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TUTORIA 4 M VI PP: Disfunções temporomandibulares. 1) Caracterizar DTM. NEVILLE As disfunções temporomandibulares (DTMs) são definidas pela American Association for Dental Research como “um grupo de condições muscoloesqueléticas e neuromusculares que envolvem as ATMs, os músculos mastigatórios e todos os tecidos associados”. Dor na região pré- auricular é o quadro clínico mais frequente para esse grupo de disfunções, e as DTMs representam as principais causas para a dor orofacial de origem não dentária. Em geral, as DTMs dolorosas têm origem miogênica (muscular) ou artrogênica (articulação). As estimativas sugerem que, em geral, 5% a 12% da população apresentam um ou mais episódios de dor pré-auricular, mas apenas cerca de um terço desses indivíduos desenvolve sintomas significativos que exigem atenção médica. Estudos multicêntricos revelaram que a DTM não é uma dor facial isolada, e que as DTMs apresentam mecanismos neurofisiológicos subjacentes comuns a muitas condições de dores crônicas. Embora a etiologia da DTM não seja conhecida, é de consenso geral que uma variedade de condições pode reduzir a capacidade adaptativa fisiológica e orgânica do sistema mastigatório e resultar em DTMs. A classificação das DTMs permanece como um desafio, considerando o entendimento limitado sobre a etiologia dessas disfunções e a ausência de critérios no caso de diagnósticos universalmente aceitos para a multiplicidade de condições apresentadas como DTMs. Muitos subcomitês nacionais e internacionais que discutem o tratamento da dor crônica estão em trabalho contínuo de colaboração para definir e aperfeiçoar os critérios diagnósticos, em um esforço para informar o empreendimento científico futuro e melhorar os resultados para o paciente. Nosso entendimento sobre as DTMs evoluiu, levando em conta que o conhecimento a respeito da complexa natureza biopsicossocial desenvolveu-se significativamente nos últimos cinco anos. Essas evidências têm conduzido ao desenvolvimento de novos algoritmos diagnósticos e de tratamento, não apenas no caso de grupo de pacientes com dor orofacial, mas também no de milhões de pessoas que sofrem de dores crônicas em geral. Os esforços das pesquisas multicêntricas, como o estudo clínico de longa duração Orofacial Pain: Prospective Evaluation and Risk Assessment – Dor Orofacial: Avaliação Prospectiva e Avaliação de Risco (OPPERA), confirmam o conceito de que a DTM é uma doença multifatorial complexa, com implicações genéticas, fisiológicas e psicológicas. Características Clínicas e Radiográficas As DTMs são observadas principalmente em mulheres jovens e de meia-idade, mas podem afetar qualquer idade e ambos os gêneros. Dor é a motivação primordial na procura de tratamento, mas as limitações no movimento mandibular durante as excursões funcionais e o movimento articular restrito, com ou sem ruídos articulares associados, são queixas frequentes. Em geral, a dor é localizada na região pré-auricular, mas também pode irradiar-se para as regiões temporal, frontal ou occipital. Pode apresentar-se como uma dor de cabeça (cefalalgia), um zumbido nos ouvidos (tinido), uma dor de ouvido (otalgia), uma dor de dente (odontalgia) ou qualquer combinação desses sintomas. Normalmente, a dor está mais associada à musculatura e aos tecidos moles circundantes do que à ATM propriamente dita. A imobilização muscular pode levar a contrações musculares involuntárias induzidas pelo sistema nervoso central (mioespasmo) ou as próprias fibras musculares podem tornar-se inflamadas (miosite). A dor miofascial estimulada por um gatilho é comum na DTM, mas raramente é notada em outras disfunções da ATM. Esse processo se caracteriza por regiões circunscritas, com frequência designadas como bandas tensas no interior do músculo (“pontos de gatilho”), que desencadeiam dor local ou referente à palpação e podem ser fonte de dor profunda e constante. Em muitas circunstâncias, os pacientes estão cientes apenas da dor referida, e não dos próprios pontos de gatilho. A exata natureza dos pontos de gatilho é desconhecida, mas sabe-se que se assemelham a pequenas áreas de mioespasmo e podem, por meio de sua natureza crônica, induzir efeitos excitatórios do SNC. Essa hiperexcitabilidade do SNC produz as evidências clínicas de hiperalgesia (resposta exagerada a um estímulo doloroso) e alodinia (resposta dolorosa a um estímulo que normalmente não causa dor), que são características das dores crônicas. As disfunções inflamatórias não artríticas da ATM se caracterizam por dor profunda e contínua. A dor é desencadeada pela palpação da articulação afetada ou por um movimento mandibular, especialmente mastigação e apertamento. Ambas as ATMs podem estar envolvidas, ao mesmo tempo ou em períodos distintos. Os desarranjos do côndilo e do complexo meniscal estão mais frequentemente associados à disfunção (artropatia) do que à dor articular (artralgia). Deslocamentos dos discos articulares podem ocorrer em uma direção anterior, posterior e mediolateral, caracterizando-se por uma variedade de ruídos articulares e limitações na abertura da mandíbula. A frouxidão e o alongamento dos ligamentos articulares são considerados os principais fatores contribuintes para os transtornos de deslocamento do côndilo-disco. Estudos sugerem que a lubrificação articular insatisfatória e a osteoartrite estão envolvidas no desenvolvimento de desarranjos do disco. Os transtornos de côndilo-disco incluem tanto o deslocamento dos discos com redução como os deslocamentos dos discos sem redução. A IRM do complexo da ATM revela que cerca de 35% de indivíduos assintomáticos parecem apresentar deslocamentos de discos. Muitas condições sistêmicas são consideradas contribuintes para o desenvolvimento de DTMs, devendo ser incluídas no diagnóstico diferencial de dor orofacial crônica. Condições inflamatórias do sistema musculoesquelético e transtornos do tecido conjuntivo mediados por doenças autoimunes (como lúpus eritematoso, artrite reumatoide e esclerose sistêmica progressiva) são comorbidades frequentes com as DTMs. Existem muitas modalidades de imagens convencionais e avançadas para a avaliação radiográfica do complexo da ATM. A seleção da técnica de imagens depende do tipo de informação necessária a partir desse exame adjuvante e de como essa informação poderá afetar o tratamento do paciente. As radiografias panorâmicas são usadas, de forma rotineira, como triagem no caso de pacientes que se apresentam com dor pré-auricular, e a interpretação dessas imagens poderá influenciar a decisão acerca do uso de modalidades por imagens avançadas. No caso de DTM associada a desarranjo ou dano da articulação interna, a TC e a IRM (Imagem de Ressonância magnética) proporcionam imagens excelentes para diagnósticos da ATM. As imagens radiográficas cefalométricas e transcranianas ainda estão em uso, mas esse procedimento tem sido substituído pela tomografia. Os avanços na TC, incluindo a tomografia computadorizada por feixe cônico (TCFC), oferecem reduzida exposição à radiação e aumento na aceitação pelo paciente. Tratamento e Prognóstico A evolução clínica natural das DTMs não é bem compreendida e, dessa forma, não é possível determinar, de forma confiável, quais condições evoluirão para consequências mais significativas a longo prazo. Como muitas DTMs são transitórias e autolimitantes, terapias conservadoras e reversíveis são incentivadas. Os tratamentos conservadores incluem repouso e imobilização da articulação, aplicação de frio (em geral, reservado a casos agudos) ou calor, imobilização oclusal através de splints e ajuste oclusal e fisioterapia. Vários medi-camentos também têm sido utilizados para DTM com algum sucesso embora poucos tratamentosde DTM tenham sido analisados em estudos controlados e cegos. Acompanhamentos a longo prazo de um grande número de pacientes tratados de forma conservadora indicam que 85% a 90% experimentam redução completa ou significativa dos sintomas entre seis e 12 meses após o início da terapia. O tratamento conservador precoce não apenas proporciona maior satisfação ao paciente, mas também reduz a probabilidade de desenvolver uma condição crônica. Como a evolução clínica da DTMs não é assegurada, levando-se em conta a eficácia demonstrada pelas terapias conservadoras e reversíveis, a intensificação da terapia geralmente deve ser evitada em todos os casos, exceto naqueles mais graves. A intervenção cirúrgica pode ser necessária no caso de haver articulações comprometidas de forma mais grave, especialmente com lesão do menisco, deslocamento ou fratura condilar, anquilose e deformidades degenerativas ou de desenvolvimento. Em geral, a DTM é tratada de forma conservadora por muitos anos, sem que se observe melhora antes da tentativa cirúrgica. Embora a cirurgia tenha sido usada com frequência para tratar uma variedade de condições dolorosas que envolvem a ATM, a literatura revisada oferece poucas evidências objetivas no que diz respeito à eficácia da maior parte desses procedimentos. Desse modo, as indicações para cirurgia são limitadas. De todos os pacientes enviados a um especialista para cirurgia de DTM, menos de 1% efetivamente é submetido à realização de cirurgia. Medicamentos usados para tratar DTM Aspirina Acetaminofeno (com ou sem codeína) Outros agentes anti-inflamatórios não esteroides (NSAIDs) Relaxantes musculares que atuam centralmente (metocarbamol, clorzoxazona) Derivados benzodiazepínicos (diazepam, clordiazepóxido) Glicocorticoides (cortisona, prednisona) 2) Caracterizar dispositivos miorrelaxantes e como são confeccionados. A Utilização Das Placas Miorrelaxantes Nas Disfunções Temporomandibulares- 2009, MATOS, Fernanda As disfunções temporomandibulares (DTMs) são cada vez mais frequentes hoje, devido ao estresse da vida moderna, combinado ao acentuado grau de maloclusão decorrente da evolução do ser humano, que ingere uma dieta mais pastosa, não promovendo desta forma, o desenvolvimento adequado do Sistema Estomatognático. Uma oclusão funcional é entendida como todo e qualquer contato estático entre um e vários dentes superiores e inferiores. Em condições normais existe determinada distância vertical de 2 a 3 mm em média entre as arcadas dentárias, com a mandíbula na posição de repouso. Esta é influenciada por fatores como postura corporal, posição da cabeça, posição durante o sono e desvios articulares ou da musculatura. Quando a ATM não está em harmonia, vários problemas bucais podem ocorrer, causando assim a DTM considerado um mal que atinge grande parte da população, em especial mulheres em torno dos 40 anos, e estão relacionadas com fatores oclusais, distúrbios funcionais do sistema mastigatório, bem como o estresse. O termo disfunção temporomandibular (DTM) tem sido definido como um termo coletivo que engloba alguns problemas clínicos relacionados à musculatura mastigatória, articulação temporomandibular (ATM) ou ambas. Uma DTM compreende na maioria das vezes uma função prejudicada, presença de espasmos, fadiga dos músculos mastigadores e o bruxismo. A disfunção temporomandibular pode ter várias etiologias como: traumatismos, hábitos parafuncionais, má oclusão, excessiva abertura bucal, doenças sistêmicas, atividades posturais inadequadas, fatores emocionais, entre outras. As DTMs podem ser divididas em: disfunção da articulação temporomandibular (ATM), disfunção dos músculos mastigatórios, doenças congênitas e do desenvolvimento. Alguns dos sinais e sintomas que podem ocorrer quando há disfunções temporomandibulares (DTMs) são: dores de cabeça, dores e/ou ruídos nas articulações, dificuldade de abrir a boca, dificuldade de mastigar e dores de ouvido. Placas Miorrelaxantes Placa miorrelaxante é também conhecida como placa de mordida, placa noturna, placa de bruxismo, aparelho interoclusal, “splint” oclusal, placa estabilizadora e placa de Michigan, por ter sido desenvolvida pela Universidade de Michigan. O tratamento com uso de placas oclusais miorrelaxantes permite que o paciente seja tratado, sem provocar alterações irreversíveis e permite que o paciente receba o tratamento de outras áreas envolvidas na terapêutica das desordens, como por exemplo, a fisioterapia, a fonoaudiologia e a psicanálise. A placa miorrelaxante pode ser indicada em várias situações, como para promover maior estabilidade dos componentes articulares. Pode ser usada, também, para estabelecer uma condição oclusal mais favorável, reorganizando a atividade neuromuscular reflexa, reduzindo assim a hiperatividade muscular, e devolvendo a função muscular equilibrada. Um grande número de estudos sobre placa miorrelaxante tem mostrado sua eficiência no diagnóstico e tratamento das disfunções temporomandibulares. Karolyi, por volta de 1900 iniciou o uso das placas oclusais para o tratamento das disfunções da ATM , também chamadas placa estabilizadora, placa de mordida, placa interoclusal, placa miorrelaxante, entre outros. A placa de estabilização (miorrelaxante) pode ser também chamada de placa de relaxamento muscular ou miorrelaxante devido ao fato de, na maioria das vezes, seu uso ser primariamente para reduzir a dor muscular. A denominação depende do objetivo principal do tratamento. Quando o paciente não apresenta estabilidade oclusal devido a desgastes dentários deletérios, perda da anatomia oclusal ou falta de dentes, o intuito principal da terapia é restabelecer essa estabilidade e, portanto, denomina-se placa de estabilização. Porém, se o paciente já possui estabilidade oclusal e o objetivo principal for o relaxamento e melhora da fisiologia muscular, denomina-se placa miorrelaxante ou de relaxamento muscular. A confusão de termos existe porque ambas promovem estabilização, relaxamento e melhora da fisiologia muscular. No entanto, a maioria dos estudos utiliza os dois termos como sinônimos. Características e ação das placas Existem alguns cuidados a serem observados na confecção das placas miorrelaxantes são: 1. Devem ser finas para não alterar a Dimensão Vertical e o Espaço Livre Funcional (1,5 mm de espessura); 2. Devem ser montadas em Relação Central (idealmente); 3. Devem ser lisas (para permitir deslizamento dos dentes oponentes e conforto ao paciente; 4. Devem-se remover os contatos prematuros mais grosseiros antes de instalá-las. Estes autores constataram também, que a placa miorrelaxante é uma modalidade terapêutica conservadora não invasiva e reversível. Este dispositivo oclusal deve ser rígido e plano, ajustado em relação cêntrica, apresentando as características de uma oclusão mecanicamente normal. Os ajustes finais e refinamento oclusal deverão ser realizados após a prova do dispositivo na boca. O tempo de uso varia de acordo com a complexidade do caso, recomenda-se uso noturno por 45 dias com manutenções semanais. Após este período indica-se uso descontinuado, com revisões semestrais, para avaliação dos sinais e sintomas. Como o próprio nome já diz, para Pertes e Bailey (1995) a “Placa de estabilização”, ou miorrelaxante deve prover estabilidade à oclusão e, possuir características tais como: a) estar perfeitamente adaptada, com total estabilidade e retenção; b) em relação cêntrica, todas as pontas de cúspides vestibulares inferiores devem contatar uniformemente e bilateralmente, uma superfície plana da placa; c) durante o movimento protrusivo, os caninos inferiores devem contatar uma força uniforme; osincisivos inferiores também podem contatar, porém, com um contato bem mais suave que os caninos; d) nos movimentos de lateralidade, a desoclusão deve ser pelo canino; e) em RC os contatos posteriores devem ser bem mais fortes que os anteriores; f) a superfície oclusal da placa deve ser a mais plana possível; g) o aparelho deve ser polido e adaptado de forma a não promover injúrias aos tecidos moles. Quando indicar a placa Segundo Clark (1989), as placas miorrelaxantes ou estabilizadoras são aparelhos de cobertura total, os quais controlam e mantêm a posição dental e, podem ser confeccionados para pacientes com sintomas da DTM Tsuga et al. (1989) avaliaram a terapia com placas miorrelaxantes em 30 pacientes com disfunção temporomandibular, todos com múltiplos sintomas. Exames e mensurações clínicas foram registrados antes, durante e depois da aplicação da terapia. A dor nas ATMs desapareceu ou reduziu em 87,0% dos pacientes. Ruídos articulares responderam com diminuição de intensidade ou desaparecimento em 78,0% dos tratados. Limitações do movimento mandibular foi o distúrbio que menos respondeu a terapia, com melhora em apenas 68,0% dos pacientes. A dor articular foi a que mais rapidamente respondeu ao tratamento, tendo sua intensidade reduzida em 50% dos pacientes, com apenas quatro semanas de aplicação. Com isso recomendaram as placas miorrelaxantes, como a primeira terapia a ser aplicada no tratamento das disfunções temporomandibulares. Paiva (1997) relatou que o sintoma mais frequente é a dor, geralmente nos músculos da mastigação, área pré-auricular e/ou ATMs. Concluiu que as doenças articulares e musculares são de origem multifatorial, sendo que os fatores oclusais, associados às respostas dos músculos e articulações temporomandibulares, podem iniciar ou agravar o quadro. Para Callegari (1999), a placa estabilizadora é o método de tratamento das disfunções temporomandibulares mais difundido, pois confere ao cirurgião-dentista a possibilidade de execução de um método reversível e não invasivo de tratamento, pois, além de não promoverem modificações oclusais permanentes, auxiliam na determinação do diagnóstico diferencial das disfunções temporomandibulares. Emshoff (2006) após estudo sobre os fatores clínicos, que podem ser utilizados como parâmetros de avaliação da resposta frente à terapia com placa oclusal em pacientes com diferentes tipos de DTM afirmaram que, o tempo em que o paciente refere o quadro de dor (curto ou longo período), pode interferir na resposta álgica frente ao uso de placa. Finalidades da Placa As placas miorrelaxantes têm sido utilizadas desde o inicio do século para tratar as DTMs. É considerada uma das formas de tratamento mais eficiente para o bruxismo e alguns outros distúrbios parafuncionais. (MOLINA, 1995). Segundo Miranda (1988) as placas miorrelaxantes podem ser usadas na proteção dos dentes, das reabilitações e das estruturas de suporte contra forças anormais produzidas por hábitos parafuncionais, que podem levar a perdas ósseas e desgaste dos dentes . Alencar Jr. et al. (1998) publicaram um artigo de revisão de literatura que avaliou os vários tipos de placas oclusais, bem como suas respectivas indicações no tratamento de pacientes com DTM e os aspectos mais importantes que devem ser considerados é em relação à sua utilização. Entre os vários tipos de placas, a placa miorrelaxante convencional rígida, também denominada de placa de Michigan é a mais utilizada por causar o menor risco de alterações oclusais definitivas ao paciente, como extrusões, migrações patológicas e mordida aberta anterior. As placas resilientes estariam indicadas principalmente como proteção contra traumatismos nos arcos dentais em algumas modalidades esportivas e nos casos de sinusite crônica que resultasse em grande sensibilidade dentária resultante das forças oclusais fisiológicas. Quanto a sua utilização no bruxismo e disfunção temporomandibular, estudos mostram que tanto a redução dos sintomas de DTM quanto do bruxismo é maior com a placa de resina acrílica rígida. Miranda (2004) descreveu diversas formas de tratamento para as DTMs: Farmacológico (analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, antidepressivos), oclusal (ortodontia, reabilitações, ajuste oclusal), cirúrgico (artroscopia, cirurgia aberta), psicológico (psicoterapia, psiquiatria) e biomecânico (placas oclusais). Confecção da Placa A placa miorrelaxante é um aparelho removível, confeccionado em acrílico autopolimerizável diretamente na boca do paciente a partir de uma folha de acetato de 2 mm de espessura ou em acrílico termopolimerizável em laboratório, cobrindo as superfícies oclusal e incisal dos dentes de um arco dentário, criando contatos bilaterais, simultâneos e estáveis com o arco oposto e guia anterior que permite a desoclusão dos dentes posteriores nos movimentos excursivos (MIRANDA et al., 2008). As placas miorrelaxantes, podem ser confeccionadas com material resistente, resina acrílica ativada termo ou quimicamente, ou com material resiliente, silicone. Todas elas tentam diminuir a hiperatividade muscular, estabilizar a mandíbula simulando condições ideais de oclusão, descomprimir a articu1ação temporomandibular (ATM), funcionando ainda muitas vezes como diagnóstico diferencial no momento de traçar a terapêutica mais acertada para cada caso (HENRIQUES, 1992). Nelson (1995) esclarece que a placa miorrelaxante ou de estabilização pode ser confeccionada tanto no arco dentário superior (maxilar) quanto no inferior (mandibular), porém, quando confeccionada no arco superior proporciona melhor estabilização que a inferior, pois os dentes mandibulares podem contatar com uma superfície oclusal plana. Com relação aos contatos oclusais, estes devem ser estáveis, e não produzir desvios que possam tender a posicionar a mandibular. A superfície oclusal da placa deve ser plana e lisa, seguindo a curva de oclusão. É importante lembrar que um dente livre de oclusão está apto para sobreerupcionar. Os contatos oclusais devem fornecer liberdade de movimento entre as posições de máxima intercuspidação habitual e relação cêntrica, de no mínimo 0,5mm. Esse mesmo autor sugere ainda que as placas miorrelaxantes devam seguir o contorno anatômico dos dentes e tecidos duros os quais irão cobrir. Nas placas maxilares, o aparelho deve estender-se de 4 a 6 mm nos tecidos palatais, proporcionando uma “mistura” das margens da placa com as rugas palatinas, permitindo assim uma transição suave para a função lingual. A espessura do aparelho deve ser de aproximadamente 1,5 a 2 mm na região de molar. A placa miorrelaxante pode ser usada à noite (quando o envolvimento é muscular) e por 24 horas (quando o envolvimento é articular). Após a instalação e o ajuste da placa, é interessante a instrução de limpeza e manutenção do aparelho, bem como dos efeitos físicos esperados pelo uso deste aparelho. Instruções por escrito são geralmente recomendadas. A consulta de retorno deve ser com pelo menos uma semana da entrega do aparelho. Os ajustes necessários devem ser realizados com um a dois meses, e finalmente, intervalos de seis meses. Okeson (2000) descreveu a técnica de confecção da placa, que não requer modelos montados em articulador, em que a posição mandibular é localizada com a assistência da musculatura. Salientou também, que a maneira pela qual a placa é confeccionada não é importante na solução dos sintomas, que depende de como essa placa atinge os objetivos do tratamento. Devem ser instaladas preferencialmente no arco superior, pois este é mais estável e cobre mais tecido, o que a faz mais retentiva e mais difícil de quebrar. Ela é também mais versátil, permitindo que os contatoscom os dentes opostos sejam conseguidos em todo o relacionamento esqueletal e dental. Numa placa estabilizadora inferior, a adaptação por lingual e vestibular, não são obtidos facilmente, em comparação com a placa estabilizadora superior. Para a confecção da placa miorrelaxante em um estudo realizado por Camargos et al. (2008) os pacientes com sinais e sintomas de DTM foram submetidos, inicialmente, à moldagem superior para a confecção de placas oclusais, onde posteriormente, utilizaram-se uma máquina de prensagem à vácuo para a finalização das mesmas. Em seguida as placas oclusais foram ajustadas a fim de eliminar as interferências grosseiras e obter uma estabilidade oclusal com o máximo de contatos posteriores bilaterais. Os pacientes foram instruídos a usarem as placas oclusais por 24h contínuas durante 30 dias. O uso era interrompido apenas durante as refeições. A detecção dos sinais eletromiográficos foi feita através de eletrodos ativos simples com diferenciais de superfície. Após as avaliações iniciais foram instaladas placas miorrelaxantes, e os pacientes foram instruídos a usarem as placas durante quatro semanas. Eletromiografias de superfície foram feitas para cada paciente, bem como avaliações clínicas da DTM (Índice de Helkimo, 1974), ambos os exames realizados prévios a terapia e após quatro semanas do uso das placas miorrelaxantes. Os dados obtidos foram analisados e os resultados do estudo foram os seguintes: (1) a atividade EMG dos músculos masseteres e temporais anteriores mostrou-se discretamente aumentada após o uso dos dispositivos oclusais miorrelaxantes; (2) o grau de severidade da DTM apresentou-se reduzido ao final da terapia em todos os pacientes. Aparelho estabilizador Esta placa é muitas vezes chamada de placa de relaxamento muscular, pois seu uso é primariamente para reduzir dor muscular. Promove uma oclusão funcional ótima, quando em posição, os côndilos se acham em posição musculoesqueletal estável e os dentes se contactam simultâneo e bilateralmente (OKESON, 2000). Este aparelho apresenta uma face oclusal lisa, quando aplicado na maxila, as saliências e aresta dos dentes inferiores entram em contato com a superfície lisa do aparelho deforma uniforme e simultânea. Durante o movimento da mandíbula, os dentes inferiores deslizam livremente sobre a placa, eliminando eventuais obstáculos à oclusão. O tratamento com esse tipo de aparelho promove o relaxamento dos músculos hipertônicos (HUIJBERS, 2005). Para Miranda & Teixeira (2007), a placa estabilizadora é considerada como o gold- standard das placas oclusais. Ela reduz a chance de desgaste dentário e de fratura dentária. Assim sendo, é bastante útil em pacientes com quadro de parafunção, atuando como elemento de proteção do sistema. Também é indicada para casos de mialgias e/ou artralgias, para alterar os padrões de certos tipos de cefaléia e como adjunto no tratamento de deslocamento do disco articular. Aparelho para posicionamento anterior De acordo com Okeson (2000), o aparelho de posicionamento anterior é uma placa interoclusal que propicia a mandíbula a adquirir uma posição mais anterior que a posição de intercuspidação. Este aparelho possui o objetivo de promover um relacionamento melhor disco-côndilo na fossa, de tal maneira que os tecidos tenham oportunidade de adaptação e reparo dos tecidos retrodiscais, eliminando dessa forma, sinais e sintomas associados ao desarranjo articular. São mais utilizadas para o tratamento de desarranjos e deslocamentos do complexo côndilodisco, especialmente o deslocamento de disco com redução e também para casos de apnéia obstrutiva do sono, sendo que essa última deve ser dupla (MIRANDA & TEIXEIRA, 2007). É indicado também travamento crônico ou intermitente da articulação e algumas desordens inflamatórias. Placa de mordida anterior Também conhecida como Front-Plateau, é um aparelho usado no maxilar superior, que recobre as incisais de canino a canino dos dentes superiores e apresentam contatos somente com os dentes anteriores inferiores. Outra característica desse dispositivo oclusal é apresentar guia incisal nos movimentos protrusivos e guia canino nos movimentos de lateralidade. Possui a função de desocluir os dentes posteriores eliminando sua influência na função mastigatória (OKESON, 2000). Para Molina (1995), esse dispositivo oclusal pode reposicionar o côndilo, eliminar os contatos dos dentes posteriores e como conseqüência eliminar o deslize cêntrico, os contatos prematuros e as interferências oclusais, estimulando o relaxamento dos músculos mastigatórios. Essa placa é indicada para desordens musculares que estejam associadas à instabilidade ortopédica ou maloclusão súbita. Placa de mordida posterior Para Okeson (2000), a placa de mordida posterior é confeccionada para dentes inferiores e consiste de duas áreas de acrílico localizadas sobre os dentes posteriores e conectadas por uma barra lingual metálica. Os objetivos do tratamento da placa de mordida são proporcionar alterações maiores na dimensão vertical e posicionamento mandibular. Placa de Nóbilo De acordo com Borges et al (2006), as placas oclusais lisas ou pistas oclusais deslizantes de Nóbilo, com função miorrelaxante e reprogramadora, são usadas, inicialmente, no tratamento de pacientes com bruxismo. Ao mesmo tempo em que estes dispositivos devolvem uma oclusão funcional com os côndilos numa posição músculo-esqueletal mais estável (RC=MIH), os dentes passam a desenvolver um contato melhorado, gerando estabilidade ortopédica As pistas deslizantes de Nóbilo, assim como as placas oclusais, são usadas para promover uma oclusão funcional ótima, reorganizando a atividade reflexa neuromuscular que, por sua vez, reduz a atividade muscular anormal, enquanto propicia uma função mais equilibrada. (TRINDADE & NÓBILO, 2002). A indicação ideal para reprogramação neuromuscular de pacientes desdentados totais bruxônomos seria a instalação das Pistas Deslizantes de Nóbilo como método eficaz na diminuição da sintomatologia dolorosa, reposturação mandibular e recuperação da dimensão vertical de oclusão (TRINDADE & KRUNSILAV, 2003). Aparelho pivotante O aparelho pivotante cobre um dos arcos e normalmente apresenta um único contato posterior em cada quadrante. Este contato estabelecido é o mais posterior possível. Quando uma força superior é aplicada sobre o queixo, a tendência é aproximar os dentes anteriores e pivotar os côndilos para baixo em torno de um ponto pivotante posterior (OKESON, 2000). Okeson (2000), afirma ainda que, este aparelho foi desenvolvido inicialmente com a idéia de que desenvolveria menos pressão intra-articular. Pensava-se que quando os dentes anteriores se movessem para próximos de si mesmos criaria um fulcro em torno do segundo molar pivotando o côndilo para baixo da fossa. Porem, esse efeito só poderia ocorrer se as forças que fecham a mandíbula situassem anteriormente ao pivot. Entretanto, os músculos elevadores localizam-se principalmente posteriores ao pivot, o que não permite nenhuma ação pivotante. Aparelho resiliente ou macio A placa resiliente é um aparelho fabricado de material resiliente que é normalmente adaptado ao maxilar superior, com o objetivo de proporcionar contatos simultâneos e estáveis com os dentes opostos. Apesar da dificuldade de ajustes, Pettengil et al. (1998) verificaram as placas resilientes reduziram a dor dos pacientes de forma semelhante às placas rígidas. 34ef02b1797391bf864eb201d825df35d4730b118f2e86d2637313360186c11e.pdf 6e2986bd11f6fdcf06d262b5484f85b4bef755e232de70c2c0cc443765a8aa68.pdf
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