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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL IURY SOARES DA SILVA ANÁLISE DAS PATOLOGIAS ESTRUTURAIS EM PONTE DE CONCRETO ARMADO SOBRE O RIO CEARÁ-MIRIM, EXTREMOZ – RN NATAL-RN 2021 IURY SOARES DA SILVA ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ESTRUTURAIS EM PONTE DE CONCRETO ARMADO SOBRE O RIO CEARÁ-MIRIM, EXTREMOZ – RN Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para o recebimento do Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Dr. José Airton Cunha Costa NATAL – RN 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Silva, Iury Soares da. Análise das patologias estruturais em ponte de concreto armado sobre o Rio Ceará-Mirim, Estremoz-RN / Iury Soares da Silva. - 2022. 72 f.: il. Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Civil, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. José Airton Cunha Costa. 1. Ponte de concreto armado - Monografia. 2. Manifestações patológicas - Monografia. 3. Grau de deterioração - Monografia. 4. Patologia estrutural - Monografia. I. Costa, José Airton Cunha. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 624.2/.8 Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinoco - CRB-15/262 Iury Soares da Silva ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ESTRUTURAIS EM PONTE DE CONCRETO ARMADO SOBRE O RIO CEARÁ-MIRIM, EXTREMOZ – RN Trabalho de conclusão de curso na modalidade Monografia, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 13 de janeiro de 2022: ___________________________________________________ Prof. Dr. José Airton Cunha Costa – Orientador ___________________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Barros – Examinador interno ___________________________________________________ Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Cabral – Examinador externo Natal-RN 2021 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos meus familiares que estiveram comigo durante todo período de graduação, a minha noiva, amigos e colegas de curso, que assim como eu encerram uma difícil etapa da vida acadêmica. Dedico este trabalho a todo o curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ao Instituto Federal de Sergipe ao qual iniciei esta trajetória, a todo corpo docente e discente, a quem fico lisonjeado por dele ter feito parte. AGRADECIMENTOS Faz-se necessário agradecer nominalmente àqueles que diretamente ou indiretamente, participaram, de alguma forma, na elaboração desta monografia, expresso aqui os meus mais sinceros agradecimentos. Primeiramente a Deus por ter me dado a oportunidade e suporte para atingir essa conquista. Ao meu orientador Prof. Dr. José Airton Cunha Costa, por ter aceitado o desafio e contribuído grandemente com suas orientações para o desenvolvimento desta monografia. Aos meus pais, Ildene e Gilvani, e irmã Tayná por sempre estarem ao meu lado dando apoio e incentivo para que eu consiga alcançar meus objetivos. A minha noiva e amada Maria Luísa, por sempre estar torcendo muito pelo meu desenvolvimento e me apoiando em todos os momentos. A todos os professores, funcionários e demais pessoas que fazem parte da Engenharia Civil da UFRN. A equipe da Matera empreendimentos, em especial nosso Diretor Victor Arcoverde, aos engenheiros(a) Aline Maria, Alexandre Herculano, Andson Dantas e Rodrigo Roque, onde pude realizar meu estágio e aprender muito com cada um deles. Aos meus amigos de curso por estarem sempre juntos compartilhando vários momentos desta caminhada que é uma graduação. Por fim, quero agradecer a todos aqueles que não mencionei diretamente, mas que fizeram parte desta etapa da minha vida. Obrigado a todos! Sumário 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 1.1. Contextualização ............................................................................................................ 1 1.2. Objetivo Geral ................................................................................................................ 2 1.3. Objetivos específicos ...................................................................................................... 2 1.4. Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 3 2.1. Conceitos fundamentais ................................................................................................. 3 2.2. Deterioração física do concreto ..................................................................................... 5 2.2.1. Desgaste superficial devido à abrasão ............................................................. 5 2.2.2. Deterioração do concreto por ação do fogo..................................................... 5 2.2.3. Fissuras ............................................................................................................. 6 2.3. Deterioração química do concreto ................................................................................. 8 2.3.1. Ataque por sulfato............................................................................................ 8 2.3.2. Carbonatação ................................................................................................... 9 2.3.3. Reação álcali- agregado .................................................................................. 10 2.3.4. Corrosão da armadura do concreto ............................................................... 10 2.4. Técnicas de recuperação da superfície do concreto armado ....................................... 11 2.4.1. Lavagem com soluções ácidas ........................................................................ 11 2.4.2. Uso de jatos d’água, areia e ar comprimido ................................................... 12 2.4.3. Escovação manual .......................................................................................... 12 2.4.4. Corte............................................................................................................... 13 2.4.5. Recuperação da armadura degradada ........................................................... 13 2.4.6. Reparo com graute ......................................................................................... 14 2.4.7. Reparo com concreto convencional ............................................................... 14 2.4.8. Reparo com concreto projetado ..................................................................... 15 2.5. Cálculo do grau de deterioração da estrutura .............................................................. 34 2.5.1. Fator de Intensidade do Dano (Fi) .................................................................. 35 2.5.2. Fator de ponderação de danos (Fp) ................................................................ 36 2.5.3. Grau de dano (D) ............................................................................................ 36 2.5.4. Grau de deterioraçãodo elemento (Gde) ........................................................ 36 2.5.5. Grau de deterioração da família de elementos (Gdf) ...................................... 37 2.5.6. Fator de relevância estrutural (FR) .................................................................. 37 2.5.7. Grau de deterioração da estrutura (Gd) .......................................................... 38 3. METODOLOGIA................................................................................................................... 40 3.1. Procedimento de coleta e interpretação dos dados .................................................... 41 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................... 48 4.1. Identificação das manifestações patológicas ............................................................... 48 4.1.1. Pilar de sustentação da ponte ........................................................................ 48 4.1.2. Exemplo de viga longitudinal da ponte .......................................................... 50 4.1.3. Viga longitudinal ao comprimento da ponte .................................................. 51 4.1.4. Região inferior da plataforma da ponte (Laje) ............................................... 52 4.2. Cálculo do Grau de deterioração da estrutura (Gd) ...................................................... 53 4.2.1. Considerações finais sobre o estudo dos fatores de deterioração da ponte .. 56 4.3. Recuperação da estrutura ............................................................................................ 56 4.3.1. Escarificação ou corte da estrutura ................................................................ 57 4.3.2. Escovação mecânica ....................................................................................... 58 4.3.3. Recuperação da armação ............................................................................... 59 4.3.4. Aplicação de graute tixotrópico. .................................................................... 60 5. CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 62 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 63 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Deterioração da estrutura de concreto armado. ........................................................... 4 Figura 2: Fissura de pega ou falsa pega ........................................................................................ 6 Figura 3: Fissuras por concretagem simultânea. .......................................................................... 7 Figura 4: má distribuição dos estribos. ........................................................................................ 7 Figura 5: Fissuras devidos à flambagem(a); flexão (b); cisalhamento(c). ..................................... 7 Figura 6: fissuras motivadas pela corrosão na armadura. ............................................................ 8 Figura 7: Efeitos do ataque por sulfatos sobre o concreto. .......................................................... 9 Figura 8: Armadura corroída em pilar de concreto armado. ...................................................... 11 Figura 9: Esquemas para execução de solda. ............................................................................ 13 Figura 10: Fôrma cachimbo, esquema de concretagem. ............................................................ 15 Figura 11: Lançamento de concreto projetado. ......................................................................... 34 Figura 12:Metodologia para cálculo do grau de deterioração.................................................... 35 Figura 13:Região metropolitana de Natal.................................................................................. 40 Figura 14: Ponte sobre o Rio Ceará Mirim. .............................................................................. 41 Figura 15: Fluxograma adotado para realização de estudo de caso. .......................................... 42 Figura 16: Passarela lateral à ponte. .......................................................................................... 43 Figura 17: Trena (a); Paquímetro (b). ....................................................................................... 43 Figura 18: Teste de percussão. .................................................................................................. 44 Figura 19: Martele rompedor utilizado (a) e (b). ....................................................................... 45 Figura 20: Aplicação de fenolftaleína para aferição de região não carbonatada. (a) e (b). ........ 46 Figura 21: Equipamento para limpeza em ação (a); Equipamento com cerda de aço para limpeza (b). ................................................................................................................................ 46 Figura 22: Máquina inversora de solda (a); Eletrodos para solda (b). ....................................... 47 Figura 23: Pilar apresentando fissuras, manchas de umidade e desagregação do concreto. ..... 48 Figura 24: Viga apresentando manchas e bolores devido a umidade. ....................................... 50 Figura 25: Viga longitudinal da ponte apresentando alto grau de degradação........................... 51 Figura 26: Patologias presente em tabuleiro da ponte (laje) na ponte em análise. ..................... 52 Figura 27: Pilar 01(a) manifestação de rachaduras, trincas e fissuras, bolores; Pilar 02(b) apresentando desagregação, corrosão; pilar 03 (c) apresentando corrosão das armaduras, desagregação de concreto. .......................................................................................................... 54 Figura 28: Esquema em planta integrante de projeto de escoramento da ponte......................... 57 Figura 29:Viga escarificada (a); Corte de região inferior a plataforma (b). ............................... 58 Figura 30: Limpeza mecanizada da armadura. .......................................................................... 58 Figura 31: Execução de reforço de armadura através de emenda por solda. ............................. 59 Figura 32: Armaduras recuperadas e anticorrosivo aplicado. .................................................... 59 Figura 33: Pilar com armadura recuperada, reforçada e anticorrosivo aplicado. ....................... 60 Figura 34:(a) aplicação de graute; (b) região completamente recuperada. ................................ 60 file:///C:/Users/Ildene/Downloads/TCC_IURY_SOARES_DA_SILVA_09_12_2021_R002%20(1).docx%23_Toc93893685 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ações a serem adotadas. .................................. 39 Tabela 3: Exemplo de planilha de inspeção do elemento Pilar; Figura 33 (c), .......................... 54 Tabela 4: Grau de deterioração das famílias .............................................................................. 55 Tabela 5: Grau de deterioração da estrutura. ............................................................................. 56 Tabela 6: Tabela Grau de dano pilar 01. ................................................................................... 70 Tabela 7: Tabela Grau de dano pilar 02. ................................................................................... 70 Tabela 8: Tabela Grau de dano viga 01. ..................................................................................... 71 Tabela 9: Tabela Grau de dano viga 02. ..................................................................................... 72 Tabela 10: Tabela Grau de dano viga 03. ................................................................................... 72 Tabela 11: Tabela Grau de dano viga 04. .................................................................................. 73 Tabela 12: Tabela Grau de dano laje 01. .................................................................................... 74 Tabela 13: Tabela Grau de dano laje 02. .................................................................................... 74 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Motivação de Anomalias mais frequentes. ................................................................. 4 file:///C:/Users/Ildene/Downloads/Patologias%20em%20estruturas%20em%20concreto%20armado,%20estudo%20de%20caso_09_09_2021_R002%20(1)%20(2).docx%23_Toc82392060 RESUMO Este trabalho apresenta estudo de caso realizado na ponte sobre o Rio Ceará-Mirim no município de Extremoz/RN e objetiva apresentar as manifestações patológicas encontradas, calcular o grau de deterioração da estrutura (Gd) e expor soluções adotadas para recuperação das anomalias patológicas. Adotou-se a metodologia proposta por Lichtenstein (1976), constituída resumidamente por três etapas: (1) vistoria ao local para identificação da natureza e origem das manifestações patológicas; (2) o diagnóstico da anomalia; (3) a solução adotada para resolução do problema. O grau de deterioração da estrutura foi calculado conforme metodologia proposta por Klein et al (1991) em sua última versão atualizada por Fonseca (2007). Para desenvolvimento da metodologia analisou-se pilares, vigas e tabuleiro. Como resultado foi encontrado grau de deterioração dos pilares de (Gdpilar = 207,16), das vigas (Gdviga = 173,81), do tabuleiro da ponte (Gdtabuleiro = 10,54) e por fim o grau de deterioração geral da estrutura (Gd = 139,07), de forma que a estrutura da ponte foi classificada em situação crítica, cabendo planejamento para inspeção emergencial e ações imediatas visando a recuperação da estrutura da ponte. Palavras-Chave: Patologias; Manifestações Patológicas; Grau de deterioração. ABSTRACT This work presents a case study carried out on the bridge over the Ceará-Mirim river in the municipality of Extremos/RN and aims to present the pathological manifestations found, calculate the degree of deterioration of the structure (Gd) and expose solutions adopted for the recovery of pathological anomalies. The methodology proposed by Lichtenstein (1976) was adopted consisting briefly of three stages: (1) site inspection to identify the nature and origin of pathological manifestations; (2) the diagnosisof the anomaly; (3) the solution adopted to solve the problem. The degree of deterioration of the structure was calculated according to the methodology proposed by Klein et al (1991) in its latest updated version by Fonseca (2007). To develop the methodology, pillars, beams, platform running way were analyzed. As a result, it was found the of the columns (Gdpilar = 207,16), the beams (Gdviga = 173,81) the bridge board (Gdtabuleiro = 10,54) and finally the general deterioration of the structure (Gd) = 139.07), so that the bridge structure was classified in critical situation, with planning for emergency inspection and immediate actions aimed at recovering the bridge structure. Keywords: Pathologies; Pathological Manifestations; Degree of deterioration. 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização No Brasil, o uso de concreto armado teve início no século XX, e foi intensificado na década de 50 devido aos movimentos emigratórios que levaram muitas pessoas das zonas rurais para os centros urbanos em busca de oportunidades e melhoria de vida. De forma que a demanda por obras de infraestrutura como rodovias, ferrovias, pontes, viadutos foi intensificada. (EUQUERES, 2011). O concreto armado é o material de construção mais utilizado no planeta, porém o conhecimento e técnicas executivas em relação ao material não acompanharam o crescimento das atividades de construção, acarretando descuido nas obras, e diminuindo a capacidade do concreto de proteger as estruturas das edificações. (FERREIRA, 2000). Sabe-se que as obras de infraestrutura como pontes, rodovias, viadutos foram executadas em sua maioria nas décadas de 70 e 80, no contexto da época os processos executivos apresentavam especificações técnicas deficientes. De forma que, com o passar dos anos, a falta de manutenção e exposição ao meio ambiente agressivo aceleram o processo de degradação das estruturas. Deste modo, há uma busca do meio acadêmico em estudar os processos de deterioração das estruturas de concreto armado, com objetivo de evitar a degradação precoce delas. (EUQUERES, 2011). A degradação das estruturas de concreto armado oriundas das manifestações patológicas, apresentam-se principalmente nas formas de fissuração, desagregação de concreto e corrosão das armaduras, sendo tais anomalias motivadas a partir da deficiência de cobrimento, meio ambiente agressivo e a falta de manutenção. (GONÇALVES, 2015). Já em relação as pontes, a inspeção de 200 pontes realizadas no estado do Piauí, constataram que a corrosão das armaduras, desgaste nas estruturas da fundação, degradação dos aparelhos de apoio, infiltrações, erosão e fissuras, motivadas principalmente pelo excesso de cargas e ausência de manutenção são as principais causas para evolução do processo de deterioração das estruturas de concreto armado. (TEXEIRA E GONÇALVES, 2003). Sendo assim, justifica-se a escolha do tema devido a observação de inúmeros casos de manifestações patológicas em estruturas de pontes executadas em concreto armado. As pontes são elementos de infraestrutura essenciais para o desenvolvimento econômico das regiões e consequentemente da sociedade. Devido a essa grande 2 quantidade de manifestações patológicas aparentes, faz-se necessário estudar parte destas patologias isoladamente e buscar a implementação de métodos para realização das análises. 1.2. Objetivo Geral Mostrar, através de estudo de caso, uma metodologia que possibilite analisar a deterioração da estrutura em pontes de concreto armado e possíveis soluções a serem adotadas. 1.3. Objetivos específicos - Identificar as manifestações patológicas na estrutura da ponte. - Calcular o grau de deterioração da estrutura da ponte e classificá-la de acordo o a gravidade das manifestações patológicas encontradas. - Mostrar soluções adotadas para a recuperação estrutural. 1.4. Estrutura do trabalho O capítulo 1, apresenta a introdução ao tema, a justificativa para realização da pesquisa e os objetivos. No capítulo 2, discorre a revisão bibliográfica sobre o tema base do trabalho, as manifestações patológicas nas estruturas das pontes de concreto armado, técnicas de recuperação das anomalias e materiais mais utilizados na recuperação estrutural. Já o capítulo 3, aborda a metodologia experimental, o planejamento da pesquisa, o método adotado para realização e desenvolvimento do trabalho, os procedimentos e a interpretação dos dados coletados. Posteriormente, no capítulo 4, a discursão em relação aos resultados obtidos. Por fim, no capítulo 5, são apresentadas as conclusões da pesquisa. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O objetivo deste capítulo é apresentar o tema base do trabalho que são a manifestações patológicas nas estruturas de pontes de concreto armado, a importância do uso desta metodologia construtiva, as principais manifestações patológicas encontradas nas estruturas de concreto, técnicas de recuperação e materiais que podem ser adotados para a recuperação dos mais diversos tipos de anomalias. 2.1. Conceitos fundamentais O concreto armado pode ser definido como a aderência entre o concreto simples e o aço, ou seja, a mistura de aglomerante, agregados miúdos, graúdos e água, apresenta ótima resistência a compressão, porém baixa resistência a tração. Com o objetivo de solucionar tal problemática, com o passar dos anos, foram acrescidas ao sistema barras de aço, que em conjunto com o concreto simples, proporcionam a estabilidade às estruturas, passando a apresentar boa resistência tanto à tração, como à compressão, através da aderência entre os materiais supracitados, a solidariedade entre os insumos proporciona com que trabalhem de forma síncrona. (GONÇALVES, 2015). Um dos fatores importantes quando se trata das patologias no concreto é a durabilidade, que resulta da interação entre a estrutura, as condições de uso, manutenção e o ambiente. Logo, a durabilidade não é uma propriedade inerente ao concreto armado, sendo então definida conforme a ABNT NBR 6118:2014 como a capacidade da estrutura a resistir as influências ambientais previstas na época do projeto, mantendo estabilidade e segurança durante a vida útil da edificação. Ao afirmar que um concreto é durável, não significa que este apresenta alta resistência, e sim que o concreto é compacto em sua microestrutura, de forma que os agentes agressivos externos tenham dificuldade de penetrar a estrutura, ou seja a durabilidade do concreto está relacionada com a capacidade que o material apresenta em relação à deterioração e desagregação, no desempenho das funções ao qual foi projetado. (SOKOLOVICZ, 2013). Apresenta-se na Figura 1, um exemplo de estrutura de concreto armado cujo a deterioração encontra-se em estado avançado. 4 Fonte: Medeiros (2009). As motivações para o surgimento das manifestações patológicas em concreto armado, estão expostas no gráfico abaixo (Gráfico 1), onde as principais razões são as falhas decorrentes de projetos mal elaborados, seguido de execução incorreta, adoção de materiais inadequados e erros de utilização das estruturas. (CHAVES, 2009). Fonte: Adaptado de Chaves (2009). 40% 25% 20% 10% 5% Projeto Execução Materiais Utilização Outros Gráfico 1: Motivação de Anomalias mais frequentes. Figura 1: Deterioração da estrutura de concreto armado. 5 As anomalias patológicas mais comuns em concreto são: fissuras e corrosão por ação química da água. Tais ações podem ser considerada através de aspectos físicos e químicos. No caso da degradação física pode ser subdividas em duas categorias. (CANOVAS, 1997). a) Acavitação, erosão, o desgaste superficial, ou perda de massa relacionada à abrasão; b) fissuras, relacionadas aos gradientes normais de temperatura e umidade, o carregamento ao qual a estrutura está exposta e os extremos de temperaturas. Já as causas de deterioração químicas podem apresentar três subdivisões: a) hidrólise da água pura nos componentes presentes na pasta de cimento; b) trocas iônicas entre a pasta e fluidos agressivos; c) reações expansivas, como por exemplo a expansão por sulfatos, reação álcali- agregado e corrosão da armadura presentes no concreto. 2.2. Deterioração física do concreto 2.2.1. Desgaste superficial devido à abrasão A abrasão está relacionada com o atrito seco e é a perda gradual da argamassa na superfície do concreto. Um dos processos que podem causar desgaste superficial é conhecido como cavitação. Tal processo pode provocar erosão em casos de fluxo não linear de água pura corrente com velocidade acima de 12 m/s. O impacto entre as bolhas de vapor que fluem na água culminam em erosões localizadas. O processo da cavitação tende a provocar o desgaste de forma irregular na superfície do concreto, além de aparência corroída. (LAPA, 2008). 2.2.2. Deterioração do concreto por ação do fogo A desagregação do concreto ao ser submetido a elevadas temperaturas pode ser subdividida em duas formas principais, o esfarelamento da superfície calcinada e o lascamento. No primeiro deles, tem-se como característica a redução da resistência a abrasão, motivada pela exposição constante das camadas superficiais do concreto à altas temperaturas. (FERREIRA, 1988). O lascamento é a segunda forma de desagregação por ação do fogo, e pode ainda ser subdivido em: 6 • Lascamentos explosivos: caracterizado pela ocorrência do desprendimento de trecho considerável do concreto de forma violenta, instantânea e com grande liberação de energia. (PURKISS, 1996). • Delaminação gradual: nesse caso a deterioração é de grande extensão e seu efeito é progressivo, pois novas camadas de concreto ficam expostas as chamas, provocando novos descascamentos, perda de aderência entre o aço da armadura e o concreto. (FERREIRA, 1988). 2.2.3. Fissuras A fissuração é um dos primeiros sintomas a apontar o problema nas estruturas de concreto. Uma série de motivações para o surgimento dos fenômenos que causam as fissuras são denotadas por Helene (1992). Conforme pode ser observado abaixo. Fissura de pega ou falsa pega: suas causas estão relacionadas com o excesso de cimento com anidrita (gesso anidro), demasiado tempo para lançamento do concreto ou calor excessivo e umidade relativa baixa. Conforme esquema exposto na Figura 2. Figura 2: Fissura de pega ou falsa pega Fonte: Canovas (1997). Fissuras de movimentação térmica: Devido a contrações térmicas, motivado pelos gradientes de temperatura diários e sazonais. Fissuras de retração hidráulica: Ocasionado pela rápida perda de água na mistura do concreto, gerando a retração das peças estruturais, o qual, na impossibilidade de se deformar, acarreta esforço de tração provocando fissuras e trincas. Fissuras devidas a erros de projeto ou execução: Originado por falhas de mão de obra, fôrmas mal fixadas, erros no posicionamento das barras de aços, concretagem simultânea de pilares, lajes e vigas. Esquematizada na Figura 3. 7 Figura 3: Fissuras por concretagem simultânea. Fonte: Canovas (1997). Outra motivação para o surgimento de fissuras em relação a erros executivos é a distribuição incorreta ou insuficiência de estribos na colocação das armaduras. Como pode ser visto em esquema da Figura 4. Figura 4: má distribuição dos estribos. Fonte: Canovas (1997). fissuras devidas a ações mecânicas: São fissuras que surgem devido a esforços de compressão, flexão, tração e ações combinadas. De acordo com a Figura 5. Figura 5: Fissuras devidos à flambagem(a); flexão (b); cisalhamento(c). (a) (b) (c) Fonte: Canovas (1997). 8 Fissuras devidas à corrosão de armaduras: As principais causas para o surgimento desse tipo de fissuras são o déficit de cobrimento, a alta permeabilidade e porosidade do concreto utilizado e a má execução. Com esquema apresentado na Figura 6. Figura 6: fissuras motivadas pela corrosão na armadura. Fonte: Canovas (1997). Fissuras devidas ao ataque físico e químico: As principais causas para esse tipo de fissuração são as condições ambientais, são os casos de estruturas expostas a constante calor e resfriamento, além de reação álcali-agregado e ataque de sulfatos. Que estimulam efeitos de expansão e contração no concreto. 2.3. Deterioração química do concreto 2.3.1. Ataque por sulfato Em geral a agressividade do ataque está relacionada com o teor de sulfatos no solo e na água que entram em contato direto com o concreto, provocando o aumento no teor de sulfatos, que dissolvidos em água, tornam-se mais agressivos a reações que ocorrem entre os agentes agressores e o concreto armado. (Ribeiro, 2014). Conforme esquema apresentado na Figura 7. 9 Figura 7: Efeitos do ataque por sulfatos sobre o concreto. Fonte: Ribeiro (2014). O ataque em questão está relacionado com três fatores principais, sendo eles, a penetração dos íons sulfato no cimento; reação dos sulfatos com o hidróxido de cálcio, que forma gesso; e a reação do gesso com os aluminatos, que resulta em compostos expansivos, como exemplo a etringita. (RIBEIRO, 2014). 2.3.2. Carbonatação A equação 2.1 representa a reação do processo que origina a carbonatação. (ANDRADE, 1988). Equação química do fenômeno da carbonatação CO2 + Ca(OH) 2 → CaCO 3 + H2O 2.1. Nota-se na equação 2.1 que o gás carbônico reage com o hidróxido de cálcio oriundo da hidratação do cimento Portland, tal reação resulta em pH do líquido intersticial saia de aproximadamente 12,5 para cerca de 9, de forma que ocorre a diminuição na 10 estabilidade química da película apassivadora que envolve a armadura. O fenômeno da carbonatação também pode influenciar na liberação de cloretos que estão fixados na pasta de cimento, de forma a aumentar a probabilidade de iniciar o processo corrosivo (ANDRADE, 1988). Em geral, a região carbonatada é avaliada através do uso de produtos químicos que são indicadores visuais, como exemplo a fenolftaleína, que é um composto orgânico utilizado para medir pH e classificar a amostra como ácida ou básica. Tal indicador ao entrar em contato com o concreto pode apresentar coloração magenta nos casos de pH superior a 9,5 e incolor nos casos de pH inferior a 9,5. (FIGUEREDO, 1994). 2.3.3. Reação álcali- agregado A reação álcali-agregado (RAA) é um fenômeno expansivo que ocorre em estruturas de concreto expostas a condições de umidade. O princípio desta reação fundamenta-se em interações químicas entre a sílica constituinte do agregado e os álcalis presentes no concreto, em presença de umidade. O produto formado é um “gel” expansivo que ocasiona processos de fissuração e deslocamentos diferenciais em estruturas de concreto. (MIZUMOTO, 2009). 2.3.4. Corrosão da armadura do concreto A corrosão de armaduras nas estruturas de concreto armado, representa uma das anomalias de maior incidência quando se fala em patologia das construções. Tal fenômeno gera danos e prejuízos econômicospara a sociedade. Devido a tantos relatos de corrosão nas armaduras do concreto, atualmente há uma mobilização de vários setores da engenharia civil com o objetivo de combater este fenômeno. (CASCUDO, 1997). A manifestação patológica, corrosão das armaduras, pode ser definida como a degradação da película protetora que garante a característica inoxidável para o aço, película esta que se encontra ao redor do perímetro das barras de aço proporcionando uma camada de proteção física entre o aço e o meio externo (SOUZA e RIPPER, 1998). O processo de aceleração da corrosão nas armaduras ocorre de acordo com a proximidade das regiões ao mar, devido ao vento que transporta sais na costa marítima. Os sais transportados podem apresentar-se na forma de partículas sólidas ou em forma de gotas de solução salinas. (HELENE, 1986) 11 Apresenta-se na Figura 08 um exemplo de corrosão nas armaduras presente em um pilar. Figura 8: Armadura corroída em pilar de concreto armado. Fonte: O autor (2021). 2.4. Técnicas de recuperação da superfície do concreto armado Um dos primeiros passos adotados para a recuperação de estruturas de concreto armado é a limpeza da região afetada, tal serviço preliminar é primordial para garantir o correto tratamento da região, a escolha de materiais e técnicas adequadas pode ser completamente arruinado caso o substrato não esteja preparado para receber a restauração. 2.4.1. Lavagem com soluções ácidas A adoção de soluções ácidas tem por objetivo remover imperfeições que o uso de água não é suficiente. Tal lavagem apresenta capacidade de remoção de graxas, tintas, manchas, ferrugens, carbonatos, por exemplo. A técnica de utilização de soluções ácidas deve ser evitada nas situações em que o cobrimento da amadura estiver com espessura reduzida, ou em casos que a região deteriorada estiver próximo locais onde não se pode garantir a remoção total da solução, que é caso, por exemplo, das juntas de dilatação. (SOUZA, 2006). 12 Para iniciar o processo de lavagem com soluções ácidas, deve-se saturar a superfície onde será aplicada a solução, com o objetivo de evitar que o líquido não penetre na camada sadia de concreto. Em seguida, deverá ser borrifada a solução com adoção de uma broxa nas regiões, até que o processo de descontaminação seja finalizado. Para finalizar a etapa de lavagem, deve-se adotar soluções neutralizadoras e água natural para garantir a remoção total da solução ácida. (ALMEIDA, 2006). 2.4.2. Uso de jatos d’água, areia e ar comprimido São três técnicas que podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto. No caso de adoção de jatos de areia, o mesmo deve ser utilizado de forma seca, limpa e sem a presença de matéria orgânica, a areia utilizada deve ser descartada ao final de seu uso. Ao fim do processo de jateamento de areia deve-se realizar a remoção dos grãos que ainda persistem na região a ser recuperada, através do uso de jatos de água e ar comprimido, para posteriormente realizar a aplicação do material de recuperação. (SOUZA E RIPPER, 1998). A escolha pela técnica de ar comprimido para realizar a limpeza de superfícies de concreto geralmente é adotada nos casos que os jatos de água ou areia não são suficientes para a completa remoção de material impregnado na estrutura de concreto, como por exemplo no caso de cavidades e fissuras. (SOUZA, 2006). 2.4.3. Escovação manual A técnica de escovação manual é a mais comum e simples de utilização, o equipamento adotado são escovas de aço, e em certos casos o uso de lixa de ferro ou lixa d’agua, para os casos de limpeza em aço e concreto respectivamente. Sua aplicação é indicada em áreas pontuais, pequenas e barras de aço onde a corrosão está em processo inicial. (SOUZA E RIPPER, 1998). 13 2.4.4. Corte O método de corte é adotado nos casos de remoção profunda de concreto degradado, adota-se equipamentos de maior capacidade de escarificação. Os marteles, também conhecidos como martelo demolidor com ponteira viva cuja massa pode variar de 6 a 10 kg. No processo de corte, todo o material deteriorado deve ser removido e a barra totalmente descoberta para realização de limpeza, recomenda-se escarificação de no mínimo 2 cm a 3 cm de profundidade após a barra de aço. Eliminando assim, todo material nocivo às armaduras. (SOUZA E RIPPER, 1998). 2.4.5. Recuperação da armadura degradada O processo de recuperação das armações deterioradas segue as recomendações da NBR 6118: 2014, que apresenta na sua sessão 9.5.4, soluções para reforços de armaduras utilizando solda. A citada norma aponta possibilidades de reforço nas barras, como por exemplo a execução de emenda através de solda por transpasse ou barras justapostas, nos casos que há cerca de 10% de perda de sessão original, apresenta-se na Figura 9 esquemas para execução de soldas em serviço de reforço estrutural. Fonte: NBR 6118: 2014. Considera-se que o espaçamento adotado para os cordões de solda deve ser de cinco vezes o valor do diâmetro da armadura de aço original, e o espaçamento entre os cordões com cerca de uma vez o diâmetro da barra a ser reforçada. Visualiza-se na Figura Figura 9: Esquemas para execução de solda. 14 11 a execução do reforço realizado nas barras de aço que apresentaram perda de sessão superior a 10% da área de sessão original da barra de aço. 2.4.6. Reparo com graute Atualmente tem se popularizado a utilização de argamassa estrutural, o graute, como material de recuperação de regiões de concreto armado deteriorado. Há no mercado fórmulas de graute tixotrópico que apresentam grande resistência. Podendo este material ser utilizado sem o auxílio de fôrmas, tornando seu uso de fácil aplicação e com resultado de alta qualidade de acabamento e resistência a compressão de até 60 MPa. (TULA, 2002). Além do graute tixotrópico, há também outras fórmulas de que são fluidas e autoadensáveis, nesses casos o reparo com graute proporciona a desforma rápida, liberação do local reparado para utilização atingindo altos valores de resistência, as fôrmas podem ser removidas após de 24 horas da aplicação do material. (SOUZA E RIPPER, 1998). Os tipos de grautes podem ainda ser subdivididos em duas formas, os minerais que são materiais à base de cimento e os poliméricos ou também conhecidos como grautes orgânicos que são materiais à base de resina. (TULA, 2002). 2.4.7. Reparo com concreto convencional A adoção de concreto convencional, geralmente é a escolha em regiões de grandes volumes de reparo, visto que é uma solução de baixo custo se comparado aos reparos com grautes, argamassas poliméricas ou mesmo nos casos que o uso de concreto projetado para execução de recuperação da região degradada não é aconselhável. O método de reparo com concreto convencional, necessita da execução de fôrmas para realizar a concretagem, além de conhecimentos relacionados ao concreto, propriedades, dosagens, formas de lançamento, dentre outros conhecimentos técnicos necessários. (SOUZA E RIPPER, 1998). A Figura 10 abaixo, refere-se ao um esquema de concretagem em pilares, utilizando técnica popularmente conhecidas como cachimbo, deve-se observar que a concretagem deve ser realizada acima do reparo, com o objetivo de garantir o preenchimento total da região em recuperação. 15 Fonte: Ripper e Souza (1998). 2.4.8. Reparo com concreto projetado Considera-se como concreto projetado o concreto cujo agregado apresenta dimensão máxima característica maior ou igual a 9,5mm, a forma de lançamento realizada através de tubulação sob pressão em região a ser reparada. Conforme preconiza a NBR 14026:2012. A adoção da técnica de reparo utilizando-se concreto projetado,está relacionado com a condução de concreto ou argamassa sob pressão contínua, com a utilização de bomba que proporciona lançamento via úmida ou seca, através de um mangote cuja projeção é realizada em alta velocidade, acima de 120 m/s. Ressalta-se, ainda, que a projeção do material já é seguida de compressão, visto que a força do jato proporciona boa aderência a superfície projetada, não sendo necessário o uso de vibradores. (SOUZA E RIPPER, 1998). Figura 10: Fôrma cachimbo, esquema de concretagem. 34 A Figura 11 refere-se a um exemplo de lançamento de concreto projetado através de bomba sob pressão. Fonte: Aguiar (2001). 2.5. Cálculo do grau de deterioração da estrutura A metodologia para obtenção do grau de deterioração das estruturas é uma ferramenta que pode ser utilizada em processos de vistorias sistematizados de pontes, viadutos e tuneis. Klein et al (1991) desenvolveu um método para realização de vistorias que busca evidenciar os problemas e classificar as estruturas analisadas em função do seu grau de deterioração. Com o passar dos anos a metodologia recebeu contribuições de diversos autores, com objetivo de torná-la mais assertiva. A mais recente delas, e adotada neste trabalho, é a versão desenvolvida por Fonseca (2007). Importante ressaltar, que para aplicação do método de obtenção do grau de deterioração são apresentas subdivisões nos elementos das pontes, e estes formam um grupo conhecido como família de elementos. As famílias de elementos são classificadas em: Instalações diversas, encontros, instalações pluviais, pavimentos, juntas de dilatação, aparelhos de apoio, pilares e tabuleiro (compreendido por viga e lajes). (FONSECA, 2007). Figura 11: Lançamento de concreto projetado. 35 Para obtenção do grau de deterioração das estruturas, faz-se necessário a definição de parâmetros de análise para os elementos de forma isolada, família de elementos e para a estrutura em sua integridade. Cada parâmetro recebe uma formulação apresentada a seguir. A Figura 12 apresenta metodologia de cálculo conforme o fluxograma apresentado por Fonseca (2007). Fonte: Fonseca (2007). 2.5.1. Fator de Intensidade do Dano (Fi) O fator de intensidade de dano (Fi) é relacionado com a intensidade de cada anomalia patológica detectada no elemento construtivo, é atribuído um valor de 0 a 4 para estipular a intensidade das manifestações patológicas, onde 0 corresponde ao elemento sem lesão alguma e 4 ao elemento em estado crítico de deterioração. (EUQUERES, 2011) Figura 12:Metodologia para cálculo do grau de deterioração. 36 Com o objetivo de diminuir a subjetividade na atribuição dos valores de intensidade do dano, o ANEXO A apresenta as tabelas utilizadas para a definição do grau de intensidade de dano da manifestação patológica. 2.5.2. Fator de ponderação de danos (Fp) O fator de ponderação avalia o grau de comprometimento da estrutura. Para a definição deste fator são adotados valores de 1 a 5 que correspondem a relevância dos problemas relacionadas aos aspectos da durabilidade e segurança da estrutura, avaliando seus efeitos e manifestações para cada anomalia específica. (FONSECA, 2007). 2.5.3. Grau de dano (D) O cálculo do grau de dano é uma função de duas variáveis, a partir dos valores obtidos entre o fator de intensidade (Fi) que são definidos através de inspeção na estrutura e o fator de ponderação de danos (Fp) determinado para cada família. As Equações 2.2 e 2.3 foram desenvolvidas para o cálculo do grau de dano de um elemento. (FONSECA, 2007). Grau de Dano (D): 𝐷 = 0,8 𝑥 𝐹𝑖 𝑥 𝐹𝑝 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐹𝑖 ≤ 2,0 2.2 𝐷 = (12 𝑥 𝐹𝑖 − 28) 𝑥 𝐹𝑝 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝐹𝑖 > 2,0 2.3 2.5.4. Grau de deterioração do elemento (Gde) O cálculo do grau de deterioração é definido em função do Grau de Dano (D), de acordo com as manifestações patológicas encontradas no elemento. A Equação 2.4 foi adotada para a realização dos cálculos do Grau de deterioração de um elemento (Gde). (FONSECA, 2007). Grau de deterioração do elemento (Gde): 37 𝐺𝑑𝑒 = 𝐷𝑚á𝑥[1 + ( ∑ 𝐷(𝑖)−𝐷𝑚á𝑥𝑚𝑖=1 ∑ 𝐷(𝑖)𝑚𝑖=1 )] 2.4 No qual: Gdemáx: Grau de deterioração máximo encontrada no conjunto de elementos de uma família. m: Número de elementos pertencentes a uma mesma família. 2.5.5. Grau de deterioração da família de elementos (Gdf) O grau de deterioração da família de elementos leva em consideração cada grupo de famílias isoladamente, de acordo com distribuição de grupos já citado no item 2.7. Euqueres (2011) apud Fonseca (2007) apresentada que para realização do cálculo de deterioração da família de elementos (Gdf) foi definido conforme Equação 2.5 Grau de deterioração da família de elementos (Gdf) 𝐺𝑑𝑓 = 𝐺𝑑𝑒𝑚á𝑥[√1 + ∑ 𝐺𝑑𝑒(𝑖)−𝐺𝑑𝑒𝑚á𝑥𝑚𝑖=1 ∑ 𝐺𝑑𝑒(𝑖)𝑚𝑖=1 2.5 No Qual: Gdemáx: Grau de deterioração máximo encontrada no conjunto de elementos de uma família. m: Número de elementos pertencentes a uma mesma família. 2.5.6. Fator de relevância estrutural (FR) A definição do fator de relevância estrutural é baseada na responsabilidade de cada elemento para a estrutura como um todo, em função da sua importância no comportamento estrutural, a Tabela 1 apresenta o fator de relevância definido para cada família de elementos que subdividem a estrutura. (FONSECA, 2007). 38 Tabela 1: Fator de relevância estrutural (Fr). Fator de relevância estrutural (Fr) Elemento de composição arquitetônica Fr = 1,0 Reservatório superior Fr = 2,0 Escadas/Rampas, reservatório inferior, cortinas, lajes secundárias, juntas de dilatação Fr = 3,0 Lajes, fundações, vigas secundárias, pilares secundários Fr = 4,0 Vigas e pilares principais Fr = 5,0 Fonte: Fonseca (2007). 2.5.7. Grau de deterioração da estrutura (Gd) A fim de se definir o grau de deterioração da estrutura (Gd), é executado o cálculo através da média ponderada relacionando ao grau de deterioração das famílias de elementos e adota-se os fatores de relevância estrutural (Fr) explicitados na Tabela 1 e de acordo com equação 2.6 calcula-se o grau de deterioração da estrutura. (FONSECA, 2007). Grau de deterioração da estrutura (Gd) 𝐺𝑑 = ∑ 𝐹𝑟(𝑖)𝑥 𝐺𝑑𝑓(𝑖)𝑘𝑖=1 ∑ 𝐹𝑟(𝑖) 2.6 Ao se definir o valor do grau de deterioração da estrutura (Gd), a classificação segue conforme Tabela 2 abaixo. Indica também o tempo máximo para intervenção que deve ser considerada no planejamento da recuperação estrutural. (FONSECA, 2007). 39 Tabela 2: Definição de graus de deterioração e ações a serem adotadas. Nível de deterioração Gd Ações a adotar Baixo 0 – 15 Estado aceitável. Manutenção apenas preventiva. Médio 15 – 50 Planejar intervenção a longo prazo (máx. 2 anos). Alto 50 – 80 Planejar intervenção a médio prazo (máx. 1 ano. Sofrível 80 – 100 Inspeção especializada detalhado. Planejar intervenção a curto prazo (máx. 6 meses). Crítico >100 Inspeção emergencial. Planejar intervenção imediata. Fonte: Fonseca (2007). 40 3. METODOLOGIA Mostra-se neste trabalho o estudo de caso avaliativo das manifestações patológicas da estrutura da ponte de concreto armado sobre o rio Ceará-Mirim, na BR 101, no município de Extremoz-RN. A ponte em análise apresenta comprimento de 115 metros e a largura do tabuleiro de 8,2 metros. Divididos em 20 vãos. São 42 pilares, 40 seções de vigas longitudinais ao comprimento da ponte, além de 21 vigas transversais ao tabuleiro da ponte. No período de realização deste trabalho, ocorre serviço de recuperação estrutural, aplicaçãode pingadeiras, abertura de drenos verticais, além de serviços de manutenção básica, como aplicação de nata de cimento, caiação e limpeza. A Figura 13 refere-se a região metropolitana de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte e localização de Extremoz, onde está localizada a ponte em análise. Fonte: Mapasblog.blogspot.com. Figura 13:Região metropolitana de Natal. 41 Apresenta-se na Figura 14 a ponte sobre o rio Ceará-Mirim em análise neste estudo de caso. Fonte: O autor, 2021. 3.1. Procedimento de coleta e interpretação dos dados O levantamento de dados procedeu-se conforme Lichtenstein (1986), procedimentos que configuram a fase em que as informações importantes para o entendimento das manifestações patológicas são organizadas. Os dados podem ser obtidos em três etapas, sendo elas: • A vistoria ao local para levantamento de subsídios, histórico da edificação e resultados da análise. • O diagnóstico da situação; entendimento das anomalias avaliando viabilidade de intervenção. • O resultado obtido nas análises, apresentando maneiras de realizar a intervenção A vistoria ao local objetivou a coleta de dados através do levantamento fotográfico das manifestações patológicas. O levantamento de dados através de memoriais, métodos executivos, projetos e materiais adotados na época da execução da ponte não foram considerados devido a impossibilidade de acesso as informações. Figura 14: Ponte sobre o Rio Ceará Mirim. 42 Para realização do estudo de caso apresentando nesta monografia, adotou-se fluxograma proposto por Lichtenstein (1986) como base para obtenção dos dados necessários para realização dos cálculos e caracterização das manifestações patológicas, conforme pode ser visualizado na Figura 15. Fonte: Lichtenstein, 1986. 1) Identificação das manifestações patológicas a. vistoria visual. A movimentação por regiões abaixo da ponte foi realizada através de passarela em anexo a obra de arte. Construída inicialmente para facilitar o acesso as comportas. Devido ao serviço de recuperação estrutural em andamento, houve a vistoria das estruturas através da passarela, andaimes, perfis metálicos e tábuas que estavam dispostos de forma a facilitar a movimentação da equipe que realizava o serviço. Conforme Figura 16. Figura 15: Fluxograma adotado para realização de estudo de caso. 43 Figura 16: Passarela lateral à ponte. Fonte: O autor (2021). b. Equipamentos de medição Foram utilizados trenas e paquímetros. Para aferição de região deteriorada. De acordo com Figura 17. Fonte: Tecnoferramentas.com Figura 17: Trena (a); Paquímetro (b). 44 c. Teste de percussão Para verificação de regiões onde a manifestação patológica não se apresentava de forma aparente, realizou-se teste de percussão a fim determinar possíveis problemas de aderência que podem levar a desagregação do concreto. Para tanto foi utilizado uma marreta pequena de 1 kg para aferição de região com som cavo. Conforme Figura 18. Fonte: O autor (2021). Após realização de vistoria inicial, a segunda etapa foi a definição do grau de deterioração da estrutura. 2) Grau de deterioração a. Por meio da metodologia de Klein et al (1991) em sua última atualização realizada por Fonseca (2007), houve a realização de consultas as tabelas (ANEXO A) e comparação com a estrutura real em análise, com objetivo de preencher as planilhas de inspeção e atribuição dos fatores de dano (Fi) e fatores de ponderação (Fp). b. Posteriormente calculou-se o grau de dano (D) conforme Equações 2.2 e 2.3 c. Em seguida foi realizado o cálculo do grau de deterioração do elemento (Gde) conforme Equação 2.4 d. Sucessivamente houve a definição do fator de deterioração da família de elementos (Gdf) de acordo com Equação 2.5. e. Na sequência aplicou-se o fator de relevância estrutural da família (Fr) para cada caso, com base na Tabela 1. Figura 18: Teste de percussão. 45 f. Por fim, foi determinado o grau de deterioração da estrutura (Gd), em consonância com a Equação 2.6. 3) Recuperação estrutural • Corte: A primeira etapa executiva ao iniciar o serviço de recuperação da estrutura é a remoção das regiões deterioradas. Para tal foi utilizado a técnica de corte mecanizado. O equipamento adotado foi o martelete rompedor de 10 kg com ponteira terminando em ponta viva. Conforme Figura 19. (a) (b) Fonte: O autor (2021). • Aferição da região escarificada: A definição de onde finalizar o corte foi realizada com o auxílio de substância química fenolftaleína, que aponta região não carbonatada, conforme Figura 20. Figura 19: Martele rompedor utilizado (a) e (b). 46 (a) (b) Fonte: O autor (2021). • Escovação mecanizada: Para definição se haveria a necessidade de reforço da estrutura ou substituição da armadura, utilizou-se de equipamento mecânico com cerdas de aço para realizar a limpeza e remoção de partículas que se encontrava aderidas ao aço. De acordo com Figura 21. (a) (b) Fonte: O autor (2021). Coloração típica de fenolftaleína. Figura 20: Aplicação de fenolftaleína para aferição de região não carbonatada. (a) e (b). Figura 21: Equipamento para limpeza em ação (a); Equipamento com cerda de aço para limpeza (b). 47 • Emendas por solda: Nos casos em que foi necessário o reforço da estrutura houve a realização de solda com o auxílio de máquina inversora e eletrodos conforme preconiza a NBR 6118:2014. Visualizados na Figura 22. (a) (b) Fonte: Leroymerlim.com • Protetor anticorrosivo a base de zinco: Após a realização da solda, aplica-se protetor inibidor de corrosão em metais em duas demãos, com diferença de 3 horas em entre uma aplicação e outra. • Uso de graute: Por fim o uso de graute do tipo tixotrópico foi a escolha adotada para fechar a estrutura em tratamento, o lançamento de graute foi realizado com auxílio de colher de pedreiro possibilitado pela consistência argamassada do material e boa aderência ao concreto original da estrutura. Não sendo necessário a utilização de fôrmas. Figura 22: Máquina inversora de solda (a); Eletrodos para solda (b). 48 4. RESULTADO E DISCUSSÕES No capítulo a seguir pode-se verificar a descrição visual de pilares, vigas e lajes que serviram como base para as definições do grau de deterioração da estrutura da ponte. Aborda-se ainda, as manifestações, prováveis causas para o surgimento de tais anomalias e soluções que podem ser adotadas para a recuperação das regiões. 4.1. Identificação das manifestações patológicas 4.1.1. Pilar de sustentação da ponte A figura 23 refere-se a um dos pilares da ponte em análise, no qual pode ser visto o surgimento de manifestações patológicas com baixa intensidade, porém comuns na estrutura da ponte em questão. Fonte: O autor (2021). Fissuras Manchas de umidade Figura 23: Pilar apresentando fissuras,manchas de umidade e desagregação do concreto. 49 • Descrição visual: Conforme a Figura 23 um exemplo de pilar com manifestações patológicas frequente na ponte em análise. • Manifestação: Fissuras, além de manchas de umidade que podem indicar o surgimento de bolores são as principais manifestações patológicas que podem ser vistas a olho nu no pilar exemplificado e avaliado nas visitas de campo realizadas à ponte. • Causas prováveis: O surgimento de fissuras verticais, como apresentado na Figura 23 é característica de fissuras devido a corrosão das armaduras longitudinais. A principal causa para o surgimento desse tipo de fissura é a oxidação da armadura que pode ser provocado pelo déficit de cobrimento, a alta permeabilidade e a porosidade do concreto utilizado. • Solução: A solução para este tipo de manifestação patológica foi a remoção da região deteriorada através de escarificação controlada com martelete rompedor, em seguida realizada a limpeza da armadura oxidada e da região interna ao pilar, posteriormente realizou-se a aplicação de material anticorrosivo a base de zinco e por fim o fechamento da região com aplicação de graute. 50 4.1.2. Exemplo de viga longitudinal da ponte A figura 24 refere-se a uma das vigas da ponte em análise, no qual pode ser visto o surgimento de manifestações patológicas como machas e bolores. Fonte: O autor (2021). • Descrição visual: A Figura 24 apresenta um exemplo de viga com manifestação comum de regiões com presença de umidade. Nota-se a presença de dreno horizontal por onde escoa a água das chuvas presente na pista de rolamento. • Manifestação: Verifica-se forte presença de manchas e bolores na viga de concreto provocada pela umidade local. • Causas prováveis: As manchas de umidade e bolores, são provocadas pelo excesso de umidade presentes nos poros do concreto, o dreno horizontal visualizado na imagem colabora com o acúmulo de água intrínseco ao concreto, ao passo que toda a água proveniente das chuvas, escoa pelos drenos e consequentemente pelas vigas da ponte. O desenvolvimento de organismos necessita de ambiente propício e com condições favoráveis para seu crescimento. Abundância de nutrientes e elevada umidade do material são os principais fatores para a propagação da anomalia. Manchas e bolores Dreno horizontal Figura 24: Viga apresentando manchas e bolores devido a umidade. 51 • Solução: A solução adotada para este caso parte da identificação da fonte de umidade. Ao sanar a origem da umidade, o local pode ser limpo e, caso necessário, refeito o revestimento. 4.1.3. Viga longitudinal ao comprimento da ponte A figura 25 refere-se a uma das vigas da ponte em análise, no qual pode ser visto o surgimento de manifestações patológicas com alta intensidade, armadura exposta e desagregação de concreto, além do surgimento de manchas e bolores. Fonte: O autor (2021) • Descrição visual: A figura 25 mostra as anomalias patológicas severas encontradas em viga longitudinal ao comprimento da ponte em análise. • Manifestação: Nota-se a presença de graves anomalias como corrosão das armaduras, desagregação do concreto, além de mofos, bolores e manchas de umidade já apresentadas no item 4.1.2 • Causas prováveis: Uma das motivações que acarretaram o avanço do processo das manifestações patológica pode estar relacionado com a oxidação da armadura. Tal manifestação patológica provocada devido ao baixo cobrimento, que aliado ao concreto poroso são as principais causas para o desenvolvimento da anomalia patológica, com o passar dos anos, permitiu que agentes agressivos atingissem a armadura de aço, dando início ao processo de Desagregação do concreto Corrosão das armaduras Mofos, Manchas de umidade e bolores Figura 25: Viga longitudinal da ponte apresentando alto grau de degradação. 52 corrosão das armaduras, que ao expandir-se, resultam no desplacamento do concreto nas regiões deterioradas. A desagregação do concreto ocorre devido a perda da função ligante, culminando na incapacidade de resistir a esforços solicitantes. • Solução: A solução adotada para este caso é a remoção de todo o concreto desagregado, recuperação da armadura corroída, limpeza, reforço da armadura se for necessário e aplicação de anticorrosivo, o fechamento da estrutura deve ser realizado com material adequado, como opções tem-se os métodos de concreto projetado, concreto convencional e graute. 4.1.4. Região inferior da plataforma da ponte (Laje) A Figura 26 apresenta manifestações patológicas em uma das lajes da ponte em análise, nota-se a presença de corrosão e desagregação do concreto como manifestações patológicas de maior intensidade. Fonte: O autor (2021). Eflorescência Corrosão das armaduras Desagregação do concreto Manchas, mofos e bolores Figura 26: Patologias presente em tabuleiro da ponte (laje) na ponte em análise. 53 • Descrição visual: A Figura 26 apresenta manifestações patológicas na região inferior ao tabuleiro da ponte. • Manifestação: Observa-se forte presença de eflorescência, além de manchas, mofos e bolores já apresentados no item 4.2.1. E corrosão das armaduras e desagregação do concreto já expostos no item 4.2.2. • Causas prováveis: Em relação a eflorescência, a anomalia patológica é motivada devido a presença de depósitos salinos formados nos revestimentos ou diretamente no concreto, sendo a água o principal agente transportador dos sais solúveis. • Solução: A remoção dos depósitos nas regiões que se encontram comprometidas com a ocorrência da anomalia pode ser removida com simples lavagem da superfície, o que geralmente já e suficiente para eliminação dos depósitos. É possível o retorno da manifestação patológica, porém em menor escala, à medida que os sais envolvidos são eliminados. 4.2. Cálculo do Grau de deterioração da estrutura (Gd) Com objetivo de determinar o grau de dano de cada elemento em análise, em seguida para família de elementos que compõe a estrutura e por fim o cálculo do grau de deterioração da estrutura geral. Os cálculos executados foram com base nos pilares da Figura 27 (a), (b) e (c). A maioria dos pilares que compõe a estrutura da ponte, apresentam estado de conservação bom. Porém em alguns casos houve o registro de severas manifestações patológicas, como trincas, fissuras, rachaduras, desagregação do concreto, corrosão do concreto e do aço. 54 (a) (b) (c) Fonte: O autor (2021). A obtenção do grau de deterioração da ponte, foi realizado através do preenchimento em campo de tabelas conforme os exemplos na Figura 27. O fator de intensidade (Fi) apresentando abaixo na Tabela 3, foi obtido de acordo com tabelas apresentadas no ANEXO A. Após o cálculo dos fatores de intensidade de cada anomalia, foi realizado o cálculo para obtenção do grau de dano conforme as equações 2.2 e 2.3. Ressalta-se ainda que no APÊNDICE A, encontram-se as tabelas executadas pelo autor, relacionadas aos graus de intensidade de dano de todos os elementos avaliados neste trabalho. Tabela 3: Exemplo de planilha de inspeção do elemento Pilar; Figura 31 (c), na ponte sobre o rio Ceará- Mirim, Extremoz-RN. Nome do elemento: Pilar ‘’C’’ Local: Ponte sobre o rio Ceará-Mirim Manifestações Patológicas Fp Fi D Carbonatação 3,00 2,00 4,80 Cobrimento deficiente 3,00 0,000,00 Contaminação por cloretos 4,00 0,00 0,00 Corrosão de armaduras 5,00 4,00 100,00 Figura 27: Pilar 01(a) manifestação de rachaduras, trincas e fissuras, bolores; Pilar 02(b) apresentando desagregação, corrosão; pilar 03 (c) apresentando corrosão das armaduras, desagregação de concreto. 55 Danos por impacto 5,00 0,00 0,00 Desagregação 3,00 4,00 60,00 Desplacamento 3,00 4,00 60,00 Desvio de geometria 4,00 0,00 0,00 Eflorescência 2,00 2,00 3,20 Falhas de concretagem 3,00 0,00 0,00 Fissuras 3,00 2,00 4,80 Manchas 3,00 2,00 4,80 Recalques 5,00 0,00 0,00 Sinais de esmagamento 5,00 0,00 0,00 Umidade na base 3,00 4,00 60,00 Fonte: Autor (2021) Em seguida calculou-se o grau de deterioração por elemento, de acordo com a equação 2.4, para então realizar o cálculo do grau de dano da família de elementos, de acordo com a equação 2.5. Apresenta-se na Tabela 4 os resultados encontrados através da análise dos elementos da ponte citada no decorrer da monografia de acordo com a equação 2.5. Tabela 4: Grau de deterioração das famílias Elementos ∑D Gde Gdf P1 142,40 68,76 207,16 P2 170,40 141,31 P3 297,60 166,39 V1 62,40 38,77 173,81 V2 86,40 61,48 V3 165,60 139,61 V4 125,60 67,26 L1 24,00 8,64 10,54 L2 17,6 8,29 Fonte: O autor (2021). 56 Para o cálculo do grau de deterioração da estrutura (Gd) utilizou-se a equação 2.6 e houve adoção dos valores de ponderação que foram expostos na Tabela 3. Abaixo é apresentada a Tabela 5, refere-se ao grau de deterioração final da estrutura. Tabela 5: Grau de deterioração da estrutura. Família Gdf Fr Gdf x Fr Pilares 207,16 5,00 1035,8 Vigas 173,81 5,00 869,05 Lajes 10,54 4,00 42,16 Somatório 14,00 1947,01 Gd 139,07 Fonte: O autor (2021). 4.2.1. Considerações finais sobre o estudo dos fatores de deterioração da ponte Com os resultados apresentados no item 4.1.1, consequência da análise realizada através da metodologia desenvolvida no capítulo 3, notou-se que a ponte em estudo apresenta níveis de deterioração preocupantes, com grau de deterioração (Gd = 139,07). Principalmente os pilares e vigas que estão classificados como CRÍTICO, para tal baseou- se na Tabela 2, para definição da classificação da estrutura. O agravante de serem famílias cuja relevância estrutural é alta que são os casos de pilares, vigas e lajes, indicando em função do grau de deterioração que deve ser realizada inspeção emergencial para planejamento de intervenção de forma imediata. 4.3. Recuperação da estrutura O último item proposto como objetivo deste trabalho é a demonstração da recuperação das estruturas deterioradas na ponte em análise, conforme já mencionado o serviço de recuperação da ponte ofereceu a oportunidade de verificar as manifestações patológicas, avaliar as prováveis causas e apresentar as tomadas de decisões reais da equipe responsável pelo serviço de recuperação da estrutura da ponte. 57 Conforme Figura 28, o esquema de lançamento de pilares, vigas, distribuição andaimes e perfis metálicos oriundos do projeto de escoramento da ponte, e são utilizadas para orientação geral da estrutura da ponte. Fonte: Engecal. 4.3.1. Escarificação ou corte da estrutura Conforme apresentado o corte para remoção de concreto degradado que vai além da limpeza superficial foi realizado com martelete rompedor de 10 kg, com ponteiro terminando em ponta viva. A Figura 29, exemplifica a utilização do equipamento no corte de uma viga. Figura 28: Esquema em planta integrante de projeto de escoramento da ponte. 58 (a) (b) Fonte: O autor (2021). 4.3.2. Escovação mecânica Para a remoção de partículas de concreto que se mantem fixo ao aço, mesmo após o processo de escarificação, realizou-se a escovação mecânica para a limpeza da região e posterior tratamento da armadura. De acordo com a Figura 30. Fonte: O autor, 2021. Figura 29:Viga escarificada (a); Corte de região inferior a plataforma (b). Figura 30: Limpeza mecanizada da armadura. 59 4.3.3. Recuperação da armação A Figura 31 apresenta a execução de emenda por solda utilizada em regiões onde apenas a limpeza da armadura de aço não é suficiente, através de paquímetro mediu-se o diâmetro da barra de aço e realizou-se reforço nas armaduras ao qual houve a perda de no mínimo 10% de sua seção. Fonte: O autor (2021). A Figura 32 e 33 apresentam as armaduras já recuperadas, limpas e com material anticorrosivo aplicado. Fonte: O autor, 2021. Figura 31: Execução de reforço de armadura através de emenda por solda. Figura 32: Armaduras recuperadas e anticorrosivo aplicado. 60 Fonte: O autor (2021). 4.3.4. Aplicação de graute tixotrópico. Seguindo para a última etapa da recuperação das estruturas de concreto armado, aplica-se o material de fechamento da região, nos casos das estruturas deste estudo de caso, o material adotado foi o graute tixotrópico. Conforme Figura 34. (a) (b) Fonte: O autor, 2021. Figura 33: Pilar com armadura recuperada, reforçada e anticorrosivo aplicado. Figura 34:(a) aplicação de graute; (b) região completamente recuperada. 61 62 5. CONCLUSÕES O estudo de caso desenvolvido nesta monografia teve como objetivo apresentar as manifestações patológicas mais comuns em pontes, calcular o grau de deterioração da estrutura e demonstrar as técnicas de manutenção das estruturas adotadas em serviço de recuperação estrutural. Como resultado foi encontrado grau de deterioração dos pilares de (Gdpilar = 207,16), de forma que foram classificados como crítico, necessitando de reparos emergenciais. Assim como as vigas cujo (Gdviga = 173,81) também se classifica em estado de conservação crítico. Já em relação ao tabuleiro da ponte (laje) o grau de deterioração de (Gdtabuleiro = 10,54) é considerado baixo, necessitando de manutenção preventiva. Por fim o grau de deterioração geral da estrutura (Gd = 139,07), foi classificado como crítico, necessitando de reparos emergenciais. Ao se comparar o grau de deterioração obtido com o estado dos elementos estruturais da ponte, conclui-se que a metodologia adotada apresentou resultados satisfatórios, confirmando a avaliação visual encontrada nas vistorias. Conclui-se que o estado de conservação da estrutura da ponte é crítico. Por fim, entende-se que as propostas de intervenção para as anomalias patológicas existentes foram sugeridas de acordo com as práticas atualizadas de recuperação de estruturas de concreto, considerando-se, ainda, as limitações de acessibilidade e a alta agressividade do meio. Conclui-se que, além de solucionar os danos que a estrutura apresentou, também proporcionou retardar ou impossibilitar a reincidência dos problemas. 63 BIBLIOGRAFIA ABNT NBR 6118/14 – Projeto de estruturas de concreto armado - Procedimento; ABNT NBR 14026/12 – Concreto protendido - especificações ANDRADE, C. Manual para Diagnóstico de Obras Deterioradas por Corrosão de armaduras. São
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