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1 Convênio: Ministério da Saúde/Fundep – Universidade Federal de Minas Gerais Programa VIVA LEGAL/TV FUTURA Tema: Catapora - uma doença para ser levada a sério CATAPORA A catapora ou varicela é, possivelmente, a doença infecciosa de maior incidência em todo o mundo. Estima-se que, em todos os continentes, surjam cerca de 60 milhões de casos a cada ano. Felizmente, trata-se de uma doença cuja evolução é geralmente benigna, com sintomas leves, e o próprio organismo da pessoa infectada cria as defesas que servirão para protegê-lo para o resto da vida. Por estas características, a doença ataca as crianças quase que exclusivamente: é raro encontrar um adulto que não tenha tido catapora e, portanto, que não esteja imunizado contra ela. A imunização se dá através da criação de anticorpos, ou seja, de proteínas que identificam e atacam os agentes infecciosos. Para cada agente infeccioso há um anticorpo específico. Quando os vírus da catapora atacam uma pessoa cujo organismo ainda não tem estes anticorpos, esta desenvolve a doença. Durante o desenvolvimento, o organismo cria os anticorpos específicos e a pessoa fica imunizada pelo resto da vida. Isto não significa que podemos deixar de tomar medidas para evitar sua propagação ou ser menos cuidadosos no tratamento dos doentes, pois a catapora transmite-se pelo ar, com extrema facilidade, antes mesmo que os sintomas apareçam na pessoa infectada. O vírus está presente na saliva das pessoas contaminadas e, quando elas tossem, espirram, ou mesmo quando conversam próximas uma da outra, pode ser transmitido. As complicações advindas de um tratamento inadequado da doença podem trazer conseqüências, algumas delas bastante graves. O vírus da catapora pode ser transmitido um ou dois dias antes do aparecimento dos sintomas da doença e, por isso, uma pessoa contaminada por catapora pode transmiti-la sem que ninguém perceba. Desta forma, é necessário o isolamento do doente logo aos primeiros sintomas. A varicela (catapora) apresenta uma série de sintomas parecidos com os da gripe: mal estar, dor de cabeça, perda de apetite, febre baixa. Mas seu sintoma característico é a eclosão de vesículas, que são bolhas pelo corpo. As vesículas se iniciam como manchas vermelhas, parecidas com picadas de insetos, que se espalham e se transformam em pequenas bolhas cheias de um líquido claro. Em poucos dias o líquido escurece e as bolhas começam a secar, criando uma crosta de cicatrização. As vesículas provocam muita comichão e, apesar disso, não devem ser coçadas, pois podem ser infeccionadas por bactérias e tornarem-se feridas que deixarão cicatrizes ou, em casos mais graves, iniciarão infecções que podem complicar a evolução da doença. As principais complicações da catapora, nos casos severos ou tratados inadequadamente, são a encefalite, a pneumonia, as infecções na pele, as infecções no ouvido e hepatite (em alguns casos). A catapora pode facilitar também o aparecimento da herpes zoster, que, anos mais tarde, pode apresentar infecções dolorosas na pele. Em pessoas que estejam com o organismo debilitado por câncer, leucemia ou AIDS, a catapora pode até matar. Mas estes casos são raros e podem ser evitados. 2 O que está em discussão Existe uma vacina contra a catapora, feita com os vírus enfraquecidos que, apesar de não terem força para provocar a doença, são capazes de estimular o organismo a produzir os anticorpos específicos. Apesar de disponível em todo o país, esta vacina só é destinada a casos muito especiais. No outono e no inverno aumenta muito a incidência de doenças provocadas por vírus, como resfriados, gripes e, também, a catapora. Devido à forma pela qual o agente infeccioso se propaga — atuando antes mesmo do surgimento dos sintomas — torna-se muito difícil evitar o contágio nas crianças em idade escolar. Aos primeiros sintomas é necessário procurar um serviço de saúde para que um profissional possa orientar o tratamento e avaliar o grau de gravidade da doença. A prevenção dá-se muito mais pelo diagnóstico rápido, feito por profissionais de saúde, e o isolamento do doente durante o período de evolução da doença, até a cicatrização completa das vesículas, o que acontece, em média, num período de duas semanas; por isso, a pessoa deve se afastar da escola ou do trabalho até a cura completa da doença. No tratamento da catapora, em geral são utilizados analgésicos e antitérmicos, para aliviar a dor de cabeça e baixar a febre, e outros medicamentos para aliviar a coceira e acelerar o tempo de cicatrização das vesículas. Os cuidados de higiene são muito importantes, principalmente o banho com permanganato de potássio diluído em água quente, para aliviar a coceira e acelerar o tempo de cicatrização das vesículas. Estas não devem ser coçadas nem devem ter retiradas as crostas. Para evitar que isso aconteça as unhas das crianças devem ser bem cortadas e, se possível, colocadas luvas para que não se cocem durante o sono. A medicação a ser ministrada deve ser orientada por profissionais de saúde, pois o uso de analgésicos e antitérmicos à base de ácido acetilsalecílico é contra- indicado, e pode provocar problemas graves. Apesar de ser uma doença benigna e tão disseminada que é raro encontrar um adulto que nunca a tenha contraído, a catapora deve ser tratada de forma cuidadosa, evitando o contato do doente com outras pessoas e observando as prescrições do profissional de saúde para sua cura completa e rápida, com o mínimo de transtornos para o paciente, sua família e a comunidade. CATAPORA O que está em discussão