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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS PRISCILA STFANY DA SILVA SALES Proposição de método para a identificação e o controle do nível de segurança em laboratório de soldagem Natal-RN 2022 PRISCILA STFANY DA SILVA SALES Proposição de método para a identificação e o controle do nível de segurança em laboratório de soldagem Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Engenharia de Materiais. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Barra Natal-RN 2022 FICHA CATALOGRÁFICA Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Sales, Priscila Stfany da Silva. Proposição de método para a identificação e o controle do nível de segurança em laboratório de soldagem / Priscila Stfany da Silva Sales. - 2022. 71 f.: il. Monografia (graduação0 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia de materiais, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Barra. 1. Segurança do trabalho - Monografia. 2. Riscos - Monografia. 3. Laboratório de soldagem - Monografia. 4. Medidas de controle - Monografia. I. Barra, Sérgio Rodrigues. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 331.45 Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 FOLHA DE APROVAÇÃO Assinaturas dos membros da comissão examinadora que avaliou e aprovou a Monografia do (a) discente Priscila Stfany da Silva Sales, realizada em 14.02.2022 BANCA EXAMINADORA: __________________________________ Prof. Dr. Sérgio Rodrigues Barra - Orientador UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) __________________________________ Prof. Dr. José Hilton Ferreira Da Silva – Avaliador 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) __________________________________ Prof. Dr. Maurício Mhirdaui Peres – Avaliador 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) AGRADECIMENTOS Gratidão a Deus por cada segundo de cuidado, por me sustentar em toda a minha trajetória de formação profissional e pessoal. A minha Família, em especial à minha bisavó (em memória), que sempre acreditou em mim e desprendeu muitos esforços para minha criação. Minha prima Vitória, que nunca me abandonou e sempre foi minha referência familiar. Ao meu pai, madrasta Neci e irmã Mayara, que sempre entenderam minhas ausências, muito em função de atividades acadêmicas. A minha avó Veríssima, que sempre esteve vibrando com minhas conquistas. Aos poucos, mas fiéis amigos, que estiveram comigo durante esse período de graduação. Em especial, Beatriz Lucena, Gabriel e Débora. A todos do laboratório de Inspeção e Soldagem (LS&I) da UFRN, que desde o primeiro momento me acolheram e me fizeram uma com eles. A Empresa Solidus Jr., que me fez crescer além do mérito acadêmico, me permitindo uma visão empresarial administrativa e contato com diversos setores e serviços. A todos os professores do departamento de Engenharia de Materiais, que foram grandes pilares para minha formação profissional. Guardarei cada ensinamento e conselho com grande carinho, tentando sempre coloca-los em prática. Ao meu orientador Professor Dr. Sérgio Barra, por toda orientação, paciência e compreensão ao decorrer do TCC e enquanto fui sua aluna no laboratório de Soldagem e Inspeção (LS&I). A UFRN, que me proporcionou uma ótima estrutura e suporte para realização dos meus estudos. A BCZM, local onde eu estudava e atuava como bolsista, de modo especial agradeço aos bolsistas de circulação e aos bibliotecários: Euzébia, Kaline Flor, Ítalo, Fernando, Márcia e Ana Luiza. RESUMO Considerando a etapa de fabricação de um componente e/ou equipamento industrial, o processo de fabricação por soldagem destaca-se pela sua importância tecnológica, metalúrgica, econômica e, se não adequadamente planejado e normalizado, pela possibilidade de influenciar nos requisitos de segurança em ambientes industriais e laboratoriais. Em termos de risco de segurança a arco elétrico, a operação de soldagem propicia temperaturas superiores a 3.000 ºC, a radiação não ionizante (UVA e UVB), a incidência de fumos metálicos, e outras condições potencialmente insalubres, perigosas e negativas frente à Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS). Desta forma, pensado em ambiente laboratorial (práticas de ensino e/ou pesquisa em engenharia), uma forma de ação para atingir níveis aceitáveis de saúde e segurança é a determinação das medidas de controle dos riscos por meio da Análise Preliminar de Riscos (APR) e a inferência de planos de ação. Assim, o trabalho objetiva o estudo e a proposição de medidas de controle do nível de segurança em laboratórios de soldagem, por meio da implementação da gestão de segurança e da utilização de métodos e ferramentas para a organização do ambiente, a adequação do layout, a escolha e a utilização correta dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e dos equipamentos de proteção individual (EPIs), a montagem de um plano de urgência e emergência, instrução para o treinamento dos usuários e conscientização das responsabilidades e comprometimento da equipe (alunos, técnicos e professores). Assim, como resultado, busca-se um ambiente propício para a prevenção de acidentes, incidentes e eliminação de desvios. Palavras-chave: Segurança do Trabalho, Riscos, Laboratório de Soldagem, Medidas de Controle. ABSTRACT Seeks the manufacturing step of a component and/or industrial equipment, the manufacturing process by welding stands out for its technological, metallurgical, economic and, if not planned and standardized by possibility due to the safety requirements in industrial and laboratory environments. In terms of safety risk to electric arc, a welding operation provides temperatures above 3,000 degrees Celsius, non-ionizing radiation (UVA and UVB) the incidence of metallic fumes, and other potentially unhealthy, dangerous and negative conditions in the face of Health, Environment and Safety (SHE). Thus, thought in laboratory environment (teaching practices and/or research in engineering), a form of action to achieve acceptable levels of health and safety isa determination of control measures through Preliminary Risk Analysis (PRA) and inference of action plans. Thus, the work aims to study and propose measures to control the level of safety in welding laboratories, through the implementation of safety management and the use of methods and tools for the organization of the environment, the adequacy of the layout, the choice and correct use of Collective Protective Equipment (CPE) and Personal Protective Equipment (PPE), the assembly of an emergency and emergency plan, instruction for the training of users and awareness of the responsibilities and commitment of the team (students, technicians and teachers). Thus, as a result, we seek an environment conducive to the prevention of accidents, incidents and elimination of deviations. Keywords: work safety, risks, welding laboratory, control measures. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Imagens que mostram em (a) o soldador exposto a radiação e fumos, durante a operação de soldagem, e (b) um layout não planejado de uma hipotética oficina de soldagem ....................................................................................................3 Figura 2 - Imagem ilustrativa de um processo de soldagem e variáveis que existem no processo ................................................................................................................. 8 Figura 3 - Identificação de postura inadequada em posto de trabalho de soldagem 11 Figura 4 - Imagem ilustrativa do processo de soldagem por arame tubular ............. 13 Figura 5 - Modelo de Análise Preliminar de Risco (APR) .......................................... 14 Figura 6 - Composição básica dos fumos de soldagem ............................................ 18 Figura 7 - Série histórica dos Acidentes de Trabalho (CAT) no Brasil ...................... 18 Figura 8 - Distribuição geográfica dos Acidentes de Trabalho (CAT) no Brasil ........ 19 Figura 9 - Estimativa de Subnotificação de Acidentes de Trabalho (CAT) ............... 20 Figura 10 - Itens que compõe a lista de EPIs descritos no Anexo I da NR-06 .......... 23 Figura 11 - Imagens que mostrando em (a) sinalização de proibição de fumo, (b) sinalização de obrigatoriedade de uso de EPIs, (c) demarcação de espaço destinado a equipamento de primeiros socorros, (d) sinalização de segurança em caso de evacuação, (e) equipamento de proteção contra incêndio, (f) demarcação de espaço destinado a máquina/equipamento ........................................................................... 25 Figura 12 - Imagens que demostram exemplos de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), em (a) fita zebrada, (b) corrente zebrada de segurança, (c) cone, (d) pedestais zebrados de segurança ............................................................................ 26 Figura 13 - Ciclo PDCA ............................................................................................. 32 Figura 14 - EPC – Cortina de proteção para soldagem ............................................. 35 Figura 15 - EPC – Chuveiro e lava-olhos, utilizado para situações de emergência, quando à contaminação por agente químico............................................................. 35 Figura 16 - Certificado de Aprovação (CA)................................................................ 38 Figura 17 - Imagens mostrando em (a) e em (b) Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), básicos utilizados nas atividades de soldagem a arco elétrico ...... 39 Figura 18 - Modelo de planilha de controle de EPIs para laboratório ........................ 40 Figura 19 - EPIs impróprios para uso ........................................................................ 41 Figura 20 - EPIs armazenados de forma inadequada ............................................... 41 Figura 21 - Modelo de gestão de FISPQ por meio de QR code ................................ 42 Figura 22 - Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), ilustrando os pontos abordados pelo documento ...................................................... 43 Figura 23 - Mapa de Risco ........................................................................................ 44 Figura 24 - Sinalização vertical de segurança ........................................................... 45 Figura 25 - Sinalização horizontal de segurança, delimitação de área destinada a equipamento de proteção contra incêndio................................................................. 45 Figura 26 - Ambiente laboratorial com inadequações de segurança ......................... 46 Figura 27 - Ambiente laboratorial com sugestões de adequações de segurança ..... 47 Figura 28 - (a) História em quadrinhos com foco no entendimento e na adequação de laboratório através da aplicação do 5S (Elaborada pela autora) – situação sem a adoção de 5S. ........................................................................................................... 48 Figura 28 - (b) História em quadrinhos com foco no entendimento e na adequação de laboratório através da aplicação do 5S (Elaborada pela autora) – situação com a adoção de 5S. ........................................................................................................... 49 Figura 29 - Sinalização horizontal de segurança e ausência de sinalização vertical, especificando os equipamentos de combate a incêndio ........................................... 50 Figura 30 - Sinalização horizontal de segurança insuficiente e ausência de sinalização vertical, especificando os equipamentos de combate a incêndio ........... 51 Figura 31 - Fluxograma de medidas em caso de acidente, com vítima, ou incidente, sem vítima..................................................................................................................52 Figura 32 - Mapa mental de itens a serem observados na elaboração de adequações de laboratórios de soldagem..............................................................................................54 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos, de Acordo com sua Natureza e a padronização das Cores Correspondentes (Autora) ............. 16 Tabela 2 - Relação entre perigos e riscos em processos de soldagem (Autora) ...... 30 Tabela 3 - Relação entre perigos, riscos e efeitos gerados em processos de soldagem (Autora).............. ....................................................................................... 30 Tabela 4 - Relação entre perigos, riscos, efeitos gerados e as medidas de controle e mitigação em processos de soldagem (Autora) ........................................................ 31 Tabela 5 - Implementação do ciclo PDCA (Autora) ................................................... 33 Tabela 6 - Relação entre não uso ou uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual, possíveis acidentes e consequências prováveis (Autora) ....................... 37 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APR – Análise Preliminar de Riscos ASME – American Society of Mechanical Engineers CA – Certificado de Aprovação CIPA – Comissão Interna de Prevenção De Acidentes CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas DMAIC – Define, Measure, Analyse, Improve, Control EPC – Equipamento de Proteção Coletiva EPI – Equipamento de Proteção Individual FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Profuto Químico IV – Infravermelhos LT – Limite de Tolerância MIG – Metal Inert Gas NBR – Norma Brasileira NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health NR – Norma Regulamentadora OHSAS – Occupational Health and Safety Assesment Series PDCA – Plan Do Check Action PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SMS – Saúde, Meio Ambiente e Segurança SNC – Sistema Nervoso Central MTE – Ministério do Trabalho e Emprego TIG – Tungsten Inert Gas UPA – Unidade de Pronto Atendimento UV – Ultravioleta UVA – Ultravioleta A UVB – Ultravioleta B UVC – Ultravioleta C SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 6 2.1 GERAL .................................................................................................................. 6 2.2 ESPECÍFICO ........................................................................................................ 6 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 7 3.1 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ......................................................................... 7 3.2 SOLDAGEM .......................................................................................................... 7 3.3 SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO E AS RELAÇÕES COM SMS ....................... 123.4 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO (APR) ......................................................... 13 3.5 RISCOS OCUPACIONAIS .................................................................................. 14 3.6 ACIDENTE DE TRABALHO ................................................................................ 17 3.6.1 Acidente na industria ........................................................................................ 20 3.7 RISCOS OCUPACIONAIS NO SETOR DE SOLDAGEM ................................... 21 3.8 RISCOS EM LABORATÓRIO DE SOLDAGEM .................................................. 22 3.9 MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS OCUPACIONAIS ................................ 23 3.10 CICLO PDCA .................................................................................................... 27 4 PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS DE GESTÃO E SEUS IMPACTOS EM AMBIENTE LABORATORIAL ....................................................................................................... 28 4.1 APLICAÇÃO DA ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR) ............................ 28 4.2 IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLE COM BASE NA APR ....... 32 4.3 MEDIDAS DE CONTROLE QUE PODEM SER ADOTADAS EM LABORATÓRIO DE SOLDAGEM COM BASE NA IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS .......................... 33 4.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS MEDIDAS PROPOSTAS ................................. 52 5 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 55 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 1 1 INTRODUÇÃO No contexto industrial, para que sejam produzidos diversos produtos, tais como máquinas, equipamentos e outras estruturas, é necessário o uso planejado dos processos de fabricação que atendam aos requisitos de projeto, norma e/ou contrato, de forma a permitir a modificação e o incremento de valor por alterações geométricas e/ou de propriedades almejadas. Os processos de fabricação podem ser divididos em três grupos principais: (i) quanto a alteração de forma/volume (por exemplo: usinagem), (ii) quanto a mudança de propriedade (por exemplo: adesão, encruamento, dureza, abrasividade) e (iii) quanto a forma de montagem (disposição geometria do que se quer produzir). Dentre os processos de fabricação que induzem mudanças nas formas de montagem e, de certa forma, nas propriedades do substrato, a soldagem por fusão destaca-se pela combinação de custo acessível, facilidade de aplicação e níveis de qualidade compatíveis com condições normalizadas (SOUSA e BARRA, 2012). Existe um grande número de processos por fusão que podem ser separados em subgrupos, por exemplo, de acordo com o tipo de fonte de energia usada para fundir as peças metálicas. Dentre estes, os processos de soldagem a arco (fonte de energia: arco elétrico) são os de maior importância industrial na atualidade (MARQUES, MONDENESI e BRACARENSE, 2009). O arco voltaico nos processos de soldagem emite radiação luminosa visível, em praticamente todos os comprimentos de onda, incluindo as radiações ultravioleta e infravermelha. Com uso do arco elétrico como fonte de calor (temperaturas superiores a 3.000°C), há o surgimento de um espectro de radiação eletromagnética não ionizante, composta por radiação ultravioleta (comprimento de onda entre 1,00.10-7 e 4,00.10-7 m), que não pode ser vista a olho nu, eles são classificados em UVA (3,15.10-7 até 4,00.10-7 m), UVB (2,80.10-7 até 3,15.10-7 m) e UVC (1.00.10-7 até 2,80.10-7 m). A radiação infravermelha IV (comprimento de onda entre 7,7.10-7 até 1,00.10-3 m), em alguns processos pode vir a existir, porém em grande maioria é considerada inexistente, por isso, mesmo ambas podendo acarretar injúrias ocupacionais nos olhos e na pele do soldador, a UV é considerada como a que mais pode causar dados. 2 Na soldagem, a radiação não ionizante (nível de energia não suficiente para destacar elétrons dos átomos), tem sua intensidade e tamanho de onda variáveis de acordo com os parâmetros de soldagem, o tipo de eletrodo, o fluxo de material e o revestimento (SOUSA e BARRA, 2012). A Norma Regulamentadora 15 (NR-15) nomeada como atividades e operações insalubres, relata que as operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Para efeitos da NR-15, o anexo 7 define que são radiações não-ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e laser. A função de soldador destaca-se como uma das principais atividades que podem gerar doenças ocupacionais. A atividade de soldagem é considerada como sendo de grande risco ao profissional que a executa, podendo comprometer a saúde. Agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidente estão sempre presentes em seu ambiente de trabalho (FUHR, 2012). Em suas atribuições operacionais, a saúde do trabalhador pode ser afetada de várias maneiras, pois durante a jornada de trabalho, o soldador está exposto a fumos de soldagem, gases, poeiras, partículas, radiações, vibrações, ruídos, calor e outros (MAGRINI, 1999). Além de todos estes riscos citados, o soldador está susceptível a riscos de acidentes como batidas, choques elétricos, queda de peças, respingos e fagulhas de solda. Contudo, é de extrema importância à utilização de sistemas e equipamentos para assegurar melhores condições de trabalho (GIACOMIN, 2019). Os funcionários que são comumente atingidos pelos riscos, provenientes da operação de soldagem (principalmente na etapa de execução) são, normalmente, os soldadores, os inspetores, os engenheiros e os supervisores. Para exemplificar, a Figura 1 ilustra o soldador e o possível ambiente fabril e/ou laboratorial no qual estará exposto durante a operação de soldagem a arco elétrico e, ao mesmo tempo, as condições inseguras geradas pelo não planejamento do layout, não organização de uma hipotética oficina de soldagem, ausência de treinamentos, a não implementação de gestão de segurança ou não cumprimento dessas medidas. 3 (a) (b) Figura 1. Imagens que mostram em (a) o soldador exposto a radiação e fumos, durante a operação de soldagem, e (b) um layout não planejado de uma hipotética oficina de soldagem ((a) Disponível em www.canva.com.br, adaptada pela autora e (b) disponível em: www.researchgate.net). 4 Conforme Norma Regulamentadora 1 (NR-1), alínea g do item 1.4.1, há obrigatoriedade, pelo empregador, da implementação de medidas de prevenção segundo a seguinte hierarquia: (a) eliminação dos fatores de risco, (b) minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva, (c) minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho e (d) adoção de medidas de proteção individual. A antecipação dos riscos e medidas preventivas são formas de eliminar ou reduzir os riscos para os envolvidos direta ou indiretamente com a atividade. Segundo RUPPENTHAL (2013), a gerência de riscos é uma metodologia que visa aumentar a confiança na capacidade de uma organização em prever, priorizar e superar obstáculos para, como resultado final, obter a realização de suas metas. A Análise Preliminar de Riscos (APR) é uma ferramenta dentro do Gerenciamento de Riscos usada para realizar uma análise qualitativa na fase de concepção ou desenvolvimento de um projeto ou atividade cuja experiência em riscos na sua operação é deficiente (HOLLEBEN, CATAI e AMARILLA, 2012). Na Norma Regulamentadora 20 (NR-20), que trata segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis, no item 20.7.3, há obrigatoriedade da elaboração da APR, assim como na NR-12 (Máquinas e Equipamentos), NR-35 (Trabalho emAltura), NR-36 (Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados) e NR-18 (Segurança e Saúde no Trabalho na Industria da Construção Civil), dentre outras, que trazem a Análise de Risco como obrigatoriedade antes da realização da atividade. A Norma OHSAS 18001:2007 é a versão mais atual da norma de Sistemas de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho, muito aplicada em todo o planeta e também no Brasil. A OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assesment Series), estabelece os requisitos para um Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, por meio de uma política com objetivos e monitoramento do desempenho. A OHSAS 18001 é uma norma de caráter preventivo que visa a redução e controle dos riscos no ambiente de trabalho, seguindo a abordagem PDCA – Planejar, Executar, Controlar e Agir (RUPPENTHAL, 2013). Segundo Neves (2007), frente aos vários métodos de controle de qualidade e de melhoria das rotinas e execução de tarefas, o ciclo PDCA merece destaque. O ciclo baseia-se em 4 pilares: Plan (planejamento), Do (Fazer), Check (checar) e Action (agir). Trata-se de 5 um processo em equilíbrio dinâmico retroalimentado. Após a série de etapas relacionadas, a retroalimentação do sistema faz com que cada ciclo desenvolva-se em um plano superior de qualidade (LAGO, 2006). Com isso, as falhas identificadas inicialmente são sanadas e tendem a não acontecerem mais, fazendo com que ocorra sempre progressão na melhoria da execução da atividade. Considerando os ambientes de qualificação e de aprendizagem voltados à soldagem (laboratórios), nos quais são realizadas práticas experimentais dos processos de soldagem a arco elétrico, ainda percebe-se a carência de engajamento, quando se pensa na análise dos riscos provenientes da manipulação de equipamentos, acessórios e de exposição aos agentes de riscos. Tal inconsistência de gestão torna a vivência acadêmica e, por consequência, no mercado de trabalho, fragilizada e com grande propensão à acidentes. Nos laboratórios de soldagem, os riscos são similares aos encontrados na indústria, tendo como diferencial o nível de controle dos riscos, faixas de aplicação, tempo de exposição, grau de maturidade do operador, experiência na atividade, treinamentos e capacitações. Este trabalho foca na importância e necessidade de realização de Análise Preliminar de Riscos (APR), como base para a identificação dos riscos existentes em laboratórios de soldagem e meio para determinação das recomendações de medidas preventivas e mitigadoras de controle desses riscos. Para isso, é utilizado o ciclo PDCA com o intuito de garantir melhoria contínua das implementações. Obtendo melhor rastreamento dos riscos e maior controle do nível de segurança em laboratórios de soldagem. 6 2 OBJETIVOS 2.1. Geral O objetivo geral deste trabalho é mostrar a possibilidade do rastreio e do controle do nível de segurança dos usuários de laboratórios de soldagem. 2.2. Específicos Avaliar condições de controle do nível de segurança de laboratórios de soldagem, via Análise Preliminar de Risco (APR); Avaliar condições de rastreabilidade do nível de segurança de laboratórios de soldagem, via ciclo PDCA; Propor um método de controle para o nível de segurança em laboratórios de soldagem; Estimular a cultura da organização e das ações exitosas em termos de segurança, meio ambiente e saúde dos usuários dos laboratórios de soldagem. 7 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO OSWALDO e BUTTON (2004) relatam que os processos de fabricação mecânica de produtos metálicos têm como objetivo a modificação de um corpo metálico, com o fim de lhe conferir uma forma definida. Quanto a classificação, os autores sugerem que os processos de fabricação podem ser divididos em dois grupos: (a) processos mecânicos, nos quais as modificações de forma são provocadas pelas aplicações de tensões externas (por exemplo, a conformação mecânica a frio), e (b) processos metalúrgicos, nos quais as modificações de forma estão relacionadas com variações nas temperaturas (por exemplo, a soldagem a arco elétrico). Por sua vez, considerando os processos de fabricação por união, MARQUES, MODENESI e BRACARENSE (2009) apresentam as duas categorias. A primeira categoria sendo baseada na ação de forças macroscópicas entre as partes a serem unidas. Em complemento, a segunda categoria se baseia nas forças microscópicas - interatômicas e intermoleculares. Para o primeiro caso os exemplos são a parafusagem e a rebitagem, onde a resistência da junta é dada pela resistência ao cisalhamento do parafuso ou rebite mais as forças de atrito entre as superfícies de contato. Por fim, no segundo caso, a união é conseguida pela aproximação dos átomos ou moléculas das peças a serem unidas, ou destes e de um material intermediário adicionado à junta, até distâncias suficientemente pequenas para a formação de ligações químicas, particularmente ligações metálicas e de Van der Waals. Como exemplo para o segundo caso, tem-se a brasagem, a soldagem e a colagem (adesão). 3.2 SOLDAGEM A adequada definição do termo soldagem não é uma ação simplória, tendo em vista que existem diferentes visões sobre a área, diversas técnicas de operação, um leque vasto de equipamentos e variadas e controvérsias formas de utilização deste grupamento dos processos de união. Nesta linha de raciocínio, destacam-se 8 os conceitos propostos pelas associações, sociedades e entidades classificadoras / normalizadoras. Por exemplo, a American Welding Society (2001) conceitua a soldagem como sendo um processo de união que produz a coalescência dos materiais aquecendo-os até a temperatura de soldagem, com ou sem a aplicação de pressão ou através da aplicação de pressão por si só, e com ou sem a utilização de material de adição. Quanto a aplicação, os processos de soldagem ou processos afins são também utilizados na recuperação de peças desgastadas, para a aplicação de revestimentos de características especiais sobre superfícies metálicas e para corte. O sucesso da soldagem está associado a diversos fatores e, em particular, com a sua relativa simplicidade operacional. Por outro lado, apesar desta simplicidade, não se pode esquecer que a soldagem pode ser muitas vezes um processo “traumático” para o material, envolvendo, em geral, a aplicação de uma elevada densidade de energia em um pequeno volume do material, o que pode levar a alterações estruturais e de propriedades importantes dentro e próximo da região da solda (MODENESI, MARQUES e SANTOS, 2012). A Figura 2 ilustra como um processo de soldagem se estabelece e algumas das variáveis existentes nesse processo. Figura 2. Imagem ilustrativa de um processo de soldagem e variáveis que existem no processo (Disponível em: https://blog.binzel-abicor.com/pt/entenda-a-soldagem-com- eletrodo-revestido). 9 As propriedades físicas e químicas dos gases de proteção, como o potencial de ionização, a condutividade térmica, entre outras, definem as principais características operacionais do arco eléctrico (CERQUEIRA, 2013). Os processos de soldagem são reconhecidos como sendo um dos processos de fabricação, que podem afetar o desenvolvimento de doenças ao trabalhador em longo prazo (ANSCHAU, 2010). Os soldadores estão expostos a fatores de risco tão diversos quanto os agentes químicos/fumos, radiação (UV, IV e luz visível - com atingimento cutâneo e/ou ocular), ruído, vibrações, desconforto térmico, má iluminância/encandeamento e/ou contrastes desadequados, posturas mantidas/forçadas, o manuseamento de cargas/ queda de objetos e/ou ao mesmo nível e o eventual trabalho em altura ou debaixo de água (com diferenças de pressão atmosférica),bem como as particularidades de laborar em espaços confinados (SANTOS e ALMEIDA, 2017). A maioria do fumo produzido é proveniente do elétrodo, que se volatiliza; os metais vaporizados reagem com o oxigénio, produzindo óxidos de metal, de dimensão respirável (ZEIDLER e ERDELY, 2012). Consideraram-se os elementos dos fumos de soldagem potencialmente tóxicos e classificados como um agente com alta prioridade para uma avaliação como carcinógenos possuindo óxidos metálicos de ferro, alumínio, cromo, níquel e manganês e compostos inorgânicos como fluoretos e silicatos não cristalinos, além dos gases como o ozônio, óxidos de nitrogênio e monóxido de carbono, incluindo produtos de deterioração dos recobrimentos da solda como tintas, plásticos e óleos que podem estar presentes na coluna de fumaça em partículas extremamente finas, que possuem um diâmetro aerodinâmico variando de 0,2 a 0,6 mm, podendo se aglomerar nos pulmões dependendo das taxas de emissão de cada processo (PERSWOONS, ARNOUDX, MONSSU, et al., 2014). Complexos aerodispersoides são inalados pelo trato respiratório e podem levar a efeitos adversos agudos, como a irritação das vias aéreas, a síndrome de Brooks ou a síndrome da febre do soldador, e a doenças crônicas como a redução da função pulmonar, asma, bronquite, pneumoconiose ou câncer pulmonar e o câncer do Sistema Nervoso Central (SNC) (BALTHAZAR, ANDRADE, SOUZA, et al., 2018). Todos os processos a arco elétrico geram energia luminosa (luz visível), mas não necessariamente emitem para o meio (por exemplo, enclausuramento do arco no processo Arco Submerso), além de energia térmica, fumos e radiações nos 10 espectros infravermelha e ultravioleta. (HEWITT, 1999). Como citado anteriormente, o arco elétrico se estabelece e acarreta o aparecimento das radiações intensas, espectro de radiação eletromagnética não ionizante, em forma de raios infravermelhos e luz visível que podem acarretar em danos ocupacionais nos olhos e na pele do soldador. Os soldadores configuram coletivo de alto risco para queimaduras de pele e ocular em virtude da manipulação de objetos quentes e da radiação ultravioleta, o que pode ocasionar diferentes distúrbios clínicos. O câncer de pele, por exemplo, pode surgir devido à queimadura por metal quente ou por respingos de solda (AJAYI e OMOTOYE, 2012). Em função da penetração da radiação UV e da dose, podem surgir eritema, dor, edema, descamação, fotoalergia e queimadura; os UVC e os UVB apenas atingem a epiderme, enquanto a UVA também pode atingir a derme. Se a exposição for prolongada podem também aparecer o envelhecimento da pele (perda de elasticidade), sobretudo com os UVA e alterações no DNA (que poderão dar origem a patologia oncológica cutânea). Os IV produzem apenas efeitos térmicos, quando muito atingindo capilares, provocando hiperpigmentação e queimadura (CERQUEIRA, 2013). Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacionais dos Estados Unidos (NIOSH, National Institute for Occupational Safety and Health) no ano de 2010 chegou à conclusão de que cerca de 6% dos danos causados à visão dos trabalhadores norte-americanos estão relacionados ao processo de soldagem a arco elétrico (Sousa e Barra, 2012). Nos olhos, opacidade das córneas, depósitos pigmentares maculares e até mesmo cegueira, devido à exposição à radiação ultravioleta, durante atividade de solda, foram identificados em estudo na Nigéria (AJAYI e OMOTOYE, 2012). Visita feita a uma empresa da região metropolitana de Porto Alegre, que tem operações de solda do tipo MIG e TIG, em entrevista a profissionais de soldagem, se constatou que mais de 50% dos entrevistados queixaram de problemas nos olhos e dor de cabeça, apesar do uso de elmo protetor da face, e protetor auricular. Normalmente as queixas eram feitas pelos trabalhadores mais velhos, os mais novos normalmente não tinham nenhuma queixa (GOLDMAN, 2000). A exposição à radiação pode potenciar o aparecimento de alterações oculares (opacidades corneanas/ cataratas e depósitos maculares) que, eventualmente, poderão culminar em amaurose (cegueira) (SANTOS e ALMEIDA, 2017). 11 Segundo FALZON (2007), um dos objetivos da ergonomia é centrado nas pessoas, nas seguintes dimensões: segurança, saúde, conforto, facilidade de uso, satisfação, interesse do trabalho dentre outros. A ergonomia tem áreas de especialização voltadas para: ergonomia física, ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. No setor de soldagem as posturas inadequadas e a falta de orientação e conhecimento sobre a biomecânica humana e ergonomia são fatores que podem levar a patologias, comprometendo a qualidade de vida do funcionário (MEDRADO, 2007). NUNES, AMOEDO e CAMPOS (2018), observaram em ambiente de soldagem aspectos que impactam no rendimento operacional, e contribuindo para ausências no ambiente de trabalho: movimentos inadequados ( decorrentes do ângulo de soldagem), altura dos dispositivos de soldagem (desproporcionais com a altura dos funcionários), fadiga e estresse (conjunto do ambiente e condições de trabalho) e desmotivação (decorrente da contribuição dos demais aspectos). As inferências estão ilustradas na Figura 3. Figura 3. Identificação de postura inadequada em posto de trabalho de soldagem (Nunes, Amoedo e Campos, 2018). A Norma Regulamentadora 18 (NR-18) que trata da segurança e saúde no trabalho na indústria da construção no item 18.7.6.1 relata que para fins desta NR, considera-se trabalho a quente as atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou outras que possam gerar fontes de ignição, tais como aquecimento, centelha ou chama. Em relação a processos de soldagem, há riscos denominados riscos de acidentes, dos quais são os mais relevantes o choque elétrico, incêndio e explosão 12 (TONIAZZO, 2014). Quando se executam operações de soldagem próximo a materiais combustíveis devem ser tomadas medidas especiais para que centelhas, fagulhas ou metais quentes não possam entrar em contato com aqueles materiais (GOMES e RUPPENTAL, 2002). Segundo MARQUES, MODENESI e BRACARENSE (2009), os acidentes por choque elétrico são riscos muito sérios e constantes em operações de soldagem baseadas no uso de energia elétrica, pois podem causar lesões ou levar até a morte, seja por choque elétrico por si só ou pela queda da vítima devido a reação ao choque. 3.3 SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO E AS RELAÇÕES COM SMS A soldagem deve ser executada por soldadores qualificados e comprometidos com a boa técnica de segurança e higiene, fundamental para a preservação da saúde e da vida dos profissionais envolvidos, bem como da preservação ambiental. A maioria dos acidentes na soldagem decorrem do desconhecimento (das regras de segurança, da eletricidade e dos perigos existentes, do processo de produção, dos materiais e equipamentos) e pela falta de utilização dos equipamentos de proteção coletiva e de proteção individual (GOMES e RUPPENTAL, 2002). A Figura 4 ilustra um processo de soldagem via eletrodo revestido, nesse processo há exibição das variáveis que contribuem para os riscos da atividade, metais envolvidos, arco elétrico, escória, etc. 13 Figura 4. Imagem ilustrativa do processo de soldagem por eletrodo revestido e elementos que compõe (Disponível em: www.canva.com.br, adaptada pela autora). 3.4 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO (APR) A análise preliminar de riscos – APR, é uma técnica utilizada para se identificar previamente riscos inerentes a uma determinada atividade e/ou em um ambiente. De modo geral, a APR dá um resultado de fácil entendimento quanto aos riscos quem um ambiente proporciona ao colaborador bem como a devida correção ou plano de ação para a não conformidade encontrada (PELLIN et al, 2017). Segundo MARTINS e NATACCI (2009) uma vez levantadosos eventos (etapas da atividade) da forma mais completa possível, deve-se proceder a avaliação de suas probabilidades de ocorrência e de suas consequências. Detectadas as probabilidades de ocorrência “perigosamente altas” ou de consequências potenciais inaceitáveis, devem-se introduzir alterações ou dispositivos apropriados que façam com que esse conjugado, frequência - consequência, caia a níveis aceitáveis. Para isso, o desenvolvimento de análises de risco deve seguir algumas etapas que constituem uma forma de avaliar e melhorar a qualidade da instalação em análise, a saber: (a) caracterização da instalação; (b) identificação dos perigos; (c) identificação dos cenários acidentais; (d) quantificação das consequências de cada cenário; (e) estimativa das frequências de cada cenário; (f) estimativa dos riscos; (g) gerenciamento de riscos; e (h) planejamento de emergência, se necessário. 14 Considerando o cenário descrito anteriormente, FIGUEIREDO (2009) cita que a Análise Preliminar de Riscos (APR), por sua vez, consiste em um estudo durante a concepção ou o desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com a finalidade de determinar os riscos que poderão estar presentes em sua fase operacional. Esse procedimento é de suma importância, principalmente nos casos em o sistema a ser concebido não possui semelhança com outros existentes. A APR abrange todos os eventos perigosos cujas causas tenham origem no interior da instalação analisada, englobando tanto as falhas de componentes ou sistemas, como eventuais erros operacionais ou de manutenção (falhas humanas). A Figura 5 ilustra parte de uma APR destinada à atividade de soldagem com utilização de eletrodo revestido, na imagem observa-se que para cada etapa do serviço são identificados os riscos (químico, físico, biológico, ergonômico ou de acidente), determinada a causa e o perigo (ou fonte geradora), e as consequências, que são o que esse risco pode gerar de dano, a avaliação qualitativa que indica a probabilidade do evento acontecer (S= severidade, P= Probabilidade, CR= Criticidade), conforme matriz de risco. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO - APR DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ATIVIDADE DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO ESTAPAS DO SERVIÇO TIPO DO RISCO CAUSA OU NATUREZA DO RISCO FONTE GERADORA POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS MEDIDAS DE CONTROLE Figura 5. Modelo de Análise Preliminar de Risco (APR) (Figura elaborada pela autora). 3.5 RISCOS OCUPACIONAIS No Brasil, a legislação que garante o direito dos trabalhadores é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que especifica as regras da relação de contrato entre empresa e empregado. Diante da necessidade de esclarecer 15 aspectos da CLT que precisavam ser explorados, em 1978 foram criadas as Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que estabelecem as condições mínimas para os ambientes de trabalho, a fim de promover a segurança e a saúde dos trabalhadores (MASS, GRILO e SANDRI, 2018). Atualmente são 37 Normas Regulamentadoras, revogadas a NR-2 e NR-27. A NR 09 (Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos), no item 9.2.2, relata que esta NR e seus anexos devem ser utilizados para fins de prevenção e controle dos riscos ocupacionais causados por agentes físicos, químicos e biológicos. Além desses riscos, os de acidentes e ergonômicos também devem ser levados em consideração. Na Tabela 1 estão os riscos ambientais; cada risco está associado a uma cor e grupo específico, na descrição de cada grupo estão os riscos a serem considerados para fins de classificação. Por sua vez, o item 15.2 trata do exercício de trabalho em condições de insalubridade, o qual, de acordo com o item 15.1.4, assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a: 15.2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo; 15.2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio; 15.2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. Em complemento, o item 15.4.1 fala das ações a serem tomadas para eliminação ou neutralização da insalubridade, que deverá ocorrer quando: (a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; e (b) com a utilização de equipamento de proteção individual. 16 Tabela 1. Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos, de Acordo com sua Natureza e a padronização das Cores Correspondentes (Disponível em Portaria n.º 25, de Dezembro de 1994, adaptada pela autora). GRUPO 1 VERDE GRUPO 2 VERMELHO GRUPO 3 MARROM GRUPO 4 AMARELO GRUPO 5 AZUL Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidente Ruídos Vibrações Radiações ionizantes Radiações não ionizantes Frio Calor Pressões anormais Umidade Poeiras Fumos Névoas Neblinas Gases Vapores Substâncias compostos ou produtos químicos Vírus Bactérias Protozoários Fungos Parasitas Bacilos Esforço físico intenso Levantamento e transporte manual de peso Exigência de postura inadequada Controle rígido de produtividade Imposição de ritmos excessivos Trabalho em turno e noturno Jornadas de trabalho prolongadas Monotonia e repetitividade Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico Arranjo físico inadequado Maquinas e equipamentos sem proteção Ferramentas inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada Eletricidade Probabilidade de incêndio ou explosão Armazenamento inadequado Animais peçonhentos Outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes A NR-15 (Atividades e Operações Insalubres) é uma norma composta por descrições iniciais e 14 anexos que tratam dos agentes que são passíveis de insalubridade, desde que se enquadrem em requisitos determinados pela própria norma. Para serem consideradas atividades insalubres os agentes previstos nos anexos 1 (ruído contínuo ou intermitente), 2 (ruído de impacto), 3 (exposição ao calor), 5 (radiações ionizantes), 11 (agentes químicos com caracterização por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho) e 12 (poeiras minerais) devem estar acima dos Limites de Tolerância (LT). As atividades descritas nos anexos 7 17 (radiações não-ionizantes), 8 (vibrações), 9 (frio) e 10 (umidade) só serão consideradas como insalubres mediante laudo de inspeção do local de trabalho. Já as atividades previstas nos anexos 6(condições hiperbáricas),13 (agentes químicos) e 14 (agentes biológicos) são consideradas insalubres. O anexo 4 foi revogado. Ainda no Anexo 7 da NR-15, observa-se a divisão em três itens, os quais relacionam o que pode vir a ser considerado insalubre: (1) são radiações não- ionizantes as microondas, ultravioletas e laser; (2) As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não-ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho; (3) As atividades ou operações que exponham os trabalhadores às radiações da luz negra (ultravioleta na faixa de 400 a 320 nanômetros) não serão consideradas insalubres. Toda atividade que tenha algum agente que possa vir a ser considerado como gerador de condição insalubre é necessária avaliação. A atividade do soldador é regada de diversos riscos, sendo assim, necessária avaliação pontual de cada atividade. É crucial a avaliação, pois a condição de exposição a insalubridade pode acarretar em acidentes de trabalho. A Figura 6 apresenta a composição básica dos fumos de soldagem. Eles podem estar em duas formas: partículase gases. O material particulado pode causar irritação e doenças pneumoconiogênicas, já os gases podem causar irritação e asfixia. As insalubridades voltadas a soldagem devem ser avaliadas e comparadas com o descritivo da NR-15. 3.6 ACIDENTE DE TRABALHO Segundo o Artigo 19 da LEI Nº 8.213, de 24 de Julho de 1991, acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados (...), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 18 Figura 6. Composição básica dos fumos de soldagem (Goldman, 2000). Para contextualizar a realidade brasileira, as imagens abaixo mostram como o Brasil vem se comportando durante esses últimos anos a cerca de acidentes de trabalho. A Figura 7 exibe um cenário em relação às notificações via Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Figura 7. Série histórica dos Acidentes de Trabalho (CAT) no Brasil, INSS 2000-2017, AEAT e 2018-2020, CATWEB) (Disponível em: https://smartlabbr.org/sst). 19 A Figura 8 exibe a distribuição no território Brasileiro, a coloração vai variando em decorrência do número de notificações; para os tons mais vermelho há mais notificações, ou seja, maior o número de acidentes desse local. São Paulo mostra-se como o estado de maior número de acidentes, e o Amapá com o menor número de notificações. É importante relacionar a população e atividades econômicas de cada local. Figura 8. Distribuição geográfica dos Acidentes de Trabalho (CAT) no Brasil, INSS 2000- 2017 (AEAT) e 2018 (CATWEB) (Disponível em: https://smartlabbr.org/sst). Acredita-se que no Brasil ocorra sub-notificação importante de acidentes do trabalho, particularmente dos de menor gravidade e, em áreas menos desenvolvidas, inclusive de acidentes graves (BINDER e CORDEIRO, 2003). A Figura 9 exemplifica essa estimativa de subnotificações, em tom verde escuro estão os valores dessa estimativa. O que faz com que os valores contidos nas figuras anteriores tenham taxas de erros, sendo maiores os índices. 20 Figura 9. Estimativa de Subnotificação de Acidentes de Trabalho (CAT) (INSS - 2000-2017 (AEAT), 2018 (CATWEB). Tratamento e análise: SmartLab). 3.6.1 Acidente na indústria As indústrias, caracterizam-se como um grande indicador de número de acidentes. Esta consideração está relacionada ao fato das empresas do setor apresentarem processos compostos por complexidades e operações que exigem alto grau de segurança. Quando esse nível de segurança não é atendido torna-se falho o processo e é potencializado o risco de acidente ou incidentes. Os acidentes industriais surgem com o próprio processo de industrialização e com o desenvolvimento de novas tecnologias (revoluções industriais). Como exemplo do exposto, a adoção da tecnologia de máquinas a vapor, símbolo da revolução industrial, é um exemplo disso. Nos EUA, a utilização dessas máquinas empregando alta pressão resultou em 14 explosões só no ano de 1836, tendo como consequência 496 óbitos. Na Grã- Bretanha, entre 1817 e 1838, 23 acidentes desse tipo resultaram em 77 óbitos (MACHADO, PORTO e FREITAS, 2000). Essa condição foi a base para o estudo e a normalização do processo fabril (por exemplo, as proposições dos Códigos ASME). LIMA (1976) relata que as raízes do problema residem na formação imperfeita dos homens. Neste caso, fica a máxima amplamente conhecida de que “os acidentes não acontecem, eles são causados”. Os acidentes estão associados, por exemplo, com a falta de comunicação, com falta de supervisão, com o planejamento defeituoso e, principalmente, com erros humanos, tais como agressão, distração, fadiga, indisciplina, arrogância ou avareza. Como base nestas condições, os 21 planejadores têm feito e estão fazendo tudo que podem para eliminar as causas físicas e ambientais. Elimina-se os riscos ao preparar os planos das fábricas, máquinas e processos, ao organizar os locais de trabalho e ao estruturar os métodos de trabalho. Além disso, recorrer à ergonomia, para que a segurança acompanhe as máquinas e fábricas, ainda no estágio de plantas e projetos. Mas, devido ao fator humano, os acidentes podem continuar a acontecer. 3.7 RISCOS OCUPACIONAIS NO SETOR DE SOLDAGEM Tanto no ambiente fabril quanto no ambiente laboratorial, os setores destinados às operações de soldagem apresentam riscos aos envolvidos com a atividade. De acordo com FANTAZZINI (1997), um fato importante a se observar é que o dano à saúde do trabalhador pode não ser induzido, necessariamente, pela simples presença do agente causador, mas que isso vai depender da combinação ou da inter-relação de diversos fatores, como a concentração e a forma do contaminante no ambiente de trabalho, o nível de toxicidade e o tempo de exposição da pessoa. No setor de soldagem, GOMES e RUPPENTHAL (2002) relacionam os riscos possíveis de identificação, tais como: a) Riscos ergonômicos; b) Riscos ocupacionais devido à radiação; c) Riscos ocupacionais devido aos ruídos; d) Riscos ocupacionais devido a temperaturas extremas; e) Riscos ocupacionais devido à iluminação deficiente; f) Riscos ocupacionais devido à umidade; g) Riscos ocupacionais devido a poeiras e partículas; h) Riscos ocupacionais devido aos fumos e gases gerados na operação de soldagem (arco aberto); i) Riscos ocupacionais devido a choque elétrico; j) Riscos ocupacionais devido a incêndios. Portanto, os serviços de soldagem impõem condições e posturas críticas de trabalho, havendo a necessidade de se prevenir problemas como as fadigas, 22 lombalgias, tenossinovites e tendenites, entre outros (GOMES e RUPPENTHAL, 2002). Ao mesmo tempo, os ruídos estão presentes em quase todas as atividades industriais e, logicamente, na soldagem essa realidade não é diferente. Operações dessa natureza podem produzir ruídos que têm sua origem nos mais diversos lugares, essas fontes podem ser do próprio processo, da fonte de energia, outro equipamento ou ainda na própria atividade com os materiais a serem soldados, geralmente metálicos ao se tocarem ou baterem podem produzir uma intensidade elevada de ruído (PARANHOS, 2004). 3.8 RISCOS EM LABORATÓRIOS DE SOLDAGEM Uma das visões da universidade, segundo WANDERLEY (2012), é que ela é um lugar historicamente apropriado para a criação e divulgação do saber, para o desenvolvimento da ciência, para a formação de profissionais de nível superior, técnicos e intelectuais de que os sistemas necessitam. Segundo MUNIZ (2003), o ato inseguro é a forma natural do comportamento humano. Refletindo sobre os desafios que a educação deverá enfrentar nos próximos anos para o entendimento e atendimento das necessidades do mercado de trabalho globalizado. A implementação de uma prática educativa, com enfoque pedagógico para autonomia, buscando à exposição segura aos riscos, poderá contribuir para se vencer o desafio de se superar a insegurança. (LUCENA, 2007). Nas operações de soldagem, a maioria dos acidentes estão relacionados a lesões e danos materiais. Tais eventos podem ser exemplificados como: queimaduras, intoxicações, danos oculares, corpos estranhos nos olhos, choques elétricos, cortes e abrasão em mãos e pés, explosão, incêndios e óbitos. Acidentes semelhantes aos citados, são relacionados com as violações de práticas seguras, que muitas vezes não estão descritas em procedimentos e principalmente pela utilização de equipamentos mal inspecionados e defeituosos (CAMPOS, LIMA e TAVARES, 2012). Os ambientes laboratoriais são onde os profissionais florescem o saber, sendo assim é necessário que seja reflexo do que o mercado espera dos profissionais que estão sendo formados.Os professores, alunos e outros que 23 executam tarefas de soldagem devem ter conhecimentos, competências e conscientização para não acontecer acidentes (LUCENA, 2007). 3.9 MEDIDAS DE CONTROLE DE RISCOS OCUPACIONAIS Conforme o tem 6.1 da NR-6 (Equipamento de Proteção Individual – EPI), o EPI caracteriza-se como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Ao mesmo tempo, no item 6.2 são especificados que os equipamentos de proteção individual, de fabricação nacional ou importado, só poderão ser postos à venda ou utilizados com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Em complemento, o Anexo I apresenta a Lista de Equipamentos de Proteção Individual. Para fins de contextualização do exposto, a Figura 10 ilustra os itens normalmente esperado de utilização, tanto no ambiente fabril quanto no ambiente laboratorial. Figura 10. Itens que compõe a lista de EPIs descritos no Anexo I da NR-06 (Elaborada pela autora). 24 Tratando-se de atividades de soldagem, em relação a medidas de proteção individual, são destacados o uso de avental de couro, manguitos de couro, perneiras de couro, botas de segurança, luvas com proteção para a radiação, máscara/ viseira, óculos, touca, capacete (para proteger da radiação na cabeça e pescoço) e creme cutâneo protetor (SANTOS e ALMEIDA, 2017). Os gases e fumos são gerados muito próximos ao operador, necessitando de um sistema de captação pontual. Mesmo tendo a opção de usar máscaras adaptadas para o uso de respiradores, as operações de soldagem devem ser feitas em locais bem ventilados (TONIAZZO, 2014). Segundo o descrito no 26.1.1 da NR-26. O qual tem como título a sinalização de segurança, devem ser adotadas cores para segurança em estabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes. No item 26.1.2 o descrito, são relacionadas as cores utilizadas nos locais de trabalho para identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos. Essas colorações devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais como por exemplo: instruções e Resoluções Técnicas do corpo de bombeiros (NBR 13434-2 - sinalização de segurança contra incêndio e pânico, e NBR 7195 - cores para segurança). Neste ponto, é importante salientar que o item 26.1.3 afirma que a utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes. De acordo com a NBR 16820 (sinalização de emergência), no item 3.12, a marcação de segurança representa o método utilizado para distinguir e identificar determinados componentes, das edificações ou dos equipamentos, por meio de elementos visuais provenientes de luz emitida por matérias fotoluminescentes. Como forma de exemplificação, a seguir, são elencados alguns exemplos básicos de sinalização de segurança, conforme Figura 11, onde em “a)” há sinalização vertical com proibição do uso de fumo, em “b)” sinalização vertical que indica uso obrigatório de Equipamentos de Proteção individual (EPIs), em “c)” sinalização horizontal de delimitação de piso, área não pode ser obstruída, em “d)” sinalização vertical de segurança indicando direção de fuga em caso de incêndio, em “e)” identificação dos equipamentos de combate a incêndio a partir da coloração vermelha, em “f)” sinalização horizontal de demarcação de espaço. 25 (a) (b) (c) (d) (e) (f) Figura 11. Imagens mostrando em (a) sinalização de proibição de fumo, (b) sinalização de obrigatoriedade de uso de EPIs, (c) demarcação de espaço destinado a equipamento de primeiros socorros, (d) sinalização de segurança em caso de evacuação, (e) equipamento de proteção contra incêndio, (f) demarcação de espaço destinado a máquina/equipamento (Elaborada pela autora). 26 Em adição, a NR-10, no item 10.2.8.1, descreve que em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Já no glossário da referida norma, o item 8 define os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), como dispositivos, sistemas, ou meios, fixos ou móveis de abrangência coletiva, destinados a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros. Na NR -18, que trata das condições de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção, no item 18.4.3, o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), além de contemplar as exigências previstas na NR-01, deve conter conforme alínea “c)”, projetos dos sistemas de proteção coletiva elaborados por profissionais legalmente habilitados. A Figura 12 ilustra Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) utilizados em isolamentos de áreas. (a) (b) (c) (d) Figura 12. Imagens que demostram exemplos de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), em (a) fita zebrada, (b) corrente zebrada de segurança, (c) cone, (d) pedestais zebrados de segurança (Elaborada pela autora). 27 3.10 CICLO PDCA Um dos procedimentos mais bem conhecidos na gestão da qualidade total (TQM), é o uso do Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Action). O PDCA, ou métodos congêneres como o DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve, Control), que fundamentam projetos de melhoria segundo a abordagem Seis Sigma, são adotados por inúmeras empresas gerando consideráveis efeitos positivos (Fonseca e Miyake - 2006). O ciclo PDCA é um método que visa controlar e conseguir resultados eficazes e confiáveis nas atividades de uma organização. É um eficiente modo de apresentar uma melhoria no processo. Padroniza as informações do controle da qualidade, evita erros lógicos nas análises, e torna as informações mais fáceis de entender. Pode também ser usado para facilitar a transição para uma cultura de melhoria contínua (Agostinetto, 2006). Faria e Longhini (2021) desenvolveram um trabalho que teve como objetivo a implementação do Ciclo PDCA na gestão de manutenção de equipamentos laboratoriais de uma indústria de celulose. Para isso, foram utilizadas tanto ferramentas de qualidade, tais como diagrama de Ishikawa, 5W2H e branstorming, quanto software de business intelligence. Com eles, foi possível identificar as causas do problema estudado, bem como desenvolver indicadores para a gestão de manutenção. Com isso, o processo atual de monitoramento refletiu em maior confiabilidade, disponibilidade e controle de custos de manutenção e em decisões assertivas sobre aquisição de equipamentos. 28 4 PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS DE GESTÃO E SEUS IMPACTOS EM AMBIENTE LABORATORIAL 4.1 APLICAÇÃO DA ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS A Análise Preliminar de Riscos (APR) caracteriza-se como um método de avaliação de riscos que deve ser realizada antes que a atividade seja desenvolvida. Ela deve ser utilizada para que os riscos existentes possam ser filtrados, avaliados e as medidas de controle, mitigação e recomendações de segurançapossam ser definidas, implementadas e cobradas, com o intuito de gerar a prevenção de acidentes e doenças provenientes da exposição à atividade laboral. Portanto, essa análise dá base para o documento geral que deve ser de conhecimento de todos os envolvidos na atividade. Neste caso, sendo importante que seja realizado o treinamento de todos os envolvidos. A APR pode ser desenvolvida para todos os ambientes em que são realizadas atividades, sendo assim, em ambientes laboratoriais ela pode ser facilmente aplicada. Os itens, abaixo relacionados, podem ser utilizados para que ocorra uma análise adequada dos riscos e implementação das medidas preventivas. a) Descrição detalhada das atividades desenvolvidas Esta etapa é crucial, pois trata-se da descrição minuciosa de como a atividade é desenvolvida. Nesse momento, é importante deixar claro todos os parâmetros que envolvem a execução, por exemplo: corrente elétrica, tensão elétrica, materiais, máquinas, equipamentos, ferramentas, elevação de carga, posição corporal, EPIs, EPCs, especificação da função laboral de cada operador, etc. Neste caso, ao descrever uma atividade é estabelecido um procedimento (roteiro) a ser adotado e rigorosamente cumprido, pois pressupõe-se que ali está a execução mais eficiente e, relacionando com a APR, tem-se o procedimento (roteiro) que promove maior segurança. 29 b) Identificação dos Riscos Com base no procedimento (roteiro) da atividade, efetua-se a identificação dos riscos em cada etapa. É importante manter um olhar crítico para identificar perigos que desprendem riscos à saúde e segurança dos envolvidos direta e indiretamente com a atividade. Tratando-se de um ambiente laboratorial voltado às práticas de soldagem, são comuns alguns riscos, tais como: danos cutâneos, provindo da exposição à radiação UVA e UVB e a superfícies cortantes e/ou suspensas e/ou aquecidas; danos oculares, provenientes da luminosidade incandescente provinda do arco elétrico; choque elétrico, quando a corrente elétrica percorre o corpo humano; danos respiratórios, provenientes da inalação dos gases que são liberados durante o processo de soldagem; ergonômicos, em função do layout do ambiente, postura do operador, disposição das máquinas e equipamentos, sobrecarga de operação, etc.; princípio de incêndio e/ou explosões, em função de cilindros de gases próximos, excesso de calor no ambiente, presença de materiais combustíveis, etc.; queimaduras, em função da alta temperatura empregada no processo. Além desses, nessa fase de identificação de riscos, pode-se obter outros. Por isso, tão fundamental é a avaliação de cada etapa envolvida na operação de fabricação por soldagem. Assim, tal risco deve ser classificado conforme seu tipo, que pode ser: químico, físico, biológico, ergonômico e de acidente. c) Causas dos riscos Segundo TOCABENS (2011), o risco de uma atividade pode ter dois componentes: a possibilidade ou probabilidade de um resultado negativo ocorrendo e o tamanho desse resultado. Portanto quanto maior a probabilidade e perda potencial, maior o risco. Já o perigo é entendido como um fator de exposição que pode afetar a saúde adversamente. É importante entender quais são as fontes geradoras dos riscos. Compreende-se que se há o risco, existe um perigo associado, então esses são identificados e, se não podem ser eliminados, os riscos associados a ele devem ser controlados. 30 Como apresentado na Tabela 2, na soldagem é possível identificar, comumente, uma relação entre os perigos e os riscos, a exemplo: a eletricidade é a fonte geradora e um risco que pode ser associado é o choque elétrico. Tabela 2. Relação entre perigos e riscos em processos de soldagem (Elaborada pela autora). PERIGO RISCO Eletricidade Choque elétrico Princípio de incêndio Explosões Arco elétrico Raios infravermelhos e raios ultravioletas Calor Fusão de partes metálicas Inalação de fumos metálicos d) Efeitos Conceitualmente, os efeitos são caracterizados como as consequências clínicas e ambientais que irão se estabelecer se as medidas de controle dos riscos não forem implementadas. Na Tabela 3, após a identificação do perigo e do risco gerado, infere-se quais os efeitos causados a exposição ao risco sem medidas de proteção, a exemplo: a eletricidade é a fonte geradora, um risco que pode ser associado é o choque elétrico, que se acometer um indivíduo, pode gerar queimaduras. Tabela 3. Relação entre perigos, riscos e efeitos gerados em processos de soldagem (Elaborada pela autora). PERIGO RISCO EFEITO Eletricidade Choque elétrico Queimaduras, Parada Cárdio Respiratória, perfurações, óbito. Princípio de incêndio Danos materiais e a pessoas Explosões Danos materiais e a pessoas Arco elétrico Raios infravermelhos e raios ultravioletas Lesões oculares e cutâneas Calor Queimaduras Fusão de partes metálicas Fumos metálicos Danos pulmonares, intoxicação, doenças respiratórias. 31 e) Medidas preventivas Dados do Planalto, contidos no artigo 19 da Lei n. º 8.213 de julho de 1991, embasa que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Segundo SAGAWA, et. al (2019), incidentes são eventos ou circunstâncias que podem resultar em danos desnecessários ao paciente, pode resultar de atos intencionais ou não, e incluir quatro tipos: notificável circunstância (NC), quase-erro, incidente sem dano, e evento adverso. As medidas preventivas são destinadas a neutralização ou minimização dos riscos no ambiente e na atividade. Na Tabela 4, as medidas de controle são implementadas diante da prévia avaliação do risco, a exemplo: a eletricidade é o perigo, pois trata-se da fonte geradora dos riscos; um risco que pode ser associado é o choque elétrico, que se acometer um indivíduo, pode gerar queimaduras, como medida preventiva estipula-se o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Tabela 4. Relação entre perigos, riscos, efeitos gerados e as medidas de controle e mitigação em processos de soldagem (Elaborada pela autora). PERIGO RISCO EFEITO MEDIDAS DE CONTROLE Eletricidade Choque elétrico Queimaduras, PCR, perfurações, óbito. Verificação previa de condições de todos os equipamentos que serão energizados. Utilização de EPIs apropriados. Princípio de incêndio Danos materiais e a pessoas Verificação prévia de proximidade com materiais combustíveis. Utilização de EPIs apropriados. Explosões Danos materiais e a pessoas Utilização de EPIs apropriados e EPCs. Arco elétrico Raios infravermelhos e raios ultravioletas Lesões oculares e cutâneas Utilização de EPIs apropriados, EPCs e promover período de pausa aos executantes. Calor Queimaduras Utilização de EPIs e promover período de pausa aos executantes. Fusão de partes metálicas Fumos metálicos Danos pulmonares, intoxicação, doenças respiratórias. Utilização de EPIs apropriados. 32 4.2 IMPLEMENTAÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLE COM BASE NA APR Como descrito anteriormente, o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check and Action) é uma importante ferramenta de gestão para o gerenciamento de implementações de melhoria de processos. A ferramenta pode ser empregada para garantir que as medidas de controle estão sendo eficazes para o que se destina e que sempre estão sendo revisadas para garantir a melhoria contínua. Neste caso, o PDCA segue o fluxo conforme ilustra a Figura 13. Os itens a seguir descrevem o que cada sigla representa para uma boa implementação. (i) Planejar (PLAN): envolve oestabelecimento dos objetivos e processos necessários para atingir os resultados; (ii) Executar (DO): relaciona-se com a implementação dos processos; (iii) Verificar (CHECK): faz referência a monitoração dos processos que foram estabelecidos no Planejar e no Executar. (iv) Agir (ACTION): São as ações que fomentam a melhoria contínua das implementações que foram feitas. Figura 13. Ciclo PDCA (Elaborada pela autora). 33 Para os ambientes de laboratório de soldagem propõem-se a implementação do ciclo PDCA, conforme Tabela 5, que mostra as quatro etapas de execução do ciclo. Tabela 5. Implementação do ciclo PDCA (Elaborada pela autora). Ciclo PDCA – Laboratório de Soldagem PLAN Elaboração de APR Aplicação dos 5S DO Executar APR Executar 5S CHECK Verificação da eficácia da APR e 5S ACTION Se verificar situação em que é necessária melhoria, rodar novamente o ciclo PDCA. 4.3 MEDIDAS DE CONTROLE QUE PODEM SER ADOTADAS EM LABORATÓRIO DE SOLDAGEM COM BASE NA IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS Durante a operação de processo de soldagem, os profissionais envolvidos se expõem a diversos riscos. Neste caso, como já visto, a partir de uma avaliação pode-se classifica-los em: químicos, físicos, biológicos, ergonômicos ou de acidentes. Na NR-1 (Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais), há o relato das medidas de controle de fatores de riscos, em que as medidas de prevenção objetivam a eliminação, redução ou controle dos riscos. Essas medidas são implementadas conforme a seguinte ordem de hierarquia descrita a seguir. a) Eliminação dos fatores de risco Nesta etapa, o objetivo principal é de eliminar a exposição. Caso ela não tenha como ser eliminada, ou seja, a atividade precisa ser executada com a exposição a determinado risco, segue-se para a alínea “b”. Por exemplo, se o processo de soldagem não precisar de operador ou se o processo de soldagem não precisar ser realizado, isso constitui a eliminação do risco. Assim como em grande 34 parte da indústria, em laboratório de soldagem essa medida é mais difícil de ser colocada em prática, pois é necessário que os alunos tenham a experiência da vivência prática no laboratório. Somando a isso, mesmo que o processo de soldagem (demonstração) seja automatizado, os alunos ainda devem observar os fenômenos associados, estando, portanto, expostos aos riscos inerentes. Logo, a ocorre exposição e os envolvidos, direta e indiretamente, com a atividade devem estar protegidos. b) Minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de medidas de proteção coletiva Medidas de proteção coletiva são as que geram maior segurança a todos indivíduos que estejam ligados direta ou indiretamente com a atividade. Caso a minimização não seja satisfatória para garantir a total segurança, adota-se as medidas da alínea “c”. Por exemplo, o isolamento e a sinalização de área. Assim como nos diferentes setores industriais, na atividade em laboratório de soldagem, é importante limitar o acesso à área de soldagem e que, fundamentalmente, os motivos dessa limitação sejam compreendidos, uma vez que se trata de ambiente de significativo risco. Sendo assim, algumas medidas de proteção coletiva devem ser planejadas e implementadas, conforme exemplificadas pela Figura 14, que demostra uma cortina de solda que são desenvolvidas com o intuído de demarcar e isolar o ambiente de soldagem, protegendo o ambiente de respingos de solda e dos efeitos dos raios ultravioletas provenientes do arco elétrico. Já a Figura 15, exemplifica um chuveiro e lava olhos, que é voltado a eliminar ou diminuir possíveis contaminantes da pele do indivíduo após um acidente A presença do chuveiro lava-olhos é imprescindível em todos os laboratórios ou mesmo em outros locais de trabalho que lidem com substâncias químicas. 35 Figura 14. EPC – Cortina de proteção para soldagem (Disponível em: http://www.episuldobrasil.com.br/cortina-para-protecao-de-solda-pr-1272-406161.htm). Figura 15. EPC – Chuveiro e lava-olhos, utilizado para situações de emergência, quando à contaminação por agente químico (Elaborada pela autora). 36 c) Minimizar e controlar os fatores de risco, com a adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho As medidas administrativas ou de organização do trabalho possuem o intuito de gerar maior segurança durante as execuções da fabricação (atividade fabril / laboratorial), por exemplo, através de: (a) treinamentos, (b) controle tempo de exposição ao risco, (c) implementação de Ordem de Serviço (OS), (d) outras. Para contextualizar o apresentado, a determinação do tempo de exposição de um operador de soldagem aos riscos que são provenientes daquela atividade. d) Adoção de medidas de proteção individual Essa adoção deve ser realizada, conforme orienta a NR-6 (Equipamento de Proteção Individual – EPI). Portanto, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que são utilizados para que, em caso de acidente, as consequências sejam minimizadas. Sendo assim, os EPIs não evitam os acidentes, mas podem minimizar até em 100% as consequências que podem vir a serem geradas. A tabela 6 exemplifica, com imagens ilustrativas, possíveis consequências em detrimento da não utilização, ou uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual, que são comumente usados em atividade de soldagem. Os EPIs devem ser utilizados sempre que a exposição a riscos for acontecer. Para as atividades em soldagem, os EPIs devem ser determinados conforme a Análise Preliminar de Riscos (APR). Para ser considerado EPI o equipamento ou produto, conforme Norma Regulamentadora 6 (NR-6), precisa ter Certificado e Aprovação, esse documento informa os dados do fabricante, as características do EPI (tamanho, cor, marcação do CA, descrição), laudo (recomendação do uso), observações (dados referentes aos ensaios realizados no EPI), situação (válido ou vencido), dentre outras informações. A Figura 16 é um CA referente a luva de proteção a ser utilizada em atividade de soldagem. 37 Tabela 6. Relação entre não uso ou uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual, possíveis acidentes e consequências prováveis (Figuras em www.canva.com.br, adaptações pela autora). EPI não utilizado ou utilizado incorretamente (desvio de segurança). Acidente Possível dano Luvas de raspa Contato com o calor e faíscas provenientes do arco elétrico Queimaduras (1º, 2º ou 3º grau) Máscara de solda Contato direto com luminosidade proveniente do arco elétrico Danos oculares (lesão na retina e córnea) Ausência de proteção para o corpo (ex: avental de raspa, macacão) Maior contato com arco elétrico Queimaduras Ausência de Proteção respiratória Inalação de fumos metálicos Alergias, intoxicação, dentre outros http://www.canva.com.br/ 38 Figura 16. Certificado de Aprovação (CA) (Disponível em:caepi.mte.gov.br e modificado pela autora). Os EPIs devem ser adquiridos com o Certificado de Aprovação (CA) válido no dia da compra. É recomendável essa consulta antes de efetuar a aquisição e guarda do comprovante de compra, evitando transtornos legais em relação ao uso. A Figura 17 exemplifica EPIs que, em conformidade com a APR, podem ser utilizados em atividades de soldagem. 39 (a) (b) Figura 17. Imagens mostrando em (a) e em (b) Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), básicos utilizados nas atividades de soldagem a arco elétrico (Elaborada pela autora). Para melhor controle dos EPIs em laboratórios, é importante manter um inventário, pois ajuda na organização, guarda e conservação dos EPIs. No inventário é importante manter informações de: Nome do EPI; Fabricante; 40
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