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LAUDO TÉCNICO DE VISTORIA DE ENGENHARIA 2 01. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente Laudo Técnico de Vistoria Predial foi solicitado pela Prefeitura Municipal de Águas de Chapecó, Estado de Santa Catarina, através da Defesa Civil do Estado de Santa Catarina, e elaborado em obediência às diretrizes atribuídas pelas Normas Técnicas Brasileiras aprovadas e regulamentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, sendo imprescindíveis as suas recomendações, convenções e requisitos em todas as manifestações escritas, tais como: Pareceres e Laudos Técnicos de Engenharia. Não é o objetivo e pretensão deste trabalho esgotar o assunto que, pela própria natureza e complexidade, necessita, para o seu aprofundamento, de um nível de conhecimento que excede os princípios básicos aqui apresentados. 02. LOCALIZAÇÃO A edificação, objeto deste laudo refere-se a uma edificação de um pavimento, situada às margens da SC 283, bairro São Cristóvão, município de Águas de Chapecó, estado de Santa Catarina. O município de Águas de Chapecó – SC, está localizado a uma latitude 27º4'23" sul e a uma longitude 52º59'25" oeste, estando a uma altitude de 238 metros. A edificação pertinente a analise, está localizada no Bairro Novo Horizonte. A frente da edificação, está localizada a Rodovia SC 283, e ao redor da edificação possui edificações residenciais, industriais e comerciais. É de grande valia ressaltar que a poucos metros da edificação que está em análise, aos fundos, passa o rio Chapecó. Figura 01 – Imagem áerea de localização do imóvel. Fonte: Adaptado de Mapa Municipal (2023). 3 03. ESCOPO O presente laudo tem por finalidade a realização de uma inspeção predial como um “Check- up” da edificação com a finalidade de averiguação e procedimentos técnicos investigativos da Engenharia Diagnóstica, de elementos construtivos, com o objetivo de identificar e relatar se as anomalias construtivas que interferem e prejudicam a funcionalidade, suas instalações, seu desempenho, vida útil, análise de risco oferecido aos usuários, patologias, danos físicos e vícios construtivos existentes na edificação foram causadas por intervenções vizinhas, bem como relatar o nexo causal, apontando as possíveis causas que deram origem às manifestações, recomendando os procedimentos necessários para as obras de reparo. Neste contexto, é importante frisar que, a ANOMALIA representa a irregularidade relativa à construção e suas instalações, enquanto que a FALHA diz respeito à manutenção, operação e uso da edificação. 04. VISTORIA DO IMÓVEL Foi realizada a vistoria no imóvel em data de 05 de maio de 2023, no período da manhã, na companhia de um representante da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, oportunidade em que foram observadas as características e condições gerais do imóvel. O tempo estava chuvoso, sem aberturas de sol, com clima frio e úmido, onde a temperatura variou durante o dia entre 10° e 25° C (CLIMATEMPO, 2023). Durante a vistoria realizada “in loco”, não foram realizados ensaios destrutivos e/ou testes com equipamentos, foi realizada apenas inspeção visual, colhidas imagens fotográficas que constituem embasamentos anexos. 4.1. Características e Padrão Construtivo Ao ser averiguada, a edificação expos características relativas ao seu método construtivo, sendo este contemplado pelo uso do concreto armado, além de paredes de vedação com a utilização de tijolos de 06 furos, e o piso é composto apenas por contrapiso. O telhado da edificação tem sua parte interna de vigamento para treliças na espécie de madeira, e cobertura com telhas cerâmicas. A parte hidráulica é composta por canos do tipo PVC, enquanto a parte elétrica por cabos semiflexíveis. Os principais danos e patologias observados, durante a vistoria técnica, foram: • Recalque diferencial das fundações; 4 • Trincas em alvenarias e pavimentações; • Escorregamento rotacional de solo. 05. DESCRIÇÃO DOS DANOS E PATOLOGIAS OBSERVADAS Condições de estabilidade da edificação Durante a vistoria foram constatadas patologias oriundas de recalque diferencial, e estas patologias estão evoluindo, com contínua abertura nas brechas existentes, elevando a classificação do grau de risco, vindo a causar danos graves aos usuários, bem como à edificação, a qual se encontra instável sob o ponto de vista estrutural. 06. CENÁRIO ATUAL: 6.1 Patologias em ocorrência cujas Anomalias estão evidenciadas. 6.1.1: RECALQUE DIFERENCIAL Item: RECALQUE DIFERENCIAL Foto nº: 01 e 02 Local: FUNDAÇÕES Data: 05/05/2023 5 Foto 01: Indícios de inexistência de elementos estruturais de concreto. Foto 02: Indícios de inexistência de elementos estruturais de concreto. Descrição: PATOLOGIA - Erro de projeto: As principais causas das patologias na estrutura de fundação, segundo Helene (2003), se originam por erro na determinação das cargas atuantes; desconsideração de etapas construtivas; erro no dimensionamento dos elementos (vigas, pilares); armaduras sem previsão de fissuração em concreto e a ausência de detalhes do projeto estrutural. Lembrando que de acordo com a NBR 6122/2019 a largura da base da sapata não pode ser inferior a 60 cm. Nas fotos 01 e 02 é possível verificar a inexistência de elementos estruturais de concreto da edificação. Criticidade: A realização de reforços de fundação, ou seja, mudança no sistema solo- fundação-estrutura já existente, visando melhorar o seu desempenho, é insuficiente, pois a falta de discernimento ao executar uma construção sem o correto dimensionamento das estruturas podem levar ao desabamento da edificação. 6 6.1.2: BRECHAS Item: BRECHAS Foto nº: 03 a 06 Local: ALVENARIAS E PAVIMENTAÇÕES Data: 08/05/2023 Foto 03: Brecha na alvenaria da fachada lateral direita da edificação. Foto 04: Brecha na alvenaria da parede interna o banheiro da edificação. 7 Foto 05: Brecha na alvenaria da fachada lateral direita da edificação. Foto 06: Brecha na pavimentação interna da edificação. Descrição: PATOLOGIA – Erro de projeto: Os problemas causados pelo recalque da fundação, geralmente, desencadeiam fissuras por tração diagonal, com pontos de esmagamentos localizados (forças de cisalhamento diferenciais) e aberturas consideráveis. Geralmente o recalque de fundações gera a formação de fissuras inclinadas, com aberturas consideravelmente maiores e com a parte horizontal sobre o ponto de maior recalque (THOMAZ, 2002). As brechas na pavimentação são consequências típicas do adensamento elevado do solo onde o contrapiso está apoiado. Outra questão que intensifica a certeza de que o resultado das fissuras é o recalque das fundações é a crescente abertura das fissuras, ou seja, indica que o aterro com solo argiloso não alcançou o total adensamento e continua a reduzir seu volume, compactando. Criticidade: Não se deve adotar uma medida isolada para reparação das brechas e trincas na alvenaria; ou seja, realizar preenchimento com graute, uso de telas de reforço ou substituir a alvenaria, e sim extinguir o mecanismo de causa, que é o recalque diferencial das fundações. Como a edificação não 8 realizou o correto dimensionamento das fundações a única solução é a demolição. 6.1.3: ATERRO MAL EXECUTADO Item: ATERRO MAL EXECUTADO Foto nº: 07 Local: FUNDOS DA EDIFICAÇÃO Data: 08/05/2023 Foto 07: Aterro executado com materia de baixa qualidade e mal compactado. Descrição: PATOLOGIA – Erro de projeto e Falha de execução: Sobre solos inclinados é imprescindível que o corte e posteriormente o aterro sejam executados em forma de escada, assim, as diversas camadas de 20 cm de aterro terão sua compactação mais eficiente amarrandomelhor o solo natural com o solo depositado, garantindo dessa maneira, a estabilidade total do conjunto e resistindo à corrente das águas pluviais (MARCELLI, 2010). O fenômeno indesejado mais presente nestas fundações é o recalque diferencial, quando uma das sapatas sofre um afundamento diferente das outras em decorrência da redução 9 de volume do solo. Devido ao novo peso da obra sobre o solo mal compactado por causa do entulho depositado, a tendência é que algum pilar sofra o recalque ou parte da casa passe pelo processo de assentamento no solo, propiciando as trincas e em casos mais graves as rachaduras. As sapatas costumam não dar transtornos quando estão assentadas sobre solo natural e de boa qualidade, por isso é importante que elas estejam na profundidade adequada até encontrar a cota de solo natural, mesmo que atravessem terrenos aterrados (MARCELLI, 2010). Criticidade: É importante observar a estabilização das aberturas das brechas e o surgimento de novas fissuras, pois a recuperação ou nova construção só deverá ser feita se for comprovada a estabilidade do talude e do recalque de fundação. 6.1.4: ESCORREGAMENTO ROTACIONAL DE SOLO Item: ESCORREGAMENTO ROTACIONAL DE SOLO Foto nº: 08 Local: ATERRO Data: 08/05/2023 Foto 08: Trinca no solo decorrente de início de escorregamento rotacional. Descrição: PATOLOGIA – Erro de projeto e Falha de execução: Os movimentos de massa são movimentos gravitacionais responsáveis pela mobilização 10 de solo, sedimentos, vegetação ou rocha pela encosta abaixo, geralmente potencializados pela ação da água. Ocorrem quando a força de tração, dada pela gravidade atuando na declividade do terreno, supera a força de resistência, principalmente a força de atrito (MONTGOMERY, 1992). Os fatores condicionantes antrópicos (resultantes da ação do homem) presentes no local vistoriado são a execução de cortes e aterros inadequados e concentração de águas pluviais não disciplinadas. Os escorregamentos circulares (rotacionais) possuem superfícies de deslizamento curvas, sendo comum a ocorrência de uma série de rupturas combinadas e sucessivas. Geralmente ocorre em aterros, pacotes de solo ou depósitos mais espessos, rochas sedimentares ou cristalinas intensamente fraturadas. De acordo com o Código Florestal (Lei 4.771/65), a vegetação natural localizada em topo de morros, montes, montanhas e serras deve ser mantida como Área de Preservação Permanente (APP). Também em encostas com declividade superior a 45 graus, a legislação exige preservação da totalidade da vegetação na linha de maior declive, para proteger as reservas hídricas e evitar deslizamentos e assoreamento dos rios. Criticidade: É importante que ocorra a cessação da ocupação e realização de obras de infraestrutura e a remoção das construções feitas em áreas de risco, pois com a preservação dos recursos naturais, independente do volume de chuvas não haverá calamidades. 07. CONSIDERAÇÕES A presente edificação situa-se em área de preservação permanente do município de Águas de Chapecó, bem como, também em área de domínio rodoviário do DEINFRA. A presente edificação altera o ecossistema da área de preservação permanente, uma vez que por ser destinado a este fim, nenhuma obra de infraestrutura de saneamento básico (drenagem) foi executada nesta área, mantendo sua preservação permanente. Por não haver drenagem, as fortes chuvas podem ter culminado no escorregamento rotacional do solo, induzindo a recalques diferenciais, e posteriormente a perda de segurança, estabilidade e funcionalidade estrutural, originando a interdição da edificação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm 11 Figura 02 – Imagem áerea de área de APP e faixa de domínio DEINFRA. Fonte: Adaptado de Mapa Municipal (2023). 08. CONCLUSÃO Em geral, o estado de conservação, a funcionalidade e desempenho da edificação, bem como o padrão construtivo da edificação pode ser considerado como em estado crítico. Segundo o IBAPE (2012), o estado crítico apresenta risco de provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente; perda excessiva de desempenho e funcionalidade causando possíveis paralisações; aumento excessivo de custo de manutenção e recuperação e comprometimento sensível de vida útil. Durante a vistoria foram identificados recalques diferenciais na edificação, assim como, foram observados problemas estruturais, que comprometem a segurança dos usuários, visto que a residência encontra-se instável. Desta forma, sugerimos a tomada de providências de demolição do imóvel, devendo ser interditada a edificação durante este período. 12 08. ENCERRAMENTO Conclui-se o presente Laudo Técnico de Vistoria Predial, contendo 09 (nove) folhas de papel A4, digitadas eletronicamente e impressas de um só lado. Todas as folhas foram devidamente rubricadas pela Engenheira Civil Perita que assina este Laudo Técnico de Engenharia. Águas de Chapecó - SC, 08 de maio de 2023. Aline Dezordi Casarin Engenheira Civil CREA/SC: 159.529-0 2023-05-10T08:14:05-0300 ALINE DEZORDI CASARIN:08086472965
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