o IAM e arritmias como foi encontrado 
neste estudo (Th1) (RODRIGUES et al., 2020). 
Dito isso, conclui-se que a Covid-19 cursa 
com diferentes patologias cardíacas por 
mecanismos distintos. Tal acometimento é 
acompanhado pela elevacão dos marcadores 
como a: Troponina, proteína-c-reativa, 
ferritina, procalcitonina, aminotransferases e 
transaminases. 
Em um estudo de 2019, revisão 
bibliográfica de 15 publicações utilizadas, 12 
são revisão de literatura, 1 estudo de caso, 1 
ensaio Clínico e 1 estudo transversal, as 
publicações utilizadas concluíram pelo uso de 
biomarcadores como prática eficiente no 
diagnóstico e prognóstico de doenças 
cardiovasculares (BORGES et al., 2019). 
O SARS-CoV-2 tem uma estrutura seme-
lhante ao SARS-CoV, esse novo vírus também 
pode causar danos crônicos ao sistema cardio-
vascular, e por isso deve-se enfatizar a atenção 
à proteção cardiovascular durante o tratamento 
da COVID-19 (ZHENG et al., 2020). 
Danos cardíacos relacionados a medica-
mentos durante o tratamento com COVID-19 
 
39 
 
são uma preocupação. Em particular, o uso de 
medicamentos antivirais deve ser monito-
rado. Muitos medicamentos antivirais podem 
causar insuficiência cardíaca, arritmia ou outros 
distúrbios cardiovasculares. Portanto, durante o 
tratamento da COVID-19, principalmente com 
o uso de antivirais, o risco de toxicidade cardí-
aca deve ser monitorado de perto (WANG et 
al., 2019). 
As publicações também concluíram que 
esta manifestação cardiovascular está significa-
tivamente associada ao desfecho fatal de CO-
VID-19. Demais dados necessitam de maiores 
estudos com metanálises com maiores níveis de 
evidência. 
 
CONCLUSÃO 
Há algum tempo desde que a sociedade en-
frentou uma nova doença de proporções mun-
diais, que foi a COVID-19. Considerando as in-
formações alcançadas, fica evidenteque este 
estudo contribui para o corpo de conhecimento 
dos profissionais da saúde no tocante às princi-
pais manifestações cardiovasculares ocasiona-
das pela COVID-19. 
Embora a doença respiratória seja a mani-
festação clínica dominante da COVID-19, o 
peso da doença implica que muitos pacientes 
com desfechos cardiovasculares, que pode le-
var o indivíduo a desenvolver disfunção cardí-
aca de início recente durante o curso da doença. 
Esta revisão indica que pacientes acometi-
dos pela COVID-19 tem maior riso de apresen-
tar elevação de biomarcadores cardíacos, IAM, 
arritmias cardíacas, trombocitopenias. Ade-
mais, consequentemente o risco de apresenta-
rem qualquer outra lesão cardiovascular. 
 Assim, à medida que avançamos no 
atendimento de pacientes com COVID-19, é 
essencial monitorar os níveis de enzimas 
cardíacas em pacientes hospitalizados para 
identificar e gerenciar qualquer inflamação 
miocárdica clínica ou subclínica antes do 
desenvolvimento de patologias cardíacas 
graves, como miocardite, microangiopatia e 
IAM permitindo, desta maneira, uma terapia 
mais específica e mais rápida. 
Por conseguinte, esta análise induz que o 
foco de novos estudos necessita que esteja vol-
tado as principais condutas em pacientes com 
essas manifestações, seguido de um fluxo-
grama, onde inclua essas alterações identifica-
das como red flag (bandeira vermelha). 
Destacando, assim, a necessidade de um 
olhar direcionado às alterações frente às enzi-
mas cardíacas/ lesões cardíacas, para que haja 
diagnóstico precoce e o manejo oportuno pe-
rante a estas alterações, contribuindo para o es-
tabelecimento da reabilitação diante das altera-
ções cardiológicas e seus agravos. 
Concordante ao verificado anteriormente, 
devido a uma grande magnitude significativa da 
população com comorbidades subjacentes apre-
sentando um risco aumentado de doença grave 
por COVID-19, esta análise atual pode fornecer 
informações sobre principais achados clínicos e 
laboratoriais para populações selecionadas a 
doenças graves. 
Fenômenos inflamatórios sistêmicos cardi-
ovasculares durante a infecção viral estão bem 
documentados, podendo evoluir para remodela-
mento cardíaco e disfunção miocárdica posteri-
ormente. Portanto, é necessária uma cardiovigi-
lância desses indivíduos já estudados para mo-
nitorar o desenvolvimento de possíveis lesões 
futuras. 
O número de pessoas vacinadas a nível na-
cional continua a aumentar, mas ainda há hesi-
tação em uma parte significativa do país, o que 
é contrário ao objetivo de reduzir efetivamente 
o número de infecções por COVID-19 a nível 
nacional e global 
 
40 
 
Como já supramencionado, as lesões cardi-
ovasculares, indicadas pela elevação dos bio-
marcadores durante a infecção por COVID-19 
são preditores de mortalidade na infecção por 
SARS-CoV-2. 
Considerando isso, o entendimento atual so-
bre manifestações cardiovasculares e COVID-
19 é escasso. Portanto, é altamente desejável 
que os estudos futuros sobre COVID-19 descre-
vam especificamente a incidência, mecanis-
mos, apresentação clínica e resultados de várias 
manifestações CV nesses pacientes. 
A frequência de manifestações cardiovascu-
lares, incluindo pessoas com sintomas mínimos 
ou inexistentes durante a infecção inicial, le-
vanta questões importantes sobre os possíveis 
efeitos cardiovasculares a longo prazo também. 
Uma vez que, as publicações concluíram 
que esta manifestação cardiovascular está sig-
nificativamente associada ao desfecho fatal de 
COVID-19, é necessário que haja maiores pes-
quisas. 
Estudos futuros são necessários para escla-
recer os possíveis mecanismos de lesão cardio-
vascular que ocorrem devido a concomitância 
das duas doenças, para diagnóstico precoce e 
testar tratamentos adequados. 
Nesse ínterim, destaca-se que alguns dos 
medicamentos utilizados para tratar a COVID-
19 apresentam possíveis complicações cardía-
cas. Então, é imprescindível que os médicos, 
principalmente os que atendem na emergência, 
estejam cientes dessas complicações ao tratar o 
paciente com COVID-19. 
Também são necessárias pesquisas para 
confirmar se as terapias existentes são eficazes 
a população portadora de COVID, os pós e con-
tras/ efeitos adversos. Ressalta-se uma área 
para futuras de investigação. 
As limitações neste estudo revelam que uma 
quantidade significativa de literatura é publi-
cada em forma de pré-impressão, antes da con-
clusão da revisão completa. Mais dados são ne-
cessários sobre as complicações cardiovascula-
res discutidas e COVID-19. 
Embora as questões sobre COVID-19 e do-
enças cardiovasculares permaneçam e conti-
nuem a surgir, a pandemia demonstrou que a 
comunidade científica é excepcionalmente de-
dicada e capaz de fornecer muitas respostas em 
relação as maiores complicações e desfechos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
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43 
 10.29327/5198921.7-6 
 
 
 CAPÍTULO 06 
CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA: 
ASPECTOS ATUAIS SOBRE 
EPIDEMIOLOGIA, DIAGNÓSTICO E 
TRATAMENTO 
 
 
JOÃO PAULO FARIAS DA SILVEIRA1 
ARTUR TELES MOREIRA GOUVEIA COUTINHO1 
JOÃO VICTOR FREIRE DE CASTRO1 
FRANCISCO EVERTON PEREIRA DA SILVA1 
RAFAELLY MARIA PINHEIRO SIQUEIRA1 
MARIA CLARA DUARTE DE FIGUEIREDO1 
EMILE NYCOLLE DA SILVA SOUZA1 
EDVAR MACIEL BARBOSA NETO1 
GILBERTO SANTOS CERQUEIRA 1,2 
JOÃO ERIVAN FAÇANHA BARRETO 1,2 
 
 
 
1Faculdade De Medicina, Centro Universitário Unichristus 
2 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Cardiologia; Cardiomiopatia; Doenças de Chagas. 
 
 
44 
 
INTRODUÇÃO 
A doença de Chagas é uma antropozoonose 
originária do continente americano que se espa-
lhou de seus limites originais através da migra-
ção. É causada pelo protozoário Trypanosoma 
cruzi, identificado na primeira década do século 
XX. Uma vez resolvida a infecção aguda, os pa-
cientes podem desenvolver doença crônica, que 
em até 30-40% dos casos é caracterizada por 
cardiomiopatia, arritmias, megavísceras e, mais 
raramente, polineuropatia e acidente vascular 
cerebral (PEREZ-MOLINA & MOLINA, 
2018). 
A doença de Chagas combina condições clí-
nicas assintomáticas e/ou de progressão para 
doença cardio-digestiva de acordo com deter-
minantes biológicos e sociais de grande com-
plexidade. Dentre os determinantes biológicos, 
temos a virulência do parasita e a suscetibili-
dade das pessoas afetadas, e dentre os determi-
nantes sociais temos pobreza, alimentação, mo-
radia e educação, entre outros. As doenças tro-
picais negligenciadas são aquelas que afetam as 
populações que vivem em condições de pobreza 
e vulnerabilidade, também se relaciona a pro-
blemas sociais como habitação em áreas de flo-
restas e incluindo o estigma (PEREIRA-SILVA 
et al., 2022). 
A doença de Chagas está se tornando um 
problema de saúde emergente em áreas não en-
dêmicas devido aos crescentes movimentos po-
pulacionais, a detecção precoce e o tratamento 
de indivíduos assintomáticos e campanhas de 
prevenção são essenciais para evitar a propaga-
ção dessa doença (RASSI et al., 2010). 
Nas últimas décadas, o perfil epidemioló-
gico da doença mudou devido a novos padrões 
de imigração, melhorias das condições de saúde 
pública e controle bem-sucedido em sua trans-
missão, levando à urbanização e globalização 
da doença. 
EPIDEMIOLOGIA 
Em geral, pessoas soropositivas para doença 
de Chagas identificadas em estudos epidemio-
lógicos ou através de triagem de doadores de 
sangue não relatam ter tido doença de Chagas 
aguda e não sabem que estão cronicamente in-
fectados pelo T. cruzi. Isso ocorre porque as 
pessoas com maior risco de adquirir a infecção 
pelo T. cruzi, ou seja, os pobres da zona rural, 
geralmente têm pouco acesso a cuidados médi-
cos e também porque a doença de Chagas aguda 
geralmente é uma doença leve (TANOWITZ et 
al., 2009). 
O ciclo de transmissão da doença de Chagas 
apoia-se no vetor triatomíneo como principal 
transmissor. Porém, após diversas campanhas 
nacionais e iniciativas de âmbito multinacional, 
a transmissão por este meio encontra-se parci-
almente controlada. Em 2006, o Brasil recebeu 
da Organização Mundial de Saúde (OMS) cer-
tificado de erradicação da transmissão da do-
ença pelo mais relevante vetor domiciliado, o 
Triatoma infestans (SIMÕES et al., 2018). 
A doença de Chagas é endêmica em toda a 
América do Sul e Central, incluindo o México, 
mas não nas ilhas do Caribe ou Porto Rico. A 
Bolívia tem as maiores taxas de prevalência e 
incidência, mas Argentina, Brasil e Colômbia 
têm um número maior de pessoas vivendo com 
cardiomiopatia chagásica crônica devido a sua 
maior população ser tradicionalmente mais co-
mum em áreas rurais onde a pobreza é genera-
lizada (ECHAVARRÍA et al., 2019). 
Todavia, a OMS ainda estima em 300.000 o 
número de novos casos por ano na América La-
tina e acredita que existam 8 milhões de pessoas 
infectadas em todo o mundo. A cardiomiopatia 
crônica da doença de Chagas é considerada um 
sério problema de saúde pública nas áreas en-
dêmicas da América Latina, representando uma 
das maiores causas de insuficiência cardíaca e 
 
45 
 
morte súbita. Atualmente, graças à globalização 
e às correntes migratórias, é também uma do-
ença emergente em países não endêmicos, 
como Estados Unidos da América, Canadá, Es-
panha, França, Suíça, Itália, Japão, e outros pa-
íses da Ásia e da Oceania (SIMÕES et al., 
2018) 
Globalmente, estima-se que 8 a 10 milhões 
de pessoas sejam infectados pelo T. cruzi e que 
cerca de 90-100 milhões de pessoas estejam em 
risco de infecção. Além disso, por volta 12.500 
mortes por ano podem ser atribuídas à doença 
de Chagas (GASCON & PINAZO, 2015). 
A doença de Chagas é endêmica em 21 paí-
ses das Américas e afeta aproximadamente 6 
milhões de pessoas. Assim, apresenta incidên-
cia anual média de 30.000 novos casos, 12.000 
óbitos por ano e 8.600 recém-nascidos infecta-
dos durante a gestação. Além disso, estima-se 
que cerca de 70 milhões de pessoas nas Améri-
cas vivem em áreas de exposição e correm o 
risco de contrair esta doença (“Chagas disease - 
PAHO/WHO | Pan American Health Organiza-
tion”, 2022). 
O controle de vetores tem se mostrado efi-
caz. Os esforços de controle internacional resul-
taram em grandes reduções na doença de Cha-
gas nos países do Cone Sul da Argentina, Chile, 
Brasil, Paraguai e Uruguai. O atual reservatório 
da doença está na América Central. Com uma 
estimativa de dois milhões deindivíduos infec-
tados e mais 26 milhões em risco, a América 
Central tem aproximadamente 11% dos indiví-
duos infectados (prevalência) para todo o con-
tinente (MILLS, 2020). 
No Brasil, atualmente, estima-se pelo me-
nos um milhão de pessoas infectadas por T. 
cruzi. Em estudos recentes, as estimativas vari-
aram de 1,9 a 4,6 milhões de pessoas, provavel-
mente, mais próximo atualmente à variação de 
1,0 a 2,4% da população. Nos últimos 10 anos, 
foram registrados em média 4.000 óbitos a cada 
ano no país tendo como causa básica a doença 
de Chagas (“Secretaria de Vigilância em Saúde 
| Ministério da Saúde Boletim Epidemiológico 
Territorialização e vulnerabilidade para doença 
de Chagas crônica”, 2022). 
A prevalência de amostras reagentes para 
doença de Chagas na fase crônica da doença no 
Ceará, segundo dados do Laboratório Central 
de Saúde Pública do estado do Ceará (LACEN), 
variou de 3,2 em 2015 a 2,4% em 2019. Ou seja, 
aproximadamente, 268 mil pessoas. O resumo 
da epidemiologia podemos observar na Figura 
6.1. 
 
Figura 6.1 Representação estimada da população infec-
tada pela Doença de Chagas ao longo dos anos 
 
 
FATORES DE RISCO 
Os aspectos prognósticos mais relevantes 
são sintomas de insuficiência cardíaca avan-
çada, cardiomegalia, disfunção sistólica do ven-
trículo esquerdo e taquicardia ventricular não 
sustentada. A prevenção dos eventos cardioem-
bólicos é aspecto importante no manejo dos pa-
cientes com cardiomiopatia crônica da doença 
de Chagas. Agentes anticoagulantes orais de-
vem ser indicados para pacientes com risco ele-
vado, conforme a presença de um conjunto de 
fatores de risco: Disfunção sistólica do ventrí-
culo esquerdo, aneurisma apical, alteração da 
 
46 
 
repolarização ventricular no eletrocardiograma 
e idade avançada (SIMÕES et al., 2018). 
O curso clínico da doença é variável e os 
mecanismos que determinam o padrão evolu-
tivo da cardiopatia ainda não foram completa-
mente esclarecidos. Além disso, vários fatores 
podem predizer prognóstico desfavorável, 
como a presença de arritmias ventriculares 
complexas e disfunção ventricular esquerda. 
Ademais, eventos tromboembólicos são fre-
quentes na cardiomiopatia Chagásica, sendo 
uma importante causa de morbimortalidade, fa-
tor que contribui com a necessidade da estrati-
ficação de risco dos pacientes com doença de 
Chagas para definir estratégias terapêuticas. 
 
PATOGÊNESE 
A doença de Chagas tem sua origem da 
transmissão do protozoário Trypanosoma cruzi 
geralmente das excretas produzidas pelo inseto 
da família dos Reduviidae denominado de Tri-
atoma infestans ou “Barbeiro”, porém existem 
outros meios como transmissão materno-fetal 
durante a gravidez e a via hematogênica através 
da doação de sangue. Após a transmissão, as 
formas conhecidas como tripomastigotas do pa-
rasita vão adentrar nas células do hospedeiro 
onde vão se diferenciar na forma amastigota e 
se multiplicar. Dessa forma, eventualmente vai 
ocorrer lise celular e liberação dos parasitas na 
corrente sanguínea, os quais podem tanto infec-
tar novas células como novos barbeiros e conti-
nuar o ciclo, o que pode ser visto na Figura 
6.2 (BONNEY & LUTHRINGER, 2018). 
 
Figura 6.2 Representação do ciclo da doença de Chagas 
 
 
 
 
47 
 
FISIOPATOLOGIA 
Fisiopatologia da fase aguda 
A fisiopatologia da doença de Chagas é 
complexa e possui diversos fatores, sendo para-
sita, sistema imune do hospedeiro e a inflama-
ção fatores chaves. 
A fase aguda da tripanossomíase americana 
ocorre semanas após a infecção pelo parasita e 
esse estágio fisiopatológico pode durar até pou-
cos meses. Inicialmente o T. cruzi passa por es-
tágios de replicação, os quais geralmente ocor-
rem na área de inoculação em que as formas tri-
pomastigotas liberadas vão infectar mais célu-
las do organismo humano. De forma geral, o 
protozoário tem capacidade de infectar qual-
quer célula nucleada do corpo, porém este pos-
sui tropismo natural por miofibras cardíacas es-
triadas, em razão disso com a progressão da in-
fecção e novas áreas sendo infectadas o coração 
tende a ser um dos principais sítios acometidos 
na fase crônica da doença (BONNEY et al., 
2018). 
Existe a possibilidade de se desenvolver mi-
ocardite clinicamente significante na fase aguda 
(<1% dos casos), sendo assim dependendo de 
fatores como a cepa de T. cruzi e variações ge-
néticas e imunológicas do hospedeiro, pode-se 
ocorrer uma rápida replicação cardíaca, muitas 
vezes, fulminante. O tecido cardíaco vai sofrer 
infiltração por diversas células como macrófa-
gos e neutrófilos e a ação inflamatória local re-
presentada por citocinas e quimiocinas, porém 
a infecção aguda é geralmente subclínica e não 
costuma gerar alterações estruturais significati-
vas (BONNEY et al., 2018). 
 
Fisiopatologia da fase crônica 
Na fase crônica da doença, os principais sis-
temas que podem ser afetados são o sistema 
cardiovascular e o sistema gastrointestinal. Em 
razão disso, as alterações fisiopatológicas mais 
significantes são a cardiomiopatia chagásica, 
megacólon e megaesofágo (SANTOS & FAL-
CÃO, 2020). 
A respeito das alterações cardiovasculares é 
sabido que a manutenção do parasita no orga-
nismo é um fator central na fisiopatologia da 
doença, o que somado a resposta inflamatória 
do hospedeiro é um fator preditor de progressão 
da doença, porém existem outros como o tro-
pismo e a virulência da cepa (MOLINA-PÉ-
REZ & MOLINA, 2018). Visto isso, como ex-
plicado anteriormente na fase aguda há uma 
resposta inflamatória necessária para a defesa 
do organismo invadido, entretanto pode ocorrer 
uma falha no processo de regulação desta, as-
sim diversos agentes como macrófagos ativa-
dos por interferon-Y e fator de necrose tumoral-
∝ da fase aguda e imunidade mediada por cé-
lulas T da fase crônica podem continuar atu-
ando por mais tempo, o que parece um dos me-
canismo principais da doença de Chagas 
(BERN, 2015). 
Além disso, alguns pesquisadores postulam 
que a superinfecção que ocorre pela exposição 
repetida e prolongada ao parasita gera um nível 
inflamatório crônico mais elevado, o que con-
sequentemente promove maiores danos cardía-
cos e pior quadro clínico da cardiopatia chagá-
sica. Essa hipótese foi testada em modelos ani-
mais comparando camundongos infectados 
uma única vez e outros com várias infecções 
pelo T. cruzi e foi visto que aqueles infectados 
mais de uma vez tinham alterações graves mais 
frequentes ao eletrocardiograma (BERN, 
2015). 
A respeito das alterações gastrointestinais, 
as alterações conhecidas como megacolón e 
megaesófago são derivadas de danos a neurô-
nios intramurais (BERN, 2015). Dessa forma, 
há perda da função tanto de neurônios inibitó-
rios como de neurônios excitatórios, o que gera 
 
48 
 
dificuldades nas funções fisiológicas de peris-
taltismo e de ação dos esfíncteres esofágicos. 
Além disso, a doença de Chagas gera outras 
consequências ao sistema digestório como hi-
pertrofia das glândulas salivares, menor absor-
ção de nutrientes por parte do intestino e dimi-
nuição da produção de ácido clorídrico no estô-
mago. Portanto, a tripanossomíase americana é 
capaz de gerar inúmeras mudanças patológicas 
no organismo a partir da interação de fatores 
complexos e ainda não completamente conhe-
cidos. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Manifestações clínicas da fase aguda 
A doença de Chagas pode se manifestar de 
forma aguda e de forma crônica. A fase aguda 
pode ocorrer em qualquer idade e na maior 
parte dos casos é assintomática. No entanto, 
quando essa fase é sintomática, as principais 
manifestações são febre, reação inflamatória no 
sítio de inoculação do parasito, edema bipalpe-
bral unilateral (conhecido como sinal de Ro-
maña), hepatoesplenomegalia e linfadenopatia, 
que geralmente persistem por cerca de 8 sema-
nas e se resolvem espontaneamente (MOLINA-
PÉREZ & MOLINA, 2018). Em casos mais 
graves, correspondentes a menos de 1% da to-
talidade das infecções, podem ocorrer também 
miocardite aguda,meningoencefalite e derrame 
pericárdico (MOLINA-PÉREZ & MOLINA, 
2018; BERN, 2015). Em crianças, a miocardite 
chagásica aguda se manifesta como taquipneia, 
irritabilidade, suor, anorexia, vômito, hepato-
megalia e edema de membros inferiores (DIAS 
et al., 2016). 
Os surtos da doença que são relacionados à 
transmissão oral do T. cruzi foram relacionados 
à maior incidência de miocardite e pior evolu-
ção do quadro em relação à contaminação por 
meio da via vetorial clássica (BERN, 2015), 
sendo essa forma de aquisição do parasito par-
ticularmente relevante, para o Brasil, na Região 
Amazônica (DIAS et al., 2016). 
Outro mecanismo de ocorrência da fase 
aguda é por meio da exacerbação do quadro em 
um paciente com a fase crônica já estabelecida 
(BARRETTO et al., 2011). Essa agudização é 
mais frequente em pacientes imunossupressos, 
cujo principal exemplo são os co-infectados por 
HIV. Nesse contexto, o diagnóstico pode ser di-
fícil e de prognóstico fatal, uma vez que os in-
divíduos estão sujeitos a evoluírem com o qua-
dro grave da doença, sendo possível a ocorrên-
cia de sequelas cardíacas e neurológicas. 
 
Manifestações clínicas da fase crônica 
Após a fase aguda inicial, a doença de Cha-
gas apresenta três cursos clínicos possíveis: A 
forma indeterminada, a forma cardíaca (com ou 
sem disfunção ventricular) e a forma digestiva. 
A manifestação cardíaca afeta cerca de 30% dos 
pacientes cronicamente infectados pelo proto-
zoário T. cruzi, sendo classificada em quatro es-
tágios conforme parâmetros clínicos, eletrocar-
diográficos e ecocardiográficos (SARAIVA et 
al., 2021). Os sintomas crônicos demoram anos 
ou até décadas para se manifestarem, sendo os 
de origem cardíaca as mais sérias e mais fre-
quentes queixas relatadas (ECHAVARRÍA et 
al., 2021). 
A cardiomiopatia chagásica é definida 
como uma miocardite crônica que pode acome-
ter todas as câmaras cardíacas, o sistema de 
condução e o sistema nervoso autônomo. O pro-
cesso de injúria cardíaca é parte de uma com-
plexa interação entre a atividade infecciosa crô-
nica, denervação e danos endoteliais e micro-
vasculares, que levam ao dano tecidual e à re-
modelação cardíaca, cujo fim é a insuficiência 
cardíaca (VIEIRA et al., 2019). O desenvolvi-
mento de insuficiência cardíaca (NYHA classe 
 
49 
 
III ou IV) é considerado um fator prognóstico 
durante essa fase, bem como disfunção ventri-
cular sistólica global (DIAS et al., 2016). 
Do ponto de vista clínico, a cardiomiopatia 
chagásica apresenta alterações condizentes com 
o quadro da doença de Chagas no eletrocardio-
grama (discutido com mais detalhes na seção de 
diagnóstico), arritmias, síncope, disfunção ven-
tricular esquerda e insuficiência cardíaca con-
gestiva. Os sinais precoces mais típicos são os 
defeitos nos sistemas de condução, representa-
dos pelo bloqueio do ramo direito do feixe de 
His ou do fascículo ântero-superior (BERN, 
2015; VELASCO & MORILLO, 2018). De-
vido às arritmias, o paciente pode relatar ton-
tura, palpitações, lipotímia e síncope (VIEIRA 
et al., 2019). Já em decorrência da disfunção 
microvascular e da insuficiência ventricular es-
querda, pode ser referida dor torácica. 
Nessa perspectiva, morte súbita de origem 
cardíaca é a causa de mortalidade mais fre-
quente, respondendo por cerca de 50-60% dos 
óbitos, seguida por falência cardíaca e embolia 
(VELASCO & MORILLO, 2018). Em fases 
mais avançadas da cardiomiopatia, os aneuris-
mas de ventrículo esquerdo são comuns. Como 
consequência das alterações iniciais da fase crô-
nica (principalmente arritmias), o paciente pode 
sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) ou 
outros eventos cardioembólicos devido à dilata-
ção ventricular (BERN, 2015), justificando os 
importantes índices de mortalidade da progres-
são da doença. 
Como forma de compreender o avanço do 
dano cardíaco, o II Consenso Brasileiro de Do-
ença de Chagas classifica a manifestação cardí-
aca em quatro estágios, entre A e D (SARAIVA 
et al., 2021). Nessa classificação, são incluídos 
os pacientes que inicialmente apresentam alte-
rações no eletrocardiograma (ECG), exemplifi-
cadas por extrassístoles ventriculares, bloqueio 
atrioventricular, bloqueio completo do ramo di-
reito do feixe de His, dentre outras. Após a de-
tecção de alguma anormalidade ao ECG, os pa-
cientes realizam ecocardiograma para avaliação 
da fração de ejeção do ventrículo esquerdo e 
Holter ou um teste de estresse para avaliação de 
arritmia. O objetivo dessa investigação é a con-
firmação da presença ou ausência de insuficiên-
cia cardíaca (DIAS et al., 2016) e, com esse re-
sultado, a doença é classificada nos estágios A, 
B, C e D (comentados na seção de diagnóstico). 
 
Outras manifestações clínicas da fase 
crônica 
Na forma indeterminada, não há sinais nem 
sintomas, e não há alterações detectadas no ele-
trocardiograma, na radiografia de tórax e nos 
exames gastrointestinais (SARAIVA et al., 
2021), mas as sorologias e/ou parasitológicos 
são positivos (DIAS et al., 2016). 
A forma digestiva ou gastrointestinal é a 
menos comum, e se caracteriza pelo acometi-
mento do esôfago (causando o megaesôfago) e 
do cólon (causando o megacólon), acarretando 
impactos relacionados à disfunção peristáltica 
por lesão dos plexos intramurais (SARAIVA et 
al., 2021; BERN, 2015). Podem ocorrer em as-
sociação à doença cardíaca em 65% dos casos 
(DIAS et al., 2016). As principais manifesta-
ções do megaesôfago são acalasia, odinofagia, 
disfagia, perda de peso, aspiração e regurgita-
ção. Como consequência do megacólon, há 
constipação que pode propiciar fecaloma, volvo 
e isquemia intestinal (PÉREZ-MOLINA & 
MOLINA, 2018). 
 
DIAGNÓSTICO 
A avaliação clínica e cardiovascular dos pa-
cientes com DC definida ou suspeita, é essen-
cial para detectar os eventuais danos cardíacos 
e gastrointestinais. A doença de Chagas pode 
 
50 
 
afetar o coração, o esôfago e o cólon. As razões 
pelas quais alguns pacientes desenvolvem dife-
rentes formas clínicas ou permanecem assinto-
máticos não são claras, porém acredita-se que 
os marcadores imunogenéticos teciduais influ-
enciam o tropismo do T. cruzi por diferentes ór-
gãos (BERNARDO et al., 2016). 
Dentre os principais exames na avaliação 
diagnóstica da doença de Chagas temos o ele-
trocardiograma, ecocardiograma, RX do tórax, 
sorologia para Chagas, holter entre outros a de-
pender da sintomatologia apresentada pelo pa-
ciente. 
O eletrocardiograma é o teste mais impor-
tante na avaliação inicial da função cardíaca, 
podendo indicar se já há uma cardiomiopatia 
instalada, presença de arritmias e contribuição 
para a estimativa do risco cardiovascular. 
A tempestade elétrica (ES), definida como 
≥ 3 episódios distintos de taquicardia ventricu-
lar ou fibrilação ventricular sustentada em um 
período de 24 horas é um problema comum em 
pacientes com doença cardíaca de Chagas por-
tadores de cardiodesfibriladores implantáveis 
que são usados no tratamento da doença (PA-
VÃO et al., 2020). 
A importância do eletrocardiograma é o seu 
papel no processo de classificação da cardiomi-
opatia chagásica. Em pacientes com doença de 
Chagas, uma alteração no ECG, em relação aos 
parâmetros típicos de normalidade, indica a ne-
cessidade de outros exames complementares. 
Inicialmente, as alterações de maior importân-
cia são exemplificadas por bloqueio do ramo di-
reito do feixe de His, extrassístoles ventricula-
res, bloqueio atrioventricular de 2° grau, dis-
função do nó sinusal, fibrilação atrial, dentre 
outras. A partir de algum desses achados, o pa-
ciente então realiza um ecocardiograma (ECO) 
para investigação da fração de ejeção do ventrí-
culo esquerdo e um holter ou teste de estresse 
para avaliação de arritmias. Após o resultado 
desses exames, há a possibilidade de o paciente 
possuir ou não insuficiência cardíaca conges-
tiva (ICC), sendo esse o critério para a classifi-
cação da doença nos estágios de A a D (DIAS 
et al., 2016). 
Confirmando-se a ausência de insuficiência 
cardíaca,o paciente é classificado nos grupos A 
ou B, enquanto que a presença de ICC confi-
gura os grupos C e D. Nessa classificação, o 
grupo A contém aqueles cujo resultado do eco-
cardiograma foi normal e não possuem arritmia, 
sendo esse distúrbio elétrico supostamente de-
tectado ao ECG inicial devendo ser reavaliado. 
No grupo B, ocorre uma subdivisão: Em B1, os 
pacientes apresentam alteração da fração de eje-
ção ao ECO, mas ela se encontra em pelo menos 
45%, e há arritmia; em B2, a fração de ejeção 
está alterada para menos que 45%, podendo ou 
não haver arritmias. No grupo C, o ECO está 
alterado, mas a insuficiência cardíaca está com-
pensada, e no grupo D há insuficiência cardíaca 
refratária detectada ao ECO. Nos grupos C e D 
a arritmia pode ou não ser presente e, em ambas 
as classes, bem como na classe B, o paciente 
deve ser tratado e periodicamente reavaliado 
(DIAS et al., 2016). 
As alterações eletrocardiográficas são uma 
importante ferramenta para diagnóstico da do-
ença de Chagas, porém muitas vezes na infec-
ção aguda as alterações eletrocardiográficas 
não são encontradas sendo o diagnóstico soro-
lógico um importante marcador para diagnós-
tico clínico da doença. 
Segundo Ramos et al., (2021) a cardiome-
galia na RX de tórax foi sempre avaliada na in-
cidência posteroanterior e definida como a pre-
sença de índice cardiotorácico > 0,5. Foi envi-
dado esforço adicional para eventual caracteri-
zação de aumento ventricular direito, por com-
paração com a telerradiografia em perfil, nos 
 
51 
 
casos em que essa incidência radiológica estava 
disponível, mas sem sobra de dúvida a ecocar-
diografia não deixa dúvidas sobres as alterações 
morfológicas no coração chagásico. 
A cardiomegalia pela radiografia de tórax é 
preditor independente de morte em indivíduos 
com cardiomiopatia crônica da doença de Cha-
gas. A correlação entre o aumento do índice 
cardiotorácico (ICT) na radiografia de tórax e 
do diâmetro telediastólico do ventrículo es-
querdo pela ecocardiografia é parâmetro ade-
quado e com alta especificidade para distinguir 
entre presença e ausência de cardiomegalia na 
radiografia de tórax na doença de Chagas (RA-
MOS et al., 2021). 
Já o RX do tórax e do abdome podem de-
monstrar a presença de cardiomegalia e mega-
cólon, respectivamente. 
Outros exames importantes que podem ser 
utilizados são a manometria anorretal e radio-
grafia de enema opaco para investigar o mega-
cólon, manometria esofágica e serigrafia RX 
para avaliar megaesôfago e eletrocardiograma 
ecocardiograma 2-D, teste ergométrico e radio-
grafia de tórax para avaliar a cardiomiopatia. 
O ecocardiograma é o exame padrão outro 
utilizado para identificar anormalidades estru-
turais e funcionais na doença de Chagas tanto 
na fase aguda como na crônica, bem como na 
forma indeterminada, e independente de mani-
festações clínicas (ACQUATELLA et al., 
2018). O ecocardiograma avalia as funções 
ventriculares sistólica e diastólica, análise regi-
onal e global dos ventrículos esquerdo e direito, 
presença de aneurismas ventriculares, derrame 
pericárdico principalmente na fase aguda, pes-
quisa de trombos, regurgitações mitral e tricús-
pide, análise da hipertensão pulmonar. 
As técnicas laboratoriais para o diagnóstico 
das doenças não têm apresentado mudanças há 
anos. A antiga Reação de Machado-Guerreiro 
(fixação de complemento) não é mais empre-
gada por sua baixa sensibilidade, baixa especi-
ficidade e complexidade na execução. Na atua-
lidade são utilizados os testes de imunofluores-
cência indireta, hemoaglutinação e ELISA 
(imunoensaio enzimático). Tendo em vista a 
possibilidade de falso-positivos (leishmaniose, 
malária, sífilis, toxoplasmose, hanseníase, cola-
genoses, hepatites) é recomendado que o soro 
seja testado em pelo menos dois desses métodos 
para confirmação da positividade da sorologia. 
Na fase aguda da doença o teste preferido é a 
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) (DIAS 
et al., 2016). 
O xenodiagnóstico consiste em alimentar-se 
barbeiros normais em supostos portadores da 
infecção e determinar-se, depois, se eles adqui-
rem ou não o parasitismo. São usadas de três a 
seis ninfas famintas geralmente empregadas em 
cada prova, devendo ficar em contacto com o 
doador até encherem-se completamente (15-30 
minutos). Se o exame de fezes – espontanea-
mente eliminadas ou obtidas por punção anal – 
não revelar a presença de flagelados, os insetos 
devem ser dissecados 40 a 60 dias depois da 
sucção, para exame do conteúdo duodenal. Na 
atualidade esse método é pouco utilizado nos 
grandes centros. 
Xenodiagnóstico como método de diagnós-
tico da Doença de Chagas pode ser útil no diag-
nóstico da doença na fase aguda, o momento 
subclínico da doença, onde não há sinais clíni-
cos, e assim poder administrar o tratamento 
adequado no paciente (SANCHEZ-VEGAS et 
al., 2020). Com isso, evita-se complicações a 
longo prazo, o que muda completamente a pre-
visão a curto e longo prazo. 
Os principais diagnósticos diferenciais rela-
cionados à retenção parcial de contraste bari-
tado no esôfago são o presbiesôfago, esclerose 
sistêmica, tumor de fundo gástrico, estenose de 
 
52 
 
cárdia, hérnia hiatal, esofagite por refluxo, 
compressão extrínseca e uso de drogas anticoli-
nérgicas, carcinoma antral, a atonia gástrica e 
as obstruções em duodeno proximal (FIGUEI-
REDO et al., 2002). 
Já o diagnóstico diferencial da duodenopa-
tia é feito com as obstruções de causas orgâni-
cas em nível do ângulo de Treitz, com o pinça-
mento aórtico-mesentérico e com o megaduo-
deno funcional de outras etiologias. 
 
TRATAMENTO 
Tratamento antiparasitário 
O tratamento da doença de Chagas consiste 
em duas etapas: Um tratamento baseado na eti-
ologia (tratamento parasitário) e um tratamento 
baseado no quadro clínico do paciente (Quadro 
6.1). Em relação ao tratamento parasitário, há 
duas possíveis drogas que podem ser usadas, 
são elas: A benznidazol (BNZ) e a nifurtimox 
(NFX), sendo cada uma administrada por 60 
dias em monoterapia. O tratamento antiparasi-
tário apresenta ótima resposta nas fases agudas 
da doença, quase que 100% de resposta nos ca-
sos de transmissão congênita que são tratados 
nos primeiros anos de vida. Já em relação ao 
paciente em fase crônica, a resposta é baixa 
(ECHAVARRIA et al., 2021). 
O tratamento com BNZ ou NFX não é reco-
mendado a pacientes que estão grávidas. De 
forma geral, deve-se usar o BNZ como uso pre-
ferencial ao uso de NFX, pois mesmo ambas 
tendo alta taxa de efeitos indesejados, a BNZ 
tem melhor tolerabilidade (MENDES et al., 
2022). 
O benznidazol e o nifurtimox , são as opções 
terapêuticas atuais para o tratamento da doença 
de Chagas, porém são eficazes apenas na fase 
aguda da doença e apresentam uma série de 
efeitos adversos importantes. O benznidazol 
pode produzir hipersensibilidade, erupções cu-
tâneas, náusea; cefaleia, vertigem; fadiga; su-
pressão da medula óssea e neuropatia perifé-
rica, enquanto o nifurtimox costuma produzir 
doenças gastrointestinais e até 30% dos pacien-
tes podem desenvolver perturbações do sistema 
nervoso central. Dentre as principais alterações 
temos perda de peso, sonolência, náuseas, vô-
mito e cólicas abdominais. É importante ressal-
tar que o uso de nifurtimox representa um risco 
maior de insuficiência cardíaca quando compa-
rado ao benznidazol (BERMUDEZ et al., 
2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.sciencedirect.com/topics/immunology-and-microbiology/benznidazole
https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/nifurtimox
 
53 
 
Quadro 6.1 Tratamento da doença de Chagas 
Tratamento antiparasitário da infecção pelo T.cruzi 
Fases da infecção Idade Medicamento 
Aguda Todas as faixas etárias Benznidazol e Nifurtimox 
 
Crônica indeterminada 
 Pacientes (< 50 anos) Benznidazol (Não usar NFX) 
Pacientes (> 50 anos) Analisar decisão* 
Crônica cardíaca (fase inicial) Todas as faixas etárias Decisão compartilhada** 
Crônicacardíaca (doença avançada) Todas as faixas etárias Não tratar a infecção parasitária 
*Deve-se avaliar possíveis Insuficiência renal ou hepática 
**Visto que, para as fases crônicas, os antiparasitários para o T. cruzi são pouco eficientes 
Fonte: Diretrizes do Ministério da Saúde, 2018. 
 
Tratamento para o quadro clínico cardí-
aco 
Já em relação ao tratamento do quadro clí-
nico da cardiomiopatia chagásica, ele será ba-
seado na terapia para uma insuficiência cardí-
aca sistólica (ICC), visto que essa é a principal 
manifestação clínica cardíaca da doença. O tra-
tamento, esquematizado no Quadro 6.2, se ba-
seia em usar uma combinação de classes, como 
betabloqueadores, bloqueadores do receptor de 
angiotensina (BRAs) e inibidores da enzima 
conversora de angiotensina (IECAs). Em casos 
de classe funcional NYHA II a IV e com fração 
de ejeção ventricular menor que 35%, pode ser 
adicionado um antagonista mineralocorticoide. 
Por fim, aqueles pacientes que mesmo após o 
tratamento com os medicamentos acima, ainda 
sejam persistentes nos sintomas, está indicado 
o uso da sacubitril/valsartana (SANTOS & 
FALCÃO, 2020). 
Devido à eficácia parcial e às limitações re-
lacionadas à toxicidade dos tratamentos exis-
tentes, há uma necessidade urgente de desen-
volver novas terapias com eficácia superior e 
perfis de segurança para tratar com sucesso es-
sas doenças. Dessa forma, o investimento em 
estudos clínicos de fase I, II e III são necessá-
rios para aumentar o arsenal terapêutico para 
tratamento dessa doença. 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
Quadro 6.2. Tratamento da Insuficiência cardíaca secundária a doenças de Chagas 
Tratamento para a ICC 
Medicamentos Precauções Momento de usar 
IECA 
(Enalapril ou captopril) 
Hipercalemia, IRA e tosse Usado como primeira linha, associado a um 
Beta-bloqueador 
Betabloqueador 
(Metoprolol succinato ou 
carvedilol) 
Bradicardia, hipotensão pos-
tural e piora da ICC 
Usado como primeira linha, com associação 
com um IECA 
 
Diuréticos 
(Hidroclorotiazida ou Fu-
rosemida) 
Hipocalemia, IRA e hipoten-
são postural 
Usados principalmente em pacientes que tem 
uma congestão resistente. 
Antagonista 
mineralocorticoide 
(Espironolactona) 
Hipercalemia, ginecomastia Usado caso o paciente ainda seja sintomático 
após o uso do tratamento de primeira linha 
Fonte: Diretrizes do Ministério da Saúde, 2018. 
 
Além disso, outras formas de manifestações 
clínicas radiológicas podem afetar o paciente, e 
nessas condições o tratamento pode demandar 
mais especificidade. Em casos de pacientes 
com bloqueio átrio-ventricular total (BAVT), 
há propensão à implantação de marcapasso; já 
os pacientes com associação de arritmias ven-
triculares e ICC são elegíveis a uso de amioda-
rona junto aos medicamentos usados para a 
ICC. E por fim, aos pacientes com arritmias se-
veras (taquicardia ventricular sustentada ou fi-
brilação ventricular), destina-se a possibilidade 
de implantação de um cardioversor-desfibrila-
dor implantável (CDI) (SANTOS & FALCÃO, 
2020). 
 
PREVENÇÃO 
No Brasil a doença de Chagas é um pro-
blema de saúde pública principalmente nas re-
giões Norte e Nordeste de falta de Política so-
cial e Políticas de saúde adequadas. Dessa 
forma, devemos pensar na DC como uma do-
ença de caráter social e principalmente um pro-
blema de saúde pública, complexo e com dife-
rentes dimensões: As ações e as atividades de-
vem principalmente visar as pessoas vivendo 
com DC, fornecendo educação, acesso à infor-
mação, e melhoria na sua qualidade de vida 
(PEREIRA-SILVA, 2022). 
 
 
55 
 
Observa-se a importância em orientar a po-
pulação sobre a necessidade de manter o peri-
domicílio organizado e inspecionado quanto à 
presença de triatomíneos, visto que são obser-
vados focos de barbeiros em restos de constru-
ção, em casas de taipas e locais precários e de 
má qualidade. Além disso, esta atenção ao peri-
domicílio deve ser reforçada, pois a resposta 
que as medidas de controle possuem nas áreas 
extradomiciliares é diminuída, já que os inseti-
cidas se deterioram mais rapidamente. 
 
CONTAMINAÇÃO PELO CALDO DE 
CANA 
No Brasil, o primeiro relato de doença de 
Chagas aguda adquirida por via oral ocorreu em 
1965 no Estado do Rio Grande do Sul, quando 
17 pacientes foram infectados simultanea-
mente, resultando em 6 casos fatais (SILVA et 
al., 1968). A transmissão oral do protozoário 
Trypanosoma cruzi, agente etiológico da do-
ença de Chagas, foi documentada em países da 
América Latina (FRANCO-PAREDES et al., 
2020). Os casos relatados de transmissão oral 
em humanos foram associados à ingestão de ali-
mentos, frutas frescas ou sucos contaminados 
por dejetos de animais ou vetores infectados. 
A ingestão de alimento contaminado pelo 
parasita favorece o surgimento de surtos regio-
nais com a manifestação de quadro clínico 
agudo (MONSALVE-LARA et al., 2021). Es-
tudo in vivo, através de modelo experimental, 
sugere que lesões na mucosa gástrica podem fa-
cilitar a invasão por cepas do Trypanosoma 
cruzi e o nível de parasitemia. 
Diversos estudos epidemiológicos associa-
ram a infecção por Trypanosoma cruzi ao con-
sumo do sumo extraído da cana-de-açúcar, po-
pularmente denominado de caldo de cana ou 
garapa de cana (MONSALVE-LARA et al., 
2021). Desse modo, através de testes experi-
mentais in vitro e in vivo, pesquisas buscaram 
avaliar a sobrevivência do parasita no caldo de 
cana e sua viabilidade para infecção por via 
oral. Pode ser observado a sobrevivência do pa-
rasita, em amostras de caldo de cana, por até 4 
horas, mantido em temperatura ambiente. A pa-
rasitemia foi confirmada em 100% dos camun-
dongos que receberam a inoculação, por via in-
traperitoneal, de alíquotas do caldo de cana con-
taminado por cepas de T. cruzi (PINTO et al., 
1990). Nova reprodução dessa pesquisa identi-
ficou a sobrevida do T. cruzi, no caldo de cana 
por até 12 horas e a parasitemia foi positiva em 
100% dos camundongos inoculados por via oral 
e 50% dos animais inoculados por via perito-
neal, demonstrando alto grau de sobrevivência 
e capacidade de causar infecção do parasita 
(CARDOSO et al., 2006). 
A transmissão da doença de Chagas, por via 
oral, para seres humanos e outros mamíferos, 
está bem estabelecida por pesquisa experimen-
tal, clínica e epidemiológica. Há casos eventu-
ais em todas as regiões do Brasil, sendo mais 
frequente na Região Norte, e estão relacionados 
à ocorrência de surtos de doença de Chagas 
Aguda com quadros graves e elevada mortali-
dade. Essa transmissão pode se dar por meio da 
ingestão de alimentos contaminados que é re-
sultado da escassez de boas práticas na sua ma-
nipulação. Dessa forma, alguns alimentos po-
dem estar relacionados a um risco aumentado 
de contaminação, com vetores do T. cruzi, du-
rante a colheita, armazenamento, transporte, 
processamento ou preparo. Frutas frescas e ve-
getais in natura estão entre os alimentos mais 
susceptíveis a contaminação acidental por inse-
tos infectados ou suas fezes, ou secreções de 
animais infectados, bem como o consumo de 
leite cru, sangue ou carne sem cocção ade-
quada.
 
56 
 
CONTAMINAÇÃO PELO AÇAÍ 
A contaminação da doença de chagas (DC) 
relacionada ao consumo de açaí, dar-se a partir 
do processo de trituração do fruto, que advindo 
de uma colheita que possua o inseto (barbeiro) 
infectado pelo T. cruzi, proporciona a contami-
nação por via oral possível. Uma vez que, o bar-
beiro é atraído pela reflexão da luz (ROGEZ & 
AGUIAR, 2012) ou pelos odores exalados no 
processo fermentativo do fruto pelo calor e a 
umidade, favorecendo a deterioração do ali-
mento pelo protozoário. No Brasil, durante os 
anos de 2012 a 2016 foram evidenciados pela 
Secretaria de Vigilância em Saúde, registrados 
pelo SINAN, 19.914 casos suspeitos de DCA, 
nos quais 1.190 casos foram confirmados. 
Nesse contexto, segregando os casos confirma-
dos por região, foi possível depreender que 
cerca de 97,14% pertencem à região norte, va-
lor muito superior ao encontradoem outras 
áreas, 2,01% ao nordeste, 0,33% ao sudeste e 
0,25% ao sul e centro-oeste. Sintetizando as 
formas de contaminação evidenciou-se princi-
palmente a via oral como fonte de contamina-
ção, responsável por cerca de 73% dos casos, 
que fortalece a evidência da transmissão pelo 
elevado consumo do açaí na região norte, espe-
cialmente no estado do Pará que detém 86,21% 
dos casos confirmados de DCA por transmissão 
oral (SANTOS et al., 2021). 
A doença de Chagas e suas repercussões, 
como a cardiomiopatia chagásica, são fatores 
preocupantes para a saúde pública, especial-
mente no estado do Pará onde, por exemplo, 
ocorreu um crescimento de 96,31% dos casos 
de infecção por via oral nos últimos 20 anos, 
decorrente especialmente do consumo do suco 
de açaí. Enfatiza-se que mesmo em temperatu-
ras negativas, o parasito permanece ativo nas 
suas variadas apresentações alimentícias (SAN-
TOS et al., 2021). 
É importante salientar que tais procedimen-
tos para a segurança no consumo do açaí pela 
BPF garantem um açaí seguro, sem mudanças 
de cor e sabor, sendo comprovados por testes 
sensoriais e possuindo grande incentivo a reali-
zação dos processos de produção pelos produ-
tores artesanais de açaí. Em síntese, compre-
ende-se a importância que o açaí possui na nu-
trição e na rentabilidade dos brasileiros, sendo 
de fundamental que tal produto não traga male-
fícios em seu consumo. 
 
 
 
 
 
 
57 
 
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 10.29327/5198921.7-7 
 
CAPÍTULO 07 
AS IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA 
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM 
PACIENTES COM COVID-19: UMA 
REVISÃO DE LITERATURA 
 ANTÔNIO MARCOS DA SILVA HENRIQUES² 
ARMINDO DE JESUS ANDRADE NETO¹ 
BERNAR ANTONIO MACEDO ALVES² 
BIANCA MILANI BIAZOTTO³ 
ERICA SOUZA DA SILVA¹ 
FELIPE KIYOSHI YOSHINO² 
IRIS DA SILVA BARROS² 
JANNAINA CAMPOS BEVILÁQUA¹ 
LUCAS DA SILVA VINAGRE² 
LUCAS GUIMARÃES DIAS² 
GABRIEL SEBASTIÃO PEREIRA BAIA DE ALMEIDA² 
GISELE MONTEIRO VIANA¹ 
NATÁLIA UCHÔA DOS SANTOS2 
VANESSA JHULYANA ALVES NASCIMENTO1 
WALTER BARBOSA DE SOUSA NETO2 
 
 
 
1Discente - Enfermagem na Universidade Federal do Pará, Campus Belém 
2Discente – Medicina na Universidade Federal do Pará, Campus Belém 
3Discente - Medicina na UNOESTE, Campus Jaú 
 
 
 
Palavras-chave: Hipertensão; Covid-19; Manejo. 
 
 
60 
 
INTRODUÇÃO 
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) afeta 
mais de 30% da população adulta, ou seja, mais 
de um bilhão de pessoas e se apresenta como a 
principal causa de morte prematura em todo o 
mundo. Além disso, a carga da doença é sentida 
desproporcionalmente em países de baixa e mé-
dia renda, onde estão dois terços dos casos, em 
grande parte devido ao aumento de fatores de 
risco nessas populações nas últimas décadas 
(RIBEIRO & UEHARA, 2022), sendo definida 
clinicamente a partir de uma pressão arterial 
sistólica (PAS) ≥ 140 e/ou pressão arterial di-
astólica (PAD) ≥ 90 mm Hg (GOMES et al., 
2022). Aproximadamente metade das pessoas 
que vivem com hipertensão arterial desconhe-
cem sua condição, o que as coloca em risco de 
complicações médicas evitáveis e morte (SA-
LAZAR et al., 2022). 
Conforme as Diretrizes Brasileiras de Hi-
pertensão Arterial publicada em 2020, são elen-
cados alguns fatores de risco para o desenvolvi-
mento dessa condição, tais como genética, 
idade, gênero, etnicidade, sobrepeso a/ou obe-
sidade, alto consumo de sódio, estilo de vida se-
dentário, consumo de álcool, baixa escolari-
dade, condições inadequadas de habitação e 
baixa renda familiar. O seu estabelecimento 
ocorre quando há disfunção vascular, devido ao 
desbalanço entre substâncias vasodilatadoras e 
vasoconstritoras sobre o endotélio, bem como 
ao enrijecimento e perda da complacência de 
grandes artérias conforme se envelhece. Nesse 
sentido, desencadeia alterações funcionais e es-
truturais em órgãos-alvo, as quais poderiam fa-
vorecer a infecção pelo SARS-CoV-2 e maior 
risco de desfechos desfavoráveis nesses pacien-
tes (RIBEIRO & UEHARA, 2022). 
Os primeiros estudos epidemiológicos suge-
riram que doenças cardiovasculares (DCV), in-
cluindo HAS, estão associados à mortalidade 
ou gravidade em pacientes afetados pelo CO-
VID-19. Esta possibilidade é preocupante, visto 
que a HAS é muito comum: Afeta cerca de 1,39 
bilhão de indivíduos em todo o mundo e a pre-
valência aumenta com a idade, afetando aproxi-
madamente 70% dos idosos. Mundialmente, es-
tima-se que a taxa de mortalidade em pacientes 
com COVID-19 e com doença cardiovascular 
pré-existente seja próxima a 10,5%, com hiper-
tensão arterial sistêmica (HAS) seja de 6% e 
sem condições pré-existentes é de 0,9% (AL-
MEIDA et al., 2022; VERANES-MUSTELIER 
et al., 2022). Segundo Ribeiro & Uehara (2022) 
quanto à relação entre hipertensão e COVID-
19, indivíduos hipertensos com infecção por 
SARS-CoV-2 tiveram riscos 2,27 e 3,48 vezes 
maiores de gravidade e letalidade, respectiva-
mente, em comparação com casos de COVID-
19 sem hipertensão. 
Estudos apontam que a existência de comor-
bidades, como insuficiência arterial sistêmica e 
a hipertensão em indivíduos com COVID-19 
pode levar a resultados desfavoráveis, inclu-
indo um aumento do risco de morte. O mau 
prognóstico desses pacientes está relacionado a 
uma disfunção endotelial que afeta diretamente 
a função vascular resultando em perda na com-
placência das grandes artérias, sendo crucial na 
patogênese das complicações cardiovasculares. 
Associada ao processo de envelhecimento, a hi-
pertensão resulta em enrijecimento progressivo 
e perda de complacência das grandes artérias, 
sendo crucial na patogênese das complicações 
cardiovasculares relacionadas ao COVID-19 
(SALAZAR et al., 2022). 
A hipertensão arterial sistêmica se apresenta 
como um dos principais fatores de risco para os 
resultados adversos de pacientes com COVID-
19 (RIBEIRO & UEHARA, 2022). Dessa 
forma, o objetivo do presente capítulo é identi-
ficar os desencadeamentos clínicos da hiperten-
 
61 
 
são arterial em pacientes portadores do novo 
coronavírus. 
 
MÉTODO 
Este é um estudo de revisão bibliográfica, 
com intuito de pesquisar as informações acerca 
das implicações clínicas da hipertensão arterial 
em pacientes com COVID-19, a pesquisa foi re-
alizada no período de 2022, por meio de buscas 
nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Sa-
úde (BVS) e SciELO. Foram utilizados os des-
critores: Hipertensão; COVID-19; Manejo. 
Desta busca foram encontrados 1.694 artigos, 
posteriormente submetidos aos critérios de se-
leção. 
Os critérios de inclusão foram: Artigos com 
textos completos, em idiomas espanhol, inglês 
e português, publicados durante o período de 
2022, que abordavam as temáticas propostas 
para a relevância desta pesquisa, revisões bibli-
ográficas, estudos retrospectivos e relatos de 
caso disponibilizados na íntegra. Os critérios de 
exclusão foram: Os artigos duplicados, disponi-
bilizados na forma de resumo, que não aborda-
vam a proposta diretamente a proposta estudada 
e que não atendiam aos demais critérios de in-
clusão. 
Após os critérios de seleção, restaram 9 ar-
tigos os quais foram submetidos à leitura minu-
ciosa para coleta de dados. Além disso, também 
foi utilizado livros, revistas e sites para detalhar 
as informações acerca desse assunto sob o 
ponto de vista da ciência. Todos os artigos sele-
cionados foram lidos na íntegra e apresentados 
na Tabela 7.1 abaixo, contendo: Numeração; 
Autor e ano; Título de estudo; Idiomas; Bases 
de dados. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
No que concerne em relação às pesquisas 
feitas da produção científica na plataforma pes-
quisada utilizando os descritores específicos, é 
importante destacar que foi notório encontrar 
74 artigos correspondentes à temática na base 
de dados da SciELO, após a aplicação dos fil-
tros, 23 artigos foram selecionados para discus-
são da problemática, sendo que todos são do pe-
ríodo de 2022 a 2023. Além disso, outra base de 
dados utilizada foi o banco de dados da Biblio-
teca Virtual em Saúde (BVS), no qual, 1.620 ar-
tigos acerca da temática foram encontradas, 
após a aplicação dos filtros, 22 artigos foram se-
lecionados para a análise do assunto, sendo que 
todos são do período entre 2022 a 2023, como 
também foram utilizadas as palavras - chaves “ 
COVID-19” e “ Hipertensão”, no geral, foram 
45 artigos ao total para discussão da proposta 
acerca do assunto na seleção de artigos . 
A COVID-19 dispõe de uma fisiopatologia 
complexa e multissistêmica, atuando de ma-
neira notória no desequilíbrio da homeostase. 
E, as comorbidades (hipertensão arterial sistê-
mica (HAS) e doença cardíaca, por exemplo) 
que normalmente estão relacionadas às formas 
mais graves da doença, podem contribuir para o 
aumento do tônus simpático, proporcionando a 
hiperativação do sistema nervoso autônomo 
(SNA) simpático. Além disso, portadores de 
doenças cardiometabólicas possuem maior 
tônus simpático naturalmente, com isso, estão 
mais suscetíveis a exibir hiperatividade do SNA 
simpático, contribuindo assim, para maiores 
complicações e elevada morbimortalidade (SA-
LAZAR et al., 2022). 
O SNA é fundamental na regulação do apa-
relho cardiovascular e suas alterações podem 
causar diversas manifestações clínicas. Dessa 
forma, a interferência do SARS-CoV-2 no SNA 
pode desencadear várias implicações, como a 
instabilidade da pressão arterial. No entanto, 
ainda é um desafio para a prática clínica a de-
tecção precoce da disfunção autonômica, inter-
 
62 
 
ferindo na evoluçãodo tratamento e, conse-
quentemente, no quadro clínico do paciente 
acometido por essa disfunção (SALAZAR et 
al., 2022). 
É importante citar que os fatores de riscos 
cardiovasculares apresentam relevância clínica 
para o prognóstico da COVID-19, como hiper-
tensão arterial, tabagismo e dislipidemia. A pre-
sença de injúria miocárdica pode aumentar con-
sideravelmente as chances de óbito do paciente, 
que pode ser associado com importante au-
mento de troponina, enzima cardíaca que pode 
indicar o desenvolvimento de lesão. Esse fato é 
de notabilidade clínica por se tratar de um 
exame laboratorial rotineiro que pode auxiliar 
na condução clínica para busca de um melhor 
prognóstico para o paciente. Além disso, é pos-
sível realizar uma análise entre a presença de 
fatores de risco e a necessidade de utilização da 
ventilação mecânica, em que esse manejo clí-
nico em unidades de tratamento intensivo se 
apresenta em maior número à medida que a 
quantidade de fatores de risco está presente 
(GOMES et al., 2022). É importante analisar 
que a hipertensão arterial sistêmica se apresenta 
como uma doença precursora de consequência 
cardiovasculares de maior gravidade, indicando 
para uma possível estratégia de saúde pública 
no tratamento e prevenção dessa doença, com o 
objetivo de diminuir o risco de lesões miocárdi-
cas e de melhorar o prognóstico dos pacientes 
diagnosticado com COVID-19. 
A relação da COVID-19 com o músculo 
cardíaco pode ser analisada a partir de exames 
que apontam para disfunção de ventrículo no 
coração. É válido destacar os pacientes que 
apresentam o menor grau de fatores de riscos 
cardiovasculares, em comparação com os de-
mais pacientes, obtiveram um menor percentil 
de disfunção do ventrículo esquerdo nessa par-
cela de indivíduos. É importante considerar que 
os pacientes que já apresentavam fatores de ris-
cos cardiovasculares ou doença cardiovascular 
prévia podem ter o desenvolvimento dessa dis-
funcionalidade anteriormente à infecção pelo 
novo coronavírus. Além da relação com os fa-
tores de riscos, achados ecocardiográficos apre-
sentaram dados importantes para a análise de 
consequências cardiovasculares relacionadas à 
COVID-19, como a presença de 25% de disfun-
ção do ventrículo esquerdo em pacientes inter-
nados (BARBERATO et al., 2022). A pesquisa 
para a elucidação dessa questão necessita de de-
senvolvimento, os estudos feitos até então mos-
tram que há relação entre a doença e fatores car-
diovasculares, no entanto, é preciso melhor en-
tendimento se a infecção pelo novo coronavírus 
desencadeia lesões no músculo cardíaco ou 
ocorre a aceleração no desenvolvimento de uma 
injúria estabelecida previamente. 
Ademais, vale citar que o acompanhamento 
multiprofissional oferecido na atenção primária 
à saúde a pacientes com doenças cardiovascu-
lares é de extrema importância, tendo em vista 
que as implicações dessa patologia representam 
um risco significativo ao bem estar do indiví-
duo. Além disto, Ignácio (2022) aponta que a 
incidência de indivíduos infectados pela CO-
VID-19 está associada às doenças cardiovascu-
lares, referindo também a importância da aten-
ção primária, no que tange o fator preventivo, 
valorizando as consultas periódicas em favor do 
controle da patologia, pois a presença das doen-
ças cardiovasculares ocasiona o aumento dos 
casos extremos da infecção por COVID-19, au-
mentando as chances de mortalidade (IGNÁ-
CIO et al., 2022). 
Outrossim, o cuidado integral é adequado 
sendo ofertado aos pacientes acometidos por 
doenças crônicas como as doenças cardiovascu-
lares, resulta em uma maior qualidade no trata-
mento da infecção por COVID-19, bem como, 
 
63 
 
boas práticas de saúde que podem ser adotadas 
pelo próprio indivíduo, como: Sono regular, ali-
mentação balanceada, atividade física acompa-
nhada por um profissional, evitando tabagismo 
e etilismo, essas práticas são orientadas na aten-
ção primária a fim de prevenir possíveis com-
plicações ao quadro do paciente, com isso, des-
taca-se também a importância do calendário va-
cinal atualizado, prevenindo infecções secundá-
rias do SARS-CoV-2. O quadro de doenças car-
diovasculares requer um manejo que contemple 
a integralidade do cuidado ofertado desde o pri-
meiro nível de atenção à saúde, tendo em vista 
que, as doenças cardiovasculares representam 
um marcador de risco na atenção primária à sa-
úde, evidenciando a importância deste nível de 
atenção e sua necessidade no que tange o con-
trole da patologia e a prevenção de possíveis 
complicações (SALAZAR et al., 2022). 
A hipertensão arterial sistêmica (HAS), é 
uma condição clínica multifatorial, relacionada 
com fatores genéticos, epigenéticos, ambientais 
e sociais, caracterizada pela elevação persis-
tente dos níveis pressóricos maiores ou iguais a 
140 e/ou 90 mmHg. Alguns principais fatores 
de riscos relacionados com o desenvolvimento 
da hipertensão arterial sistêmica incluem enve-
lhecimento, sedentarismo, sexo, etnia, sobre-
peso ou obesidade, elevada ingestão de sódio, 
ingestão de álcool, além de fatores socioeconô-
micos como baixa escolaridade e baixa renda 
familiar (RIBEIRO & UEHARA, 2022). Indi-
víduos com HAS apresentam uma disfunção 
endotelial caracterizada pelo desequilíbrio en-
tre substâncias vasodilatadoras e vasoconstrito-
ras, a qual afeta diretamente a função vascular. 
Dessa maneira, essa condição associada com o 
envelhecimento, resulta em enrijecimento pro-
gressivo e perda de complacência das grandes 
artérias, apresentando-se como fator de risco 
para o desenvolvimento de complicações (RI-
BEIRO & UEHARA, 2022). 
Nesse sentido, é válido destacar que a hiper-
tensão arterial sistêmica é considerada um fator 
de risco para o desenvolvimento de quadros 
graves de COVID-19. Segundo Moraes et al., 
(2021), os indivíduos com HAS apresentaram 
maior morbidade e pior prognóstico, além de 
uma maior necessidade de internação. Isso por-
que, uma das consequências da infecção por 
SARS-CoV-2 é a disfunção endotelial, a qual 
inicia processos pró-trombóticos e pró-inflama-
tórios. Nesse sentido, ocorre uma elevação na 
produção de citocinas pró-inflamatórias, o que 
induz a perda da função antitrombótica e anti 
inflamatória e promove uma disfunção no pro-
cesso de coagulação, auxiliando para quadros 
de trombose micro e macrovascular. 
Dessa forma, indivíduos que possuem co-
morbidades prévias que promovem disfunção 
endotelial, como a HAS, associadas com o de-
sequilíbrio ocasionado pelo SARS-CoV-2, 
apresentam agravamento do quadro clínico e da 
doença (ALMEIDA et al., 2022). 
No concernente a dados psicossociais, o 
principal perfil encontrado foi de homens com 
50 anos, e a média de 10 anos de instrução, en-
contrando proporcionalidade entre tempo de es-
tudo e grau de autocuidado na saúde, além do 
maior entendimento sobre as complicações da 
doença. A incidência de HAS, juntamente ao 
diabetes mostraram-se mais prevalentes como 
comorbidades que resultam em complicações 
de COVID-19, ao passo que enfermidades 
como a HAS, presente em cerca de 32,3% dos 
adultos fomentando doenças cardiovasculares 
(DCV) (NASCIMENTO et al., 2022). 
Primariamente, destacar -se que a similitude 
com outras enfermidades também notadamente 
presentes na sociedade, à exemplo da diabetes, 
 
 
64 
 
hipertensão e de doenças cardiovasculares e 
respiratórias. Ademais, tal fato é relacionado 
com os principais indutores de desigualdade es-
tudados a seguir listados como: Condições ad-
versas de trabalho, riscos profissionais, desem-
prego e pobreza; somado a fatores estruturantes 
como moradias em condições inadequadas de 
equipamentos urbanos e baixo Índice de Desen-
volvimento Humano. Um fator destacável foi a 
educação, com fator maior de desigualdade em 
relação à renda, além de ser mais marcante na 
condição feminina, proporcional aos melhores 
indicadores de saúde ao nível de escolaridade. 
Por fim, notadamente a presença marcante de 
desigualdade nos fatores analisados fomentam 
os fatoresde risco que podem levar à mortali-
dade por COVID-19 (RIBEIRO & UEHARA, 
2022). 
A infecção da COVID-19 em pacientes que 
apresentam a hipertensão arterial sistêmica está 
estatisticamente associada a um risco maior de 
óbito. Isso se deve ao fato de que, em casos gra-
ves, essa doença pode provocar lesões cardíacas 
agudas. Ademais, foi evidenciado uma conta-
gem maior de neutrófilos e leucócitos entre os 
pacientes hipertensos, em relação aos normo-
tensos. Outros fatores associados ao pior desfe-
cho entre os pacientes com HAS e COVID-19 
foram os níveis alterados dos parâmetros relati-
vos ao funcionamento de órgãos importantes 
como o coração, o fígado, os pulmões e os rins. 
Nos pacientes hipertensos, foi possível obser-
var os níveis elevados de troponina T, creati-
nina quinase-banda miocárdica, mioglobina, 
pró-peptídeo natriurético cerebral N-terminal 
(NT-proBNP), creatinina e nitrogênio ureico. 
Isso indica que a gravidade da COVID-19 em 
pacientes hipertensos está associada principal-
mente com as lesões que os tecidos cardíaco e 
renal podem sofrer durante a infecção (AL-
MEIDA et al., 2022; BARBERATO et al., 
2022).
 
Tabela 7.1 Tabela acerca dos artigos incluídos para o escopo da pesquisa 
Autor e ano Título de estudo Idiomas Base de 
dados 
GOMES et al., 2022 Impacto do alto risco cardiovascular na mortali-
dade hospitalar em pacientes internados em terapia 
intensiva por COVID-19 
Inglês e Por-
tuguês 
BVS 
IGNÁCIO et al., 2022 
Prevalência e fatores sssociados à SRAG por CO-
VID-19 em adultos e idosos com doença cardiovas-
cular crônica: Uma análise crítica 
Inglês e Por-
tuguês 
BVS 
RIBEIRO & UEHARA, 
2022 
Hipertensão arterial sistêmica como fator de risco 
para a forma grave da COVID-19: Scoping review 
Inglês e Por-
tuguês 
BVS 
SALAZAR et al., 2022 SARS-CoV-2 infection and autonomic dysfunction 
- pressure liability at COVID-19 
Inglês e Por-
tuguês 
BVS 
 
65 
 
MORAES et al., 2021 
A influência dos cuidados periodontais sobre os bi-
omarcadores inflamatórios de pacientes com CO-
VID-19 
Inglês e Por-
tuguês 
BVS 
BARBERATO et al., 
2022 
Achados ecocardiográficos anormais em pacientes 
internados com COVID-19: uma revisão sistemá-
tica e metanálise 
 
Inglês e Por-
tuguês 
SciELO 
ALMEIDA et al., 2022 
Resultados e efeitos dos pacientes que se recupera-
ram da COVID-19: Identificação da relação com 
fatores de risco e comorbilidades 
 
Inglês e Por-
tuguês 
SciELO 
VERANES-MUSTE-
LIER et al., 2022 
Fatores cardiometabólicos preditivos de mortali-
dade em pacientes com SARS-CoV-2/COVID-19 
Espanhol e 
Português 
SciELO 
NASCIMENTO et al., 
2022 
Associação entre características biopsicossociais e 
complicações clínicas por COVID-19 autorreferi-
das em um município brasileiro 
Inglês e Por-
tuguês 
SciELO 
CONCLUSÃO 
Diante do exposto, pode-se concluir que a 
hipertensão arterial sistêmica é um problema 
sério, que implica aos portadores um aumento 
potencial de desenvolvimento e/ou maior gravi-
dade, de doenças adjacentes. Em um aspecto 
mais amplo, por afetar mais de um bilhão de 
pessoas, que representam a população adulta, 
com maiores incidências em países de baixa e 
média renda, garante à HAS um status de mul-
tiplicador de agravo importante em saúde. 
Além disso, cerca de metade desses indivíduos 
hipertensos convivem com a comorbidade sem 
o senso sobre seu quadro e sobre a realidade dos 
riscos a que estão submetidos devido à sua con-
dição clínica. 
Dentre os desencadeamentos clínicos da hi-
pertensão arterial em pacientes portadores do 
novo coronavírus, observou-se a presença de 
uma hiperatividade do SNA simpático. A hipe-
ratividade do SNA simpático é um quadro co-
mum em pacientes com HAS associada à infec-
ção causada pela SARS-CoV-2, principalmente 
em pacientes portadores de doenças cardiome-
tabólicas, os quais dispõem naturalmente de 
maior tônus simpático. Essa associação pode 
desencadear diversas implicações, como a ins-
tabilidade da pressão arterial e outras complica-
ções hemodinâmicas. Não obstante, ainda são 
necessários mais estudos devido aos desafios de 
detecção precoce da disfunção autônoma nesses 
pacientes. 
Ademais, destaca - se que a existência de 
quadro hipertensivo concomitante a outros fa-
tores de risco cardiovascular, como tabagismo 
e dislipidemia, que são importantes para a rele-
vância clínica, podem estar relacionados ao au-
 
66 
 
mento da incidência das taxas de gravidade, 
bem como intervir no grau de disfunção dos 
ventrículos e necessidade do uso de ventilação 
mecânica durante o tratamento em unidades de 
terapia intensiva. Desse modo, é de suma im-
portância despender de exames laboratoriais e 
ecocardiograma para analisar os pacientes in-
fectados pela SARS-CoV-2, uma vez que, as-
sim, é possível apontar a relação entre a função 
do músculo cardíaco e a infecção, sendo viável 
a ponderação entre quadros de injúria do mio-
cárdio ao aumento de troponina e a determina-
ção do grau de disfunção do ventrículo, por-
tanto buscando melhor condução clínica. 
Por fim, é imprescindível destacar que a atu-
ação da equipe multiprofissional na atenção pri-
mária, visto que a prevenção e tratamento da 
HAS reduz os casos extremos de infecção grave 
por COVID-19, logo, neste nível de atenção à 
saúde deve ser o foco das políticas públicas, 
para o eficiente manejo periódico dessa doença, 
com o intuito de diminuir o risco de lesões mi-
ocárdicas e de melhorar o prognóstico dos paci-
entes diagnosticados com COVID-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA 
ALMEIDA, L.V. et al. Resultados e efeitos de pacientes 
que se recuperaram da COVID-19: Identificando a rela-
ção com fatores de risco e comorbidades. Ciência & Sa-
úde Coletiva, v. 27, n. 8, p. 2963–2972, 2022. 
BARBERATO, S.H. et al. Achados ecocardiográficos 
anormais em pacientes hospitalizados com COVID-19: 
Uma revisão sistemática e metanálise. Arquivos Brasi-
leiros de Cardiologia, v. 119, n. 2, p. 267–279, 2022. 
GOMES, B.F.O. et al. Impact of high cardiovascular risk 
on hospital mortality in intensive care patients hos-
pitalized for COVID-19. Arquivos Brasileiros de Cardi-
ologia, v. 118, n. 5, p. 927–934, 2022. 
IGNÁCIO, F.G. et al. Prevalência e fatores associados à 
SRAG por COVID-19 em adultos e idosos com doença 
cardiovascular crônica: Uma análise crítica. Arquivos 
Brasileiros de Cardiologia, v. 118, n. 4, p. 787–788, 
2022. 
MORAES, L.E.B. et al. A influência dos cuidados peri-
odontais sobre os biomarcadores inflamatórios de paci-
entes com COVID-19. Internacional Journal of Science 
Dentistry, v. 1, n. 57, p. 125-134, 2021. 
NASCIMENTO, M.C. et al. Association between bi-
opsychosocial factors and self-reported COVID-19 cli-
nical complications in a Brazilian city. Revista Brasileira 
de Epidemiologia, v. 25, e220033, 2022. 
RIBEIRO, A.C. & UEHARA, S.C.S.A. Systemic arterial 
hypertension as a risk factor for the severe form of 
COVID-19: Scoping review. Revista de Saúde Pública, 
v. 56, 2022. 
SALAZAR, G.O. et al. Infecção pelo SARS-CoV-2 e 
disfunção autonômica – labilidade pressórica na COVID-
19. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 29, n. 1, p. 10–
13, 2022. 
VERANES-MUSTELIER, Y. et al. Factores cardiome-
tabólicos predictivos de mortalidad en pacientes con 
SARS-CoV-2/COVID-19. Revista Información Cientí-
fica, v. 101, n. 2, 2022. 
 
 
68 
 10.29327/5198921.7-8 
 
 
 CAPÍTULO 08 
ANÁLISE DOS IMPACTOS 
CARDIOVASCULARES DAS 
SÍNDROMES RENOCARDÍACAS: 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
LAURO ROCHA SEABRA¹ 
CRISTIANO CÉSAR RODRIGUES AUGUSTO GONÇALVES¹ 
BEATRIZ BANDEIRA DE LAVÔR FARIAS¹ 
HANNAH DE ALENCAR SANTOS¹ 
DAVI DOS SANTOS LIMA¹ 
GABRIELA ARRUDA NAVARRO TAVARES¹ 
AMANDA JORGE DE SOUSA VASCONCELOS¹ 
 
 
1Discente - Medicina da Universidade de Fortaleza 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Síndromes cardiorrenais; Síndromes renocardíacas; Impactos cardiovasculares. 
 
 
69 
 
INTRODUÇÃO 
O estudo da relação entre rins e coração vem 
sendo feitodesde 1836 a partir da observação 
da conformidade de doença cardiovascular em 
pacientes com doença renal e secreção de albu-
mina urinária (JUNHO et al., 2022). Em 2004, 
a National Heart, Lung, and Blood Institute, de-
finiu a síndrome cardiorrenal como um au-
mento do volume sistêmico a partir da interação 
do rim com os outros compartimentos circula-
tórios, e assim, acentuando os sintomas de insu-
ficiência cardíaca (IC) e sua progressão. Em 
2008, a Acute Dialysis Quality Initiative, defi-
niu a síndrome cardiorrenal de forma mais am-
pla, dividindo-a em dois grandes grupos, sín-
dromes cardiorrenais e renocardíacas, sendo 
posteriormente subdividida em outros 5 subgru-
pos de acordo com a gravidade da doença e no 
envolvimento sequencial de órgãos (RAN-
GASWAMI et al., 2019). 
Atualmente, estima-se que cerca de 50% 
dos pacientes com IC crônica possuam uma 
taxa de filtração glomerular (TFG) estimada 
compatível com doença renal crônica moderada 
abaixo de 60 mL/min/1,73 m². Além disso, tal 
valor é preditivo de aumento de risco de morta-
lidade por todas as causas, morte por falha da 
bomba e hospitalização por IC (COSTANZO, 
2020). 
Na perspectiva da síndrome renocardíaca 
aguda, classificada como síndrome cardiorrenal 
(SC) tipo 3, é cabível conceituá-la como uma 
disfunção ou lesão aguda do coração que foi 
proporcionada por uma lesão renal aguda 
(LRA). Ainda nessa ótica, há a síndrome cardi-
orrenal tipo 1, a qual, ao contrário do que acon-
tece na SC tipo 3, é a lesão, também aguda, no 
coração seguida de sua consequente disfunção 
que irá levar à LRA. Ademais, no tocante de 
outras síndromes renocardíacas, há o tipo 4, 
que, ao invés de ser um processo agudo, o que 
ocorre é uma disfunção crônica no coração 
humano, que tende a levar o paciente à 
hipertrofia e a outros eventos cardiovasculares 
em pacientes com Doença Renal Crônica 
(DRC) (CRUZ et al., 2013). 
Além disso, tais síndromes, em especial sín-
drome cardiorrenal tipo 4, apresentam alguns 
fatores de risco tidos como tradicionais, como 
diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemia, se-
dentarismo e tabagismo, os quais aumentam os 
índices de mortalidade principalmente nos pa-
cientes mais idosos. Há, também, os não tradi-
cionais, como anemia, doença mineral óssea e 
presença de toxinas urêmicas, os quais, em por-
tadores de DRC, têm seu risco cardiovascular 
elevado. Alguns desses fatores de risco tendem 
a estimular a microcalcificação vascular e fi-
brose do miocárdio, o que ocorre em razão da 
disfunção do endotélio e do miocárdio, que pro-
move estresse oxidativo e inflamação dos teci-
dos. Todos esses acontecimentos de nível mi-
croscópico por consequência estimulam a redu-
ção da contratilidade das células cardíacas e hi-
pertrofia das câmaras do coração. No tocante ao 
acometimento renal, pode haver fibrose do pa-
rênquima e esclerose de glomérulos (UDU-
MAN et al., 2018; MINCIUNESCU et al., 
2023). 
Somente na década de 2000 a síndrome car-
diorrenal foi sistematicamente descrita e carac-
terizada, o que contribuiu para avanços obser-
vados no diagnóstico e tratamento atualmente 
presentes. No entanto, os mecanismos molecu-
lares e celulares envolvidos nos diferentes tipos 
de síndromes cardiorrenais ainda não são com-
pletamente compreendidos. Assim, a medicina 
tem buscado novas estratégias para combater as 
diversas causas relacionadas e, por isso, o en-
tendimento de todos os agentes envolvidos na 
relação rim-coração continua sendo de suma re-
levância. 
 
70 
 
A partir disso, o presente capítulo tem como 
objetivo analisar, como forma de revisão literá-
ria, os diversos aspectos cardiovasculares en-
volvidos e suas repercussões nas estratégias de 
prevenção, diagnóstico e tratamento das síndro-
mes renocardíacas. 
 
MÉTODO 
Foi feita uma revisão da literatura científica 
de caráter analítico em fevereiro de 2023, sendo 
as informações obtidas a partir de pesquisas na 
base de dados PubMed. Como descritores, fo-
ram utilizados ‘’Cardiorenal Syndrome”, “Re-
nocardiac Syndromes”, “Chronic Kidney Di-
sease”, “Acute Kidney Injury" e “Heart Fai-
lure’’. Foi utilizado o conectivo "AND" para 
encontrar a interseção entre os descritores e 
seus impactos em relação à insuficiência cardí-
aca. Desse modo, as buscas encontraram 1.530, 
1.000, 14.153 e 3.822 artigos, respectivamente, 
tendo sido posteriormente submetidos aos crité-
rios de seleção. 
Os critérios de inclusão foram: Artigos es-
critos na língua inglesa publicados entre 2009 e 
2023 e que abordavam o conteúdo necessário 
para realização do presente estudo, como forma 
de revisões sistemáticas e artigos originais, por 
exemplo. Já como critérios de exclusão, estão 
artigos que iam de encontro aos critérios de in-
clusão, artigos duplicados e que não supriam a 
proposta da revisão literária. 
Após os critérios de seleção, foram selecio-
nados para compor o presente estudo um total 
de 16 artigos, os quais passaram por detalhada 
leitura para coleta e análise de dados por parte 
dos autores que compõem esse capítulo. Assim, 
os resultados foram apresentados de forma des-
critiva, divididos em categorias temáticas: Sín-
drome renocardíaca crônica e síndrome reno-
cardíaca aguda, abordando aspectos da relação 
entre disfunção renal e seus impactos cardio-
vasculares na insuficiência cardíaca aguda e 
crônica, destacando seus mecanismos fisiopato-
lógicos. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Conforme já explicado, a síndrome renocar-
díaca pode ser dividida em aguda e crônica. Foi 
realizada, a seguir, uma revisão sobre cada um 
desses tipos e, logo após os principais mecanis-
mos fisiopatológicos serão explicitados. 
 
Síndrome renocardíaca aguda 
A síndrome cardiorrenal tipo 3 ou síndrome 
renocardíaca aguda ocorre quando uma injúria 
renal aguda (IRA) contribui e/ou precipita o de-
senvolvimento de uma lesão cardíaca aguda. As 
interações fisiopatológicas entre o rim e o cora-
ção durante a IRA incluem a ativação do sis-
tema imunológico (liberação de citocinas e qui-
miocinas pró-inflamatórias e anti-inflamató-
rias) e sistema nervoso simpático (SNS), além 
da ativação do SRAA e cascatas de coagulação 
(RONCO et al., 2018). 
A oligúria pode levar à retenção de sódio e 
água com consequente sobrecarga hídrica e de-
senvolvimento de edema, sobrecarga de vo-
lume, hipertensão, edema pulmonar e lesão mi-
ocárdica. Distúrbios eletrolíticos (principal-
mente hipercalemia) podem contribuir para o 
risco de arritmias fatais e morte súbita, en-
quanto a acidose metabólica relacionada à ure-
mia pode afetar o metabolismo dos miócitos e 
produzir vasoconstrição pulmonar, aumento da 
pós-carga do ventrículo direito e efeito inotró-
pico negativo (RONCO et al., 2018). 
No tocante aos efeitos elétricos, temos que 
a hipercalemia está associada a uma sequência 
distinta de alterações no eletrocardiograma 
(ECG). O excesso de potássio extracelular au-
mentará a atividade do canal de potássio, resul-
tando em repolarização mais rápida e, assim, 
 
71 
 
criando a base estreita e a onda T alta. Por outro 
lado, isso inativará o canal de sódio, impedindo 
a condução adequada da atividade elétrica. A 
hipercalemia moderada a grave ocasionalmente 
induz elevações do segmento ST nas derivações 
precordiais direitas (V1 e V2) e simula um pa-
drão isquêmico de corrente para lesão. No en-
tanto, mesmo a hipercalemia grave pode estar 
associada a achados eletrocardiográficos atípi-
cos ou não diagnósticos. Pacientes com hiper-
calemia grave significativa (sérico [K +] >7,0 
mmol/l) podem apresentar pseudo bloqueio de 
ramo direito e elevação persistente do segmento 
ST em pelo menos duas derivações precordiais, 
induzindo um padrão semelhante a Brugada no 
ECG. A hipermagnesemia grave pode causar 
distúrbios de condução nodal atrioventricular 
(AV) e intraventricular que podem culminar em 
bloqueio cardíaco completo e parada cardíaca 
(BAGSHAW et al., 2013). 
Em relação aos efeitos isquêmicos, a ativa-
ção do SNS pode levar à vasoconstrição e au-
mento da demandamiocárdica de oxigênio. Es-
tes podem levar à isquemia quando a oferta de 
oxigênio é restrita, em particular em pacientes 
suscetíveis. Ademais, durante a IRA, níveis 
mais altos de demanda de oxigênio do miocár-
dio desencadeariam má distribuição do fluxo 
sanguíneo ventricular e resultam em isquemia 
subendocárdica. Estudos recentes sugerem que 
biomarcadores relacionados ao dano renal 
agudo, como a lipocalina associada à gelatinase 
de neutrófilos e molécula de lesão renal-1, po-
dem circular para ter efeitos fisiopatológicos 
distintos no coração, incluindo inflamação mi-
ocárdica, desestabilização de placas ateroscle-
róticas e suscetibilidade a eventos isquêmicos 
(BAGSHAW et al., 2013). 
 
Síndrome renocardíaca crônica 
A síndrome renocardíaca crônica, também 
denominada Síndrome Cardiorrenal tipo 4 
(RSC), é o subtipo definido por uma doença re-
nal crônica (DRC), que progressivamente pro-
move com insuficiência cardíaca crônica. A 
SRC tipo 4 está associada a altas morbidade e 
mortalidade, nos quais os pacientes com DRC 
têm maior probabilidade de morrer prematura-
mente de doença cardiovascular acelerada do 
que das consequências da própria insuficiência 
renal (SILVA et al., 2016). 
A lesão renal aguda (LRA) é um evento co-
mum e grave que pode levar a complicações 
crônicas, incluindo a progressão da doença re-
nal crônica (DRC). Embora muitos pacientes 
com LRA possam ter recuperação completa ou 
quase completa da função renal, estudos têm 
demonstrado que esses indivíduos ainda apre-
sentam risco aumentado de desenvolver DRC 
progressiva. Além disso, quando a LRA ocorre 
em pacientes que já têm DRC, a sobreposição 
dessas duas condições está associada a uma 
aceleração significativa na taxa de progressão 
da doença, aumentando o risco de chegar a um 
estágio terminal da doença renal (HOLGADO 
et al., 2020). 
A insuficiência cardíaca gera uma lesão mi-
ocárdica que leva ao remodelamento do ventrí-
culo e ativa mecanismos compensatórios, inclu-
indo o rim, que regula a homeostase hidroele-
trolítica e o volume circulante. A hipertrofia do 
ventrículo esquerdo é uma adaptação ao au-
mento do trabalho cardíaco induzido por sobre-
carga de pressão, volume ou ambos, sendo co-
mum em pacientes com DRC e insuficiência re-
nal terminal (SEGALL et al., 2014). 
Assim, a insuficiência cardíaca e renal pode 
 
 
72 
 
se interligar e influenciar mutuamente, resul-
tando em sintomas clínicos característicos desta 
condição combinada, principalmente relaciona-
dos à sobrecarga de volume e bomba cardíaca 
ineficaz: Dispnéia, fadiga e dor crônica. Além 
desses sintomas serem os mais comuns nas po-
pulações de IC e DRC, a depressão é outro sin-
toma altamente prevalente nessas doenças 
(RANGASWAMI et al., 2019). 
 
Fisiopatologia 
Sabe-se que a relação entre o coração e os 
rins é complexa e bi-direcional, sendo já bem 
estabelecida na literatura. Três mecanismos fi-
siopatológicos estão envolvidos no desenvolvi-
mento e na progressão das disfunções cardiore-
nal e renocardíaca: 
1. Alterações hemodinâmicas decorrentes 
da diminuição do débito cardíaco e/ou diminui-
ção do retorno venoso. 
2. Desregulação neuro-hormonal por ati-
vação simpática e/ou ativação do sistema re-
nina-angiotensina-aldosterona (SRAA). 
3. Outras condições que aceleram a pro-
gressão: Inflamação crônica e ativação da imu-
nidade celular; Alterações no metabolismo ós-
seo; Anemia (SCHEFOLD et al., 2016). 
 
Alterações hemodinâmicas 
No início do século 20, foi estabelecida a 
importância da redução do Fluxo Sanguíneo 
Renal (FSR) e do aumento da pressão venosa 
central (PVC) como mecanismos efetores pri-
mários para insuficiência renal. Estudos publi-
cados por Cody et al., (1990), demonstraram 
que em pacientes virgens de IECA a redução do 
FSR foi desproporcional à redução do débito 
cardíaco, enquanto a TFG foi mantida, fenô-
meno explicado pela autorregulação renal. Po-
rém, à medida que o FSR cai ainda mais, a TFG 
diminui conforme a capacidade autorregulató-
ria se esgota (DAMMAN et al., 2015). 
No tocante ao aumento da PVC, já foi de-
monstrado que em pacientes com IC, indepen-
dentemente da redução da FSR, existe uma as-
sociação epidemiológica entre o aumento da 
PVC e uma redução da TFG. Na IC aguda, 
Mullens et al., (2009) mostrou que o principal 
fator determinante para aumentar o risco de 
agravamento da função renal no contexto intra-
hospitalar é uma maior PVC, sendo este fator 
superior a um baixo débito cardíaco (DAM-
MAN et al., 2015). 
 
Desregulação neuro-hormonal 
A angiotensina II possui efeito direto na per-
fusão renal, afetando diretamente a TFG, além 
de induzir a hiporesponsividade ao peptídeo na-
triurético e mediar a ativação do sistema ner-
voso simpático (SNS). Este último pode alterar 
o coeficiente de ultrafiltração e está associado à 
lesão tubular e à formação de espécies reativas 
de oxigênio (EROS). O efeito do estresse oxi-
dativo e da disfunção endotelial também é mo-
dulado pela angiotensina II, mediante a ativa-
ção do NADP[H], promovendo a formação de 
espécies reativas de oxigênio, que podem cau-
sar danos nos túbulos proximais (DAMMAN et 
al., 2015). 
 
Inflamação crônica e ativação da imuni-
dade celular 
A inflamação representa uma resposta fisio-
lógica destinada a fornecer proteção e promover 
cura na ocorrência de lesão. Paradoxalmente, 
esses mesmos processos protetores, caso não 
sejam controlados, podem promover dano e le-
são tecidual. Quando mecanismos controlado-
res estão sobrecarregados, a atenuação da infla-
mação não ocorre, podendo gerar uma resposta 
 
 
73 
 
fisiopatológica aguda ou crônica. Tanto a Insu-
ficiência Cardíaca (IC) quanto a Doença Renal 
Crônica (DRC) induzem a inflamação, a qual, 
por sua vez, piora os quadros de IC e de DRC, 
o que gera uma queda nas funções renal e car-
díaca, agravando progressivamente o quadro 
dos pacientes (COLOMBO et al., 2011). 
Disfunções renais e cardíacas promovem re-
tenção de fluidos, o que força o organismo a 
funcionar em pressões venosas e intersticiais 
significativamente elevadas acima do normal. 
Em um ambiente de alta pressão, o estresse bi-
omecânico do estiramento vascular e da con-
gestão tecidual pode aumentar a inflamação, 
prejudicando ainda mais as funções e estruturas 
de órgãos vitais, como coração, vasculatura e 
rins (COLOMBO et al., 2011). 
Além disso, levando-se em consideração as 
citocinas pró-inflamatórias, o fator de necrose 
tumoral-α (TNF-α) é aumentado na circulação 
durante a IC descompensada, sendo um preditor 
independente significativo de mortalidade car-
díaca e não cardíaca em pacientes com IC. Um 
novo biomarcador, indutor fraco relacionado ao 
TNF do apoptose (Tweak), um membro da su-
perfamília do TNF, possui níveis circulantes 
mais altos em pacientes com cardiomiopatias 
dilatadoras idiopáticas do que em grupos con-
troles saudáveis. Além do TNF-α e suas proteí-
nas relacionadas, aumentos semelhantes foram 
encontrados entre a interleucina-6 (IL-6), inter-
leucina-1 (IL-1) em pacientes com IC. Tam-
bém foi demonstrado repetidamente que a DRC 
avançada está associada a níveis elevados das 
mesmas citocinas pró-inflamatórias. Uma das 
citocinas mais bem estudadas é IL-6 que, como 
no IC, correlaciona-se com progressão da do-
ença, aumentando as chances de elevação no es-
tágio da DRC. Dessa forma, em geral, elevação 
de TNF-α, IL-1 e IL-6 em pacientes com DRC 
e IC podem sugerir um possível papel dessas ci-
tocinas na modulação da inflamação que ocorre 
na síndrome cardiorrenal (COLOMBO et al., 
2011). 
 
Alterações no metabolismo ósseo 
À medida em que a função renal diminui, 
ocorre um prejuízo progressivo na homeostase 
mineral, causando alterações nas concentrações 
séricas e teciduais de fosfato e cálcio, bem 
como mudanças nos níveis circulantes de hor-
mônios, como hormônio da paratireóide (PTH), 
metabólitos da vitamina D (calcidiol e calci-
triol) e Fator de crescimento fibroblástico 23 
(FGF-23). No estágio 3 da Doença renalcrônica 
(DRC), os rins mostram uma capacidade redu-
zida de excretar adequadamente o fosfato, re-
sultando eventualmente em hiperfosfatemia, 
que desencadeia elevações nas concentrações 
de PTH e FGF-23. Além disso, a conversão pre-
judicada do calcidiol em calcitriol reduz a ab-
sorção intestinal de cálcio e aumenta os níveis 
de PTH. Como o rim é incapaz de responder 
adequadamente ao PTH, a fosfatúria e a reab-
sorção de cálcio são comprometidas. Além 
disso, o rim não responde ao FGF-23 secretado 
pelo osso, reduzindo ainda mais a excreção de 
fosfato, o que ocasiona o seu acúmulo. Dessa 
forma, as anormalidades ósseas são quase oni-
presentes em pacientes com DRC dependentes 
de diálise e bioquimicamente detectáveis na 
maioria dos pacientes com DRC estágios 3 a 5 
(CHARYTAN et al., 2015). 
 
Anemia 
Uma síntese reduzida de eritropoietina 
(EPO; 90% dos quais é produzida nos rins, 10% 
no fígado e em outros órgãos) é considerada 
uma causa importante de anemia na Doença Re-
nal Crônica (DRC). O principal estímulo para a 
produção de EPO é a hipóxia renal, mas esse 
mecanismo é prejudicado em pacientes com 
 
74 
 
DRC. À medida que a função renal decai, as di-
minuições no EPO são acompanhadas por uma 
redução do ferro disponível, o que dificulta 
ainda mais a eritropoiese, a proliferação de pre-
cursores do eritróide e a produção de receptores 
EPO. Finalmente, anormalidades na disponibi-
lidade de ferro, níveis excessivos de inflamação 
e distúrbios na homeostase óssea e mineral pa-
recem diminuir a responsividade da medula ós-
sea a EPO, exacerbando a anemia à medida em 
que a DRC progride (CHARYTAN et al., 
2015). 
 
CONCLUSÃO 
Os estudos realizados sobre a síndrome re-
nocardíaca crônica e aguda apontam, por meio 
dos mecanismos fisiopatológicos apontados, 
para um aumento de impactos cardiovasculares 
nessa população, no que tange a um maior risco 
de eventos no coração e nos vasos sanguíneos 
derivado de uma disfunção renal. 
Nessa perspectiva, foi observado que a sín-
drome cardiorrenal aguda pode ocasionar com-
plicações como insuficiência cardíaca, lesão 
miocárdica e arritmias, aumento da pós-carga 
do ventrículo direito e isquemia. Ademais, a 
síndrome cardiorrenal crônica resulta principal-
mente em alterações típicas de um quadro pro-
longado, como remodelamento ventricular es-
querdo. 
Assim, a síndrome renocardíaca é uma con-
dição que apresenta grandes desafios tanto para 
o paciente quanto para os profissionais de sa-
úde. Dessa forma, é fundamental que os profis-
sionais de saúde envolvidos, como nefrologis-
tas, cardiologistas e enfermeiros, tenham um 
treinamento multidisciplinar que englobe toda a 
complexidade das relações entre o rim e o cora-
ção. Torna-se, também, essencial uma melhor 
clareza e detalhamento das diretrizes das socie-
dades médicas envolvidas, principalmente 
quanto à definição e fisiopatologia nas síndro-
mes renocardíacas. Por fim, evidencia-se a ne-
cessidade de um monitoramento mais atencioso 
aos pacientes com síndromes renocardíacas 
para detectar e tratar precocemente quaisquer 
complicações cardiovasculares.
 
 
75 
 
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76 
 10.29327/5198921.7-9 
 
 
 
 CAPÍTULO 09 
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
RESISTENTE 
 
 
 
JÚLIA BARROSO CHIARI¹ 
JULIANA BACHA CARNEIRO 2 
 
 
1Residente - Residente do serviço de Clínica Médica do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte 
2Residente - Residente do serviço de Clínica Médica do Hospital Felício Rocho - Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Hipertensão; Resistente; Secundária; Tratamento. 
 
 
 
77 
 
INTRODUÇÃO 
Estima-se que, no mundo, 31,1% da popu-
lação adulta seja hipertensa e que o controle 
da pressão arterial se relaciona diretamente às 
condições socioeconômicas de cada local. No 
Brasil, essa taxa de controle varia de 10,4% a 
35,2% e está associada a piores desfechos car-
diovasculares e ao maior risco de lesão de ór-
gãos-alvo (YUGAR-TOLEDO et al., 2020). 
Neste contexto, a Hipertensão Arterial Re-
sistente (HAR), foi definida, de acordo com a 
American Heart Association, como uma pres-
são arterial (PA) que permanece acima da 
meta, a despeito do uso concomitante de três 
anti-hipertensivos, utilizados em doses máxi-
mas preconizadas e otimizadas, sendo um de-
les um diurético. Pacientes com uso de quatro 
ou mais medicações anti-hipertensivas tam-
bém são consideradas portadoras de HAR 
(TOWNSEND & FORMAN, 2022). 
O termo HAR difere-se de Hipertensão 
Descontrolada, visto que esta inclui esquemas 
de tratamento inadequado e pseudorresistên-
cia. Para exclusão de pseudorresistência, 
deve-se garantir uma correta técnica de aferi-
ção da PA, inclusive fora do consultório mé-
dico, e a não adesão à terapia anti-hiperten-
siva. Por fim, o termo Hipertensão Arterial 
Refratária (HARf), foi definido como a inca-
pacidade de obter o controle da PA, com o uso 
de pelo menos cinco medicamentos anti-hi-
pertensivos, incluindo clortalidona e espiro-
nolactona, o que representa, aproximada-
mente, 3% dos casos de HAR (TOWNSEND 
& FORMAN, 2022). 
A real prevalência de HAR no mundo não 
é conhecida, no entanto, estima-seque entre 
10-20% dos pacientes hipertensos apresentam 
hipertensão resistente. Essa variação se deve 
principalmente a critérios distintos utilizados 
para estabelecimento do diagnóstico e às dife-
rentes populações estudadas. No Brasil, um 
estudo multicêntrico (ReHOT study), eviden-
ciou por meio do monitoramento ambulatorial 
da pressão arterial (MAPA) uma prevalência 
de HAR de 11,7% na população (YUGAR-
TOLEDO et al., 2020). 
Essa prevalência abrange tanto a hiperten-
são arterial sistólica, quanto a diastólica, 
sendo a primeira a mais comum. Fatores como 
idade, presença de obesidade, raça negra, sín-
drome metabólica, nefropatia, consumo de ál-
cool ou sal e sedentarismo, estão relacionados 
ao aumento dessa prevalência (YUGAR-TO-
LEDO et al., 2020). A maioria destes pacien-
tes também deve ser avaliado em relação a 
condições secundárias coexistentes como a 
presença de aldosteronismo primário, este-
nose da artéria renal, doença renal crônica e 
apneia obstrutiva do sono, feocromocitoma, 
Síndrome de Cushing e coarctação aórtica. 
Outro fator importante inclui o uso de medi-
cações, que além de aumentarem a pressão ar-
terial, interferem no efeito anti-hipertensivo 
de qualquer agente, exceto bloqueadores do 
canal de cálcio. Dentre essas medicações, es-
tão incluídos, principalmente, os anti-inflama-
tórios não esteroidais (AINEs), e outros medi-
camentos como, simpaticomiméticos, glico-
corticóides, contraceptivos contendo estrogê-
nio, inibidores de calcineurina e antidepressi-
vos (TOWNSEND & FORMAN, 2022). 
Dessa forma, o presente capítulo tem 
como objetivo discorrer sobre o diagnóstico, 
causas e abordagem da HAR. 
 
MÉTODO 
Trata-se de uma revisão narrativa reali-
zada no período de fevereiro a março de 2023, 
que buscou discorrer sobre a HAR. A pes-
quisa foi realizada através das bases de dados 
SciELO e Pubmed, bem como o sumário Up-
https://www.uptodate.com/contents/spironolactone-drug-information?search=hipertensao+arterial+resistente&topicRef=3818&source=see_link
https://www.uptodate.com/contents/spironolactone-drug-information?search=hipertensao+arterial+resistente&topicRef=3818&source=see_link
 
78 
 
todate, e guidelines da Sociedade Brasileira 
de Cardiologia. Foram utilizados os seguintes 
descritores: Hipertensão; Resistente; Secun-
dária; Tratamento. 
Os critérios de inclusão foram: Artigos nos 
idiomas inglês e português; publicados no pe-
ríodo de 2006 a 2023 e que abordavam as te-
máticas propostas para esta pesquisa, disponi-
bilizados na íntegra. Os critérios de exclusão 
foram: Artigos duplicados, disponibilizados 
na forma de resumo, que não abordavam dire-
tamente a proposta estudada e que não aten-
diam aos demais critérios de inclusão. 
Após os critérios de seleção restaram 10 
artigos que foram submetidos à leitura minu-
ciosa para a coleta de dados. Os resultados fo-
ram apresentados em forma descritiva e em fi-
guras. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A HAR, assim como a hipertensão arterial, 
possui múltiplos fatores envolvidos na sua gê-
nese, o que determina os diferentes graus de 
resistência à terapia anti-hipertensiva (BAR-
ROSO et al., 2021). 
Nos indivíduos portadores de HAR, são 
observadas algumas alterações relacionadas 
ao aumento da volemia, que se deve principal-
mente, à persistência de retenção de fluidos, à 
sensibilidade aumentada ao sódio, ao hiperal-
dosteronismo e à disfunção renal. Assim, a al-
teração na relação entre volume e pressão ar-
terial elevada parece ser o principal meca-
nismo envolvido no aparecimento da doença, 
o que justifica, inclusive, o uso de diuréticos 
na terapia farmacológica (BARROSO et al., 
2021). 
Embora a HARf seja interpretada, muitas 
vezes, como um espectro da HAR, a HARf di-
verge em sua fisiopatologia. Há nela o predo-
mínio da hiperatividade do sistema nervoso 
simpático e uma maior rigidez vascular, o que 
sugere, que a HAR e a HARf sejam condições 
distintas (BARROSO et al., 2021; MUX-
FELDT, et al., 2019). 
 
Investigação diagnóstica 
Os pacientes portadores de HAR, a priori, 
devem ser acompanhados em serviços especi-
alizados de hipertensão arterial e que apresen-
tem uma abordagem multidisciplinar (BAR-
ROSO et al., 2021). 
Diante a suspeita clínica, a investigação 
diagnóstica se inicia com a exclusão da pseu-
dorresistência por meio da confirmação da 
aderência ao tratamento, da correta posologia 
das medicações e da técnica adequada de afe-
rição da PA, conforme ilustrado na Figura 9.1 
(YUGAR-TOLEDO et al., 2020). Essa aferi-
ção deve ser feita com a avaliação da pressão 
arterial fora do consultório, utilizando-se da 
Monitorização Ambulatorial da PA de 24 ho-
ras (MAPA) e da medição residencial da pres-
são arterial (MRPA), a fim de se excluir o 
efeito do avental branco e da hipertensão mas-
carada (BARROSO et al., 2021). 
Uma vez confirmado o diagnóstico, o pró-
ximo passo inclui a realização de exames es-
pecíficos para avaliação do comprometimento 
de LOA e de Hipertensão Arterial Secundária 
(HASec) (BARROSO et al., 2021). 
 
Figura 9.1 Avaliação da HAR 
Fonte: YUGAR-TOLEDO et al., 2020. 
 
79 
 
Hipertensão Arterial Secundária 
A Hipertensão Arterial Secundária é defi-
nida como um aumento da PA devido a uma 
causa identificável (YUGAR-TOLEDO et al., 
2020). A investigação da HASec de forma 
ampla é onerosa e, portanto, deve-se basear 
em indícios clínicos que, isoladamente ou 
combinados, sugerem uma etiologia especí-
fica. Alguns desses indícios incluem a labili-
dade pressórica em pacientes com valores de 
PA previamente estáveis, idade inferior a 30 
anos em pacientes não obesos e sem outros fa-
tores de risco, hipertensão maligna ou associ-
ada a distúrbios hidro-eletrolíticos (TEXTOR, 
2022). 
As principais causas incluem a apneia obs-
trutiva do sono, hiperaldosteronismo primá-
rio, estenose de artéria renal e a doença do pa-
rênquima renal. Outras causas menos comuns 
incluem o feocromocitoma, Síndrome de Cus-
hing e coarctação de aorta (TEXTOR, 2022). 
Dentre elas, a apneia obstrutiva do sono 
pode estar relacionada com maior risco de 
HAR, devido a hiperativação do sistema ner-
voso simpático, podendo afetar 60 a 80% dos 
hipertensos resistentes. Questionários como 
STOP-BANG e escala de Epworth são úteis 
no rastreio desta comorbidade, sendo o seu di-
agnóstico feito por meio da polissonografia 
(YUGAR-TOLEDO et al., 2020; MUX-
FELDT et al., 2019). 
Já o hiperaldosteronismo primário, está 
presente em 10 a 20% dos pacientes com 
HAR. Suspeita-se do hiperaldosteronismo pri-
mários nos pacientes com hipopotassemia. Os 
pacientes com HAR devem ser triados com 
aferição da aldosterona plasmática e atividade 
da renina. As principais causas são hiperplasia 
adrenal (mais comum) e adenoma, que podem 
ser identificadas com TC ou RM de abdome 
(YUGAR-TOLEDO et al., 2020; MUX-
FELDT et al., 2019; BARROSO et al., 2021). 
A estenose de artéria renal pode ocorrer 
por displasia fibromuscular, em pacientes 
mais jovens, ou mais comumente, por ateros-
clerose. Pode-se suspeitar da estenose de arté-
ria renal em pacientes com sopro abdominal 
ou que apresentem alteração da função renal 
após introdução de medicações que blo-
queiam o sistema renina-angiotensina-aldos-
terona (SRAA). A maioria dos pacientes com 
HAR devem ser rastreados com exames de 
imagem não invasivos, principalmente paci-
entes que sabidamente possuem doença arte-
rosclerótica em outros leitos vasculares. Após 
o diagnóstico com exames de imagem como 
US com doppler, angioTC ou angioRM, deve-
se instituir tratamento clínico ou intervencio-
nista. O tratamento clínico é preferencial, uti-
liza-se fármacos que bloqueiam o SRAA, para 
reduzir a hiperfiltração no rim contralateral e 
a proteinúria. É importante a monitorização 
adequada do potássio e da creatinina A abor-
dagem intervencionista é recomendada para 
aqueles com HAR ou hipertensão arterial ace-
lerada com perda progressiva da função renal, 
com estenose bilateral ou estenose em rim 
único (YUGAR-TOLEDO et al., 2020;MUXFELDT et al., 2019; BARROSO et al., 
2021). 
 
Lesão de Órgãos-alvo 
Os pacientes com HAR têm maior preva-
lência de lesão de órgãos-alvo (LOA). Nela, 
ocorre disfunção endotelial, que promove va-
soconstrição e remodelamento vascular. O 
comprometimento macrovascular é caracteri-
zado por doença ateosclerótica coronariana, 
cerebral e periférica. Pode haver também re-
modelamento cardíaco, com hipertrofia ven- 
 
 
80 
 
tricular esquerda (HVE) e disfunção diastólica 
do ventrículo esquerdo. A doença renal crô-
nica está associada a HAR, podendo ser causa 
ou consequência. A hiperfiltração e hipertro-
fia glomerular culminam em glomeruloescle-
rose (DOROSZKO et al., 2016; YUGAR- 
TOLEDO et al., 2020). 
Assim, ao diagnóstico, é importante que os 
pacientes sejam rastreados para LOAS. Reco-
menda-se realização de eletrocardiograma, 
função renal, albuminúria ou relação prote-
ína/creatinina. É importante também exames 
para avaliação de perfil metabólico e comor-
bidades associadas. A albuminúria e redução 
do ritmo de filtração glomerular identificam 
pacientes com alto risco renal e cardiovascu-
lar, sendo uma meta terapêutica a diminuição 
da proteinúria (YUGAR-TOLEDO et al., 
2020; MUXFELDT et al., 2019). 
 
Tratamento 
O tratamento da HAR envolve a associa-
ção da adoção de modificações no estilo de 
vida e medicamentos anti-hipertensivos que 
tenham ação sobre a maioria dos mecanismos 
fisiopatológicos de elevação da PA, Figura 
9.2 (BROOK & TOWNSEND, 2023; BAR-
ROSO et al., 2021). 
1) Não farmacológico: 
Sabe-se que modificações no estilo de 
vida, como prática de exercício físico, perda 
ponderal e dieta são eficazes na redução do 
risco cardiovascular nos pacientes em geral, e 
podem reduzir a pressão arterial. Poucos estu-
dos, até então, foram feitos especificamente 
para a população com HAR (BROOK & 
TOWNSEND, 2023; OZEMEK et al., 2020). 
Recomenda-se que a ingestão de sódio 
seja de 1,5 g/dia. A restrição de sódio compro
vadamente reduz a PA, uma vez que a sensi-
bilidade ao sódio e a sobrecarga volêmica res-
pondem pelo principal mecanismo fisiopato-
lógico da HAR (YUGAR-TOLEDO et al., 
2020). 
A atividade física também se mostrou be-
néfica na HAR, atenua a ativação neuro-hu-
moral e reduz a mortalidade. Exercícios físi-
cos aeróbicos, bem como exercícios resistidos 
mostraram-se benéficos na redução da PA 
imediatamente após sua realização e cronica-
mente (BROOK & TOWNSEND, 2023; 
OZEMEK et al., 2020). 
Apesar de não haver estudos sobre a redu-
ção da ingestão de álcool e controle da PA em 
hipertensos resistentes, recomenda-se a redu-
ção ou cessação do etilismo. Essa recomenda-
ção pode ser extrapolada por estudos que de-
monstram redução da PA em pacientes hiper-
tensos que reduziram o consumo de álcool 
(ROERECKE et al., 2017). 
Nos pacientes com insuficiência cardíaca 
ou doença arterial coronariana é preferível um 
betabloqueador (BB) ao invés do bloqueador 
de canal de cálcio no esquema inicial (BAR-
ROSO et al., 2021). 
Nos pacientes que já estejam em uso do es-
quema tríplice inicial citado anteriormente e 
ainda não alcançaram metas pressóricas, a pri-
meira estratégia é trocar o diurético para um 
mais potente. Em pacientes com clearance de 
creatinina acima de 30, recomenda-se a subs-
tituição da hidroclorotiazida por indapamida 
ou clortalidona. Já nos pacientes com clea-
rance de creatinina abaixo de 30, deve-se tro-
car para um diurético de alça (furosemida). 
Durante a troca de medicações, é essencial 
manter a vigilância quanto a distúrbios hidro-
eletrolíticos (BROOK & TOWNSEND, 
2023). 
 
 
81 
 
Figura 9.2 Manejo da HAR 
 
Fonte: BROOK & TOWNSEND, 2023. 
 
Alguns pacientes ainda não atingem a 
meta pressórica com esquema anti-hiperten-
sivo com quatro medicamentos. Nestes casos, 
há pouca evidência quanto a quinta ou sexta 
droga a ser acrescentada ao esquema 
(BROOK & TOWNSEND, 2023). 
Deve-se avaliar características individuais 
dos pacientes. Nos pacientes com frequência 
cardíaca acima de 70 batimentos por minuto, 
por exemplo, pode ser benéfico um betablo-
queador, de preferência com ação vasodilata-
dora. Como última estratégia pode-se citar: 
Os anti-hipertensivos de ação central como 
clonidina (preferencial); latadores diretos 
como hidralazina e minoxidil (BROOK & 
TOWNSEND, 2023; BARROSO et al., 
2021). 
2) Novos tratamentos: 
Nos últimos anos, diversos tratamentos in-
tervencionistas experimentais têm ganhado 
espaço, principalmente nos pacientes não res- 
 
 
ponsivos ao tratamento clínico. Dentre eles, o 
estímulo direto do seio carotídeo é capaz de 
levar ao aumento da atividade dos barorrecep-
tores, com consequente redução da atividade 
simpática e da pressão arterial. A denervação 
renal entra também como uma nova opção te-
rapêutica, capaz de reduzir a atividade renal 
eferente, com consequente aumento do fluxo 
sanguíneo renal, diminuição da ativação do 
SRAA e da retenção de água. Por meio da de-
nervação, é possível também reduzir a ativi-
dade aferente renal, o que leva a diminuição 
da ação simpática no sistema cardiovascular 
(YUGAR-TOLEDO et al., 2020). 
Esses tratamentos, além de invasivos, 
apresentam alto custo e importantes efeitos 
colaterais. Dessa forma, devem ser bem indi-
cados e realizados apenas em centros de refe-
rência treinados para o procedimento (YU-
GAR-TOLEDO et al., 2020). 
 
 
82 
 
CONCLUSÃO 
A HAR é uma condição relativamente pre-
valente entre os hipertensos em geral. O au-
mento do risco cardiovascular e de LOAS 
neste grupo de pacientes, faz com que seja es-
sencial o diagnóstico e manejo adequados. 
Quanto ao diagnóstico, deve-se garantir a 
medição precisa da PA e uma adesão ade-
quada à terapia medicamentosa anti-hiperten-
siva, bem como a maioria dos pacientes com 
HAR deve ser avaliado em relação a condi-
ções secundárias coexistentes. 
Em relação ao manejo, primeiramente 
deve-se enfatizar e garantir mudança de estilo 
de vida, com dieta hipossódica e prática de 
exercício físico. O tratamento medicamen-
toso, deve se apoiar na intensificação da tera-
pia diurética, destacando o papel da espirono-
lactona como quarta droga do esquema anti-
hipertensivo. Em pacientes refratários às es-
tratégias convencionais, novas abordagens 
como estímulo direto do seio carotídeo e de-
nervação renal têm sido estudadas, porém 
mais estudos são necessários para mostrar real 
benefício e segurança dessas intervenções. 
 
 
 
83 
 
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84 
 10.29327/5198921.7-10 
 
 
 
 CAPÍTULO 10 
COMPLICAÇÕES GERADAS PELO 
DIAGNÓSTICO TARDIO EM 
CASOS DE COMUNICAÇÃO 
INTERATRIAL 
 
 
 
MARIANA MENEZES RONDON¹ 
ANNIELE ELINE LIMA MENEZES1 
WANESSA FERNANDES GOMES1 
ISABELI MARIA MANSANO PARDI1 
BRUNA KATHARINE CAVALCANTE NASCIMENTO1 
ANA CLÁUDIA ZANDONA DE PAULA MATTOS1 
RENATA GONÇALVES SILVA SANTOS1 
VALÉRIA SANTOS DE JESUS2 
 
 
 
 
 
 1Discente - Medicina do Centro Universitário São Lucas 
2Docente - Instituto Cardiovascular de Rondônia (Incardio Rondônia) 
 
 
 
 
Palavras-chave: Comunicação; Átrio; Cardiopatia. 
 
 
 
85 
 
INTRODUÇÃO 
A comunicação interatrial (CIA) se enqua-
dra dentre as cardiopatias congênitas acianóti-
cas de shunt esquerdo-direito, além disso exis-
tem 4 tipos de comunicação interatrial: Ostium 
secundum, Ostium primum, seio venoso, seio 
coronário. Independentemente da classificação, 
se caracteriza pelo desenvolvimento anormal 
do septo que divide os átrios e, consequente-
mente, permanência de um orifício na parede 
que divide essas câmaras. Em decorrência 
disso, o pulmão recebe um hiperfluxo sanguí-
neo tolerado, de maneira silenciosa, o que faz 
com que na grande maioria das vezes, essa do-
ença tenha um diagnóstico tardio, podendo per-
manecer assintomática ao longo de muitos anos 
na vida de indivíduos portadores dessa condi-
ção (RIBEIRO et al., 2017; BRAGA et al., 
2019). Nos casos em que o paciente apresenta 
manifestações clínicas é possível encontrar dis-
pnéia, sudorese e dificuldade para se alimentar. 
Diante disso, é possível observar que por ser um 
quadro de diagnóstico tardio, os pacientes apre-
sentam complicações no coração e pulmões 
(BRAGA et al., 2019). 
Nessa cardiopatia, como já dito anterior-
mente, há o aumento do fluxo sanguíneo para 
os pulmões, isso pode gerar hipertensão pulmo-
nar e doença obstrutiva vascular pulmonar, já 
em alguns casos pode acarretar também em in-
suficiência cardíaca congestiva nas crianças. 
Além disso, outras complicações são arritmias 
atriais como fibrilação atrial e flutter e, conse-
quentemente, há um risco maior para eventos 
trombóticos. Alguns portadores dessa condição 
podem desenvolver a Síndrome de Eisenmen-
ger, a qual se caracteriza pelo aumento da resis-
tência pulmonar com chance de progressão da 
hipertensão pulmonar. Essa condição gera in-
versão de shunt, tornando o paciente cardiopata 
cianótico e com um prognóstico ruim (BRAGA 
et al., 2019). 
Os exames de imagem como o ecocardio-
grama transtorácico e transesofágico são neces-
sários para avaliar cada caso, como a forma, ta-
manho, padrão de fluxo e localização do defeito 
do septo interatrial e após isso definir o trata-
mento a ser realizado. Na CIA tipo Ostium se-
cundum, a terapêutica de escolha é o fecha-
mento percutâneo. No entanto, em situações em 
que a anatomia não é favorável, pode ser indi-
cada a correção cirúrgica. Para os demais tipos 
de CIA, indica-se o tratamento cirúrgico con-
vencional infeccioso (RIBEIRO et al., 2017). 
O capítulo tem como objetivo reunir conhe-
cimentos acerca das complicações que o diag-
nóstico tardio de casos de CIA podem gerar e 
realizar uma análise das informações coletadas. 
 
MÉTODO 
 Trata-se de uma revisão de literatura narra-
tiva e um estudo quantitativo-qualitativo, onde 
foram analisados os artigos científicos que 
abordam sobre as complicações que acometem 
os indivíduos que possuem o diagnóstico tardio 
da comunicação interatrial, principalmente as 
manifestações clínicas. As pesquisas foram fei-
tas nas bases de dados do PubMed, Biblioteca 
Virtual em Saúde e SciELO, do qual apresenta-
vam relação com o tema abordado. Foram utili-
zados os descritores: Comunicação interatrial, 
septo interatrial, persistência e cardiopatias 
congênitas. 
Assim, foram encontrados dez artigos, pos-
teriormente submetidos aos critérios de seleção. 
As informações e conteúdo foram analisadas e 
escolhidas de forma minuciosa e que tivessem 
caráter mais relevante e acessível, dessa forma 
foi abordada a temática do estudo. Além disso, 
foram utilizados critérios de inclusão artigos 
 
86 
 
publicados nos anos de 2003 a 2023, nos idio-
mas português e inglês e que abordavam o con-
ceito, a fisiopatologia da doença, o diagnóstico, 
fatores de risco e manifestações clínicas e do-
enças associadas devido às complicações da do-
ença. Os critérios de exclusão foram artigos que 
se apresentavam apenas na forma de resumo, 
artigos duplicados, que não abordavam o tema 
proposto e que não estavam inseridos nos crité-
rios de inclusão. As pesquisas foram feitas no 
mês de fevereiro de 2023. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A comunicação interatrial permite que o 
sangue rico em oxigênio passe do átrio es-
querdo através do defeito (abertura) no septo, e 
mistura-se com o sangue rico em gás carbônico 
no átrio direito. Esse tipo de cardiopatia tem 
como característica estar presente desde o nas-
cimento, não causam nas extremidades e lábios 
cianose, por isso é conhecida por fazer parte do 
grupo das cardiopatias congênitas acianóticas 
(DANTAS, 2017). 
Por ser uma doença pouco sintomática, 
apresentando poucos sintomas durante décadas, 
é mais comum que seja diagnosticada apenas na 
vida adulta. Os problemas clínicos começam a 
aparecer por volta da 3°, 4°, 5° e às vezes até a 
6° década de vida, incluem arritmias secundá-
rias à dilatação atrial direita, doença vascular 
pulmonar, disfunção sistodiastólica esquerda, 
que esta última pode ser acarretada de uma al-
teração crônica da interatividade ventricular e 
anormalidade da contração do septo interventri-
cular (PEDRA et al., 2003). 
Esses problemas trazem consequências clí-
nicas como fadiga, cansaço, limitações de ativi-
dades diárias e consequentemente piora na qua-
lidade de vida. Portadores desse defeito congê-
nito tem um risco aumentado para desenvolver 
complicações como: Fibrilação atrial, circula-
ção pulmonar aumentada, insuficiência cardí-
aca e hipertensão pulmonar (DANTAS, 2017). 
O diagnóstico geralmente é sugerido pela 
presença de sopro cardíaco ejetivo em foco pul-
monar e 2° bulha com desdobramento constante 
e fixo em crianças com crescimento pôndero-
estatural normal, na radiografia de tórax são en-
contradas áreas cardíacas discretamente au-
mentadas, hiperfluxo pulmonar e abaulamento 
do tronco pulmonar, o eletrocardiograma geral-
mente mostra a sobrecarga do ventrículo di-
reito, mas às vezes esses achados são passados 
por despercebido e acontece o diagnóstico ape-
nas na fase adulta (PEDRA et al., 2003). 
São 4 tipos de comunicação interatrial, o 
Ostium secundum, que afeta a parte medial do 
septo interatrial, é o mais comum; o Ostium pri-
mum, que afeta a parte inferior, é muito comum 
na Síndrome de Down segundo uma pesquisa 
realizada em 1995 por Nunes et al., onde já 
mostrava que 6,75% de casos em sua pesquisa 
que tratava acerca da incidência de cardiopatias 
congênitas na Síndrome de Down, eram de Co-
municação Interatrial do tipo Ostium primum, e 
apenas 2,25% dos casos eram do tipo Ostium 
primum. 
Além do mais, a CIA é a cardiopatia congê-
nita mais prevalente relacionada a etiopatoge-
nia da hipertensão pulmonar podendo evoluir 
para Síndrome de Einsenmenger, a qual se apre-
senta como a versão mais temível da hiperten-
são pulmonar secundária a derivações não cor-
rigidas de fluxo sanguíneo da esquerda para a 
direita devido ao seu grande poder de morbi-
mortalidade causadas por hipoxemia e altera-
ções hematológicas secundárias. Com isso, elu-
cida-se uma complicação extremamente inde-
sejáveldo diagnóstico tardio da comunicação 
interatrial, porque sua possibilidade de evolu-
ção para este quadro acontece em 4-6% das ve-
zes. O tratamento de escolha para a Síndrome 
 
87 
 
de Einsenmenger perpassa pela correção da 
CIA (LIMA et al., 2017). Ademais, a ocorrên-
cia da regurgitação tricúspide, que tem como 
uma das principais causas a hipertensão pulmo-
nar, pode ter como causa a CIA com sobrecarga 
de volume devido à dilatação cardíaca direita e 
do anel tricúspide (DONAL & YAMADA, 
2022). 
Eventos embólicos sistêmicos podem ocor-
rer em importante parte dos pacientes com en-
docardite infecciosa devido a comunicação in-
teratrial concomitante, pois 40 a 50% desses ca-
sos apresentam embolias quando diagnostica-
dos. É necessário salientar que a endocardite é 
uma doença que predispõe a formação de trom-
bos, porém, como já evidenciado, a CIA traz 
uma problemática ainda maior devido a facili-
tação da disseminação do êmbolo (SOCESP, 
2022). 
Ademais, a fibrilação atrial, segundo Mo-
reira et al., (2009), é uma das principais arrit-
mias cardíacas e possui sintomas como dis-
pneia, palpitações, precordialgia, além de risco 
de tromboembolismo sistêmico. De acordo com 
Chen et al., (2022), grandes defeitos do septo 
atrial estão grandemente associados com a fi-
brilação atrial, a qual possui baixos níveis de re 
cuperação. 
 
CONCLUSÃO 
Indivíduos que possuem comunicação inte-
ratrial possuem um risco elevado de desenvol-
verem futuras complicações cardíacas, entre-
tanto, vale destacar que esse defeito congênito 
evolui de maneira silenciosa e se manifesta com 
mais frequência na fase adulta e na senescência, 
devido a isso, grande parte dos pacientes procu-
ram atendimento somente quando os problemas 
clínicos começam a ser mais evidentes, como a 
fadiga e cansaço. Assim sendo, é necessário in-
vestigar a existência desse defeito em pacientes 
que apresentem os sinais clínicos expostos 
acima. Além disso, a comunicação interatrial 
gera um aumento de pressão nos pulmões, o que 
gera uma sobrecarga no coração e intensifica 
sintomas como dispneia e cianose, caracteri-
zando-se com alto grau de mortalidade na fase. 
Assim, é de extrema importância abordar a te-
mática nos dias atuais, visando esclarecer e 
conscientizar a população e os profissionais de 
saúde acerca da importância do diagnóstico pre-
coce dessa cardiopatia, para que ocorram me-
nos desfechos negativos. 
 
 
 
88 
 
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http://portal.revistas.bvs.br/transf.php?xsl=xsl/titles.xsl&xml=http://catserver.bireme.br/cgi-bin/wxis1660.exe/?IsisScript=../cgi-bin/catrevistas/catrevistas.xis%7Cdatabase_name=TITLES%7Clist_type=title%7Ccat_name=ALL%7Cfrom=1%7Ccount=50&lang=pt&comefrom=home&home=false&task=show_magazines&request_made_adv_search=false&lang=pt&show_adv_search=false&help_file=/help_pt.htm&connector=ET&search_exp=Rev.%20Ci%C3%AAnc.%20M%C3%A9d.%20Biol.%20(Impr.)
 
89 
 10.29327/5198921.7-11 
 
 
 
 CAPÍTULO 11 
CIRURGIAS CARDÍACA 
CONGÊNITAS: 
EVOLUÇÕES E DESAFIOS 
 
KARLA PINHEIRO PERES¹ 
GABRIEL MOREIRA ROMÃO¹ 
ALEXANDRE RIBEIRO DE OLIVEIRA¹ 
BÁRBARA SALES NICOLAU¹ 
CARLOS ANDRÉ DOS REIS URSULINO SOARES¹ 
FELIPE DE OLIVEIRA DUARTE¹ 
JANAYNNA VIEIRA DIAS¹ 
LAYALA STEFANE DE PAULA BARBOSA¹ 
RENAN FELIPE SAMPAIO MOREIRA¹ 
MARCOS ANTONIO CANTERO² 
 
 
 
1Discente - Medicina na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) 
2Docente UFGD - Doutorado em Ciências da Saúde na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) 
 
 
 
Palavras-chave: Cardiopatia congênitas; Cirurgias cardíacas congênitas; Tratamento cardiopatias congênitas. 
 
 
90 
 
INTRODUÇÃO 
As cardiopatias congênitas são alterações 
estruturais do coração que têm a capacidade de 
afetar o crescimento e o desenvolvimento da 
criança (GALLON et al., 2022). A primeira ci-
rurgia para correção de uma cardiopatia congê-
nita foi realizada em 1938. No Brasil, a primeira 
ocorreu 10 anos depois, em 1948, quando Ar-
thur Domingues Pinto realizou a cirurgia de 
Blalock-Taussig, quatro anos depois de ter sido 
feita pela primeira vez (OLIVEIRA et al., 
2021). Com o avanço das técnicas e tecnologias 
para facilitar o tratamento cirúrgico de doenças 
cardíacas como, por exemplo, a circulaçãoex-
tracorpórea - utilizada pela primeira vez em 
1951 - houve aumento da possibilidade de tra-
tamento e diminuição da mortalidade de cardi-
opatias congênitas diagnosticadas. No Brasil, as 
cardiopatias congênitas estão presentes em 
cerca de 0,9% dos nascidos, sendo que as cia-
nóticas necessitam de tratamento cirúrgico por 
serem mais graves, entre essas, a mais comum 
é a Tetralogia de Fallot. As acianóticas, in-
cluem, por exemplo, a comunicação interatrial 
(CIA), comunicação interventricular (CIV) de-
feito do septo atrioventricular, estenose aórtica, 
persistência do canal arterial (PCA) e coarcta-
ção da aorta (SILVA et al., 2018). 
As cardiopatias congênitas podem exigir di-
ferentes procedimentos dependendo da idade 
do paciente, das características morfológicas da 
patologia e das repercussões clínicas. Como 
exemplos de procedimentos cirúrgicos para es-
sas cardiopatias, podem ser citados: Inserção de 
retalho de tecido animal ou sintético em casos 
de comunicação interventricular; aortoplastia 
como a de Waldhausen ou Teles de Mendonça 
para coarctação de aorta; cirurgia de Blalock-
Taussig-Thomas para T4F; cirurgia de Jatene 
para transposição de grandes artérias; cirurgia 
do cone para anomalia de Ebstein, dentre ou-
tras. Geralmente, há mais de uma opção de tra-
tamento para cada cardiopatia, mesmo que já 
estejam apresentando repercussões mais graves 
(JATENE, 2002; NEVES, 2020). 
A evolução dos procedimentos cirúrgicos, 
assim como das informações relacionadas às 
cardiopatias, possibilita uma melhora da qua-
lidade de vida do paciente, que outrora, carre-
garia a doença ou suas sequelas para o resto da 
vida. As questões sobre a realização de um pro-
cedimento cirúrgico, podem incluir, por exem-
plo, em qual idade ele é feito, como na transpo-
sição de grandes artérias ou coração univentri-
cular. Em relação aos fatores que favorecem a 
necessidade da correção cirúrgica de uma car-
diopatia, além do fato de geralmente haver um 
comprometimento total da função do coração 
ao longo dos anos, é a relação do coração com 
o pulmão e a oxigenação do sangue, já que al-
terações estruturais e o comprometimento fun-
cional do coração podem ser a origem desde 
uma leve diminuição da hematose até um 
edema pulmonar agudo (BARROS et al., 
2018). 
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde 
(2022), anualmente, cerca de 30.000 bebês nas-
cem com cardiopatias congênitas e, aproxima-
damente, 12.000 precisam realizar uma cirurgia 
já no primeiro ano de vida. Diante de números 
tão expressivos, a busca e o aprimoramento do 
conhecimento acerca dos procedimentos, inclu-
indo cirúrgicos, que servem para tratamento 
dessas patologias, se fazem cada vez mais ne-
cessários. 
O objetivo desse capítulo foi realizar uma 
revisão bibliográfica acerca da evolução e do 
cenário atual do tratamento cirúrgico das car-
diopatias congênitas no Brasil, com foco na efe-
tividade das técnicas e a relação com a sobre-
vida dos pacientes após os procedimentos, além 
da análise de quais delas são mais recentes ou 
 
91 
 
quais são as mais frequentemente utilizadas, 
por seus benefícios, pelos cirurgiões. 
 
MÉTODO 
A metodologia aplicada ao estudo, teve ca-
ráter exploratório com abordagem qualitativa 
em fontes bibliográficas, sendo este estudo rea-
lizado no período de dezembro de 2022 à ja-
neiro de 2023. Utilizou-se para a elaboração do 
capítulo as bases de dados PubMed, SciELO 
Acadêmico, Lilacs, Scopus e Cochrane. Relaci-
onando os descritores “Cirurgia cardiopatia 
congênita”, “Cardiopatia congênita”, “Cardio-
patia congênita no Brasil”, "Cirurgias cardíacas 
cianóticas", “Tratamento cirúrgico de cardiopa-
tias congênitas”, “Cardiopatias congênitas”, 
“Cardiopatias congênitas e tratamento”, “Car-
diopatias congênitas e técnicas”, “Tetralogia de 
Fallot”, “Tetralogy of Fallot”, “Comunicação 
interatrial”, “Interatrial communication”, “Co-
municação interventricular” e “Interventricular 
communication" ao cenário atual do tratamento 
cirúrgico das cardiopatias congênitas no Brasil. 
Foram selecionados ao todo 20 artigos, nos idi-
omas português e inglês, relacionados às prin-
cipais cardiopatologias congênitas acianogêni-
cas e cianogênicas. Ademais foram incluídos os 
artigos que abordassem a efetividade das técni-
cas e a sobrevida dos pacientes pós tratamento 
cirúrgico, além de artigos que analisaram com-
parativamente as técnicas usadas para a aborda-
gem em cada tipo de patologia congênita, desde 
que estes fossem publicados no período das úl-
timas duas décadas. Não foi considerada qual-
quer restrição quanto aos tipos de estudos abor-
dados nos artigos científicos, no entanto, foram 
considerados como critérios de exclusão os ar-
tigos anteriores ao período selecionado para o 
estudo. Além disso, como esgotar a temática 
não era o objetivo final desta pesquisa, não fo-
ram feitas análises sistemáticas dos artigos, mas 
sim, apenas uma seleção suficiente para forne-
cer um panorama geral sobre o assunto. Poste-
riormente a seleção, os textos foram submetidos 
à leitura e a uma análise meticulosa para a co-
leta de dados e informações relevantes para o 
desenvolvimento do capítulo. Os resultados fo-
ram apresentados em forma de discussão. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Embora muitos pacientes cardiopatas adqui-
ram uma condição de saúde estável, parte deles 
apresenta defeitos residuais e sequelas impor-
tantes na vida adulta, apesar de inúmeras corre-
ções cirúrgicas. As cardiopatias congênitas são 
consideradas condições crônicas devido aos fa-
tores que as acompanham em longo prazo e que 
interferem na vida diária desses pacientes, in-
cluindo a incerteza em relação ao curso da do-
ença, o prognóstico, os sinais e sintomas, e as 
restrições na atividade física (MOONS et al., 
2002). 
A investigação da qualidade de vida nessa 
população, em diversas faixas etárias, tem ga-
nhado maior atenção como um importante des-
fecho de saúde, não só relacionado a sintomas e 
condições clínicas, mas também em termos do 
seu nível de bem-estar e satisfação com a vida 
como um todo (MOONS et al., 2002). 
Os avanços nas técnicas de cirurgia cardíaca 
e o diagnóstico precoce têm possibilitado maior 
sobrevida de indivíduos com cardiopatias con-
gênitas. A investigação da qualidade de vida em 
crianças e adolescentes com cardiopatias con-
gênitas fornece informações complementares 
aos dados clínicos que podem auxiliar na to-
mada de decisão dos profissionais de saúde 
(BERTOLETTI et al., 2014). 
O tratamento cirúrgico das cardiopatias 
congênitas, sejam cianogênicas ou acianogêni-
cas, deve-se basear no princípio básico de pro-
curar, sempre que possível, devolver ou ofere-
 
92 
 
cer à criança portadora de cardiopatia adequada 
qualidade de vida, com redução ou abolição de 
sintomas, bem como perspectiva de sobrevida a 
longo prazo. Em algumas situações, os sinto-
mas são pouco importantes, ficando a ideia de 
oferecer o tratamento sob o ponto de vista pre-
ventivo, uma vez que se conheça a história na-
tural da cardiopatia em questão. Na dependên-
cia do tipo de cardiopatia, o tratamento cirúr-
gico definitivo deve ser considerado opção ini-
cial e imediata, com excelentes perspectivas fu-
turas. Um exemplo são os neonatos portadores 
de transposição das grandes artérias, situação 
em que o tratamento preconizado deve ser a 
correção definitiva nos primeiros dias de vida, 
com sobrevida tanto imediata como a longo 
prazo extremamente favorável. Ao contrário, 
em neonatos portadores de coração univentricu-
lar e hipofluxo pulmonar, deve-se pensar na 
possibilidade imediata de correção paliativa por 
meio de “shunt” sistêmico pulmonar, ficando a 
correção definitiva postergada para um mo-
mento mais adequado dentro da evolução da 
criança. Como regra geral, uma vez feito o di-
agnóstico da cardiopatia, deve-se pensar na cor-
reção do defeito, em momento adequado para 
cada caso em particular, na dependência do 
grau de repercussão clínica e da magnitude do 
defeito (JATENE, 2002). 
A DoençaCardíaca Congestiva (DCC) crí-
tica costuma ser letal quando o paciente não é 
operado no primeiro ano de vida. Desde o pri-
meiro reparo com uso de circulação extracorpó-
rea em 1953, o diagnóstico preciso e o trata-
mento eficaz tornaram-se factíveis, mesmo tra-
tando-se de lesões cardíacas incorporadas mais 
complexas. As terapias cirúrgicas efetivamente 
garantiram a expectativa de vida (ZANINI, 
2022). 
A taxa de sobrevivência em crianças com 
cardiopatia aumentou e sobreviveu desde a dé-
cada de 1980. Atualmente, mais de 85% das cri-
anças com DCC podem atingir a idade adulta. 
Apesar da melhora na sobrevida desses pacien-
tes nas últimas décadas, seu manejo ainda é 
complexo devido à fisiologia cardíaca e pulmo-
nar que são interdependentes. As complicações 
pulmonares de DCC são multifatoriais, bem 
como podem ser consideradas, em decorrência 
de complicações ou perturbação das forças de 
Starling. Em certos tipos de DCC, essas altera-
ções levaram a danos na membrana alvéolo-ca-
pilar e edema pulmonar. Por sua vez, tais lesões 
resultam em pulmões com baixa complacência 
e com um padrão de função restritivo que pode 
se deteriorar e evoluir para hipoxemia. Sob tais 
circunstâncias, a capacidade do coração de au-
mentar o fluxo sanguíneo sistêmico e/ou pul-
monar é frequentemente limitada. A pressão 
parcial de oxigênio arterial pode ser diminuída 
por lesões de shunt a distribuição de oxigênio 
não pode atender às necessidades dos tecidos. 
Frequentemente, o distúrbio circulatório tam-
bém exerce pressão sobre o próprio sistema 
controlado. Patologias em ambos os sistemas 
coexistem constantemente e impactam uns aos 
outros, tornando o diagnóstico e o manejo dos 
pacientes mais exigentes (ZANINI, 2022). 
No Brasil, os achados observacionais apon-
taram que o perfil dos pacientes com cardiopa-
tias congênitas foi de lactentes, pré-escolares e 
escolares, sem predomínio de gênero. Observa-
se maior prevalência das cardiopatias congêni-
tas acianóticas. Por outro lado, a maioria do nú-
mero de óbitos estava entre as cardiopatias cia-
nóticas (ZANINI, 2022). 
Apesar das melhorias na sobrevida precoce 
após cirurgia cardíaca, os pacientes ainda têm 
morbidade e mortalidade a curto e longo prazo. 
Para desenvolver estratégias mais individuali-
zadas, é necessário aprofundar nosso conheci-
mento dos fatores preditores que trabalham um 
 
93 
 
paciente em risco após cirurgia cardíaca. Dados 
sugerem que fatores preditores não tradicional-
mente incorporados aos modelos de risco po-
dem ter um impacto importante nos resultados. 
Esses fatores explicam uma proporção relativa-
mente pequena de variação na mortalidade to-
tal. Esta variação sem explicação destaca a ne-
cessidade de explorar novos fatores preditores 
em pacientes que requerem cirurgia cardíaca 
(ZANINI, 2022). 
Por fim, podemos considerar que aborda-
gens inovadoras para procedimentos, gerencia-
mento de pacientes e pesquisa clínica tiveram o 
campo da medicina cardiovascular pediátrica 
desde o seu início. A evolução no diagnóstico e 
tratamento dos defeitos anatômicos cardiovas-
culares em um ambiente hospitalar apresenta 
potencial para o desenvolvimento de novos mo-
delos de atendimento. Esses modelos serão cen-
trados no paciente e cada vez mais personaliza-
dos, com abordagens mais assertivas, dado o 
perfil de risco individual. Evitando assim even-
tos adversos, otimizando a sobrevida, a funcio-
nalidade e a qualidade de vida dos pacientes 
(ZANINI, 2022). 
Em se tratando de classificação, em virtude 
da baixa concentração de oxigênio no sangue – 
hipóxia, as cardiopatias congênitas podem ser 
classificadas em cianóticas e acianóticas, sendo 
as acianóticas as mais prevalentes (ZANINI, 
2022). As cardiopatias congênitas classificadas 
como acianóticas são: Comunicação interatrial 
(CIA), a comunicação interventricular (CIV), 
defeito no septo atrioventricular total (DSAVT) 
ou parcial (DSAVP), a estenose aórtica, persis-
tência do canal arterial (PCA) e a coartação da 
aorta (CoA), ao passo que entre as cianóticas 
está a T4F, sendo a mais prevalente e que apre-
senta maior gravidade no quadro do paciente 
(SILVA et al., 2022). 
À exceção de casos de persistência do canal 
arterial e coartação de aorta, o tratamento cirúr-
gico da maioria das cardiopatias congênitas, se-
jam cianóticas ou acianóticas, necessitam da 
utilização de equipamento auxiliar para circula-
ção extracorpórea (BISCEGLI, 2002). 
Dentre as malformações cardíacas cianóti-
cas, ou seja, que cursam com hipóxia, a Tetra-
logia de Fallot (T4F) é a mais prevalente, aco-
metendo cerca de três a cada 10.000 nascidos 
vivos no mundo, com incidência maior em pa-
cientes do sexo masculino (KUPAS et al., 
2021). Essa malformação, sugestivamente, se 
caracteriza por quatro defeitos congênitos na 
anatomia do coração: Comunicação interventri-
cular, estenose da valva pulmonar, hipertrofia 
ventricular direita e dextroposição da artéria 
aorta. 
Basicamente, a fisiopatologia dessa doença 
gira em torno do defeito do septo interventricu-
lar, o qual gera comunicação interventricular 
(CIV) e obstrução da via de saída do ventrículo 
direito, duas características que dificultam a sa-
ída do sangue não oxigenado do ventrículo di-
reito para a circulação pulmonar e acarretam a 
hipertrofia do ventrículo direito. Dessa ma-
neira, o sangue é impulsionado para o ventrí-
culo esquerdo e se mistura com o sangue oxige-
nado, sendo levado à circulação sistêmica, o 
que também é facilitado pela dextroposição da 
aorta. Essa obstrução severa ao fluxo sanguíneo 
pulmonar e circulação de sangue não oxigenado 
pelo corpo levam a uma insaturação sistêmica 
e, portanto, à hipóxia prolongada (CHAMIÉ, 
2021). 
A importância de um tratamento definitivo, 
comumente realizado entre três e seis meses de 
idade, está nas dimensões que as consequências 
graves da hipoxemia crônica progressiva po-
dem causar. Esse tratamento se dá através de ci-
rurgia cardíaca aberta, modalidade mais tradici-
 
94 
 
onal de tratamento, a qual possibilita a correção 
da anatomia cardíaca e normaliza a saturação 
do fluxo sistêmico (CHAMIÉ, 2021). No en-
tanto, alguns pacientes não são candidatos à ci-
rurgia aberta e necessitam de procedimentos pa-
liativos da cardiologia intervencionista para au-
mentar a saturação sistêmica via cateterismo. 
Atualmente, discute-se que, com os avanços da 
cardiologia intervencionista, o tratamento da 
T4F será feito interventivamente em até duas 
décadas, no entanto, não houve relato de ne-
nhum reparo completo transcateter até o mo-
mento. É necessário que essa abordagem trans-
cateter também mostre viabilidade e segurança 
comparáveis ao padrão atual de tratamento, 
visto que a taxa de mortalidade e reoperação é 
muito baixa no reparo da T4F em situações pa-
drão (RAHMATH & BOUDJEMLINE, 2020). 
Já entre as malformações cardíacas acianó-
ticas, pode-se citar, por exemplo, a persistência 
do canal arterial (PCA). Trata-se de uma estru-
tura arterial que comunica duas grandes arté-
rias, aorta e pulmonar, que possuem diferentes 
resistências; ela encontra-se presente no feto e, 
sua persistência após o nascimento, torna-a pa-
tológica. Ela ocorre entre 5 a 10% dos recém-
nascidos a termo com doença cardíaca congê-
nita, existindo uma predileção pelo sexo femi-
nino. Para o tratamento, é indicada a interven-
ção cirúrgica, na qual o procedimento se inicia 
com uma incisão torácica posterolateral de 1,5 
a 2,0 cm, dissecção dos planos subcutâneos e 
muscular, dissecção do plano da pleura costal 
ou abertura da pleura até o mediastino médio. 
Em seguida, há a dissecção do canal arterial, tri-
pla clipagem com clip cirúrgico correspondente 
ao tamanho do canal, drenagem pleural, quando 
se abre a cavidade, com selo de água e fecha-
mento por planos (PRADO et al., 2019). 
Os defeitos do septo ventricular (DSV) são 
as malformações cardíacas congênitas mais co-
muns, consistindo em defeitos no septo inter-
ventricular que permitem o shunt de sangue en-
tre asduas câmaras ventriculares (ANDERSON 
et al., 2019). O organismo deflagra diversas 
tentativas espontâneas de correção desses defei-
tos, porém, em médio ou longo prazo, isso pode 
alterar a estrutura e a função do coração, reper-
cutindo em manifestações clínicas importantes 
ao paciente, visto que essas lesões são um fator 
de risco para o desenvolvimento de endocardite 
infecciosa, por exemplo (RIVERA et al., 2008). 
Nos casos de comunicação interventricular, 
o tamanho do defeito determina a conduta 
quanto ao momento da indicação cirúrgica. Em 
casos de pequenos defeitos, pode-se adotar a 
atitude expectante, haja vista a possibilidade de 
ocorrer o fechamento espontâneo da comunica-
ção interventricular, sendo comum ocorrer em 
comunicação do tipo muscular, mas pode tam-
bém acontecer em interventricular perimembra-
nosa, caso o defeito apresentado seja pequeno, 
pois o tecido da cúspide septal da valva tricús-
pide pode se sobrepor e ocluir a comunicação 
interventricular (JATENE, 2002). No trata-
mento cirúrgico, há a recomendação da utiliza-
ção de remendo, podendo ser de pericárdio bo-
vino, ou autólogo, além de outros tecidos sinté-
ticos. A sutura contínua pode ser usada a fim de 
fixar o remendo, entretanto, acredita-se que a 
utilização de pontos separados pode apresentar 
maior eficiência (JATENE, 2002). Além do tra-
tamento cirúrgico, há a opção de realizar uma 
oclusão percutânea. Essa alternativa surgiu 
ainda na década de 1980, porém foi a partir do 
lançamento de prótese própria para esse proce-
dimento que ele passou a ser mais aceito. Uma 
das técnicas sugeridas é a via retrógrada para a 
oclusão percutânea das CIVs, a qual mostrou-
se eficaz, apesar do pequeno número de casos, 
em todos os tipos morfológicos de CIVs em que 
foi executada. Esse procedimento é realizado 
 
95 
 
sob anestesia geral, com intubação orotraqueal, 
sendo usados equipamentos como ETE e fluo-
roscopia para a confirmação de diagnóstico e 
obtenção de maiores detalhes anatômicos. Ade-
mais, nesse procedimento é realizada a profila-
xia antimicrobiana. 
A Comunicação Interatrial (CIA) é outro 
exemplo de malformação cardíaca acianótica e 
corresponde em torno de 6 a 10% de todas car-
diopatias congênitas, tendo predileção pelo 
sexo feminino na razão de 2:1 (COSTA et al., 
2013). O tratamento cirúrgico do tipo “ostium 
secundum” (70% dos casos) ocorre por meio de 
cirurgia aberta, onde se faz uma rafe da CIA, 
aproximando as bordas com sutura contínua, ou 
plastia com placa de pericárdio bovino ou autó-
logo, fixando a placa às bordas da CIA (JA-
TENE, 2002). No entanto, um estudo brasileiro 
de 2013 já apresentava evidências de que o tra-
tamento minimamente invasivo percutâneo em 
crianças e adolescentes deveria ser a modali-
dade terapêutica de eleição, apresentando baixa 
taxa de morbidade no grupo tratado de maneira 
percutânea (COSTA et al., 2013). 
 
CONCLUSÃO 
O presente capítulo tratou-se de uma revisão 
acerca do tópico de cardiopatias congênitas, al-
terações na estrutura do coração. Notou-se que 
a prevalência de cardiopatias congênitas no 
Brasil é de cerca de 0,9% dos nascidos, sendo 
que as cianóticas necessitam de tratamento ci-
rúrgico, devido maior gravidade por interferên-
cia na oxigenação geral do organismo. 
Ademais, ao abordar os impactos das cardi-
opatias congênitas na vida do paciente, discu-
tiu-se a interferência na vida diária, pelo caráter 
crônico da doença, e incerteza quanto à evolu-
ção e tratamento. O tratamento cirúrgico é a pri-
meira opção, sendo necessária uma análise pro-
funda sobre o melhor momento para realizá-lo. 
Tal patologia costuma ser letal quando não tra-
tada. Em casos leves pode-se optar por esperar 
para realizar a intervenção cirúrgica, uma vez 
que o defeito pode solucionar sozinho. Em ca-
sos mais graves, por outro lado, além do trata-
mento cirúrgico (com cirurgia normalmente 
aberta), há a opção de realizar uma oclusão per-
cutânea 
Além disso, infere-se que o manejo do paci-
ente cardiopata congênito é de difícil realiza-
ção, muitas vezes devido a complicações pul-
monares e alteração no fluxo sanguíneo, geral-
mente sendo necessária a circulação extracor-
pórea. 
Após a análise realizada, concluiu-se que as 
cardiopatias congênitas, embora alvo de diver-
sos estudos e mesmo com a evolução das técni-
cas cirúrgicas, são alterações altamente graves 
e que necessitam de um intenso acompanha-
mento e cuidado pela equipe e de um tratamento 
adequado, sistematizado e humanizado, le-
vando em conta os anseios do paciente e a re-
percussão do quadro clínico no seu cotidiano. 
 
 
96 
 
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97 
 10.29327/5198921.7-12 
 
 
 
CAPÍTULO 12 
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
SISTÊMICA: 
ABORDAGEM CLÍNICO-
EPIDEMIOLÓGICA 
RAYANE MANOEL GARCIA¹ 
RENAN MARIANO PEIXOTO¹ 
FERNANDA LÚCIA VITORINO DE MATTOS SILVA1 
GIULIA ZANIOL BOZZETTO1 
PAULO OTÁVIO DE SOUZA GOMES1 
CAMILA COSTA DE OLIVEIRA1 
EVELYN ANGREVSKI RODRIGUES1 
HIGOR COSTA CARVALHO1 
VINÍCIUS DA CRUZ SILVA1 
EDUARDA JUDITH DIAS JACOME SILVA1 
MARIA CLARA DE ALMEIDA SODRÉ1 
RAFAELLA RABELO SILVA1 
ERICK RODRIGUES MONTEIRO1 
MARIANY SOARES FERREIRA1 
TEREZA LUIZA BELLINCANTA FAKHOURI2 
 
 
 
1Discente – Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso 
2Docente – Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso 
 
 
 
Palavras-chave: Cardiologia; Hipertensão arterial; Epidemiologia. 
 
 
98 
 
INTRODUÇÃO 
Sabe-se que as doenças cardiovasculares 
são a principal causa de morte e atendimento de 
urgência em nosso país. Em 2017, das mais de 
1,3 milhão de mortes, cerca de 27% estavam 
associadas a doenças cardiovasculares, sendo 
que desses casos, 45% estavam filiadas à 
hipertensão arterial sistêmica (DE LIMA et al., 
2021). A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é 
uma doença crônica não transmissível que se 
caracteriza por níveis pressóricos maiores ou 
iguais a 140x90 mmHg que persistam ao menos 
em duas ocasiões de aferição (DO PRADO et 
al., 2022). 
Em 2000 a prevalência da HAS era de 25% 
nos adultos em todo o mundo (MACEDO et al., 
2019), porém dados mais recentes revelam que 
31% da população adulta tem esse diagnóstico 
(o correspondente a 1,2 bilhão de pessoas). No 
Brasil a perspectiva é a mesma, uma média de 
30% da população sendo portadora da doença 
(DE LIMA et al., 2021), sendo que mais de 
60% dos idosos estão incluídos nesse 
diagnóstico (DO PRADO et al., 2022). 
Entre alguns aspectos importantes para essa 
condição, dentro do contexto fisiopatológico 
diverso da HAS, temos como principais fatores 
de risco a obesidade, resistência à insulina, con-
sumo de bebidas alcoólicas e sal, idade avan-
çada, sedentarismo, estresse, baixa ingestão de 
potássio e cálcio e tabagismo (DO PRADO et 
al., 2022). Outros aspectos que ainda se confi-
guram como risco para o desenvolvimento da 
doença: Síndrome da apneia obstrutiva do sono, 
uso de anticoncepcionais, etnia, sexo e fatores 
genéticos (CARDOSO et al., 2020; MACEDO 
et al., 2019). 
O objetivo deste capítulo foi compreender a 
hipertensão arterial e capacitar a sociedade ci-
entifica com o conhecimento. 
 
MÉTODO 
 Trata-se de um estudo sistemático reali-
zado no período de janeiro de 2023 a março de 
2023, através de pesquisas nas bases de dados 
UpToDate e em Diretrizes de Sociedades Bra-
sileiras. Foram utilizados os descritores: Hiper-
tensão arterial sistêmica, Pressão sistólica, 
Pressão diastólica. Os artigos foram seleciona-
dos de acordo com a abordagem da temática 
proposta em cada tópico do estudo. 
Após seleção, realizou-se já um estudo 
minucioso de cada artigo para a coleta e a 
descrição dos dados. Os resultados foram 
apresentados de forma descritiva, divididos em 
categorias temáticas, abordando pressão arterial 
e dano vascular, diagnóstico e classificação, 
avaliação clínica e complementar, 
estratificação do risco cardiovascular, decisão e 
metas terapêuticas, tratamento não 
medicamentoso, tratamento medicamentoso, 
condições clínicas associadas, crise 
hipertensiva, particularidades no idoso e 
hipertensão arterial sistêmica secundária. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Pressão arterial e dano vascular 
A pressão arterial é a pressão que o sangue 
exerce contra a parede das artérias. Alguns 
fatores podem influenciar diretamente no seu 
valor, como o débito cardíaco e a resistência 
periférica. O débito cardíaco representa o 
volume sanguíneo mobilizado para fora do 
coração a cada minuto, podendo ser calculado 
pela multiplicação do valor do débito sistólico 
pela frequência cardíaca. A resistência 
periférica é a oposição que o sistema 
circulatório oferece ao fluxo sanguíneo gerado 
pelo coração, estando relacionada 
principalmente com o diâmetro dos vasos e com 
a fricção do sangue contra as paredes dos vasos. 
 
99 
 
Sendo assim, a pressão arterial varia de 
maneira proporcional à variação desses valores, 
gerando um mecanismo de controle que visa 
suprir as necessidades fisiológicas 
momentâneas (BROUWERS et al., 2021). 
Diante disso, nota-se que valores elevados 
de pressão arterial constituem um importante 
mecanismo de gênese de doenças 
cardiovasculares tanto por ser um fator de risco 
para doença aterosclerótica quanto por gerar 
dano estrutural em artérias e arteríolas (NOVO 
et al., 1991). A hipertensão pode gerar dano 
vascular por diversos mecanismos, como 
hipertrofia e hiperplasia de células musculares 
lisas, comprometimento da complacência da 
parede arterial, disfunção endotelial (PUPITA 
et al., 1991) e aumento de espécies reativas de 
oxigênio, uma vez que, na hipertensão, pode 
ocorrer desequilíbrio dos mecanismos 
antioxidantes endógenos, o que leva a um 
estado de estresse oxidativo, associado a lesões 
vasculares em várias patologias (MASI et al., 
2019). Portanto, considerando os diversos 
mecanismos de dano vascular, a hipertensão 
deve ser devidamente tratada, pois pode evoluir 
para quadros mais graves, como acidentes 
vasculares encefálicos, infarto, insuficiência 
cardíaca, alterações na visão e problemas renais 
(TOUYS et al., 2000). 
 
Diagnóstico e classificação 
Introdução 
No âmbito clínico, a pressão arterial deve 
ser medida de modo correto pelo profissional de 
saúde, utilizando de início os dois braços em 
avaliação concomitante. Após a verificação dos 
valores, priorizar-se-á nas próximas avaliações 
o braço que apresentar os maiores números. É 
importante também se atentar à diferença das 
medidas de cada membro, visto que quando esta 
é superior a 15 mmHg, há risco cardiovascular 
(CV) aumentado por potencial doença 
aterosclerótica. Em pacientes obesos e naqueles 
com elevada muscularidade, é fundamental o 
uso de manguitos de maior diâmetro para que 
se reduza o risco de diagnósticos imprecisos e, 
em suspeita de HAS causada por coarctação de 
aorta, deve-se também medir a pressão arterial 
do membro inferior (BARROSO et al., 2020). 
É possível também fazer a medição fora do 
consultório a partir da Monitorização 
Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que 
possui maior eficiência na detecção de LOA e 
de risco CV do que a aferição em consultório e 
da Monitorização Residencial da Pressão 
Arterial (MRPA), a qual reflete com maior 
verossimilhança o cotidiano do paciente, além 
de evitar medições enviesadas, como ocorre na 
Hipertensão do Avental Branco (HAB) 
(BARROSO et al., 2020). 
 
Critérios diagnósticos e fenótipos 
Diagnostica-se a HAS em um paciente em 
múltiplos cenários. No interior do consultório, 
confirma-se o quadro de HAS estágio I a partirdo achado de pressão sistólica superior ou igual 
a 140 mmHg e/ou de pressão diastólica superior 
ou igual a 90 mmHg em duas medições distintas 
e espaçadas por dias ou semanas, sendo o 
quadro definido pelo maior valor. Pressões 
sistólicas (PAS) maiores ou iguais a 160 mmHg 
e/ou diastólicas (PAD) maiores ou iguais a 100 
mmHg já configuram HAS estágio II. 
Diagnostica-se hipertensão estágio III com PAS 
superiores ou iguais a 180 mmHg e de PAD 
superiores a 110 mmHg (BASILE et al., 2022). 
Fora do ambiente médico, pode-se 
diagnosticar HAS em duas situações: Se a PAS 
e a PAD médias obtidas em MRPA forem 
superiores ou iguais a 130 mmHg e 80 mmHg, 
respectivamente ou se, em MAPA, as PAS e as 
PAD médias do período da manhã (em um 
 
100 
 
período de 12 horas) forem superiores ou iguais 
a 130 mmHg e 80 mmHg, respectivamente 
(BASILE et al., 2022). 
Caso encontre-se uma medida alterada em 
ambiente domiciliar e uma normotensão à 
consulta, tem-se a Hipertensão Mascarada 
(HM), normalmente relacionada ao estilo de 
vida do paciente (tabagismo, sedentarismo, 
estresse etc.). A HAB consiste em achados 
pressóricos alterados em consultório em 
contraste com uma normotensão em medição 
residencial. Em suspeita, é prudente utilizar a 
MAPA para a confirmação diagnóstica 
(BARROSO et al., 2020). 
É possível firmar o diagnóstico sem 
medições seriadas em caso de 
urgência/emergência hipertensiva, isto é, o 
achado de PAS e de PAD superiores ou iguais 
a 180 e 120 mmHg, respectivamente e, se em 
única medição forem encontrados valores de 
PAS e PAD superiores ou iguais a 160 e 100 
mmHg, respectivamente, associados à LOA 
previamente conhecida, define-se o paciente 
como hipertenso. Caso o paciente apresente 
valores pressóricos nos limites de normalidade 
dentro e fora do consultório, ele será 
classificado clinicamente como normotenso 
(BASILE et al., 2022). 
 
Estratificação do risco cardiovascular 
A VI Diretriz Brasileira de Hipertensão 
(2010) utilizou os seguintes itens como base 
para a estratificação: Reconhecimento dos 
fatores de risco cardiovasculares, fatores 
adicionais para a HAS, identificação de lesões 
em órgãos-alvo e identificação de lesões 
subclínicas nesses órgãos. 
São considerados fatores adicionais para 
HAS são: Homens > 55 anos e mulheres > 65 
anos; tabagismo; dislipidemias; presença de 
diabetes mellitus; e histórico familiar 
prematuro de doença cardiovascular. 
Já a identificação de lesões subclínicas em 
órgãos-alvo é feita principalmente pela 
presença de Hipertrofia Ventricular Esquerda 
(HVE) ao ECG associada a outros indicativos, 
como: ECG com índice de massa de Ventrículo 
Esquerdo > 134 gramas por metro quadrado em 
homens, ou acima de 110 gramas por metro 
quadrado em mulheres; espessura médio-
intimal das carótidas >0,9 mm; a presença de 
placa de ateroma nas carótidas detectada pelo 
doppler; índice tornozelo-braço <0,9; 
depuração de creatinina < 60 mL/min; baixo 
ritmo de filtração glomerular; presença de 
microalbuminúria e velocidade de onda de 
pulso >12 m/s. (D’AGOSTINO et al., 2008). 
A estratificação de risco é dividida em: HAS 
de baixo risco cardiovascular (estimativa de 
risco cardiovascular <10% em 10 anos), HAS 
de moderado risco cardiovascular (estimativa 
de risco cardiovascular entre 10% a 20% em 10 
anos) HAS de alto risco cardiovascular 
(estimativa de risco cardiovascular > 20% em 
10 anos) (D’AGOSTINO et al., 2008). 
O cálculo da estimativa dos riscos é 
realizado a partir da pontuação de duas tabelas 
para cada sexo (Figura 12.2 e 12.4). Essas 
tabelas são montadas de acordo com a escala de 
risco de Framingham revisada (Figura 12.1 e 
12.3) (D’AGOSTINO et al., 2008). 
 
Figura 12.1 Escore de Framingham revisado para mulheres 
 
Fonte: D'Agostino et al., 2008. 
 
101 
 
Figura 12.2 Estimativa de risco cardiovascular para 
mulheres 
 
Fonte: D’Agostino et al., 2008. 
 
Figura 12.3 Escore de Framingham revisado para 
homens 
 
Fonte: D’Agostino et al., 2008. 
 
Figura 12.4 Estimativa de risco cardiovascular para 
homens 
. 
Fonte: D’Agostino et al., 2008. 
 
 
 
Decisão e meta terapêutica 
Hipertenso com risco baixo ou moderado 
Os pacientes hipertensos que não 
apresentam muitos fatores de risco podem ser 
classificados em risco baixo e moderado. Neste, 
a pressão arterial está consideravelmente 
elevada (> 160 mmHg); já naquele, a elevação 
é menor. Os indivíduos ainda podem ser 
divididos em hipertensão estágio 1 e 
hipertensão estágio 2 (risco baixo e moderado 
respectivamente) (BARROSO et al., 2020). 
No contexto geral, evidências científicas 
comprovam o benefício e as vantagens de se 
tratar pacientes no estágio 2. Entretanto, o 
estágio 1 segue nebuloso pela dificuldade em se 
manter um estudo com grande quantidade de 
indivíduos e por tempo suficiente para analisar 
os efeitos gerais do tratamento nesses casos. 
Assim, as pesquisas que usaram dados 
individuais são as utilizadas para nortear a 
decisão e a meta terapêutica nesses casos, uma 
vez que estes estudos mostram a influência do 
tratamento na diminuição de acidente vascular 
encefálico e mortalidade total (BARROSO et 
al., 2020). 
Portanto, foi analisado que as metas 
pressóricas para os pacientes de baixo ou 
moderado risco cardiovascular devem ser PA 
sistólica <140 mmHg e PA diastólica <90 
mmHg, sendo que há maior redução dos 
desfechos cardiovasculares quando PA sistólica 
entre 120 e 130 (BARROSO et al., 2020). 
 
Hipertenso com alto risco 
Hipertensão com alto risco são os pacientes 
com 3 ou mais fatores de risco, diabéticos, com 
lesões em órgãos-alvo, doença cardiovascular 
ou renal (BARROSO et al., 2020). 
 
 
102 
 
Nesse contexto, conclui-se que a meta 
terapêutica deve ser de PA sistólica entre 120 e 
129 mmHg e PA diastólica entre 70 e 79 mmHg 
(BARROSO et al., 2020). 
 
Hipertenso com doença coronária 
A doença arterial coronariana está 
diretamente relacionada com os níveis 
pressóricos, sendo influenciada principalmente 
pela PA diastólica antes dos 50 anos, e pela PA 
sistólica após os 60 anos (BARROSO et al., 
2020). A hipertensão arterial é o maior fator de 
risco para a DAC, independentemente de raça, 
idade e gênero (PIRES et al., 2016). 
Recomenda-se que pacientes hipertensos 
com DAC precisam ter PA <130/80 mmHg, 
mas não menos que 120/70 mmHg. Deve-se ter 
atenção redobrada nos idosos com DAC e 
pressão de pulso elevada porque a redução da 
pressão sistólica pode causar valores muito 
baixos da diastólica e acarretar em isquemia 
miocárdica (BARROSO et al., 2020). 
 
Hipertenso com história de AVE 
A hipertensão arterial é o principal fator de 
risco de Acidente Vascular Encefálico (AVE) 
isquêmico e hemorrágico e as metas levam em 
conta o histórico de AVE e a idade do paciente. 
Nos casos de indivíduos jovens sem doença 
cardiovascular ou renal, a PA ideal é de 120/80 
mmHg, o que serve como prevenção 
cerebrovascular. Concomitantemente, 
pacientes com histórico prévio de AVE 
precisam atingir PA <130/80 mmHg, mas caso 
tenham também doença arterial crônica ou 
idade avançada, a pressão deve ser de 120/70 
mmHg (BARROSO et al., 2020). 
 
Hipertenso com insuficiência cardíaca 
A hipertensão arterial é um fator de risco 
para insuficiência cardíaca (IC). Sabe-se que 
conforme o aumento da pressão arterial, a 
incidência de insuficiência cardíaca cresce 
drasticamente (ROLANDE et al., 2012). As 
metas terapêuticas são as mesmas para os 
pacientes com fração de ejeção reduzida e 
preservada: PA entre 120/70 e 130/80 mmHg 
(BARROSO et al., 2020). 
 
Hipertenso com doença renal crônica 
A associação entre doença renal crônica 
(DRC) e hipertensão arterial é de grande risco, 
pois aumenta as chances de diversas doenças, 
além de poder acarretar em morte. 
Paralelamente, a DRC por si só pode agravar as 
complicações da hipertensão arterial (LEITE et 
al., 2020) O adequado controle pressórico está 
associado à redução de proteinúria, que quando 
elevada, é responsável por agravar e causar 
progressãoda DRC (BARROSO et al., 2020). 
 
Hipertenso com diabetes 
A associação da hipertensão com diabetes é 
comum, principalmente no tipo 2. A 
normalização da pressão arterial em diabéticos 
consegue fazer proteção renal, diminuindo a 
albuminúria e diminuir risco de AVE, sendo 
essencial a PA < 130/80 mmHg, evitando 
valores sistólicos abaixo de 120 (BARROSO et 
al., 2020). 
 
Tratamento não medicamentoso 
Abordagens dietéticas 
Várias revisões sistemáticas evidenciam 
consistentemente que a ingesta limitada de 
sódio resulta na redução significativa da PA, 
sendo o efeito hipotensor maior entre os 
indivíduos hipertensos (DHUNGANA et al., 
2022). 
Além disso, padrões alimentares, como as 
dietas DASH (Dietary Approaches to Stop 
Hypertension) e Mediterrânea, são medidas 
 
103 
 
eficazes na redução de PA tanto em indivíduos 
hipertensos quanto nos pré-hipertensos. 
 
Controle de peso e atividade física 
O ganho de peso está intimamente 
relacionado à hipertensão e suas causas 
secundárias, como a apneia obstrutiva do sono 
(SILVA et al., 2022). O controle de peso tem 
importância hipotensora e melhora a eficácia 
dos anti-hipertensivos, devendo ser alcançada 
por abordagem multidisciplinar que envolva 
acompanhamento nutricional e atividade física 
regular (SILVA et al., 2022). 
De modo geral, a atividade física regular 
confere menor morbimortalidade 
cardiovascular. Observa-se que, apesar do 
treinamento de moderada a alta intensidade 
provocar maior redução dos níveis de PA, a 
atividade física regular, mesmo em baixa 
intensidade, quando comparada aos indivíduos 
não ativos, está associada à redução de 
mortalidade (DHUNGANA et al., 2022; 
SILVA et al., 2022). 
 
Redução do álcool e cessação do taba-
gismo 
Há interação linear entre consumo de álcool 
e elevação pressórica, sendo o consumo 
abusivo associado à maior prevalência de 
hipertensão. Espera-se redução de 3-4 mmHg 
na PAS com abstinência completa ou redução 
da ingesta para menos de 2 doses por dia com 2 
dias de folga por semana (SILVA et al., 2022). 
Segundo a OMS, não existe padrão seguro de 
consumo de álcool. O tabagismo, como fator de 
risco para HAS, deve ser cessado (BARROSO 
et al., 2020; UNGER et al., 2020). 
 
Tratamento medicamentoso 
Princípios Gerais 
De acordo com a Diretriz Brasileira de 
Hipertensão Arterial Sistêmica - 2020, a grande 
parte dos pacientes hipertensos terá a 
necessidade da utilização de algum fármaco 
associado às mudanças de estilo de vida para 
que ocorra o controle pressórico (BARROSO et 
al., 2020). 
Existem vários tipos de medicamentos 
disponíveis, as principais classes são os 
inibidores da enzima conversora de 
angiotensina (IECA), bloqueadores dos 
receptores de angiotensina (BRA), diuréticos 
(DIU), bloqueadores dos canais de cálcio 
(BCC) e betabloqueadores (BB). O tipo de 
medicamento utilizado dependerá da gravidade 
da hipertensão, da presença de outras doenças e 
da resposta individual do paciente (BARROSO 
et al., 2020). 
 
Esquemas terapêuticos 
O tratamento da hipertensão arterial pode 
ser realizado com monoterapia ou associação de 
dois ou mais medicamentos anti-hipertensivos 
para aumentar a eficácia do tratamento. A 
escolha do esquema terapêutico depende da 
gravidade da hipertensão, da presença de outras 
condições médicas, e dos possíveis efeitos 
colaterais (BARROSO et al., 2020). 
Os medicamentos mais utilizados em 
monoterapia são os DIU, IECA, BRA, BCC e 
BB. Indica-se monoterapia nos casos de HAS 
estágio 1 com risco cardiovascular baixo, PA 
130-139/85-89 de risco cardiovascular alto ou 
em indivíduos idosos frágeis. No primeiro caso, 
pode-se aguardar 3 meses para o efeito da mu- 
 
 
104 
 
dança do estilo de vida. 
A terapia medicamentosa não é 
recomendada em pacientes pré-hipertensos (PA 
130-139/85-89) sem doença cardiovascular 
pré-existente e risco cardiovascular baixo a 
moderado (BARROSO et al., 2020). 
Deve-se dar preferência aos BCCs em 
idosos, casos de angina de peito e HAS 
sistólica. Pacientes com hiperplasia benigna de 
próstata devem ser medicados com alfa-
bloqueadores enquanto diuréticos tiazídicos em 
pacientes em pós-AVC (BARROSO et al., 
2020). 
A terapia antiagregante plaquetária consiste 
no uso de agentes antiplaquetários, como a 
aspirina em dose baixa, comprovadamente 
reduz a morbimortalidade cardiovascular em 
pessoas que apresentam HAS com doença 
cardiovascular concomitante. Portadores HAS 
e risco cardiovascular alto, recomenda-se o uso 
de aspirina profilática, na dose de 100 mg/dia, 
após o controle ideal ou próximo do alvo de 
pressão arterial inferior a 140/90 mmHg 
(EGAN et al., 2020). 
A terapia combinada deve ser feita com 
medicamentos de classes distintas em baixas 
doses, como o uso de tiazídicos em associação 
com IECAs ou BCCs. As combinações em 
doses fixas e comprimido único são 
preferenciais por gerarem maior adesão ao 
tratamento (BARROSO et al., 2020). 
 
HAS e condições clínicas associadas 
Os níveis elevados pressóricos estão 
correlacionados a diversas condições induzindo 
complicações clínicas, o que impacta na 
mortalidade e prognóstico. Em indivíduos com 
diabetes mellitus, essencialmente tipo 2, a 
persistência de níveis de pressão arterial 
superiores a 140/90 mmHg está associada ao 
aumento da incidência de acidente vascular 
encefálico (AVE), síndromes coronárias e 
doença renal crônica. Os pacientes diabéticos 
não apresentam restrição ao uso de 
medicamentos utilizados na redução da PA. É 
indicado o uso dos bloqueadores do sistema 
renina-angiotensina-aldosterona, 
essencialmente na presença de lesão de órgão-
alvo, podendo ser associados aos bloqueadores 
dos canais de cálcio (BCC) e/ou diurético. Na 
Síndrome Metabólica, a pressão alta está 
relacionada a estados pró-trombóticos e pró-
inflamatórios, necessitando de tratamento 
quando PA ≥ 140/90 mmHg (BARROSO et al., 
2021). 
A hipertensão arterial pode estar em 
conjunto a outras doenças cardiovasculares. 
Estudos apontam que na Doença Arterial 
Coronária (DAC), 25% dos infartos são 
atribuídos aos aumentos da pressão. O manejo 
deve ser feito preferencialmente com BB, IECA 
ou BRA, além de estatinas e aspiras e sem o 
objetivo de redução excessiva dos níveis 
pressóricos, principalmente da diastólica, uma 
vez que isso predispõe outros eventos 
cardiovasculares. Na insuficiência cardíaca, a 
HA atua propiciando aparecimento de HVE, 
disfunção diastólica e sistólica do ventrículo 
esquerdo, devendo ser controlada sobretudo em 
idosos. Em situações de acidente vascular 
encefálico hemorrágico, é contraindicado a 
imediata redução da PA, exceto em valores de 
PAS ≥ 220 (BARROSO et al., 2021). 
 
Crise Hipertensiva 
A crise hipertensiva (CH), importante com-
plicação decorrente da hipertensão arterial sis-
têmica (HAS), é definida como situação clínica 
sintomática em que há acentuada elevação da 
pressão arterial sistólica (PAS) ou pressão diás- 
 
 
105 
 
tólica (PAD) igual ou acima de 180 mmHg e 
120 mmHg, respectivamente. (BARROSO et 
al., 2021; PIERIN et al., 2019). 
Pode ser classificada em urgência hiperten-
siva, quando essa elevação da pressão arterial 
ocorre na ausência de lesão aguda e progressiva 
em órgãos-alvo e na ausência do risco de morte; 
e em emergência hipertensiva, quando cursa 
com presença de lesão aguda e progressiva de 
órgãos-alvo e com risco iminente de morte 
(BARROSO et al., 2021). 
A emergência hipertensiva é definida pela 
situação clínica do paciente, e não pelo valor 
dos níveis pressóricos, de forma que indivíduos 
com menores reservas funcionais em determi-
nados órgãos podem desenvolver o quadro 
mesmo em níveis pressóricos menores do que 
180/120 mmHg. Pode manifestar-se como um 
evento cardiovascular (dissecção aguda de 
aorta, edema agudo de pulmão com insuficiên-
cia ventricular esquerda, síndromes coronaria-
nas agudas), cerebrovascular (encefalopatia hi-
pertensiva, acidente vascular encefálico isquê-
mico, acidente vascular encefálico hemorrá-
gico,hemorragia subaracnóidea), renal, ter en-
volvimento de múltiplos órgãos (hipertensão 
acelerada/ maligna, hipertensão de múltiplos 
órgãos) ou na forma de pré-eclâmpsia com si-
nais de gravidade/eclampsia. Sua letalidade, 
caso não seja tratada, se aproxima de 80% em 
um ano, sendo o tratamento anti-hipertensivo 
associado a uma considerável melhora do prog-
nóstico (BARROSO et al., 2021). 
Segundo Barroso et al., (2021), a CH cor-
responde de 0,45% a 0,59% de todos os atendi-
mentos da emergência hospitalar, sendo a emer-
gência hipertensiva responsável por 25% de to-
dos os casos de CH, com predominância de aci-
dente vascular isquêmico e edema agudo de 
pulmão. 
A pseudocrise hipertensiva consiste em uma 
elevação transitória da pressão arterial por in-
fluência de estressores emocionais ou doloro-
sos, como enxaqueca, tontura rotatória, cefa-
leias vasculares e de origem musculoesquelé-
tica ou manifestações da síndrome do pânico. 
Geralmente o paciente se apresenta oligossinto-
mático ou assintomático e sem lesão aguda de 
órgãos-alvo ou risco imediato de morte (BAR-
ROSO et al., 2021; PIERIN et al., 2019). 
Elevações agudas da pressão arterial podem 
resultar de alterações no débito cardíaco (DC) 
e/ou da resistência vascular periférica (RVP), já 
que a PA sistêmica consiste no produto entre 
DC e RVP. Portanto, a crise hipertensiva pode 
ser desencadeada por aumento de volume intra-
vascular, aumento da resistência vascular peri-
férica, produção reduzida de vasodilatadores 
endógenos e/ou ativação de sistemas vasocons-
tritores, resultando em maior vasorreatividade e 
aumento da PA (BARROSO et al., 2021). 
A investigação clínica deve ser direcionada 
para a avaliação da PA e para a busca de lesões 
agudas em órgãos-alvo. Deve-se realizar a me-
dição da PA nos dois braços, em ambiente 
calmo, repetidamente, até estabilização do pa-
ciente ou, no mínimo, realizar três medidas. A 
coleta de informações acerca de qual é o valor 
habitual de PA do paciente, quais situações po-
deriam desencadear sua elevação, quais comor-
bidades o paciente apresenta, se fez ou faz uso 
de fármacos anti-hipertensivos ou se consumiu 
substâncias que potencialmente poderiam ter 
elevado a PA é indispensável. Portanto, avalia-
ção dos sinais e sintomas, anamnese, exame fí-
sico e, caso necessário, investigação comple-
mentar, irão direcionar para a realização do di-
agnóstico correto (BARROSO et al., 2021). 
O tratamento a ser realizado dependerá do 
diagnóstico clínico do paciente. Na pseudocrise 
 
 
106 
 
hipertensiva, o paciente deve ser submetido a 
um ambiente calmo e passar por um período de 
observação, apresentando resolução do quadro 
após repouso ou uso de analgésicos ou tranqui-
lizantes (BARROSO et al., 2021). 
No caso da urgência hipertensiva, o trata-
mento agudo é baseado na administração do 
captopril, um inibidor da enzima conversora de 
angiotensina I (ECA), ou da clonidina, um ago-
nista dos receptores alfa-2-adrenérgicos. O cap-
topril, na dose de 25 a 50 mg, tem pico máximo 
de ação em 1 hora a 1,5 horas. Já a clonidina, 
na dose de 0,100 a 0,200 mg, apresenta ação 
máxima entre 0,5 a 1 hora do momento da ad-
ministração. As cápsulas de nifedipina de libe-
ração rápida são proscritas, pois não apresen-
tam segurança e nem eficácia no tratamento da 
urgência hipertensiva (BARROSO et al., 
2021). 
O objetivo do tratamento da emergência hi-
pertensiva visa reduzir rapidamente a PA e im-
pedir a progressão das lesões em órgãos-alvo. 
O uso de anti-hipertensivos tem se mostrado be-
néfico e redutor da mortalidade na prática clí-
nica e na evolução dos pacientes tratados. 
Deve-se admitir o paciente em unidade de tera-
pia intensiva (UTI), realizar o tratamento com 
anti-hipertensivos intravenosos e realizar in-
tensa monitorização, evitando a ocorrência de 
quadros de hipotensão. Segundo Barroso et al. 
(2021), recomenda-se que a PA média na 1ª 
hora após a instituição do tratamento seja me-
nor ou igual a 25% da PA inicial, e que atinja o 
valor de 160/110 mmHg nas primeiras 2 a 6 ho-
ras e 135/85 mmHg nas 24 a 48 horas subse-
quentes. Além disso, deve-se abordar o sistema 
ou órgão-alvo acometido para resolução com-
pleta do quadro (BARROSO et al., 2021). 
No caso da encefalopatia hipertensiva, 
emergência hipertensiva neurológica caracteri-
zada por sinais e/ou sintomas de edema cerebral 
secundário à elevação súbita e/ou sustentada da 
PA, o objetivo do tratamento consiste na redu-
ção lenta da PA, já que reduções abruptas não 
são indicadas por provocarem hipoperfusão e 
perda do mecanismo de autorregulação cere-
bral. É recomendado o uso de nitroprussiato de 
sódio, um vasodilatador que atua reduzindo a 
resistência vascular e, consequentemente, a PA; 
devendo ser associado a anti-hipertensivos de 
administração oral nas primeiras 24 a 48 h 
(BARROSO et al., 2021). 
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) tem 
como principal fator de risco a HAS. A tomo-
grafia computadorizada (TC) e a ressonância 
magnética (RNM) de crânio possibilitam defi-
nir o tipo de AVE, sendo o isquêmico (AVEI) 
responsável por 85% dos casos e o hemorrágico 
(AVEH) por 15%. Em casos de AVEI com in-
dicação de trombólise ou trombectomia, é reco-
mendada redução na PA abaixo de 185/110 
mmHg antes da instituição da terapia, não de-
vendo ser realizado o procedimento caso não 
haja essa redução. Nas primeiras 24 h após 
trombólise, deve-se manter a PA abaixo de 
180/105 mmHg. Caso a PA esteja igual ou 
acima de 220/120 mmHg e o paciente apresente 
outros órgãos acometidos, deve-se reduzir a 
pressão inicial em 15%. Nos demais pacientes 
com AVEI, a redução da PA em 5 a 7 dias do 
evento inicial apresenta efeitos neurológicos 
controversos, portanto a conduta em cada caso 
deve ser individualizada (BARROSO et al., 
2021). 
Em relação ao AVEH, a PA elevada poten-
cializa o risco de aumento do hematoma e de 
morte, resultando em pior prognóstico neuroló-
gico. O edema cerebral costuma ocorrer nas pri-
meiras 24 h após o AVEH e em 30% dos paci-
entes, sendo indicada nesse caso a craniotomia 
descompressiva e o encaminhamento para cen-
tros especializados. Em pacientes com menos 
 
107 
 
de 6 h do início do AVEH, caso a pressão arte-
rial sistólica (PAS) se encontre na faixa entre 
150 a 220 mmHg, recomenda-se a sua redução 
mantendo-a abaixo de 180 mmHg. Se a PAS es-
tiver maior do que 220 mmHg, deve-se consi-
derar a sua diminuição a partir de infusão IV 
contínua e monitoramento frequente do paci-
ente (BARROSO et al., 2021). 
Nas síndromes coronarianas agudas, o au-
mento da pressão arterial associado ao aumento 
da resistência vascular periférica resultam na 
elevação da demanda de oxigênio pelo miocár-
dio. Portanto, o objetivo do tratamento consiste 
na redução da pós carga sem gerar aumento da 
frequência cardíaca e sem redução acentuada da 
pré-carga, pois esse quadro levaria a um au-
mento ainda maior do consumo de oxigênio 
pelo miocárdio. É recomendado o uso dos beta-
bloqueadores esmolol ou metoprolol ou do va-
sodilatador nitroglicerina, mantendo a PAS 
abaixo de 140 mmHg e a PAD entre 70 e 80 
mmHg. O uso de nitratos IV, como a nitrogli-
cerina, promove a redução da RVP, a melhora 
da perfusão coronariana e um efeito venodilata-
dor sistêmico, resultando em redução da pré-
carga e do consumo de oxigênio pelo miocár-
dio. É proscrito o uso de hidralazina, NPS ou 
nifedipina (BARROSO et al., 2021). 
O Edema Agudo de Pulmão (EAP) associ-
ado à emergência hipertensiva deve ser abor-
dado em UTI, com uso de medicação IV para 
gradativa redução da PA e constante monitora-
mento. Nitroglicerina e nitroprussiato de sódio, 
medicamentos vasodilatadores, podem ser utili-
zados para redução da pré e pós carga. O diuré-
tico de alça também é indicado, pois diminui a 
sobrecarga de volume e, consequentemente, 
atua na redução da PA (BARROSO et al., 
2021). 
A dissecção aguda de aorta deve ser inves-
tigada em todo paciente com crise hipertensiva 
e que apresente dor precordial e elevação daPA. O valor da PA e a velocidade de ejeção ven-
tricular irão determinar a progressão da dissec-
ção. É recomendado o uso de opiáceos IV para 
controle da dor, além de nitroprussiato de sódio 
associado a um betabloqueador de ação rápida 
e titulável (metoprolol, labetalol, esmolol), para 
controle da pressão arterial e redução da fre-
quência cardíaca (FC). É proscrito o uso isolado 
do NPS. A FC do paciente deve ser mantida 
abaixo de 60 bpm e a PAS deve ser reduzida a 
valores menores que 120 mmHg em 20 minu-
tos, sendo mantida entre 120 e 100 mmHg 
(BARROSO et al., 2021). 
 
HAS no idoso 
A prevalência de multimorbidade é maior 
entre os indivíduos com 65 anos ou mais de 
idade (WHISON et al., 2022). 
A investigação da HA em idosos segue as 
mesmas orientações das demais faixas etárias, 
porém, pode ser dificultada pela presença de 
múltiplas comorbidades e polifarmácia. A in-
vestigação de causas secundárias de HA deve 
ser realizada de forma mais criteriosa, avali-
ando-se os riscos e os benefícios dos procedi-
mentos (BARROSO et al., 2020). 
Em idosos hígidos, os valores pressóricos 
sistólicos recomendados para o início de trata-
mento consistem em ≥140 mmHg, enquanto a 
meta pressórica a ser atingida com o tratamento 
seria 130-139 mmHg (BARROSO et al., 
2020). 
Em idosos frágeis, os valores pressóricos 
sistólicos recomendados para o início de trata-
mento consistem em ≥160 mmHg, enquanto a 
meta pressórica a ser atingida com o tratamento 
seria 140-149 mmHg (BARROSO et al., 2020). 
Em idosos, devido à maior variabilidade 
pressórica e a algumas peculiaridades, alguns 
fatores podem interferir na medida da PA, po-
 
108 
 
dendo resultar em valores inexatos. Estes prin-
cipais fatores são presença de hiato auscultató-
rio, presença de pseudo-hipertensão e variações 
posturais e pós-prandiais (BARROSO et al., 
2020). 
O diagnóstico e o controle dos níveis pres-
sóricos alterados em idosos resultam em redu-
ção de acidente vascular encefálico (AVE), in-
farto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência 
cardíaca (IC) e mortalidade, e previne declínio 
cognitivo e demência (BARROSO et al., 2020). 
Na população geriátrica, recomenda-se a re-
alização de triagem para hipertensão arterial 
sistêmica anualmente (HEFLIN et al., 2023). 
 
Tratamento não medicamentoso 
A escolha da estratégia terapêutica utilizada 
em pacientes idosos com HAS deve considerar 
a presença de comorbidades, a autonomia, a ca-
pacidade funcional, o grau de fragilidade e as 
condições social e mental, não devendo basear-
se apenas na idade (BARROSO et al., 2020). 
Como em pacientes mais jovens, modifica-
ções no estilo de vida contribuem para a redu-
ção da pressão arterial em pacientes idosos com 
hipertensão, sendo as principais perda de peso, 
restrição de sal na dieta e realização de exercí-
cios físicos (EGAN et al., 2023). 
As medidas de mudanças de estilo de vida 
(MEV) recomendadas para o tratamento não 
medicamentoso no indivíduo jovem são tam-
bém válidas para o idoso, porém com avaliação 
prévia de riscos e benefícios potenciais. O 
acompanhamento por equipe multidisciplinar e 
o envolvimento de familiares/cuidadores são 
importantes no tratamento de pacientes idosos 
(BARROSO et al., 2020). 
Modificações na dieta devem ser orientadas. 
A restrição salina para idosos é mais eficaz, 
uma vez que seus níveis pressóricos são mais 
sensíveis ao sal. Nesta recomendação, é neces-
sário avaliar a possibilidade de hiponatremia e 
perda de apetite que podem ser desencadeados 
pela diminuição excessiva da ingestão de sal, 
levando à desnutrição. Dietas ricas em potássio 
podem ser indicadas, porém com cautela devido 
ao risco de hipercalemia, à presença frequente 
de doença renal crônica (DRC) e ao uso de fár-
macos que reduzem a excreção de potássio 
(BARROSO et al., 2020). 
A realização de exercícios físicos de menor 
impacto, aeróbicos e resistidos devem ser ori-
entados. Deve-se abordar e orientar sobre a ces-
sação do tabagismo e do consumo de álcool. Os 
medicamentos em uso pelo paciente devem ser 
revisados, avaliando se algum específico ou a 
interação medicamentosa podem resultar em 
aumento de pressão (BARROSO et al., 2020). 
 
Tratamento medicamentoso 
A terapia medicamentosa anti-hipertensiva 
deve ser iniciada em pacientes idosos hiperten-
sos caso as mudanças no estilo de vida não se-
jam suficientes. Deve-se iniciar com doses ini-
ciais mais baixas para minimizar risco de efei-
tos colaterais, e promover uma redução gradual 
da pressão arterial (2 a 4 meses), devido à len-
tificação dos barorreceptores e das respostas 
neurais simpáticas nos idosos (EGAN et al., 
2023). 
Recomenda-se iniciar o tratamento utili-
zando monoterapia ou combinação em doses 
baixas e, conforme necessidade, realizar au-
mento ou combinação gradual de outros fárma-
cos anti-hipertensivos, com intervalo mínimo 
de duas semanas (BARROSO et al., 2020). 
Inicialmente, o anti-hipertensivo de escolha 
para ser utilizado em monoterapia pode ser um 
diurético tiazídico, um bloqueador dos canais 
de cálcio (BCC) ou um bloqueador do sistema 
renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) [ini-
bidor da enzima conversora da angiotensina 
 
109 
 
(IECA) ou bloqueador do receptor AT1 da an-
giotensina II (BRA)]. As indicações e cuidados 
no monitoramento são semelhantes aos adultos 
(BARROSO et al., 2020). 
Não se deve utilizar betabloqueadores (BB) 
em monoterapia inicial em pacientes idosos, ex-
ceto na presença de algumas comorbidades e de 
indicações específicas, como na como insufici-
ência cardíaca (IC) ou insuficiência coronariana 
aguda. Pacientes com asma brônquica ou do-
ença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), mas 
com indicação clínica para o uso de BB, devem 
ser tratados com BB cardiosseletivo após com-
pensação respiratória e sob monitorização 
(BARROSO et al., 2020). 
Outras classes de anti-hipertensivos (medi-
camentos de ação central, antagonistas da al-
dosterona e vasodilatadores diretos) devem ser 
vistas como exceções no tratamento de HAS do 
idoso (BARROSO et al., 2020). 
 
HAS secundária 
As diretrizes brasileiras de hipertensão arte-
rial (2020) definem hipertensão arterial secun-
dária como aquela cuja etiologia pode ser iden-
tificada, podendo ou não ser tratada com uma 
intervenção específica e resultando em melhora 
no perfil pressórico. Segundo Amodeo et al., 
(2010), antes de se investigarem causas secun-
dárias de hipertensão é necessário excluir fato-
res como má aferição da pressão arterial, hiper-
tensão do jaleco branco, tratamento não ade-
quado ou má adesão ao tratamento. 
Suspeita-se de hipertensão secundária em 
situações como hipertensão em pacientes jo-
vens (< 30 anos) e com elevação severa e súbita 
da pressão arterial e pacientes que são submeti-
dos ao tratamento tradicional para hipertensão 
e não obtêm melhora (SILVA et al., 2019). 
As principais causas de hipertensão arterial 
secundária são divididas em causas endócrinas 
(hiperaldosteronismo primário, feocromoci-
toma, hipotireoidismo e hipertireoidismo, hi-
perparatireoidismo primário, Síndrome de Cus-
hing, obesidade, acromegalia), não endócrinas 
(doença renal crônica, hipertensão renovascu-
lar, displasia fibromuscular, coarctação de 
aorta, apneia obstrutiva do sono) e aquelas in-
duzidas por substâncias (BARROSO et al., 
2021). O diagnóstico e tratamento específicos 
são direcionados à causa base. 
 
CONCLUSÃO 
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é 
uma condição cuja incidência e prevalência 
vêm aumentando significativamente com o pas-
sar dos anos devido a fatores socioambientais, 
fisiológicos, entre outros. Apesar do amplo co-
nhecimento já obtido acerca dessa doença, no-
vos entendimentos a respeito de seus sinais, sin-
tomas e os múltiplos desdobramentos sistêmi-
cos, a relação entre os níveis pressóricos e o 
risco cardiovascular, bem como a correta tipifi-
cação e diagnóstico quanto aos possíveis fenó-
tipos são fundamentais para uma abordagem te-
rapêutica adequada e eficiente. 
Antes de definira forma de tratamento, o 
profissional da saúde deve se munir de uma 
anamnese completa, investigando fatores de 
risco intrínsecos e extrínsecos ao paciente, a 
presença de outras comorbidades, além de um 
exame físico preciso e realizado com técnica 
correta. Por fim, apesar de caber ao médico o 
seguimento de uma linha de raciocínio indivi-
dualizada para cada caso, é preciso reforçar me-
didas de eficácia global, como o controle do es-
tresse, a realização de exercícios físicos e uma 
dietética equilibrada, ações que, juntamente 
com a terapêutica farmacológica, podem garan-
tir a estabilização do paciente e melhorar ex-
pressivamente sua qualidade de vida. 
 
110 
 
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https://www.uptodate.com/contents/treatment-of-hypertension-in-older-adults-particularly-isolated-systolic-hypertension?search=tratamento%20HAS%20idoso&source=search_result&selectedTitle=1%7E150&usage_type=default&display_rank=1
https://www.uptodate.com/contents/geriatric-health-maintenance?search=hipertens%C3%A3o%20arterial%20em%20idosos&source=search_result&selectedTitle=4%7E150&usage_type=default&display_rank=4
https://www.uptodate.com/contents/geriatric-health-maintenance?search=hipertens%C3%A3o%20arterial%20em%20idosos&source=search_result&selectedTitle=4%7E150&usage_type=default&display_rank=4
https://www.uptodate.com/contents/geriatric-health-maintenance?search=hipertens%C3%A3o%20arterial%20em%20idosos&source=search_result&selectedTitle=4%7E150&usage_type=default&display_rank=4https://www.uptodate.com/contents/geriatric-health-maintenance?search=hipertens%C3%A3o%20arterial%20em%20idosos&source=search_result&selectedTitle=4%7E150&usage_type=default&display_rank=4
https://www.uptodate.com/contents/geriatric-health-maintenance?search=hipertens%C3%A3o%20arterial%20em%20idosos&source=search_result&selectedTitle=4%7E150&usage_type=default&display_rank=4
 
111 
 
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112 
 10.29327/5198921.7-13 
 
 
 
 CAPÍTULO 13 
DOENÇA REUMÁTICA DO 
CORAÇÃO: 
 EPIDEMIOLOGIA E 
DIAGNÓSTICO EM FOCO 
 
MARINA COELHO FEITOSA¹ 
YURY PIFANO VARELA¹ 
LARA LINS ÁFIO PONTE¹ 
FELIPE ALBUQUERQUE COLARES¹ 
LEONARDO BRITO DE SOUZA¹ 
IASMIN SALDANHA FAÇANHA¹ 
LEONARDO RANGEL SAUNDERS¹ 
LETÍCIA GABRIELA GOMES SILVA¹ 
RAQUEL FROTA RODRIGUES¹ 
 
 
 
 
 
1Discente - Medicina da Universidade de Fortaleza - UNIFOR 
 
 
 
Palavras-chave: Doença reumática; Diagnóstico; Epidemiologia. 
 
 
 
113 
 
INTRODUÇÃO 
A Febre Reumática (FR), na sua forma mais 
aguda, é uma doença autoimune resultante de 
uma interação complexa, a qual envolve fatores 
ambientais, entre bactérias estreptocócicas e o 
organismo, levando à produção de imunocom-
plexos. Inicialmente, podem ser observados 
sintomas de artrite e de cardite, os quais podem 
ser bastante severos e levam a uma morbidade 
significativa do coração, cronificando e culmi-
nando na Doença Reumática do Coração 
(DRC), com acometimento valvar importante. 
A valva mitral é a mais comumente acometida 
em cerca de 50 a 60% dos casos (ARVIND & 
RAMAKRISHNAN, 2020; DASS & KAN-
MANTHAREDDY, 2023). 
A DRC afeta, mundialmente, com mais fre-
quência crianças e jovens, devido a alta incidên-
cia de faringoamigdalite estreptocócica em pa-
cientes de 5 a 18 anos. No Brasil, segundo o 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), há cerca de 30 mil casos de febre reu-
mática advindas de faringoamigdalite a cada 
ano, correspondendo a 7 casos a cada 1000 in-
divíduos em idade escolar no país. Além disso, 
as baixas condições socioeconômicas também 
são fatores relevantes na maior incidência da 
DRC em países subdesenvolvidos e em desen-
volvimento (FIGUEIREDO et al., 2019). 
Classicamente, o acometimento cardíaco 
envolve lesões valvares, tipicamente do lado es-
querdo do coração, tendo destaque a valvopatia 
mitral. A doença aórtica isolada ocorre em 2% 
dos casos, sendo esta mais comum em associa-
ção com a valvopatia mitral, e os acometimen-
tos da valva tricúspide e pulmonar são mais in-
frequentes. Na fase aguda, pode ser observado 
uma dilatação do ânulo da valva, enquanto que 
na segunda fase, de aspecto mais crônico, 
ocorre a estenose valvar, secundário ao pro-
cesso de calcificação e de espessamento dos fo-
lhetos valvares e do aparato subvalvar, assim 
como encurtamento das cordas tendíneas. Di-
ante disso, o paciente pode apresentar regurgi-
tação, resultando, com frequência, em sintomas 
dispneicos. Porém, miocardite, arritmias e insu-
ficiência cardíaca congestiva podem ocorrer 
(KUMAR et al., 2020; KANMANTHARE-
DDY, 2023; LEAL et al., 2019). 
Os exames complementares para a investi-
gação da febre reumática podem ser agrupados 
em três categorias: Evidência de estreptococos 
prévios, detecção de alterações laboratoriais de-
correntes de processos inflamatórios, caracteri-
zação e quantificação dos efeitos morfológicos, 
funcionais e hemodinâmicos do acometimento 
cardíaco. Exames laboratoriais devem ser reali-
zados para confirmar a etiologia estreptocócica. 
Embora inespecíficos, os ensaios inflamatórios 
são úteis para diagnosticar a atividade da do-
ença e documentar a regressão na fase aguda. A 
proteína C-reativa é muito sensível nos estágios 
iniciais da doença (KUMAR et al., 2020; KAN-
MANTHAREDDY, 2023; LEAL et al., 2019). 
Sob a evidência de DRC, um eletrocardio-
grama e uma radiografia de tórax podem ser in-
dicados como exames iniciais. O primeiro pode 
identificar sinais de hipertrofia de átrio es-
querdo e ventrículo esquerdo, tipicamente, as-
sim como as várias formas de bloqueio atrio-
ventricular, do 1° grau até o 3° grau. Nos casos 
mais severos, até mesmo o padrão de fibrilação 
atrial pode ser notado. Quanto ao exame radio-
gráfico, sinais de cardiomegalia e de congestão 
pulmonar podem ser vistos, sugerindo falência 
cardíaca. Vale destacar que resultados normais 
de ambos exames não descartam a cardite, de-
corrente da DRC, pois esses exames apresen-
tam baixa especificidade e baixa sensibilidade. 
Porém, o exame diagnóstico mais preciso con-
siste no ecocardiograma. Este possibilita a 
constatação do grau de severidade da valvopa-
 
114 
 
tia, mediante análise da morfologia, espessa-
mento, mobilidade e grau de calcificação da 
valva, a determinação de consequências fisioló-
gicas, como a hipertensão pulmonar, e planeja-
mento de procedimento cirúrgico (KUMAR et 
al., 2020; KANMANTHAREDDY, 2023; 
LEAL et al., 2019). 
Tendo em vista esse contexto apresentado, 
este capítulo visa discorrer sobre a perspectiva 
atual da epidemiologia da DRC, dando enfoque 
nos métodos diagnósticos e na prevalência de 
tal distúrbio cardíaco no contexto nacional e 
mundial, suas complicações e fatores de riscos 
associados. 
 
MÉTODO 
Esse estudo trata-se de uma revisão integra-
tiva, realizada no período de janeiro a fevereiro 
de 2023, buscando-se embasamento na litera-
tura a partir da busca de artigos nas bases de da-
dos National Library of Medicine (PubMed), 
originalmente nas línguas Inglesa e Portuguesa, 
publicados entre os anos de 2019 e 2023, sendo 
feita uma análise de dados por meio de uma lei-
tura exploratória e seletiva de 6 estudos publi-
cados diante da busca utilizando-se palavras-
chave, como “Rheumatic heart disease”; 
“Rheumatic disease”; “Epidemiology”; “Diag-
nosis”, o que disponibilizou mais de 20.000 es-
tudos. Artigos que não tinham como enfoque o 
acometimento cardíaco diante da febre reumá-
tica; ou que não demonstraram informações 
epidemiológicas relevantes para a escrita deste 
trabalho foram excluídos. 
Além disso, foram utilizados livros-texto da 
Sociedade Brasileira de Cardiologia, bem como 
documentos elaborados pelo Ministérioda Sa-
úde do Brasil e pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS); assim como descrições epidemi-
ológicas presentes no Banco de Dados do Sis-
tema Único de Saúde - DATASUS. 
Os resultados do estudo diante da busca e 
análise de artigos relevantes foram expostos de 
forma descritiva, sendo subdivididos em dados 
relevantes acerca da epidemiologia, que quando 
alinhados com as tabelas para auxílio no diag-
nóstico da doença reumática no coração anco-
ram a relevância do assunto estudado e da sua 
importância de reconhecimento no meio mé-
dico. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Epidemiologia 
A doença reumática do coração continua 
sendo uma das principais causas de morte pre-
venível e de incapacidade em crianças e adultos 
jovens. Em 2017, foi publicado o Global Bur-
den of Disease Study, um relatório global 
acerca do impacto nacional, regional e global de 
determinadas doenças, que revelou um declínio 
mundial da DRC, reduzindo bastante o seu im-
pacto na saúde pública. Entretanto, o estudo en-
controu níveis persistentemente elevados da do-
ença nas regiões mais pobres do mundo, onde a 
doença permanece endêmica (KUMAR et al., 
2020). 
Além disso, é importante destacar que cerca 
de 2% das mortes por doenças cardiovasculares 
no mundo estão relacionadas à DRC, que con-
siste na forma mais crítica de doença adquirida 
do coração entre crianças e adultos jovens, me-
nores de 25 anos, de países em desenvolvi-
mento. Estes têm maior prevalência dessa en-
fermidade, devido, muitas vezes, a um status 
socioeconômico mais precário, à má nutrição, 
ao saneamento básico escasso e ao menor 
acesso aos serviços de saúde. Segundo estudos, 
em 2015, havia 33,4 milhões de casos de DRC 
e ocorreram cerca de 305 mil mortes. Destes ca-
sos totais, 40% estavam localizados na Índia. 
Sabe-se também que a prevalência tende a au- 
 
 
115 
 
mentar com a idade: De 4,7 casos dentre 1000 
crianças de 5 anos para 21 casos dentre 1000 
adolescentes de 16 anos (DASS & KANMAN-
THAREDDY, 2023; LEAL et al., 2019). 
No Brasil, entre os anos de 2017 e 2021, to-
talizaram 33.517 internações por DRC, destes 
2.786 evoluíram para óbitos. Quanto à taxa de 
internações, houve prevalência no sexo femi-
nino e na região sudeste, seguida da nordeste 
(respectivamente, 40,71% e 30,55%). Em rela-
ção aos óbitos, a taxa da região sudeste segue o 
mesmo padrão das internações, enquanto na re-
gião nordeste observa-se uma queda de cerca de 
5% dos casos que evoluíram para óbito. 
A incidência da febre reumática aguda e a 
da sua sequela a longo-prazo, DRC, é baixa em 
países desenvolvidos, principalmente devido a 
melhorias nas condições socioeconômicas da 
população e nos sistemas de saúde e o controle 
eficiente com Penicilina-G benzatina. Todavia, 
em alguns países desenvolvidos como a Austrá-
lia e a Nova Zelândia, a DRC continua sendo 
relevante, particularmente em populações indí-
genas, o que está diretamente relacionada à po-
bre acessibilidade desse povo ao tratamento 
médico. A maior quantidade de mortes causa-
das por DRC foram observadas, em ordem des-
cendente, na Índia, China e Paquistão, que fa-
zem parte do grupo de países em desenvolvi-
mento, onde a doença é desproporcionalmente 
mais prevalente, em comparação com os países 
desenvolvidos. 
 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico de DRC é realizado principal-
mente por uma análise clínica do paciente com 
a utilização dos Critérios de Jones, os quais são 
guidelines desenvolvidas em 1944 e que defi-
nem critérios maiores e menores para o diag-
nóstico de febre reumática e cardite. Desde seu 
desenvolvimento foi modificado e revisado re-
petidamente, com o intuito de tornar essas dire-
trizes mais específicas para o diagnóstico. Em 
1992, a American Heart Association (AHA) re-
alizou atualizações aos Critérios de Jones, as 
quais foram a base para os critérios estabeleci-
dos pela OMS em 2004. Nessa última guide-
line, foram estabelecidos mecanismos para o di-
agnóstico tanto de primeiro surto e recidiva de 
FR, como de coreia de Sydenham, de cardite de 
início insidioso e de DRC. 
Os critérios, presentes na Tabela 13.1, esta-
belecidos pelas diretrizes são baseados nas ma-
nifestações clínicas presentes na FR e divididos 
em maiores e menores de acordo com a especi-
ficidade que a manifestação tem para o diagnós-
tico dessa patologia. Nessa perspectiva, os cri-
térios maiores são os mais específicos e são ne-
cessários para efetivar o diagnóstico de pri-
meiro surto de FR e de recidiva em pacientes 
sem DRC prévia, enquanto os critérios menores 
são menos específicos e não se consegue reali-
zar esses diagnósticos apenas com a análise iso-
lada dessas manifestações. Além disso, nesses 
casos, é necessário evidência de infecção es-
treptocócica nos últimos 45 dias. 
 
Tabela 13.1 Manifestações dos critérios de Jones modificados 
Critérios maiores Critérios menores Evidência de infecção estreptocócica há 45 dias 
Cardite Febre PRi prolongado 
Coreia de Sydenham Poliartralgia ASO elevado 
 
116 
 
Critérios maiores Critérios menores Evidência de infecção estreptocócica há 45 dias 
Eritema marginado Leucocitose EβHGA positivo em swab de garganta 
Nódulos subcutâneos VHS elevada Escarlatina recente 
Poliartralgia PCR elevada 
VHS: taxa de sedimentação de eritrócitos; PCR: proteína C-reativa; PRi: intervalo P-R no eletrocardiograma; ASO: 
antiestreptolisina; EβHGA: estreptococo beta-hemolítico do grupo A. 
Fonte: World Health Organization. Rheumatic fever and rheumatic heart disease: report of a WHO expert consultation. 
Geneva: WHO; 2004. 
 
Para o diagnóstico de DRC, de acordo com 
os Critérios de Jones modificados (OMS, 2004) 
presentes na Tabela 13.2, deve haver a pre-
sença de lesões crônicas nas valvas cardíacas, 
como estenose de valva mitral ou dupla lesão 
mitral, associada ou não, com valvopatia aór-
tica. A identificação precoce da lesão através do 
rastreio ecocardiográfico é de extrema impor-
tância, pois possibilita a realização de uma pro-
filaxia mais efetiva, no entanto, essa prática 
ainda não faz parte das políticas públicas (KU-
MAR et al., 2020). 
 
Tabela 13.2 Critérios de Jones modificados 
Categorias diagnósticas Critérios 
Primeiro surto de FR 
2 critérios maiores ou 
1 maior e 2 menores + 
Evidência de infecção 
estreptocócica de grupo A recente 
Recidiva de FR sem DRC diagnosticada 
2 critérios maiores ou 
1 maior e 2 menores + 
Evidência de infecção 
estreptocócica de grupo A recente 
Recidiva de FR com DRC diagnosticada 
2 critérios menores + 
Evidência de infecção 
estreptocócica de grupo A recente 
Coreia de Sydenham 
 Cardite de início insidioso 
Não é necessário outros critérios 
ou evidências para o diagnóstico de FR 
Estenose mitral ou dupla lesão mitral 
e/ou valvopatia aórtica 
Não requer critérios adicionais 
para o diagnóstico de DRC 
Fonte: World Health Organization. Rheumatic fever and rheumatic heart disease: report of a WHO expert consultation. 
Geneva: WHO; 2004. 
 
CONCLUSÃO 
Diante disso, por ser uma condição potenci-
almente incapacitante e mortal, porém prevení-
vel, justifica-se uma atenção maior quando se 
trata de DRC. Apesar do declínio mundial da 
prevalência, esta condição permanece com im-
pacto considerável nos sistemas de saúde, prin-
 
117 
 
cipalmente em países de menor desenvolvi-
mento econômico. O perfil epidemiológico as-
sociado às estratégias diagnósticas são de maior 
valia para o auxílio médico. Como demons-
trado, áreas de menor poderio econômico, de-
mograficamente densas, com presença de desi-
gualdade social e menor acesso aos serviços de 
saúde possuem maior prevalência da DRC, in-
clusive com maior risco tanto para desfecho fa-
tal como cronificação da doença. 
Além disso, pode-se concluir que o conhe-
cimento dos critérios diagnósticos é de suma 
importância, ao mesclar sinais clínicos e com-
plementares, objetivando uma maior especifici-
dade. De acordo com os Critérios de Jones, tal 
especificidade pode ser atingida com auxílio da 
ecocardiografia,modalidade nem sempre dis-
ponível em regiões mais precárias. 
Portanto, de acordo com os dados apresen-
tados, é extremamente necessário amplificar a 
atenção do sistema de saúde à DRC. Isso pode 
ser feito por meio da capacitação dos profissio-
nais de saúde e de um maior investimento em 
recursos tecnológicos nas áreas mais afetadas 
que, de acordo com a epidemiologia, também 
são as que mais precisam do sistema público de 
saúde, uma vez que são mais precárias e têm 
menos acesso a esse sistema. Assim, ao realizar 
esses investimentos, o diagnóstico da DRC se 
tornará mais fácil e, portanto, mais precoce, o 
que poderá trazer maior resolutividade aos ca-
sos.
 
 
 
118 
 
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119 
 10.29327/5198921.7-14 
 
 
 CAPÍTULO 14 
UMA ABORDAGEM 
FISIOPATOLÓGICA DAS CRISES 
HIPERCIANÓTICAS NA 
TETRALOGIA DE FALLOT 
 
ALICY HELLEN SOARES ALVES¹ 
ELAINE LARGURA BIAZATI2 
LÉO CHRISTYAN ALVES DE LIMA2 
PEDRO ANTÔNIO RAMALHO DE ALMEIDA BARROS2 
SERGIO DANIEL FANOLA JUSTINIANO2 
SHARON CARDOSO CÂNDIDO DE OLIVEIRA3 
SUÉVELEM PATRÍCIA FEDATTO GRANELLA2 
THAÍS SOUZA GONZALES2 
JOÃO ROBERTO GEMELLI 4 
 
 
 
 
1Discente - Medicina na Faculdade Metropolitana de Rondônia 
2Discente – Medicina no Centro Universitário São Lucas 
3Discente - Medicina no Centro Universitário Aparício Carvalho 
4Cardiologia e Vice-Presidente do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor de 
Pós-graduação em Cardiologia 
 
 
 
 
Palavras-chave: Tetralogia de Fallot; Crises Hipercianóticas; Fisiopatologia. 
 
 
120 
 
INTRODUÇÃO 
As malformações congênitas referem-se a 
defeitos no desenvolvimento fetal de caráter 
funcional ou estrutural, presentes antes do nas-
cimento. Os defeitos congênitos do coração 
compreendem um significativo grupo de mal-
formações congênitas (MARANGONI et al., 
2020). 
A tetralogia de Fallot (TF) é a cardiopatia 
congênita cianótica mais frequente e corres-
ponde a cerca de 10% de todos os defeitos con-
gênitos do coração, além de ser a principal 
causa de óbito infantil em países de primeiro 
mundo dentre todas elas. Essa condição é com-
posta por um conjunto de quatro alterações ana-
tômicas cardíacas, sendo elas: A estenose da ar-
téria pulmonar com obstrução do fluxo de saída 
ventricular direito, comunicação interventricu-
lar (CIV), dextraposição aórtica e hipertrofia 
ventricular direita (MARANGONI et al., 
2020). Outras apresentações anatômicas cardí-
acas podem estar associadas, como a persistên-
cia do canal arterial, comunicação interatrial, 
comunicação interventricular múltiplas e atre-
sia pulmonar, além de anomalias extracardía-
cas, como a Síndrome de DiGeorge e Síndrome 
de Charge (CROTI, 2017; HERDY, 2022; JA-
TENE et al., 2021). 
As anomalias provocam deficiência da oxi-
genação sanguínea. O sangue não consegue 
atingir os pulmões em quantidade suficiente 
para retornar oxigenado para o átrio e ventrí-
culo esquerdo devido a obstrução da via de sa-
ída do fluxo do ventrículo direito (VSVD) e ao 
Shunt direita-esquerda através do CIV. A insa-
turação periférica, denominada cianose, é a 
principal consequência desse desequilíbrio en-
tre oferta e demanda de oxigênio, sendo o sin-
toma mais prevalente. Outros sinais e sintomas 
também podem estar presentes como sopro sis-
tólico e dispneia (HERDY, 2022; RIBEIRO et 
al. 2019). 
Os pacientes com Tetralogia de Fallot fre-
quentemente desenvolvem exacerbações paro-
xísticas de cianose, também conhecidas como 
crises hipercianóticas. Apresentam quadro clí-
nico distinto e surgem por obstrução completa 
ou quase completa da VSVD resultando na re-
dução abrupta do fluxo pulmonar e em episó-
dios paroxísticos de hiperpneia, com estados de 
agitação ou desidratação. As crises podem cau-
sar fraqueza, retardo no crescimento, policite-
mia, coagulopatias, convulsão, acidente cere-
brovascular, abscesso cerebral e até morte 
(BARREIRA, 2017; CROTI, 2017; PARK, 
2016). 
Na maioria dos casos as crises hipercianóti-
cas são identificadas ainda na infância de forma 
precoce, entre o segundo e o quarto mês de 
vida. Ao nascimento, o fluxo pulmonar é ade-
quado, porém, dentro das primeiras semanas ou 
meses de vida, a obstrução da VSVD e o 
SHUNT direita-esquerda tornam-se evidentes e 
progressivamente mais severos, com crises gra-
dativamente mais graves. Porém, quando a obs-
trução VSVD é grave ao nascimento, observa-
se cianose já nos primeiros dias de vida, neces-
sitando de rápida intervenção (CROTI, 2017; 
HERDY, 2022; JATENE et al., 2021). 
Diversos fatores contribuem para o desen-
cadeamento das crises hipoxêmicas. A anemia, 
o aumento do consumo de oxigênio por esforço 
físico, desidratação, infecções, febre e drogas 
vasodilatadoras são os mais comuns. Eles tam-
bém favorecem o agravamento das crises hiper-
cianóticas. E é devido à gravidade dos sintomas 
que a Tetralogia de Fallot é considerada uma 
emergência cardiológica, a qual deve ser rapi-
damente diagnosticada e tratada (HERDY, 
2022; PARK, 2016). 
 
121 
 
Diante disso, o objetivo do capítulo é des-
crever sobre os aspectos referentes às crises hi-
percianóticas da Tetralogia de Fallot, abor-
dando os seus conceitos fisiopatológicos e 
sintomatológicos. 
 
MÉTODO 
Trata-se de uma revisão integrativa reali-
zada no início fevereiro e com término em 
março, por meio de pesquisas nas principais ba-
ses de dados disponíveis, sendo elas: SciELO, 
PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde; além 
do uso de livros específicos da área de cardio-
logia pediátrica. 
Com o intuito em desenvolver o trabalho, 
formularam-se etapas para serem seguidas tais 
como, a definição do tema norteador, os seus 
critérios de exclusão e inclusão, a procura das 
informações assertivas para embasamento te-
mático com critérios específicos, além da aná-
lise e interpretação dos resultados obtidos para 
a confecção da revisão. 
Foram utilizados os descritores: Tetralogia 
de Fallot, Crises hipercianóticas e fisiopatolo-
gia. Desta busca foram encontrados 140 artigos, 
posteriormente submetidos aos critérios de se-
leção. Nessa óptica, como critérios de inclusão 
foram utilizados: Idioma, sendo selecionados 
artigos em português e inglês; o período, que foi 
delimitado de 2016 a 2023; os tipos de estudos, 
revisão bibliográfica e relato de caso; e por fim, 
artigos que atendessem a temática proposta para 
esta pesquisa. Os critérios de exclusão foram: 
Embasados em publicações inferiores a 2016, 
que não abordavam diretamente a proposta es-
tudada e que não atendiam os demaiscritérios 
de inclusão. 
Após critérios de seleção restaram 11 arti-
gos e 3 livros que foram submetidos a leitura 
minuciosa para coleta de dados. Os resultados 
foram apresentados em forma descritiva, divi-
dindo em categorias abordando: Conceito, sin-
tomatologia, diagnóstico, crises hipercianóticas 
e estenose pulmonar. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A Tetralogia de Fallot, cardiopatia rara, é a 
mais comum na pediatria, composta por um 
conjunto de malformações durante o desenvol-
vimento fetal causadas principalmente por fato-
res genéticos (dentre eles as anomalias cromos-
sômicas) tendo vários níveis de gravidade, po-
dendo inclusive causar o óbito neonatal (QUIN-
TÃO, 2018) 
A estenose pulmonar (estreitamento da vál-
vula semilunar pulmonar), comunicação inter-
ventricular (defeito do septo interventricular), 
hipertrofia do ventrículo direito (por sobrecarga 
de atividade) e o dextroposição da aorta (desvio 
aórtico para a direita) são os quatro defeitos 
congênitos que caracterizam a tetralogia. Esses 
defeitos interligam-se devido ao acúmulo de lí-
quido no ventrículo direito e sua ejeção para a 
circulação pulmonar é prejudicada pela este-
nose da válvula pulmonar acarretando um au-
mento da contração do ventrículo direito, ten-
tando vencer a resistência da estenose, entre-
tanto, com a comunicação entre os ventrículos, 
há o fluxo de sangue desoxigenado para a cavi-
dade cardíaca esquerda, apesar das cavidades 
da parte esquerda do coração apresentarem alta 
pressão interna não há grande desvio sanguíneo 
para a direita devido à hipertrofia do ventrículo 
direito e estenose pulmonar, não havendo o re-
fluxo de grande volume do sangue da parte es-
querda cardíaca desoxigenada para a parte di-
reita cardíaca oxigenada (QUINTÃO, 2018; 
MAGOON et al., 2022). 
Esses fatores fazem com que ocorram mu-
danças circulatórias pois ocasionam um shunt 
para a esquerda gerando algumas sintomatolo-
gias encontradas na cardiopatia como: Cianose, 
 
122 
 
dispneia durante a amamentação e defecação, 
déficit de crescimento e crises hipercianóticas. 
Dentre elas, os sinais mais importantes são a 
dispneia e a cianose que repercutem bastante 
durante a amamentação por acarretar dificul-
dade de ganho de peso, aumento do número de 
eritrócitos (policitemia), baqueteamento digital 
e hipóxia (QUINTÃO, 2018). 
A saturação do oxigênio é o parâmetro prin-
cipal de avaliação da gravidade da cardiopatia, 
sendo o principal causador da cianose a este-
nose da artéria pulmonar, gerando o shunt da 
direita para a esquerda. A posição de cócoras 
(postura abaixada com braços para frente, pés 
apoiados no solo e coluna ereta) auxilia na me-
lhora do quadro de hipóxia por aumentar a re-
sistência vascular sistêmica, aumentando a 
pressão no ventrículo esquerdo para bombear 
mais sangue para a aorta. O aumento dessa 
pressão faz com que o shunt direita esquerda 
mude e o sangue passa a ser forçado a vencer a 
estenose da valva pulmonar e chegue aos pul-
mões, aumento assim, de forma considerável, a 
oxigenação sanguínea e melhorando os sinto-
mas de hipóxia causados pelas atividades de es-
forço (QUINTÃO, 2018). 
A crise hipercianótica ou crise de hipóxia 
tem natureza súbita e ocorre frequentemente ao 
despertar, com uma duração estimada entre 15 
e 60 minutos, sendo composta por sintomas 
como taquipneia, cianose bem evidente e possí-
veis alterações de consciência como irritabili-
dade ou síncope. Dessa forma, seu acompanha-
mento é de extrema relevância já que tais crises 
podem ter como consequência danos cerebrais 
ou até mesmo causar o óbito da criança (QUIN-
TÃO, 2018). 
A Tetralogia de Fallot é um conjunto de de-
feitos congênitos que causam a cianose e até 
crise de hipoxemia. Quando um paciente, prin-
cipalmente recém-nascidos, apresentam es-
forço respiratório e cianose, é extremamente re-
comendado que seja submetido a uma investi-
gação minuciosa, podendo fazer uso de exames 
complementares para confirmação da hipótese 
diagnóstica, avaliando a gravidade da patologia 
e podendo tratar de forma correta e rápida, ex-
cluindo ainda os diagnósticos diferenciais (ou-
tras possíveis cardiopatias) (QUINTÃO, 2018). 
Dentre os exames a serem solicitados incluem: 
-Ecocardiograma - Exame mais preciso para 
avaliar os defeitos morfológicos da Tetralogia 
de Fallot, onde pode ser visualizado com preci-
são a localização e tamanho da comunicação in-
terventricular, a gravidade da estenose da arté-
ria pulmonar medindo o seu espessamento, o 
posicionamento da artéria aórtica e por fim, mas 
não menos importante, a localização das arté-
rias coronarianas, para evitá-las durante o trata-
mento cirúrgico. Pode ser usado inclusive para 
verificar outras alterações cardíacas associadas. 
O diagnóstico definitivo é geralmente estabele-
cido pela ecodopplecardiografia bidimensional 
- padrão ouro (QUINTÃO, 2018). 
-Radiografia - Para ilustração da área cardíaca 
e pulmonar com possíveis achados de imagem 
de bota por hipertrofia de ventrículo direito, 
fluxo pulmonar reduzido, artérias pulmonares 
distendidas (por folhetos rudimentares da valva 
pulmonar) e mais raramente dextrocardia com 
possibilidade de situs inversus (inversão da 
anatomia corporal) (QUINTÃO, 2018). 
-Eletrocardiograma (ECG) - Para detectar pos-
síveis arritmias bem como também a sobre-
carga cardíaca, sendo constatado quando há 
desvio do eixo QRS para a direita (entre +90º e 
+150º) somado a hipertrofia do ventrículo di-
reito (Ondas S predominantes em V6 e Ondas 
R predominantes em V4R e V1) (QUINTÃO, 
2018). 
-Cateterismo cardíaco - Apesar de ser um 
exame bastante eficaz é invasivo para recèm-
 
123 
 
nascidos, porém é escolhido quando o ecocar-
diograma não for satisfatório, usa-se para exa-
minar a estenose pulmonar ou melhor compre-
ensão da localização das artérias coronárias 
como também é apresentado shunt direita-es-
querda no exame (QUINTÃO, 2018). 
-Ressonância Magnética (RM) - É importante 
tanto no pré quanto no pós-operatório já que no 
pré pode ser observado as artérias pulmonares 
centrais e colaterais sistêmico pulmonares, e no 
pós-operatório para revelar complicações pro-
venientes da cirurgia como o refluxo (regurgi-
tação) causando a insuficiência pulmonar 
(QUINTÃO, 2018; KOZAK, 2021). 
Normalmente a morfina é usada para seda-
ção de pacientes com crises hipercianóticas, po-
rém, há a possibilidade de ser usado a dexme-
detomidina para estas crises, onde o agonista 
dos receptores alfa2-adrenérgicos do sistema 
nervoso central provoca um efeito sedativo por 
diminuição do fluxo simpático central. Já que a 
morfina causa literalmente dilatação arterial e 
venosa acarretando paradoxalmente aumento 
da cianose além de afetar a respiração aumen-
tando o risco de apnéias repetitivas como de su-
pressões respiratórias atrasadas, no entanto a 
dexmedetomidina não tem efeito direto na res-
piração assim efeitos adversos respiratórios são 
poucos e mínimos, por este motivo há efeitos 
benéficos na utilização pelo maior risco de ins-
tabilidade respiratória dos recém-nascidos (DE 
MEDEIROS OLIVEIRA et al., 2021). 
Os estudos revelam que as crianças que pas-
saram por procedimento cirúrgico corretivo da 
patologia com o fechamento da comunicação 
interventricular e desobstrução da estenose da 
artéria pulmonar, com idade variando de 1 a 11 
meses (média: 7,2 meses) e pesando entre 4 a 
10 quilos (média: 7,1 kg), quando em compara-
ção com crianças maiores, foi constatado que o 
quanto antes a correção for possível de ser rea-
lizada, melhor é o prognóstico dessa criança, 
tendo baixa morbidade mortalidade e bem 
como também bons resultados tardios por res-
taurar precocemente a fisiologia normal do co-
ração, restabelecendo a circulação e elevando a 
saturação arterial de oxigênio poupando a hipo-
xemia de órgãos alvos e o seu regular desenvol-
vimento. Para a realização da cirurgia foi ado-
tado a circulação extracorpórea convencional 
com oxigenador de membrana e hipotermia 
moderada (25ºC), com proteção miocárdicapor 
infusão na aorta de solução cardioplégica cris-
talóide gelada e hipotermia tópica do coração. 
A via utilizada com maior frequência é a trans-
ventricular, enquanto que a via atriopulmonar é 
pouco utilizada (DE MEDEIROS OLIVEIRA 
et al., 2021). 
Para pacientes sintomáticos que não são ele-
tivos cirurgicamente por terem má anatomia e 
baixo peso ao nascimento, o uso do implante de 
stent na via de saída do ventrículo direito - 
VSVD para sua desobstrução tem se mostrado 
um procedimento promissor para o tratamento 
da sintomatologia da tetralogia de Fallot, tendo 
uma taxa de óbito de 33%, podendo ser um ca-
minho promissor para tratamento (KUPAS, 
2021; CHAMIÉ, 2021). 
 
CONCLUSÃO 
A Tetralogia de Fallot é uma cardiopatia 
congênita cianótica, que impede a realização 
correta das trocas gasosas, e por conseguinte, 
leva a uma cianose. Em casos graves, as crises 
hipercianóticas, que são episódios súbitos de hi-
póxia, podem levar à convulsões, crises de ta-
quipneia, alteração de consciência, síncopes e 
até mesmo ao óbito do lactente. 
Uma crise hipercianótica, pode ser desenca-
deada tanto por queda na saturação de oxigênio, 
quanto por diminuição da resistência vascular 
periférica. Ocorre principalmente ao despertar 
 
124 
 
pela manhã, e pode ocorrer também durante a 
amamentação e choros. Por ser potencialmente 
letal, trata-se de uma emergência cardiológica, 
que deve ser rapidamente diagnosticada. 
Após feito o diagnóstico, é necessário que 
seja feita avaliação de qual o melhor método te-
rapêutico para aquele paciente. É primordial 
que o tratamento seja feito no primeiro ano de 
vida do paciente, para garantir uma melhor qua-
lidade de vida à criança. 
 
 
 
125 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARREIRA, M.C. Tetralogia de Fallot – Um Desafio 
Multidisciplinar. Universidade de Lisboa. Dissertação de 
Mestrado. 2017. 
Chamié F. Paliação Transcateter para Tetralogia de 
Fallot. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 117, n. 4, 
p. 664–5, 2021. 
CROTI, U.A. Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular Pe-
diátrica. 2. ed. São Paulo: Roca, 2017. p. 454-458. 
DE MEDEIROS OLIVEIRA, P.V. et al. A tetralogia de 
Fallot e sua abordagem cirúrgica precoce: Uma revisão 
de literatura Fallot tetralogy and its early surgical appro-
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lopment, v. 7, n. 9, p. 92890-92899, 2021. 
HERDY, G.V.H. Cardiologia Pediátrica: Prática Clínica. 
1. ed. Rio de Janeiro: Thieme Revinter, 2022. p. 91-101. 
JATENE, M.B. et al. Cardiologia pediátrica. 2. ed. Rio 
de Janeiro: Editora Manole, 2021. p. 24-27. 
KOZAK, M.F. et al. Uso atual de ressonância magnética 
cardíaca pediátrica no Brasil. Arquivos Brasileiros de 
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KUPAS, K.D. et al. Intervenção paliativa endovascular 
no lactente com Tetralogia de Fallot: Uma série de casos. 
Arquivos Brasileiros De Cardiologia, v. 117, n. 4, p. 657–
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dromic children with congenital cardiac anomalies–A 
case series. Indian Journal of Anaesthesia, v. 66, n. 6, p. 
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MARANGONI, C.B., et al. Tetralogia de Fallot. Revista 
Interdisciplinar Pensamento Científico, v. 5, n. 4, 2020. 
MICHALOWSKI, M. et al. Tetralogia de Fallot associ-
ada a artéria subclávia direita aberrante. Implicações clí-
nicas. Arquivos Brasileiros De Cardiologia, v. 119, n. 3, 
p. 485–487, 2022. 
PARK, M.K. Park de Cardiologia Pediátrica. 6. ed. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p. 223-227. 
RIBEIRO, C. et al. Tetralogia de Fallot intitulada de 
síndrome do bebê azul: Uma revisão de literatura. Disci-
plinarum Scientia, v. 20, n. 1, p. 37-52, 2019. 
QUINTÃO, G.R.R. Tetralogia de Fallot: Aspectos clíni-
cos e tratamento. 2018. 35 f. TCC (Graduação) - Curso 
de Residência Médica, Comissão de Residência Médica 
do Hospital do Servidor Público Municipal, São Paulo, 
2018.
 
 
 
 
126 
 10.29327/5198921.7-15 
 
 
 
 CAPÍTULO 15 
TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES 
ARTÉRIAS 
 
 
 
 
VICTOR MOTA MACIEL¹ 
AMANDA ARLETE GURGEL DO AMARAL BACELLAR2 
RAYANE DA SILVA SOUZA2 
RAMYLE DA SILVA SOUZA2 
LUANA COSTA RIBEIRO2 
 
 
 
 
 
 
 
1Discente – Bacharelado em Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho 
2Discente – Bacharelado em Medicina do Centro Universitário São Lucas 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Transposição de grandes artérias; Neonatologia; Aorta. 
 
 
127 
 
INTRODUÇÃO 
A transposição das grandes artérias (TGA) 
é uma cardiopatia congênita cianótica na qual 
há discordância ventrículo-arterial, de modo 
que a aorta se origina do ventrículo direito e a 
artéria pulmonar do ventrículo esquerdo. As-
sim, as circulações sistêmica e pulmonar dis-
põem-se em paralelo (COHEN, 2020). A trans-
posição é a anomalia cardíaca cianótica mais 
comum diagnosticada na primeira semana de 
vida, representando 5-7% de todas as cardiopa-
tias congênitas. Ademais, a patogênese da 
transposição das grandes artérias envolve um 
defeito embriológico por falha do septo aortico-
pulmonar em espiralar (SZYMANSKI, 2022). 
Eventualmente, o médico pode estar suspei-
tando de TGA quando o recém-nascido apre-
senta baixa oxigenação no sangue, especial-
mente quando evoluem rapidamente com clí-
nica de insuficiência cardíaca. O exame diag-
nóstico mais indicado é o ecocardiograma, no 
qual evidencia a transposição dos grandes vasos 
e outras condições anômalas associadas. O ca-
teterismo cardíaco também pode ser utilizado, 
pois os pacientes com diagnóstico de TGA po-
dem apresentar variações anatômicas, princi-
palmente no ponto de inserção das artérias co-
ronárias. A radiografia de tórax pode demons-
trar aumento das câmaras cardíacas, no entanto 
não é tão específico quanto o ecocardiograma 
(SZYMANSKI, 2022). 
Enquanto isso, o tratamento da TGA é cirúr-
gico, que quando bem executado pode propor-
cionar um aumento da sobrevida. Uma das prin-
cipais dificuldades da TGA é a presença de va-
riações anatômicas concomitantes, sendo im-
portante afirmar a importância da experiência e 
a qualificação do cirurgião cardiovascular, as-
sim como é imprescindível a atuação de um 
bom ultrassonografista. 
O objetivo deste capítulo foi denotar a im-
portância do diagnóstico da TGA em parelho 
com o tratamento. 
 
MÉTODO 
O presente trabalho trata-se de uma revisão 
de literatura, baseada em pesquisas realizadas 
nas bases de dados PubMed e Dynamed. Para 
isso, foram utilizados os descritores: Transposi-
tion of the great arteries; Congenic cardiopatics; 
Aorta; Pediatrics. Através dessa busca foram 
selecionados doze artigos que se enquadravam 
nos descritores pré-estabelecidos e no tema 
desse presente trabalho. 
Foram utilizados como critérios de inclusão, 
artigos publicados na língua inglesa e portu-
guesa dentro de um período entre 2014 a 2023, 
além disso foram incluídos estudos que se en-
quadravam nas seguintes categorias: Relato de 
caso, metanálise e revisão de literatura. 
Os critérios de exclusão foram artigos que 
abordavam outras cardiopatias congênitas e pa-
tologias cardiovasculares que não enquadravam 
no tema proposto, pois tais artigos não foram 
considerados pertinentes para acréscimo no 
presente estudo. Após a aplicação de todos os 
critérios, os artigos foram analisados detalhada-
mente para a coleta dos dados utilizados nesse 
presente estudo. Os resultados foram dispostos 
de forma descritiva divididos em morfologia da 
transposição das grandes artérias, diagnóstico e 
pré-natal na atualidade, importância do 
diagnóstico precoce e tratamento. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Morfologia da transposição das grandes 
artérias 
A transposição das grandes artérias (TGA) 
é uma doença cardíaca congênita (DCC) que 
apresenta uma morfologia na qual a aorta se ori- 
 
 
128 
 
gina do ventrículo direito e o tronco pulmonar 
do ventrículo esquerdo, na TGA completa (D-
TGA) há uma conexão ventrículo atrial 
associada a situs solitus e conexão 
atrioventricular (AV) concordante, fato que 
gera o estabelecimentodas circulações 
sistêmica e pulmonar funcionando em 
“paralelo”. Todavia, a TGA (Figura 15.1) 
também pode se apresentar com a conexão 
ventrículo atrial discordante, sendo chamada de 
transposição corrigida congênita (L-TGA) 
(FRESCURA & THIENE, 2016). Além disso, 
há também alterações no septo interventricular 
que se apresenta com uma curvatura anormal, 
podendo haver outras alterações como as 
anomalias coronarianas, que tornam a TGA 
complexa (VALENZUELA et al., 2020). 
Devido a configuração anatômica dessa 
doença cardíaca congênita, o sangue 
desoxigenado das veias cava superior e inferior 
drena para as câmaras direitas e a aorta. 
Enquanto na circulação pulmonar, o sangue 
oxigenado das veias pulmonares drena para as 
câmaras esquerdas e o tronco pulmonar. Essas 
alterações presentes na D-TGA são bem 
toleradas a vida fetal, porém após o nascimento, 
a menos que haja alguma comunicação entre os 
lados esquerdo e direito, como a persistência do 
canal arterial, essa circulação é incompatível 
com a vida (CANAN et al., 2021). 
 
Figura 15.1 TGA – Situs Sollitus Atrial 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: FRESCURA & THIENE, 2016. 
Diagnóstico pré-natal na atualidade 
Atualmente, a taxa de detecção pré-natal de 
TGA melhorou de forma significativa, porém 
ainda permanece abaixo de 50% (ESCOBAR-
DIAS et al., 2015). Com o avanço de novas tec-
nologias, como a ultrassonografia/eco-cardio-
grafia tridimensional (3D) e quadridimensional 
(4D), houve melhora no diagnóstico e a avalia-
ção de muitas doenças cardíacas congênitas 
(DCCs). Contudo, mesmo diante desses avan-
ços, a transposição simples das grandes artérias 
(TGA) é comumente subdiagnosticada in útero 
(VALENZUELA et al., 2020). 
As diretrizes para exames de triagem cardí-
aca fetal e programas de treinamento possuem 
potencial para melhorar as taxas de detecção de 
doenças cardíacas congênitas (DCC) (VA-
LENZUELA et al., 2020). As recomendações 
de várias sociedades de ultrassom pré-natal se 
modificaram ao longo do tempo, havendo em 
2013 a incorporação da visão da via de saída 
(OTV) no exame de triagem cardíaca fetal em 
conformidade com as diretrizes do American 
 
129 
 
Institute of Ultrasound in Medicine e da World 
Association of Perinatal Medicine. Desse 
modo, é essencial o aprimoramento educacio-
nal para que haja um desempenho consistente e 
interpretação precisa do OTV para detecção 
pré-natal das doenças congênitas, dentre as 
quais pode-se destacar a TGA (ESCOBAR-
DIAZ et al., 2015). 
Classicamente, o diagnóstico fetal da TGA 
é baseado na identificação da bifurcação da ar-
téria pulmonar, que origina-se no ventrículo 
posterior (VE). No entanto, é difícil a visualiza-
ção dos ramos da artéria pulmonar na via de sa-
ída do VE, contribuindo assim para a perma-
nência do desafio atual do diagnóstico pré-natal 
de TGA. Este caso ocorre especialmente em pa-
cientes com TGA simples, cujo corte de quatro 
câmaras parece normal, sendo sugerida a reali-
zação de uma cuidadosa avaliação da via de sa-
ída do ventrículo esquerdo. Diante disso, atual-
mente, há uma variedade de marcadores ultras-
sonográficos importantes envolvendo as vias de 
saída do coração, dentre os quais se encontram 
a identificação de dois vasos em vez de três na 
visão traqueal de três vasos: “Sinal dos três va-
sos” (VALENZUELA et al., 2020). 
Contudo, o encontro desse sinal não é pato-
gnomônico, visto que é observado também em 
fetos com tronco arterial comum e em algumas 
formas de dupla via de saída. Consequente-
mente, achados ultrassonográficos adicionais 
têm sido usados para melhorar o diagnóstico de 
TGA em fetos, sendo a curvatura convexa para 
a direita da saída do VD referida como o “Sinal 
bumerangue” (Figura 15.2), um novo marca-
dor mais precoce, fácil e confiável de TGA. 
Além desse sinal, a presença de vaso longo 
(aorta) originando-se do VD “em forma de I” 
também foi apontado como um sinal que deve 
aumentar a suspeita clínica de TGA durante 
exames ultrassonográficos de rotina, sendo uma 
ferramenta importante no diagnóstico de TGA 
(VALENZUELA et al., 2020). 
 
Figura 15.2 Sinal do bumerangue na ecocardiográfia fe-
tal 
Fonte: VALENZUELA et al., 2020. 
 
Importância do diagnóstico precoce 
A realização de um diagnóstico pré-natal 
possibilita a centralização do parto dos neona-
tos portadores de TGA em locais com nível de 
complexidade adequado para o gerenciamento 
ideal da DCC apresentada (HAUTALA et al., 
2020). Assim, o diagnóstico pré-natal da TGA 
possui benefícios significativos contribuindo 
para melhores condições de pré-operatório e re-
sultados cirúrgicos. Além disso, pode estar as-
sociado a redução do custo de cuidados ao pos-
sibilitar um manejo ideal e um menor tempo de 
internação, apesar de em muitos locais com 
pouco recurso esse diagnóstico é dificultado 
(KUNDE et al., 2021). 
Escobar-Diaz et al., (2015) em seu estudo 
de 20 anos, constatou que apenas 5% dos paci-
entes com diagnóstico pós-natal nasceram em 
uma unidade obstétrica especializada, sendo os 
pacientes desse grupo internados no centro car-
díaco em média 1 dia mais tarde do que os do 
grupo pré-natal. Ademais, os pacientes diag-
nosticados no pré-natal tiveram menor probabi-
lidade de necessitar de ventilação mecânica e ti-
veram uma septostomia atrial por balão (BAS) 
realizada mais cedo (ESCOBAR-DIAZ et al., 
 
130 
 
2015). O resultado neonatal se mostrou melhor 
em bebês nascidos em centros especializados 
em relação aos nascidos em maternidades lo-
cais, tendo em vista a menor mortalidade em 
bebês nascidos em centros especializados. Em 
adição, o diagnóstico pré-natal mostra-se rela-
cionado a correção cirúrgica precose, apesar de 
não haver diferença significativa na mortali-
dade pós-operatória (KUNDE et al., 2021). 
Nos pacientes com TGA que sobrevivem 
até a idade adulta nota-se a prevalência de mor-
bidades neuropsicológicas e psiquiátricas leves 
a moderadas de longo prazo, sendo descrito por 
estudos um fenótipo comportamental e neuro-
desenvolvimental comum associado ao d -
TGA. Isto se apresenta em crianças por defici-
ências em áreas relacionadas a habilidades mo-
toras visuais, espaciais e finas, funcionamento 
executivo, velocidade de processamento e cog-
nição social. Além disso, pode haver com o en-
velhecimento a piora dos déficits nas habilida-
des cognitivas de ordem superior, problemas no 
ajustamento psicossocial e uma taxa maior do 
que o esperado de transtornos psiquiátricos, 
como transtorno de déficit de atenção e hipera-
tividade, depressão e ansiedade (KASMI et al., 
2017). 
As taxas mais altas de problemas de neuro-
desenvolvimento em crianças após a correção 
da TGA possui como principal explicação a 
ocorrência de complicações hipóxicas que 
ocorrem antes e durante a cirurgia, sendo me-
lhores resultados neurocognitivos obtidos em 
crianças cujo diagnóstico se deu no período pré-
natal. Este fato está atribuído à oferta de 
cuidados pré-cirúrgicos otimizados com o diag-
nóstico precoce e ao manejo em parte compro-
metido nos lactentes com um diagnóstico pré-
natal, nos quais nota-se uma incidência maior 
de hipóxia, fechamento do ducto arterial e dis-
função renal (VELZEN et al., 2015). Na maio-
ria dos relatórios é documentada a existência de 
correlação entre eventos perioperatórios, como 
acidose, circulação extracorpórea prolongada, 
hipoxemia significativa, baixo débito cardíaco 
e as alterações no neurodesenvolvimento (VIL-
LAFAÑE et al., 2014). 
Por fim, avaliando a detecção pré-natal e as 
taxas de mortalidade e morbidade no primeiro 
ano após o nascimento, o diagnóstico precoce 
de TGA está associado a menor uma taxa de 
mortalidade na avaliação de múltiplos indica-
dores objetivos da gravidade da doença (VEL-
ZEN et al., 2015). 
 
Tratamento 
No que se refere ao manejo inicial, é funda-
mental garantir a oxigenação adequada do paci-
ente com D-TGA para melhores prognósticos 
(SZYMANSKI et al., 2022). Sendo assim, a te-
rapia com prostaglandina E1 (PGE1) intrave-
nosa, que é umpotente vasodilatador, ajuda a 
estabilizar os pacientes abrindo e mantendo a 
desobstrução do canal arterial, aumentando o 
fluxo sanguíneo pulmonar e melhorando a cir-
culação sistêmica. Porém, se o forame oval do 
paciente tiver uma abertura pequena, a PGE1 
vai causar um aumento no retorno sanguíneo ao 
átrio esquerdo, podendo fechar o forame oval. 
Posto isto, a mistura interatrial vai ser insufici-
ente, dificultando a oxigenação adequada e ele-
vando a pressão arterial esquerda. A PGE1 pode 
causar vasodilatação periférica considerável e 
em seguida uma hipotensão. Já que é uma mo-
lécula pró-inflamatória, pode causar febre, leu-
cocitose e edema tecidual, devendo assim ser 
utilizada com precaução e monitoração fre-
quente dos pacientes (SÉGUÉLA et al., 2017). 
Além disso, nos casos em que o forame 
oval tiver uma abertura pequena é necessário 
ampliar ou criar uma comunicação interatrial 
bidirecional realizado pelo procedimento de 
 
131 
 
septostomia atrial por balão (BAS). O BAS 
consiste na ruptura do septo atrial através da 
passagem de um cateter insuflado com a ponta 
de balão do átrio esquerdo para o direito atra-
vés do forame oval. Esta manobra é realizada 
em unidade de terapia intensiva sob orientação 
ecocardiográfica e em laboratório de catete-
rismo cardíaco sob orientação fluoroscópica 
(SÉGUÉLA et al., 2017). 
Visto que o paciente está hemodinamica-
mente estável, é realizado o tratamento cirúr-
gico de forma precoce, uma vez que a cirurgia 
tardia está associada a maior taxa de mortali-
dade, sendo que alguns autores consideram 
que a partir da idade > 3 semanas, o paciente 
corre maior risco de ficar em ventilação mecâ-
nica, prolongando sua internação hospitalar 
(SÉGUÉLA et al., 2017). Portanto, o reparo 
cirúrgico da d-TGA geralmente é realizado na 
primeira semana de vida, existindo atualmente 
dois procedimentos cirúrgicos comumente 
usados, a operação de troca artérias (ASO) e o 
procedimento de Rastelli (SZYMANSKI et 
al., 2022). 
A ASO é o procedimento padrão para os 
pacientes com d-TGA sem estenose pulmonar 
importante, que consiste em transeccionar o 
tronco pulmonar e a aorta, translocando-as 
para suas posições anatomicamente corretas. 
Ocorre também a reimplantação das artérias 
coronárias no trono aórtico e se um VSD esti-
ver presente, também será reparado nesse mo-
mento (SZYMANSKI et al., 2022). Já o pro-
cedimento de Rastelli é realizado em paciente 
que apresentam d-TGA, um grande VSD e es-
tenose pulmonar. Ele consiste em fechar o 
VSD usando um defletor, que vai fazer com 
que o sangue oxigenado do ventrículo es-
querdo seja direcionado para a aorta, sendo ou-
tro colocado no ventrículo direito para a artéria 
pulmonar, desviando o sangue desoxigenado 
para a artéria pulmonar (SZYMANSKI et al., 
2022). 
Após a realização destes procedimentos, a 
sobrevida de um paciente na idade adulta é co-
mum e o risco de reoperação é baixo. Porém, a 
reparação cirúrgica tem consequências por 
toda a vida do paciente, como estenose neopul-
monar, regurgitação neoaórtica, dilatação da 
raiz neoaórtica e doença arterial coronariana, 
exigindo assim uma vigilância médica contí-
nua (VILLAFAÑE et al., 2014). 
 
CONCLUSÃO 
Portanto, é válido ressaltar que a transposi-
ção de grandes artérias (TGA) é uma cardiopa-
tia congênita crítica, a qual necessita de um di-
agnóstico precoce no período do pré-natal, com 
o intuito de evitar cianose extrema, hipóxia pro-
gressiva, acidose e óbito do paciente. Deste 
modo, o diagnóstico realiza-se substancial-
mente durante a triagem cardíaca fetal, por 
meio da ultrassonografia e do ecocardiograma. 
Como resultado, pode-se ter um parto planejado 
alinhado a um devido manejo perinatal, redu-
zindo assim a morbimortalidade fetal. 
Acerca do tratamento da TGA, nota-se que 
a realização da operação de troca arterial (ASO) 
ou do procedimento de Rastelli evidencia bons 
resultados e maior sobrevida no período pós-
operatório. Ademais, a septostomia atrial por 
balão (BAS) e a terapia com prostaglandina E1 
(PGE1) intravenosa são técnicas também utili-
zadas no manejo terapêutico da transposição de 
grandes artérias. 
Por fim, faz-se necessário que a equipe de 
saúde tenha treinamento e capacitação para o 
diagnóstico e conduta mais adequada, princi-
palmente em casos de instabilidade hemodinâ-
mica. Além disso, é imprescindível fornecer 
educação à família acerca da TGA, tanto no 
pré-operatório como no pós-operatório e alta. 
 
132 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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64, n. 5, p. 498-511, 2014. 
 
 
 
 
133 
 10.29327/5198921.7-16 
 
 
 
 CAPÍTULO 16 
O MANEJO AO INFARTO AGUDO 
DO MIOCÁRDIO (IAM): 
UMA REVISÃO DE LITERATURA 
 
 NAILLA BYATRIZ SILVA DE MORAIS¹ 
ANDERSON ALMEIDA ROSA¹ 
GABRIEL DA SILVA SOUSA¹ 
HEVERSON PACHECO PONTES¹ 
ISRAEL MUKUNA KADIATA¹ 
JEISSICA LUANY DOS ANJOS SEABRA² 
JOSÉ PEREIRA NETO¹ 
JOÃO VICTOR LOBO OLIVEIRA PEREIRA³ 
JOÃO DE SOUZA GOMES JUNIOR¹ 
KANYSLAN VALADÃO NETO NUNES¹ 
LUCAS GUILHERME MEDEIROS E SILVA¹ 
LARISSA CRISTINA SOARES SANTOS³ 
MAYKON LEAL BRANDÃO¹ 
RODRIGO ARISON BARBOSA RIBEIRO¹ 
RAYANE GONÇALVES DOS SANTOS4 
 
1Discente - Medicina na Universidade Federal do Pará (UFPA) 
2Discente - Nutrição na Universidade Federal do Pará (UFPA) 
3Discente - Enfermagem na Universidade Estadual do Pará (UEPA) 
4Discente - Medicina Veterinária na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) 
 
Palavras-chave: Ataque cardíaco; Cardiologia; Infarto agudo do miocárdio. 
 
 
 
134 
 
INTRODUÇÃO 
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e 
condições econômicas 
A alta mortalidaderelacionada a doenças 
cardiovasculares tem gerado grande impacto 
econômico e social em todo o mundo e uma 
constante preocupação em compreender os 
principais fatores desencadeantes. Dentre as di-
versas causas relacionadas pode se destacar o 
tabagismo, dislipidemia, hipertensão arterial 
(HA), obesidade, diabetes e o sedentarismo 
(DATTOLI-GARCÍA et al., 2021). Tais fato-
res, por sua vez, estão intimamente atrelados ao 
hábito de vida da população. Logo, é ampla-
mente conhecido que a adesão aos hábitos de 
vida mais saudáveis, como parar de fumar, a 
prática regular de atividade física e a alimenta-
ção saudável contribuem fortemente para diri-
mir a incidência de tais complicações na saúde. 
Em adição a isso, podemos destacar a condição 
socioeconômica como um dos fatores prepon-
derantes ao surgimento das doenças cardiovas-
culares (BRANT & PASSAGLIA, 2022). 
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) tem 
se configurado uma das principais causas de 
morte na população ao longo das últimas déca-
das, tanto em países desenvolvidos quanto em 
desenvolvimento, entretanto, o perfil epidemio-
lógico mundial tem apresentado importantes 
mudanças nesse cenário, já que nações em que 
a população dispõe de renda mais elevada apre-
sentaram diminuição progressiva no número de 
óbitos por Doenças Isquêmicas do Coração 
(DIC), enquanto que em países de renda inferior 
essa redução não foi observada (BRANT & 
PASSAGLIA, 2022). Desse modo, é funda-
mental levar em consideração fatores de risco 
mais amplos e complexos, como sociais, cultu-
rais, econômicos e políticos, e como tais fatores 
são capazes de afetar a saúde cardiovascular da 
população. 
No Brasil, essa disparidade pode ser obser-
vada entre as regiões, uma vez que a partir do 
início do século XXI houve uma elevação das 
mortes relacionadas a fatores cardiovasculares 
nas regiões norte e nordeste do país, com res-
pectiva diminuição nas regiões Sul, Sudeste e 
Centro-Oeste (FERREIRA et al., 2020; TIMÓ-
TEO, 2021). Dessa forma, pode-se afirmar que 
condições clínicas como IAM são entendidas e 
determinadas por fatores que refletem a escola-
ridade, condições de trabalho e acesso à saúde, 
e que indicadores como renda per capita são fa-
tores condicionantes para o IAM. 
 
Reperfusão miocárdica precoce: Uma ob-
tenção de melhores prognósticos 
A prevalência de mortes causadas por IAM, 
e das complicações causadas durante a fase 
aguda da doença, faz com que haja a necessi-
dade de novas abordagens terapêuticas para o 
tratamento. A reperfusão miocárdica precoce 
demonstra-se como uma abordagem interes-
sante para a redução das taxas de mortalidade, 
garantido melhores prognósticos aos pacientes. 
O uso da reperfusão precoce com intervenção 
coronária percutânea primária (ICPP) é reco-
mendada segundo as Diretrizes Nacionais e In-
ternacionais para pacientes internados que apre-
sentaram os sintomas de IAM com intervalo de 
até 12 horas (OLIVEIRA et al., 2021; CORBA-
LÁN, 2021). 
Para garantir maiores taxas de sucesso dessa 
abordagem, a reperfusão miocárdica precoce é 
acompanhada de uma estratégia fármaco-inva-
siva prévia, sendo ela a trombólise (TL) com 
Tenecteplase (fármaco indicado para o trata-
mento trombolítico do IAM), tendo sua dose 
ajustada de acordo com o peso e idade do paci-
ente e administrada nas primeiras 4 horas após 
o início do quadro clínico. Essa etapa minimiza 
as complicações que podem ser causadas pelo 
 
135 
 
IAM, e em seguida o paciente poderá ser enca-
minhado para dar início à intervenção coronária 
percutânea em um centro especializado (COR-
BALÁN, 2021). 
O tratamento com reperfusão após a TL em 
centros especializados demonstrou redução nas 
incidências de complicações causadas pelo 
IAM. O choque cardiogênico, por exemplo, 
teve sua prevalência reduzida para 6,1% entre 
2005 e 2017, quando comparado à antiga taxa 
de 7,0%. Essa porcentagem de 6,1% representa 
uma ligeira redução, porém demonstra que a 
aplicabilidade do procedimento traz resultados 
positivos (CORBALÁN, 2021). No Brasil, os 
resultados para as demais complicações prove-
nientes do IAM (isquêmicas, embólicas, peri-
cárdicas) após a aplicação do procedimento são 
escassos, o que demonstra a falta ou insuficiên-
cia de dados para compor uma base de estudo 
eficiente de pacientes que foram submetidos ao 
ICP, dificultando a criação de um índice de con-
fiança suficiente para garantir o consentimento 
dos pacientes para a realização do tratamento 
(ALVES & POLANCZYK, 2020). 
O diagnóstico precoce feito pela equipe de 
saúde é fundamental para garantir o tempo ideal 
para a reperfusão e a eficácia da terapia, redu-
zindo a necessidade de centros não-especializa-
dos transferirem o paciente, o que atrasa o tra-
tamento. Para isso, é necessário que as equipes 
de saúde dos hospitais sejam treinadas para 
atuar nos serviços de emergência com eficiên-
cia para evitar o diagnóstico tardio do IAM, ga-
rantido o manejo do paciente para o tratamento 
por ICP em tempo hábil, proporcionando o me-
lhor prognóstico para os pacientes e a redução 
da taxa de mortalidade (ALVES & POLAN-
CZYK, 2020). 
 
Como o tratamento tardio do quadro de 
IAM afeta a sobrevida do paciente? 
O intenso avanço da tecnologia e a fácil 
acessibilidade a informações, a nível global, 
proporcionam à sociedade uma melhor percep-
ção e entendimento sobre as doenças cardiovas-
culares, sobretudo as que acometem o homem 
contemporâneo em consequência de seus hábi-
tos. Apesar disso, é possível associar a alta in-
cidência de infarto agudo do miocárdio (IAM) 
com o desconhecimento dos pacientes acerca da 
natureza da doença, além de fatores socioeco-
nômicos que influenciam a capacidade destes 
indivíduos de manejar sua condição de forma 
melhorada e, principalmente, a tratar precoce-
mente (KHALFALLA et al., 2022). 
O tempo, portanto, vem a ser um fator prog-
nóstico crítico em indivíduos que sofrem de dor 
torácica, em específico o período entre o início 
dos sintomas no paciente e o momento em que 
é realizada a chamada para um centro de emer-
gência (LAPOSTOLLE et al., 2021). Levando 
em consideração pacientes com apresentação 
tardia (>12-24 horas) afetados por IAM e que 
relataram início de dor torácica no horário no-
turno, é possível compreender a relação intrín-
seca do desconhecimento com o tempo ade-
quado para o tratamento eficaz da enfermidade: 
Se caso estes pacientes tivessem ciência da na-
tureza do IAM, eles teriam chamado por uma 
ambulância ainda no período da noite para se-
rem encaminhados ao hospital e realizarem a 
revascularização precoce por ICPP, evitando 
maiores complicações relacionadas ao sistema 
cardiovascular, ao invés de somente aguarda-
rem em suas residências para recorrer à auxílio 
médico pela manhã. 
Em decorrência disso, notou-se maior nú- 
 
 
136 
 
mero de óbitos entre os indivíduos que se apre-
sentam tardiamente no hospital em comparação 
aos que recorrem ao atendimento nas primeiras 
horas em que apresentaram os sintomas, além 
de maiores danos no músculo cardíaco expres-
sos pelo marcador CK-MB (KHALFALLAH et 
al., 2022). Desta forma, percebe-se o impacto 
da desinformação por parte dos enfermos refle-
tida na relutância em buscar ajuda médica du-
rante a noite, além de outras motivações, como 
a distância da morada dos pacientes em relação 
à área de abrangência hospitalar, o que pode re-
tardar, também, o tempo para o atendimento ne-
cessário (FIGUEIREDO et al., 2020). 
Ademais, tendo em vista que pacientes pro-
venientes de meios sociais desfavorecidos po-
dem ter sua sobrevida reduzida após o infarto 
agudo do miocárdio (IAM), é importante que 
sejam realizados o controle e a correção de fa-
tores de risco relacionados à doença cardiovas-
cular, como: A dislipidemia, diabetes mellitus, 
hipertensão, além de hábitos como o tabagismo, 
por exemplo; na questão da prevenção, os obje-
tivos deste tratamento visam a redução das 
complicações para o indivíduo como uma pre-
venção secundária (KHALFALLAHet al., 
2022; GARCÍA et al., 2022). 
 
O IAM associado à gravidez 
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) apre-
senta disparidades regionais nas tendências 
temporais das taxas de mortalidade dos últimos 
anos. Nas últimas décadas, as doenças cardio-
vasculares (DCV), especificamente a Doença 
Isquêmica do Coração (DIC), tornaram-se as 
principais causas de morte no mundo, embora 
as taxas de mortalidade padronizadas por idade 
tenham diminuído (SOARES, 2020). O IAM, 
também conhecido como Ataque Cardíaco ou 
apenas Infarto, é a condição patológica emer-
gencial resultante da insuficiente (ou nula) irri-
gação sanguínea em determinadas áreas do te-
cido muscular do coração. A iminente falta de 
sangue ou isquemia provoca dor intensa e ime-
diata e a falta de oxigênio causa a morte gradual 
dos tecidos, os quais depois de algumas horas 
podem se tornar irreversíveis em sua fisiologia. 
Em questão de epidemiologia de IAM du-
rante a gravidez, a ocorrência de IAM é rara, 
sendo estimado que possa ser diagnosticado en-
tre 3-10 casos para cada 10.000 gestações. A 
sua incidência vem aumentando à medida que 
as mulheres estão engravidando com maior 
idade. A mortalidade materna descrita em pu-
blicações recentes varia de 4,8% a 7,3%, e a fe-
tal/neonatal de 7% a 13% (SOARES, 2020). 
Apesar de ocorrer em qualquer período ges-
tacional, é mais frequente no terceiro trimestre 
da gravidez. O IAM está provavelmente relaci-
onado ao acréscimo do consumo (e menor de-
manda) de oxigênio pelo músculo do miocár-
dio, devido ao aumento do volume sanguíneo, 
frequência cardíaca e débito cardíaco fisiológi-
cos da gestação. Outros mecanismos favorece-
dores seriam o estado fisiológico de hipercoa-
gulabilidade, a redução do transporte de oxigê-
nio por diminuição do conteúdo de hemoglo-
bina (anemia fisiológica da gestação) e a redu-
ção da pressão arterial diastólica e consequente 
diminuição do fluxo sanguíneo coronariano. Os 
fatores de risco descritos como associados ao 
IAM na gestação são, por exemplo: Hiperten-
são arterial, trombofilia, diabetes, tabagismo, 
transfusão, infecção puerperal e idade materna 
superior a 30 anos (FIGUEIREDO et al., 2020). 
 
O IAM associado à obesidade 
Considerada uma das doenças cardiovascu-
lares que mais mata e, por abranger uma infini-
dade de fatores de riscos, o Infarto Agudo do 
Miocárdio (IAM) não escapou da probabilidade 
de estar comumente associado com a obesi-
 
137 
 
dade. Estudos apontam que a obesidade é um 
dos principais fatores para pessoas com menos 
de 45 anos desenvolverem doenças cardiovas-
culares, seja por seu aumento da medida de cir-
cunferência abdominal, seja por aumento de te-
cido adiposo localizado com proximidade a ór-
gãos vitais (DATTOLI-GARCÍA et al., 2021). 
É possível perceber a gravidade da obesi-
dade, uma vez que, apesar de ser um fator de 
risco modificável, essa comorbidade ainda pre-
valece na população, além disso, está forte-
mente atrelada à saúde da população mundial. 
Outrossim, em decorrência do aumento de ca-
sos de obesidade – que acometem pessoas de 
todas as idades – houve um aumento de mortes 
por IAM em jovens, anteriormente não muito 
frequente (DATTOLI-GARCÍA et al., 2021). 
Logo, faz-se necessária a maior preocupa-
ção com a obesidade em relação ao IAM, pois 
tem-se em vista que essa comorbidade é um 
grande potencial agravante da doença e de sua 
instalação. Um estudo feito em 2020, utilizando 
dados de 2014, apresentou a obesidade como 
um dos maiores motivos para readmissão hos-
pitalar de pessoas que tiveram IAM, com uma 
diferença de 21,2% de readmissão de pacientes 
não obesos para pacientes obesos (SCHUL-
LER, 2020). 
Além disso, um outro estudo concluiu que 
em pacientes com Síndrome Coronária Aguda 
(SCA) existe uma relação entre o aumento de 
peso corporal e o avolumamento da área de mi-
ocárdio. Utilizando apenas o IMC dos pacien-
tes, sem se atentar a distinção de gordura intra 
e extra-abdominal ou da proporção de músculo 
e gordura corporal, o estudo indicou esse fator 
como agravante em pacientes com IMC elevado 
(ARREBOLA-MORENO et al., 2014). 
Em contrapartida, outros estudos chamam 
atenção para o "paradoxo da obesidade". Espe-
cificamente, porque tal paradoxo revela que – 
entre pacientes com doenças cardiovasculares – 
pessoas com o IMC indicando sobrepeso tem o 
risco de mortalidade cardiovascular menor ao 
de pessoas com o IMC normal. Contudo, ainda 
é comumente aceito que a obesidade é um fator 
de risco, uma vez que, o estudo relatou que pa-
cientes com IMC indicando obesidade grave 
apresentaram um risco de mortalidade cardio-
vascular maior (ARREBOLA-MORENO et al., 
2014). 
Diante disso, torna-se notável o impacto da 
obesidade nessa situação. Por ser um fator de 
risco de diversas doenças graves, é imprescin-
dível que essa comorbidade seja efetivamente 
tratada. Para isso, bons hábitos como exercícios 
físicos e uma alimentação saudável seriam boas 
soluções para uma diminuição significativa 
desses problemas, o que mostra a necessidade 
de uma prevenção multidisciplinar. 
 
MÉTODO 
O presente estudo trata-se de uma revisão 
integrativa de literatura a respeito da temática 
“O manejo ao Infarto Agudo do Miocárdio 
(IAM): Uma revisão de literatura”, na qual fo-
ram coletados 92 artigos finais para compor a 
estrutura textual da pesquisa entre o total de 
1.171 artigos encontrados na plataforma Sci-
ELO (Scientific Electronic Library Online), a 
qual está com o quantitativo de 943 artigos, e 
na plataforma PubMed (National Library of 
Medicine), estando esta com a oferta de 228 ar-
tigos científicos. Dentre os 943 artigos da pla-
taforma SciELO, 22 artigos foram analisados e 
selecionados para o escopo desta pesquisa. Já 
na plataforma PubMed, com seus 228 artigos 
disponíveis, 70 foram metodologicamente 
agrupados para a escrita da pesquisa (Tabela 
16.1). Com a adição dos artigos da plataforma 
SciELO e PubMed totalizam-se os 943 artigos 
finais da presente pesquisa. A busca foi reali-
 
138 
 
zada com artigos publicados no intervalo de 10 
anos, de 01 de janeiro de 2012 a 01 de janeiro 
de 2022, através dos filtros presentes nas bases 
eletrônicas em ambas as plataformas (SciELO 
e PubMed). A revisão de literatura foi feita por 
intermédio de dois descritores “Infarto Agudo 
do Miocárdio" e “IAM” (de forma a contemplar 
a conhecida sigla desta cardiopatia na busca), e 
não houve restrição de idioma na busca dos ar-
tigos, pois foi utilizado a ferramenta Google 
Tradutor que abrange cerca de 133 idiomas de 
forma eficiente e compreensível ao pesquisa-
dor. Assim, de forma minuciosa, os artigos fo-
ram escolhidos para integrar a produção cientí-
fica deste estudo com base em sua relação in-
trínseca com a temática proposta da cardiolo-
gia, com foco no Infarto Agudo do Miocárdio 
(IAM). Para tal, foi, também, considerada aten-
ciosamente as diretrizes atuais do respectivo as-
sunto com objetivo de nortear a prática clínica 
da cardiologia de forma atualizada e integrar as 
informações coletadas sobre o IAM nesta pes-
quisa. 
 
 
Tabela 16.1 Fluxograma quantitativo da metodologia 
Plataforma SciELO (Scientific Electronic Li-
brary Online) 
PubMed (National Library of Medi-
cine) 
Artigos disponíveis (1.171) 943 228 
Artigos selecionados (92) 22 70 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Fatores socioeconômicos e o IAM 
Um estudo realizado por Khalfallah e cola-
boradores (2022) com 570 pacientes apresen-
tando IAMCSST (Infarto do Miocárdio com 
Supradesnivelamento do Segmento ST) subme-
tidos ao procedimento de revascularização por 
ICPP. A divisão dos pacientes foi feita em dois 
grupos levando em conta o tempo total de is-
quemia: 
-Grupo I: 280 pacientes (49,1%) com manifes-
tações precoces (1-12 horas); 
-Grupo II: 290 pacientes (50,9%) com manifes-
tações tardias (>12-24 horas). 
Não foi constatado diferença estatistica-
mente significativa entre os dois grupos em re-
lação à idade, distribuição por gênero, presença 
de hipertensão,dislipidemia e tabagismo atual. 
O número de pacientes com fibrilação atrial no 
grupo II foi significativamente maior do que no 
grupo I. A fração de ejeção do ventrículo es-
querdo foi maior no grupo I do que no grupo II. 
Em relação aos resultados laboratoriais, os ín-
dices de concentração de CK-MB e creatinina 
sérica foram significativamente menores no 
grupo I do que no grupo II. 
Levando em conta a situação socioeconô-
mica dos participantes do estudo, seguimento 
médico, adesão à medicação e conscientização 
sobre os benefícios da revascularização precoce 
foram comparados. Ocorreu uma diferença es-
tatisticamente relevante entre os dois grupos 
quanto ao número de pacientes atendidos por 
médico especialista no ano anterior, sendo 
maior no grupo I. 
Notamos também que o número de pacien-
tes que aderiram ao tratamento médico também 
foi significantemente mais amplo neste grupo. 
O número de pacientes que sofreram isola-
mento social foi maior no grupo II do que no 
grupo I. O número de pacientes com menor ní-
vel de escolaridade foi significativamente 
 
139 
 
maior no grupo II do que no grupo I. Quanto à 
conscientização dos pacientes sobre os benefí-
cios da revascularização precoce, o número de 
pacientes conscientes disso foi significativa-
mente maior no grupo I do que no grupo II. O 
número de pacientes com início dos sintomas 
durante a noite foi maior no grupo II e o número 
de pacientes que moravam longe de prestadores 
de serviços de saúde também foi maior no 
grupo II. 
 
A Reperfusão Miocárdica Precoce obtém 
melhores prognósticos? 
Analisando cientificamente 878 pacientes 
com diagnóstico de IAMCSST (Infarto do Mi-
ocárdio com Supradesnivelamento do Seg-
mento ST), dos quais 33,4% eram mulheres, ob-
servou-se que as mulheres, comparativamente 
aos homens, apresentaram maiores taxas de di-
abetes mellitus (42% vs 28,5%), hipertensão ar-
terial sistêmica (75,1% vs 59%) e dislipidemia 
(20,2% vs 33,3%) do que os homens. No estudo 
vigente, pode-se visualizar que as mulheres 
possuíram menor taxa de reperfusão e maior 
taxa de mortalidade em comparação aos ho-
mens. Os resultados se mostram semelhantes a 
outras pesquisas acerca do tema já feitas no 
Brasil, relatando uma taxa de reperfusão em pa-
cientes com IAMCSST de 52,5% no norte e 
nordeste, comprovando que o país está longe de 
acompanhar o desenvolvimento de outros paí-
ses mais evoluídos, nos quais 98,2% dos paci-
entes foram tratados com estratégias de reper-
fusão (como trombólise com ou sem resgate, ou 
ICP primária) (OLIVEIRA et al., 2021). 
As baixas taxas de reperfusão das mulheres 
foram diretamente associadas a um atraso na 
chegada ao hospital com serviço de hemodinâ-
mica, uma vez que a reperfusão precoce é es-
sencial para o tratamento. Comprova-se isso 
com um tempo muito superior ao sugerido pela 
diretriz brasileira para a chegada da paciente no 
primeiro hospital e, avaliando o tempo médio 
gasto do início dos sintomas até a chegada ao 
hospital, o atraso é ainda maior entre as mulhe-
res. Nesse sentido, a demora na chegada ao hos-
pital com angioplastia causa baixas taxas de uso 
de ICP (intervenção coronária percutânea) pri-
mária na população geral, sendo a taxa menor 
em mulheres (OLIVEIRA et al., 2021). 
Com o intuito de amenizar os impactos da 
mortalidade de IAM (Infarto Agudo do Miocár-
dio), um estudo avaliou um treinamento de mé-
dicos e enfermeiros de serviços de emergência 
em cinco hospitais públicos que apresentavam 
uma taxa de morte por IAM elevada, e compa-
raram com os dados de um hospital com uma 
equipe não treinada. Os resultados obtidos fo-
ram de uma redução intensa da mortalidade nos 
centros treinados (CORBALÁN, 2021). 
O fluxo de atendimento ao paciente com 
IAM com hospitais sem ICP ou com ICP frágil 
exige uma transferência para outros mais espe-
cializados, sendo quase 15% o número de paci-
entes que passaram por duas unidades hospita-
lares antes do atendimento no SUS em Aracaju, 
capital do Estado de Sergipe, Brasil, uma vez 
que somente um hospital possui ICP eficiente e 
que atende pacientes do SUS, o que atrasa con-
sideravelmente a recuperação dos pacientes 
(RAFACHO, 2022). 
 
Estresse psicossocial: Um fator de risco 
ao IAM no público feminino do Brasil 
Nas últimas décadas a mulher tem cada vez 
mais expandido sua participação no mercado de 
trabalho. Isso é devido a fatores econômicos, 
sociais e culturais, uma vez que a expansão in-
dustrial e uma importante redução da taxa de fe-
cundidade possibilitou a maior inserção da mu-
lher no mercado de trabalho. No entanto, hoje, 
se verifica que a mulher executa uma dupla jor-
 
140 
 
nada, pois é ela que suporta a, senão a totali-
dade, quase totalidade do trabalho doméstico 
não remunerado. Essa circunstância expõe a 
mulher a uma maior carga de estresse psicosso-
cial, que é causado pelo excesso do grau de exi-
gência do trabalho. 
A existência do estresse pode ser avaliada 
por meio do Inventário de Sintomas de Stress 
para Adultos de LIPP (ISSL), instrumento vali-
dado pelo Conselho Federal de Psicologia. Ele 
é composto por uma lista de 53 sintomas físicos 
e psicológicos, divididos em períodos: Nas últi-
mas 24 horas, na última semana e no último 
mês. Além de informar a existência ou não de 
estresse, o instrumento categoriza-o em quatro 
fases: Alerta (corresponde à pontuação obtida 
nos sintomas das últimas 24 horas); resistência 
e quase exaustão (pontuações da última se-
mana) e exaustão (sintomas que estiveram pre-
sentes no último mês) (SCHMIDT et al., 2020). 
Em um estudo utilizando-se o ISSL com 
330 entrevistados, 89% das mulheres e 70% dos 
homens apresentaram estresse; o sexo feminino 
quase triplicou as chances de sofrê-lo (EXP (B) 
2,79; p = 0,02). Quanto às quatro fases, as mu-
lheres mostraram-se mais em quase exaustão e 
exaustão, e os homens, mais em resistência. A 
fase de alerta caracteriza-se por reações do sis-
tema nervoso simpático logo que o organismo 
percebe o estressor. A de resistência apresenta-
se quando um estressor permanece presente 
com o passar do tempo, fazendo com que a pes-
soa resista e busque forças para continuar li-
dando com o estresse, embora ainda tenha os 
sintomas (SCHMIDT et al., 2020). 
Na fase de quase exaustão, o processo de 
adoecimento se inicia, e os órgãos com maior 
vulnerabilidade genética ou adquirida passam a 
mostrar sinais de deterioração. Se não há alívio 
para o estresse com a remoção dos estressores 
ou o uso de estratégias de enfrentamento, ele 
chega à sua fase de exaustão, causando diversos 
problemas, como úlceras, gengivites, psoríase, 
hipertensão arterial, depressão, ansiedade, entre 
outros (SCHMIDT et al., 2020). Assim, pode-
se prejudicar o sistema cardiovascular e corro-
borar em complicações cardíacas ao indivíduo, 
por conta do estresse, alterar o nível de autocui-
dado da pessoa consigo mesma também. 
Além disso, o estresse psicossocial deve ser 
estudado usando-se uma medida composta, 
pois ocorrem várias manifestações na esfera 
subjetiva, biológica e comportamental, justifi-
cando-se uma abordagem integrada, o que per-
mitirá antever intercorrências cardiovasculares 
em mulheres com alto nível de estresse (FI-
GUEIREDO et al., 2020). 
Desse modo, convém compreender que as 
desigualdades nas relações sociais entre ho-
mens e mulheres se concretizam em problemas 
de saúde que afetam decisivamente em maior 
prejuízo à população feminina. Portanto, é im-
portante identificá-los, criticá-los e buscar pro-
mover a mudança de fatores estressores neces-
sária na sociedade, e o estresse psicossocial é 
um desses problemas produtores de adoeci-
mento e morte que podem e devem ser modifi-
cados. 
 
O IAM e a obesidade 
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), o 
qual é uma Síndrome Isquêmica Miocárdica 
Instável (SIMI), está fortemente vinculada às 
variações que extrapolam os parâmetros pa-
drões das taxas de IMC. Desta forma, a obesi-
dade é uma comorbidade que se associa, estrei-
tamente,com os casos mais graves de IAM, em 
decorrência do alto acúmulo de placas ateros-
clerótica nas paredes dos vasos que suprem de 
sangue o corpo humano (VAZ et al., 2020). As-
sim, os fatores que preconizam o surgimento de 
tal patologia são: Alimentação inadequada e 
 
141 
 
baixa frequência ou ausência total de exercícios 
físicos praticados. Por conseguinte, a obesidade 
é definida como um excesso de massa gorda 
oriunda do desequilíbrio entre a ingestão e 
perda de calorias (VAZ et al., 2020). Desse 
modo, a faixa etária mais acometida pela IAM 
associada à obesidade tem sido entre 60 e 79 
anos em função do consumo inadequado de ali-
mentos inapropriados, sedentarismo e doenças 
osteomusculares. 
Diante de tal problemática, uma pesquisa 
proporcionada pelo Projeto Idoso Goiânia ana-
lisou 418 idosos com idade média de 70 anos e 
IMC médio de 27 kg/h2 (o sexo feminino apre-
sentou um IMC médio de 5% superior em rela-
ção aos homens, o qual foi de 26,1 kg/h2). A 
prevalência de obesidade se distribuiu da se-
guinte forma: Homens com 45,1% (IC95% 
36,7-53,6%), mulheres com 51,1% (IC95% 
45,0-57,1%) e geral com 49,0% (IC95% 44,2-
54,0%). 
Desse modo, a distribuição de pessoas obe-
sas deu-se principalmente entre os idosos inse-
ridos na faixa etária de 60 a 79 do que aqueles 
inseridos na faixa etária com mais de 80 anos. 
Destarte, a IAM se tornou mais prevalente na-
queles em situação de obesidade, possuindo al-
gumas particularidades entre a população idosa, 
os quais não possuíam uma alimentação balan-
ceada. Dentre os participantes da pesquisa, ape-
nas 46,8% e 53,8% consumiam leguminosas e 
frutas, respectivamente. Em contrapartida, o 
restante não seguia uma alimentação saudável 
regular. Além do mais, o monitoramento do va-
lor nutricional ingerido pelo idoso é de suma 
importância a fim de remediar a obesidade, hi-
pertensão arterial sistêmica, entre outras doen-
ças que, por consequência, venham a provocar 
alguma disfunção cardiovascular. 
 
Como o tratamento tardio de IAM afeta 
a sobrevida do paciente? 
De acordo com a Organização Mundial de 
Saúde, países emergentes apresentaram um 
grande crescimento no número de doenças car-
diovasculares, com especial destaque para o 
IAM, e consequentemente, o número de mortes. 
O IAM é uma situação de emergência que ne-
cessita de decisões e intervenções rápidas, uma 
vez que a duração da isquemia é um determi-
nante da gravidade do infarto já que a morte do 
miócito é diretamente proporcional à duração 
da oclusão da artéria coronária (KHALFAL-
LAH et al., 2022). Além disso, é fundamental a 
adesão ao tratamento medicamentoso. Acre-
dita-se que com um treinamento adequado para 
diferentes tipos de público é possível amenizar 
esse crescimento. 
A Sociedade de Cardiologia do Estado de 
São Paulo treina cardiologistas para o diagnós-
tico e tratamento da IAM, desde 1976, mas não 
treina profissionais não-cardiologistas que 
atuam na emergência. Tendo em vista, que os 
pacientes geralmente buscam ajuda em prontos-
socorros, mas os profissionais que ali estão são 
médicos generalistas, enfermeiros e outros que 
não possuem o treinamento específico ade-
quado. A Sociedade de Cardiologia, juntamente 
com a Secretária de Saúde do Estado de São 
Paulo e Secretaria de Saúde da cidade de São 
Paulo, desenvolveram um programa de treina-
mento que capacitou aproximadamente 200 
médicos e 350 enfermeiros que participaram de 
pelo menos uma sessão de treinamento de maio 
de 2010 até dezembro de 2013, com intuito de 
diminuir o tempo de diagnóstico e a taxa de 
mortalidade. Após a conclusão do período de 
treinamento, o número de diagnósticos de infar-
tos aumentou em 12,61%, mas as taxas de mor-
talidades associadas tiveram uma redução de 
 
142 
 
3,06% e uma redução de risco relativo de 
21,39% (CESAR et al., 2021). 
Ademais, óbitos intra e extra-hospitalares 
por IAM nas capitais apresentam diferenças so-
ciodemográficas e progressivo aumento da 
ocorrência extra hospitalar. Meios sociais des-
favorecidos estão associados às grandes dificul-
dades e atrasos no acesso aos serviços de saúde, 
que determinam a apresentação precoce ou tar-
dia do paciente (MACEDO et al., 2021). Em 
um estudo apresentado por Khalfallah et al., 
(2022) foi observado que pacientes com maior 
nível socioeconômico tinham mais conheci-
mentos sobre o tratamento médico e conse-
guiam utilizar os prontuários para obter mais in-
formações enquanto os pacientes com menor 
nível econômico pareciam não ter conhecimen-
tos sobre o tratamento e têm dificuldade em 
compreender as informações que lhe são forne-
cidas. 
 
Aspectos clínicos, epidemiológicos, ele-
tro-cardiológicos, ecocardiográficos e tera-
pêuticos em pacientes diabéticos com IAM 
Um estudo global da prevalência de IAM 
em diabéticos de 4,5 milhões de pessoas com 
diabetes mediu uma prevalência de 11,9% em 
homens e 9,8% em mulheres (KIM et al., 2018). 
No entanto, outro estudo (EINARSON et al., 
2018) descobriu que mulheres com diabetes ti-
veram um prognóstico mais rápido e pior para 
Infarto Agudo do Miocárdio. Além do mais, os 
resultados da presente série estão de acordo 
com a publicação de (CARDOSO et al., 2020) 
sobre Infarto Agudo do Miocárdio, a qual 
afirma que a faixa etária de maior incidência é 
de 60 a 69 anos, com 51,7% de homens e 42,9% 
de mulheres. 
Da mesma maneira, outro estudo transversal 
(AHMED et al., 2018) encontrou associação 
entre a idade dos pacientes e o fato de terem ou 
não diabetes como fator de risco para Infarto, 
tanto em pacientes com Diabetes Mellitus 
quanto em pacientes não diabéticos. Em casos 
relatados por (AHMED et al., 2018) o risco de 
um evento composto (morte, insuficiência car-
díaca, acidente vascular cerebral, IAM) foi 1,61 
vezes maior em insulino-dependentes do que 
em pacientes não diabéticos. 
Entretanto, constatou-se que sobre doenças 
cardiovasculares avaliando a presença de com-
plicações associadas ao Infarto Agudo do Mio-
cárdio, as anormalidades da condução atrioven-
tricular foram as mais comuns, seguidas da fi-
brilação atrial (CARDOSO et al., 2020). Os 
mesmos autores mostraram que 72% usaram te-
rapia trombolítica, enquanto os pacientes que 
não receberam essa terapia tiveram maior taxa 
de mortalidade, representando 58% de todas as 
mortes. Nesse sentido, nenhuma conexão esta-
tística foi identificada na série atual. 
 
CONCLUSÃO 
Diante do exposto acima, é notório que os 
fatores que acarretam a maior prevalência de 
distúrbios cardiovasculares, como o IAM, vão 
além dos fatores biológicos de cada paciente, 
uma vez que estudos supracitados destacaram 
correlações do IAM com fatores socioeconômi-
cos, ambientais, culturais, alimentares, entre 
outros. Diante disso, é de extrema importância 
a promoção de estratégias terapêuticas que vi-
sam tratar essa patologia levando em conside-
ração sua origem multifatorial. 
Além disso, os dados que constatam uma 
maior sobrevida correlacionados a um diagnós-
tico precoce ressaltam a importância de uma li-
nha de cuidado que tenha como objetivo reduzir 
o diagnóstico tardio de distúrbios cardiovascu-
lares. Estratégias como a telecardiologia, apri-
moramento do atendimento pré-hospitalar, bem 
como campanhas públicas acerca dos sintomas, 
 
143 
 
entre outras, podem ser utilizadas para diminuir 
os problemas que acarretam um diagnóstico tar-
dio dos distúrbios cardiovasculares, dentre eles 
o IAM. 
A obesidade é uma condição que, quando 
não tratada, pode aumentar significativamente 
o risco de doenças cardiovasculares, incluindo 
o IAM, aumento da pressão arterial, aumento 
do colesterol, resistência à insulina e inflama-
ção crônica. O tratamento do IAM em pacientes 
com obesidade pode ser desafiador e muitas ve-
zes envolve uma abordagem multidisciplinar, 
que inclui mudanças no estilo de vida, como di-
eta e exercícios regulares e controlados, além de 
medicamentos para controlar os fatores de 
risco. 
 Dessa forma, a prevenção também é funda-

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