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5- PSICANÁLISE-PARA-CARL-GUSTAV-JUNG-E-DONALD-W -WINNICOTT

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2 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 
2. A TEORIA DOS TIPOS PSICOLÓGICOS ............................................... 4 
3. TIPOS DE PERSONALIDADE – ABORDAGEM TIPOLÓGICA DE CARL 
JUNG 8 
4. VISÃO PSICANALÍTICA ........................................................................ 12 
5. DE FREUD A JUNG: CONSCIENTE E INCONSCIENTE PESSOAL .... 13 
5.1 O inconsciente coletivo de Carl Jung ................................................. 17 
6. CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E SEU DESENVOLVIMENTO ............. 20 
6.1 Da Dependência à Independência ..................................................... 27 
7. A MÃE SUFICIENTEMENTE BOA ........................................................ 31 
8. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2. A TEORIA DOS TIPOS PSICOLÓGICOS 
 
Fonte: encenasaudemental.com 
Carl Gustav Jung foi um dos autores que mais se preocupou com a 
personalidade humana, interessado e preocupado com as relações humanas com o 
mundo exterior e a comunicação entre as pessoas. Jung é considerado um dos 
maiores psicólogos do século XX. Conforme afirma Hall & Lindzey apud LESSA 
(2018): 
“Durante meio século dedicou-se com grande energia e originalidade de 
propósito a analisar os processos profundos da personalidade humana. A 
originalidade e a audácia do pensamento de Jung têm poucos paralelos na 
história da ciência atual, nenhum outro homem, pondo de lado Freud, abriu 
maiores perspectivas naquilo que Jung chamou ’a alma do homem’. ” Hall & 
Lindzey (1973: 131 apud LESSA (2018). 
Segundo LESSA (2018), em 1921 Jung deu uma contribuição fundamental para 
a compreensão da tipologia humana e escreveu uma de suas obras mais importantes, 
o livro "Tipos psicológicos", resultado de mais de 20 anos de observação e prática em 
medicina psiquiátrica e psicologia prática. 
“Tipo é uma disposição geral que se observa nos indivíduos, caracterizando-
os quanto a interesses, referências e habilidades. Por disposição deve-se 
entender o estado da psique preparada para agir ou reagir numa determinada 
situação. ” Jung (1967: 551). Ainda segundo Jung, “Tipo é um aspecto 
unilateral do desenvolvimento. ” Jung (1971: 477 apud LESSA 2018). 
 
5 
 
 
Conforme LESSA (2018) Jung distingue duas formas de atitude / disposição 
das pessoas em relação ao objeto: aquelas que preferem focalizar sua atenção no 
mundo externo dos fatos e das pessoas (extroversão), e / ou no mundo interno das 
representações e impressões psicológicas (introversão). A natureza da disposição 
representa apenas uma preferência natural do indivíduo em lidar com o mundo, 
semelhante à preferência pela mão direita ou esquerda. 
Para Jung, mostrar disposição significa, “estar disposto para algo 
determinado, ainda que esse algo seja inconsciente”. Jung (1967: 493 apud 
LESSA 2018). 
Jung (1967 apud LESSA, 2018) descreveu os tipos de disposição geral como 
introvertidos e extrovertidos e vê as diferenças como: “Facilmente perceptível mesmo 
para um leigo…. Para ser encontrado em absolutamente todas as classes da 
população." A distinção de Jung entre introvertidos e extrovertidos está na direção de 
seus interesses e no movimento da libido, que Jung entende como energia psíquica. 
Assim, podemos entender a extroversão como enfoque ao objeto e a introversão como 
enfoque ao sujeito. Em relação ao tipo introvertido e extrovertido, ele revelou: 
 “Um encarrega-se da reflexão; o outro, da iniciativa e da ação prática. ” Jung 
(1971: 47 apud LESSA 2018). 
Na extroversão, a energia da pessoa flui naturalmente para o mundo externo 
dos objetos, eventos e pessoas em que é observada: atenção à ação, impulsividade 
(ação antes do pensamento), comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de 
expressão oral. Extroversão significa “o fluxo da libido de dentro para fora. Jung (1967: 
48 apud LESSA, 2018). A pessoa extrovertida torna-se autoconsciente diante do 
objeto. Esse aspecto favorece sua adaptação às condições externas, geralmente mais 
facilmente do que para o indivíduo introvertido. 
Segundo LESSA (2018), na introversão, o indivíduo chama a atenção para seu 
mundo interior de impressões, emoções e pensamentos, de forma que haja uma ação 
dirigida para dentro, hesitação, pensamento antes da ação; postura contida, 
retraimento social, preservação das emoções, discrição e facilidade de expressão no 
domínio da escrita. 
O introvertido lida com seus processos internos, que são causados por fatos 
externos. O tipo introvertido difere do tipo extrovertido por sua orientação através de 
 
6 
 
fatores subjetivos e não pelo aspecto objetivamente dado. Jung ressalta que o termo 
"fator subjetivo" não deve ter a conotação prejudicial de algo que foge da realidade. 
De acordo com Jung, ninguém é exclusivamente introvertido ou extrovertido: 
 “Ambas as atitudes existem dentro dele, mas só uma delas foi desenvolvida 
como função de adaptação; logo podemos supor que a extroversão cochila 
no fundo do introvertido, como uma larva, e vice-versa. ” Jung (1971: 48 apud 
LESSA 2018) 
A respeito da introversão e extroversão, Silveira apontou: 
“Não só o homem comum pode ser enquadrado numa dessas duas atitudes 
típicas. Igualmente os filósofos, através de suas concepções do mundo 
revelam seus tipos psicológicos, bem como os artistas, através de suas 
interpretações da vida. Jung se intrigava que os mesmos fenômenos 
psíquicos fossem vistos e compreendidos tão diferentemente por homens de 
ciência, cada um de seu lado, honestamente convencido de haver descoberto 
a verdade única. ” Silveira (1988: 54 apud LESSA, 2018). 
De acordo com LESSA (2018), Jung usa o conceito de função psicológica ou 
função psicológica para explicar as diferenças entre os tipos psicológicos. Esta é uma 
atividade da psique que tem uma consistência interna, uma atribuição inata que 
determina habilidades, aptidões e tendências no relacionamento do indivíduo com o 
mundo e consigo mesmo. A forma preferida de reagir ao mundo se deve, entre outras 
coisas, à herança genética, às influências familiares e às experiências pessoais. 
Além das duas atitudes de extroversão e introversão, Jung (1971 apud LESSA 
2018) descobriu que existem diferenças importantes entre pessoas no mesmo grupo, 
ou seja, um introvertido pode ser muito diferente de outro introvertido. Os indivíduos 
são causados pelas diferentes maneiras como as pessoas usam os pensamentos, ou 
seja, as funções mentais e / ou processos mentais que as pessoas preferem usar para 
se conectar com o mundo externo ou interno. Jung identificou quatro funções 
psicológicas que a consciência usa para reconhecer o mundo exterior e guiá-lo. 
Segundo LESSA (2018) ele definiu as funções como: sensação, pensamento, 
sentimentoe intuição - estes representarão os tipos psicológicos juntamente com a 
atitude de introversão e extroversão. De acordo com Jung, existem duas formas 
opostas de perceber as coisas - sensação e intuição - e existem duas outras que 
usamos para julgar os fatos - pensamento e sentimento. 
De acordo com LESSA (2018), sensação e intuição são funções irracionais, 
uma vez que a situação é compreendida diretamente sem transmitir julgamentos ou 
 
7 
 
avaliações. A função sensação é a função dos sentidos, a função da realidade, a 
função que traz informações (percepções) do mundo através dos órgãos dos sentidos. 
De acordo com LESSA (2018), sensação e intuição são funções irracionais, 
uma vez que a situação é compreendida diretamente sem transmitir julgamentos ou 
avaliações. A função sensação é a função dos sentidos, a função da realidade, a 
função que traz informações (percepções) do mundo através dos órgãos dos sentidos. 
Pessoas do tipo Sensação acreditam em fatos, são fáceis de lembrar e prestar 
atenção ao presente. Essas pessoas estão focadas no real e no concreto, orientam-
se no "aqui - agora" e costumam ser práticas e realistas. Preferem manter as coisas 
funcionando do que criar novos caminhos. O oposto da função sensação é a função 
intuição, em que a percepção é feita pelo inconsciente e a percepção do ambiente 
geralmente é feita por meio de "palpites", "dicas" ou "inspirações". 
A intuição busca significados, conexões e possibilidades futuras das 
informações recebidas. Pessoas intuitivas olham para o todo e não para as partes, 
por isso às vezes têm dificuldade em perceber os detalhes, diz LESSA (2018). 
Segundo LESSA (2018), as funções de Pensamento e Sentimento são 
consideradas racionais, pois possuem caráter julgador e são influenciadas pela 
reflexão, que determinam o modo de tomada de decisão. Essas funções também são 
chamadas de funções de julgamento e são responsáveis por tirar conclusões sobre 
os assuntos tratados pela consciência. A função Pensamento estabelece a conexão 
lógica e conceitual entre os fatos percebidos. As pessoas que usam os Pensamentos 
realizam uma análise lógica e racional dos fatos, naturalmente focado na Razão e 
tente ser neutro em seus julgamentos. 
A função racional oposta à função Pensamento é a função Sentimento. Aqueles 
que usam o Sentimento avaliam o valor intrínseco das coisas, usam valores pessoais 
(próprios ou de terceiros) ao tomar decisões. Para Nise da Silveira, “A pessoa que usa 
a função Sentimento faz julgamentos como Pensamento, mas sua lógica é muito 
diferente. É a lógica do coração ”. Silveira (1988: 54 apud LESSA 2018). 
 
Ao demonstrar as quatro funções, Jung escreveu: 
“Sob o conceito de Sensação pretendo abranger todas as percepções através 
dos órgãos sensoriais; o Pensamento é a função do conhecimento intelectual 
e da formação lógica de conclusões; por Sentimento entendo uma função que 
avalia as coisas subjetivamente e por Intuição entendo a percepção por vias 
inconscientes … A Sensação constata o que realmente está presente. O 
 
8 
 
Pensamento nos permite conhecer o que significa este presente; o 
Sentimento, qual o seu valor; a Intuição, finalmente, aponta as possibilidades 
do “de onde” e do “para onde” que estão contidas neste presente… As quatro 
funções são algo como os quatro pontos cardeais. Tão arbitrárias e tão 
indispensáveis quanto estes. ” Jung (1971: 497 LESSA 2018). 
2.1 Tipos de personalidade – abordagem tipológica de Carl Jung 
 
Fonte: filosofiahoje.com 
Carl Jung (1875 - 1961), psiquiatra suíço e psicanalista, foi o fundador da 
Psicologia Analítica. Em 1921 publicou sua obra sobre os tipos psicológicos (JUNG, 
2012 apud COLETTA, 2018), na qual apresenta as duas direções principais da libido 
entendida como energia psíquica conhecidas como extrovertida e introvertida, dois 
conceitos teorizados. Jung (2012 apud COLETTA, 2018) acreditava que todos os 
indivíduos estariam em alguma dessas posições quanto ao interesse pelo objeto ou 
pelo sujeito ou, na movimentação da libido, em direção ao objeto ou ao sujeito. Porém 
ambas as posições existem dentro do indivíduo, sendo uma delas desenvolvida com 
o objetivo de adaptação. 
Segundo COLETTA, (2018) na extroversão (iniciativa e ação prática) é dado 
enfoque ao objeto e, na introversão (reflexão), ao sujeito. Na atitude extrovertida, a 
libido, isto é, a energia psíquica, volta-se naturalmente para o mundo externo de 
objetos, fatos e pessoas, caracterizando uma disposição para a ação, a impulsividade, 
a comunicabilidade, a sociabilidade e a facilidade de expressão oral. Na atitude 
introvertida, a atenção do indivíduo é voltada para o seu mundo interior suas 
impressões, emoções e pensamentos, favorecendo características como a hesitação, 
 
9 
 
o pensar antes de agir, a maneira reservada, o retraimento social, a retenção de 
emoções, a discrição e a facilidade de expressão no campo da escrita, com uma 
ênfase à subjetividade. 
Além desses dois tipos básicos, Jung identificou diferenças individuais entre os 
extrovertidos e os introvertidos, que atribuiu às diversas maneiras com que o indivíduo 
utiliza a mente, ou melhor, às funções psíquicas e/ou processos mentais que utiliza 
para se relacionar com o mundo externo ou interno (LESSA, 2012 apud COLETTA, 
2018). 
De acordo com Feist, Feist e Roberts (2015, p. 81 apud COLETTA, 2018): 
[...] tanto a introversão quanto a extroversão podem se combinar com uma ou 
mais das quatro funções, formando oito orientações possíveis, ou tipos. As 
quatro funções sensação, pensamento, sentimento e intuição podem ser 
brevemente resumidas da seguinte forma: a sensação diz às pessoas que 
algo existe; o pensamento lhes possibilita reconhecer seu significado; o 
sentimento lhes diz seu valor; e a intuição lhes permite saberem a seu 
respeito sem saber como. 
Diariamente as pessoas utilizam essas quatro funções, sendo que, por meio da 
sensação e da intuição, a situação é percebida diretamente, sem a intermediação de 
um juízo ou uma verificação. A sensação é uma função dos sentidos, que traz as 
percepções do mundo através dos órgãos dos sentidos. Segundo Lessa (2012 apud 
COLETTA, 2018), pessoas com essa função predominante são aquelas que: 
[...] acreditam nos fatos, têm facilidade para lembrar-se deles e importam-se 
com o presente, com foco no real e no concreto, são voltadas para o ‘aqui- -
agora’, sendo práticas e realistas; preocupam-se mais em manter as coisas 
funcionando do que em conceber novos caminhos. 
Feist, Feist e Roberts (2015, p. 82 apud COLETTA, 2018) referem que “[...] as 
pessoas com sensação extrovertida percebem os estímulos externos de modo 
objetivo, de uma forma muito parecida como esses estímulos existem na realidade”. 
Suas sensações não são tão influenciadas por suas atitudes subjetivas. Por outro 
lado, ainda segundo os autores: 
[...] as pessoas com sensação introvertida são influenciadas por suas 
sensações subjetivas de visão, audição, olfato e tato, sendo guiadas por sua 
interpretação dos estímulos sensoriais, não pelos estímulos em si; é uma 
interpretação subjetiva dos fenômenos objetivos e, quando esta atitude é 
levada ao extremo, pode resultar em alucinações (FEIST; FEIST; ROBERTS, 
2015, p. 82 apud COLETTA, 2018). 
 
10 
 
Na função intuição, a percepção ocorre por meio do inconsciente, e o 
entendimento ou a compreensão do ambiente externo ocorre por meio de 
pressentimentos, palpites ou inspirações. As pessoas do tipo intuição veem o todo e 
não as partes, tendo dificuldades em verificar detalhes. Segundo Feist, Feist e Roberts 
(2015, p. 82 apud COLETTA, 2018): 
[...] as pessoas intuitivas extrovertidas são orientadas para a percepção 
externa de maneira subliminar, podem criar coisas que atendem a uma 
necessidade que apenas poucas pessoas perceberam que existia. [...] as 
pessoas intuitivas introvertidas são guiadas pela percepção inconsciente de 
fatos que são basicamentesubjetivos e têm pouca ou nenhuma semelhança 
com a realidade externa. 
Por estarem relacionadas ao ato de julgar e serem influenciadas pela reflexão 
que propicia o modo de tomada de decisão, as funções pensamento e sentimento são 
consideradas racionais, sendo também denominadas funções de julgamento; a 
palavra que melhor expressa estas funções é “apreciação”. Na função pensamento é 
instituída a conexão lógica e conceitual dos eventos e situações apreendidas. As 
pessoas que utilizam a função pensamento são julgadoras e categorizadoras e 
distinguem um fato de outro sem envolver a afetividade. Orientam-se pela razão, 
sendo mais neutras nos seus posicionamentos e julgamentos. A função que se 
contrapõe ao pensamento é o sentimento. As pessoas que utilizam essa função 
valorizam mais os sentimentos nas suas avaliações e decisões, atentando mais para 
a harmonia do clima social; suas decisões seguem mais o coração (LESSA, 2012 
apud COLETTA, 2018). 
Segundo Feist, Feist e Roberts (2015, p. 81 apud COLETTA, 2018): 
[...] as pessoas com pensamento extrovertido contam com pensamentos 
concretos, mas elas também podem usar ideias abstratas se estas foram 
transmitidas de fora, por exemplo, por pais e professores. Matemáticos, 
engenheiros e contadores fazem uso frequente do pensamento extrovertido, 
pois precisam ser objetivos. [...] as pessoas com pensamento introvertido 
reagem aos estímulos externos, porém sua interpretação de um evento é 
mais colorida pelo significado interno que trazem consigo do que pelos fatos 
objetivos em si. [...] quando levado ao extremo, o pensamento introvertido 
resulta em pensamentos místicos improdutivos, os quais são tão 
individualizados que acabam sendo inúteis para qualquer outra pessoa. 
A função sentimento deve ser diferenciada da emoção. Por sentimento 
entende-se a avaliação de cada atividade consciente, sem necessariamente ter uma 
emoção. As emoções apresentam-se em qualquer uma das quatro funções quando 
 
11 
 
suas forças forem aumentadas. Para Feist, Feist e Roberts (2015, p. 82 apud 
COLETTA, 2018): 
[...] as pessoas com sentimento extrovertido usam dados objetivos para 
fazerem avaliações. Elas não são tão guiadas por sua opinião subjetiva, mas 
pelos valores externos e por padrões de julgamento aceitos. [...] as pessoas 
geralmente gostam delas, devido a sua socialização, mas, em sua busca de 
se adequarem aos padrões sociais, elas podem parecer artificiais, superficiais 
e não confiáveis. [...] as pessoas com sentimento introvertido baseiam seus 
julgamentos de valor principalmente em percepções subjetivas, em vez de 
fatos objetivos. [...] elas ignoram opiniões e crenças tradicionais, e sua 
indiferença quase completa pelo mundo objetivo (incluindo as pessoas), 
muitas vezes, faz os indivíduos à sua volta se sentirem desconfortáveis. 
Analisando a dinâmica da personalidade, Jung (2012 apud COLETTA, 2018) 
constatou que uma das funções se torna distinta e adquire um estágio de dominância, 
de função dominante ou principal. Outra função pode ter um desenvolvimento com 
menor intensidade e vir a tornar-se uma função auxiliar da primeira. As outras duas 
funções (terciária e inferior) permanecerão no inconsciente. 
A função dominante manifesta-se pelo exercício maior na utilização desta 
função do que as demais, ficando mais desenvolvida, pois as pessoas buscam sempre 
resultados melhores na sua luta pela existência e na adaptação ao meio. Quanto à 
função auxiliar ou secundária, por ter se desenvolvido menos, servirá de apoio à 
função dominante ou principal, para dar equilíbrio entre a extroversão e a introversão, 
e entre o julgamento e a percepção. A função terciária é o complemento na dinâmica 
consciente/inconsciente. A função inferior é a menos desenvolvida, contrapõe-se à 
função dominante e faz a ponte para o inconsciente; ou seja, se a função 
dominante/principal for a intuição, a função inferior será a sensação que é o seu 
oposto. Caso a função inferior ganhe energia e emerja no consciente, será de forma 
arcaica e infantil, levando ao desequilíbrio e à neurose (LESSA, 2012 apud COLETTA, 
2018). 
Segundo Feist, Feist e Roberts (2015, p. 89 apud COLETTA, 2018): 
[...] a abordagem de Jung da personalidade foi muito influente no início do 
desenvolvimento da psicologia da personalidade. [...] hoje, a maior parte das 
pesquisas relacionadas a Jung foca suas descrições dos tipos de 
personalidade. O Indicador Tipológico Myers-Briggs (Myers-Briggs Type 
Indicator, MTBI; Myers, 1962) é a medida usada com mais frequência 
baseada nos tipos de personalidade de Jung. O MTBI acrescenta uma quinta 
e uma sexta funções, julgamento e percepção, à tipologia original de Jung, 
criando um total de 16 tipos de personalidade possíveis. 
 
12 
 
 
O Quadro 1 apresenta os oito tipos de personalidade junguianos. 
 
 
Fonte: Adaptado de Feist, Feist e Roberts (2015) 
3. VISÃO PSICANALÍTICA 
Com Freud e seu estudo intitulado "Psicologia das Massas e Análise do Self 
(eu)" em 1921, a psicanálise começou a olhar para os laços sociais, mais 
precisamente os laços sociais. Nesse estudo, Freud aborda a que se refere a noção 
de “massa”. Buscando inicialmente o diálogo com autores como Le Bon e McDougall. 
Freud (apud MAYA, 2016 apud LOPES, 2017) se preocupa em Le Bon com a falta de 
uma resposta para a seguinte questão: “Se os indivíduos do grupo são combinados 
em uma unidade, certamente deve haver algo que os conecte e esta conexão poderia 
ser exatamente o que caracteriza um grupo ”. 
Sobre a organização de massa de McDougall, uma tese se destaca aos olhos 
de Freud (apud MAYA, 2016 apud LOPES, 2017): “A tarefa consiste em procurar na 
massa as mesmas propriedades que eram características do indivíduo e se apagaram 
pela formação de massa” e apresenta termos centrais que a clínica lhe deu, como 
identificação, sugestão e libido. 
 
 
13 
 
 
Fonte: psicanalise.com.br 
Freud (1921 apud LOPES, 2017) enfatiza a libido e o amor como forças que 
unem as massas à necessidade do indivíduo de um outro. O que aconteceu no 
indivíduo e o que aconteceu na constituição de uma multidão que nos faz pensar na 
ligação entre a multidão e o indivíduo. 
4. DE FREUD A JUNG: CONSCIENTE E INCONSCIENTE PESSOAL 
O inconsciente se constitui como um conceito fundamental para a psicanálise 
freudiana, influenciando inclusive psicólogos que se afastaram da psicanálise, como 
a psicologia junguiana. Carl Jung foi colega de Freud, interessando-se pela 
psicanálise a partir da publicação de A interpretação dos sonhos (FREUD, 2002 apud 
MAIA, 2020). Embora tenham trabalhado juntos, sendo Jung considerado pelo próprio 
Freud o herdeiro do seu legado teórico, as diferenças em relação ao inconsciente e 
sobre a libido levaram à ruptura na relação entre ambos. Jung julgava o papel do sexo 
com um peso menor em relação a Freud, o pai da psicanálise, considerando a libido 
como uma energia psíquica geral da qual o sexo seria apenas uma parte (SCHULTZ; 
SCHULTZ, 2016 apud MAIA, 2020). 
A psicanálise freudiana, por sua vez, surge no século XIX dando ênfase às 
forças motivadoras, ao inconsciente, a conflitos internos e seus efeitos sob o 
comportamento. No desenvolvimento teórico sobre o inconsciente, Freud inicialmente 
 
14 
 
considerava a vida psíquica estruturada entre consciente e inconsciente e, 
posteriormente, por id, ego e superego (FREUD, 1980 apud MAIA, 2020). Jung, 
seguindo esse pressuposto, também considerava que a psique era formada por um 
nível consciente e outro inconsciente (JUNG, 1980a; 198b apud MAIA, 2020), mas 
amplia a concepção de inconsciente ao acrescentar o inconsciente coletivo (FEIST; 
FEIST; ROBERTS, 2015 apud MAIA, 2020). 
A libido aparece nas elaborações de Jung como uma energia de vida difusa e 
generalizada e enquanto uma energia que alimentaria a psique ou a personalidade. 
Desenvolve a ideia de energia, então, influenciado pela física, compreendendo a 
energiapsíquica a partir de princípios como opostos, equivalência e entropia, afirma 
apud MAIA, (2020). 
 
 
Fonte: psicologia.com.br 
A ideia dos opostos é característica de toda a perspectiva junguiana, mas o 
psicanalista também compreende que há um princípio de conservação de energia, 
que pode ser transferida para outras dimensões da personalidade essa compreensão 
considera que a energia está sempre circulando pela personalidade. Com isso, tem-
se uma tendência ao equilíbrio, em que se busca a distribuição da energia psíquica 
pelas estruturas da personalidade de forma igualitária (SCHULTZ; SCHULTZ, 2016 
apud MAIA, 2020). 
 
15 
 
A personalidade, nessa perspectiva, é composta por várias estruturas, sendo 
as principais o ego, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O ego é 
entendido como o centro da consciência, em que estariam a execução da percepção, 
sentimentos, desejos e raciocínio através da energia psíquica. Precisa para ser 
completado pelo centro da personalidade que é em sua maior parte inconsciente 
(FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015 apud MAIA, 2020). Segundo Jung (1967 apud MAIA, 
2020), o ego seria o organizador da psique e constitutivo da identidade. É por meio 
dessa dimensão que o inconsciente se manifesta, um mediador que possibilita a 
resolução dos opostos, base da formação da subjetividade em Jung. 
O inconsciente pessoal, em Jung (1980a; 1980b apud MAIA, 2020), surge das 
experiências vividas e assemelhar-se-ia à noção de pré-consciente da psicanálise 
freudiana, uma dimensão que abarcaria processos psíquicos que não são plenamente 
conscientes, mas também não estão no inconsciente (JUNG, 1980a; 1980b apud 
MAIA, 2020). Diz respeito aos conteúdos reprimidos das memórias infantis, percepção 
e sensação vividas por cada pessoa e que são esquecidas e não totalmente 
conscientes por isso individuais, únicas (FEIST; FEIST; ROBERTS, 2015 apud MAIA, 
2020), formado, então, por experiências que conflitam com aspectos pessoais, morais 
ou que são provenientes de sofrimento ou situações que não seriam necessárias 
relembrar cotidianamente. A função é organizar esses conteúdos, que somente 
podem ser acessados por meio da constelação, que seriam as reações emocionais 
agrupadas (NASSER, 2010 apud MAIA, 2020). 
Diferentemente da perspectiva freudiana de inconsciente (FREUD, 1980 apud 
MAIA, 2020), enquanto um depósito de material reprimido, desejos, pensamentos e 
emoções, sede de conflitos e tensões que buscam alívio, Jung considera o 
inconsciente pessoal como aquele em que se guarda as diversas experiências e 
agrupadas no que se denomina complexos, que são formados não apenas pelas 
experiências infantis, mas também por aquelas vivenciadas na vida adulta, bem como 
de ancestrais que estão no inconsciente coletivo. Schultz e Schultz (2016, p. 95 apud 
MAIA, 2020) afirmam que “[...] um complexo é um centro ou padrão de emoções, 
lembranças, percepções e desejos no inconsciente pessoal, organizado em torno de 
um tema comum”. Esses influenciam os pensamentos, desejos e comportamentos dos 
indivíduos, que, embora não tenham consciência do complexo, podem perceber seus 
efeitos. 
 
16 
 
Os complexos são constituintes da psique, dotando a estrutura psíquica de uma 
carga afetiva que liga representações, memórias e pensamentos (JUNG, 1971b apud 
MAIA, 2020). Como aponta Jacobi (2017, p. 28 apud MAIA, 2020), na perspectiva 
junguiana, os complexos são: 
[...] como os pontos focais e nodais da vida psíquica que absolutamente não 
gostaríamos de perder, que não podem estar ausentes, pois, do contrário, a 
atividade psíquica chegaria a uma paralisação fatal. Eles formam aqueles 
pontos nevrálgicos da estrutura psíquica a que aderem as coisas não 
digeridas, inaceitáveis, conflituosas, mas sua dolorosidade não revela 
nenhum distúrbio patológico. 
Essa visão, afirma Jacobi (2017 apud MAIA, 2020), contrapõe-se à perspectiva 
freudiana de complexo porque, enquanto nesta a discussão parte das experiências 
patológicas e, portanto, assume um caráter negativo, produto de mecanismos de 
repressão, formando sintomas, em Jung, seria resultado de um olhar para um duplo 
aspecto dos complexos, aqueles resultantes das experiências e que estão no 
inconsciente pessoal e aqueles que teriam relação com o inconsciente coletivo. 
Por agirem inconscientemente, levam os sujeitos a agir, controlando condutas, 
pensamentos e emoções. Jacobi (2017, p. 18 apud MAIA, 2020) diz que a abordagem 
junguiana do complexo: 
[...] consiste primariamente em um elemento central, um portador de 
significado, que, subtraindo-se à vontade consciente, é inconsciente e 
incontrolável, e, secundariamente, em uma série de associações a ele 
ligadas, que se originam, em parte, da disposição pessoal original e, em 
parte, das vivências do indivíduo condicionadas pelo ambiente. 
Os complexos, quando constelados, podem fazer emergir a consciência, ainda 
que não se conheça o plano de fundo. Esse só acontece após a conscientização pelo 
processo terapêutico, que possibilita o descarregamento energético do complexo e, 
desse modo, a sua influência. O restante ficará inconsciente, enquanto elemento 
central. Por isso, seria uma dimensão saudável da psique, assumindo caráter 
patológico apenas quando revestido pelo conteúdo da experiência (JACOBI, 2017 
apud MAIA, 2020). 
 
17 
 
4.1 O inconsciente coletivo de Carl Jung 
A compreensão de Jung a respeito da psique é ampliada, incluindo uma 
dimensão que não se reduz ao pessoal, mas é constituída por uma memória coletiva, 
acúmulo das experiências herdadas enquanto espécie humana. Seria uma dimensão 
que se manifestaria nos sonhos, mitos, religiões, etc. e que inclui experiências 
universais que têm autonomia em relação ao ego e ao inconsciente pessoal porque é 
formada por uma dimensão transcendente e coletiva, um repertório de experiências 
ancestrais que influenciam a personalidade (JUNG, 1971 apud MAIA, 2020). 
Para Jung (1980 apud MAIA, 2020), o inconsciente coletivo diz respeito às 
memórias que conectam toda a história da humanidade. Por isso, as experiências 
básicas e cotidianas caracterizariam os vários momentos dessa história maternidade, 
medos, morte são experiências comuns e compartilhadas. 
As pessoas sempre tiveram uma figura materna, vivenciaram nascimentos, 
mortes, enfrentaram terrores desconhecidos no escuro, idolatraram o poder 
ou algum tipo de figura divina e temeram um ser malvado. A universalidade 
dessas experiências em inúmeras gerações deixa uma marca em cada um 
de nós quando nascemos e determina a maneira como percebemos e 
reagimos ao nosso mundo (SCHULTZ; SCHULTZ, 2016, p. 96 apud MAIA, 
2020). 
O inconsciente coletivo opera de forma imagética, pelas fantasias e pelo 
pensamento mítico, complementando as outras dimensões da psique. Difere- -se de 
uma concepção do pensamento enquanto linguagem e do inconsciente formado por 
representações porque é formado por símbolos e se expressa simbolicamente (JUNG, 
1980 apud MAIA, 2020). O símbolo manifesta padrões de experiências arcaicas da 
humanidade e realiza uma mediação entre consciente e inconsciente, é oriundo de 
arquétipos e representa “[...] situações e temas típicos e recorrentes da existência 
humana, [...] pois o arquétipo é uma estrutura do inconsciente, uma constante 
antropológica” (SERBENA, 2010, p. 78 apud MAIA, 2020). 
O arquétipo se constitui em uma estrutura que possibilita compreender as 
experiências, existindo em uma variedade na mente humana, cada um relacionado a 
elementos como nascimento, morte, casamento, doenças, infância, poder, etc. Por 
sua dimensão inconsciente, não estaria acessível a não ser pelas manifestações; 
formou-se ao longo da história da humanidade, acumulando um repertório de padrões 
que constituem a natureza humana (SERBENA, 2010 apud MAIA, 2020). 
 
18 
 
Os arquétipos em si não estão determinados, e o seu conteúdo se forma a partir 
da conexão com as experiênciasconsciente dos indivíduos. Sua manifestação se dá 
por padrões de comportamentos a partir de imagens, representações e as produções 
humanas por meio dos símbolos. Jung elaborou esse conceito a partir dos estudos de 
mitologia, literatura, sonhos e fantasias de pacientes que continham temas comuns e 
que estavam relacionados a situações da experiência humana. Desse modo, atuam 
“[...] como padrões estruturais na mente humana que devem ser preenchidos com 
conteúdo da experiência individual do sujeito, a qual é social, cultural e historicamente 
localizada” (SERBENA, 2010, p. 79 apud MAIA, 2020). 
Arquétipos, então, foram as estruturas da psique tanto enquanto fatores 
biológicos quanto históricos que são atualizados pelas experiências dos indivíduos, 
recebendo forma e aparecendo na consciência. É importante ressaltar que o que se 
observa são manifestações, os efeitos do arquétipo. “Só depois de ter recebido uma 
forma, manifestada pelo material psíquico individual, é que ele se torna psíquico e 
penetra na esfera do consciente” (JACOBI, 2017, p. 40 apud MAIA, 2020). Nessa 
concepção, todas as manifestações psíquicas possuem um substrato comum na 
história da humanidade. 
Na obra junguiana, os arquétipos representam a história da humanidade, mas 
sua transmissão não se dá pela cultura apenas, mas por formas inconscientes 
herdadas com a estrutura cerebral. Isso significa que os arquétipos são condições 
estruturais herdadas que possibilitam a produção de formações semelhantes a partir 
de determinada constelação. É essa herança que estrutura a psique, a possibilidade 
da formação das ideias, imagens e símbolos (JACOBI, 2017 apud MAIA, 2020). 
Entre os muitos arquétipos, na perspectiva junguiana, é possível encontrar a 
reflexão sobre persona, anima e animus, sombra e self. Persona se refere à máscara, 
a uma representação de papéis, e foi utilizada no arquétipo da persona como a 
expressão pública que é utilizada pela pessoa para se apresentarem. Já anima e 
animus seriam opostos complementares, representando o masculino (animus) e o 
feminino (anima). Ambos são expressos pelos indivíduos para o desenvolvimento da 
personalidade, considerando o princípio de que a psique opera pelos opostos 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2016 apud MAIA, 2020). 
 
 
19 
 
 
 Fonte: O tei-gi... (2018) 
Sombra, conforme Jung (1971 apud MAIA, 2020) seria o arquétipo mais 
poderoso porque contém instintos básicos e arcaicos, formando um lado obscuro da 
personalidade e que precisa ser contido para a convivência em sociedade. Esse 
arquétipo se relaciona não apenas com aspectos negativos, mas também com a 
vitalidade e a criatividade; por isso, deve ser contido para o desenvolvimento das 
relações em sociedade, mas não reprimido para que sejam possíveis a expressão 
criativa e as emoções. O self, por sua vez, implica a unidade e a harmonia da 
personalidade, envolvendo o equilíbrio e a integridade, em que há uma assimilação 
dos processos conscientes e inconscientes. O self, portanto, é uma fonte motivadora 
para a busca de realização, tendo como o foco o futuro, e esse processo somente 
acontece com autoconhecimento (SCHULTUZ; SCHULTZ, 2016 apud MAIA, 2020). 
Jung (2000 apud LOPES, 2017) formulou uma teoria que incluía tanto o 
inconsciente pessoal quanto o coletivo. O inconsciente pessoal é composto de 
memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares é 
semelhante ao conceito de inconsciente de Freud. Os conteúdos do inconsciente 
coletivo, também conhecido como inconsciente impessoal ou transpessoal, são 
universais e não se enraízam em nossa experiência pessoal. Jung (2000 apud 
LOPES, 2017) define o inconsciente como um processo, em que a psique se 
transforma ou se desenvolve pelo relacionamento do ego com os conteúdos do 
inconsciente. 
 
20 
 
O inconsciente coletivo, que resulta das experiências comuns a todas as 
pessoas, também inclui material de nossa genealogia pré-humana e animal. Jung 
sugeriu que existe um nível de imagens no inconsciente comum a todas as pessoas. 
Ele também descobriu uma íntima correspondência entre os conteúdos oníricos dos 
pacientes e os temas míticos e religiosos encontrados em muitas culturas amplamente 
dispersas, afirma LOPES, (2017). 
 
5. CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E SEU DESENVOLVIMENTO 
 
Fonte: ururau.com.br 
Para destacarmos as especificações das fases de desenvolvimento infantil em 
Freud, vale ressaltar que desde o início de seus trabalhos, no Projeto (FREUD, 1996 
apud BARBOSA, 2020), ele analisa o vínculo mãe-bebê com uma experiência de 
satisfação erógena. A experiência de satisfação vai ser importante no processo 
dinâmico psíquico de prazer-desprazer. Para Testi (2012 apud BARBOSA, 2020), a 
experiência de satisfação em Freud se caracteriza pelo encontro entre o bebê e a 
pessoa que permite as descargas das tensões internas (geralmente a mãe), 
promovendo, assim, o apaziguamento dessas tensões, que é reconhecida como uma 
vivência de satisfação, produzindo a primeira sensação de prazer, além da saciação 
 
21 
 
de uma pura necessidade. Assim, para a autora, quando a mãe está cuidando do filho, 
ela também está despertando no filho a pulsão sexual ou libido. 
Garcia-Roza (1993 apud BARBOSA, 2020) lembra a distinção freudiana entre 
Narcisismo primário e secundário. O narcisismo é uma categoria criada por Freud para 
representar um investimento libidinal no Ego. O narcisismo primário descreve um 
estado precoce em que a criança investe toda a libido em si mesma (autoerotismo), 
ao passo que o secundário descreve o retorno da libido ao Ego depois da retirada dos 
investimentos objetais (libido do objeto). O narcisismo primário é entendido aqui, 
enquanto realidade psíquica, como o mito primário do regresso ao seio materno, 
sendo o autoerotismo uma fase anterior e preparatória ao narcisismo. Uma das formas 
de lidar com o narcisismo infantil é o recalque (função normalizante). 
Freud defendia tanto o menino quanto a menina como sendo o primeiro objeto 
original de amor da mãe, mas insistia na ideia de que o abandono da mãe, como 
objeto de amor, é uma condição necessária para a entrada da menina no Édipo 
(MOREIRA, 2004 apud BARBOSA, 2020). Freud caracterizou as fases de 
desenvolvimento infantil a partir das pulsões sexuais em quatro fazes: oral, anal, 
genital e fálica. Para Testi (2012 apud BARBOSA, 2020), a sexualidade infantil na 
teoria freudiana não se caracteriza por uma fase cronológica de desenvolvimento, mas 
por fases de organização psíquica frente ao objeto. Na constituição psíquica do 
sujeito, Freud classificou duas etapas de organização pré-genital: a oral e a sádico-
anal, pois estando a satisfação a serviço da autopreservação, é natural que ocorra em 
referência à nutrição. Situada entre a organização pré-genital e a organização sexual 
adulta, é definida uma organização sexual infantil ou fálica (sob a primazia do falo). O 
amadurecimento da criança pode levar à resolução (dissolução) de seu Complexo de 
Édipo. 
Devemos destacar, ainda, algumas contribuições à constituição do sujeito e ao 
seu desenvolvimento segundo outras Escolas de Psicanálise pós-freudiana. Além de 
Anna Freud, que deu continuidade à Escola de seu pai, mas tomando rumos próprios, 
Jung, que fundou sua própria terapia, Abraham, Bion, entre outros, podemos também 
destacar as contribuições de Melaine Klein. Segundo Ribeiro e Caropreso (2018 apud 
BARBOSA, 2020), entre 1920 e 1945, a Psicanálise infantil se restringia ao circuito 
europeu, tendo Anna Freud, Melaine Klein, Margaret Mahler, Donald Winnicott, Spitz, 
Ferencsi e Abraham como seus principais contribuidores. Com os determinantes da 
 
22 
 
Segunda Guerra, alguns desses psicanalistas precisaram se mudar para os Estados 
Unidos. 
Melaine Klein teve seu ponto de partida se baseando em alguns conceitos de 
Freud, como fantasia, mundo interno, Complexo de Édipo, etc., mas ela também 
elaborououtros conceitos originais, como o de posição e Ego primitivo (desde o 
nascimento) para mobilizar mecanismos de defesa arcaicos (dissociações, 
identificação projetiva, identificação introjetiva, negação onipotente, idealização e 
denegrimento) contra ansiedades primitivas advindas da inata pulsão de morte, 
conservando o conceito freudiano do Complexo de Édipo, mas identificando-o nos 
primórdios da vida da criança (NEVES, 2007 apud BARBOSA, 2020). 
Melaine Klein fundou a Escola dos Teóricos das Relações Objetais. Ela 
investigava os estágios iniciais do desenvolvimento infantil, criando a técnica do 
brincar como forma de expressão do Ics. Klein avaliou o primeiro trimestre de vida do 
desenvolvimento infantil, identificando o medo do aniquilamento (perpetrado pelo 
trauma do nascimento e pela identificação de objetos parciais, como o seio materno) 
uma ansiedade persecutória que engendra seus primeiros mecanismos de defesa 
(posição esquizo-paranoide da criança). A partir desse conceito, Melaine Klein 
descreveu o desenvolvimento psicológico do indivíduo humano. O período 
caracterizado pela Escola kleiniana valorizou os aspectos relacionados ao 
desenvolvimento emocional primitivo, as relações objetais parciais, os mecanismos 
de defesa primitivos e, apesar da valorização da transferência oriunda da teoria 
freudiana, começou-se a ganhar visibilidade o caráter contratransferencial do analista. 
Essa Escola se desenvolveu nos trabalhos de vários autores, inclusive no Brasil, como 
Isaacs, Segal, Rosenfeld, Meltzer, Bion e Aberastury (ABRÃO, 2008 apud BARBOSA, 
2020). 
Ribeiro e Caropreso (2018 apud BARBOSA, 2020) resumem a fase da 
separação-individuação como se iniciando entre os 4 e 5 meses de vida do bebê e 
indo até os 30 a 36 meses. Nas observações diárias no Master Children’s Center 
(MAHLER, 1971 apud BARBOSA, 2020), descreveram-se certos comportamentos 
frequentes nos bebês, como o uso de objetos inanimados relacionados à mãe, os 
quais funcionavam como substitutos dela durante a sua ausência (objeto transicional). 
Além disso: 
 
23 
 
Outro fato observado é que houve significativa modificação cinestésica das 
crianças normais quando em contato com o corpo humano e pouca alteração 
quando manuseando objetos inanimados. Entretanto, nas crianças 
psicóticas, o quadro inverso foi notado. Uma terceira observação foi a 
ocorrência, entre irmãos, de diferentes reações diante de estranhos, 
mostrando que, apesar de terem o mesmo objeto materno, a aquisição da 
expectativa confiante e da desconfiança básica dependem da maneira com 
que foram cuidados (RIBEIRO; CAROPRESO, 2018, p. 905 apud BARBOSA, 
2020). 
Outra importante escola criada nos EUA foi a Psicologia do self. Ela foi 
inaugurada por Heiz Kohut, médico austríaco que, assim como Mahler e outros, fugiu 
do caos nazista. Kohut inicialmente se considerava um aprofundador dos conceitos 
freudianos, porém, em Chicago, ele acabou se distanciando desses conceitos de base 
dos egressos da Psicanálise tradicional. Para Kohut, as concepções psicanalíticas 
tomavam posturas muito ortodoxas (as Escolas de Anna Freud, Melaine Klein e a 
Psicologia do Ego). Ele afirmou que fenômenos psicológicos só podem ser 
apreendidos por intermédio da introspecção e da empatia. Por estudar as patologias 
narcísicas, sofreu críticas negativas contundentes, apesar disso, seus ensinamentos 
se expandiram. Segundo Sarkis (2016 apud BARBOSA, 2020), os estudos de Kohut 
sobre as patologias narcísicas apresentadas em trabalhos e publicadas em seus livros 
sofreram críticas negativas. Colegas e estudantes se reuniam e o ajudaram a formar 
o Grupo de Estudos da Psicologia do self. 
Heiz Kohut formulou o conceito de self-objeto que responde empaticamente às 
necessidades psicológicas, ou seja, o indivíduo que vem a desempenhar uma vivência 
aglutinada às funções que um bebê ainda não pode desempenhar sozinho, devido a 
dispor apenas de um núcleo de self a ser desenvolvido, por intermédio da vinculação 
com seu próprio self (SARKIS, 2016 apud BARBOSA, 2020). De forma mais clara, 
para o bebê, o adulto que cuida dele é parte de si mesmo. O self-objeto idealizado 
garante a segurança e o amparo e o sentimento de pertencer a um contexto humano, 
mas se esse self-objeto falha, haverá a internalização idealizada do self vinculado, 
surgindo, a partir daí as patologias narcísicas do self. Kohut defendia a existência de 
um self completo (não defeituoso) com capacidades realizantes, criativas e produtivas 
em oposição ao self narcísico (defeituoso). A cura do self narcísico se dá pelas 
vivências emocionais do paciente na reativação e na análise de transferência, 
emoções inconscientes revividas e elaboradas na consciência durante o processo 
analítico. Mais tarde, Kohut modificou certos conceitos, como o do narcisismo, que 
 
24 
 
passou a ser conceituado como uma estrutura da mente, algo próprio das relações 
humanas, tendo capacidade de transformações evolutivas. Ele criticava, por meio do 
conceito de fúria narcísica, a agressividade destrutiva que é reativa às ameaças de 
fragmentação do self. Além disso, Kohut diferenciava, fazendo uso de metáforas, o 
homem culpado (relação do homem com suas pulsões) do homem trágico (que busca 
um sentido existencial), ao apontar decisivamente seu distanciamento da Psicanálise 
freudiana, afirmando que o homem sofre pela ameaça de fragmentação do self. 
A Escola de Donald Woods Winnicott (1896–1971 apud BARBOSA, 2020) 
também se tornou bastante importante, tendo em vista que o pediatra, psiquiatra 
infantil e psicanalista nascido na Grã-Bretanha atuou clinicamente e escreveu para 
revistas destinadas ao público em geral. Nelas, ele discutia os problemas das crianças 
e das suas famílias. Sua extensa obra foi dedicada à construção da teoria dos 
processos maturacionais (um caminho a ser percorrido partindo da dependência 
absoluta e da dependência relativa à independência relativa) que, além de constituir 
uma teoria da saúde, com descrição das tarefas impostas desde o início da vida pelo 
próprio amadurecimento, configura também o horizonte teórico necessário para a 
compreensão da natureza e a etiologia dos distúrbios psíquicos. Winnicott exerceu a 
psiquiatria infantil com base na Psicanálise modelada por ele mesmo em três pontos: 
1. A teoria da sexualidade no entendimento das patologias maturacionais e das 
práticas clínicas; 
2. A valorização do fator ambiental; 
3. A substituição do Complexo de Édipo pela resolução dos conflitos no colo da 
mãe e nos ciclos que vão se ampliando conforme o amadurecimento. 
A distinção de seu trabalho, metodologicamente, em relação a Freud e outros, 
foi a decisão de estudar o bebê e sua mãe como uma unidade psíquica. Isso lhe 
permitia observar a sucessão de mães e bebês e obter conhecimento referente à 
constelação mãe-bebê, e não como dois seres puramente distintos. Assim, não há 
como descrever um bebê sem falar de sua mãe, pois, no início, o ambiente é a mãe 
(ambiente facilitador: mãe suficientemente boa), é apenas gradualmente que ele vai 
se transformando em algo externo e separado do bebê. Naffah Neto (2005 apud 
BARBOSA, 2020) defende que, para Winnicott, muito antes de o bebê constituir seu 
self unificado e coeso, ele define um jeito peculiar de estar no mundo, aglutinando a 
herança biológica e a articulando com o seu ambiente. Apesar de um início de self 
 
25 
 
fragmentado (gesto espontâneo, criativo), há um eixo central, um núcleo a partir do 
qual se desenvolverá rumo à maturidade, produzindo experiência, o fator primordial 
para o desenvolvimento da análise winnicottiana. 
Segundo BARBOSA (2020), a psicopatia se caracteriza por um transtorno ou 
falha no ambiente. A teoria de Winnicott se baseia no fato de que a psique não é uma 
estrutura pré-existente, mas, sim, algo que vai se constituindo a partir da elaboração 
imaginativa do corpo e de suas funções o que constituio binômio psique soma. Essa 
elaboração se faz na possibilidade materna de exercer funções primordiais, como o 
holding (permite a integração no tempo e no espaço), o handling (possibilita o 
alojamento da psique no corpo) e a apresentação de objetos (permite o contato com 
a realidade). O psique-soma inicial prossegue ao longo de uma linha de 
desenvolvimento, desde que sua continuidade de existência não seja perturbada. 
Para que isso ocorra, é necessário um ambiente suficientemente bom, no qual as 
necessidades do bebê sejam satisfeitas. Um ambiente mau é sentido como uma 
invasão a que o psicossoma (o bebê) precisa reagir. Essa reação perturba a 
continuidade de existência do bebê. O adoecimento, então, ocorre devido a 
perturbações na relação mãe-bebê, pois estas provocam falhas no desenvolvimento 
do indivíduo. Tais perturbações criam uma sensação de falta de fronteiras no corpo, 
ameaças de despersonalização, angústias impensáveis, ameaças de desintegração 
e despedaçamento e de cair para sempre e falta de coesão psicossomática. 
Conforme BARBOSA (2020), a última Escola de Psicanálise que abordaremos 
aqui é a da Escola Francesa inaugurada por Jacques Lacan. Lacan se tornou um autor 
polêmico, muito discutido e admirado, de modo que seus seguidores o consideram 
um psicanalista brilhante, e o maior depois de Freud, enquanto seus críticos o acusam 
de deturpar/desvirtuar a Psicanálise, afirmando que a teoria lacaniana é um retrocesso 
à Psicanálise. Lacan debruça-se sobre a teoria freudiana para apoiar suas diversas 
críticas à Psicologia do Ego e as escolas desenvolvidas nos EUA. 
Segundo Garcia-Roza (1993 apud BARBOSA, 2020), Lacan lê Freud e se 
propõe a analisar a enigmática frase do final da XXXI Conferência: Wo es war, sol ich 
werden (FREUD, 1996 apud BARBOSA, 2020). O autor considera que, para Freud, o 
sujeito não é o sujeito da verdade, que o Eu desconhece os desejos do sujeito 
(deslocamento do sujeito cartesiano já mencionado aqui). Então, “[…] dizem Freud e 
Lacan é que esse sujeito, até então absoluto, é atropelado por outro sujeito que ele 
 
26 
 
desconhece e que lhe impõe uma fala que é vivida pelo sujeito consciente como 
estranha, lacunar e sem sentido” (GARCIA-ROZA, 1993, p. 210 apud BARBOSA, 
2020). No discurso do sujeito (na cadeia significante), o que é lacunar é o lugar do 
Outro para Lacan, e é nele que o sujeito aparece. Lacan fazia distinção desse Outro 
(com O maiúsculo) como sendo o lugar do Ics e da ordem simbólica, ao passo que o 
outro (com letra minúscula) é o semelhante, ou seja, um outro sujeito. Para Lacan, é 
esse Outro que agita (GARCIA-ROZA, 1993 apud BARBOSA, 2020). O Outro é a 
própria ordem simbólica que é constituída pela linguagem e composta de elementos 
significantes formadores do Ics. Já o Ego é a imagem que o sujeito tem de si mesmo, 
manifestando-se como defesa e por isso tem a função fundamental de 
desconhecimento. Em sua origem, o Ego (moi) é anterior ao Eu (je). O Eu, para Lacan, 
é o da realidade falada, da comunicação, aquele que faz referência a um tu. 
Lacan determinou a origem do Ego como anterior à linguagem. Ele formulou a 
teoria do Estádio do Espelho como formador da função do Eu, designando um 
momento da história do sujeito entre os 6 e 18 meses de vida, quando a criança se 
torna capaz de formar sua unidade corporal por identificar a imagem do outro (reflexo, 
espelho) (GARCIA-ROZA, 1993 apud BARBOSA, 2020). O sujeito é produzido na 
passagem do imaginário ao simbólico, ou seja, por meio da linguagem. Nesse 
momento, Lacan concebeu a constituição e o desenvolvimento do sujeito a partir de 
uma ordem tríplice: a ordem Simbólica, a ordem Imaginária, e a ordem do Real. Essa 
última representa a realidade barrada, impossível de ser definida, já que não é 
possível de ser definida por escapar da compreensão do sujeito. 
São considerados discípulos de Lacan os psicanalistas Jaques Allain-Miller, 
Fraçoise Dolto, Maud Mannoni, Moustapha Safouan, entre outros, que ajudaram a 
disseminar no mundo a Escola Psicanalítica francesa, afirma BARBOSA, (2020). 
Podemos apontar uma questão para a reflexão: partindo do que conhecemos 
até aqui quanto à revelação do Ics e a constituição do Eu, perpassando por diversos 
conceitos que contribuem para o entendimento do campo da Psicologia e para o 
desenvolvimento do ser humano, ao comparar a ideia e a dinâmica da sexualidade 
infantil presente em todas essas linhas de pesquisa, podemos afirmar que o ser 
humano sofre enquanto ainda retém conteúdos infantis na forma de agir no mundo 
externo? Talvez aqueles que conseguem melhor se adaptar às exigências do nosso 
 
27 
 
ambiente interno e externo sejam sujeitos um pouco mais amadurecidos e livres de 
suas energias libidinais infantilizadas, afirma BARBOSA (2020). 
5.1 Da Dependência à Independência 
Segundo ROCHA, (2006) para Winnicott, a maturidade de uma pessoa não se 
dá por completo, mas por etapas, e cada etapa representa um determinado estado. A 
cada etapa alcançada, uma pessoa amadurece ao desempenhar as tarefas próprias 
de cada uma delas. Dessa forma, o indivíduo vai se constituir a partir da experiência 
vivida em cada período. A esse respeito Winnicott destaca que: 
Todos os estágios do desenvolvimento emocional podem ser mais ou menos 
datados. Presumivelmente todos os estágios do desenvolvimento têm uma 
data em cada criança. A despeito disso, essas datas não apenas variam de 
criança para criança, mas também, ainda que fossem conhecidas com 
antecipação no caso de uma certa criança, não poderiam ser utilizadas para 
predizer o desenvolvimento real da criança por causa do outro fator, o 
cuidado materno (Winnicott 1960c, p.43 apud ROCHA, (2006). 
 
 
Fonte: pixabay.com 
Conforme ROCHA, (2006) no estágio inicial de desenvolvimento emocional, 
uma pessoa é absolutamente dependente do ambiente físico e emocional. No 
princípio o bebê não denota nenhum sinal de que percebe sua dependência. À medida 
que as crianças crescem, elas adquirem a capacidade de expressar suas próprias 
 
28 
 
necessidades e se tornam relativamente dependentes do meio ambiente. Nesse 
estágio de desenvolvimento emocional, a adaptação materna falha gradativamente. 
Aos poucos, à medida que o meio ambiente vai se desequilibrando gradativamente, a 
criança vai ganhando relativa independência, pois na visão de Winnicott, uma pessoa 
sempre dependerá do meio ambiente e das pessoas que o compõem ao longo de sua 
vida. 
De acordo com ROCHA, (2006) à medida que explorava a raiz do 
desenvolvimento emocional, Winnicott tornou-se cada vez mais consciente de que 
quanto mais olhava para os estágios iniciais e quanto mais incapaz de seguir em 
frente, mais percebia que a criança estava em um estado de dependência total do 
ambiente. O que aconteceu nos primeiros meses de vida O processo de maturação 
garante seu sustento sem a presença da mãe ou da mãe de aluguel para suprir suas 
necessidades. 
Em decorrência disso, o bebê não tem ainda condições de perceber os 
cuidados que recebe do ambiente, nem poderá dar continuidade ao processo de 
amadurecimento que ocorre nesses primeiros meses de vida e ter sua existência 
assegurada sem que tenha a presença de sua mãe ou de uma mãe substituta, que se 
encarregue de cuidar de suas necessidades, afirma ROCHA, (2006). 
 
Com relação a esse estágio, o autor tem a seguinte posição: 
Em outras palavras, sem as técnicas que permitem cuidar do bebê de um 
modo suficientemente bom o novo ser humano não teria chance alguma. 
Através dessas técnicas, o centro de gravidade do ser no interior do contexto 
ambiente-indivíduo pode dar-se ao luxo de estabelecer-se no centro, no cerne 
em vez de na casca. O ser humano que agora passa a desenvolver uma 
entidade a partir do centro pode localizar-se no corpo do bebê, começando 
assim a criar um mundo externo ao mesmo tempo que adquire uma 
membrana limitadora e um interior. De acordo com estateoria, não havia no 
início um mundo externo, ainda que nós, enquanto observadores, 
pudéssemos ver um bebê dentro de um ambiente. Até que ponto isto pode 
nos decepcionar é demonstrado pelo fato de que muitas vezes o que 
acreditávamos ser um bebê revele-se posteriormente, através da análise, um 
ambiente desenvolvendo-se falsamente na forma de um ser humano, ficando 
o indivíduo em potencial oculto em seu interior (Winnicott, 1958d [1952], 
p.166 apud ROCHA, (2006). 
Segundo ROCHA, (2006) nos primeiros meses de vida do bebê, a mãe sozinha 
é o ambiente facilitador. O ambiente é essencial, mesmo não sendo o responsável 
pelo crescimento. Porém, quando a mãe está devidamente adaptada às necessidades 
do filho, permite que a maturidade continue. Tal adaptação é sutil e possui um alto 
 
29 
 
grau de complexidade, exigindo uma extrema dedicação por parte da mãe ou das 
pessoas que se ocupam dele. Em outras palavras, é necessário que a mãe não 
desaponte seu bebê. Disso depreende-se que os cuidados com o bebê devem ser 
suficientemente bons, caso contrário o bebê não poderá dar início ao desenvolvimento 
saudável. 
De acordo com ROCHA, (2006) assim, Winnicott confirmou essa situação, 
utilizando como ilustração o comportamento de segurar uma criança nos braços, pois 
na opinião do autor, se uma criança não consegue se identificar com ela, ninguém 
consegue segurá-la. 
Entretanto, a adaptação oferecida pela mãe inicialmente será o pilar principal 
para que o bebê se sinta vivo e qualquer falha na adaptação poderá provocar uma 
quebra na continuidade do ser do bebê, interferindo, assim, na tendência natural de 
se tornar uma unidade. Sobre essa questão, Winnicott afirma: 
 
A mãe que é capaz de se devotar, por um período, a essa tarefa natural, é 
capaz de proteger o vir-a-ser de seu nenê. Qualquer irritação, ou falha de 
adaptação, causa uma reação no lactente, e essa reação quebra esse vir-a-
ser. Se reagir a irritações é o padrão da vida da criança, então existe uma 
séria interferência com a tendência natural que existe na criança de se tornar 
uma unidade integrada capaz de ter um self com um passado, um presente 
e um futuro. Com uma relativa ausência de reações e irritações, as funções 
corporais da criança dão a base para a construção de um ego corporal. Desse 
modo se lançam, as bases para a saúde mental futura. (Winnicott 1965r 
[1963], p.82 apud ROCHA, (2006). 
 
Para ele, tudo isso depende também dos cuidados prévios da mãe, pois o 
conhecimento constante do mundo é para a criança, então isso pode ser feito não só 
com o auxílio da inteligência, mas também não pode ser feito com terapia mecânica, 
afirma ROCHA, (2006). 
ROCHA, (2006) diz que após alguns meses de cuidado com o bebê no período 
de dependência absoluta, a mãe começa a reaver sua própria vida que, 
eventualmente, se torna relativamente independente das necessidades do seu bebê. 
Inicia-se, então, o período seguinte, o de dependência relativa, onde a mãe 
proporciona uma falha gradual às necessidades do bebê, sendo ao mesmo tempo 
uma resposta ao desenvolvimento revelado por ele. Nesse sentido, Winnicott dá 
como exemplo o começo da compreensão intelectual em que o bebê já pode esperar 
uns poucos minutos pela sua alimentação, e isto ocorre quando ouve os ruídos na 
 
30 
 
cozinha que lhe indicam que o seu alimento está prestes a chegar. Para ele, tudo isso 
também depende do cuidado proporcionado anteriormente pela mãe, como 
apresentação contínua do mundo ao bebê, de modo que isso não pode ser feito 
apenas através do intelecto, nem sequer pelo manejo mecânico. 
Winnicott afirma que o estágio de dependência relativa vem a ser: 
Um estágio de adaptação a uma falha gradual dessa mesma adaptação. É 
parte do repertório da grande maioria das mães prover uma desadaptação 
gradativa e isso está bem orientado para o rápido desenvolvimento que o 
lactente revela (Winnicott 1965r [1963], p.83 apud ROCHA, (2006). 
Segundo ROCHA, (2006) um acontecimento relevante nesse estágio de 
dependência relativa é a constituição da capacidade que o bebê adquire de relacionar-
se com um objeto e de unir a ideia desse mesmo objeto com a percepção da pessoa 
total da mãe. Para o bebê alcançar esse estágio, obviamente precisa-se da existência 
do ambiente favorável, representado pela mãe. 
Nessa abordagem, Winnicott percebe que: 
[...] a adaptação suficientemente boa da mãe é essencial, e deve durar por 
um período suficientemente longo, ou a capacidade para se relacionar com 
objetos pode ser perdida, total ou parcialmente. De início o relacionamento é 
com um objeto subjetivo, e é uma longa jornada daqui até o desenvolvimento 
e estabelecimento da capacidade de se relacionar a um objeto, que é 
percebido objetivamente e que tem a possibilidade de ter uma existência 
separada, uma existência exterior ao controle onipotente do indivíduo 
(Winnicott 1963c, p.202 apud ROCHA, (2006). 
Conforme mencionado acima, ao cuidar dos filhos, a mãe desempenha um 
papel importante na representação do mundo, mas deve-se lembrar que sua principal 
tarefa é apresentar-se como ser humano nos cuidados com o bebê. 
E sobre essa questão, Winnicott expõe seu pensamento da seguinte forma: 
Estou me referindo ao processo bidirecional em que a criança vive num 
mundo subjetivo e a mãe se adapta, com o intuito de dar a cada criança um 
suprimento básico da experiência de onipotência. Isso envolve 
essencialmente uma relação viva (Winnicott 1971f, p.5 apud ROCHA, (2006). 
De acordo com ROCHA, (2006) um outro aspecto da dependência relativa é 
também citado por Winnicott, isto é, quando se origina, no bebê, o desenvolvimento 
global do entendimento de que sua mãe tem uma existência pessoal e separada, isso 
de certo modo demonstra que o bebê se dá conta da dependência do ambiente. 
Assim, quando a mãe está longe por um tempo superior ao da sua capacidade de crer 
 
31 
 
em sua sobrevivência, aparece no bebê a ansiedade, e este é o primeiro sinal de que 
a criança percebe se a mãe está ausente. Essa circunstância denota que o bebê já 
percebe o cuidado e da proteção que a mãe lhe oferece, ou seja, o bebê começa a 
saber em sua mente que a mãe é necessária. De outro lado, a mãe também percebe 
o que se passa com o bebê de modo que tenta não lhe causar aflição ou mesmo 
produzir raiva ou desilusão durante esta fase de necessidade especial. Segundo 
Winnicott esta fase dura aproximadamente de seis meses a dois anos. 
Conforme ROCHA, (2006) já rumo à independência, à medida que a mãe torna 
gradativamente o bebê capaz de se defrontar com o mundo e todas as suas 
complexidades, inicia-se o seu percurso rumo à independência, ou seja, o mundo do 
bebê que inicialmente era a sua mãe, aos poucos vai abrangendo o pai, a família, a 
comunidade e um grupo cada vez maior. Segundo Winnicott, a busca pela 
independência do indivíduo será contínua, portanto, sua capacidade de cuidar de si 
mesmo quando adulto não significa que ele atingiu a maturidade emocional suficiente. 
Desse ponto de vista, Winnicott conclui: 
A maturidade individual implica movimento em direção à independência, mas 
não existe essa coisa chamada “independência”. Seria nocivo para a saúde 
o fato de um indivíduo ficar isolado a ponto de se sentir independente e 
invulnerável. Se essa pessoa está viva, sem dúvida há dependência! 
(Winnicott 1971f, p.3 apud ROCHA, (2006). 
6. A MÃE SUFICIENTEMENTE BOA 
De acordo com MACHADO, (2016) para a psicanálise, o indivíduo humano não 
é um objeto da natureza, mas um sujeito que, para existir, precisa do cuidado e da 
atenção de outra pessoa. O psicanalista inglês D.W.Winnicott dirá que não há bebê, 
mas o bebê com sua mãe, ele enfatiza que a mãe intervém como construtora ativa do 
espaço mental da criança e forma uma unidade quase verdadeira com ela. 
Segundo OLIVEIRA, et al., (2018), dentre as concepções winnicottianas, 
destaca-se o conceito de mãe suficientemente boa, em que a ênfase écolocada na 
capacidade de cuidar do outro, reciprocidade, aceitação de sentimentos conflitantes e 
à transicionalidade. Diz Winnicott que o melhor que uma mãe pode fazer com um bebê 
é ser suficientemente boa de uma forma sensível inicialmente, de modo que a ilusão 
para ele se torne algo possível desde o início. 
 
32 
 
De acordo com OLIVEIRA, et al., (2018) em sua teoria do desenvolvimento 
emocional, é a adaptação da mãe às necessidades do bebê que lhe dá uma 
experiência de onipotência, e essa experiência cria a ilusão necessária para um 
desenvolvimento saudável. Assim, a mãe boa o suficiente é comparada com a mãe 
comum que, em termos de saúde, pode entrar em estado de atenção materna 
primária. 
 
 
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Define a vontade e a capacidade da mãe de deixar de lado seus interesses 
pessoais e focar no bebê como sua principal preocupação materna, é parte do 
processo normal para a mãe recuperar o interesse por si mesma e fazê-lo na medida 
em que o bebê possa tolerá-lo, afirma OLIVEIRA, et al., (2018). 
Segundo OLIVEIRA, et al., (2018) a mãe patologicamente preocupada 
permanece identificada com seu filho por muito tempo ou sai desse estado 
abruptamente, sem ser capaz de levar em consideração as necessidades do bebê 
que se desenvolve gradualmente. Quando a mãe não é boa o suficiente, quando ela 
não reconhece os gestos do bebê, isso se torna uma série de reações frente às falhas 
ambientais e o verdadeiro self não chega a desenvolver-se, permanecendo oculto por 
um falso-self. 
Conforme MACHADO, (2016) Winnicott explica que não é necessário que a 
mãe tenha uma compreensão intelectual de seu papel ou tarefas, para ele a mãe está 
 
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essencialmente preparada para isso por meio da orientação biológica do próprio filho. 
Envolve mais dedicação do que compreensão de ser suficiente boa para ter sucesso 
no início da vida de seu bebê. Quando você confia em seu próprio julgamento, em sua 
melhor forma. 
Para Winnicott, o adulto saudável é aquele que lançou as bases de sua saúde 
mental na infância, nas primeiras semanas e meses. Para que o bebê se transforme 
em sujeito, é importante que, desde o início, seja reconhecido como pessoa e não 
como objeto. Para se estabelecer, o bebê não pode prescindir do prazer da mãe no 
desempenho de sua função materna. Quando toda tarefa do cuidado é feita com 
prazer, isso é estruturante para o sujeito. O prazer materno de estar realmente 
presente nesta relação orienta o bebê para o seu pleno desenvolvimento, afirma 
MACHADO, (2016). 
Conforme BARBIERI; et al., (2005), as características da “mãe boa o suficiente” 
derivadas do trabalho de Winnicott e psicanalistas que trabalham com o assunto são 
modificadas e acordo com os estágios de desenvolvimento do bebê e podem ser 
sistematizadas da seguinte forma: 
 
Estágio de Dependência Absoluta: Dada a prevalência do autoerotismo, o 
processo de pensamento primário e as relações subjetivas no bebê, o que significa 
continuar o cuidado fisiológico intrauterino 
e estabelecer uma rotina de cuidados que gere sentimento de ter uma existência 
contínua no bebê. Esse sentimento também surge de experiências de ilusão, quando 
a mãe encontra sua onipotência adaptando-se aos objetos que o bebê cria por 
necessidade e dá a ela a sensação de que a realidade é gerada por ele, afirma 
BARBIERI; et al., (2005). 
Segundo BARBIERI; et al., (2005), ao mesmo tempo, ela apresenta o mundo 
exterior à criança de acordo com suas condições para assimilá-la, ajuda-a a 
desenvolver o sentimento de self e a iniciar as tarefas de integração, personalização 
e realização. Ao final dessa fase, a função da mãe é desiludir o filho, capacitá-lo a se 
desmamar e chegar ao próximo estágio de desenvolvimento em que o pai é 
apresentado a ele, mas de uma forma mediada e, portanto, dependente da qualidade 
de sua figura paterna. 
 
 
34 
 
Estágio de Dependência Relativa: Capaz de uma maior integração temporal, 
de uma vida sem fusão completa com a mãe e de uma simbolização mais 
desenvolvida, o bebê pode entrar na área de conciliação entre as realidades interna e 
externa e usar o objeto transicional. Isso, que significa separação e união ao mesmo 
tempo, permite que o bebê preencha o espaço vazio entre seu corpo e o da mãe 
(períodos de ausência), preparando-se para o desmame. Para tanto, é necessário que 
a criança disponha de um objeto interno suficientemente vivo e bom, e como a 
integração do self ainda é precária, suas qualidades dependem das propriedades do 
objeto externo. (Winnicott, 1951/1993c apud BARBIERI; et al., (2005). 
Embora Winnicott atribua a tarefa do desmame à mãe, Furman (2000 apud 
BARBIERI; et al., 2005) argumenta que é o bebê que toma a iniciativa e rejeita 
ativamente o seio, desde que possa distinguir entre o objeto e o investimento libidinal 
nele. Portanto, é o bebê que decepciona (desilude) a mãe, e não o contrário, e sua 
resposta a essa experiência determinará a atitude da criança em relação ao 
crescimento. 
Uma vez que a maior integração pulsional dessa fase estimula sentimento de 
culpa ou preocupação, a sobrevivência da mãe é tão vital quanto suas condições para 
aceitar a restituição do bebê, o que lhe daria confiança em sua própria capacidade 
reparadora e na liberdade para utilizar as pulsões, afirma BARBIERI; et al., (2005). 
 
Estágio de Rumo à Independência: a maior integração da personalidade e a 
crescente constituição da realidade externa limitam a onipotência de períodos 
anteriores e permitem que a criança renuncie ao verdadeiro cuidado maternal por 
meio de sua introjeção e projeção de suas necessidades pessoais, de acordo com 
BARBIERI; et al., (2005). 
Como os principais conflitos desta época giram em torno do complexo de Édipo, 
a criança se depara com o problema de desenvolver mecanismos de defesa para 
conter e enfrentar a angústia de castração, ambivalência, sentimento de exclusão e 
adquirir ainda mais sua identidade sexual, pois este é o setor em que a Mãe (e também 
o pai) pudesse ajudá-la, afirma BARBIERI; et al., (2005). 
A análise das opiniões de Winnicott, Furman e Geissman sugere que as 
qualidades maternas que promovem o desenvolvimento harmonioso da criança 
seriam: ter uma boa e forte figura materna como objeto de identificação; ter uma figura 
 
35 
 
paterna boa e preservada; capacidade de transição; capacidade de ir e voltar da 
regressão; flexibilidade defensiva; Aceitação da própria identidade sexual; impulsos 
atuais integrados ao self; boa elaboração edipiana; capacidade de conter medos e 
apresentar um superego baseado em princípios realistas. De forma sintética, a 
caracterização da "mãe suficientemente boa" está ligada à qualidade de seus objetos 
internos (paternos e maternos) e à natureza de seu ego e superego, conclui 
BARBIERI; et al., (2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7. BIBLIOGRAFIA 
BARBOSA, Fernanda Egger. Psicologia, 2020 
COLETTA, Eliane Dalla. Psicologia e criminologia, 2018 
FERREIRA, Saulo Durso. A noção de ego na obra de D.W. Winnicott, 2011 
LESSA, Elvina. A teoria dos tipos psicológicos, 2018 
LOPES, Daiane Duarte. Psicologia social, 2017 
MAIA, Gabriela Felten da. Comunicação e psicologia, 2020 
ROCHA, Marlene Pereira Da. Elementos da teoria Winnicottiana na constituição 
da maternidade, 2006 
OLIVEIRA, Alda Regina Dorneles de; CRUZ, Juarez Guedes; RIZZO, Luisa Maria; 
FURTADO, Nina Rosa; POZIOMCZYK, Rosane Schermann; BRUM, Tula Bisol. 
Implicando com Winnicott, 2018 
MACHADO, Paulo Emanuel. A mãe suficientemente boa, 2016 
BARBIERI, Valéria; JACQUEMIM, André; MENDES, Zélia Maria; ALVES, Biasoli. 
Personalidade materna e resultados de crianças no psicodiagnóstico 
interventivo: o que significa ‘mãe suficientemente boa’? 2005

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