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Kamilla Galiza / 5º P / APG Objetivos Ø Diferenciar os tipos de cefaleia Ø Identificar a etiologia e os fatores de risco das cefaleias Ø Analisar a fisiopatologia, as manifestações e as complicações das cefaleias Ø Discorrer o diagnostico e as condutas terapêuticas das cefaleias Tipos de cefaleia • Primaria: sem nenhum tipo de lesão estrutural e com etiologia demonstrável por exames clínicos ou laboratoriais • Secundaria: com lesão estrutural provocada por outras doenças. Cefaleias primárias As cefaleias primárias são mais comuns até a quinta década. A partir da quinta e sexta década de vida, a incidência de dor de cabeça reduz de uma forma geral, e começa a ocorrer predomínio das cefaleias secundárias, associadas a lesões patológicas, assim como das neuralgias e dores neuropáticas do segmento cefálico. Das cefaleias primárias, destacamos as seguintes: (1) cefaleia tensional; (2) enxaqueca; (3) cefaleia em salvas; (4) outras. Migrânea Cefaléia primária comum e incapacitante. É também chamada de cefaléia vascular, por se acreditar que uma breve redução do fluxo sanguíneo seguida de hiperemia possa causar a depressão alastrante, mas não há evidências de que isso realmente aconteça. Acomete cerca de 10 a 15% da população, sendo mais comum no sexo feminino e em pessoas entre 30 e 50 anos de idade. Cerca de 70% dos pacientes com migrânea possuem um familiar de primeiro grau com a doença, o que mostra a existência de um fator genético, a maioria das migrâneas são de transmissão poligênica, com exceção da migrânea hemiplégica familiar, que é autossômica dominante. Pessoas com algumas comorbidades, como epilepsia, AVC, fenômeno de Raynaud, síndrome do intestino irritável e fibromialgia, estão mais propensas à doença. O uso de anticoncepcional oral, obesidade e o tabagismo são fatores de risco adicionais (alterações neurovasculares). Clínica a dor da migrânea é uma cefaléia recorrente que se manifesta em crises que duram entre 4 e 72 horas. É tipicamente unilateral (podendo ser bilateral), pulsátil, de intensidade moderada a grave, que piora com atividades diárias. Costuma estar associada com náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. Outros sintomas mais incomuns são dor no pescoço, tontura, osmofobia e dificuldade de concentração. Quando acompanhada de aura, é geralmente visual, podendo ser também sensitiva, motora ou afasia. Fases da dor 1. Fase premonitória (pródromo): composta pelos sintomas que antecedem a fase dolorosa da doença. Inclui bocejos, fadiga, depressão, desejo por certos alimentos, tensão cervical e hipoatividade, que podem surgir até 48 horas antes do início da crise. 2. Aura: conjunto de sintomas neurológicos reversíveis que precedem, acompanham, ou surgem independentemente da crise dolorosa. Esses sintomas se instalam gradativamente em 5 minutos e duram até 60 minutos. Os sintomas mais comuns são as alterações visuais, que se manifestam como escotomas cintilantes e escotomas escuros. Outros sintomas menos comuns são os sensitivos e a afasia. Mecanismos da aura: a fisiopatologia da aura envolve um fenômeno chamado de “depressão alastrante (DA)” e consiste na despolarização com excitação neuronal hipotalâmica, causando ondas que se alastram em todas as direções, ou em direções específicas. A passagem dessas ondas pelo córtex visual pode causar as anormalidades visuais; pelo córtex sensitivo, em alterações sensitivas, e assim por diante. 3. Fase dolorosa (cefaleia): como o tecido cerebral é indolor, acredita-se que a sensação de dor ocorre por ativação do nervo trigêmeo e de suas conexões com os vasos e as meninges, principalmente a dura-máter. Os mecanismos de ativação desse sistema trigeminovascular pode ocorrer por ação da DA no núcleo espinhal do trigêmeo, ou por estímulos nociceptivos em fibras da dura-máter. Após a ativação trigeminal, ocorre a sensibilização de outros neurônios através da via trigeminotalamocortical, o que ativa a substância cinzenta periaquedutal, a região dorsal da ponte, o hipotálamo, o lócus ceruleus, que estão relacionados com o processamento da dor. São gerados também impulsos que levam à liberação de neurotransmissores em regiões de inervação trigeminal (grandes vasos, meninges e seios venosos), o que gera uma inflamação neurogênica, também causando dor. Sintomas associados: náuseas, fotofobia, fonofobia... 4. Resolução Diagnostico Cefaleias disfunções Kamilla Galiza / 5º P / APG é baseado na história clínica. O diagnóstico diferencial é a dor de cabeça tensional, mas a maioria das cefaleias de intensidade moderada-grave são enxaquecas. Em casos de suspeita de cefaleia secundária, deve-se pedir exame de imagem. Observações: Quando o paciente dorme com dor e acorda sem dor, considera-se a duração da dor até o momento do despertar. Em crianças e adolescentes, as crises podem durar o mínimo de 2 horas. São mais comumente bilaterais, se tornando unilateral na vida adulta, e frontotemporais, podendo ser faciais. Cefaleias occipitais devem ser melhor avaliadas, pois sugerem causa secundária. As crises podem estar associadas a alodinia. Uma pequena parte das mulheres acometidas (menos de 10%) tem crises associadas com o ciclo menstrual, geralmente sem aura. As crises tendem a ser mais prolongadas e acompanhadas por náuseas intensas. A migrânea sem aura é a mais propensa a se cronificar com o uso frequente de medicamentos. Complicações Estado migranoso: crise de migrânea com ou sem aura, com sintomas debilitantes que duram mais de 72 horas - pode estar associado a abuso de analgésicos. Aura persistente sem infarto: crise de migrânea com aura que dura mais de 1 semana e não apresenta alterações isquêmicas em exame de imagem. Infarto migranoso: um ou mais sintomas de aura de migrânea que duram mais de 60 minutos, acompanhados de AVCi em uma área cerebral compatível (ex: sintomas prolongados de aura visual - alterações isquêmicas no lobo occipital). Crise epiléptica desencadeada por migrânea/Migralepsia: crise convulsiva que acontece na crise de migrânea, ou até 1 hora após ela. É muito raro e só ocorre na migrânea com aura. Cefaleia do tipo tensional É uma dor de cabeça holocraniana leve ou moderada, sem náuseas ou vômitos, mas que podem ser acompanhadas de fotofobia ou fonofobia (apenas uma dessas, nunca juntas). A dor não piora com a atividade. Podem ser desencadeadas por estresse, fadiga e falta de sono. Epidemiologia É a cefaleia primária mais prevalente e mais frequente, é comum tanto em homens, como em mulheres e em pessoas entre 30 e 39 anos. Costuma ser desencadeada por estresse e alterações do sono. Fisiopatologia Não é totalmente conhecida, mas acredita-se que há mecanismos periféricos e centrais multifatoriais. Uma das hipóteses é que ocorre uma alteração da sensibilidade da musculatura pericraniana, que seria causada por excesso de contração muscular, isquemia e inflamação. O envolvimento central é mais evidente em pacientes com a forma crônica da doença, os mecanismos fisiopatológicos seriam o envolvimento de centros superiores de integração sensitiva e a disfunção na antinocicepção (reflexo que, quando normal, aumenta o limiar da dor como forma de proteção). Acredita- se que também pode haver disfunções em circuitos centrais glutamatérgicos, betaendorfínicos, serotoninérgicos também estariam envolvidos. As disfunções periféricas parecem ocorrer inicialmente causando crises episódicas que, em pessoas geneticamente predispostas, vão aumentando gradativamente até se tornarem crônicas, havendo a sensibilização por disfunções centrais. Clínica São de intensidade leve a moderada e podem ser episódicas (menos de 15 dias/mês) ou crônicas (mais de 15 dias por mês). Podem durar de 30 minutos até 7 dias e não pioram com a atividade física, nem estão associadas a náuseas. Pode haver fotofobia, fonofobiae osmofobia. Ø Infrequente: menos de uma crise por mês. Ø Frequente: 1 a 14 crises por mês, por ao menos 3 meses. Ø Crônica: mais de 14 crises por mês, por ao menos 3 meses. A CTT também pode ser com ou sem dor pericraniana. Diagnóstico história clínica. Tratamento Costuma-se utilizar acetaminofeno ou AINEs, podendo-se combinar o acetaminofeno com cafeína. Essas medicações não devem ser usadas mais de três vezes por semana. A infiltração dos pontos gatilhos (trigger points) também pode ser realizada (injeção de anestésico + anti inflamatório na musculatura acometida). Não farmacológico: acupuntura, técnicas de relaxamento, fisioterapia e estimulação elétrica do nervo supraorbitário. Prevenção Tratamento profilático com amitriptilina, nortriptilina, doxepina, maprotilina ou fluoxetina, relaxantes musculares, fisioterapia, injeção com toxina botulínica e acupuntura. Cefaleia em salvas São dores de cabeça unilaterais associadas a sinais autonômicos ipsilaterais. CS crônica: a dor deve ocorrer por pelo menos 1 ano, sem remissão menor que 1 mês. Epidemiologia É mais frequente em homens e em pessoas entre os 20 e os 30 anos de idade. Fisiopatologia A causa é desconhecida, mas suspeita-se que tenha a ver com uma ativação neuronal aumentada no hipotálamo e no tronco cerebral. Manifestações clínicas As crises são quase sempre unilaterais e são acompanhadas dos sintomas autonômicos, como lacrimejamento, hiperemia conjuntival, congestão nasal, rinorreia, semiptose, miose, rubor e edema palpebral. A dor costuma ser localizada atrás ou em cima do olho, ou na têmpora, podendo incluir bochecha, dentes e maxila. Atinge seu máximo de intensidade em 9 minutos e tende a terminar abruptamente. Os ataques acontecem cerca de 8 vezes por dia e são Kamilla Galiza / 5º P / APG descritos como dor em punhaladas que duram cerca de 15 minutos a 3 horas. Pode ocorrer junto a dor fotofobia unilateral, fonofobia e, muito raramente, aura. Pacientes com esse tipo de cefaléia são incapazes de repousar, permanecendo andando. Esse tipo de dor pode estar relacionada com o uso de álcool, medicamentos vasodilatadores, histamina, sono, aumento da atividade física/mental/emocional e apneia do sono. Possui uma periodicidade diária ou sazonal, ocorrendo anualmente ou a cada dois anos. Diagnóstico História clínica. Exames de imagem devem ser pedidos em todos os pacientes no início das cefaleias em salvas, pois elas podem ser secundárias a outras doenças - infecções e tumor de hipófise. Tratamento Como é uma dor breve, não é indicado usar medicamentos orais (maior tempo de ação). Pode-se realizar inalação de O2 a 100%por 30 minutos, sumatriptana ou zolmitriptana nasal spray ou sumatriptana subcutânea e di-hidroergotamina nasal, IM ou IV. Em casos refratários, pode-se realizar a estimulação do nervo grande occipital (implante de eletrodos nos nervos occipitais, na região da nuca, com emissão de impulsos elétricos, alterando o funcionamento do nervo e modulando a dor de cabeça). Prevenção Podem ser tomadas medicações preventivas no início de uma salva - Verapamil, lítio, corticosteróides (ação rápida) e ácido valpróico, topiramato e gabapentina. Cefaleias secundárias Cefaléia relacionada aos seios da face: Os próprios seios são insensíveis a dor, mas estruturas como ductos, cornetos, vasos e óstios são dolorosas e podem desencadear dor em um processo inflamatório/infeccioso (rinossinusite). As dores nesse caso são frontais, faciais, auriculares e na região dos dentes. O início da dor é simultâneo à rinossinusite e desaparece dentro de 7 dias após o tratamento. O diagnóstico é feito pela história clínica e os exames de imagem. Arterite temporal (arterite de células gigantes): É um processo inflamatório que ocorre quase que exclusivamente em idosos. Resulta em cefaléia contínua e generalizada, geralmente latejante. Junto a isso, é comum haver dor mandibular ao mastigar e cegueira transitória/permanente e diplopia. Diagnóstico: elevação da VHS e da PCR, e biópsia da artéria temporal com presença de células gigantes. O tratamento é realizado com corticoesteróides. Hipertensão intracraniana e pseudotumor Cerebri: A HC pode ser primária idiopática ou secundária a trombose venosa cerebral, a massa no cérebro, hidrocefalia ou outros causadores de aumento da pressão IC. A HC de causa primária é mais comum em mulheres obesas em idade fértil. A cefaleia da HC idiopática costuma ser pulsátil e sentida atrás dos olhos, podendo vir acompanhada de dor no pescoço e nas costas e zumbido, obscurecimento visual e diplopia. Pseudotumor Cerebri: termo para se referir ao aumento da IC sem lesões do tipo massas óbvias, que se deve a um agente agressor, como medicações (tetraciclina, minociclina, lítio, medicações relacionadas com vitamina A, hormônio do crescimento, distúrbios hormonais e apneia do sono). Diagnóstico: sintomas e sinais, como o papiledema. Deve ser feito uma RM para avaliar causas secundárias. A punção liquórica deve ser sempre realizada e medida a pressão de LCR, a não ser em casos de contraindicação (lesão expansiva IC). Pressão de LCR maior que 250mm H²O com ausência de anormalidades no líquido determinam uma HC. Tratamento: acetazolamida + perda de peso (idiopática) e tratamento das causas secundárias. Se a perda da visão progride, pode-se realizar cirurgias, como a fenestração da bainha do nervo óptico. Hipotensão intracraniana: Ocorre por hipovolemia do LCR, causada por perda liquórica por laceração da dura máter, geralmente na região lombar por cistos chamados cistos de Tarlov, ou por fístulas (ocorrem mais comumente na coluna torácica) que podem ser predispostas por distúrbios genéticos, como a síndrome de Marfan e a síndrome de Ehlers Danlos. A dor de cabeça melhora quando o paciente está deitado e piora em posição ereta (cefaleia posicional). Pode haver também dor no pescoço posterior. Em casos de herniação, pode haver alterações na audição, na visão e no equilíbrio, e perda de consciência. Diagnóstico: é feito por meio da RMN, podendo ser observado meninges, ingurgitamento venoso, espessamento dural, aumento da fossa hipofisária e herniação do rombencéfalo. A pressão liquórica pode ser baixa ou normal. Tratamento: repouso na cama e curativo epidural de sangue. Em casos de fístula, o tratamento consiste em repouso, cafeína, cinta abdominal e alta ingestão hídrica. Neuralgia do trigêmeo: É uma dor extremamente dolorosa, que ocorre por estímulos sensoriais na distribuição do nervo trigêmeo. A neuralgia do trigêmeo pode ser idiopática, ou causada por compressão vascular na zona da raiz do nervo. Pode estar associada à esclerose múltipla em pessoas jovens, e à dobra vascular vertebrobasilar em idosos - compressão do nervo. Ocorre mais comumente em mulheres e em pessoas entre 50 e 70 anos. Clínica: é uma dor aguda, lancinante e parecida com um choque ao redor do olho, na testa, na bochecha, no queixo ou nos dentes inferiores. Esses choques são curtos, podendo durar até 2 minutos. A dor costuma ser desencadeada por mastigação, tocar a face, escovar os dentes, ou ar sobre o rosto. Diagnóstico: dor com as características citadas, aguda e em “punhaladas”. RMN é recomendada para avaliar causas secundárias Ø Desmielinização, tumores e alças vasculares sobre a zona nervosa trigeminal. Kamilla Galiza / 5º P / APG Tratamento: medicação - carbamazepina, fenitoína, baclofen, clonazepam, ácido valpróico, gabapentina, topiramato, cirurgias Ø Descompressão microvascular, outros tratamentos - destruição parcial do nervo com calor (radiofrequência) ou com glicerol (destruição química). Neuralgia glossofaríngea: É uma dor unilateral, sentida no ouvido, na mandíbula, na garganta e na base da língua. É uma neuralgia rara que acontece provavelmente por compressão do nervo glossofaríngeo por vasos sanguíneos,tumores e aneurismas, ou por desmielinização e infecção. As dores são paroxísticas e duram no máximo 2 minutos, podendo apresentar até 40 episódios em um dia, também são despertadas por mastigação, deglutição e fala. Diagnóstico: história clínica + RNM (excluir neoplasia ou anormalidade vascular). Tratamento: carbamazepina. Pode-se realizar também terapia cirúrgica e ablação por radiofrequência. Critérios diagnósticos das cefaleias primárias de acordo com o International Headache Society Migrânea Migrânea sem aura A. Pelo menos cinco crises preenchendo os critérios de B a D. B. Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento ineficaz). C. A cefaleia preenche ao menos duas das seguintes características: 1. localização unilateral; 2. caráter pulsátil; 3. intensidade moderada ou forte; 4. exacerbada por ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas rotineiras (p. ex., caminhar ou subir escada). D. Durante a cefaleia, pelo menos um dos seguintes: 1. náusea e/ou vômitos; 2. fotofobia e fonofobia. E. E. Não atribuída a outro transtorno. Migrânea com aura A. Pelo menos dois episódios preenchem os critérios B e C: B. Um ou mais dos seguintes sintomas de aura, totalmente reversíveis: 1. visual; 2. sensitivo; 3. fala ou linguagem; 4. motor; 5. tronco cerebral; 6. retiniano. C. Pelo menos 2 de 4 características: 1. pelo menos um sintoma de aura alastra gradualmente em 5 ou mais minutos e/ou dois ou mais sintomas aparecem sucessivamente; 2. cada sintoma de aura dura de 5 a 60 minutos; 3. pelo menos um sintoma de aura é unilateral; 4. a aura é acompanhada ou seguida, em 60 minutos, por cefaleia. D. D. Não atribuída a outro transtorno e foi excluído um acidente isquêmico transitório. Cefaleia tensional É subdividida de acordo com a frequência e a presença de dor pericraniana. Cefaleia do tipo tensional episódica infrequente (associada ou não a dolorimento pericraniano): A. Ao menos 10 crises que ocorrem < 1 dia por mês em média (< 12 dias por ano) e que preenchem os critérios de B a D. B. Duração entre 30 minutos e 7 dias C. Ao menos duas das quatro seguintes características: 1. localização bilateral 2. caráter de pressão ou aperto (não pulsátil) 3. intensidade leve a moderada 4. não agravada por atividade física rotineira D. Ambos seguintes: 1. sem náuseas ou vômitos 2. apenas um de: fotofobia ou fonofobia E. Não apresentar outro diagnóstico da ICHD-3 Cefaleia do tipo tensional episódica frequente (associada ou não a dolorimento pericraniano): A. Ao menos dez crises que ocorrem em ≥ 1 dia, porém < 15 dias por mês durante ao menos 3 meses (≥ 12 dias e < 180 dias por ano) e que preenchem os critérios de B a D. B. Duração entre 30 minutos e 7 dias C. Ao menos duas das quatro seguintes características: 1. localização bilateral 2. caráter de pressão ou aperto (não pulsátil) 3. intensidade leve a moderada 4. não agravada por atividade física rotineira D. Ambos seguintes: 1. sem náuseas ou vômitos 2. apenas um de: fotofobia ou fonofobia E. Não apresentar outro diagnóstico da ICHD-3 Cefaleia do tipo tensional crônica (associada ou não a dolorimento pericraniano): A. Cefaleia que ocorre em ≥ 15 dias por mês, em média, por > 3 meses (≥ 180 dias por ano), preenchendo os critérios de B a D B. Duração de horas a dias, ou contínua C. Ao menos duas das quatro seguintes características: 1. localização bilateral 2. caráter de pressão ou aperto (não pulsátil) 3. intensidade leve a moderada 4. não agravada por atividade física rotineira D. Ambos seguintes: 1. apenas um de: fotofobia, fonofobia ou náusea leve 2. nem náusea moderada ou forte, nem vômitos E. Não apresentar outro diagnóstico da ICHD-3 Cefaleia em salvas A. Ao menos cinco crises preenchendo os critérios B-D B. Dor forte ou muito forte unilateral, orbital, supraorbital e/ou temporal, durando 15-180 minutos (quando não tratada) C. Um dos ou ambos os seguintes: 1. ao menos um dos seguintes sintomas ou sinais, ipsilaterais à cefaleia: a. injeção conjuntival e/ou lacrimejamento b. congestão nasal e/ou rinorreia c. edema palpebral d. sudorese frontal e facial e. miose e/ou ptose 2. sensação de inquietude ou de agitação Kamilla Galiza / 5º P / APG D. Ocorrendo com uma frequência entre uma a cada dois dias e oito por dia E. Não melhor explicada por outro diagnóstico da ICHD-3. Red Flags da Cefaleia Critérios de baixo risco Ø Quadro clínico típico de cefaleias primárias, de acordo com os critérios da ICHD/IHS. Ø História prévia de cefaleia similar. Ø Ausência de alterações ao exame neurológico. Ø Ausência de modificação no padrão habitual de cefaléia prévia. Ø Ausência de comorbidades de risco. Ø Ausência de novos dados preocupantes da história ou achados no exame físico. Sintomas e sinais de alarme: Cefaleia de início recente: quanto mais recente o início da cefaleia, maior a probabilidade de estar relacionada a uma causa secundária grave. O primeiro episódio de uma dor de cabeça é sempre motivo de alerta. Vale também para quando o paciente já com história prévia de cefaleia sente um novo tipo de cefaleia, diferente das anteriores. A pior cefaleia já sentida: uma cefaleia recorrente, mas com um episódio de intensidade bem mais forte pode estar diante de uma cefaleia secundária. Sintomas focais que não aura típica de enxaqueca: fenômenos visuais monoculares, sintomas que durem mais de uma hora, ou menos de 5 minutos, paresia ou qualquer queixa motora. Cefaleia desencadeada por tosse, exercício ou atividade sexual: pode ser manifestação pela má formação de Chiari. Cefaleia de forte intensidade e início recente durante a gravidez ou o puerpério: essas pacientes são grupo de risco para doenças vasculares que se relacionam com a dor de cabeça. Cefaleia de instalação rápida durante exercícios intensos: sendo o primeiro episódio, pode indicar hemorragia intracraniana ou dissecção carotídea. Cefaleia que se inicia após os 50 anos de idade: a prevalência das cefaleias primárias diminui com o envelhecimento, já o risco para o desenvolvimento de cefaleias secundárias é aumentado. Cefaleia em trovoada: termo usado para cefaleias de forte intensidade e de início abrupto, atingindo a intensidade máxima em até um minuto. Costuma estar associada a etiologias graves - hemorragia subaracnóidea por ruptura de aneurisma e hemorragias intraparenquimatosas. Manifestações sistêmicas ou neurológicas acompanhadas da cefaléia: principalmente febre, rash cutâneo, vômitos, alterações de personalidade ou do nível de consciência e crises epiléticas. Cefaleia progressiva: cefaleia aguda ou subaguda com aumento gradativo de frequência e intensidade podem indicar, neoplasia, arterite de células gigantes, hematoma subdural ou uso excessivo de analgésicos. História de uso de substâncias ilícitas, anticoagulantes, antiagregantes plaquetários: drogas como a cocaína e a metanfetamina aumentam o risco de sangramentos intracranianos. Cefaleia nova em pacientes com imunodeficiência ou câncer: pode indicar novas neoplasias ou infecções oportunistas. Achados no exame físico que indicam cefaleia secundária grave: rigidez de nuca, meningismo (rigidez nucal, fotofobia e cefaleia), papiledema, hemorragia sub-hialoidea (fundoscopia), sinais neurológicos focais, alteração da consciência, delirium, PA sistólica > 180 ou diastólica > 120, sinais de trauma craniano ou facial, dor à palpação da artéria temporal superficial, doença dos seios paranasais ou dos pulmões. Tratamentos da enxaqueca Tratamento da crise: ➔ Princípios: - Tratar precocemente: melhora a resposta à dor, reduz a necessidade de medicação de resgate e o risco de alodinia. - Usar dose terapêutica adequada e ajustá-la quando a resposta for insuficiente. - Modificar a via de administração se houvergastroparesia. - Trocar por drogas de ação mais rápida ou meia vida mais longa em casos de recorrência de crises - Associar medicamentos para obtenção de uma resposta mais rápida e menor recorrência (a combinação de naproxeno com sumatriptano apresenta resultados mais eficientes). Tratamento das crises de baixa intensidade Medidas não farmacológicas: repouso em quarto escuro e silencioso, regular o sono, utilizar compressas frias na região dolorosa, limitar o consumo de cafeína, praticar atividade física aeróbica. Medidas farmacológicas: AAS, paracetamol, dipirona, AINEs (naproxeno, ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida. Tratamento das crises de moderada a grave intensidade: Analgésicos comuns + AINEs + Drogas específicas para migrânea (triptanas). Tratamento profilático: É indicado para os pacientes que apresentam duas ou mais crises de migrânea ao mês por mais de 3 meses, ou quando Kamilla Galiza / 5º P / APG o tratamento abortivo é ineficaz ou contraindicado. Os principais medicamentos usados são os betabloqueadores (evitados em pacientes com asma, hipotensão e bradicardia), os antidepressivos, os anticonvulsivantes, os bloqueadores dos canais de cálcio e os antagonistas dos receptores de serotonina. Tratamento não farmacológico: Estimulação transcutânea do nervo supraorbitário (SON): tiara com eletrodo que inibe a transmissão nociceptiva e a modulação da dor. Estimulação magnética transcraniana (TMS): pulsos magnéticos que modulam a atividade neuronal do paciente. Estimulação do nervo vago (VNS): massagem na região lateral do pescoço. Gravidez: acetaminofeno. Contraindicações ao uso dos triptanos: HAS descontrolada, doença cardíaca isquêmica e angina. Referencias Goldman-Cecil Medicina, volume 1 / editado por Lee Goldman, Andrew I. Schafer; revisão científica Abouch Valenty Krymchantowski ... [et. al.] - 25. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. Tratado de neurologia da Academia Brasileira de Neurologia / [organizadores] Rubens Gagliardi, Osvaldo M. Takayanagui; [ilustração Margareth Baldissara]. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. The International Classification of Headache Disorders – 3rd ed. (2018) ICHD-3. WOOTTON, R. Joshua; WIPPOLD II, Franz J.; WHEALY, Mark A. Evaluation of headache in adults. UpToDate., 2019.
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