Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS - UNIFIMES CURSO DE MEDICINA TUTORIA 7ª ETAPA ALBERT MYULLER FERREIRA COIMBRA BRENDA SEABRA YACOUB GABRIELA DE LIMA REZENDE GIOVANNA CASAGRANDE MORELI HÉLIO SOUZA CORTEZ HENRIQUE POLIZELLI PINTO NETO JOÃO OTÁVIO LEAL FARINA KÉSSIA GOMES PINTO LUIZ FERNANDO YABUMOTO MARIA JOSÉ ALVES MACEDO MATHEUS CARNEIRO PARANHOS SITUAÇÃO PROBLEMA 3 – “MINHA CABEÇA VAI EXPLODIR.” MINEIROS- GO 2021 2 ALBERT MYULLER FERREIRA COIMBRA BRENDA SEABRA YACOUB GABRIELA DE LIMA REZENDE GIOVANA CASAGRANDE MORELI HÉLIO SOUZA CORTEZ HENRIQUE POLIZELLI PINTO NETO JOÃO OTÁVIO LEAL FARINA KÉSSIA GOMES PINTO LUIZ FERNANDO YABUMOTO MARIA JOSÉ ALVES MACEDO MATHEUS CARNEIRO PARANHOS SITUAÇÃO PROBLEMA 3 – “MINHA CABEÇA VAI EXPLODIR.” Relatório referente à aula de Tutoria da unidade 2 do 7º período do curso de Medicina do Centro Universitário de Mineiros-UNIFIMES, como requisito parcial para formação de nota, sob orientação do professor Dr. Geraldo Estáquio. MINEIROS- GO 2021 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 4 2. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM........................................................................... 5 2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................ 5 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................. 5 3. DISCUSSÃO................................................................................................................. 6 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 19 5. REFERÊNCIAS........................................................................................................... 20 4 1.INTRODUÇÃO Podemos entender como cefaleia todo processo doloroso referido ao segmento cefálico, que pode se originar em qualquer estrutura facial ou craniana sendo dividia em primária e secundária. As cefaleias primarias são causadas por lesões intracranianas ou faciais, as cefaleias secundarias são causadas por lesões patológicas estruturais, como lesões vasculares, tumores, alterações no fluxo liquórico, a maior parte das cefaleias encontradas na prática clínica são as primárias. Cefaleia de tensão é a causa mais comum de cefaleia primaria, atinge de 40 a 70% da população sendo mais comum no sexo feminino, a enxaqueca é a segunda tento a prevalência de 15% sendo também mais comum no sexo feminino. Para diferencia-las é muito importante a propedêutica adequada e atenção aos sinais de alarme clínicos ou red flags, caso a paciente não tenha sinais de alarme é importante uma boa história clínica para permitir o diagnóstico do tipo especifico da cefaleia primaria. As abordagens de tratamento envolvem identificar e evitar fatores desencadeantes e o uso de medicamentos para tratar o ataque agudo ou prevenir ataques futuros. 5 2.OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 2.1 OBJETIVO GERAL: • SISTEMATIZAR OS CUIDADOS DO PACIENTE COM CEFALEIA. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: • IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS CAUSAS DE CEFALEIA. • ESTUDAR AS CAUSAS SECUNDÁRIAS DE CEFALEIA. • DESCREVER OS MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE CEFALÉIA. • DESCREVER E DIFERENCIAR AS APRESENTAÇÕES CLÍNICAS DAS DIFERENTES CAUSAS DE CEFALEIA. • RECONHECER A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES COMPLEMENTARES NA ABORDAGEM DO PACIENTE COM CEFALEIA. • IDENTIFICAR OS SINAIS DE ALERTA PARA AS CEFALEIAS (‘’SNOOP’’). • DESCREVER O TRATAMENTO DAS CEFALEIAS. • DESCREVER A FARMACOLOGIA DA DIPIRONA, METOCLOPRAMIDA, DIIDROERGOTAMINA, SUMATRIPTANO: DOSES TERAPÊUTICAS, EFEITOS DE SUPERDOSAGEM E REAÇÕES ADVERSAS. • RECONHECER A RELAÇÃO DAS CEFALEIAS COM ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS/ SOCIAIS, BEM COMO SUA IMPORTÂNCIA COMO POSSÍVEL CAUSA DE LIMITAÇÃO À CAPACIDADE FUNCIONA. • DESCREVER AS TERAPIAS COMPLEMENTARES (ACUPUNTURA, BOTOX) NO TRATAMENTO DAS DIVERSAS DOENÇAS. 6 3.DISCUSSÃO Cefaleia, é uma condição frequente, de intensidade variável e características clínicas distintas. Ela pode ser classificada, segundo suas causas determinantes, em cefaleias primárias e cefaleias secundárias. O primeiro grupo pertence às dores de cabeça que indicam, ao mesmo tempo, a enfermidade e o sintoma. No segundo, são aquelas que estão correlacionadas com outras doenças. Os mais frequentes são a cefaleia tensional, a cefaleia em salvas e a enxaqueca. Lembramos que as causas de cefaléias secundárias devem ser diagnosticadas de forma rápida e precisa com o intuito de diminuir a piora do quadro. Meningite - A ocorrência de febre, rigidez da nuca e sinais de Kernig e Brudzinski justifica investigação diagnóstica adicional com exames de imagem (TC/RM) seguidos por punção lombar com análise do líquido cerebrospinal. Hemorragia subaracnóidea - O relato de “a pior dor de cabeça da vida” ou “dor fulminante” pode ser sugestivo de hemorragia subaracnóidea. Além disso, déficits neurológicos focais podem ser encontrados, paralisia do terceiro nervo craniano sugere um possível aneurisma arterial comunicante posterior, enquanto a paralisia do sexto nervo craniano pode sugerir lesão em fossa posterior ou aumento da pressão intracraniana, assim como nistagmo ou ataxia. 7 Tumor cerebral - Relatam cefaleia como sintoma inicial, além dos déficits neurológicos focais, indícios sugestivos de lesão intracraniana incluem alteração abrupta do padrão de cefaleia preexistente, intensificação da cefaleia com manobra de Valsalva e esforço físico ou cefaleia que acorda a pessoa. Hematoma subdural - As alterações do estado mental e a instabilidade da marcha são achados comuns, lembrando que as pessoas mais velhas propensas a sangramento subdural crônico agudizado (com frequência em decorrência de quedas). Dissecção de artéria cervical – É tipicamente, unilateral e está associada a dor no pescoço ou síndrome de Horner homolateral. É posterolateral e se acompanha de meningismo quando a hemorragia subaracnóidea resultou de dissecção de sangue através da parede vascular do segmento intracraniano. Trombose venosa cerebral - Os sinais incluem crises epilépticas, alteração do estado mental, papiledema e déficits neurológicos focais. Glaucoma - O glaucoma pode apresentar-se com cefaleia debilitante associada a náuseas e vômitos. A cefaleia frequentemente começa com dor ocular intensa. Ao exame físico, o olho costuma mostrar-se eritematoso com pupila fixa e moderadamente dilatada. Síndrome de vasoconstrição cerebral reversível - Caráter explosivo de modo semelhante a hemorragia subaracnóidea. Arterite de células gigantes – Associada com dor à palpação de artéria temporal ou diminuição do pulso da artéria temporal, pode estar presentes, claudicação mandibular, perda ponderal involuntária, fadiga e/ou mialgia. Hipotensão intracraniana espontânea - A cefaleia ocorre na posição ortostática e desaparece ou melhora bastante em decúbito dorsal. A dor também pode ser intensificada pela manobra de Valsalva e sobretudo na posição de Trendelenburg. Rigidez da nuca e náuseas são prevalentes. Hipertensão intracraniana idiopática - É uma síndrome de aumento da pressão intracraniana com líquido cerebrospinal e exames de imagem do cérebro normais acometendo mulheres jovens. Observa-se sintomas como agravamento com a manobra de Valsalva, despertar do sono por causa da dor e/ou náuseas ou vômitos intratáveis, borramento visual transitório, fotopsia e tinido pulsátil. A elevação persistente da pressão intracraniana também pode desencadear sintomas de enxaquecacomo fotofobia ou fonofobia. 8 Os mecanismos envolvidos na produção das cefaleias são, deslocamento, tração, distensão, irritação ou inflamação das estruturas sensíveis à dor, no qual a sensibilidade dolorosa é fundamental como mecanismo de proteção e defesa. Dentre as estruturas cerebrais sensíveis a dor, tem-se: todas as estruturas faciais superficiais ou profundas; o couro cabeludo; o periósteo craniano; os vasos sanguíneos extracranianos; as artérias do círculo de Willis e as porções proximais extracerebrais de seus ramos; os grandes seios venosos intracranianos e suas veias tributárias; a parte basal da dura-máter e os nervos sensitivos. Assim, sabe-se que as cefaleias primárias, entre elas a enxaqueca e a cefaleia do tipo tensional são classificadas como sendo cefaleias disfuncionais, sendo os principais tipos de cefaleias. É importante entender por que esses dois distúrbios não podem ser vistos como dores somáticas, neuropáticas ou viscerais. Embora muito se tenha avançado nos conhecimentos sobre a fisiopatologia da enxaqueca, ainda existem muitos pontos obscuros que demandam estudos. Parece, entretanto, consenso que a enxaqueca é uma doença neurológica, mais precisamente uma doença do encéfalo. A cefaleia da enxaqueca tem características de uma dor visceral. Como outras vísceras, o parênquima cerebral é insensível aos estímulos dolorosos. As meninges e os vasos sanguíneos, contudo, não o são. A nocicepção originada dessas estruturas é referida sobre os dermátomos das regiões frontal, occipital e cervical posterior. Isso se deve a que as fibras nociceptivas provenientes de estruturas intracranianas convergem para os mesmos grupos de neurônios de segunda ordem (porção caudal do núcleo trigeminal e colunas posteriores dos primeiros segmentos medulares cervicais) para onde também convergem as aferênciasnociceptivas das regiões do escalpe previamente citadas. As fibras dos neurônios de segunda ordem ascendem ao tálamo, emitindo ramos colaterais a núcleos autonômicos do tronco encefálico e ao hipotálamo, aos quais se atribuem os sintomas premonitórios, tais como fadiga, alterações de apetite e de sono. Atualmente, a enxaqueca é considerada uma síndrome dolorosa neurovascular com um quadro de excitabilidade anormal no córtex cerebral, decorrente possivelmente de reduções dos níveis de magnésio, aumento dos níveis de cálcio e glutamato, que levam a uma sensibilização periférica do sistema trigeminovascular. Assim, a dor seria produzida por estruturas dolorosa cranianas como a dura-máter e vasos sangüíneos, sendo potencializada pelo extravasamento de proteínas plasmáticas neurogênicas, enquanto o processamento central da dor ocorre mediante mecanismos de modulação e sensibilização central. 9 Em relação ao quadro clinico, a migrânea é caracterizada por crises recorrentes de cefaleia, sendo composta por até quatro fases diferentes. Nem sempre todas as fases ocorrem em todas as crises e/ou em todos os pacientes. As fases da migrânea estão descritas a seguir. a. Pródromos ou sintomas premonitórios. Precedem a cefaleia por até 48 h e ocorrem em 60% dos casos. Nessa fase o paciente pode apresentar irritabilidade, alentecimento do raciocínio, desânimo, avidez por doces e distúrbios do sono. b. Aura. Ocorre em cerca de 20% dos casos. Trata-se de sinais e sintomas neurológicos reversíveis, que precedem a cefaleia em até 1 h, desenvolvem-se em 5 min e podem durar até 1 h. É possível que ocorra como sintomas visuais positivos (p. ex., escotomas cintilantes) ou negativos (p. ex., hemianopsia), sensitivos positivos (p. ex., parestesias) ou negativos (p. ex., hipoestesia), de disfasia ou paresia reversíveis (p. ex., migrânea hemiplégica familiar ou esporádica). Quando a aura da migrânea é composta por escotomas nos campos visuais de ambos os lados, disartria, vertigem, zumbido, hipoacusia, diplopia, ataxia, parestesias bilaterais e/ou diminuição do nível de consciência, é denominada de aura do tipo basilar. c. Cefaleia. A cefaleia da migrânea predomina nas regiões anteriores da cabeça (órbita ou região frontotemporal), é de moderada a forte intensidade, latejante/pulsátil, piora com as atividades do dia a dia e, invariavelmente, pode estar associada a náuseas, vômitos e foto/fonofobia. A duração da fase de dor é de 4 a 72 h, sendo unilateral em 2/3 das crises e geralmente mudando de lado de uma crise para outra.2 Na ICHD-II,2 a migrânea é definida do seguinte modo: d. Pelo menos cinco crises preenchendo os critérios de B a D e. Cefaleia durando de 4 a 72 h (quando não tratada adequadamente) f. Cefaleia preenchendo ao menos duas das seguintes características: (1) unilateral, (2) pulsátil, (3) de moderada ou forte intensidade e (4) que piora com atividade física de rotina (p. ex., subir escadas) g. Existência de pelo menos um dos seguintes sintomas durante a cefaleia: (1) náuseas e/ou vômito, (2) fotofobia e fonofobia h. História e/ou exame físico não sugerindo nenhum outro transtorno. i. Pósdromo. A última fase é a de exaustão. Os pacientes ficam horas ou até dias com uma sensação de cansaço, fraqueza, depressão, dificuldade de concentração, necessitando de um período de repouso para seu completo reestabelecimento. 10 A cefaleia do tipo tensional, é de fraca ou moderada intensidade, tipo pressão ou aperto, e é bilateral. Pode ser frontal, occipital ou holocraniana. A dor pode melhorar com atividades físicas. Surge, em geral, no final da tarde, depois de um dia extenuante de trabalho, físico ou mental. Ocorre relacionada com o estresse físico (cansaço, exagero de atividade física, posicionamento do pescoço no sono ou no trabalho) ou emocional. Por vezes, por meio da palpação muscular, observam-se dor e hipertonia da musculatura pericraniana. Diferentemente da migrânea, não está associada a náuseas, vômitos, foto e fonofobia. Conforme a ICHD-II,2 a CTT é definida segundo os seguintes critérios diagnósticos: o Pelo menos 10 crises preenchendo os critérios de B a D o Cefaleia durando de 30 min a 7 dias o Cefaleia com pelo menos duas das seguintes características: em pressão ou aperto (não pulsátil), bilateral, de leve a moderada intensidade e que não piora com as atividades físicas rotineiras (p. ex., subir escadas) o Existência dos seguintes sintomas: ausência de náuseas e vômitos e fotofobia ou fonofobia o História e/ou exame físico sem sugerir nenhum outro transtorno. As cefaleias trigêmino-autonômicas compartilham a ocorrência de cefaleia e dos sinais e sintomas autônomos cranianos. A cefaleia é unilateral e raramente muda de lado. Os sintomas autônomos ocorrem do lado da dor, sendo o lacrimejamento, a congestão conjuntival e a obstrução nasal os mais comumente encontrados. Estudos com imagem funcional em humanos e estudos experimentais sugerem que em tais síndromes haja a ativação do reflexo trigêmino-parassimpático e que a disfunção simpática craniana seja secundária. De acordo com a ICHD-II,2 as principais cefaleias trigêmino-autonômicas são: cefaleia em salvas (episódica e crônica), hemicrania paroxística (episódica e crônica) e SUNCT (cefaleia de curta duração, unilateral, neuralgiforme, com injeção conjuntival e lacrimejamento – episódica e crônica, do inglês, short-lasting unilteral neuralgiform headache with conjunctival injection and tearing). A cefaleia em salvas (CS) é uma condição rara, cuja prevalência está entre 0,01 e 0,09%, dependendo da população estudada. Acomete mais homens que mulheres, em uma proporção de 4:1, e sua incidência anual é de 2,5 casos/100.000 pessoas. Há dois picos de incidência, um 11 entre 20 e 30 anos de idade e outro entre 40 e 49 anos, evolui em surtos de 1 a 3 meses de duração (salvas), quando o paciente experimenta de uma crise a cada 2 dias a oito crises por dia. Muitas vezes o horário das crises é bastante regular e, frequentemente, o indivíduoé despertado à noite pela crise. A dor é estritamente unilateral (> 85% dos casos), periorbital, supraorbital e/ou temporal, sempre do mesmo lado, forte ou muito forte e com duração de 15 a 180 min. Durante a cefaleia ocorre, ipsilateralmente, pelo menos um dos seguintes sinais: injeção conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese na fronte ou na face, miose, ptose, edema palpebral e sudorese frontal e facial. Além disso, durante a cefaleia os indivíduos costumam ficar agitados, agridem-se e ameaçam suicídio devido à intensidade da dor. As salvas duram de no mínimo 7 dias até 1 ano, com períodos de remissão maiores que 1 mês. Esse é o tipo episódico da moléstia. Em cerca de 10% dos casos (subforma crônica), a salva dura mais de 1 ano e o período de remissão é menor que 1 mês. Tem maior prevalência no sexo feminino (2:1) e, geralmente, inicia-se na segunda década de vida. Caracteriza-se por cefaleia unilateral, em geral nas regiões orbitária, supraorbitária ou temporal, de forte intensidade. Sua duração é de 2 a 30 min e ocorre em uma frequência acima de cinco crises/dia. Assim como a CS, é dividida em subforma episódica e crônica. Além disso, como critério diagnóstico tem-se a resposta ao uso de indometacina por via oral, com desaparecimento das crises dentro de 48 a 72 h. A fim de se evitar resposta incompleta à indometacina, ela deve ser usada em dose igual ou maior que 150 mg/dia. O tratamento com indometacina deve ser mantido por longos períodos, tentando-se redução de dose e retirada a cada 3 a 6 meses. 12 Exames laboratoriais (destaque para análise do líquor em suspeita de hemorragias e meningites), radiografias da coluna cervical ou dos seios da face somente devem ser solicitados quando o quadro clínico sugerir alguma disfunção dessas estruturas ou doenças sistêmicas que possam causar cefaleia. Em pacientes com dor de cabeça aguda, a tomografia computadorizada (TC) é melhor para avaliar hemorragia aguda como a causa da dor de cabeça, enquanto a ressonância magnética (RM) é melhor para avaliar a maioria das dores de cabeça persistentes à procura de lesões focais, evidências de hipertensão ou hipotensão intracraniana, hemossiderina(hemorragia antiga) e anormalidades congênitas (p. ex., malformação de Chiari). Em indivíduos com mais de 60 anos de idade com uma dor de cabeça nova inexplicada ou incomum, a velocidade hemossedimentação (VHS) precisa ser determinada para detecção de arterite de células gigantes. Análise de líquido cefalorraquidiano (LCR), incluindo a pressão de abertura, proteína, glicose, celularidade e análise citológica e cultura, é indicada em pacientes com suspeita de hipertensão intracraniana ou meningite. •Exames laboratoriais: (Hemograma, VHS, PCR) devem ser realizados em todos os pacientes com dor de cabeça, especialmente quando se suspeita de uma condição infecciosa ou inflamatória (exemplo, pacientes acima de 50 anos, com dor em território da artéria temporal). •Exames de imagens, a tomografia computadorizada (TC) é o estudo de imagem preferido, usada para descartar hemorragia, tumores, enquanto a maioria dos pacientes devem realizar ressonância magnética, seguida de angiografia artéria e/ou venosa, por tomografia/ressonância se a doença dos vasos cerebrais for a suspeita (como aneurismas, dissecção arterial, trombose venosa cerebral). •Exames de líquor, através de punção lombar, podem ajudar a diagnosticar hemorragia subaracnóidea, infecção, e distúrbios relacionados à hipertensão ou hipotensão liquórica. Alguns critérios são necessários para que uma cefaleia possa ser considerada secundária: 1) que a condição em questão sabidamente seja capaz de causar cefaleia; 2) que a cefaleia desenvolveu-se em relação temporal com a condição subjacente. Os sinais de alerta para cefaleia secundária conforme propostos pela Sociedade Americana de Cefaleia por meio do mnemônico SNOOP são os seguintes: S (Systemic) - sinais sistêmicos como toxemia, rigidez de nuca, rash cutâneo etc.; N (Neurologic) - presença de déficits neurológicos focais, edema de papila, convulsão; O (Older) - início após os 50 anos; O (Onset) - início súbito ou primeira cefaleia; e P (Pattern) - mudança de padrão da cefaleia prévia ou 13 cefaleia progressiva. O reconhecimento desses sinais de alarme é fundamental para a formação do generalista que atuará nos serviços de urgência/emergência. Tratamento Cefaleia do tipo tensional episódica, orientação quanto a baixa gravidade e de medidas educativas como: sono regular, evitar bebidas alcoólicas, controle de estresse (técnicas de relaxamento, atividade física leve), lazer. Tratamento Abortivo: Prescrição de analgésicos (paracetamol 750-1.000 mg até 6/6 h; dipirona 500 1.000 mg até 6/6 h) e/ou anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) (ibuprofeno 400-800 mg até 6/6 h; diclofenaco 50 mg até 8/8 h; cetoprofeno 50 mg até 6/6 h; naproxeno sódico 500 mg dose inicial e 250 mg até 6/6h). Se não há resposta em 1 ou 2 horas com uma medicação, pode-se usar outra. Tratamento profilático: antidepressivos tricíclicos (amitriptilina ou nortriptilina). Enxaqueca, Manter o paciente em repouso sob penumbra em ambiente tranquilo e silencioso (leitos de observação). Se a dor tem duração inferior a 72 horas: 1. administrar antiemético parenteral se vômitos ou uso prévio de medicações: dimenidrato 30mg por via intravenosa (IV) diluído em 100ml de soro fisiológico a 0,9% ou dimenidrato 50 mg por via intramuscular (IM); 2. recomenda-se jejum, reposição de fluidos (soro fisiológico 0,9%) por via intravenosa (IV) se houver indícios de desidratação; 3. dipirona 1 grama (2 ml) (IV) diluído em água destilada (8ml), cetoprofeno 100mg (IV)diluído em soro fisiológico 0,9% (100ml) ou 100mg IM e reavaliar paciente em 1 hora; se não houver melhora, prescrever sumatriptano 6mg subcutâneo (1 seringa com 0,5ml), repetindo a dose, se necessário, em 2 horas. Se houver melhora da dor, liberar o paciente e encaminhar para acompanhamento ambulatorial na UBS. Se houver piora ou não melhora após 2 horas de observação, encaminhar 14 paciente para hospital terciário por meio da Central de Regulação para avaliação de neurologista. Nos casos em que paciente chega à urgência com dor há mais de 72 horas (estado migranoso): 1. jejum e acesso venoso para reposição de fluidos se necessário. Infundir soro fisiológico a 0,9% 500ml em pinça aberta; 2. Tratamento da crise como citado anteriormente associado à dexametasona 10mg (ampola 10mg/2,5ml) IV lento. 3. Se não melhorar com dexametasona e estiver na urgência da UBS encaminhar o paciente para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde deverá ser prescrito: clorpromazina 0,1-0,25mg/kg IM (ampola 25 mg/5 ml); manter infusão de soro fisiológico a 0,9%; se em 1 hora o paciente mantiver a dor, repetir clorpromazina por até três vezes, no máximo. Atentar para hipotensão arterial e sinais / sintomas extrapiramidais (como rigidez muscular e inquietude) causados pela medicação, orientar o paciente a não levantar-se bruscamente. Não repetir a dose se ocorrer hipotensão ou sinal/sintoma extrapiramidal. Se melhora clínica alta, se não houver melhora, faz-se encaminhamento ao CR para avaliação com neurologista. Obs.1: Não prescrever opióide para o tratamento da crise de enxaqueca deido ao risco de dependência. Tratamento Profilático: profilático: 1ª linha – betabloqueadores (propranolol, atenolol), antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina) e flunarizina. Como alternativas para o tratamento, temos: antiepilépticos (valproato e topiramato); antagonistas da serotonina (ergotamina, di-hidroergotamina, metisergida, pizotifeno e ciproeptadina); anti-inflamatórios não esteroidais (ácido acetilsalicílico, derivados da indometacina, derivados do ácido mefenâmico e tolfenâmico, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, clonixinato delisina, nimesulida, lumiracoxibe e celecoxibe). Estes são usados para o tratamento preventivo de curto prazo como, por exemplo, a enxaqueca menstrual; e uma miscelânea de substâncias como a tizanidina, vitamina B2 (riboflavina) e a vitamina B6 (piridoxina). Cefaleia em salvas, administrar oxigênio a 100%, em máscara sem recirculação, com fluxo de 10- 12 l/min durante 20 minutos, ou sumatriptano 6mg por via subcutânea se disponível, porém se o paciente tiver usado algum vasoconstritor, evitar este. Não devem ser usados analgésicos comuns e opioides. 15 Após melhora orientar a evitar fatores desencadeantes (bebidas alcoólicas e substâncias voláteis), até o final do período de crises. Encaminhar o paciente para avaliação pelo neurologista em nível secundário. Tratamento profilático: verapamil (droga de escolha), carbonato de lítio, ergotamina. Cefaleia crônica não progressiva (Migrânea crônica ou Cefaleia do tipo tensional crônica). Usar clorpromazina como orientado acima e o médico da urgência deve encaminhar o paciente ao neurologista em nível secundário. Analgésicos devem ser abolidos, pois pioram o quadro. Orientações quanto hábitos educativos (sono, evitar bebidas alcoólicas, e etc) O padrão de cefaleia crônica progressiva é o mais raro, porém de reconhecimento fundamental pelo médico do setor de urgência, já que, pode ser um sintoma de um transtorno subjacente potencialmente grave (cefaleia secundária), devendo, portanto, sempre ser investigado. Cefaleia aguda emergente (dor nova ou francamente diferente das anteriores); Com febre: Secundária a infecções sistêmicas: resfriado comum, dengue, gripe, sinusite. Ou secundária a infecções do sistema nervoso central: meningite, encefalite, abscesso cerebral, empiema. Manejo clínico: Na suspeita de infecção sistêmica associada à cefaleia (síndrome gripal, dengue, sinusite, entre outros), tratamento é sintomático e/ou antibiótico de acordo com o provável diagnóstico e orienta retorno breve à unidade caso piorem os sintomas. Nos casos de cefaleia e febre com sinais de alerta, encaminhamento do paciente a um hospital terciário para avalição com neurologista. Sem febre: Cefaleia súbita, “a pior da vida”, associada a sinais de alerta: hemorragia subaracnóidea aguda (HSA), hemorragia intraparenquimatosa (HIP), acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi), hidrocefalia aguda, trombose venosa cerebral. Manejo clínico: acionar a Central de Regulação para encaminhar o paciente imediatamente ao hospital terciário para avaliação com neurologista. No setor de urgência, iniciar medidas de suporte: manter jejum, acomodar o paciente em leito de observação, proteger vias aéreas, prover oxigênio, se necessário, e disponibilizar acesso venoso periférico. 16 Em relação a farmacologia do dipirona: forma metabólitos após sua metabolização, os que possuem propriedades analgésicas são: 4-metilaminoantipirna (4-MAA) e o 4-amino- antipirina (4-AA); além disso ocorre a inibição da ciclo-oxigenase e a inibição da síntese de prostaglandinas preferencialmente no sistema nervoso central. Os efeitos analgésico e antipirético podem ser esperados em 30 a 60 minutos após a administração e geralmente duram cerca de 4 horas. Efeitos adversos: vômito, diarreia, náuseas, broncoespasmos, rash, dor abdominal, urina avermelhada, reações anafiláticas, anemia, agranulocitose, neutropenia, síndrome Stevens-Johnson, trombocitopenia, entre outras. Farmacologia metoclopramida: antagonista dos receptores dopamínicos D2, no intestino a ativação dos receptores de dopamina inibe a estimulação colinérgica do músculo liso; acredita-se que o bloqueio desse efeito constitui o principal mecanismo procinético de ação desses fármacos. Efeitos colaterais: 10 a 20% dos paciente, principalmente idosos, sentem inquietação, insônia, sonolência e ansiedade. Foi observado ocorrência de efeitos extrapiramidais como distonia, acatisia, manifestações parkinsoniana e discinesia tardia, algumas vezes irreversível, em pacientes tratados durante um período de tempo prolongado. Farmacologia Di hidroergotamina: os derivados do esporão do centeio são altamente específicos para a dor da enxaqueca e não são analgésicos para qualquer outra condição. Embora as triptanas discutidas anteriormente sejam preferidas pela maioria dos médicos e pacientes, a terapia tradicional com ergotamina também pode ser efetiva quando administrada durante o pródromo de uma crise; entretanto, torna-se progressivamente menos efetiva se a sua administração for tardia. O tartarato de ergotamina está disponível para uso oral, sublingual, na forma de supositórios retais e por inalação. Com frequência, é associado com cafeína (100 mg de cafeína para cada 1 mg de tartarato de ergotamina) para facilitar a absorção do alcaloide do esporão do centeio. A vasoconstrição induzida pela ergotamina é de longa duração e cumulativa quando o fármaco é tomado repetidamente, como em um episódio grave de enxaqueca. A metisergida, que era usada no passado para profilaxia contra enxaqueca, foi retirada do mercado em virtude de sua toxicidade. Toxicidade: distúrbios gastrintestinais, incluindo diarreia, náuseas e vômitos. A ativação do centro do vômito no bulbo e dos receptores de serotonina gastrintestinais está envolvida. O vasospasmo prolongado constitui um efeito tóxico mais perigoso, habitualmente associado à superdosagem, de fármacos como a ergotamina e a ergometrina. O sinal de estimulação do músculo liso vascular pode resultar em gangrena, exigindo amputação. Foi também relatada a ocorrência de infarto intestinal, que pode exigir ressecção. 17 Farmacologia, sumatriptano: terapia de primeira linha para ataques agudos de enxaqueca na maioria dos pacientes. A sumatriptana e outras triptanas são agonistas seletivos dos receptores 5-HT1D e 5-HT1B. Esses tipos de receptores são encontrados em vasos cerebrais e meníngeos e medeiam a vasoconstrição. São também encontrados em neurônios e provavelmente atuam como receptores inibitórios pré-sinápticos. Efeitos colaterais: alterações sensoriais (formigamento, calor, etc.), tontura, fraqueza muscular, dor cervical e, no caso da sumatriptana parenteral, reações no local da injeção. Ocorre desconforto torácico em 1 a 5% dos pacientes, e já foi relatada a ocorrência de dor torácica, provavelmente devido à capacidade desses fármacos de causar vasospasmo coronariano. Segundo Waldie e Poulton (2002), pesquisas apontam relações significativas entre algumas desordens psiquiátricas e a etiologia da cefaléia de tensão. Alguns estudos, por exemplo, sugerem o estabelecimento de relações entre fatores de personalidade (tais como: neuroticismo, rigidez, hostilidade, baixa auto-estima e sentimentos de desamparo) e o uso de estratégias ineficazes para o enfrentamento de situações estressantes. Adams (1985) já apontava a existência de uma tendência, em pacientes com cefaléia, a exibir respostas de dor frente a situações de tensão, como resultado de uma história de modelos familiares desadaptados de enfrentamento ao estresse. Essa tendência manter-se-ia por reforçamento social e por seu valor de esquiva. Sob a perspectiva da Psicologia da Saúde, percebe-se que os modelos explicativos mais recentes começam a explorar uma suposta relação funcional entre o indivíduo e a doença. Estariam também incluídos fatores sociais e psicológicos, além daqueles biológicos. Essa tendência de considerar a doença uma condição associada a uma multiplicidade de fatores é coerente com a evolução dos modelos teórico-filosóficos da área de saúde. Se, inicialmente, predominava um discurso biológico, a inserção das ciências humanas no campo da saúde vem possibilitando uma nova concepção da relação mente-corpo, considerando-se a interação do indivíduo com o ambiente sob uma perspectiva mais sistêmica (Martins, 2001; Ogden, 1996). A acupuntura é uma tecnologiade intervenção em saúde que faz parte dos recursos terapêuticos da medicina tradicional chinesa (MTC) e estimula pontos espalhados por todo o corpo, ao longo dos meridianos, por meio da inserção de finas agulhas filiformes metálicas, visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde, bem como a prevenção de agravos e doenças, pode ser de uso isolado ou integrado com outros recursos terapêuticos da MTC ou com outras formas de cuidado. A auriculoterapia é uma técnica terapêutica que promove a 18 regulação psíquico-orgânica do indivíduo por meio de estímulos nos pontos energéticos localizados na orelha. A toxina botulínica é amplamente utilizada em casos envolvendo atividade muscular involuntária ou aumento de tônus muscular; recentemente tem se estudado a respeito da capacidade de diminuição da dor, pela liberação de substâncias relacionadas ao mecanismo da sensação de dor. 19 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Cefaleia ocorre em todos os grupos etários e é responsável por 1 a 2% das avaliações em serviços de emergência e por até 4% das visitas a consultórios médicos; as causas são inúmeras. Embora na maioria das vezes seja uma condição benigna (principalmente quando crônica e recorrente), a cefaleia de início recente pode ser a primeira ou principal manifestação de doença sistêmica ou intracraniana grave e, portanto, requer uma avaliação minuciosa e sistemática. Cefaleia é um sintoma muito frequente e deve ser considerado um sinal de alerta, seja ela consequência de problemas graves ou não. A classificação das cefaleias tem utilidade clínica, auxiliando no estabelecimento do diagnóstico, prognóstico e abordagem em terapêutica, e científica, uniformizando a nomenclatura dos diversos tipos de cefaleia, estudados em diferentes centros de investigação 20 5.REFERÊNCIAS Academia Brasileira de Neurologia. PROTOCOLO NACIONAL PARA DIAGNÓSTICO E MANEJO DAS CEFALEIAS NAS UNIDADES DE URGÊNCIA DO BRASIL Departamento Científico de Cefaleia Sociedade Brasileira de Cefaleia. 2018. FLORES, Adriana Mayon N .; COSTA JUNIOR, Áderson L .. O manejo psicológico da dor de cabeça tensional. Psicol. cienc. prof. , Brasília, v. 24, n. 3, pág. 24-33, setembro de 2004. GOODMAN, A. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006; GREENBERG, M.J., AMINOFF, R.P. et eal. Neurologia clínica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. KASPER, Dennis L. et al. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017. LOUIS, E. D.; MAYER, S. A.; ROWLAND, L. P. Merritt - Tratado de Neurologia. 13a. Edição, Editora Guanabara Koogan, 2018. MONTEIRO, J.M.P. Cefaleias primárias: causas e consequências. Rev Port Clin Geral. 2006; 22:455-459. SPECIALI, José Geraldo et al. PROTOCOLO NACIONAL PARA DIAGNÓSTICO E MANEJO DAS CEFALEIAS NAS UNIDADES DE URGÊNCIA DO BRASIL - 2018. Academia Brasileira de Neurologia : Departamento Científico de Cefaleia Sociedade Brasileira de Cefaleia, [s. l.], 2018. Disponível em: https://sbcefaleia.com.br/images/file%205.pdf. Acesso em: 16 abr. 2021. 1.INTRODUÇÃO 2.OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 2.1 OBJETIVO GERAL: • SISTEMATIZAR OS CUIDADOS DO PACIENTE COM CEFALEIA. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 3.DISCUSSÃO 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.REFERÊNCIAS
Compartilhar