Prévia do material em texto
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 1 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA XXXXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO GRANDE/RS Clarel da Cruz Riet, infra-assinado, engenheiro civil, perito judicial nomeado nos autos da AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA, processo n.º 023/1.04.001511X-X, em que é AUTORA G.F.N. e RÉU I. O. P., tendo procedido aos estudos e diligências que se fizeram necessários, vem apresentar a V. Exa. as conclusões a que chegou, consubstanciado no seguinte, LAUDO DE ENGENHARIA CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 2 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br ÍNDICE 1. OBJETIVO DA PERÍCIA .................................................................................... 03 2. PRELIMINARES ............................................................................................... 03 3. VISTORIA E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO ...................................................... 03 4. METODOLOGIA ............................................................................................... 14 5. SUBSÍDIOS ESCLARECEDORES ........................................................................ 14 5.1. RECALQUES DE FUNDAÇÕES ........................................................................... 14 5.1.1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO .......................................................................... 14 5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL ........................................................... 14 5.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS .......................... 14 5.1.4. PADRÕES TÍPICOS DE TRINCAS ....................................................................... 17 5.1.5. RECALQUES ADMISSÍVEIS ............................................................................... 19 6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO .......................................................................... 19 7. CONCLUSÃO ................................................................................................... 20 8. QUESITOS ...................................................................................................... 21 8.1. QUESITOS DO RÉU ......................................................................................... 21 CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 3 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 1. OBJETIVO DA PERÍCIA O objetivo deste trabalho consiste na verificação das conformidades técnicas e funcionais visando o diagnóstico das patologias manifestadas em um edificação sito a Rua Martim Afonso de Souza n.º 427 e o nexo causal entre estas e a construção de um sobrado em alvenaria em terreno lindeiro. 2. PRELIMINARES A Autora entendendo que a construção de um sobrado de alvenaria, realizado pelo Réu em terreno lindeiro ao seu, provocou danos como trincas, rachaduras e afundamento de pisos em sua casa pede providencias. O Réu argumenta que os danos não foram provocados por sua construção e alega a existência de solo com baixa capacidade de carga e com uma grande camada de argila o que originaria recalques diferenciais nas fundações. Alega também que com o aumento de trânsito de veículos pesados em nossa cidade estaria provocando trepidações, fazendo os prédios vibrarem, provocando rachaduras em vários pontos das construções. Menciona que o prédio da Autora, por possuir laje de concreto armado, esta estaria sofrendo dilatações térmicas devido o aquecimento provocado pelo emprego de telhas de FBC e por conseqüência, provocando as rachaduras nas paredes. O réu finaliza expondo que as rachaduras também poderiam ser conseqüência das ampliações realizadas no prédio da Autora, onde a acomodação das fundações seria responsável pelos recalques diferenciais. 3. VISTORIA E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO A vistoria oficial ocorreu no dia 17/01/2010, às 14:00 horas, contando além deste perito com as presenças da Autora e do Réu. Após esta inspeção, retornamos ao local nos dias 18/01 e 22/01/10, quando colhemos mais informações junto aos moradores e tiramos mais fotos. Trata-se de uma região urbana litorânea com predominância de habitações residenciais unifamiliares, clima ameno, superfície plana, padrão sócio econômico cultural médio, topografia em nível e solo predominantemente arenoso permeável da classe das areias quartzosas marinhas distróficas, com algumas zonas constituídas de relativa parcela de argila de Atividade Alta1. A Infra estrutura urbana possui sistema viário, transporte coletivo, coleta de resíduos sólidos, água potável, energia elétrica, telefone, comunicação e televisão, esgotamento sanitário e águas pluviais. As atividades existentes incluem redes bancárias, industrias, comércio e atividades de profissionais liberais, sendo médio como um todo o nível do mercado de trabalho. Os serviços comunitários disponíveis compreendem escolas (municipal e estadual), segurança, hospitais e centros de saúde, igrejas, clubes de recreação e teatro. Para efeito de melhor entendimento e precisão dos trabalhos periciais, junta-se a documentação fotográfica comentada a seguir, obtida no ato da inspeção. 1 Projeto RADAM (IBGE,1986) e Cunha e Silveira (FURG, 1995) CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 4 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 1- No centro, a fachada do imóvel do Réu, o qual faz divisa com o imóvel da Autora, a direita. Trata-se de um prédio em alvenaria com dois pavimentos em um terreno com 8m de frente por 30m de profundidade. Foto 2- As fachadas dos dois imóveis separados pelo corredor da Autora que sofreu afundamentos. O terreno da Autora também possui 8x30m e a casa é toda em alvenaria. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 5 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 3- Presença de trincas nos muros lindeiros. Na foto, uma rachadura inclinada no muro lateral esquerdo, do prédio do Réu. Foto 4- A mesma rachadura fotografada mais de perto, com uma abertura de 11mm. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 6 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 5- As trincas provocadas pela flecha excessiva da laje em balanço, agravadas pelo recalque diferencial das fundações. Foto 6- Manifestação de rachaduras inclinadas próximo das quinas das aberturas. (Prédio do Réu). CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 7 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 7- Mesmo tipo de anomalia da foto 06. (Prédio do Réu). Foto 8- Trinca horizontal no nível da laje de entrepiso. (Prédio do Réu). CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 8 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias JudiciaisFone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 9- Rachadura a 45º entre a quina do vão da porta e a laje. (Prédio do Réu). Foto 10- Rachadura inclinada provocada por recalque diferencial das fundações. (Prédio do Réu). CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 9 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 11- O recalque diferencial das fundações do prédio do Réu refletiu na casa da Autora, provocando patologias como esta trinca horizontal próxima do piso. (Casa da Autora). Foto 12- Anomalia exógena sob a forma de trinca, provocada pela deflexão excessiva das fundações do prédio do Réu. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 10 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 13- Mesmo tipo de patologia da foto 12. Foto 14- O corredor lateral esquerdo da casa da Autora. A esquerda na foto, a parede do Réu que, em alguns pontos, chegou a 'afundar' 10cm, levando junto o muro, o piso e um lado do portão de ferro, da Autora. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 11 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 15- Nesta foto, tirada de dentro para fora do corredor, observa-se o desnível de aproximadamente 8cm entre as duas folhas do portão. Este desnível se deu justamente pelo afundamento da parede onde uma das folhas do portão é fixada, ou seja, a parede do Réu recalcou levando consigo o muro da Autora, onde o portão é fixado. Foto 16- Manifestação de rachaduras na parede lateral próximo do portão. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 12 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 17- Observa-se com facilidade o afundamento do piso na direção da parede do Réu. Foto 18- Nota-se que após o pilarete de alvenaria, o afundamento diminui bastante. Este fato é devido ao último trecho do corredor não fazer divisa com área construída do Réu, ou seja, a construção do Réu termina um pouco antes do pilarete. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 13 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Foto 19- A ampliação da Autora que não consta no projeto. Trata-se de uma construção isolada, executada no lado direito do terreno, fazendo divisa com o imóvel da direita, afastado aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Réu, constituída de um quarto, WC e uma pequena cozinha, totalizando 18m2 de área construída. Foto 20- A esquerda deste corredor, a casa principal da autora e, a direita, a ampliação citada na Foto n.º 19. Observa-se que o piso do corredor encontra-se nivelado, sem afundamentos, diferente do corredor que separa a casa da Autora do prédio do Réu (Ver Foto n.º 17), indicando que as fundações da ampliação não recalcaram e portanto não foram responsáveis pelas patologias manifestadas na casa. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 14 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 4. METODOLOGIA A presente perícia atendeu todos os requisitos necessários e exigidos pela NBR 13752/96 (norma que fixa os critérios e procedimentos relativos às perícias de engenharia na construção civil), em seu item 4.3.2 – Requisitos essenciais. Todos foram condicionados tanto quanto à abrangência das investigações, confiabilidade e adequação das informações obtidas quanto à qualidade das análises técnicas e ao menor grau de subjetividade emprestado pelo perito. 5. SUBSÍDIOS ESCLARECEDORES 5.1. RECALQUES DE FUNDAÇÕES 5.1.1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO A investigação do solo é a causa mais freqüente de problemas de fundações. Na medida em que o solo é o meio que vai suportar as cargas, sua identificação e a caracterização de seu comportamento são essenciais à solução de qualquer problema, sendo no Brasil, o programa preliminar, normalmente desenvolvido com base em ensaios SPT (NBR 6484/2001). O programa complementar depende das condições geotécnicas e estruturais do projeto, podendo envolver tanto ensaios de campo (cone, piezocone, pressiômetro, palheta, sísmica superficial, etc.) como de laboratório (adensamento, triaxiais, cisalhamento direto, entre outros). 5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL Os solos de comportamento especial podem ter sua ocorrência prevista ainda em fase preliminar, definindo os ensaios especiais necessários à caracterização de seu comportamento e sua influência nas fundações. Assim, ocorrências localizadas, como zonas de mineração (problema pouco comum no Brasil), zonas cársticas, influência da vegetação, colapsibilidade, expansibilidade e ocorrência de matacões, se não identificados, podem provocar subsidência ou problemas construtivos sensíveis com o surgimento de patologias importantes e custos significativos de reparo. Dentre os solos colapsíveis, os quais possuem uma estrutura sujeita a grande variação (redução) volumétrica, encontram-se os solos porosos tropicais, especialmente os originados de rochas graníticas, tendo sido encontrando no Rio Grande do Sul, somente nas cidades de Santo Ângelo, Carazinho e Vacaria2. Já os solos expansivos, onde a presença de argilo-minerais em solos argilosos é responsável por grandes variações de volume, decorrentes de mudanças do teor de umidade, provocando problemas especialmente em fundações superficiais, foram encontrados no Rio Grande do Sul somente nas cidades de Encantado, São Jerônimo, Santa Maria, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha e ao norte de Porto Alegre3. 5.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS Até bem pouco tempo as fundações dos edifícios eram dimensionadas pelo critério de ruptura do solo, apresentando as construções cargas que geralmente não excediam a 500Tf, bem inferior a 20.000TF que certas obras nos dias de hoje chegam a atingir, tornando-se imprescindível uma mudança de postura para o cálculo e dimensionamento das fundações dos edifícios. 2 Localização de solos colapsíveis no Brasil (Ferreira et al, 1989), com inclusões de dados de Milititsky et Dias(1986) 3 Vargas et al. (1989) CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 15 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br De acordo com Vitor Mello4, apenas em argilas de baixa plasticidade o critério de cálculo condicionante é o de ruptura; já em argilas de alta plasticidade os recalques acentuam-se passando em geral a ser condicionante o critério de recalques admissíveis. Em siltes e areias (observando que em Rio Grande o solo é predominantemente arenoso com algumas zonas constituídas de argila), que são solos com significativos coeficientes de atrito interno, o critério de ruptura só pode ser condicionante para sapatas muito pequenas de forma que em construções de maior porte passa a ser condicionante o critério de recalques. Assim, de uma forma geral poderíamos dizer que para solos de alta resistência, prevalece o critério da ruptura, pois as deformações são pequenas e para solos de baixa resistência,prevalece o critério de recalque admissível, pois as deformações do solo serão sempre grandes. A capacidade de carga e a deformabilidade dos solos não são constantes, sendo no caso de fundações superficiais, que é o tipo ora examinado, função dos seguintes fatores; a) Tipo e estado do solo (areia nos vários estados de compacidade ou argilas nos vários estados de consistência) b) Disposição do lençol freático c) Intensidade da carga e cota de apoio da fundação d) Dimensões e formato da sapata carregada (quadradas ou retangulares) e) Interferência de fundações vizinhas Portanto para as fundações diretas (superficiais) a intensidade dos recalques dependerá não só do tipo de solo, mas também das dimensões do componente da fundação. Para as areias, onde a capacidade de carga e o módulo de deformação aumentam rapidamente com a profundidade, existe a tendência de que os recalques ocorram com mesma magnitude, tanto para sapatas estreitas quanto para sapatas mais largas, entretanto, a capacidade de carga nestes solos, aumenta tanto com a dimensão como com a profundidade de apoio da sapata. Seguindo esta linha de raciocínio, para os solos com grande coesão, onde os parâmetros de resistência e deformabilidade não variam tanto com a profundidade, pode-se raciocinar hipoteticamente que uma sapata com maior área apresentará maiores recalques que uma outra, menor, submetida a mesma pressão, pois o bulbo de pressões induzidas no terreno na primeira sapata alcança maior profundidade. 4 Mello, V. F. B. Deformação como base fundamental de escolha da fundação. Revista Geotécnica n.º 12, Lisboa. 1975. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 16 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 0 P R E S S Õ E S R E C A L Q U E S t rt A R G I L A S a p a t a l a r g a S a p a t a e s t r e i t a 0 P R E S S Õ E S R E C A L Q U E S t'' rt' r A R E I A S a p a t a e s t r e i t a S a p a t a l a r g a Figura 1- Gráficos teóricos Pressão x Recalque de sapatas apoiadas em argilas e areias, representando o comportamento hipotético citado anteriormente, para sapatas com diferentes dimensões5. É importante observar que a ocorrência deste comportamento leva em consideração a existência de uma mesma pressão para sapatas de tamanho diferentes, ou seja, a sapata de maior dimensão estaria suportando uma carga superior a de menor dimensão, que é o que geralmente ocorre, enquanto a boa técnica levaria a manter a carga de cálculo e aumentar as dimensões da base, o que levaria a pressões menores e conseqüentemente a menores recalques. Do exposto, conclui-se que na maioria dos casos, os problemas de recalques diferenciais das fundações são originados na concepção, onde muitas vezes a sondagem geotécnica não é realizada e o dimensionamento é feito 'a sentimento', levando a adoção de sapatas do tipo Rígida (normalmente sapatas estreitas, com pouca largura), onde deveriam ser do tipo Flexível (com menor altura e maior largura) e vice-versa. As sapatas Flexíveis são próprias para solos com baixa resistência admissível, como em algumas zonas de Rio Grande (na ordem de 0,15MPa), onde o solo é constituído de argila mole, devendo ser dimensionadas ao momento fletor e ao esforço cortante, da mesma forma que para as lajes maciças, enquanto as Rígidas são comumente adotadas como elementos de fundações em terrenos que possuem boa resistência em camadas próximas da superfície. 5 Fonte: Thomaz, Ercio, 1989- Trincas em edifícios. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 17 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br H H 0 A A p Sendo, Rígida: H > (A-Ap)/3 Flexível: H ≤ (A-Ap)/3 Onde, A é a dimensão da sapata na direção analisada; H é a altura da sapata; Ap é a dimensão do pilar na Figura 2- Classificação das sapatas quanto a sua rigidez, segundo a NBR 6118:2003. Na realidade, segundo Bowles6, o módulo de deformação Es do solo e a própria profundidade de influência de fundação variam com uma série de propriedades do solo, principalmente com a estratificação de camadas, a massa específica do solo e eventuais estados de pré-adensamento. Em razão disso, a predição do verdadeiro módulo de deformação do solo e, em conseqüência, a avaliação do recalque real que ocorrerá na sapata carregada, é tarefa bastante difícil. 5.1.4. PADRÕES TÍPICOS DE TRINCAS De maneira geral, as fissuras provocadas por recalques diferenciados são inclinadas, confundindo-se às vezes com as fissuras provocadas por deflexão de componentes estruturais, contudo, apresentam aberturas geralmente maiores, "deitando-se" em direção ao ponto onde ocorreu o maior recalque. Outra característica das fissuras provocadas por recalques é a presença de esmagamentos localizados, em forma de escamas, dando indícios das tensões de cisalhamento que as provocaram. Além disso, quando os recalques são acentuados, observa-se nitidamente uma variação na abertura da fissura. As variações de umidade do solo, principalmente no caso de argilas, provocam alterações volumétricas e variações no seu módulo de deformações, com possibilidade de ocorrência de recalques localizados. Segundo BRE7, estes recalques, bastante comuns por causa da saturação do solo pela penetração de água da chuva nas vizinhanças da fundação, podem também ocorrer pela absorção de água por vegetação localizada próxima a obra. Além dos fatores geotécnicos apontados como prováveis causadores de recalques diferenciais, como consolidações distintas de aterro, interferência em bulbos de tensões etc., a geometria das edificações e/ou do componente, tamanho e localização de aberturas, grau de enrijecimento da construção (emprego de cintamentos, vergas e contra-vergas) e a eventual presença de juntas no edifício, são variáveis que também podem provocar recalques diferenciais e conseqüentemente o aparecimento de fissuras e trincas. 6 Bowles, J. E. Foundation: Analysis and design, 3ª ed. Tokyo, McGraw-Hill kogakusha, 1982. 7 Bulding Research Establishment. Soils and foundations, Garston, 1977 (Digest n.º 63, Part 1) CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 18 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Tabela 1 - Relação entre abertura de fissuras e danos em edifícios (Thornburn e Hutchinson, 1985) Abertura da Fissura (mm) Intensidade dos danos Efeito na estrutura e uso do edifício Residencial Comercial ou publico Industrial < 0,1 Insignificante Insignificante Insignificante Nenhum 0,1 a 0,3 Muito leve Muito leve Insignificante Nenhum 0,3 a 1 Leve Leve Muito leve Apenas estética. Deterioração acelerada do aspecto externo. 1 a 2 Leve a moderada Leva a moderada Muito leve 2 a 5 Moderada Moderada Leve A utilização do edifício será afetada e, no limite superior, a estabilidade pode, também, estar em risco 5 a 15 Moderada a severa Moderada a severa Moderada 15 a 25 Severa a muito severa Severa a muito severa Moderada a severa > 25 Muito severa e perigosa Severa a perigosa Severa a perigosa Cresce o risco da estrutura tornar-se perigosa Tabela 2 - Classificação dos danos visíveis em paredes de edifícios Categoria do Dano DanosTípicos Largura aproximada da fissura (mm) Fissuras capilares com largura menor que 0,1mm são classificadas como desprezíveis. < 0,1 1. Fissuras finas que podem ser tratadas facilmente durante o acabamento normal. < 1,0 2. Fissuras facilmente preenchidas. Um novo acabamento é provavelmente necessário. Externamente, pode haver infiltrações. Portas e janelas podem empenar ligeiramente. < 5,0 3. As fissuras precisam ser tornadas acessíveis e podem ser reparadas por um pedreiro. Fissuras que reabrem podem ser mascaradas por um revestimento adequado. Portas e janelas podem empenar. Tubulações podem quebrar. A estanqueidade é, freqüentemente, prejudicada. 5 a 15 ou, um número de fissuras (por metro) > 3 CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 19 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 4. Trabalho de reparação extensivo envolvendo a substituição de panos de parede, especialmente sobre portas e janelas. Esquadrias de portas e janelas distorcidas; pisos e paredes inclinados visivelmente. Tubulações rompidas. 15 a 25, porém, também, função do número de fissuras. 5. Essa categoria requer um serviço de reparação mais importante, envolvendo reconstrução parcial ou completa. Vigas perdem suporte; paredes inclinam perigosamente e exigem escoramento. Janelas quebram com distorção. Perigo de instabilidade. Usualmente > 25, porém, também, função do número de fissuras Fonte: Velloso e Lopes, 2002: 34. 5.1.5. RECALQUES ADMISSÍVEIS Pode-se afirmar que todas as fundações sob carga apresentam recalques, uma vez que os solos são materiais deformáveis que, ao serem carregados, apresentam variações de volume, entretanto, a definição de comportamento inadequado na fase de projeto, quando são feitas previsões de deslocamentos sob o ponto de vista de recalques é de suma importância e não é tarefa simples. Existem regras empíricas, usualmente conhecidas, relativas a recalques admissíveis, as quais foram obtidas através de coleta de dados e casos entre 1975 e 1995, considerando estruturas correntes e cargas relativamente uniformes, devendo, portanto ser utilizadas com a devida cautela, dado a mudança de padrões construtivos ocorridos desde então, devendo nos casos complexos ser utilizadas análises mais sofisticadas que permitam estabelecer considerações quanto a interação Solo x Estrutura. A) Fundações assentes em solos granulares (areias)8 • Recalque diferencial: 25mm • Recalque total: 40mm B) Fundações assentes em solos argilosos9 • Recalque diferencial: 40mm • Recalque total: 65mm 6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO Típico de obras de pequeno porte, em geral por motivos econômicos, mas também presente em obras de porte médio, a ausência de investigação de subsolo em obras, como é o caso, é prática inaceitável. A normalização vigente (NBR 6122/1996; NBR 8036/1983) e o bom senso devem nortear o tipo de programa de investigação, o número mínimo de furos de sondagem e a profundidade de exploração. Estudos e pesquisas no Brasil, também referendados pela estatística francesa (Logeais, 1982), indicam que em mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundações de obras pequenas e médias, a ausência completa de investigação é o motivo da adoção de solução inadequada. 8 Burland et al. (1977) 9 Skempton e MacDonald (1956) CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 20 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br Apesar da ausência de sondagem, temos conhecimento da não existência de solos classificados como especiais (Ver item 5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL, do laudo), em nossa cidade, a qual como já mencionado, possui um solo predominantemente arenoso com algumas zonas constituídas de argila, como indica ser o caso em questão, o que nos leva a deduzir que a ocorrência do sinistro não se deve a existência de solo de comportamento especial. A fim de verificarmos a ocorrência de possíveis danos causados pelas máquinas da Corsan para reparos de tubulações com a posterior recolocação do pavimento unistein, no dia 18/01/10 retornamos ao local e conversando com alguns vizinhos, fomos informados que as obras da Corsan, as quais ocorreram a aproximadamente 01 (um) ano, provocaram danos em algumas casas localizadas nas esquinas, local onde as escavações foram em profundidade, entretanto, não atingindo as casas localizadas próximas do centro da quadra, onde as escavações foram executadas apenas para a passagem e ligação das tubulações, local onde se localiza a casa da Autora, porém, independentemente desta situação, cabe salientar que, as patologias ora investigadas surgiram em data anterior a set./2003, que foi quando o presente processo foi distribuído no Foro Estadual de Rio Grande, portanto não possuindo nenhuma correlação com as referidas obras públicas. Analisando o projeto e documentos existentes no interior do invólucro de fls. 48, e comparando com o prédio existente no local, verificamos que além da ampliação aprovada, foi executada uma pequena casa, isolada da casa principal, constituída de um quarto, WC e uma diminuta cozinha, com 18m2 de área construída, localizada no lado direito do terreno, junto a divisa com o morador da casa a direita e a aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Réu, não possuindo relação com o sinistro apresentado, observando que inexistem patologias nas paredes desta ou qualquer afundamento no corredor adjacente (Ver fotos n.º's 19 e 20), diferentemente do que ocorreu com a parede do Réu em relação ao piso do corredor lateral esquerdo da Autora, como se observa nas fotos n.º's 14, 16, 17 e 18, do laudo, onde o mesmo afundou aproximadamente 10cm em alguns pontos, demonstrando que a fundação do Réu sofreu recalques que ultrapassaram os limites indicados por Skempton e MacDonald (1956) (Ver Item 5.1.5 RECALQUES ADMISSÍVEIS, letra B). 7. CONCLUSÃO A configuração das trincas e rachaduras manifestadas no imóvel da Autora e principalmente no do Réu, indicam a ocorrência de sinistro originado de recalque diferencial de fundações. Tanto a ampliação executada na casa da Autora na década de 80 (portanto a muito tempo estabilizada), com apenas 21,54m2 de área construída, como a pequena construção isolada, executada alguns anos antes do sobrado do Réu e localizada no lado direito do terreno da Autora, com somente 18m2 (isento de manifestações tanto em si como no entorno), não são responsáveis pelos danos apresentados nos imóveis, os quais demonstram patologias totalmente correlacionadas. O prédio do Réu, provavelmente devido a erro de dimensionamento das fundações, decorrente possivelmente da inexistência de sondagem do solo, sofreu recalques acima do limite aceitável, provocando danos a sua própria estrutura, com o aparecimento de trincas e rachaduras das paredes, refletindo no embasamento do imóvel da Autora, o qual sofreu interferência no bulbo de pressões, com o conseqüente recalque diferencial das fundações, provocando Anomalias Exógenas, que são aquelas originadas de fatores externos à edificação, com o surgimento de trincas, rachaduras e afundamento de pisos. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 21 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 8. QUESITOS 8.1. QUESITOS DO RÉU 1. Qual o ano de aprovação da construção sito a Rua Martim Afonso de Souza, 427, Bairro Salgado Filho? R: O projeto foi aprovado em 19/03/1981 2. No projeto aprovado na SMCP consta outros projetosaprovados, em outras datas? R: Não. 3. Caso negativo, o projeto aprovado inicialmente, tem vistoria em que data? R: Em 27/02/1987. 4. Caso positivo, poderia informar se o(s) projeto(s) está(ão) de acordo com a(s) construção (ões) existentes no local? R: Sem efeito, devido a resposta do quesito 3., acima. 5. Poderia informar se as construções foram construídas em etapas, isto é, em diferentes épocas? R: Sim. Analisando o projeto aprovado em 19/03/1981 e a certidão de vistoria da SMCP datada de 06/03/87, constatamos tratar-se de um projeto de ampliação onde existia uma área construída de 131m2, sendo ampliada uma área de 21,54m2, observando que no momento da vistoria encontramos além da ampliação prevista no projeto, uma pequena construção isolada da casa principal, constituída de um quarto, WC e uma pequena cozinha, lindeira com o terreno do morador a direita da Autora e a aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Réu, com 18m2 de área construída. 6. Poderia o Sr. Perito informar se a construção (da Rua Martim Afonso de Souza, 427), tinha manutenção, desde a data de sua vistoria, isto é, anterior a Dez./1996? R: No momento da vistoria, o imóvel aparentou um estado regular de conservação. 7. Poderia o Sr. Perito informar se a época da primeira construção, no imóvel sito a Rua Martim Afonso de Souza, já existia a pavimentação de unistein? R: Sim, segundo os moradores das casas ao redor. 8. Caso negativo, a pavimentação realizada na via pública, após a vistoria, não poderia ter comprometido as construções na região, devido ao uso dos equipamentos de compactação, etc.? R: Sem efeito, devido a resposta do quesito 7., acima. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 22 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 9. Poderia o Sr. Perito informar da possibilidade de existir vibrações nas construções, em especial, a de n.º 427, se com o grande trânsito de veículos pesados, como ônibus, caminhões, nas proximidades, não estariam afetando as construções da região, provocando desta maneira as trincas e fissuras alegadas, por ter sido o imóvel de n.º 427, da dita rua, construído em etapas? R: A zona em questão é tranqüila e com pouco movimento de veículos. Segundo informações colhidas de alguns moradores, o movimento de algumas máquinas se deu somente na época das obras da Corsan, quando foi retirado e recolocado o pavimento unistein (Ver 4º parágrafo, do item 6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO, do laudo). 10. De acordo com o histórico da região, as etapas, se confirmadas, das ampliações efetuadas no imóvel de n.º 427 da dita rua, em diferentes épocas, após a vistoria, não poderiam ter sofrido acomodações das fundações e estruturais e conseqüentemente provocado as trincas e fissuras alegadas? R: Sim. Uma construção existente pode sofrer alterações decorrentes de outra construção executada em data posterior, seja ela uma ampliação da primeira ou simplesmente vizinha. Este fato pode ocorrer em função de diversos fatores, podendo compreender a fase de projeto, fase de execução e/ou fase de utilização. Desde modo, incorreções como inadequação do projeto ao ambiente, má concepção estrutural do projeto, erros de cálculo, adoção de materiais inadequados ou de baixa qualidade, execução em desacordo com o projeto e ainda sobrecargas excessivas, não previstas no projeto, podem originar patologias que venham a comprometer a segurança e durabilidade das construções. 11. Poderia o Sr. Perito informar se a rachadura apresentada na fachada, no imóvel de n.º 425ª, de minha propriedade, é devida ao vão (avanço) de laje ter sofrido uma pequena flecha? R: Sim. A ocorrência de flechas excessivas nos balanços de vigas e lajes pode introduzir esforços de flexão nas paredes de fachada, apoiadas na extremidade da laje em balanço, situação em que normalmente aparecem fissuras inclinadas, configurando um caso bastante típico de fissuração provocada pela falta de rigidez estrutural. Em outras palavras poderíamos dizer que a deflexão da laje em balanço provocou o aparecimento de trincas de cisalhamento na alvenaria e destacamento entre a parede e a estrutura de concreto armado. 12. Poderia o Sr. Perito informar se o imóvel de n.º 427, apresenta laje em concreto armado, ou pré-laje, em toda a sua construção ou tem partes em forro de madeira ou PVC? R: O imóvel é todo com laje de concreto armado, sendo que no corredor de acesso aos dormitórios, a laje foi revestida com PVC, apenas com finalidade de estética. 13. Se a laje ou pré-laje, foram construídas em etapas, de acordo com as ampliações em diferentes épocas? R: De acordo com o projeto, sim. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 23 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 14. Se, o diferente tipo de forro (laje e forro em madeira ou PVC) não tem influência nas trincas e fissuras alegadas, pelo histórico da região, devido as diferentes cargas? R: A casa é toda em laje de concreto armado, com exceção da construção isolada de 18m2, portanto não configurando o descrito no presente quesito. 15. A cobertura de cimento amianto (6mm ou 4mm), tem influência na dilatação dos materiais, devido a incidência dos raios solares, em acumular calor entre a cobertura e laje? R: Sim, parte da energia calorífica absorvida pelas telhas é reirradiada para a laje, além de ocorrer através do ático transmissão de calor por condução e convecção. Esta energia associada a outros fatores como diferenças nos coeficientes de dilatação térmica dos materiais construtivos e ao fato de que as lajes de cobertura normalmente encontram-se vinculadas às paredes de sustentação, pode provocar o surgimento de movimentações térmicas. Assim, a dilatação plana das lajes e o abaulamento provocado pelo gradiente de temperaturas ao longo de suas alturas podem introduzir tensões de tração e de cisalhamento segundo diversos autores,10, 11, 12 e 13 quase que exclusivamente nas paredes das edificações, apresentando trincas tipicamente no topo das paredes, paralelas ao vão da laje, com traçado bem definido, realçando o efeito dos esforços de tração na face interna da parede, entretanto, diferente da configuração das anomalias presentes no caso, as quais foram originadas por recalques diferenciais excessivos das fundações do Réu. 16. Poderia o Sr. Perito informar se o portão de ferro no alinhamento do imóvel de n.º 427, encontra-se em funcionamento, e se foi consertado? R: As duas folhas do portão estão desalinhadas em aproximadamente 8cm devido ao afundamento do muro lateral onde uma delas se fixa. Este muro lateral é encostado na parede do sobrado do Réu, a qual sofreu o afundamento devido ao recalque diferencial das fundações, 'arrastando' com ela o muro da Autora. Na foto n.º 14, do laudo, observa-se que a folha que deslocou para baixo é a que está fixada na parede de divisa com o Réu enquanto a outra, a qual esta fixada na casa da Autora se manteve na posição original, demonstrando que o afundamento se deu nas fundações do construção do Réu. 17. O sedimento da garagem da requerente deu-se devido à ampliação efetuada do prédio, sendo que a parte existente encontrava-se estabilizada e a ampliação em outra etapa, em fase de acomodação propiciou tal sedimento alegado? R: Não. A conformação do sedimento do piso lateral indica uma anomalia provocada em função do recalque excessivo das fundações executadas pelo Réu. 10 Pfeffermann, O. Les fissures dans les constructions: consequence de phénomènes physiques natureis. Annales de L'Institut Technique du Bâtiment et des Travaux Publics, Bruxelles,n.º 250, octobre, 1968. 11 Latta, J. K. Dimensional changes due to temperature, In: Seminar on Cracks, Movements and Joint in Buildings, Ottawa, 1970. Proceedings… Ottawa, National Research Council of Canada, 1976. (NRCC – 15.477). 12 Chand's S. Cracks in building and their remedial measures. Indian Concrete Journal, New Delhi, october, 1979. 13 Sahlin, Sven. Structural Masonry. New Jersey, Prentice Hall, 1971. CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 24 CLAREL PERÍCIAS Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 www.clarelpericias.com.br 18- Poderia estipular o valor aproximado da troca de piso (lajotas iguais) no vão onde ocorreram as deformações (ao lado direito do sobrado)? R: Quesito prejudicado. Em alguns casos, a recuperação em si do componente danificado é a parte menos importante na resolução do problema. No tocante a recalques de fundações, por exemplo, Pfeffermann14 cita "se os estudos demonstram que há possibilidade de continuação do movimento, nenhum método de reparo do componente será eficiente". Além do mais, caso se consiga um método aparentemente eficiente, com o emprego de selantes flexíveis, por exemplo, este poderá constituir-se numa simples maquiagem, encobrindo evoluções perigosas para a segurança da edificação. Assim, na ocorrência de recalques de fundações a recuperação do componente só deverá ser efetuada quando da certeza da estabilização do movimento, portanto, antes de estimar os custos, primeiramente necessário de faz o monitoramento para a obtenção da certeza da estabilidade para depois orçar, se for o caso, o necessário reforço e a posterior recuperação dos elementos danificados. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- Vai o presente Laudo, desenvolvido em 24 (Vinte e quatro) folhas impressas em um só lado, todas rubricadas, sendo a última datada e assinada. À disposição de Vossa Excelência para outras informações que julgar pertinente. Rio Grande, 22 de janeiro de 2010. ------------------------------------ Clarel da Cruz Riet Eng. Civil – CREA 66.891-D Perito - IBAPE 1.047/99 14 Pfeffermann, O. et al. Fissuration des maçonneries. Bruxelles, Centre Scientifique et Technique de la Construction, 1967. (Note d'information Technique 65).