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Geovana Sanches, TXXIV CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EPIDEMIOLOGIA • 4º câncer mais frequente no mundo • Estimativa de 570 mil novos casos (3,2% de todos os cânceres) • Risco estimado de 15,1/100 mil mulheres • 2º câncer mais incidente em países com baixo IDH • Taxa de mortalidade bruta por câncer de colo do útero: 6,17/100 mil Brasil • Rastreamento muito bem estabelecido • Mortalidade no Brasil em 2019: 6.596 óbitos • Número de novos casos para 2020: 16.710 • Risco estimado: 16,35 casos/100 mil mulheres • Grande variação entre as regiões brasileiras, muito relacionado as condições socioeconômicas o 1º mais incidente na região Norte (22,47/100 mil) o 2º no Nordeste (17,62/100 mil) e Centro-Oeste (15,92/100 mil) o 4º na região Sul (17,48/100 mil) o 5º na região Sudeste (12,01/100 mil) ETIOPATOGENIA Etiologia viral • HPV de alto risco, sendo os HPVs 16 e 18 os mais comuns entre pacientes com carcinomas cervicais invasivos o Câncer epidermóide – relação com o epitélio do colo uterino • Cerca de 99,5% dos carcinomas invasores estão relacionados com algum tipo de HPV de alto risco oncogênico • A infecção aguda pelos tipos 16 e 18 apresenta risco 11 a 16,9 vezes maior para o rápido desenvolvimento de lesões intraepiteliais de alto grau Tipos de HPV HPV de alto risco HPV de baixo risco 16 18 31 33 35 45 52 56 58 6 11 42 53 62 44 54 66 FATORES DE RISCO • Idade > 30 anos o O vírus evolui muito lentamente, de forma que a lesão demora para progredir • Infecção por HPV • Início precoce da atividade sexual • Multiplicidade de parceiros • Multiparidade • Tabagismo • Exposição ao dietilestilbestrol o Estrogênio sintético utilizado no tratamento de câncer de mama metastático PREVENÇÃO A prevenção e o diagnóstico precoce são essenciais para a boa progressão da doença. Primária • Uso de preservativos • Identificação dos fatores de risco • Vacinação o Vacina quadrivalente § HPV 6, 11, 16 e 18 o Reduz até 90% dos casos de câncer de colo de útero Secundária • Objetivos: detectar lesões de alto grau e adenocarcinoma in situ • Rastreio com colpocitológico a partir dos 25 anos de idade • Colcoscopia nos casos de citologia com alterações à indica o local da biópsia • Detecção do HPV o Captura híbrida o Não muda o tratamento à não há muito sentido em sua realização Geovana Sanches, TXXIV o Alto custo Resultado do citopatológico à Neoplasia intraepitelial cervical (NIC) • NIC I – Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana) • NIC II - Alto Grau (desordenação avança 2/3 proximais da membrana) • NIC III - Alto Grau (desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal) à Bethesda • Células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US): anormalidade citológica mais comum, representada pela sigla ASC-US. Indica presença de células sugestivas, mas que não preenchem critério para LSIL. Sua investigação não deve ser agressiva, visto que a maioria irá regredir • Células escamosas atípicas que não se pode excluir HSIL (ASC-H): são células atípicas em que não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau (HSIL). Nesse caso, encontram-se HSIL em 25% dos casos. É uma porcentagem superior à da ASC-US, portanto indicando uma investigação mais atenta com colposcopia. • Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL): engloba características citológicas de infecção por HIV e NIC 1, mas com risco de o laudo histológico vir como NIC 2 ou 3 de 15% a 30%. • Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL): engloba características histológicas de NIC 2 e 3 e traz elevado risco de resultado de laudo histopatológico de NIC 2 ou 3 (mais de 70%) ou de câncer invasivo (1 a 2%). • Anormalidades em células glandulares (GCA): essa categoria implica alto risco de neoplasia. Há também maior risco de neoplasia de endométrio ou de outras partes do sistema reprodutor. A investigação deve ser sempre mais agressiva após esse laudo. DIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE COLO UTERINO Etapas • Anamnese • Exame especular • Toque vaginal • Tríade diagnóstica o Citologia o Colposcopia o Histologia Sintomas • Estágios iniciais: assintomático • Manifestação clínica mais frequente: sangramento vaginal anormal o Sinusorragia (sangramento após o coito) § Principal sintoma no menacme o Metrorragia (sangramento fora do período menstrual) § Principal sintoma após a menopausa § Pode confundir com câncer de endométrio • Infecção secundária no tumor: corrimento vaginal purulento sanguinolento com odor fétido ou secreção sanguinolenta fluida como “água de carne” o Necrose e neovascularização • Progressão tumoral: obstrução ureteral, fístulas reto e/ou vesicovaginais, uretero- hidronefrose e dor pélvica, linfedema de membros inferiores o Compressão de estruturas Tipos histológicos I. Tumores epiteliais a. Carcinoma de células escamosas b. Adenocarcinoma c. Carcinoma adenoescamoso d. Carcinoma de células vítreas II. Tumores mesanquimais a. Sarcoma do estroma endocervical Geovana Sanches, TXXIV b. Carcinossarcoma c. Adenossarcoma d. Leiomiossarcoma e. Rabdomiossarcoma embrionário III. Tumor de Duscto de Gartner (mesonefroma) IV. Outros a. Metastáticos b. Linfomas c. Melanomas d. Carcinoide Incidência • Epidermóide (carcinoma de células escamosas): 70 a 90% dos casos o Mais comum o Mais fácil tratamento • Adenocarcinoma: 25% o Pior prognóstico • Adenoescamoso: mais raro o Péssimo prognóstico Estadiamento Em geral, o diagnóstico é realizado em estádio I e II devido ao rastreamento bem estabelecido. O estadiamento é CLÍNICO. Estadio I As células cancerígenas cresceram do colo do útero para os tecidos mais profundos. O tumor não se espalhou para os linfonodos próximos, nem para os outros órgãos. • Restrito ao colo uterino • IA – Sobrevida em 5 anos de 100% • IB – Sobrevida em 5 anos de 88% Estadio II O tumor cresceu além do colo do útero e do útero, mas não invadiu as paredes da pelve ou a parte inferior da vagina. Não se espalhou para os linfonodos próximos, nem para outros órgãos. • O tumor saiu do colo e atingiu algum outro local • IIA – Sobrevida em 5 anos de 68% • IIB – Sobrevida em 5 anos de 44% Estadio III O tumor invadiu a parte inferior da vagina ou das paredes da pelve. Pode estar bloqueando os ureteres. Pode (ou não) ter se espalhado para os linfonodos próximos, mas não se disseminou para outros órgãos. • Tumor extenso, mas ainda há chances de não haver comprometimento linfonodal • Diagnóstico de alteração renal é clínico • III – Sobrevida em 5 anos varia entre 18 e 39% Geovana Sanches, TXXIV Estadio IV O tumor invadiu a bexiga ou reto ou se disseminou para outros órgãos, como pulmões ou ossos. • IVA – Sobrevida em 5 anos varia entre 18 e 34% Exames complementares Os exames laboratoriais e de imagem podem ser solicitados para complementação diagnóstica, mas não são obrigatórios, tendo em vista que o estadiamento do câncer de colo de útero é clínico e não cirúrgico. Exames Para identificar Laboratoriais Ø Hemograma Ø Urina Ø Bioquímica Ø Função hepática Ø Creatinina e ureia Anemia antes de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia Hematúria Alterações de eletrólitos Metástases no fígado Disfunção ou obstrução renal Radiológicos Ø Raio-X de tórax Ø Pielografia IV Ø TC Ø RM Ø PET Metástases de pulmão Hidronefrose Metástase linfonodal, para outros órgãos distantes e hidronefrose Invasão extracervical local + metástase em linfonodos Metástases linfonodos ou à distância Procedimentos Ø Cistoscopia Ø Proctoscopia Ø Exame sob anestesia Invasão na bexiga Invasão no reto Extensão da disseminação do tumor pélvico, estadiamento clínicoTRATAMENTO O tratamento é realizado de acordo com o estadiamento. Baseia-se na tríade: cirurgia, radioterapia e quimioterapia sensibilizante. IA1 sem invasão linfovascular • Conização (se desejo de gravidez) • Histerectomia total (se prole constituída) IA2 com invasão linfovascular • Traquelectomia (retirada do colo do útero) + linfadenectomia pélvica OU • Histerectomia radical + lindenectomia pélvica (Wertheim-Megd) o Ooforectomia (opcional no menacme) IB1/IB2/IIA1 • Histerectomia radical + linfadenectomia pélvica o Ooforectomia (opcional no menacme) MAIS • Radioterapia / quimioterapia o Caso a paciente tenha comorbidades que contraindiquem a cirrugia, faz-se apenas radio e quimioterapia IB3 a IVA • Radioterapia e quimioterapia IVB • Tratamento paliativo: quimioterapia e radioterapia SEGUIMENTO Faz-se acompanhamento por 5 anos, com exames clínicos e colpocitologia oncótica. Em pacientes com cirurgia conversadora, faz-se RM após 6 meses e, posteriormente, a cada 2 anos.
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