Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Adriane sousa - 2022 Tutoria 3 – “Quem poderá me ajudar? " Objetivos 1) Identificar as escalas de avaliação da dor (EVA, numérica e não numérica, muldimensional) 2) Descrever a semiologia e a Semiotécnica das cefaleias. 3) Descrever as manifestações clínicas, correlacionando com a fisiopatologia das cefaleias primárias e secundárias. 4) Identificar as “RED-FLAGS’ das cefaleias secundárias. 5) Descrever o tratamento medicamentosos e não medicamentoso. 6) Elaborar um fluxograma sobre o diagnóstico diferencial das cefaléia. ESCALAS DE AVALIAÇÃO DA DOR EVA – ESCALA VISUAL ANALÓGICA Escala reta, impressa ou desenhada Pontuando: ausência de dor e a pior dor possível Pedi para o paciente dizer “onde” está sua dor. NUMERICA Permite quantificar a dor através de números 0 – Ausência de dor 10 – Pior dor imaginada NÃO NÚMERICA De faces → seis desenhos de faces ordenados de forma crescente em nível de intensidade da dor ou angústia. Paciente escolhe a qual representa Vantagem → fácil utilização → crianças e pacientes com limitações cognitivas. MULDIMENSIONAL Instrumento de avaliação inicial da dor Desenho da localização da dor Questionário de McGill → avalia a experiencia dolorosa nas dimensões → sensorial, afetiva e avaliativa → baseada em palavras que os pacientes selecionam ANAMNESE NAS CEFALEIAS Importante a coleta da histórica clínica → analisar se a cefaleia é primária ou secundária. Pontos importantes Gênero → prevalência Idade e o início (ver a cronicidade) → “é a primeira vez ou teve outras?” Localização → unilateral ou bilateral, se tem irradiação ou se é facial – dor abaixo da linha orbitomedial, acima do pescoço e anteriormente aos pavilhões auriculares. Intensidade → fraca – sem interferência diária -, moderada – limita, mas não impede diariamente – ou forte – impede as atividades. Qualidade da dor: Pressão/aperto → constante? “como se fosse um aperto dos lados ou coroa” Queimação Pontada → dor súbita que dura um minuto ou menos Lancinante – dor de curta duração, como um choque elétrico, ao longo de uma raiz ou nervo Pulsátil ou latejante → varia com batimentos cardíacos Contínua e constante em intensidade ou contínua com variação de intensidade ao longo do dia Parestesia → sensação anormal na ausência de estímulo que é desagradável. Dolorimento → sensação de desconforto ou dor causada por uma pressão que normalmente não seria suficiente para causar essas sensações. Adriane sousa - 2022 Sinais e sintomas que acompanham a dor → náuseas? Fotofobia e fonofobia? Sinais autonômicos – hiperemia conjuntival e/ ou lacrimejo, congestão nasal e/ou rinorreia, edema palpebral, sudorese frontal e facial, miose e/ou ptose ipsilaterais à dor. Fatores desencadeantes → alimentos? Estresse? Menstruação? Ovulação? Mastigar? Dormir a mais ou a menos? Fatores de melhora Frequência da dor em dias no mês Sinais e sintomas que precedem a dor → alterações visuais, sensitivas, disfásicas ou motoras → duração Segundo o início da dor podemos dividir em Súbita? → hemorragia intracraniana? Meningite? Encefalopatia hipertensiva? Aguda → horas ou dias → migrânea? Subaguda → durando dias ou semanas → hematoma subdural? arterite temporal? (idoso) → tumor? Pseudotumor cerebral? (jovem) crônica → sempre? Incentivar o paciente → DIARIO DA CEFALEIA → anotando data, intensidade, localização, caráter de duração das crises, juntamente se houve outro sintoma Exame físico Sinais vitais → PA e temperatura; Oroscopia, otoscopia e avaliação dos seios da face na presença de sintomas associados. Inspeção da cabeça e pescoço Palpação dos músculos cervicais (buscar hipertonia cervical, pontos dolorosos) e cranianos e das artérias carótidas, temporais e seus ramos; palpação nos vernos occipitais maiores, supra e infraorbitários e das raízes cervicais. Exame das articulações temporomandibulares; Mobilidade cervical// rigidez de nuca Anormalidades da sudorese e pupilas Exame neurológico Exame do estado mental → nível de consciência, deprimido ou hiperalerta Exame dos pares cranianos → (I) olfatório, (2) óptico – acuidade visual e campo visual; III e IV reflexo pupilar (V) trigêmeo: sensibilidade facial, reflexo corneano, simetria facial e etc. Exame motor → prova dedo-nariz; Exame sensorial → Romberg Reflexos → babinski Rigidez de nuca → Kernig e brudizinski CEFALEIAS PRIMÁRIAS Definição → As cefaleias primárias podem ser conceituadas como crônicas de apresentação episódica ou contínua, de etiologia ainda desconhecida, mas de natureza disfuncional, não estrutural. Podem ser classificadas em: Migrânea ou enxaqueca Com aura Sem aura Cefaleia tensional Cefaleias trigemioautonomicas Outras Migrânea Comum e incapacitante → OMS → 19 doença causadora de incapacidade. Taxa de prevalência → 3/1 mais altas nas mulheres Dois grupos → aura e sem aura → para o diagnóstico seguir os critérios da Sociedade Internacional de Cefaléia Adriane sousa - 2022 Migrânea sem aura Hemicraniana ou bilateral Caráter pulsátil Intensidade moderada a forte Incapacitante → piora com as atividades da vida diária Acompanhada de náuseas e/ou vômitos, quando ocorrem podem provocar o alivio da dor Fotofobia e fonofobia Duração de 4 a 72 horas Migrânea com aura Crises de sintomas focais (aura) reversíveis → 5 a 20 minutos → duração de 60 min A maioria está preenchendo os critérios de migrânea sem aura, mais com o fenômeno da aura presente Mecanismos Pode ter uma origem cortical envolvida → media a aura e a migrânea Suscetibilidade → relacionada com uma hiperexcitabilidade cortical – occipital-, tornando os neurônios suscetíveis às crises de migrânea → fatores que aumentam ou diminuem excitabilidade neuronal poderiam modular o limiar para o disparo da crise → ocorre o disparo do sistema trigeminovascular e suas projeções centrais, iniciando a crise. SISTEMA TRIGEMINOVASCULAR São estruturas intracranianas relacionadas com a inervação sensitiva dos vasos e meninges circundantes intracranianos que possuem inervação sensitiva vinda do nervo trigêmeo – 5 par. Dos três grandes ramos trigeminais o mais presente é o oftálmico, inervando principalmente estruturas da região anterior do crânio. A modulação anormal dos sistemas nociceptivos cerebrais, inicialmente transitórios e tornando-se permanentes com a continuação da doença, predisporia à sensibilização central → aumento da duração da crise de migrânea e a troca dos fenótipo de cefaléia episódica para crônica. As crises também poderiam se iniciar em centros anormais moduladores nociceptivos do tronco cerebral. Tratamento Tratamento farmacológico engloba o tratamento da crise e o tratamento profilático. Crises Específicos → tartarato de ergotamina, diidroergotamina e os triptanos (sumatriptano, rizatriptano) Não específicos → paracetamol, AINES e combinações analgésicas (associação com cafeína), antieméticos (metoclopramida, domperidona), corticosteróides Adriane sousa - 2022 (dexametasona) eantagonistas dopaminérgicos (clorpromazina). Profilático Indicação → ocorrência de três ou mais crises por mês, grau de incapacidade importante, falência de medicação analgésica e ineficácia da profilaxia não farmacológica Dividas em cinco grupos • Beta bloqueadores → ex: propranolol • Antidepressivos → ex: amitriptilina • Bloqueadores de canal de cálcio → flunarizina • Antagonistas da serotonina → pizotifeno e cipropeptadina • Anticonvulsivante → Topiramato CSBC → divide o tratamento para fraco, moderada ou forte Fraca medidas gerais, como repousar em quarto escuro, evitar barulhos e se possível, conciliar com sono. Além de utilizar bolsas de gelo e/ou compressão da artéria das têmporas → SEM RESPOSTA → paracetamol (1 g VO, podendo ser repetido 2 a 4 horas após, até o máximo de 3g/dia) e dipirona (500 mg, podendo ser repetida 2 a 4 horas após, até o máximo de 2g/dia) AINHS → naproxeno sódico, ibuprofeno, diclofenaco de sódio e etc Todos podem ser associados ou precedido 30 minutos antes pelo antieméticos e gastrocinéticos → metoclopramida ou domperidona Moderada Tartarato de ergotamina – 1 a 2mg, VO, podendo ser repetido 1 a 2 horas até o máximo de 4mg/dia Sumatriptano → 50 a 100 mg VO, 20 mg intranasal, podendo ser repetido até o máximo de 200mg VO/dia Zolmitriptano// rizatriptano (caso o paciente esteja fazendo profilaxia com propranolol) // naratriptanos Em caso de recorrência da dor, os triptanos podem ser associados aos AINHs. Forte Triptanos associados aos AINHs e precedidos de antieméticos e gastrocinéticos Indometacina → 100mg VR Dexametasona → 4mg EV, podendo ser repetida de 12 a 24 horas após Haloperidol – 5mg IM → 5mg Cefaléia do tipo tensional Com maior prevalência → 88% em mulheres e 69% nos homens Pode ser dividida em: Episódica → frequente (entre 12 dias e 180 dias e dor) e infrequente (haverá menos que 12 dias por ano de dor; Frequente → crônica Adriane sousa - 2022 Quadro clínico Tipicamente bilateral Caráter em pressão ou aperto → coroa Intensidade fraca a moderada e não piora com atividade física Ausência de náusea, mas fotofobia ou fonofobia pode estar presente Dolorimento muscular → feito pela palpação manual, em movimentos giratórios e uma pressão firme sobre os músculos frontal, temporal masseter, esternocleidomastóideo, esplênio e trapézio Dolorimento pericraniano Mecanismos Menos estudadas Origens: Psicogênica A da contração muscular A do continuum entre migrânea e CTT A do modelo miogênico-supra-espinal vascular A da convergência Modelo miogênico-supra-espinal vascular, propôs uma base comum para migrânea e CTT. Haveria três sistemas influenciando sobre a resposta dolorosa, cujos estímulos seriam levados para o neurônio do núcleo caudal do trigêmeo (desde a ponte até segmentos cervicais superiores) Central → inibitórios e excitatórios Vascular → um único neurônio do núcleo caudal estaria conectado a dois neurônios do gânglio trigeminal, cada um se projetando para tecidos e vasos intra e extracranianos. Miogênico → estruturas musculares da cabeça via ramo oftálmico do trigêmeo, assim como estruturas musculares e ligamentos do pescoço via nervos cervicais superiores. Os três sistemas atuariam no núcleo caudal → estímulo miogênico – estimularia esse neurônio, o qual decodificaria como uma dor surda, em pressão → vascular – seria interpretado pelo neurônio do núcleo caudal como uma dor pulsátil → isso tudo sofreria uma modulação central com inibição ou facilitação, propiciando padrões álgicos diferentes dependendo da intensidade não só do estímulo, mas também da intensidade do controle supraespinhal límbico. Tratamento Muitas vezes não necessita de tratamento, mas pode se usar analgésicos comuns a AINES. Episódica frequente e na crônica → tratamento profilático e medidas que aliviem os possíveis fatores associados. Drogas de escolha → antidepressivos tricíclicos, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina e miorrelaxantes (Carisoprodol) Terapia → caso o emocional seja agravante Fisioterapia, acupuntura → disfunção musculoesquelética Cefaléia em salvas Adriane sousa - 2022 Crises de dor forte, unilateral, região orbital, supra-orbital, temporal ou em qualquer combinação dessas áreas; pode durar de 15 a 180 minutos; Pode ocorrer desde uma vez a cada dois dias até oito vezes por dia. Crises associadas a um ou mais aspectos, todos ipsilaterais à dor: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese na fronte e na face, miose, ptose e edema palpebral. Doença do gênero masculino → prevalência de 4:1 → pode ser hereditária em cerca de 5% dos casos. Crise pode ser desencadeada por álcool, histamina, hipoxemia (apneia do sono ou altitude) Episodia ou crônica Mecanismos Ativação do sistema trigeminovascular na crise → por meio do aumento do CGRP → ele é liberado quando fibras, nervo ou gânglio trigeminais são ativados, e é o mais potente vasodilatador do corpo humano, levando a inflamação neurogênica nos vasos da dura- máter e à vasodilatação. Sinais autonômicos indicam a ativação de fibras parassimpáticas cranianas, que se originam nos neurônios de primeira ordem do núcleo salivatório superior, o qual tem conexão funcional no tronco com o núcleo caudal do trigêmeo e faz sinapse com o gânglio pterigopalatino. As fibras pós-ganglionares promovem a inervação vasomotora e secretora dos vasos sanguíneos cranianos, das glândulas lacrimais e da mucosa nasal. Tratamento Crise → oxigênio, sumatriptano injetável e sumatriptano spray nasal. Profilático episódica → prednisosa, verapamil, ácido valproico e Topiramato Profilático crônica → lítio + as acimas Tratamento não farmacológico Educação Fazer o paciente entender a migrânea como doença fundamentalmente biológica Motivar a adesão da (o) paciente ao tratamento Discutir com a (o) paciente a cronobiologia da migrânea Discutir as opções de tratamento profilático associado ou não ao tratamento agudo Explicar em linguagem acessível os mecanismos da migrânea e sua predisposição genética Explicar a importância de se evitarem os fatores desencadeantes e agravantes comprovados para o seu caso particular Explicar a importância e estimular o uso de um diário de cefaléia a) Biofeedback e técnicas de relaxamento – Recomendado em casos selecionados (Evidência classe II). Obs: Ineficaz na enxaqueca menstrual e particularmente eficaz em crianças. b) Terapia cognitiva comportamental - Recomendada em casos selecionados (Evidência classe II). Obs: Adriane sousa - 2022 Particularmente útil quando coexiste nível elevado de estresse e motivação da (o) paciente → TENSIONAL c) Dieta - Restrição dietética específica e individualizada está indicada apenas para pacientes com desencadeante(s) alimentar (es) comprovado(s) (Evidência classe II). d) Acupuntura - Recomendada em casos selecionados. Acupuntura pode ter algum papel no tratamento dos pacientes com migrânea, porém, a qualidade e a quantidade dosestudos que a recomendam não são plenamente convincentes. Deve ser considerada método auxiliar e de eficácia limitada e permanece à espera de novos estudos com metodologia adequada (Evidência classe II). f) Fisioterapia - Recomendada em casos selecionados (Evidência classe III). Outros Cefaleias por uso excessivo de analgésico → paciente que já apresentava migrânea ou cefaléia tensional → uso excessivo causa rebote Cefalia que ocorre mai de 15 dias por mês com uso excessivo regular (mais de 3 meses) de um ou mais medicamentos que podem ser tomados para tratamento agudo e/ou sintomático da cefaleia. Cefaleia secundária Cefaleias que é sintoma decorrente de uma causa orgânica, ou seja, uma doença de base ou trauma encefálico. Exame clínico e o neurológico → importantíssimos → presença de pontos dolorosos, rigidez de nuca, alterações oculares ou da articulação temporomandibular, espessamento da artéria temporal superficial, pontos sinusais dolorosos, tumorações em qualquer localização, pontos-gatilhos musculares. RED-FLAGS Início súbito ou abrupto “cefaleia em trovoada” ou “dedo de Deus” Instalação instantânea, intensa, explosiva e associada a esforço físico. Adriane sousa - 2022 Difusa e pouco localizada, associada a náuseas e vômitos. Suspeita → patologia intracraniana aguda, doenças vasculares cerebrais e infecciosas // AVC hemorragia Principalmente APÓS 50 ANOS → arterite de células gigantes → dor na têmpora do lado da artéria doente, que se torna espessa e dolorida, dor a mastigação→ usa-se corticoterapia para evitar trombose. Cefaléia com piora progressiva ou mudança de padrão Pode indicar surgimento de doenças intracranianas, por exemplo, processos expansivos, como tumor cerebral, abscessos ou hematomas subdurais. Investigar com a neuroimagem é essencial. Cefaléia associada a sintomas sistêmicos Febre, mal-estar, dores articulares, erupções cutâneas e outros. Antecedentes de doença neoplásica ou de outras doenças sistêmicas devem ser valorizados → investigação por neuroimagem pode ser necessária, e o exame do líquido cerebroespinhal torna-se importante para afastar doenças inflamatórias ou infecciosas do SNC. Dor ocular com manifestações visuais diferentes da aura, perda de campos visuais, aumento da pressão ocular, dirigem a atenção para causa oftalmológica. Rigidez de nuca Dor persistente no pescoço, principalmente na parte posterior de um ou dois lados, associada a certo grau de bloqueio antálgico com presença de pontos dolorosos à palpação da musculatura e de sua inserção no osso occipital, caracteriza a dor miofascial. Hipertensão arterial → dor de cabeça, especialmente de manhã. Eclampsia → manifesta com cefaléia Cefaleias associados a sintomas neurológicos Diplopia (percepção de 2 imagens de um único objeto) → pode surgir por disfunção de quaisquer dos nervos oculomotores → hipertensão intracraniana, meningite Edema de papila → através do exame de fundo de olho → inflamação do nervo optica ou existe hipertensão intracraniana como causa da cefaleia
Compartilhar