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tinham terminado uma tarefa cansativa preferiam um artigo coerente com seu próprio ponto de vista a uma extensão maior do que os indivíduos que não estavam cansados. Essa descoberta sugere que nossa tendência natural é acreditar nas coisas que confirmam nossas expectativas, e que evitar a armadilha da confirmação exige muito esforço. Viés 9: Ancoragem Problema 9. Apanhe os três últimos dígitos do número do seu telefone. Acrescente o número 1 na frente da sequência, de modo que você tenha quatro dígitos. Pense nesse número como um ano. Escreva esse número aqui: __________ Agora, tente estimar o ano em que o Taj Mahal foi concluído. Isso foi antes ou depois da data formada pelo seu número de telefone? ____________Antes ____________Depois Na linha a seguir, por favor, faça a sua melhor estimativa do ano real em que o Taj Mahal foi concluído: _____________________________ A sua resposta foi afetada pelo seu número de telefone? A maioria das pessoas que responde a essa pergunta se deixa influenciar por essa informação obviamente irrelevante. Reconsidere como você teria respondido se o seu número de telefone resultasse no ano 1978 ou no ano 1040. Na média, os indivíduos cujos três últimos dígitos são altos oferecem estimativas mais recentes para o término do Taj Mahal do que os indivíduos com números de telefone mais baixos. Na verdade, o Taj Mahal foi concluído em 1648 em Agra, Índia, depois de 15 anos de construção. Por que prestamos atenção a “âncoras” irrelevantes, como os dígitos de um número de telefone? Existem pelo menos dois motivos para as âncoras afetarem nossas decisões. Primeiramente, desenvolvemos estimativas começando com uma âncora inicial que é baseada em qualquer informação fornecida e ajustamos pela âncora para gerar uma resposta final (Epley e Gilovich, 2001). Ajustes fora das âncoras normalmente não são suficientes (Tversky e Kahneman, 1974). Em segundo lugar, Mussweiler e Strack (1999) mostram que a existência de uma âncora leva as pessoas a pensarem na informação que é coerente com essa âncora (por exemplo, motivos pelos quais o Taj Mahal pode ter sido concluído em torno do ano formado pelo final do seu número de telefone) em vez de avaliar informações que são incoerentes com a âncora (por exemplo, motivos pelos quais a data de conclusão do Taj Mahal foi diferente do número formado pelo seu número de telefone). Esse fenômeno ocorre até mesmo 84 quando as âncoras são apresentadas de forma subliminar (Mussweiler e Englich, 2005). Em sua demonstração clássica da ancoragem, Tversky e Kahneman (1974) solicitaram aos participantes que estimassem a porcentagem de países africanos nas Nações Unidas (ONU). Para cada participante foi dado um número aleatório (obtido por uma rodada de roleta observada pelo participante) como ponto de partida. Dali em diante, solicitou-se aos participantes que declarassem se a quantidade real era mais alta ou mais baixa do que esse valor aleatório e então desenvolvessem sua melhor estimativa. Descobriu-se que os valores arbitrários da roleta tinham um impacto substancial sobre as estimativas. Por exemplo, para aqueles que começaram com o número pela roleta, a mediana das estimativas foi de 25% de países africanos na ONU. Entre aqueles que começaram com o número 65 na roleta, a mediana das estimativas foi de 45%. Assim, mesmo os participantes estando cientes de que a âncora era aleatória e não estava relacionada com a tarefa da estimativa, ela teve um efeito dramático sobre o seu julgamento. O interessante é que pagar aos participantes conforme a precisão de sua estimativa não reduziu a magnitude do efeito da ancoragem. Mussweiler e Strack (2000) mostraram que o poder da ancoragem pode ser explicado pela heurística da confirmação e pela acessibilidade seletiva em nossas mentes da informação coerente com a hipótese. Em uma experiência, eles pediram aos participantes que estimassem o preço médio de um carro novo na Alemanha. Metade dos participantes recebeu uma âncora alta (40.000 marcos alemães) e metade recebeu uma âncora baixa (20.000 marcos alemães). Os participantes que receberam a âncora alta foram mais rápidos em reconhecer palavras (como “Mercedes” e “BMW”) associadas a carros caros. Os participantes que receberam âncoras baixas, por outro lado, foram mais rápidos em reconhecer palavras (como “Golf” e “VW”) associadas a carros mais populares, sugerindo que os conceitos relacionados às âncoras fornecidas estavam mais ativos em suas mentes e mentalmente mais acessíveis. De fato, expor um indivíduo a um preço extremo pode aumentar o preço que o indivíduo está disposto a pagar por um produto (Janiszewski, Lichtenstein e Belyavsky, 2008), mesmo que o produto focal esteja em uma categoria diferente que o produto com um preço extremo (Adaval e Wyer, 2011). Adicionalmente, Oppenheimer, LeBoeuf, e Brewer (2008) demonstraram que ações aparentemente 85 arbitrárias podem influenciar a magnitude das âncoras. Por exemplo, participantes solicitados a desenhar linhas longas forneceram estimativas mais altas do comprimento do Rio Mississippi do que os participantes que foram solicitados a desenhar linhas curtas. Alunos formados em MBA costumam reclamar sobre o efeito da ancoragem em suas negociações salariais. As organizações que estão contratando geralmente estão interessadas em saber sobre os salários desses alunos antes do MBA. Inevitavelmente, esses valores influenciam as ofertas depois de os alunos terem se graduado em MBA, apesar de esses valores serem muito pouco relevantes para seu desempenho futuro. Um valor mais informativo seria quanto o aluno poderia ganhar em outro lugar com sua experiência de MBA, talvez medido pelas ofertas que seus colegas estão recebendo. Quando eles aceitam empregos, os aumentos de salário futuros normalmente vêm na forma de aumentos percentuais, com base no salário atual. Aqueles alunos de MBA que negociam agressivamente pretendem obter maiores salários, que então servirão de âncoras para os salários nos próximos anos. Sua propensão a negociar desde o início pode ser bastante relacionada ao seu desempenho no cargo. Por exemplo, a evidência sugere que as mulheres têm menos probabilidade de negociar do que os homens (Bowles, Babcock e McGinn, 2005). Além do mais, descobertas de pesquisa sugerem que, quando um empregador está decidindo que oferta fazer para um candidato a emprego, qualquer âncora que entre na discussão, como um comentário fora de mão por um cônjuge desinformado ou secretária, provavelmente afetará a eventual oferta, mesmo que o empregador tente ignorar a âncora como sendo irrelevante. Há numerosos exemplos do fenômeno de ancoragem na vida cotidiana. Por exemplo: • Na educação, o desempenho das crianças é acompanhado por um sistema escolar que pode categorizá-las por capacidade desde uma tenra idade. Um estudo mostrou que os professores tendem a esperar que as crianças designadas no grupo mais baixo realizem pouco e têm expectativas muito maiores em relação às crianças no grupo mais alto (Darley e Gross, 1983). Essas expectativas influenciam o desempenho real de maneiras profundas, conforme revelado por estudos em que os alunos eram atribuídos aleatoriamente a grupos de níveis variados. Os professores, que não sabiam que a atribuição 86 foi aleatória, tratavam os alunos de forma diferente, dependendo do grupo ao qual pertenciam (Rosenthal, 1974; Rosenthal e Jacobson, 1968). • Todos nós já fomos vítimas da síndrome da primeira impressão ao encontrar alguém pela primeira vez. Geralmente, damos tanta ênfase à âncora das primeiras impressões que deixamos de ajustar nossa opinião apropriadamente mais tarde, quando temos chance de fazer isso (Dougherty, Turban e Gallender, 1994). • A raça de uma pessoa serve como uma âncora com relação às nossas expectativas de seu comportamento, e costumamos nos ajustar insuficientemente a partir dessa âncora. Devido a estereótipos profundamente enraizados sobre as pessoas de descendência africana, os americanos percebem o mesmo comportamento exibido por um afro-americanocomo sendo mais assertivo do que quando esse mesmo comportamento é exibido por um europeu-americano (Duncan, 1976). Nossa tendência de reagir mais agressivamente a indivíduos que são diferentes de nós (Pedersen, Bushman, Vasquez e Miller, 2008) exacerba esse problema, pois americanos brancos não somente são mais prováveis de perceber os afro-americanos como sendo mais agressivos que outros americanos brancos, mas são mais prováveis de reagir com hostilidade à agressão percebida por afro-americanos. O comportamento hostil pode incitar um comportamento agressivo real, que afirma falsas visões sobre a agressão dos afro-americanos. Joyce e Biddle (1981) forneceram suporte empírico para a presença do efeito de ancoragem e ajuste entre os auditores em exercício das principais empresas de auditoria.Aos auditores que estavam participando em uma condição perguntou-se o seguinte (adaptado do original para manter o problema atualizado): É fato bem conhecido que muitos casos de fraude da administração passam despercebidos mesmo quando são realizadas auditorias anuais competentes. A razão, é claro, é que as Normas de Auditoria Geralmente Aceitas (Generally Accepted Auditing Standards) não são elaboradas especificamente para detectar fraude no nível da administração executiva. Estamos interessados em obter uma estimativa de auditores em exercício relativa à preponderância da fraude no nível da administração executiva como um primeiro passo para a averiguação do escopo do problema. 1. Com base na sua experiência de auditoria, a incidência de fraudes significativas 87 no nível da administração executiva é mais de 10 em cada mil empresas (isto é, 1%) auditoradas pelas quatro grandes empresas de contabilidade? a. Sim, mais de 10 em cada mil clientes das quatro grandes apresentam fraudes significativas no nível da administração executiva. b. Não, menos de 10 em cada mil clientes das quatro grandes apresentam fraudes significativas no nível da administração executiva. 2. Qual é sua estimativa do número de clientes por mil das quatro grandes que apresentam fraudes significativas no nível da administração executiva? (Preencha o espaço a seguir com o número apropriado). ______ em cada mil clientes das quatro grandes apresentam fraudes significativas no nível da administração executiva. A única diferença da segunda condição era que se perguntava aos participantes se a incidência era mais ou menos de 200 em cada mil empresas auditadas, e não 10 em mil. Antes dos escândalos de auditoria que começaram a surgir em 2001, os participantes estimaram, para a primeira condição, uma incidência de fraude de 16,52 por mil em média, em comparação com uma estimativa de incidência de fraude de 43,11 por mil na segunda condição! Em nosso próprio uso desses problemas com turmas de executivos, as respostas às duas versões aproximadamente dobraram desde a queda da Enron, mas as diferenças entre as duas versões do problema permanecem grandes. Parece que até mesmo especialistas maduros, incluindo auditores profissionais, podem ser afetados pelas âncoras. Na verdade, Englich e seus colegas (Englich e Mussweiler, 2001; Englich, Mussweiler e Strack, 2006) mostram que as decisões das sentenças dos juízes são influenciadas por âncoras tão irrelevantes quanto o acaso do lançamento de um dado. Epley (2004) discute dois processos diferentes que levam ao viés da ancoragem. Especificamente, ele mostra que, quando uma âncora é definida externamente (ou seja, não definida por quem toma a decisão), a âncora leva a uma busca enviesada por informações compatíveis com ela (Mussweiler e Strack, 1999, 2000, 2001). Por exemplo, quando você vê uma casa cujo preço sugerido é muito acima do seu valor de mercado, a âncora alta provavelmente o levará a ver as características positivas da casa que são coerentes com uma avaliação alta. Ao contrário, quando alguém desenvolve sua própria âncora, ele começará com essa âncora e se ajustará de modo insuficiente para longe dela (Epley e Gilovich, 2001). Por exemplo, ao considerar a questão de quando George Washington foi eleito presidente dos Estados Unidos, a maioria dos americanos começa 88 com o ano em que o país declarou sua independência da Inglaterra (1776) e ajusta para cima até chegar a uma estimativa. Descobertas de Nisbett e Ross (1980) sugerem que o próprio viés de ancoragem determina que será muito difícil convencê-lo a mudar suas estratégias de tomada de decisões como resultado da leitura deste livro. Eles argumentam que as heurísticas que identificamos aqui são âncoras cognitivas e são fundamentais para o nosso processo de julgamento. Assim, qualquer estratégia cognitiva sugerida deve ser apresentada e entendida de um modo que forçará você a romper suas âncoras cognitivas existentes. Com base nas evidências desta seção, esse seria um desafio difícil – mas um desafio importante e que vale o esforço! Viés 10: Vieses de eventos conjuntivos e disjuntivos Problema 10. Qual dos seguintes casos parece ser o mais provável? Qual parece ser o segundo mais provável? a. Apanhar uma bola vermelha de uma bolsa contendo 50% de bolas vermelhas e 50% de bolas brancas. b. Apanhar uma bola vermelha sete vezes seguidas, com reposição (ou seja, uma bola selecionada é colocada de volta na bolsa antes que a próxima bola seja selecionada), de uma bolsa contendo 90% de bolas vermelhas e 10% de bolas brancas. c. Apanhar pelo menos uma bola vermelha em sete tentativas, com reposição, de uma bolsa contendo 10% de bolas vermelhas e 90% de bolas brancas. A ordenação de preferências mais comum é B-A-C. O interessante é que a ordem correta de probabilidade é C (52%), A (50%), B (48%) – exatamente o oposto do modelo intuitivo mais comum! Esse resultado ilustra um viés geral de superestimação da probabilidade de eventos conjuntivos, ou eventos que devem ocorrer em conjunção com outro (Bar- Hillel, 1973), e de subestimação da probabilidade de eventos disjuntivos, ou eventos que ocorrem independentemente (Tversky e Kahneman, 1974). Assim, quando é preciso ocorrer eventos múltiplos (escolha B) superestimamos a probabilidade verdadeira, ao passo que, se somente um dos muitos eventos precisa ocorrer (escolha C), subestimamos a probabilidade verdadeira desse evento. Conforme discutimos no Capítulo 2, a superestimação de eventos conjuntivos é uma poderosa explicação para os problemas que ocorrem tipicamente com projetos que requerem planejamento multiestágio. Indivíduos, empresas e governos frequentemente são vítimas do viés dos eventos conjuntivos em termos de cronograma e orçamento. Projetos de 89