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CLAREL PERÍCIAS
Engenharia de Avaliações & Perícias Judiciais
 Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220 
www.clarelpericias.com.br 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA XXXXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE RIO GRANDE/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Clarel da Cruz Riet, infra-assinado, 
engenheiro civil, perito judicial nomeado nos autos 
da AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA, processo 
n.º 023/1.04.001511X-X, em que é AUTORA G.F.N. 
e RÉU I. O. P., tendo procedido aos estudos e 
diligências que se fizeram necessários, vem 
apresentar a V. Exa. as conclusões a que chegou, 
consubstanciado no seguinte, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAUDO DE ENGENHARIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ÍNDICE 
 
 
 
1. OBJETIVO DA PERÍCIA .................................................................................... 03 
2. PRELIMINARES ............................................................................................... 03 
3. VISTORIA E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO ...................................................... 03 
4. METODOLOGIA ............................................................................................... 14 
5. SUBSÍDIOS ESCLARECEDORES ........................................................................ 14 
5.1. RECALQUES DE FUNDAÇÕES ........................................................................... 14 
5.1.1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO .......................................................................... 14 
5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL ........................................................... 14 
5.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS .......................... 14 
5.1.4. PADRÕES TÍPICOS DE TRINCAS ....................................................................... 17 
5.1.5. RECALQUES ADMISSÍVEIS ............................................................................... 19 
6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO .......................................................................... 19 
7. CONCLUSÃO ................................................................................................... 20 
8. QUESITOS ...................................................................................................... 21 
8.1. QUESITOS DO RÉU ......................................................................................... 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. OBJETIVO DA PERÍCIA 
 
O objetivo deste trabalho consiste na verificação das conformidades técnicas e funcionais 
visando o diagnóstico das patologias manifestadas em um edificação sito a Rua Martim Afonso 
de Souza n.º 427 e o nexo causal entre estas e a construção de um sobrado em alvenaria em 
terreno lindeiro. 
 
2. PRELIMINARES 
 
 A Autora entendendo que a construção de um sobrado de alvenaria, realizado pelo Réu 
em terreno lindeiro ao seu, provocou danos como trincas, rachaduras e afundamento de pisos 
em sua casa pede providencias. 
 O Réu argumenta que os danos não foram provocados por sua construção e alega a 
existência de solo com baixa capacidade de carga e com uma grande camada de argila o que 
originaria recalques diferenciais nas fundações. 
 Alega também que com o aumento de trânsito de veículos pesados em nossa cidade 
estaria provocando trepidações, fazendo os prédios vibrarem, provocando rachaduras em vários 
pontos das construções. 
 Menciona que o prédio da Autora, por possuir laje de concreto armado, esta estaria 
sofrendo dilatações térmicas devido o aquecimento provocado pelo emprego de telhas de FBC e 
por conseqüência, provocando as rachaduras nas paredes. 
O réu finaliza expondo que as rachaduras também poderiam ser conseqüência das 
ampliações realizadas no prédio da Autora, onde a acomodação das fundações seria responsável 
pelos recalques diferenciais. 
 
3. VISTORIA E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO 
 
 A vistoria oficial ocorreu no dia 17/01/2010, às 14:00 horas, contando além deste perito 
com as presenças da Autora e do Réu. Após esta inspeção, retornamos ao local nos dias 18/01 e 
22/01/10, quando colhemos mais informações junto aos moradores e tiramos mais fotos. 
 Trata-se de uma região urbana litorânea com predominância de habitações residenciais 
unifamiliares, clima ameno, superfície plana, padrão sócio econômico cultural médio, topografia 
em nível e solo predominantemente arenoso permeável da classe das areias quartzosas 
marinhas distróficas, com algumas zonas constituídas de relativa parcela de argila de Atividade 
Alta1. 
A Infra estrutura urbana possui sistema viário, transporte coletivo, coleta de resíduos 
sólidos, água potável, energia elétrica, telefone, comunicação e televisão, esgotamento sanitário 
e águas pluviais. 
 As atividades existentes incluem redes bancárias, industrias, comércio e atividades de 
profissionais liberais, sendo médio como um todo o nível do mercado de trabalho. 
Os serviços comunitários disponíveis compreendem escolas (municipal e estadual), 
segurança, hospitais e centros de saúde, igrejas, clubes de recreação e teatro. 
 Para efeito de melhor entendimento e precisão dos trabalhos periciais, junta-se a 
documentação fotográfica comentada a seguir, obtida no ato da inspeção. 
 
 
1 Projeto RADAM (IBGE,1986) e Cunha e Silveira (FURG, 1995) 
 
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Foto 1- No centro, a fachada do imóvel do Réu, o qual faz divisa com o imóvel da Autora, a 
direita. Trata-se de um prédio em alvenaria com dois pavimentos em um terreno com 8m de 
frente por 30m de profundidade. 
 
 
 
Foto 2- As fachadas dos dois imóveis separados pelo corredor da Autora que sofreu 
afundamentos. O terreno da Autora também possui 8x30m e a casa é toda em alvenaria. 
 
 
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Foto 3- Presença de trincas nos muros lindeiros. Na foto, uma rachadura inclinada no muro 
lateral esquerdo, do prédio do Réu. 
 
 
 
Foto 4- A mesma rachadura fotografada mais de perto, com uma abertura de 11mm. 
 
 
 
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Foto 5- As trincas provocadas pela flecha excessiva da laje em balanço, agravadas pelo recalque 
diferencial das fundações. 
 
 
 
 
Foto 6- Manifestação de rachaduras inclinadas próximo das quinas das aberturas. (Prédio do 
Réu). 
 
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Foto 7- Mesmo tipo de anomalia da foto 06. (Prédio do Réu). 
 
 
 
Foto 8- Trinca horizontal no nível da laje de entrepiso. (Prédio do Réu). 
 
 
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Foto 9- Rachadura a 45º entre a quina do vão da porta e a laje. (Prédio do Réu). 
 
 
 
Foto 10- Rachadura inclinada provocada por recalque diferencial das fundações. (Prédio do 
Réu). 
 
 
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Foto 11- O recalque diferencial das fundações do prédio do Réu refletiu na casa da Autora, 
provocando patologias como esta trinca horizontal próxima do piso. (Casa da Autora). 
 
 
 
 
Foto 12- Anomalia exógena sob a forma de trinca, provocada pela deflexão excessiva das 
fundações do prédio do Réu. 
 
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Foto 13- Mesmo tipo de patologia da foto 12. 
 
 
Foto 14- O corredor lateral esquerdo da casa da Autora. A esquerda na foto, a parede do Réu 
que, em alguns pontos, chegou a 'afundar' 10cm, levando junto o muro, o piso e um lado do 
portão de ferro, da Autora. 
 
 
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Foto 15- Nesta foto, tirada de dentro para fora do corredor, observa-se o desnível de 
aproximadamente 8cm entre as duas folhas do portão. Este desnível se deu justamente pelo 
afundamento da parede onde uma das folhas do portão é fixada, ou seja, a parede do Réu 
recalcou levando consigo o muro da Autora, onde o portão é fixado. 
 
 
 
Foto 16- Manifestação de rachaduras na parede lateral próximo do portão. 
 
 
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Foto 17- Observa-se com facilidade o afundamento do piso na direção da parede do Réu. 
 
 
Foto 18- Nota-se que após o pilarete de alvenaria, o afundamento diminui bastante. Este fato é 
devido ao último trecho do corredor não fazer divisa com área construída do Réu, ou seja, a 
construção do Réu termina um pouco antes do pilarete. 
 
 
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Foto 19- A ampliação da Autora que não consta no projeto. Trata-se de uma construção isolada, 
executada no lado direito do terreno, fazendo divisa com o imóvel da direita, afastado 
aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Réu, constituída de um quarto, WC e uma 
pequena cozinha, totalizando 18m2 de área construída. 
 
Foto 20- A esquerda deste corredor, a casa principal da autora e, a direita, a ampliação citada 
na Foto n.º 19. Observa-se que o piso do corredor encontra-se nivelado, sem afundamentos, 
diferente do corredor que separa a casa da Autora do prédio do Réu (Ver Foto n.º 17), 
indicando que as fundações da ampliação não recalcaram e portanto não foram responsáveis 
pelas patologias manifestadas na casa. 
 
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4. METODOLOGIA 
 
A presente perícia atendeu todos os requisitos necessários e exigidos pela NBR 13752/96 
(norma que fixa os critérios e procedimentos relativos às perícias de engenharia na construção 
civil), em seu item 4.3.2 – Requisitos essenciais. Todos foram condicionados tanto quanto à 
abrangência das investigações, confiabilidade e adequação das informações obtidas quanto à 
qualidade das análises técnicas e ao menor grau de subjetividade emprestado pelo perito. 
 
5. SUBSÍDIOS ESCLARECEDORES 
5.1. RECALQUES DE FUNDAÇÕES 
5.1.1. INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO 
 
 A investigação do solo é a causa mais freqüente de problemas de fundações. Na medida 
em que o solo é o meio que vai suportar as cargas, sua identificação e a caracterização de seu 
comportamento são essenciais à solução de qualquer problema, sendo no Brasil, o programa 
preliminar, normalmente desenvolvido com base em ensaios SPT (NBR 6484/2001). 
 O programa complementar depende das condições geotécnicas e estruturais do projeto, 
podendo envolver tanto ensaios de campo (cone, piezocone, pressiômetro, palheta, sísmica 
superficial, etc.) como de laboratório (adensamento, triaxiais, cisalhamento direto, entre outros). 
 
5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL 
 
 Os solos de comportamento especial podem ter sua ocorrência prevista ainda em fase 
preliminar, definindo os ensaios especiais necessários à caracterização de seu comportamento e 
sua influência nas fundações. 
 Assim, ocorrências localizadas, como zonas de mineração (problema pouco comum no 
Brasil), zonas cársticas, influência da vegetação, colapsibilidade, expansibilidade e ocorrência de 
matacões, se não identificados, podem provocar subsidência ou problemas construtivos 
sensíveis com o surgimento de patologias importantes e custos significativos de reparo. 
 Dentre os solos colapsíveis, os quais possuem uma estrutura sujeita a grande variação 
(redução) volumétrica, encontram-se os solos porosos tropicais, especialmente os originados de 
rochas graníticas, tendo sido encontrando no Rio Grande do Sul, somente nas cidades de Santo 
Ângelo, Carazinho e Vacaria2. 
 Já os solos expansivos, onde a presença de argilo-minerais em solos argilosos é 
responsável por grandes variações de volume, decorrentes de mudanças do teor de umidade, 
provocando problemas especialmente em fundações superficiais, foram encontrados no Rio 
Grande do Sul somente nas cidades de Encantado, São Jerônimo, Santa Maria, Rosário do Sul, 
Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha e ao norte de Porto Alegre3. 
 
5.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS 
 
Até bem pouco tempo as fundações dos edifícios eram dimensionadas pelo critério de 
ruptura do solo, apresentando as construções cargas que geralmente não excediam a 500Tf, 
bem inferior a 20.000TF que certas obras nos dias de hoje chegam a atingir, tornando-se 
imprescindível uma mudança de postura para o cálculo e dimensionamento das fundações dos 
edifícios. 
 
2 Localização de solos colapsíveis no Brasil (Ferreira et al, 1989), com inclusões de dados de Milititsky 
et Dias(1986) 
3 Vargas et al. (1989) 
 
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 De acordo com Vitor Mello4, apenas em argilas de baixa plasticidade o critério de cálculo 
condicionante é o de ruptura; já em argilas de alta plasticidade os recalques acentuam-se 
passando em geral a ser condicionante o critério de recalques admissíveis. 
 Em siltes e areias (observando que em Rio Grande o solo é predominantemente arenoso 
com algumas zonas constituídas de argila), que são solos com significativos coeficientes de 
atrito interno, o critério de ruptura só pode ser condicionante para sapatas muito pequenas de 
forma que em construções de maior porte passa a ser condicionante o critério de recalques. 
 Assim, de uma forma geral poderíamos dizer que para solos de alta resistência, 
prevalece o critério da ruptura, pois as deformações são pequenas e para solos de baixa 
resistência,prevalece o critério de recalque admissível, pois as deformações do solo serão 
sempre grandes. 
 A capacidade de carga e a deformabilidade dos solos não são constantes, sendo no caso 
de fundações superficiais, que é o tipo ora examinado, função dos seguintes fatores; 
 
 
a) Tipo e estado do solo (areia nos vários estados de compacidade ou argilas nos vários 
estados de consistência) 
 
b) Disposição do lençol freático 
 
c) Intensidade da carga e cota de apoio da fundação 
 
d) Dimensões e formato da sapata carregada (quadradas ou retangulares) 
 
e) Interferência de fundações vizinhas 
 
 
 
Portanto para as fundações diretas (superficiais) a intensidade dos recalques dependerá 
não só do tipo de solo, mas também das dimensões do componente da fundação. 
 
 Para as areias, onde a capacidade de carga e o módulo de deformação aumentam 
rapidamente com a profundidade, existe a tendência de que os recalques ocorram com mesma 
magnitude, tanto para sapatas estreitas quanto para sapatas mais largas, entretanto, a 
capacidade de carga nestes solos, aumenta tanto com a dimensão como com a profundidade de 
apoio da sapata. 
 
 Seguindo esta linha de raciocínio, para os solos com grande coesão, onde os parâmetros 
de resistência e deformabilidade não variam tanto com a profundidade, pode-se raciocinar 
hipoteticamente que uma sapata com maior área apresentará maiores recalques que uma outra, 
menor, submetida a mesma pressão, pois o bulbo de pressões induzidas no terreno na primeira 
sapata alcança maior profundidade. 
 
4 Mello, V. F. B. Deformação como base fundamental de escolha da fundação. Revista Geotécnica n.º 
12, Lisboa. 1975. 
 
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Figura 1- Gráficos teóricos Pressão x Recalque de sapatas apoiadas em argilas e areias, 
representando o comportamento hipotético citado anteriormente, para sapatas com diferentes 
dimensões5. 
 
 
 
 
 É importante observar que a ocorrência deste comportamento leva em consideração a 
existência de uma mesma pressão para sapatas de tamanho diferentes, ou seja, a sapata de 
maior dimensão estaria suportando uma carga superior a de menor dimensão, que é o que 
geralmente ocorre, enquanto a boa técnica levaria a manter a carga de cálculo e aumentar as 
dimensões da base, o que levaria a pressões menores e conseqüentemente a menores 
recalques. 
 
 
Do exposto, conclui-se que na maioria dos casos, os problemas de recalques diferenciais 
das fundações são originados na concepção, onde muitas vezes a sondagem geotécnica não é 
realizada e o dimensionamento é feito 'a sentimento', levando a adoção de sapatas do tipo 
Rígida (normalmente sapatas estreitas, com pouca largura), onde deveriam ser do tipo Flexível 
(com menor altura e maior largura) e vice-versa. 
 
As sapatas Flexíveis são próprias para solos com baixa resistência admissível, como em 
algumas zonas de Rio Grande (na ordem de 0,15MPa), onde o solo é constituído de argila mole, 
devendo ser dimensionadas ao momento fletor e ao esforço cortante, da mesma forma que para 
as lajes maciças, enquanto as Rígidas são comumente adotadas como elementos de fundações 
em terrenos que possuem boa resistência em camadas próximas da superfície. 
 
 
 
 
5 Fonte: Thomaz, Ercio, 1989- Trincas em edifícios. 
 
 
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H
H 0
A
A p 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sendo, 
 
Rígida: H > (A-Ap)/3 
Flexível: H ≤ (A-Ap)/3 
 
Onde, 
 
A é a dimensão da sapata na direção analisada; 
H é a altura da sapata; 
Ap é a dimensão do pilar na 
 
Figura 2- Classificação das sapatas quanto a sua rigidez, segundo a NBR 6118:2003. 
 
Na realidade, segundo Bowles6, o módulo de deformação Es do solo e a própria 
profundidade de influência de fundação variam com uma série de propriedades do solo, 
principalmente com a estratificação de camadas, a massa específica do solo e eventuais estados 
de pré-adensamento. Em razão disso, a predição do verdadeiro módulo de deformação do solo 
e, em conseqüência, a avaliação do recalque real que ocorrerá na sapata carregada, é tarefa 
bastante difícil. 
 
5.1.4. PADRÕES TÍPICOS DE TRINCAS 
 
De maneira geral, as fissuras provocadas por recalques diferenciados são inclinadas, 
confundindo-se às vezes com as fissuras provocadas por deflexão de componentes estruturais, 
contudo, apresentam aberturas geralmente maiores, "deitando-se" em direção ao ponto onde 
ocorreu o maior recalque. 
 
Outra característica das fissuras provocadas por recalques é a presença de 
esmagamentos localizados, em forma de escamas, dando indícios das tensões de cisalhamento 
que as provocaram. Além disso, quando os recalques são acentuados, observa-se nitidamente 
uma variação na abertura da fissura. 
 
 As variações de umidade do solo, principalmente no caso de argilas, provocam alterações 
volumétricas e variações no seu módulo de deformações, com possibilidade de ocorrência de 
recalques localizados. Segundo BRE7, estes recalques, bastante comuns por causa da saturação 
do solo pela penetração de água da chuva nas vizinhanças da fundação, podem também ocorrer 
pela absorção de água por vegetação localizada próxima a obra. 
 
Além dos fatores geotécnicos apontados como prováveis causadores de recalques 
diferenciais, como consolidações distintas de aterro, interferência em bulbos de tensões etc., a 
geometria das edificações e/ou do componente, tamanho e localização de aberturas, grau de 
enrijecimento da construção (emprego de cintamentos, vergas e contra-vergas) e a eventual 
presença de juntas no edifício, são variáveis que também podem provocar recalques diferenciais 
e conseqüentemente o aparecimento de fissuras e trincas. 
 
6 Bowles, J. E. Foundation: Analysis and design, 3ª ed. Tokyo, McGraw-Hill kogakusha, 1982. 
7 Bulding Research Establishment. Soils and foundations, Garston, 1977 (Digest n.º 63, Part 1) 
 
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Tabela 1 - Relação entre abertura de fissuras e danos em edifícios (Thornburn e Hutchinson, 
1985) 
 
 
 
Abertura da 
Fissura 
(mm) 
Intensidade dos danos 
 
 
Efeito na estrutura e 
uso do edifício Residencial 
 
Comercial ou 
publico 
 
Industrial 
 
< 0,1 Insignificante 
 
Insignificante 
 
Insignificante 
 
Nenhum 
0,1 a 0,3 Muito leve Muito leve 
 
Insignificante 
 
Nenhum 
0,3 a 1 
 
Leve Leve Muito leve Apenas estética. 
Deterioração 
acelerada do aspecto 
externo. 
1 a 2 
 
Leve a moderada Leva a 
moderada 
Muito leve 
2 a 5 
 
Moderada Moderada Leve A utilização do 
edifício será afetada 
e, no limite superior, 
a estabilidade pode, 
também, estar em 
risco 
5 a 15 
 
Moderada a 
severa 
Moderada a 
severa 
Moderada 
15 a 25 Severa a muito 
severa 
Severa a muito 
severa 
Moderada a 
severa 
> 25 
 
Muito severa e 
perigosa 
Severa a 
perigosa 
Severa a 
perigosa 
Cresce o risco da 
estrutura tornar-se 
perigosa 
 
 
 
Tabela 2 - Classificação dos danos visíveis em paredes de edifícios 
 
 
Categoria 
do Dano 
DanosTípicos Largura aproximada 
da fissura (mm) 
 
 Fissuras capilares com largura menor que 0,1mm são 
classificadas como desprezíveis. 
 
< 0,1 
 
1. Fissuras finas que podem ser tratadas facilmente durante 
o acabamento normal. 
< 1,0 
 
2. Fissuras facilmente preenchidas. Um novo 
acabamento é provavelmente necessário. 
Externamente, pode haver infiltrações. Portas e 
janelas podem empenar ligeiramente. 
< 5,0 
3. As fissuras precisam ser tornadas acessíveis e podem ser 
reparadas por um pedreiro. Fissuras que reabrem podem 
ser mascaradas por um revestimento adequado. Portas e 
janelas podem empenar. Tubulações podem quebrar. A 
estanqueidade é, freqüentemente, prejudicada. 
 
5 a 15 
ou, 
um número de 
fissuras (por metro) 
> 3 
 
 
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4. Trabalho de reparação extensivo envolvendo a 
substituição de panos de parede, especialmente sobre 
portas e janelas. Esquadrias de portas e janelas 
distorcidas; pisos e paredes inclinados visivelmente. 
Tubulações rompidas. 
15 a 25, porém, 
também, função do 
número de 
fissuras. 
 
5. Essa categoria requer um serviço de reparação mais 
importante, envolvendo reconstrução parcial ou 
completa. Vigas perdem suporte; paredes inclinam 
perigosamente e exigem escoramento. Janelas 
quebram com distorção. Perigo de instabilidade. 
Usualmente > 25, 
porém, também, 
função do 
número de fissuras 
 
 
Fonte: Velloso e Lopes, 2002: 34. 
 
 
5.1.5. RECALQUES ADMISSÍVEIS 
 
Pode-se afirmar que todas as fundações sob carga apresentam recalques, uma vez que 
os solos são materiais deformáveis que, ao serem carregados, apresentam variações de volume, 
entretanto, a definição de comportamento inadequado na fase de projeto, quando são feitas 
previsões de deslocamentos sob o ponto de vista de recalques é de suma importância e não é 
tarefa simples. 
 Existem regras empíricas, usualmente conhecidas, relativas a recalques admissíveis, as 
quais foram obtidas através de coleta de dados e casos entre 1975 e 1995, considerando 
estruturas correntes e cargas relativamente uniformes, devendo, portanto ser utilizadas com a 
devida cautela, dado a mudança de padrões construtivos ocorridos desde então, devendo nos 
casos complexos ser utilizadas análises mais sofisticadas que permitam estabelecer 
considerações quanto a interação Solo x Estrutura. 
 
A) Fundações assentes em solos granulares (areias)8 
 
• Recalque diferencial: 25mm 
• Recalque total: 40mm 
 
B) Fundações assentes em solos argilosos9 
 
• Recalque diferencial: 40mm 
• Recalque total: 65mm 
 
6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO 
 
 Típico de obras de pequeno porte, em geral por motivos econômicos, mas também 
presente em obras de porte médio, a ausência de investigação de subsolo em obras, como é o 
caso, é prática inaceitável. A normalização vigente (NBR 6122/1996; NBR 8036/1983) e o bom 
senso devem nortear o tipo de programa de investigação, o número mínimo de furos de 
sondagem e a profundidade de exploração. 
Estudos e pesquisas no Brasil, também referendados pela estatística francesa (Logeais, 
1982), indicam que em mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundações de obras 
pequenas e médias, a ausência completa de investigação é o motivo da adoção de solução 
inadequada. 
 
8 Burland et al. (1977) 
9 Skempton e MacDonald (1956) 
 
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Apesar da ausência de sondagem, temos conhecimento da não existência de solos 
classificados como especiais (Ver item 5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL, do 
laudo), em nossa cidade, a qual como já mencionado, possui um solo predominantemente 
arenoso com algumas zonas constituídas de argila, como indica ser o caso em questão, o que 
nos leva a deduzir que a ocorrência do sinistro não se deve a existência de solo de 
comportamento especial. 
A fim de verificarmos a ocorrência de possíveis danos causados pelas máquinas da 
Corsan para reparos de tubulações com a posterior recolocação do pavimento unistein, no dia 
18/01/10 retornamos ao local e conversando com alguns vizinhos, fomos informados que as 
obras da Corsan, as quais ocorreram a aproximadamente 01 (um) ano, provocaram danos em 
algumas casas localizadas nas esquinas, local onde as escavações foram em profundidade, 
entretanto, não atingindo as casas localizadas próximas do centro da quadra, onde as 
escavações foram executadas apenas para a passagem e ligação das tubulações, local onde se 
localiza a casa da Autora, porém, independentemente desta situação, cabe salientar que, as 
patologias ora investigadas surgiram em data anterior a set./2003, que foi quando o presente 
processo foi distribuído no Foro Estadual de Rio Grande, portanto não possuindo nenhuma 
correlação com as referidas obras públicas. 
Analisando o projeto e documentos existentes no interior do invólucro de fls. 48, e 
comparando com o prédio existente no local, verificamos que além da ampliação aprovada, foi 
executada uma pequena casa, isolada da casa principal, constituída de um quarto, WC e uma 
diminuta cozinha, com 18m2 de área construída, localizada no lado direito do terreno, junto a 
divisa com o morador da casa a direita e a aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do 
Réu, não possuindo relação com o sinistro apresentado, observando que inexistem patologias 
nas paredes desta ou qualquer afundamento no corredor adjacente (Ver fotos n.º's 19 e 20), 
diferentemente do que ocorreu com a parede do Réu em relação ao piso do corredor lateral 
esquerdo da Autora, como se observa nas fotos n.º's 14, 16, 17 e 18, do laudo, onde o mesmo 
afundou aproximadamente 10cm em alguns pontos, demonstrando que a fundação do Réu 
sofreu recalques que ultrapassaram os limites indicados por Skempton e MacDonald (1956) (Ver 
Item 5.1.5 RECALQUES ADMISSÍVEIS, letra B). 
 
7. CONCLUSÃO 
 
A configuração das trincas e rachaduras manifestadas no imóvel da Autora e 
principalmente no do Réu, indicam a ocorrência de sinistro originado de recalque diferencial de 
fundações. 
Tanto a ampliação executada na casa da Autora na década de 80 (portanto a muito 
tempo estabilizada), com apenas 21,54m2 de área construída, como a pequena construção 
isolada, executada alguns anos antes do sobrado do Réu e localizada no lado direito do terreno 
da Autora, com somente 18m2 (isento de manifestações tanto em si como no entorno), não são 
responsáveis pelos danos apresentados nos imóveis, os quais demonstram patologias 
totalmente correlacionadas. 
 O prédio do Réu, provavelmente devido a erro de dimensionamento das fundações, 
decorrente possivelmente da inexistência de sondagem do solo, sofreu recalques acima do limite 
aceitável, provocando danos a sua própria estrutura, com o aparecimento de trincas e 
rachaduras das paredes, refletindo no embasamento do imóvel da Autora, o qual sofreu 
interferência no bulbo de pressões, com o conseqüente recalque diferencial das fundações, 
provocando Anomalias Exógenas, que são aquelas originadas de fatores externos à edificação, 
com o surgimento de trincas, rachaduras e afundamento de pisos. 
 
 
 
 
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8. QUESITOS 
8.1. QUESITOS DO RÉU 
 
1. Qual o ano de aprovação da construção sito a Rua Martim Afonso de Souza, 427, Bairro 
Salgado Filho? 
 
R: O projeto foi aprovado em 19/03/1981 
 
2. No projeto aprovado na SMCP consta outros projetosaprovados, em outras datas? 
 
R: Não. 
 
3. Caso negativo, o projeto aprovado inicialmente, tem vistoria em que data? 
 
R: Em 27/02/1987. 
 
4. Caso positivo, poderia informar se o(s) projeto(s) está(ão) de acordo com a(s) construção 
(ões) existentes no local? 
 
R: Sem efeito, devido a resposta do quesito 3., acima. 
 
5. Poderia informar se as construções foram construídas em etapas, isto é, em diferentes 
épocas? 
 
R: Sim. Analisando o projeto aprovado em 19/03/1981 e a certidão de vistoria da SMCP 
datada de 06/03/87, constatamos tratar-se de um projeto de ampliação onde existia uma área 
construída de 131m2, sendo ampliada uma área de 21,54m2, observando que no momento da 
vistoria encontramos além da ampliação prevista no projeto, uma pequena construção isolada 
da casa principal, constituída de um quarto, WC e uma pequena cozinha, lindeira com o terreno 
do morador a direita da Autora e a aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Réu, com 
18m2 de área construída. 
6. Poderia o Sr. Perito informar se a construção (da Rua Martim Afonso de Souza, 427), tinha 
manutenção, desde a data de sua vistoria, isto é, anterior a Dez./1996? 
 
R: No momento da vistoria, o imóvel aparentou um estado regular de conservação. 
 
7. Poderia o Sr. Perito informar se a época da primeira construção, no imóvel sito a Rua Martim 
Afonso de Souza, já existia a pavimentação de unistein? 
 
R: Sim, segundo os moradores das casas ao redor. 
 
8. Caso negativo, a pavimentação realizada na via pública, após a vistoria, não poderia ter 
comprometido as construções na região, devido ao uso dos equipamentos de compactação, 
etc.? 
 
R: Sem efeito, devido a resposta do quesito 7., acima. 
 
 
 
 
 
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9. Poderia o Sr. Perito informar da possibilidade de existir vibrações nas construções, em 
especial, a de n.º 427, se com o grande trânsito de veículos pesados, como ônibus, caminhões, 
nas proximidades, não estariam afetando as construções da região, provocando desta maneira 
as trincas e fissuras alegadas, por ter sido o imóvel de n.º 427, da dita rua, construído em 
etapas? 
 
R: A zona em questão é tranqüila e com pouco movimento de veículos. Segundo 
informações colhidas de alguns moradores, o movimento de algumas máquinas se deu somente 
na época das obras da Corsan, quando foi retirado e recolocado o pavimento unistein (Ver 4º 
parágrafo, do item 6. DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO, do laudo). 
 
10. De acordo com o histórico da região, as etapas, se confirmadas, das ampliações efetuadas 
no imóvel de n.º 427 da dita rua, em diferentes épocas, após a vistoria, não poderiam ter 
sofrido acomodações das fundações e estruturais e conseqüentemente provocado as trincas e 
fissuras alegadas? 
 
R: Sim. Uma construção existente pode sofrer alterações decorrentes de outra construção 
executada em data posterior, seja ela uma ampliação da primeira ou simplesmente vizinha. Este 
fato pode ocorrer em função de diversos fatores, podendo compreender a fase de projeto, fase 
de execução e/ou fase de utilização. 
 Desde modo, incorreções como inadequação do projeto ao ambiente, má concepção 
estrutural do projeto, erros de cálculo, adoção de materiais inadequados ou de baixa qualidade, 
execução em desacordo com o projeto e ainda sobrecargas excessivas, não previstas no projeto, 
podem originar patologias que venham a comprometer a segurança e durabilidade das 
construções. 
 
11. Poderia o Sr. Perito informar se a rachadura apresentada na fachada, no imóvel de n.º 425ª, 
de minha propriedade, é devida ao vão (avanço) de laje ter sofrido uma pequena flecha? 
 
R: Sim. A ocorrência de flechas excessivas nos balanços de vigas e lajes pode introduzir 
esforços de flexão nas paredes de fachada, apoiadas na extremidade da laje em balanço, 
situação em que normalmente aparecem fissuras inclinadas, configurando um caso bastante 
típico de fissuração provocada pela falta de rigidez estrutural. 
 Em outras palavras poderíamos dizer que a deflexão da laje em balanço provocou o 
aparecimento de trincas de cisalhamento na alvenaria e destacamento entre a parede e a 
estrutura de concreto armado. 
 
12. Poderia o Sr. Perito informar se o imóvel de n.º 427, apresenta laje em concreto armado, ou 
pré-laje, em toda a sua construção ou tem partes em forro de madeira ou PVC? 
 
R: O imóvel é todo com laje de concreto armado, sendo que no corredor de acesso aos 
dormitórios, a laje foi revestida com PVC, apenas com finalidade de estética. 
 
13. Se a laje ou pré-laje, foram construídas em etapas, de acordo com as ampliações em 
diferentes épocas? 
 
R: De acordo com o projeto, sim. 
 
 
 
 
 
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14. Se, o diferente tipo de forro (laje e forro em madeira ou PVC) não tem influência nas trincas 
e fissuras alegadas, pelo histórico da região, devido as diferentes cargas? 
 
R: A casa é toda em laje de concreto armado, com exceção da construção isolada de 18m2, 
portanto não configurando o descrito no presente quesito. 
 
 
15. A cobertura de cimento amianto (6mm ou 4mm), tem influência na dilatação dos materiais, 
devido a incidência dos raios solares, em acumular calor entre a cobertura e laje? 
 
R: Sim, parte da energia calorífica absorvida pelas telhas é reirradiada para a laje, além de 
ocorrer através do ático transmissão de calor por condução e convecção. Esta energia associada 
a outros fatores como diferenças nos coeficientes de dilatação térmica dos materiais 
construtivos e ao fato de que as lajes de cobertura normalmente encontram-se vinculadas às 
paredes de sustentação, pode provocar o surgimento de movimentações térmicas. 
 Assim, a dilatação plana das lajes e o abaulamento provocado pelo gradiente de 
temperaturas ao longo de suas alturas podem introduzir tensões de tração e de cisalhamento 
segundo diversos autores,10, 11, 12 e 13 quase que exclusivamente nas paredes das edificações, 
apresentando trincas tipicamente no topo das paredes, paralelas ao vão da laje, com traçado 
bem definido, realçando o efeito dos esforços de tração na face interna da parede, entretanto, 
diferente da configuração das anomalias presentes no caso, as quais foram originadas por 
recalques diferenciais excessivos das fundações do Réu. 
 
16. Poderia o Sr. Perito informar se o portão de ferro no alinhamento do imóvel de n.º 427, 
encontra-se em funcionamento, e se foi consertado? 
 
R: As duas folhas do portão estão desalinhadas em aproximadamente 8cm devido ao 
afundamento do muro lateral onde uma delas se fixa. Este muro lateral é encostado na parede 
do sobrado do Réu, a qual sofreu o afundamento devido ao recalque diferencial das fundações, 
'arrastando' com ela o muro da Autora. Na foto n.º 14, do laudo, observa-se que a folha que 
deslocou para baixo é a que está fixada na parede de divisa com o Réu enquanto a outra, a qual 
esta fixada na casa da Autora se manteve na posição original, demonstrando que o 
afundamento se deu nas fundações do construção do Réu. 
 
17. O sedimento da garagem da requerente deu-se devido à ampliação efetuada do prédio, 
sendo que a parte existente encontrava-se estabilizada e a ampliação em outra etapa, em fase 
de acomodação propiciou tal sedimento alegado? 
 
R: Não. A conformação do sedimento do piso lateral indica uma anomalia provocada em 
função do recalque excessivo das fundações executadas pelo Réu. 
 
 
 
 
10 Pfeffermann, O. Les fissures dans les constructions: consequence de phénomènes physiques 
natureis. Annales de L'Institut Technique du Bâtiment et des Travaux Publics, Bruxelles,n.º 250, 
octobre, 1968. 
11 Latta, J. K. Dimensional changes due to temperature, In: Seminar on Cracks, Movements and Joint 
in Buildings, Ottawa, 1970. Proceedings… Ottawa, National Research Council of Canada, 1976. (NRCC 
– 15.477). 
12 Chand's S. Cracks in building and their remedial measures. Indian Concrete Journal, New Delhi, 
october, 1979. 
13 Sahlin, Sven. Structural Masonry. New Jersey, Prentice Hall, 1971. 
 
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18- Poderia estipular o valor aproximado da troca de piso (lajotas iguais) no vão onde ocorreram 
as deformações (ao lado direito do sobrado)? 
 
R: Quesito prejudicado. Em alguns casos, a recuperação em si do componente danificado é 
a parte menos importante na resolução do problema. No tocante a recalques de fundações, por 
exemplo, Pfeffermann14 cita "se os estudos demonstram que há possibilidade de continuação do 
movimento, nenhum método de reparo do componente será eficiente". Além do mais, caso se 
consiga um método aparentemente eficiente, com o emprego de selantes flexíveis, por exemplo, 
este poderá constituir-se numa simples maquiagem, encobrindo evoluções perigosas para a 
segurança da edificação. 
 Assim, na ocorrência de recalques de fundações a recuperação do componente só deverá 
ser efetuada quando da certeza da estabilização do movimento, portanto, antes de estimar os 
custos, primeiramente necessário de faz o monitoramento para a obtenção da certeza da 
estabilidade para depois orçar, se for o caso, o necessário reforço e a posterior recuperação dos 
elementos danificados. 
 
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- 
 
Vai o presente Laudo, desenvolvido em 24 (Vinte e quatro) folhas impressas em um só 
lado, todas rubricadas, sendo a última datada e assinada. 
 
À disposição de Vossa Excelência para outras informações que julgar pertinente. 
 
 
 
Rio Grande, 22 de janeiro de 2010. 
 
 
 
 
------------------------------------ 
Clarel da Cruz Riet 
Eng. Civil – CREA 66.891-D 
Perito - IBAPE 1.047/99 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 Pfeffermann, O. et al. Fissuration des maçonneries. Bruxelles, Centre Scientifique et Technique de la 
Construction, 1967. (Note d'information Technique 65).

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