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Fa cu ld ad e Ed uc ac io na l d a La pa (O rg .) C o nt ab ili da de B ás ic a Faculdade Educacional da Lapa (Org.) Contabilidade Básica 2ª Edição Curitiba 2018 Contabilidade Básica Faculdade Educacional da Lapa (Org.) Clarete de Itoz Doriane Braga Nunes Bilac Maria Rosa Arantes Pavel Valtuir Soares Filho Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501 C759 Contabilidade básica / Clarete de Itoz, et al. – 2. ed – Curitiba: Fael, 2018. 206 p.: il. ISBN 978-85-5337-014-6 Nota: conforme Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 1. Contabilidade gerencial I. Itoz, Clarete de II. Bilac, Doriane Braga Nunes III. Dozza, Marcos Antônio IV. Soares Filho, Valtuir V. Faculdade Educacional da Lapa CDD 657 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Mário Duenhas Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Sandro Niemicz Imagem da Capa Shutterstock.com/pedrosek Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Apresentação Toda organização existe devido a inúmeras finalidades, mas a maior parte delas objetiva com sua existência a lucrativi- dade. Para que atuem no mercado com eficiência, efetividade, desfrutando de clientes satisfeitos, os quais necessitam que os pro- cessos pertinentes a ela sejam executados, de maneira impecável; para que o serviço ou o produto final seja o esperado e estipulado no planejamento da organização. Para que a organização obtenha sucesso, não basta apenas ela ofertar bens tangíveis ou intangíveis de qualidade, ela também necessita de um controle rigoroso que, apresente todas as entradas e saídas de matéria-prima, de produtos inacabados e acabados e, principalmente, de valores pertinentes a ela. – 4 – Contabilidade Básica E, para que esse processo organizacional ocorra de forma transparente e efetiva, a empresa conta com a contabilidade e os processos inerentes a ela. O presente material foi estruturado com o objetivo de proporcionar o conhecimento perante as noções básicas do estudo da contabilidade, sua estruturação e conceitualização, bem como a sua utilização dos processos pertinentes a ela. Propiciará um conhecimento diferenciado acerca das aplicabilidades básicas da Contabilidade nas organizações, ressaltando o estudo da classifica- ção e da identificação das contas que compõe a Escrituração Contábil, bem como o processo e a importância da utilização do mesmo. Também, será pos- sível o contato com a conceitualização do Plano de Contas e as formas que o mesmo deve ser instituído na organização, tendo por base os conhecimentos teóricos e práticos utilizados na aplicação Contábil. Buscou-se oportunizar a exposição de conceitos referentes à compo- sição e a origem dos lançamentos contábeis, bem como a composição e a utilização do razonete no cotidiano organizacional, a checagem do balan- cete de verificação, os conceitos pertinentes ao balanço patrimonial, suas especificações e sua elaboração, assim como, as suas apurações e as suas demonstrações de resultado. Este material permite ainda que, seja estabelecido um contato com a conceituação da Demonstração de Resultados do Exercício, sua estruturação, sua finalidade e sua execução, assim como, a Apuração dos Resultados do Exercício. Apresentando, também, a identificação e a classificação dos fatos contábeis, que envolvem diversas operações inerentes ao cotidiano organizacional. O estudo da Contabilidade proporciona o entendimento do controle das especificações e da classificação do patrimônio da empresa, de suas altera- ções no decorrer do tempo, de uso do mesmo pela organização, e a influencia que essas alterações podem gerar no balanço patrimonial. Este estudo lhe proporcionará a identificação do plano de contas da empresa comercial, como acontece a sua realização, sua estruturação, bem como a sua importância de utilização perante os processos organizacionais. Faz parte também deste estudo sobre Contabilidade, o controle das ope- rações de compra e vendas de mercadorias, ou seja, as entradas e saídas das – 5 – Apresentação mercadorias e suas oscilações, não deixando de lado o interesse perante o cálculo do custo de mercadoria vendida. A Contabilidade também trata das questões pertinentes à folha de paga- mento da organização, suas operações e resultados, que são tidos como fonte de dados para a Contabilidade e seus processos, assim como, cabe tratar os processos pertinentes às operações financeiras da organização. O estudo da Contabilidade Básica proporcionar–lhe-á um maior enten- dimento perante o controle dos processos burocráticos inerentes às roti- nas organizacionais. Curitiba 2018 Contabilidade Básica I Faculdade Educacional da Lapa (Organização) Doriane Braga Nunes Bilac Valtuir Soares Filho Maria Rosa Arantes Pavel Sumário Contabilidade Básica I | 9 1 Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo | 11 2 Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos | 27 3 Contas e plano de contas | 37 4 Escrituração, lançamento e razonete | 57 5 Prática: balancete de verificação | 77 6 Apuração do resultado do exercício (ARE) | 87 7 Balanço patrimonial | 105 Referências | 113 1 Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo Você já ouviu falar que existe uma ciência que registra e con‑ trola o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas? Pois bem, essa ciência é a Contabilidade. Neste primeiro momento, vamos estudar a Contabilidade e seu ambiente compreendendo um pouco de sua história, seus objetivos, seu objeto de estudo e sua aplicabilidade. – 12 – Contabilidade Básica Conta‑se que a história da Contabilidade surge com a própria histó‑ ria da civilização humana, em que a necessidades de troca de mercadoria predominava. À medida que o homem necessitava de diferentes produtos e mercadorias, havia a troca e alguns começaram a registrar esses fatos. Hoje, sabe‑se que essas primeiras escritas que registravam a troca de mercadorias são as primeiras escritas contábeis da humanidade. Um dos principais objetivos da Contabilidade é o de prestar contas de seus registros. Essa prestação de contas é feita através de demonstrativos, sendo que o principal deles é o balanço patrimonial, assunto dos próximos capítulos. O objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio das entidades (pessoas jurídicas) e das pessoas físicas. A Contabilidade é uma ciência aplicável irrestritamente a todas as enti‑ dades, com ou sem fins lucrativos (finalidade de lucro em suas operações). Os conteúdos possibilitarão a você conhecer essa ciência. A Contabili‑ dade registra, controla e analisa o patrimônio das entidades. Todo esse pro‑ cesso é realizado para que as pessoas físicas e jurídicas tomem decisões com as informações de ordem patrimonial fornecidas pela Contabilidade. Vamos começar estudando a história da Contabilidade e sua evolução. 1.1 Um pouco da história da contabilidade e de sua evolução A origem da Contabilidade é bastante remota, pois, desde tempos antigos, o homem já se preocupava em controlar sua riqueza, determinar suas posses e avaliá‑las. Segundo historiadores, há indícios da existência de controles rudimentares da riqueza patrimonial na Antiguidade. Entretanto a Contabilidade teve seu desenvolvimento, como sistema de controle patrimonial, a partir do momento em que o frade Luca Paccioli escreveu e publicou sua famosa obra, cujo título era Summa de Arithmetica, Proportioni et Proportionalita (século XV). Essa obra descreve, em um dos seus capítulos, o método para registrar e controlar o patrimônio das entidades, denominado método das partidas dobradas. A partir desse momento, diversos trabalhos são publicados provocando grandes discussões sobre a teoria contábil (IUDÍCIBUS, 1997, p. 30). ronaldo v.filho Realce – 13 – Contabilidade: seu ambientee objeto de estudo No Brasil, a Contabilidade pode ser dividida em dois estágios. 1.1.1 Anterior a 1964 Em 1908, aconteceu uma das primeiras manifestações contábeis no país com a publicação do alvará que obrigava os contadores gerais a apli‑ carem o método das partidas dobradas na escrituração. O Código Comer‑ cial Brasileiro de 1850 foi umas das primeiras legislações na área contábil. A partir dele tornou‑se obrigatória a escrituração contábil e a elaboração anual da demonstração do balanço geral. Em 1890, a Escola Politécnica do Rio de Janeiro passou a oferecer as disciplinas de Direito Administrativo e Contabilidade, seguindo a tendência inicial de colocar a Contabilidade como uma disciplina intimamente ligada ao direito. Em 20 de abril de 1902, surge a Escola Prática de Comércio Álvares Penteado, que teve, em 9 de janeiro de 1905, o reconhecimento oficial do curso de guarda‑livros e de perito‑contador. Em 1946, foi criada a faculdade de Ciências Contábeis da USP e é também desse ano a criação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36‑37). 1.1.2 Posterior a 1964 A partir de 1964, inicia‑se a segunda fase da Contabilidade no Brasil, marcada, principalmente, pela apresentação do método de ensino norte‑ame‑ ricano pelo professor José da Costa Boucinhas. Ainda em 1964, ocorreu a implantação da Lei 4.320 (estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal). Em 1971, ocorreu a criação do livro de Contabilidade Introdutória pelos professores da USP. A Contabilidade brasi‑ leira teve um importante estímulo legal, em 1972, quando o Banco Central baixou as circulares 178 (obriga o registro do auditor independente exclu‑ sivo para contadores) e 179 (trata dos princípios e normas da Contabilidade oficializando a expressão: Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos – PCGA). Em 1976, ocorreu a promulgação da Lei 6404 que regulamenta as Sociedades por Ações e, no mesmo ano, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No ano seguinte, a CVM editou uma norma sobre a Correção Integral de Balanço (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36‑37). ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce – 14 – Contabilidade Básica 1.2 Conceito A Contabilidade somente foi reconhecida como ciência no século XIX. Seu nome deriva do termo contabilità, da escola italiana, que significa registro de contas. Franco (1997, p. 21) afirma que a Contabilidade é [...] a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patri‑ mônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação des‑ ses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decor‑ rente da gestão da riqueza patrimonial. Na definição de Contabilidade, temos vários pontos a destacar, entre eles: estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio (transformação patri‑ monial); registra, classifica e demonstra (através da técnica da escrita con‑ tábil, classifica para registrar, dentro do grupo de contas, a que pertence o fato patrimonial, e demonstra, através dos demonstrativos contábeis, sendo o principal deles o balanço patrimonial); analisa e interpreta os fatos (o regis‑ tro possibilita a transformação dos fatos contábeis e a análise e interpretação do impacto do fato no patrimônio); oferece informações e orientação (atra‑ vés do produto final da Contabilidade que são os demonstrativos, é possível analisar as informações e orientar procedimentos, possibilitando a tomada de decisão imediata e de curto e longo prazo); variações do resultado econô‑ mico são as variações que acontecem no patrimônio sem que haja a aplicação de recursos. 1.3 Campo de aplicação e objeto de estudo da contabilidade Franco (1997, p.19), sobre o objeto da Contabilidade, afirma que o objeto da Contabilidade é o patrimônio e seu campo de aplicação o das entidades econômico‑administrativas, assim chamadas aquelas que para atingirem seu objetivo, uti‑ lizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão adminis‑ trativo que pratica os atos de natureza econômica e financeira necessários a seus fins. ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce – 15 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo A Resolução 774, de 16 de dezembro de 1994, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2000, p. 30) define o patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física ou a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, em seu aspecto estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial), e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos. A Resolução do CFC caracteriza que por aspecto qualitativo do patri‑ mônio entende‑se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. 1.4 Objetivo da contabilidade Para Franco (1997, p. 19), o objetivo da Contabilidade é “fornecer informações, interpretações e orientações sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”. Modernamente, na Contabilidade, temos duas finalidades. a) Planejamento – a informação contábil pode ser um forte suporte para o planejamento, quando, estabelecendo padrões, torna claras situações futuras. b) Controle – está ligado à análise das definições adotadas pe‑ la organização. Qual a importância da Contabilidade para o planejamento e controle das entidades? 1.5 Função da contabilidade Uma das principais funções da Contabilidade é divulgar informações para o processo de tomada de decisão. Através das informações divulgadas, verifica‑se a produção do período da entidade, a transformação ocorrida no – 16 – Contabilidade Básica patrimônio e a geração do resultado da atividade. Isso possibilita a comparação de resultados com períodos anteriores e a projeção de resultados futuros. Franco (1997, p. 19) nos ensina que a função da Contabilidade é [...] registrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objetivando fornecer informações, interpretações e orienta‑ ção sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores. Favero e outros (1997, p. 13) acrescentam que a Contabilidade pretenda [...] analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocor‑ rem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, buscando demonstrar a seus usuários, através de relatórios próprios (Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações de Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Balanço Patrimo‑ nial, Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos e outros), as informações diversas sobre a empresa tais como: análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras e os clientes, etc. Além dessas funções citadas pelos autores, temos ainda uma das prin‑ cipais funções da Contabilidade que é a de informar ao usuário interessado dados e informações verídicas e tempestivas acerca da entidade. 1.6 Usuários da contabilidade São chamados de usuários da Contabilidade os indivíduos que se benefi‑ ciamda informação produzida pela mesma. Os usuários da Contabilidade são agentes internos e externos da entidade caracterizados da seguinte maneira. a) Agentes internos: são todos os indivíduos que têm relação direta com a entidade. Nesse caso, esses agentes têm facilidade de acesso às informações contábeis. Como agentes internos, temos: os geren‑ tes, que utilizam a informação contábil para a tomada de decisão; os colaboradores, que têm interesse de almejar melhorias traba‑ lhistas; a diretoria da entidade, que utiliza a informação contábil para planejar ações organizacionais. – 17 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo b) Agentes externos: são todos os indivíduos que têm relação indireta com a entidade. Nesse caso, precisam de fontes para acessar a infor‑ mação da entidade. Como agentes externos, temos: os bancos, que utilizam a informação para a concessão de créditos e financiamentos; os concorrentes, que utilizam a informação contábil para conhecer a situação da entidade no mercado; o governo, que procura saber o montante de receitas e despesas geradas no período pela entidade, pois esse procedimento dá condições de saber se a entidade cumpre seu papel social (arrecadadora de impostos e tributos), sem haver sonegação fiscal; os fornecedores, que têm interesse em conhecer a capacidade de pagamento da entidade para poder continuar ou não vendendo a prazo, medindo assim a capacidade de pagamento futura da entidade; os clientes, que querem saber a integridade da entidade e a garantia de que sua compra (pedido) será atendida no prazo acordado; os investidores, que utilizam a informação con‑ tábil para identificar a situação econômico‑financeira da entidade tendo garantias do valor investido. 1.7 Ramos de atuação da contabilidade De sua estrutura inicial voltada para as necessidades de registros dos fatos de comércio, a Contabilidade foi ampliando seu campo de atuação e se ramificando para registrar e controlar as finanças governamentais, os negócios de indústrias, bancos, entidades de financiamento, seguros, pecuária, agricul‑ tura, prestadores de serviços, entidades sem fins lucrativos e de todo tipo de entidades que foram surgindo ao longo do tempo e que necessitam de con‑ trole patrimonial, econômico e financeiro (TEIXEIRA, 2006). Comercial Industrial Pública Rural Financeira Imobiliária Seguros e previdência privada Sociedades por Ações Hotelaria Cooperativas Gerencial Custos Contabilidade – 18 – Contabilidade Básica Esses são alguns ramos de atuação da Contabilidade. O método de regis‑ tro dos fatos contábeis (método das partidas dobradas) é igual para todos os ramos. Contudo cada entidade tem suas próprias características e, por conse‑ quência, fatos contábeis distintos. 1.8 Técnicas contábeis Para realizar o controle patrimonial, a Contabilidade desenvolveu algu‑ mas técnicas. a) Escrituração: é o registro das transações realizadas pelas empresas. b) Demonstrações contábeis : é a exposição ordenada do patrimô‑ nio registrado de acordo com a formatação especificada na Lei n. 6.404/76 (Lei das S/A), Lei n. 11.638/2007 (Nova Lei das S/A), e nas normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Acordo com a Lei das S/A, as demonstrações que as empresas devem elaborar são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração do Lucro e Prejuízo Acumulado (DLPA), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) e Demonstração do valor adicionado (DVA) somente para companhias abertas; c) Auditoria: consiste em verificar a veracidade da situação patrimonial. d) Análise de balanços: consiste em examinar as demonstrações, para identificar os pontos positivos e negativos da gestão empresarial. 1.9 Classificação da ciência contábil Com relação ao estudo da Contabilidade, há uma quase unanimidade em classificá‑la no campo das ciências sociais aplicadas, ainda que uns poucos advoguem a tese de que seja enquadrada no rol das ciências exatas. Quanto ao objeto de estudo da Contabilidade, pequenas variações também ocorrerão, marcadamente em função de o estudioso se encontrar no grupo da chamada escola européia ou no grupo da escola norte‑americana de Contabilidade (TEIXEIRA, 2006). – 19 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo 1.10 Objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio Um dos objetivos da Contabilidade é controlar o montante patri‑ monial da entidade. O patrimônio da entidade é o objeto de estudo da Contabilidade. Essa movimentação é realizada devido às operações de compra, venda, pagamentos, recebimentos, etc. que são executadas dia‑ riamente pelos gestores das entidades. Ao registrar esses fatos contábeis, a Contabilidade terá condição de fornecer informações sobre a situação patrimonial, econômica e financeira da empresa, sempre que solicitada. Definimos patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obriga‑ ções de uma entidade. a) Bens: é o conjunto de coisas capazes de atender às necessida‑ des do ser humano e que são passíveis de avaliação econômica. Podem ser classificados em: bens de uso – representados pelas máquinas, equipamentos, móveis e utensílios; bens de consumo – representados pelo conjunto de matérias necessárias para desenvolver a atividade da empresa como materiais de escritório e material de limpeza; bens de troca – representados pelas mer‑ cadorias e produtos que irão ser dispostos à venda. b) Direitos: são os valores expressos em moeda e que a entidade tem a receber de terceiros. Geralmente, os terceiros são repre‑ sentados pelos clientes da entidade, aí dizemos que duplicatas a receber são um direito da entidade, pois ela vendeu a mer‑ cadoria a prazo ao cliente e terá o direito a receber do mesmo. Outros títulos podem ser direitos a receber como é o caso de promissórias a receber. Ao se proceder ao registro contábil, os títulos representativos de direitos são acrescidos da expressão a receber. c) Obrigações: também conhecidas como “passivos exigíveis”. São o montante de valores que a entidade assumiu para pagar a ter‑ ceiros. Ao se proceder ao registro contábil, os títulos representa‑ tivos de obrigações são acrescidos da expressão a pagar, como, por exemplo, duplicata a pagar, nota promissória a pagar, etc. – 20 – Contabilidade Básica 1.11 Aspecto qualitativo e quantitativo do patrimônio O patrimônio de uma entidade é analisado sob os aspectos da qualidade e da quantidade. Os aspectos qualitativos são as nomenclaturas simbólicas de cada um dos elementos que compõem o patrimônio, tais como: caixa e bancos – que são os bens numerários; mercadorias e produtos – que são os bens de venda; veículos e imóveis para alugar – que são os bens de renda da entidade; máquinas e equipamentos, materiais de uso e consumo – que são os bens de uso, como é o caso de materiais para escritório. Os aspectos quantitativos são os elementos patrimoniais expressos em valores monetários. Por exemplo: máquinas e equipamentos R$ 10.000. 1.12 Representação gráfica do patrimônio Para que a Contabilidade alcance seu objetivo de fornecer informações sobre a situação patrimonial, precisa representar o patrimônio de alguma forma. A maneira escolhida foi a representação em forma gráfica (forma de “T”), conforme o modelo a seguir: Patrimônio Bens Direitos Obrigações O lado esquerdo é denominado contabilmente de ativo e o direito de passivo. a) Ativo: recebe este nome, porque é composto pelos bens e pelos direitos (contas a receber), que formam o conjunto dos elementos positivos da empresa. b) Passivo: recebe este nome, porque é composto pelas obrigações (contas a pagar), que formam o grupo dos elementos negativos da empresa. Lado esquerdo Lado direito Patrimônio Obrigações Ativo Passivo Bens Direitos – 21 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo 1.13 Equilíbrio patrimonial O gráfico na forma da letra“T”, utilizado para representar o patrimônio das empresas, denomina‑se Balanço Patrimonial. Balanço lembra balança de dois pratos. Para que haja equilíbrio entre os dois pratos, o peso total do lado direito deve ser igual ao do lado esquerdo. A empresa também precisa estar em equilíbrio. Sendo assim, para que o Balanço Patrimonial possa refletir adequadamente a situação finan‑ ceira da empresa, o total do lado direito deverá ser igual ao total do lado esquerdo. Lado direito = Lado esquerdo Ativo = Passivo Bens + Direitos = Obrigações Na prática, nem sempre a soma de bens e direitos é igual à soma das obrigações. Para que essa igualdade seja concretizada, aparecerá no gráfico um outro grupo de elementos patrimoniais que denominaremos de Patrimônio Líquido. Esse novo elemento será colocado no gráfico sempre no lado do passivo. Podemos, então, representar o patrimônio da seguinte maneira: Lado Direito Lado Esquerdo Obrigações Patrimônio Líquido Bens Direitos Ativo Passivo Patrimônio Transcrevemos, a seguir, um Balanço Patrimonial, num modelo bem simplificado para que você possa perceber sua estrutura. – 22 – Contabilidade Básica Empresa Bom Começo S/A Balanço Patrimonial em 31/12/2004 Ativo Passivo Bens Obrigações Caixa 100 Contas a pagar 1.200 Móveis 1.000 Títulos a pagar 800 Terrenos 5.000 Duplicatas a pagar 1.700 Veículos 6.000 Empréstimos 1.800 Mercadorias 2.000 Salário a pagar 900 Impostos a pagar 200 Direitos Patrimônio Líquido Contas a receber 500 Capital Social 7.000 Duplicatas a receber 600 Reservas 1.000 Títulos a receber 400 Lucro 1.500 Prejuízo (500) Total do Ativo 15.600 Total do Passivo 15.600 1.14 Equação fundamental do patrimônio A equação fundamental do patrimônio é uma fórmula que evidencia o equilíbrio patrimonial. Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido Bens + Direitos = Obrigações + Patrimônio Líquido Bens + Direitos = Obrigações + (Capital + Reservas + Lucro) 1.15 Situação líquida ou patrimônio líquido Situação Líquida é a diferença entre Ativo e Passivo. O passivo, neste momento, é entendido como o total das obrigações exigíveis. SL = Ativo – Passivo Ou SL = Bens + Direitos – Obrigações – 23 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo Você já sabe que o patrimônio (bens, direitos e obrigações) é avaliado em moeda. Assim, para calcularmos a situação líquida ou o patrimônio líquido, devemos ter em nossas mãos o valor total do lado do ativo e o valor total das obrigações exigíveis. Ao subtrairmos esses montantes, teremos o valor da situ‑ ação líquida. Veja o exemplo a seguir. Balanço Patrimonial em 31/12/2004 Ativo Passivo Bens Obrigações Exigíveis Caixa 100 Contas a pagar 300 Direitos Patrimônio Líquido Duplicatas a receber 600 ????? Total Do Ativo 700 Total Do Passivo ????? Cálculo da Situação Líquida ou Patrimônio Líquido Total do ativo = Bens + Direitos = 100 + 600 = 700 Total das obrigações exigíveis = 300 Situação líquida ou patrimônio líquido = Ativo – obrigações exigíveis = 700 – 300 = 400 1.16 Situações líquidas patrimoniais possíveis Os elementos patrimoniais podem estar configurados com valores diver‑ sos. Consequentemente, poderão gerar situações líquidas patrimoniais diferen‑ tes, tais como: positiva, negativa ou nula. a) Situação líquida positiva, ativa ou superavitária Balanço Patrimonial Ativo > Obrigações A = O + PL O = A – PL PL = A – O Ativo > zero Obrigações > zero PL > zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 100 Direitos (D) 80 Obrigações (O) 50 Patrimônio líquido (PL) 130 Total Ativo 180 Total Passivo 180 – 24 – Contabilidade Básica b) Situação líquida negativa, passiva, deficitária, passiva a descoberto Balanço Patrimonial Ativo < Obrigações A = O ‑ PL O = A + PL PL = O – A Ativo > zero Obrigações > zero PL < zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 80 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 150 Patrimônio líquido (PL) (50) Total Ativo 100 Total Passivo 100 c) Situação nula Balanço Patrimonial Ativo = Obrigações A = O O = A PL = ZERO Ativo > zero Obrigações > zero PL = zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 180 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 200 Patrimônio líquido (PL) 00 Total Ativo 200 Total Passivo 200 d) Situação líquida de inexistência de ativo BALANÇO PATRIMONIAL Ativo < Obrigações A = ZERO O = A + PL PL = A – O Ativo = zero Obrigações > zero PL < zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 00 Direitos (D) 00 Obrigações (O) 40 Patrimônio líquido (PL) (40) Total Ativo 00 Total Passivo 00 e) Situação líquida plena ou inexistência de passivo BALANÇO PATRIMONIAL Ativo > Obrigações A = O + PL O = A – PL PL = A – O Ativo > zero Obrigações = zero PL > zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 30 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 00 Patrimônio líquido (PL) 50 Total Ativo 50 Total Passivo 50 – 25 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo f ) Situação líquida patrimonial impossível Ao analisar as situações patrimoniais apresentadas, você deverá ter concluído que o ativo e o passivo somente poderão ser iguais ou maiores que zero, mas o Patrimônio Líquido (PL) poderá ser menor, igual ou maior que zero. Assim sendo, a única situação impossível de acontecer será aquela em que o Patrimônio Líquido será superior ao valor total do ativo. Assim, a Contabilidade é uma ciência que estuda, registra e controla o estado patrimonial das entidades, em seus diversos segmentos. Conclusão Neste capítulo, você conheceu a Ciência Contábil: conceito, objeto (patrimônio das entidades econômico‑administrativas, com ou sem fins lucrativos), função, objetivos, campo de aplicação, técnicas, usuários, ramifi‑ cações e sua classificação dentro da ciência. 2 Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos O termo “contábil” determina que o conjunto de bens, direitos e obrigações seja denominado de patrimônio. A peça con‑ tábil, que evidencia de forma ordenada e estática o patrimônio, é o Balanço Patrimonial. Para o registro dos atos e fatos que comporão o patrimônio empresarial e o balanço patrimonial contábil, utiliza‑ mos a técnica de Registro Contábil de Partidas Dobradas, a técnica do débito e do crédito. – 28 – Contabilidade Básica Para realizarmos um registro contábil, dentro da técnica do débito e do crédito, temos que analisar os fatos da seguinte forma: para contas que compõem o ativo (conjunto de bens e direitos), sempre que há o registro de entrada, utilizamos a forma do débito. O registro de saída ou baixa dos bens e direitos será efetuado na forma de crédito. Para contas que compõem o passivo (conjunto de obrigações mais o patrimônio líquido), sempre que há o ingresso de novas obrigações ou aumento do patrimônio líquido, o registro é efetuado na forma de crédito e o registro da quitação ou pagamento das obrigações ou baixa do valor patrimonial é efetuado na forma de débito. Receitas (ingressos de recursos pela prestação de serviços ou pela venda de mercadoria) serão sempre registradas a crédito e contas de custos e despesas (dispêndios da entidade para a geração de receita) serão sempre registradas a débito. As origens de recursos são os valores que financiam as operações de uma entidade. As fontes da origem de recursos são identificadas através da análise do valor do patrimônio líquido e do passivo exigível. Vamos começar nosso estudo pelo método das partidas dobradas. 2.1 Método das partidas dobradas O Método das Partidas Dobradas é também denominado o método veneziano (el modo de Vinegia) publicado pela primeira vez por Luca Paccioli em seu livro Summa de Arithmetica, Proportioni et Proporcionalita, em 1494. Como se vê, é um método matemático de que a Contabilidade se vale para efetuar os registros dos atos e fatos. É o sistema padrão usado pela Contabili‑ dade para registrar as transações financeiras de entidades. Sua premissa é de que a condição econômico‑financeira e os resultados das operações da entidade são mais bem representados por diversas variáveis denominadas de contas, em que cada uma, em particular,tem a função de refletir o aspecto do valor monetário do registro. Cada transação tem seu valor financeiro registrado em pelos menos duas contas, nas quais o total dos créditos, sob qualquer pretexto, deve ser igual ao valor dos débitos. Por exemplo, paraw registrarmos o valor patrimonial de formação do capital da entidade, fazemos os seguintes registros: – 29 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos a) no Livro Diário: Débito (D): conta caixa – ativo Crédito (C): conta capital – patrimônio líquido b) no Livro Razão: Caixa Capital Social D C Para se proceder aos registros contábeis temos várias formas, como: 1ª fórmula: um débito (D) para um crédito (C); 2ª fórmula: um débito para dois ou mais créditos; 3ª fórmula: dois ou mais débitos e um valor a crédito; 4ª fórmula: dois ou mais valores de débitos e dois ou mais valores de créditos. A quarta fórmula deve ser usada com cautela, e muitas vezes até restrita, sendo indicada somente quando não houver possibilidade de se obscurecer a informação, considerando que todos os registros contábeis devem indicar com clareza e precisão a contrapartida. O método publicado por Paccioli se dá da seguinte forma: entradas de débito (contas do grupo do ativo) serão registradas no lado esquerdo e as entradas de crédito (contas do grupo do passivo) serão registradas no lado direito do razonete. Razonete representa sinteticamente o Livro Razão. O Livro Razão e o Livro Diário são dois dos mais importantes livros de registros contábeis. No Livro Razão, apresenta‑se o valor do registro e dos saldos das contas ou do grupo de contas; no Livro Diário, é apresentado o valor do registro diário de cada uma das contas que compõem o patrimônio da entidade. O razonete é representado graficamente da seguinte forma. (Título da conta) Débito Crédito R$ R$ (Saldo da conta) – 30 – Contabilidade Básica No razonete, identificam‑se o título da conta de registro (por exemplo, conta caixa), os valores de débitos (fatos causados pelo valor patrimonial) e créditos (fatos da causa do fato) e, por fim, destaca‑se o saldo do mesmo, ou seja, a diferença de somatória entre o débito e o crédito. O valor do saldo será destacado sempre do lado da natureza da conta, por exemplo, se for conta caixa, então o saldo da conta aparecerá no lado do débito. Caixa Débito Crédito R$ R$ (Saldo da conta) Esse fato ocorre porque o saldo da conta acompanha a natureza da mesma, ou seja, se for conta de ativo (natureza devedora), o saldo é apresen‑ tado no lado esquerdo, se for conta de passivo (natureza credora), o saldo é apresentado no lado direito. Vamos trabalhar alguns exemplos de registros de fatos no razonete e no diário. a) Registro quotas‑partes de capital no valor de R$ 1.000, em dinheiro: Caixa Capital Social (1) 1.000 1.000 (1) D – Caixa – Ativo C – Capital Social – Passivo........................... R$ 1.000 Pelo valor das quotas‑partes de capital registradas nesta data e qui‑ tadas em dinheiro. b) Registro de valor de depósito bancário no valor de R$ 200: Caixa Banco c/c Movimento (1) 1.000 200 (2) (2) 200 Saldo = 800 – 31 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos D – Banco c/c Movimento – Ativo C – Caixa – Ativo ....................................... R$ 200 Pelo valor de depósito em conta corrente movimento bancária, nesta data. c) Pagamento de despesas administrativas da empresa no valor de R$ 100: Caixa Desp. administrativas 800 100 (3) (3) 100 Saldo = 700 D – Despesas administrativas – Grupo de resultado despesa C – Caixa – Ativo Pelo valor pago em dinheiro de despesas administrativas nesta data. 2.2 Origens e aplicações de recursos O Balanço Patrimonial é um dos relatórios que demonstra as origens e aplicações de recursos de uma entidade. Você então poderia perguntar: “Qual lado representa a origem e qual a aplicação de recursos?”. Bem, vamos responder analisando o balanço a seguir. Balanço Patrimonial em 31/12/2004 Ativo PASSIVO Bens Obrigações Caixa 100 Contas a pagar 150 Móveis 200 Direitos Patrimônio Líquido Duplicatas a receber 600 Capital social 750 Total do Ativo 900 Total do Passivo 900 – 32 – Contabilidade Básica Analisando o balanço, podemos identificar o total de recursos (R$ 900) que a empresa obteve e que está à sua disposição. O lado do ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos (bens = R$ 300 e direitos = R$ 600); o lado do passivo, onde a empresa conseguiu esses recursos (obrigações = R$ 150 e patrimônio líquido = R$ 750). BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Aplicações de Recursos Em Bens Em Direitos Origens de Recursos De terceiros (passivo exigível) Próprio (patrimônio líquido) Total das Aplicações Total das Origens a) Ativo: aplicação de recursos Os recursos que a empresa tem a sua disposição podem ser aplica‑ dos em: 2 aplicações permanentes – correspondem às aplicações rea‑ lizadas em bens e direitos que serão utilizados pela empresa (imobilização técnica – veículos, móveis, marcas e patentes, despesas com a organização da empresa, etc.) e em bens e direitos que não serão utilizados pela empresa, mas que geram renda para a mesma (imobilizações financeiras – obras de arte, imóveis para alugar, ações de outras empresas, etc.); 2 aplicações circulantes – correspondem às aplicações em bens e direitos que serão convertidos em dinheiro e transformados ou consumidos dentro do exercício social, tais como: caixa, banco, mercadorias, duplicatas a receber, despesas antecipa‑ das, materiais de consumo, aplicações financeiras, etc. Aplicações de recursos Aplicação permanente Imobilização técnica Bens de uso Direitos de uso Imobilização financeira Bens de renda Direitos de renda – 33 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos Aplicações de recursos Aplicação circulante ou corrente Bens numerários Bens de consumo ou de transformação Bens de venda Direitos de funcionamento Direitos de financiamento Aplicações financeiras b) Passivo: origem dos recursos Os recursos totais que estão à disposição da empresa podem origi‑ nar‑se de duas fontes. 2 Recursos de terceiros – correspondem às obrigações exigí‑ veis, isto é, são recursos de terceiros que a empresa utiliza no seu giro normal. Esses recursos podem originar‑se em consequência de dívidas contraídas para a empresa funcio‑ nar (fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas, obrigações previdenciárias, etc) e de dívidas contraídas junto a instituições financeiras (empréstimos e financiamentos). 2 Recursos próprios – correspondem às obrigações não exigí‑ veis. Esses recursos podem originar‑se em consequência do capital inicial investido pelo titular (capital social), sócio ou acionista na empresa, bem como pelos resultados calculados em decorrência da gestão normal da empresa (lucros e reservas). Origem de recursos Capital próprio (não exigível) Titular, sócio, acionista Formação do capital Reserva de capital Das operações Reserva de lucro Lucro acumulado Capital de terceiros (exigível) Obrigações de funcionamento Obrigações de financiamento – 34 – Contabilidade Básica 2.3 Passivo: obrigações exigíveis e não exigíveis As obrigações estão divididas em dois grupos: as obrigações exigíveis (ou capital de terceiros) e as obrigações não exigíveis (ou capital próprio ou patrimônio líquido). 2 Exigíveis (capital de terceiros): são exigíveis por terem data certa de vencimento e, portanto, necessitam de liquidação presente e futura. Podemos citar como exemplos: duplicatas a pagar, financia‑ mentos, salários a pagar, ICMS a recolher, IR a pagar, obrigações previdenciárias, etc. 2 Não exigíveis (capital próprio): são não exigíveis por não existir data certa para sua liquidação. Estão demonstradas no patrimônio líquido. Podemos citar como exemplo as contas: capital social (valor aplicado na empresa pelos sócios ou acionistas), lucro ou prejuízo (resultados obtido em consequenciado funcionamento da empresa), reservas (valores retidos para destinações específicas). O capital social é definido como obrigação, porque a empresa está devendo esse valor para seus proprietários e, por lei, esses não podem exigir seus recursos de volta, enquanto a empresa estiver em funcionamento. 2.4 Termos técnicos envolvendo o balanço patrimonial Balanço Patrimonial do sr. Adão Ativo Passivo Bens Dinheiro no banco R$ 100 Poupança R$ 3.000 TV a cores R$ 900 Automóvel R$ 10.000 Apartamento R$ 35.000 R$ 49.000 Obrigações Prestações do apartamento R$ 20.000 Prestações do automóvel R$ 8.500 Prestações da TV R$ 500 R$ 29.000 – 35 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos Balanço Patrimonial do sr. Adão Ativo Passivo Direitos Valor a receber de José R$ 1.000 Patrimônio Líquido (PL) Capital social R$ 20.000 Capital a realizar R$ 1.000 Reservas R$ 500 Lucro R$ 1.500 R$ 21.000 Total do Ativo R$ 50.000 Total do Passivo R$ 50.000 Capital total = Recurso total = R$ 50.000 Capital nominal = Capital social = Capital inicial = Capital subscrito = R$ 20.000 Capital a realizar = Capital a integralizar = R$ 1.000 Capital realizado = Capital integralizado = R$ 19.000 (20.000 ‑ 1.000) Capital de terceiros = Obrigações exigíveis = R$ 29.000 Capital próprio = Obrigação não exigível = Patrimônio líquido = Situação líquida = R$ 21.000 Patrimônio bruto = Total ativo = Total passivo = R$ 50.000 Total das origens = Total do passivo = R$ 50.000 Total das aplicações = Total do ativo = R$ 50.000 A técnica de origem e aplicações dos recursos se apresenta de forma a evidenciar o valor dos financiamentos das atividades da entidade da seguinte forma: origem de recursos (empréstimos, financiamentos ou capital próprio) grupo do passivo; aplicações dos recursos (conta contábil de destino do valor das aplicações), grupo do ativo. Conclusão Neste capítulo, conhecemos o Método das Partidas Dobradas e os con‑ ceitos de origem e aplicação de recursos. O Método das Partidas Dobradas – 36 – Contabilidade Básica é utilizado para o registro contábil dos atos e fatos contábeis. É conveniente que sempre identifiquemos primeiro a conta de débito, para depois identifi‑ carmos a conta de crédito. Contas de ativo são contas de natureza devedora e deverão ser debitadas, sempre que houver entrada de bens ou direitos, e creditadas, sempre que houver fatos que venham a registrar valor de saída ou baixa desses bens ou direitos. Contas de passivo são de natureza credora e deverão ser creditadas, sempre que houver valor que acrescente o valor das obrigações ou do patrimônio líquido, e debitadas, sempre que houver baixa do valor desses. Origem de recursos é representada pelo fato causador do evento (empréstimo bancário, por exemplo) e aplicação é representada pelo efeito de causa do mesmo (registro na conta banco). 3 Contas e plano de contas Conforme vimos anteriormente, todas as transações eco‑ nômicas realizadas pelas entidades podem ser classificadas em bens, direitos, obrigações, receitas e despesas. Das transações, represen‑ tadas por um documento, origina‑se um fato a ser registrado na Contabilidade. Cada fato envolve um ou mais elementos do patri‑ mônio. Cada elemento patrimonial deve receber uma denomina‑ ção que permita identificá‑lo com precisão. O nome utilizado para representar cada elemento do patrimônio envolvido nas transações realizadas é conhecido como conta. – 38 – Contabilidade Básica Contas Patrimoniais Contas de Resultado Ativo Passivo Despesas Receitas Bens + Direitos Obrigações + Patri- mônio Líquido 3.1 Conta: conceito Conta, em Contabilidade, é definida como nome que representa a natu‑ reza do fato contábil, ou seja, a denominação do bem, do direito, da obriga‑ ção, da receita e da despesa (FRANCO, 1997). Conta é uma palavra ou expressão que transmite a ideia dos elemen‑ tos patrimoniais que representa. Pode representar um elemento isolado ou vários componentes que tenham o mesmo fim. O dinheiro, por exemplo, que é um bem, portanto, um elemento patrimonial, é representado pela conta caixa. Valores a receber de outras pessoas, ou seja, direitos, que também são elementos patrimoniais, são representados pela conta duplicatas a receber ou clientes. As dívidas decorrentes de compra a prazo, que são uma obriga- ção, são representadas pelas contas fornecedores ou duplicatas a pagar juros recebidos de terceiros, que são uma receita, são representados pela conta juros ativos ou juros recebidos. Juros pagos a terceiros, que são uma despesa, são representados pela conta juros passivos ou juros. Assim como apresen‑ tamos as contas anteriores, temos também as contas de bancos; veículos, móveis, imóveis, instalações, empréstimos, impostos a recolher, capital, lucro ou prejuízo e muitas outras, de acordo com a natureza dos elementos que representam. 3.2 Classificação das contas As contas podem ser classificadas de várias maneiras, conforme a linha de pensamento defendida por seus doutrinadores. No Brasil, a Contabilidade fundamenta‑se na Escola Patrimonialista, apresentada e defendida pelo ita‑ – 39 – Contas e plano de contas liano Vincenzo Masi. Essa escola, que considera o patrimônio como o objeto de estudo da Contabilidade, classifica as contas em patrimoniais e de resultado. a) Contas de resultado: são contas que representam as despe‑ sas e receitas. Através do confronto entre as receitas e despesas, podemos calcular o resultado (lucro ou prejuízo) da entidade, aumentando ou diminuindo o patrimônio líquido. Essas contas estão discriminadas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). São abertas no início do exercício financeiro e extintas no final do exercício. b) Contas patrimoniais: são contas que representam bens, direitos, obrigações exigíveis e o patrimônio líquido. Estão subdivididas em ativo e passivo. Estão discriminadas na demonstração contábil, denominada Balanço Patrimonial. Elas demonstram a posição do patrimônio em determinado momento. Contas Patrimoniais Contas de Resultado Ativo Passivo Contas de bens Caixa Veículo Contas de direitos Duplicata a receber Clientes Contas de obrigações Duplicata a pagar Fornecedores Contas do patri- mônio líquido Capital social Reservas Lucro Contas de receita Venda de mercadorias Venda de serviços Contas de despesas Energia consumida Salário Juros passivos Receitas: são o ganho obtido pela venda de mercadorias ou prestação de um serviço. Essas contas aumentam o valor do patrimônio líquido. Exemplo: juros ativos, desconto obtido, vendas, etc. Despesas: são gastos realizados pelo consumo de bens ou pela utilização de serviços para produzir receitas. – 40 – Contabilidade Básica Essas contas diminuem o valor do patrimônio líquido. Exemplo: energia, água, telefone, salário, juros pas- sivos, desconto concedido, depreciação, etc. 3.3 Abertura e movimentação das contas As contas são abertas à medida que se tenha necessidade de registrar os fatos a elas relacionados; são movimentadas sempre que ocorrer outro fato da mesma natureza; são encerradas quando tiverem seu saldo nulo, porque a inexistência de saldo indica que não existe mais aquele elemen‑ to patrimonial. Ao registrar a constituição de uma empresa, duas contas são abertas: capital e caixa, para registrar o valor do seu capital inicial. Essas contas serão movimentadas quando aumentar ou diminuir seu valor. Esse processo será realizado com todas as contas abertas, para registrar o patrimônio das empre‑ sas, porque, uma vez criada a conta, todas as operações realizadas que tenham a mesma natureza deverão ser nela registradas. 3.4 Função das contas Além de ser um nome que permite identificar cada elemento patrimo‑ nial, a conta é também uma representação gráfica de bens, direitos, obriga‑ ções, receitas e despesas. A função de cada conta é identificar o fato registrado, facilitar o trabalho de planejamento e controle contábil, possibilitar oregistro das variações patrimoniais e informar o saldo de cada elemento patrimonial em um determinado momento. Sá (2000, p. 101) afirma que: a conta, sabemos, é um complexo que identifica o fato dimensionalmente em seu surgir, evoluir e concluir, preo‑ cupando‑se: por seu título, em evidenciar a Qualidade; pelo crédito, em evidenciar as causas; pelo débito, em evidenciar os efeitos; pelo valor, em denotar o aspecto quantitativo; pelas datas, o tempo de ocorrência ou percepção do fato; pela classificação do local ou da atividade, o espaço; ou seja, apresenta toda a dimensionalidade da essência do fenô‑ meno patrimonial. – 41 – Contas e plano de contas De forma gráfica, podemos dizer que a conta evidencia os seguin‑ tes aspectos. Identificada cada elemento patrimonial de forma clara e objetiva. Existem as contas sintéticas e as analíticas. Título Classificação Funcionamento Evidencia se a conta é patrimonial (bem, direito e obrigação) ou de resultado (receita e despesa). Apresenta o que devemos fazer para aumentar ou diminuir o valor de uma conta. Contacontábil 3.5 Representação gráfica das contas Cada conta é representada hoje por fichas ou folhas soltas, cujo conjunto forma o livro chamado Razão. Essas fichas ou folhas soltas podem ter estru‑ tura diferenciada. Veja um exemplo a seguir. Título da conta: banco conta corrente Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C 10/1/2005 11/1/2005 Depósito n. 12 Cheque n. 888 emitido em 10/1/2005 100 000 00 80 100 20 D D As contas do ativo (bens e direitos) e as de despesas têm saldo devedor. As contas do passivo (obrigações e patrimônio líquido) e as de receitas têm saldo credor. A partir do exemplo anterior, podemos perceber que a conta possui os seguintes elementos: título, data, histórico, coluna do débito, coluna do crédito, coluna que indica a natureza do saldo, coluna do saldo. Desse modo, cada conta é representada em fichas separadas. – 42 – Contabilidade Básica Existe outra representação gráfica das contas que passou a ser usada nas salas de aula e nos livros didáticos. Essa representação surgiu para facilitar o trabalho dos alunos na execução dos exercícios. Essa represen‑ tação gráfica tem a forma da letra “T” e é conhecida nos meios contábeis como razonete. O razonete é uma simplificação da ficha da conta, em que somente são usadas as colunas de débito e crédito. O saldo é apurado pela diferença entre as somas das duas colunas. Título da conta: banco conta corrente Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C Na forma da letra “T”, o razonete ficará assim: Nome Da Conta Estrutura e exemplo de um razonete Banco Conta Corrente DÉBITO R$ ... CRÉDITO R$ ... 200 300 soma 500 50 150 soma 200 Saldo devedor Saldo credor Saldo 300 Razonete Razonete é uma simplificação do Livro Razão, usado na didá- tica contábil pela facilidade de uso e efeito visual objetivo e claro, já que utiliza apenas as colunas de débito e crédito e o título da conta que representa. Observe que o razonete tem a forma de um “T”, devendo os lançamentos a débito (D) serem registrados no lado esquerdo e os a crédito (C), no lado direito. Ao final dos lançamentos, apura-se o resultado pela confrontação dos lançamentos. – 43 – Contas e plano de contas Saiba mais Plano de Contas é um elenco de todas as contas que se prevê que sejam necessárias para os registros dos fatos contábeis de uma entidade, com sua respectiva classifica- ção e codificação. 3.6 O planejamento do plano de contas Ao elaborar o Plano de Contas, devemos observar a legislação perti‑ nente, a saber: a) os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGA) (Reso‑ lução n. 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade); b) as normas legais estabelecidas pela Lei 11.638/2007 (nova lei das S/As); Lei 11.941/2009; c) a legislação específica do ramo de atividade exercido pela empresa. 3.7 Composição do plano de contas O Plano de Contas é composto dos seguintes elementos. a) Elenco de contas: é o rol das contas que serão empregadas para os registros dos atos e fatos contábeis com seu nome (intitulação) e seu código representativo de registro. b) Manual de contas: é um conjunto de explicações do uso adequado de cada conta, componente do Plano de Contas. É um guia para os profissionais da Contabilidade, possibilitando os registros con‑ tábeis de maneira uniforme. No manual de contas, discrimina‑se a função, o funcionamento e a natureza do saldo de cada conta. Veja como essas explicações podem ser elaboradas. Conta Caixa Função: representa o valor dos bens numerários disponíveis, portanto de livre e imediata movimentação. Funcionamento: debitada pela entrada de dinheiro; creditada pelas saídas de dinheiro. Natureza do saldo: sempre haverá saldo devedor. – 44 – Contabilidade Básica c) Lançamentos explicativos: são modelos de lançamentos para o registro de fatos que raramente ocorrem na empresa. 3.8 Estrutura do plano de contas Atualmente, o Plano de Contas deve obedecer às disposições contidas na Lei 11.638/2007 (nova lei das S/As); Lei 11.941/2009. Essas leis regulamentam a disposição de grupos e as contas pertencentes a eles. Apresentamos a seguir a estrutura básica de um Plano de Contas, em que estão relacionados os princi‑ pais grupos de contas. A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.4 Ativo circulante 1.4.1 Disponível 1.4.2 Direitos 1.4.3 Estoques 1.5 Ativo não circulante 1.5.1 Ativo realizável a longo prazo 1.5.2 Investimentos 1.5.3 Imobilizado 1.5.4 Intangível 2.1 Passivo circulante 2.2 Passivo não circulante 2.3 Patrimônio líquido 2.3.1 Capital 2.3.2 Reservas 2.3.3 Ajustes de avaliação patrimonial 2.3.4 Ações em Tesouraria 2.3.5 Lucros/Prejuízo B – Contas de Resultado 3 – DESPESAS E CUSTOS 3.1 Despesas operacionais 3.1.1 Despesas com vendas 3.1.2 Despesas administrativas 3.1.3 Despesas financeiras 3.1.4 Outras despesas operacionais 3.2 Custos operacionais 3.2.1 Custo das compras 3.3 Outras Despesas – 45 – Contas e plano de contas B – Contas de Resultado 4 – RECEITAS 4.1 Receitas operacionais 4.1.1 Receita bruta com as vendas 4.1.2 Receitas financeiras 4.1.3 Outras receitas operacionais 4.2 Outras Receitas 5 – APURAÇÃO DO RESULTADO 5.1 Resultado bruto 5.2 Resultado não operacional 5.3 Resultado líquido Para que você não confunda as contas e seus grupos, convém que você utilize um código numérico para cada conta. O código numérico é composto por um ou mais algarismos utilizados para identificar cada conta que compõe o Plano de Contas. Ele serve para classificar as contas de resultado e as patrimo‑ niais; substituir o título da conta pelo seu código (registro pelo computador); facilitar a organização e a utilização das contas e dos registros contábeis. 3.9 Modelo de um plano de contas A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Disponível 1.1.1.1 Caixa 1.1.1.2 Banco 1.1.1.3 Aplicações 1.1.2 Direitos 1.1.2.1 Clientes 1.1.2.2 Duplicata a receber 1.1.2.3 (–) Dp Descontada 1.1.2.4 (–) PCLD (Provisão para crédito de liquidação duvidosa) 2.1 Passivo circulante 2.1.1 Obrigação a fornecedores 2.1.1.1 Duplicata a pagar 2.1.1.2 Fornecedor 2.1.2 Obrigações financeiras 2.1.2.1 Empréstimos 2.1.2.2 Financiamento a pagar 2.1.2.3 Promissória a pagar 2.1.3 Obrigações fiscais 2.1.3.1 COFINS a recolher 2.1.3.2 ICMS a recolher – 46 – Contabilidade Básica A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.1.2.5 Promissória a receber 1.1.2.6 Adiantamento a empregado 1.1.2.7 Dividendos a receber 1.1.3 Impostos a recuperar 1.1.3.1 ICMS a recuperar 1.1.3.2 IPI a recuperar 1.1.3.3 IRRF a recuperar 1.1.3.4 Outros impostos a recuperar 1.1.4 Estoques 1.1.4.1 Mercadorias 1.1.4.2 Material de embalagem 1.1.4.3 Material de expediente 1.1.4.4 (–) Provisão p/ perdas 1.1.4.5 (–) Redução ao valor de mercado 1.1.5 Despesas do exercício seguinte 1.1.5.1 Aluguéis a vencer 1.1.5.2 Juros a vencer 1.1.5.3 Prêmio de seguro a vencer 1.2ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Ativo realizável em longo prazo 1.2.1.1 Contas a receber 1.2.1.1.1 Clientes 1.2.1.1.2 Duplicata a receber 1.2.1.1.3 Promissórias a receber 1.2.1.1.4 (–) PCLD 1.2.1.2 Outros Direitos 1.2.1.2.1 Adiantamento a diretores 1.2.1.2.2 Empréstimo a coligada 1.3 Investimentos 1.3.1Participações coligadas 1.3.2 Participações controladas 1.3.3 Obras de arte 1.3.4 Investimento permanente 2.1.3.3 IPI a recolher 2.1.3.4 IRRF sobre LL (Lucro Líquido) a recolher 2.1.3.5 ISS a recolher 2.1.3.6 PIS a recolher 2.1.4 Obrigações trabalhistas 2.1.4.1 Previdência a recolher 2.1.4.2 13º a pagar 2.1.4.3 Férias a pagar 2.1.4.4 FGTS a recolher 2.1.4.5 Salários a pagar 2.1.5 Outras obrigações 2.1.5.1 Clube social a pagar 2.1.5.2 Sindicato a recolher 2.1.5.3 Dividendos a pagar 2.1.5.4 Imposto e taxa a recolher 2.1.5.5 Participações a pagar 2.1.6 Provisões 2.1.6.1 para contribuição social 2.1.6.2 para 13º 2.1.6.3 para encargos sociais 2.1.6.4 para férias 2.1.6.5 para imposto de renda 2.2 Passivo não Circulante 2.2.1 Obrigações a fornecedores 2.2.1.1 Duplicata a pagar 2.2.1.2 Fornecedores 2.2.2 Obrigações financeiras 2.2.2.2 Banco conta empréstimo 2.2.2.3 Debêntures 2.2.2.4 Financiamento a pagar 2.2.2.5 Promissória a pagar 2.2.3 Outras obrigações – 47 – Contas e plano de contas A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.3.5 (–) Perdas no investimento 1.3.6 Imóveis de renda 1.3.7 (–) Depreciação acumulada 2.3 Resultado de exercícios futuros 2.3.1 Aluguéis ativos a vencer 2.3.2 Receitas financeiras a vencer 1.3.2 Imobilizado Bens Materiais (Tangíveis) 1.3.2.2 Micro e periféricos 1.3.2.3 Imóveis 1.3.2.4 Instalações 1.3.2.5 Móveis e utensílios 1.3.2.6 Veículos 1.3.2.7 (–) Depreciação acumulada 1.3.2.8 Recursos naturais 1.3.2.9 (–)Exaustão acumulada Bens imateriais (Intangíveis) 1.3.2.10 Benfeitoria em bem de terceiro 1.3.2.11 Direitos de uso 1.3.2.12 Fundo de comércio 1.3.2.13 Marcas e patentes 1.3.2.14 (–) Amortização acumulada 2.3.3 (–) Custos operacionais a vencer 2.3.4 Receita não operacional a vencer 2.3.5 (–) Custo não operacional a vencer 2.4 Patrimônio líquido 2.4.1 Capital social 2.4.1.1 Capital subscrito 2.4.1.2 (–) Capital a realizar 2.4.2 Reservas de capital 2.4.2.1 Ágio de ações 2.4.2.2 Alienação de debêntures 2.4.2.3 Venda partes beneficiárias 2.4.2.4 Doações e subven- ções p/ investimentos 2.4.3 Ajustes de avaliação patrimonial 2.4.4 Reservas de lucros 2.4.4.1 Reserva legal 2.4.4.2 Reservas estatutárias 2.4.4.3 Reservas p/ contingências 2.4.4.4 Reservas p/ investimentos 2.4.4.5 Reservas de lucro a realizar 2.4.5 Lucros ou prejuízos acumulados 2.4.5.1 Lucros acumulados 2.4.5.2 (–) Prejuízos acumulados 2.4.5.3 (–) Ações em tesouraria B – Contas de Resultado 3 – Despesas e Custos 3.1 Despesas Operacionais 3.1.1 Despesas com vendas – 48 – Contabilidade Básica B – Contas de Resultado Pessoal 3.1.1.1 Assistência médica e social 3.1.1.2 Comissões sobre vendas 3 – Despesas e Custos 3.1.1.3 Condução e transporte 3.1.1.4 Contribuições para o FGTS 3.1.1.5 Contribuições de previdência 3.1.1.6 Décimo terceiro salário 3.1.1.7 Encargos sociais 3.1.1.8 Férias 3.1.1.9 Gratificações 3.1.1.10 Indenizações 3.1.1.11 Lanches e refeições 3.1.1.12 Salários 3.1.1.13 Seguros de acidente de trabalho 3.1.1.14 Viagens e estadias 3.1.1.15 Outras despesas com pessoal Outras 3.1.1.16 Brindes e presentes 3.1.1.17 Combustíveis 3.1.1.18 Despesa com PCLD 3.1.1.19 Fretes e carretos 3.1.1.20 Material de embalagem 3.1.1.21 Perdas com clientes 3.1.1.22 Propaganda e publicidade 3.1.1.23 Serviços de terceiros 3.1.1.24 Despesas eventuais – 49 – Contas e plano de contas B – Contas de Resultado 3.1.2 Despesas administrativas pessoal 3.1.2.1 Assistência médica e social 3.1.2.2 Condução e transporte 3.1.2.3 Contribuição para o FGTS 3.1.2.4 Contribuições de previdência 3 – Despesas e Custos 3.1.2.5 13º salário 3.1.2.6 Encargos sociais 3.1.2.7 Férias 3.1.2.8 Honorários da diretoria 3.1.2.9 Indenizações 3.1.2.10 Lanches e refeições 3.1.2.11 Pró-labore 3.1.2.12 Salários 3.1.1.13 Seguro de acidente de trabalho 3.1.1.14 Viagens e estadias 3.1.1.15 Outras despesas com pessoal Gerais 3.1.1.16 Água e esgoto 3.1.1.17 Aluguel passivo (pago) 3.1.1.18 Amortização 3.1.1.19 Combustíveis 3.1.1.20 Correios e telégrafos 3.1.1.21 Depreciação 3.1.1.22 Energia elétrica 3.1.1.23 Fretes e carretos 3.1.1.24 Jornais e revistas – 50 – Contabilidade Básica B – Contas de Resultado 3.1.1.25 Material de expediente 3.1.1.26 Prêmio de seguro 3.1.1.27 Telefone 3.1.1.28 Despesas eventuais 3.1.1.29 Material de limpeza Tributárias 3.1.1.30 Impostos e taxas Outras 3.1.1.31 Serviços de terceiros 3.1.1.32 Despesas eventuais 3.1.3 Despesas financeiras 3.1.3.1 Descontos concedidos 3.1.3.2 Juros passivos (pagos) 3.1.3.3 IOF 3.1.3.4 Despesas bancárias 3.1.4 Outras despesas operacionais 3.1.4.1 Multas fiscais 3.1.4.2 Perda na realização de investimentos 3.1.4.3 Variações monetárias passivas 3.1.4.4 Despesas de participações societárias 3.2 Custos Operacionais 3.2.1 Custo das compras 3.2.1.1 Compras de mercadorias 3.2.1.2 Fretes e seguros sobre as compras 3.2.1.3 (–) Compras anuladas 3.2.1.4 (–) Descontos incondicionais obtidos 3.3 Despesas não Operacionais – 51 – Contas e plano de contas B – Contas de Resultado 3.3.1 Perdas em transações do ativo permanente 4 – Receitas 4.1 Receitas Operacionais 4.1.1 Receita bruta com as vendas 4.1.1.1 Venda de mercadorias 4.1.1.2 Receitas de serviços prestados 4.1.1.3 (–) Vendas anuladas 4.1.1.4 (–) Descontos incondicionais concedidos 4.1.1.5 (–) ICMS sobre as compras 4 – Receitas 4.1.1.6 (–) Impostos sobre serviço (ISS) 4.1.1.7 (–) PIS sobre o faturamento (Programa de Integração Social) 4.1.1.8 (–) COFINS 4.1.2 Receitas financeiras 4.1.2.1 Descontos obtidos 4.1.2.2 Juros ativos (recebidos) 4.1.2.3 Rendimentos sobre aplicações financeiras 4.1.3 Outras receitas operacionais 4.1.3.1 Aluguéis ativos (recebidos) 4.1.3.2 Perdas recuperadas 4.1.3.3 Receitas de participações societárias 4.2 Receitas não Operacionais 4.2.1 Ganhos em transações do ativo permanente 4.2.2 Doações recebidas 4.2.3 Recebimento de indenizações 5 – Apuração do Resultado 5.1 Resultado bruto – 52 – Contabilidade Básica B – Contas de Resultado 5.1.1 Custo da mercadoria vendida (CMV) 5.1.2 Custo dos serviços prestados (CSP) 5.1.3 Resultado da conta de mercadorias (RCM) 5.1.4 Lucro sobre vendas (lucro bruto) 5.1.5 (–) Prejuízo sobre vendas 5.2 Resultado não operacional 5.2.1 Ganhos ou perdas de capital 5.3 Resultado líquido 5.3.1 Resultado do exercício Fonte: adaptado de Ribeiro (2002). Esse Plano de Contas é um simples exemplo. Ele não abrange operações de empresas industriais, do ramo financeiro, securitário, pecuário, agrícola, etc. Ele também não contempla todas as possíveis contas necessárias ao controle do patrimônio, somente as principais. Para um plano mais completo, você deve consultar o livro Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, da FIPECAFI (IUDÍCIBUS e outros, 2011). 3.10 Depreciação 2 Conceito: é a diminuição do valor dos bens materiais registrados no ativo permanente imobilizado, resultante do desgaste pelo uso, pela ação da natureza ou pela obsolescência normal. 2 Por que depreciar? Quando a empresa compra um bem, ela efetua um gasto. Esse gasto, por ser considerado como investimento, não pode ser classificado como despesa. Entretanto, quando esses bens são utilizados pela empresa, desgastam‑se e perdem o valor. Essa perda de valor é denominada depreciação. Através dela, a empresa pode con‑ siderar como despesas o valor gasto na compra dos seus bens de uso. 2 Motivos para depreciar: desgaste pelo uso, ação do tempo, expo‑ sição ao sol ou à chuva; obsolescência por defasagem em relação ao desenvolvimento tecnológico. – 53 – Contas e plano de contas 2 Métodos de depreciação: método linear, método da soma dos dígi‑ tos, método do saldo decrescente, etc. O mais usado éo método linear que consiste em aplicar taxas anuais constantes pelo tempo de vida útil estimado do bem. 2 Vida útil do bem: é o prazo (ano, mês ou dia) durante o qual o bem tem utilidade econômica para a empresa. 2 Lançamento da depreciação: debitar – despesa de depreciação; cre‑ ditar: depreciação acumulada. A conta despesa de depreciação vai para a apuração do resultado do exercício e a conta depreciação acumulada é uma conta retificadora do ativo permanente imobilizado. 2 Bens que não podem ser depreciados: bens que aumentam de valor com o tempo (obras de arte), terrenos, prédios ou construções não alugados e nem utilizados pela empresa. 2 Período para fazer a depreciação: pode ser feita mensalmente ou anualmente. 2 Tipos de depreciação: normal (quando o bem é utilizado em um único turno, a ele será aplicada a taxa normal); acelerada (quando o bem for utilizado durante dois turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 1,5; se for utilizado durante três turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 2,0). 2 Prazos usualmente admitidos: veja exemplo na tabela a seguir. Contas Prazos Admitidos Taxas Computador 5 anos 20% ao ano Imóveis, exceto terrenos 25 anos 4% ao ano Instalações 10 anos 10% ao ano Móveis e utensílios 10 anos 10% ao ano Veículos 5 anos 20% ao ano Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal. Por exemplo: Móveis 200 (–) Depreciação – 54 – Contabilidade Básica Acumulada (2) 198 2 Exemplo do cálculo da depreciação normal: uma máquina com‑ prada por R$ 50.000, com tempo de vida útil estimado em 10 anos, e uma quota de depreciação de 10% ao ano. O valor da depreciação será de R$ 5.000 (50.000 x 10%). 2 Exemplo do cálculo da depreciação acelerada: suponhamos que a máquina descrita anteriormente seja utilizada em dois turnos de 8 horas. Sabendo que a taxa normal é de 10% ao ano, devemos calcular a taxa acelerada assim: 10% x 1,5 = 15%. O valor da depre‑ ciação será de R$ 7.500 (50.000 x 15%). 3.11 Amortização 2 Conceito: é a diminuição do valor dos bens imateriais, cuja exis‑ tência ou exercício tenha duração limitada, em razão do tempo. 2 Lançamento da amortização: debitar: despesa de amortização; creditar: amortização acumulada. A conta despesa de amortização vai para a apuração do resultado do exercício e a conta amortização acumulada é uma conta retificadora do ativo permanente. 2 Bens que podem ser amortizados: bens cuja utilização pela empresa tenha prazo limitado por lei ou contrato e direitos cuja existência tenha duração limitada. Por exemplo: despesas pré‑ope‑ racionais, despesas de reorganização, benfeitorias em prédios de terceiros, marcas e patentes, etc. 2 Período para fazer a amortização: pode ser feita mensalmente ou anualmente. 2 Prazos usualmente admitidos: veja exemplo na tabela a seguir. Contas Prazos Admitidos Taxas Despesas pré-operacionais ou de reorganização. Mínimo em 5 anos 20% Máximo em 10 anos 10% – 55 – Contas e plano de contas Benfeitorias em prédio de terceiros ou marcas e patentes. De acordo com o tempo de validade dos mesmos (10 anos, 20 anos, etc.). Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal. Por exemplo: Marcas e Patentes 100 (–) Amortização Acumulada (2) 99 2 Exemplo do cálculo da amortização: supor que na conta benfei‑ torias em imóveis de terceiros tenha um saldo de R$ 40.000, o qual deve ser amortizado à taxa de 10% ao ano. O valor da amortização será de R$ 4.000 (40.000 x 10%). 3.12 Exaustão 2 Conceito: é a diminuição do valor de bens ou direitos do ativo, ao longo do tempo, decorrente de sua exploração (extração ou aproveitamento). Representa perda de valor, pela utilização de uma lavra, jazida ou reserva florestal. Dessa forma, a empresa registra a diminuição do valor de aquisição do bem, em função da quanti‑ dade extraída. 2 Lançamento da exaustão: debitar: despesa de exaustão; creditar: exaustão acumulada. A conta despesa de exaustão vai para a apura‑ ção do resultado do exercício e a conta exaustão acumulada é uma conta retificadora do ativo permanente. Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal. Por exemplo: Jazida 300 (–) Exaustão – 56 – Contabilidade Básica Acumulada (30) 270 Conclusão Estudamos a planificação das contas em forma de Plano de Contas contábeis. Plano de Contas contábeis é um instrumento fundamental de trabalho do contador. A qualidade da informação depende da estruturação do Plano de Contas. O Plano de Contas é estruturado pelos grupos na seguinte sequencia: ativo (composto pelos bens e direitos); passivo (obriga‑ ções mais o patrimônio líquido); receita (composta pela contas e grupo de contas que representam o ingresso de valores); despesas (compostas pelas contas e grupo de contas que representam os gastos despendidos para a pro‑ dução de receitas). Existem contas que são de natureza redutora dos grupos de contas como é o caso da depreciação, amortização e exaustão. Essas repre‑ sentam a perda no valor de aquisição de bens e direitos registrados no ativo permanente e são registradas com valores (saldos) a crédito, portanto são consideradas contas redutoras do grupo de ativo. PLANO DE CONTAS Visa: fixar os procedimentos a serem adotados na escrituração; determinar títulos, funções, classificações e funcionamento das contas. É um guia que orienta o contabilista sobre o funcionamento de cada conta, seus relaciona- mentos e as implicações diretas e indiretas de cada uma com o conjunto delas. Deve evidenciar: contas de escrituração geral; contas de escrituração financeira; contas de escrituração de custos. 4 Escrituração, lançamento e razonete Cumprida a etapa de identificação dos elementos patrimo‑ niais, da denominação das contas e de sua classificação no Plano de Contas, torna‑se necessário fazer os registros dos fatos contá‑ beis. A técnica contábil utilizada para registrar os fatos, segundo sua espécie e natureza, nos livros contábeis, é a escrituração. Evi‑ dentemente, não se registra tudo o que foi executado (atos e fatos administrativos), mas os fatos que tenham documentação que comprove a sua realização. – 58 – Contabilidade Básica Os registros tornam‑se mais acessíveis, práticos e funcionais quando as anotações são feitas em ordem cronológica e em livros próprios. A grande vantagem de se utilizar a técnica de escrituração para documentação dos fatos contábeis está na possibilidade de obter‑se a informação precisa, na hora exata em que se fizer necessária, sem precisar perder‑se em montanhas de papéis para localizar uma transação realizada. 4.1 Conceito de escrituração É a técnica contábil para o registro de todos os fatos contábeis ocorridos em uma entidade, obedecendo aos princípios de Contabilidade e às normas vigentes. É através dessa técnica que a Contabilidade atinge seu objetivo de estudar, controlar e fornecer informações sobre o patrimônio e suas variações. 4.2 Função da escrituração Ao executar o registro dos fatos contábeis, a escrituração atende a duas funções básicas: a) função histórica: ao registrar os fatos em ordem cronológica (dia, mês, ano), a escrituração acaba retratando a verdadeira história do patrimônio; b) função monetária: ao registrar os fatos em seus valores mone‑ tários, a escrituração possibilita a análise econômica, financeira e patrimonial. 4.3 Métodos de escrituração Método é a maneira de fazer certas coisas. Método de escrituração é a forma de registro dos fatos contábeis. Existem dois métodos fundamentais para o registro dos fatos. a) Método das Partidas Simples – esse método é utilizado para registro de um valor apenas de débito ou apenas de crédito. A entidade que controla suas transações registrando apenas o livro caixa está utilizando esse método, pois sua preocupação maior é – 59 – Escrituração, lançamento e razonete apenas o controle do dinheiro. Não há a preocupação em registraroutros elementos patrimoniais e nem mesmo o resultado das transações realizadas. O método é incompleto, pois não permite o controle total do patrimônio, e, como consequencia, imperfeito para ser usado no processo de tomada de decisões, por falta de insuficiência de dados. As entidades que utilizam apenas esse método só conseguem conhecer seu resultado econômico ao comparar o patrimônio existente no início com o existente no final do período. b) Método das Partidas Dobradas ou Digrafia – o método tem como princípio fundamental o fato de que, a cada lançamento a débito de uma ou mais contas, deverá corresponder um crédito equivalente ao mesmo valor em uma ou mais contas. Ou seja, não há débito sem crédito correspondente. Como consequencia do Método das Partidas Dobradas, o registro de um fato con‑ tábil exige a movimentação de, no mínimo, duas contas. Por essa razão é conhecido como partida dobrada. Assim, não há devedor sem credor. Como para cada débito há um crédito equivalente, a soma dos valores debitados será igual à soma dos valores creditados. Como a natureza dos sal‑ dos corresponde à diferença entre os valores debitados e creditados na mesma conta, a soma dos saldos devedores será igual aos valores da soma dos saldos credores. E, também, o total do ativo será igual ao total do passivo. Por meio desse método, os registros são realizados, inicialmente, no Livro Diário e, posteriormente, no Livro Razão. Esse método foi divulgado pela primeira vez, na cidade de Veneza (Itália), em 10 de novembro de 1494, pelo frade Luca Paccioli. É o método que foi empregado pelos comerciantes, desde o século XV, e, até hoje, é utilizado pelos contabilistas, ou seja, é um método de uso universal. Marion nos ensina que: o Método das Partidas Dobradas já fez 500 anos de idade após sua oficialização. Nos últimos 50 anos observamos as maiores descobertas e invenções do mundo, entretanto, nada ainda substituiu na Contabilidade este método. Na verdade, este método é tão perfeito que nunca sofreu qualquer ameaça de substituição (MARION, 2004, p. 152). – 60 – Contabilidade Básica Exemplo de Partida Dobrada Fato: compra à vista de móveis R$ 1.000 Lançamento: Débito (aplicação): Móveis 1.000; Crédito (origem): Caixa 1.000 Razonete da Conta Móveis Razonete da Conta Caixa Débito Débito 1.000 1.000 Crédito Crédito Lançamento duplo Débito = Crédito Observando o registro anterior, podemos perceber que teremos sem‑ pre uma Partida e uma Contrapartida. Se debitarmos uma conta, devemos automaticamente creditar o mesmo valor em outra conta e vice‑versa. 4.4 Sistema de escrituração A Contabilidade, como disciplina adulta, utilizou‑se de alguns processos de escrituração que foram evoluindo no transcorrer do tempo. Assim, temos os sistemas de escrituração manual, maquinizado, mecanizado e eletrônico. 4.5 Livros de escrituração A Contabilidade utiliza vários livros para registrar os fatos contábeis, controlar o patrimônio e atender às exigências legais e de fiscalização. A quan‑ tidade e a natureza dos livros alteram‑se em função do porte, da forma jurí‑ dica e do ramo de atividades da empresa. Para que tenham validade jurídica e fiscal, os livros de escrituração obri‑ gatórios devem conter certas formalidades legais extrínsecas e intrínsecas (Decreto Federal 64.567). – 61 – Escrituração, lançamento e razonete a) Formalidades extrínsecas (externas): são requisitos que os livros devem conter, antes de serem escriturados, tais como: numeração mecâni ca, termos de abertura e encerramento, registro na reparti‑ ção competente, encadernação. b) Formalidade intrínseca (interna): são requisitos que o contabi‑ lista deve observar ao preencher os livros, tais como: sem rasuras, borrões ou emendas, em ordem cronológica, clareza, exatidão, sem registros nas entrelinhas e nas margens. A escrituração das variações patrimoniais ocorridas numa empresa é feita nos livros contábeis, livros auxiliares, livros fiscais, livros trabalhistas e livros societários. Apresentamos, no quadro a seguir, uma relação de livros previstos pela legislação brasileira. Estudaremos, neste capítulo apenas os dois principais livros da Contabilidade, a fim de que você não se espante, quando estiver em plena atividade profissional no campo da Contabili‑ dade, pelo contraste entre os princípios aprendidos e o que o cotidiano exigir‑lhe‑á. Relação de livros usados na contabilidade Código Civil Diário Lei n. 10.406/02 Código Civil Registro de Duplicatas (em desuso) Lei n. 5.474/68 Legislação societária Lei n. 6.404/76 Regula as sociedades por ações; ver capítulo IX, Art. 100 Atas das assembleias gerais Presença de acionistas Atas das reuniões da diretoria Atas das reuniões do conselho de administração Atas de pareceres do conselho fiscal Registro de ações nominativas Registro de transferência de par- tes beneficiárias nominativas Registro de partes beneficiárias endossáveis Registro de debêntures endossáveis Registro de bônus de subscrição endossáveis Registro de transferência de ações nominativas – 62 – Contabilidade Básica RELAÇÃO DE LIVROS USADOS NA CONTABILIDADE Legislação tributária Apuração do imposto do lucro real (LALUR) Decreto-Lei n. 1.598/77 Apuração do IPI Apuração do ICMS Apuração do ISS Registro de entradas Registro de saídas Registro de controle de produção e de estoque Registro de selo especial de controle Registro de impressão de documentos fiscais e termos de ocorrência Registro de inventário Livro Razão (Lei n. 8.218/91) Livro Caixa (Lei n. 8.541/92) para pessoas jurídicas que optarem pela tributação com base no lucro presumido Legislação trabalhista – CLT Registro de empregados Registro de inspeção do trabalho Livros facultAtivos Livro conta corrente Livro controle de contas a receber Livro controle de contas a pagar Livro Caixa (exceto para as entidades que optarem pela tributação com base no lucro presumido) 4.5.1 Livro diário No Livro Diário, são registradas diariamente todas as transações que afe‑ tam a situação patrimonial. Ele é um livro obrigatório pelo Código Civil que regula o direito de empresas. Por ser obrigatório, está sujeito às formalidades intrínsecas e extrínsecas. Porém a adoção desse sistema não exclui a empresa da obediência às formalidades descritas anteriormente. Quadro 1 Modelo de Livro Diário Mecanizado. Data Histórico Debito Crédito Conta Nº Transporte 1 – 63 – Escrituração, lançamento e razonete 4.5.2 Livro razão O Livro Razão é um livro de valor inestimável, porque possibilita o conhecimento do volume das operações de cada elemento do patrimônio. No Livro Razão, abre‑se uma folha para cada conta, registrando nessa folha, a débito e a crédito, todas as operações que afetam a respectiva conta. A qual‑ quer momento, podemos apurar o seu saldo. Durante muito tempo, o Livro Razão era um livro facultativo. Sua escrituração passou a ser obrigatória a partir de 1991 (Art. 14, da Lei n. 8.218, de 29 de agosto de 1991). Quadro 2 Modelo de Livro Razão mecanizado. Data Histórico Débito Crédito Conta Nº Saldo D/C Transporte 4.6 Atos e fatos administrativos O patrimônio das empresas está em constante movimento em função dos acontecimentos que ocorrem diariamente. Esses acontecimentos podem ser divididos em dois grupos. a) Atos administrativos São ocorrências da entidade que não geram alterações no patrimô‑ nio. Por exemplo, cotação de preço, admissão de empregados, assi‑ naturas de contratos de compras, de vendas e de seguros diversos, aval de títulos, fiança em favor de terceiros, etc. b) Fatos administrativos ou fatos contábeis São eventos que geram alterações qualitativas e quantitativas no patri‑ mônio, podendo ou não alterar o patrimônio líquido da entidade. Por alterarem o patrimônio, precisam ser contabilizados por meio das con‑ tas patrimoniais e das contas de resultado. Para tanto, é fundamental que o fato seja representado por um documento que o comprove. Os fatos administrativos podem ser classificados
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