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Fa cu ld ad e Ed uc ac io na l d a La pa (O rg .) C o nt ab ili da de B ás ic a Faculdade Educacional da Lapa (Org.) Contabilidade Básica 2ª Edição Curitiba 2018 Contabilidade Básica Faculdade Educacional da Lapa (Org.) Clarete de Itoz Doriane Braga Nunes Bilac Maria Rosa Arantes Pavel Valtuir Soares Filho Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501 C759 Contabilidade básica / Clarete de Itoz, et al. – 2. ed – Curitiba: Fael, 2018. 206 p.: il. ISBN 978-85-5337-014-6 Nota: conforme Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 1. Contabilidade gerencial I. Itoz, Clarete de II. Bilac, Doriane Braga Nunes III. Dozza, Marcos Antônio IV. Soares Filho, Valtuir V. Faculdade Educacional da Lapa CDD 657 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Mário Duenhas Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Sandro Niemicz Imagem da Capa Shutterstock.com/pedrosek Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Apresentação Toda organização existe devido a inúmeras finalidades, mas a maior parte delas objetiva com sua existência a lucrativi- dade. Para que atuem no mercado com eficiência, efetividade, desfrutando de clientes satisfeitos, os quais necessitam que os pro- cessos pertinentes a ela sejam executados, de maneira impecável; para que o serviço ou o produto final seja o esperado e estipulado no planejamento da organização. Para que a organização obtenha sucesso, não basta apenas ela ofertar bens tangíveis ou intangíveis de qualidade, ela também necessita de um controle rigoroso que, apresente todas as entradas e saídas de matéria-prima, de produtos inacabados e acabados e, principalmente, de valores pertinentes a ela. – 4 – Contabilidade Básica E, para que esse processo organizacional ocorra de forma transparente e efetiva, a empresa conta com a contabilidade e os processos inerentes a ela. O presente material foi estruturado com o objetivo de proporcionar o conhecimento perante as noções básicas do estudo da contabilidade, sua estruturação e conceitualização, bem como a sua utilização dos processos pertinentes a ela. Propiciará um conhecimento diferenciado acerca das aplicabilidades básicas da Contabilidade nas organizações, ressaltando o estudo da classifica- ção e da identificação das contas que compõe a Escrituração Contábil, bem como o processo e a importância da utilização do mesmo. Também, será pos- sível o contato com a conceitualização do Plano de Contas e as formas que o mesmo deve ser instituído na organização, tendo por base os conhecimentos teóricos e práticos utilizados na aplicação Contábil. Buscou-se oportunizar a exposição de conceitos referentes à compo- sição e a origem dos lançamentos contábeis, bem como a composição e a utilização do razonete no cotidiano organizacional, a checagem do balan- cete de verificação, os conceitos pertinentes ao balanço patrimonial, suas especificações e sua elaboração, assim como, as suas apurações e as suas demonstrações de resultado. Este material permite ainda que, seja estabelecido um contato com a conceituação da Demonstração de Resultados do Exercício, sua estruturação, sua finalidade e sua execução, assim como, a Apuração dos Resultados do Exercício. Apresentando, também, a identificação e a classificação dos fatos contábeis, que envolvem diversas operações inerentes ao cotidiano organizacional. O estudo da Contabilidade proporciona o entendimento do controle das especificações e da classificação do patrimônio da empresa, de suas altera- ções no decorrer do tempo, de uso do mesmo pela organização, e a influencia que essas alterações podem gerar no balanço patrimonial. Este estudo lhe proporcionará a identificação do plano de contas da empresa comercial, como acontece a sua realização, sua estruturação, bem como a sua importância de utilização perante os processos organizacionais. Faz parte também deste estudo sobre Contabilidade, o controle das ope- rações de compra e vendas de mercadorias, ou seja, as entradas e saídas das – 5 – Apresentação mercadorias e suas oscilações, não deixando de lado o interesse perante o cálculo do custo de mercadoria vendida. A Contabilidade também trata das questões pertinentes à folha de paga- mento da organização, suas operações e resultados, que são tidos como fonte de dados para a Contabilidade e seus processos, assim como, cabe tratar os processos pertinentes às operações financeiras da organização. O estudo da Contabilidade Básica proporcionar–lhe-á um maior enten- dimento perante o controle dos processos burocráticos inerentes às roti- nas organizacionais. Curitiba 2018 Contabilidade Básica I Faculdade Educacional da Lapa (Organização) Doriane Braga Nunes Bilac Valtuir Soares Filho Maria Rosa Arantes Pavel Sumário Contabilidade Básica I | 9 1 Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo | 11 2 Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos | 27 3 Contas e plano de contas | 37 4 Escrituração, lançamento e razonete | 57 5 Prática: balancete de verificação | 77 6 Apuração do resultado do exercício (ARE) | 87 7 Balanço patrimonial | 105 Referências | 113 1 Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo Você já ouviu falar que existe uma ciência que registra e con‑ trola o patrimônio das pessoas físicas e jurídicas? Pois bem, essa ciência é a Contabilidade. Neste primeiro momento, vamos estudar a Contabilidade e seu ambiente compreendendo um pouco de sua história, seus objetivos, seu objeto de estudo e sua aplicabilidade. – 12 – Contabilidade Básica Conta‑se que a história da Contabilidade surge com a própria histó‑ ria da civilização humana, em que a necessidades de troca de mercadoria predominava. À medida que o homem necessitava de diferentes produtos e mercadorias, havia a troca e alguns começaram a registrar esses fatos. Hoje, sabe‑se que essas primeiras escritas que registravam a troca de mercadorias são as primeiras escritas contábeis da humanidade. Um dos principais objetivos da Contabilidade é o de prestar contas de seus registros. Essa prestação de contas é feita através de demonstrativos, sendo que o principal deles é o balanço patrimonial, assunto dos próximos capítulos. O objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio das entidades (pessoas jurídicas) e das pessoas físicas. A Contabilidade é uma ciência aplicável irrestritamente a todas as enti‑ dades, com ou sem fins lucrativos (finalidade de lucro em suas operações). Os conteúdos possibilitarão a você conhecer essa ciência. A Contabili‑ dade registra, controla e analisa o patrimônio das entidades. Todo esse pro‑ cesso é realizado para que as pessoas físicas e jurídicas tomem decisões com as informações de ordem patrimonial fornecidas pela Contabilidade. Vamos começar estudando a história da Contabilidade e sua evolução. 1.1 Um pouco da história da contabilidade e de sua evolução A origem da Contabilidade é bastante remota, pois, desde tempos antigos, o homem já se preocupava em controlar sua riqueza, determinar suas posses e avaliá‑las. Segundo historiadores, há indícios da existência de controles rudimentares da riqueza patrimonial na Antiguidade. Entretanto a Contabilidade teve seu desenvolvimento, como sistema de controle patrimonial, a partir do momento em que o frade Luca Paccioli escreveu e publicou sua famosa obra, cujo título era Summa de Arithmetica, Proportioni et Proportionalita (século XV). Essa obra descreve, em um dos seus capítulos, o método para registrar e controlar o patrimônio das entidades, denominado método das partidas dobradas. A partir desse momento, diversos trabalhos são publicados provocando grandes discussões sobre a teoria contábil (IUDÍCIBUS, 1997, p. 30). ronaldo v.filho Realce – 13 – Contabilidade: seu ambientee objeto de estudo No Brasil, a Contabilidade pode ser dividida em dois estágios. 1.1.1 Anterior a 1964 Em 1908, aconteceu uma das primeiras manifestações contábeis no país com a publicação do alvará que obrigava os contadores gerais a apli‑ carem o método das partidas dobradas na escrituração. O Código Comer‑ cial Brasileiro de 1850 foi umas das primeiras legislações na área contábil. A partir dele tornou‑se obrigatória a escrituração contábil e a elaboração anual da demonstração do balanço geral. Em 1890, a Escola Politécnica do Rio de Janeiro passou a oferecer as disciplinas de Direito Administrativo e Contabilidade, seguindo a tendência inicial de colocar a Contabilidade como uma disciplina intimamente ligada ao direito. Em 20 de abril de 1902, surge a Escola Prática de Comércio Álvares Penteado, que teve, em 9 de janeiro de 1905, o reconhecimento oficial do curso de guarda‑livros e de perito‑contador. Em 1946, foi criada a faculdade de Ciências Contábeis da USP e é também desse ano a criação do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36‑37). 1.1.2 Posterior a 1964 A partir de 1964, inicia‑se a segunda fase da Contabilidade no Brasil, marcada, principalmente, pela apresentação do método de ensino norte‑ame‑ ricano pelo professor José da Costa Boucinhas. Ainda em 1964, ocorreu a implantação da Lei 4.320 (estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal). Em 1971, ocorreu a criação do livro de Contabilidade Introdutória pelos professores da USP. A Contabilidade brasi‑ leira teve um importante estímulo legal, em 1972, quando o Banco Central baixou as circulares 178 (obriga o registro do auditor independente exclu‑ sivo para contadores) e 179 (trata dos princípios e normas da Contabilidade oficializando a expressão: Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos – PCGA). Em 1976, ocorreu a promulgação da Lei 6404 que regulamenta as Sociedades por Ações e, no mesmo ano, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No ano seguinte, a CVM editou uma norma sobre a Correção Integral de Balanço (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36‑37). ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce – 14 – Contabilidade Básica 1.2 Conceito A Contabilidade somente foi reconhecida como ciência no século XIX. Seu nome deriva do termo contabilità, da escola italiana, que significa registro de contas. Franco (1997, p. 21) afirma que a Contabilidade é [...] a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patri‑ mônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação des‑ ses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decor‑ rente da gestão da riqueza patrimonial. Na definição de Contabilidade, temos vários pontos a destacar, entre eles: estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio (transformação patri‑ monial); registra, classifica e demonstra (através da técnica da escrita con‑ tábil, classifica para registrar, dentro do grupo de contas, a que pertence o fato patrimonial, e demonstra, através dos demonstrativos contábeis, sendo o principal deles o balanço patrimonial); analisa e interpreta os fatos (o regis‑ tro possibilita a transformação dos fatos contábeis e a análise e interpretação do impacto do fato no patrimônio); oferece informações e orientação (atra‑ vés do produto final da Contabilidade que são os demonstrativos, é possível analisar as informações e orientar procedimentos, possibilitando a tomada de decisão imediata e de curto e longo prazo); variações do resultado econô‑ mico são as variações que acontecem no patrimônio sem que haja a aplicação de recursos. 1.3 Campo de aplicação e objeto de estudo da contabilidade Franco (1997, p.19), sobre o objeto da Contabilidade, afirma que o objeto da Contabilidade é o patrimônio e seu campo de aplicação o das entidades econômico‑administrativas, assim chamadas aquelas que para atingirem seu objetivo, uti‑ lizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão adminis‑ trativo que pratica os atos de natureza econômica e financeira necessários a seus fins. ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce ronaldo v.filho Realce – 15 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo A Resolução 774, de 16 de dezembro de 1994, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2000, p. 30) define o patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física ou a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, em seu aspecto estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial), e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos. A Resolução do CFC caracteriza que por aspecto qualitativo do patri‑ mônio entende‑se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. 1.4 Objetivo da contabilidade Para Franco (1997, p. 19), o objetivo da Contabilidade é “fornecer informações, interpretações e orientações sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”. Modernamente, na Contabilidade, temos duas finalidades. a) Planejamento – a informação contábil pode ser um forte suporte para o planejamento, quando, estabelecendo padrões, torna claras situações futuras. b) Controle – está ligado à análise das definições adotadas pe‑ la organização. Qual a importância da Contabilidade para o planejamento e controle das entidades? 1.5 Função da contabilidade Uma das principais funções da Contabilidade é divulgar informações para o processo de tomada de decisão. Através das informações divulgadas, verifica‑se a produção do período da entidade, a transformação ocorrida no – 16 – Contabilidade Básica patrimônio e a geração do resultado da atividade. Isso possibilita a comparação de resultados com períodos anteriores e a projeção de resultados futuros. Franco (1997, p. 19) nos ensina que a função da Contabilidade é [...] registrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objetivando fornecer informações, interpretações e orienta‑ ção sobre a composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores. Favero e outros (1997, p. 13) acrescentam que a Contabilidade pretenda [...] analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocor‑ rem no patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, buscando demonstrar a seus usuários, através de relatórios próprios (Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações de Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Balanço Patrimo‑ nial, Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos e outros), as informações diversas sobre a empresa tais como: análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras e os clientes, etc. Além dessas funções citadas pelos autores, temos ainda uma das prin‑ cipais funções da Contabilidade que é a de informar ao usuário interessado dados e informações verídicas e tempestivas acerca da entidade. 1.6 Usuários da contabilidade São chamados de usuários da Contabilidade os indivíduos que se benefi‑ ciamda informação produzida pela mesma. Os usuários da Contabilidade são agentes internos e externos da entidade caracterizados da seguinte maneira. a) Agentes internos: são todos os indivíduos que têm relação direta com a entidade. Nesse caso, esses agentes têm facilidade de acesso às informações contábeis. Como agentes internos, temos: os geren‑ tes, que utilizam a informação contábil para a tomada de decisão; os colaboradores, que têm interesse de almejar melhorias traba‑ lhistas; a diretoria da entidade, que utiliza a informação contábil para planejar ações organizacionais. – 17 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo b) Agentes externos: são todos os indivíduos que têm relação indireta com a entidade. Nesse caso, precisam de fontes para acessar a infor‑ mação da entidade. Como agentes externos, temos: os bancos, que utilizam a informação para a concessão de créditos e financiamentos; os concorrentes, que utilizam a informação contábil para conhecer a situação da entidade no mercado; o governo, que procura saber o montante de receitas e despesas geradas no período pela entidade, pois esse procedimento dá condições de saber se a entidade cumpre seu papel social (arrecadadora de impostos e tributos), sem haver sonegação fiscal; os fornecedores, que têm interesse em conhecer a capacidade de pagamento da entidade para poder continuar ou não vendendo a prazo, medindo assim a capacidade de pagamento futura da entidade; os clientes, que querem saber a integridade da entidade e a garantia de que sua compra (pedido) será atendida no prazo acordado; os investidores, que utilizam a informação con‑ tábil para identificar a situação econômico‑financeira da entidade tendo garantias do valor investido. 1.7 Ramos de atuação da contabilidade De sua estrutura inicial voltada para as necessidades de registros dos fatos de comércio, a Contabilidade foi ampliando seu campo de atuação e se ramificando para registrar e controlar as finanças governamentais, os negócios de indústrias, bancos, entidades de financiamento, seguros, pecuária, agricul‑ tura, prestadores de serviços, entidades sem fins lucrativos e de todo tipo de entidades que foram surgindo ao longo do tempo e que necessitam de con‑ trole patrimonial, econômico e financeiro (TEIXEIRA, 2006). Comercial Industrial Pública Rural Financeira Imobiliária Seguros e previdência privada Sociedades por Ações Hotelaria Cooperativas Gerencial Custos Contabilidade – 18 – Contabilidade Básica Esses são alguns ramos de atuação da Contabilidade. O método de regis‑ tro dos fatos contábeis (método das partidas dobradas) é igual para todos os ramos. Contudo cada entidade tem suas próprias características e, por conse‑ quência, fatos contábeis distintos. 1.8 Técnicas contábeis Para realizar o controle patrimonial, a Contabilidade desenvolveu algu‑ mas técnicas. a) Escrituração: é o registro das transações realizadas pelas empresas. b) Demonstrações contábeis : é a exposição ordenada do patrimô‑ nio registrado de acordo com a formatação especificada na Lei n. 6.404/76 (Lei das S/A), Lei n. 11.638/2007 (Nova Lei das S/A), e nas normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Acordo com a Lei das S/A, as demonstrações que as empresas devem elaborar são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração do Lucro e Prejuízo Acumulado (DLPA), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) e Demonstração do valor adicionado (DVA) somente para companhias abertas; c) Auditoria: consiste em verificar a veracidade da situação patrimonial. d) Análise de balanços: consiste em examinar as demonstrações, para identificar os pontos positivos e negativos da gestão empresarial. 1.9 Classificação da ciência contábil Com relação ao estudo da Contabilidade, há uma quase unanimidade em classificá‑la no campo das ciências sociais aplicadas, ainda que uns poucos advoguem a tese de que seja enquadrada no rol das ciências exatas. Quanto ao objeto de estudo da Contabilidade, pequenas variações também ocorrerão, marcadamente em função de o estudioso se encontrar no grupo da chamada escola européia ou no grupo da escola norte‑americana de Contabilidade (TEIXEIRA, 2006). – 19 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo 1.10 Objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio Um dos objetivos da Contabilidade é controlar o montante patri‑ monial da entidade. O patrimônio da entidade é o objeto de estudo da Contabilidade. Essa movimentação é realizada devido às operações de compra, venda, pagamentos, recebimentos, etc. que são executadas dia‑ riamente pelos gestores das entidades. Ao registrar esses fatos contábeis, a Contabilidade terá condição de fornecer informações sobre a situação patrimonial, econômica e financeira da empresa, sempre que solicitada. Definimos patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obriga‑ ções de uma entidade. a) Bens: é o conjunto de coisas capazes de atender às necessida‑ des do ser humano e que são passíveis de avaliação econômica. Podem ser classificados em: bens de uso – representados pelas máquinas, equipamentos, móveis e utensílios; bens de consumo – representados pelo conjunto de matérias necessárias para desenvolver a atividade da empresa como materiais de escritório e material de limpeza; bens de troca – representados pelas mer‑ cadorias e produtos que irão ser dispostos à venda. b) Direitos: são os valores expressos em moeda e que a entidade tem a receber de terceiros. Geralmente, os terceiros são repre‑ sentados pelos clientes da entidade, aí dizemos que duplicatas a receber são um direito da entidade, pois ela vendeu a mer‑ cadoria a prazo ao cliente e terá o direito a receber do mesmo. Outros títulos podem ser direitos a receber como é o caso de promissórias a receber. Ao se proceder ao registro contábil, os títulos representativos de direitos são acrescidos da expressão a receber. c) Obrigações: também conhecidas como “passivos exigíveis”. São o montante de valores que a entidade assumiu para pagar a ter‑ ceiros. Ao se proceder ao registro contábil, os títulos representa‑ tivos de obrigações são acrescidos da expressão a pagar, como, por exemplo, duplicata a pagar, nota promissória a pagar, etc. – 20 – Contabilidade Básica 1.11 Aspecto qualitativo e quantitativo do patrimônio O patrimônio de uma entidade é analisado sob os aspectos da qualidade e da quantidade. Os aspectos qualitativos são as nomenclaturas simbólicas de cada um dos elementos que compõem o patrimônio, tais como: caixa e bancos – que são os bens numerários; mercadorias e produtos – que são os bens de venda; veículos e imóveis para alugar – que são os bens de renda da entidade; máquinas e equipamentos, materiais de uso e consumo – que são os bens de uso, como é o caso de materiais para escritório. Os aspectos quantitativos são os elementos patrimoniais expressos em valores monetários. Por exemplo: máquinas e equipamentos R$ 10.000. 1.12 Representação gráfica do patrimônio Para que a Contabilidade alcance seu objetivo de fornecer informações sobre a situação patrimonial, precisa representar o patrimônio de alguma forma. A maneira escolhida foi a representação em forma gráfica (forma de “T”), conforme o modelo a seguir: Patrimônio Bens Direitos Obrigações O lado esquerdo é denominado contabilmente de ativo e o direito de passivo. a) Ativo: recebe este nome, porque é composto pelos bens e pelos direitos (contas a receber), que formam o conjunto dos elementos positivos da empresa. b) Passivo: recebe este nome, porque é composto pelas obrigações (contas a pagar), que formam o grupo dos elementos negativos da empresa. Lado esquerdo Lado direito Patrimônio Obrigações Ativo Passivo Bens Direitos – 21 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo 1.13 Equilíbrio patrimonial O gráfico na forma da letra“T”, utilizado para representar o patrimônio das empresas, denomina‑se Balanço Patrimonial. Balanço lembra balança de dois pratos. Para que haja equilíbrio entre os dois pratos, o peso total do lado direito deve ser igual ao do lado esquerdo. A empresa também precisa estar em equilíbrio. Sendo assim, para que o Balanço Patrimonial possa refletir adequadamente a situação finan‑ ceira da empresa, o total do lado direito deverá ser igual ao total do lado esquerdo. Lado direito = Lado esquerdo Ativo = Passivo Bens + Direitos = Obrigações Na prática, nem sempre a soma de bens e direitos é igual à soma das obrigações. Para que essa igualdade seja concretizada, aparecerá no gráfico um outro grupo de elementos patrimoniais que denominaremos de Patrimônio Líquido. Esse novo elemento será colocado no gráfico sempre no lado do passivo. Podemos, então, representar o patrimônio da seguinte maneira: Lado Direito Lado Esquerdo Obrigações Patrimônio Líquido Bens Direitos Ativo Passivo Patrimônio Transcrevemos, a seguir, um Balanço Patrimonial, num modelo bem simplificado para que você possa perceber sua estrutura. – 22 – Contabilidade Básica Empresa Bom Começo S/A Balanço Patrimonial em 31/12/2004 Ativo Passivo Bens Obrigações Caixa 100 Contas a pagar 1.200 Móveis 1.000 Títulos a pagar 800 Terrenos 5.000 Duplicatas a pagar 1.700 Veículos 6.000 Empréstimos 1.800 Mercadorias 2.000 Salário a pagar 900 Impostos a pagar 200 Direitos Patrimônio Líquido Contas a receber 500 Capital Social 7.000 Duplicatas a receber 600 Reservas 1.000 Títulos a receber 400 Lucro 1.500 Prejuízo (500) Total do Ativo 15.600 Total do Passivo 15.600 1.14 Equação fundamental do patrimônio A equação fundamental do patrimônio é uma fórmula que evidencia o equilíbrio patrimonial. Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido Bens + Direitos = Obrigações + Patrimônio Líquido Bens + Direitos = Obrigações + (Capital + Reservas + Lucro) 1.15 Situação líquida ou patrimônio líquido Situação Líquida é a diferença entre Ativo e Passivo. O passivo, neste momento, é entendido como o total das obrigações exigíveis. SL = Ativo – Passivo Ou SL = Bens + Direitos – Obrigações – 23 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo Você já sabe que o patrimônio (bens, direitos e obrigações) é avaliado em moeda. Assim, para calcularmos a situação líquida ou o patrimônio líquido, devemos ter em nossas mãos o valor total do lado do ativo e o valor total das obrigações exigíveis. Ao subtrairmos esses montantes, teremos o valor da situ‑ ação líquida. Veja o exemplo a seguir. Balanço Patrimonial em 31/12/2004 Ativo Passivo Bens Obrigações Exigíveis Caixa 100 Contas a pagar 300 Direitos Patrimônio Líquido Duplicatas a receber 600 ????? Total Do Ativo 700 Total Do Passivo ????? Cálculo da Situação Líquida ou Patrimônio Líquido Total do ativo = Bens + Direitos = 100 + 600 = 700 Total das obrigações exigíveis = 300 Situação líquida ou patrimônio líquido = Ativo – obrigações exigíveis = 700 – 300 = 400 1.16 Situações líquidas patrimoniais possíveis Os elementos patrimoniais podem estar configurados com valores diver‑ sos. Consequentemente, poderão gerar situações líquidas patrimoniais diferen‑ tes, tais como: positiva, negativa ou nula. a) Situação líquida positiva, ativa ou superavitária Balanço Patrimonial Ativo > Obrigações A = O + PL O = A – PL PL = A – O Ativo > zero Obrigações > zero PL > zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 100 Direitos (D) 80 Obrigações (O) 50 Patrimônio líquido (PL) 130 Total Ativo 180 Total Passivo 180 – 24 – Contabilidade Básica b) Situação líquida negativa, passiva, deficitária, passiva a descoberto Balanço Patrimonial Ativo < Obrigações A = O ‑ PL O = A + PL PL = O – A Ativo > zero Obrigações > zero PL < zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 80 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 150 Patrimônio líquido (PL) (50) Total Ativo 100 Total Passivo 100 c) Situação nula Balanço Patrimonial Ativo = Obrigações A = O O = A PL = ZERO Ativo > zero Obrigações > zero PL = zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 180 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 200 Patrimônio líquido (PL) 00 Total Ativo 200 Total Passivo 200 d) Situação líquida de inexistência de ativo BALANÇO PATRIMONIAL Ativo < Obrigações A = ZERO O = A + PL PL = A – O Ativo = zero Obrigações > zero PL < zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 00 Direitos (D) 00 Obrigações (O) 40 Patrimônio líquido (PL) (40) Total Ativo 00 Total Passivo 00 e) Situação líquida plena ou inexistência de passivo BALANÇO PATRIMONIAL Ativo > Obrigações A = O + PL O = A – PL PL = A – O Ativo > zero Obrigações = zero PL > zero Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 30 Direitos (D) 20 Obrigações (O) 00 Patrimônio líquido (PL) 50 Total Ativo 50 Total Passivo 50 – 25 – Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo f ) Situação líquida patrimonial impossível Ao analisar as situações patrimoniais apresentadas, você deverá ter concluído que o ativo e o passivo somente poderão ser iguais ou maiores que zero, mas o Patrimônio Líquido (PL) poderá ser menor, igual ou maior que zero. Assim sendo, a única situação impossível de acontecer será aquela em que o Patrimônio Líquido será superior ao valor total do ativo. Assim, a Contabilidade é uma ciência que estuda, registra e controla o estado patrimonial das entidades, em seus diversos segmentos. Conclusão Neste capítulo, você conheceu a Ciência Contábil: conceito, objeto (patrimônio das entidades econômico‑administrativas, com ou sem fins lucrativos), função, objetivos, campo de aplicação, técnicas, usuários, ramifi‑ cações e sua classificação dentro da ciência. 2 Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos O termo “contábil” determina que o conjunto de bens, direitos e obrigações seja denominado de patrimônio. A peça con‑ tábil, que evidencia de forma ordenada e estática o patrimônio, é o Balanço Patrimonial. Para o registro dos atos e fatos que comporão o patrimônio empresarial e o balanço patrimonial contábil, utiliza‑ mos a técnica de Registro Contábil de Partidas Dobradas, a técnica do débito e do crédito. – 28 – Contabilidade Básica Para realizarmos um registro contábil, dentro da técnica do débito e do crédito, temos que analisar os fatos da seguinte forma: para contas que compõem o ativo (conjunto de bens e direitos), sempre que há o registro de entrada, utilizamos a forma do débito. O registro de saída ou baixa dos bens e direitos será efetuado na forma de crédito. Para contas que compõem o passivo (conjunto de obrigações mais o patrimônio líquido), sempre que há o ingresso de novas obrigações ou aumento do patrimônio líquido, o registro é efetuado na forma de crédito e o registro da quitação ou pagamento das obrigações ou baixa do valor patrimonial é efetuado na forma de débito. Receitas (ingressos de recursos pela prestação de serviços ou pela venda de mercadoria) serão sempre registradas a crédito e contas de custos e despesas (dispêndios da entidade para a geração de receita) serão sempre registradas a débito. As origens de recursos são os valores que financiam as operações de uma entidade. As fontes da origem de recursos são identificadas através da análise do valor do patrimônio líquido e do passivo exigível. Vamos começar nosso estudo pelo método das partidas dobradas. 2.1 Método das partidas dobradas O Método das Partidas Dobradas é também denominado o método veneziano (el modo de Vinegia) publicado pela primeira vez por Luca Paccioli em seu livro Summa de Arithmetica, Proportioni et Proporcionalita, em 1494. Como se vê, é um método matemático de que a Contabilidade se vale para efetuar os registros dos atos e fatos. É o sistema padrão usado pela Contabili‑ dade para registrar as transações financeiras de entidades. Sua premissa é de que a condição econômico‑financeira e os resultados das operações da entidade são mais bem representados por diversas variáveis denominadas de contas, em que cada uma, em particular,tem a função de refletir o aspecto do valor monetário do registro. Cada transação tem seu valor financeiro registrado em pelos menos duas contas, nas quais o total dos créditos, sob qualquer pretexto, deve ser igual ao valor dos débitos. Por exemplo, paraw registrarmos o valor patrimonial de formação do capital da entidade, fazemos os seguintes registros: – 29 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos a) no Livro Diário: Débito (D): conta caixa – ativo Crédito (C): conta capital – patrimônio líquido b) no Livro Razão: Caixa Capital Social D C Para se proceder aos registros contábeis temos várias formas, como: 1ª fórmula: um débito (D) para um crédito (C); 2ª fórmula: um débito para dois ou mais créditos; 3ª fórmula: dois ou mais débitos e um valor a crédito; 4ª fórmula: dois ou mais valores de débitos e dois ou mais valores de créditos. A quarta fórmula deve ser usada com cautela, e muitas vezes até restrita, sendo indicada somente quando não houver possibilidade de se obscurecer a informação, considerando que todos os registros contábeis devem indicar com clareza e precisão a contrapartida. O método publicado por Paccioli se dá da seguinte forma: entradas de débito (contas do grupo do ativo) serão registradas no lado esquerdo e as entradas de crédito (contas do grupo do passivo) serão registradas no lado direito do razonete. Razonete representa sinteticamente o Livro Razão. O Livro Razão e o Livro Diário são dois dos mais importantes livros de registros contábeis. No Livro Razão, apresenta‑se o valor do registro e dos saldos das contas ou do grupo de contas; no Livro Diário, é apresentado o valor do registro diário de cada uma das contas que compõem o patrimônio da entidade. O razonete é representado graficamente da seguinte forma. (Título da conta) Débito Crédito R$ R$ (Saldo da conta) – 30 – Contabilidade Básica No razonete, identificam‑se o título da conta de registro (por exemplo, conta caixa), os valores de débitos (fatos causados pelo valor patrimonial) e créditos (fatos da causa do fato) e, por fim, destaca‑se o saldo do mesmo, ou seja, a diferença de somatória entre o débito e o crédito. O valor do saldo será destacado sempre do lado da natureza da conta, por exemplo, se for conta caixa, então o saldo da conta aparecerá no lado do débito. Caixa Débito Crédito R$ R$ (Saldo da conta) Esse fato ocorre porque o saldo da conta acompanha a natureza da mesma, ou seja, se for conta de ativo (natureza devedora), o saldo é apresen‑ tado no lado esquerdo, se for conta de passivo (natureza credora), o saldo é apresentado no lado direito. Vamos trabalhar alguns exemplos de registros de fatos no razonete e no diário. a) Registro quotas‑partes de capital no valor de R$ 1.000, em dinheiro: Caixa Capital Social (1) 1.000 1.000 (1) D – Caixa – Ativo C – Capital Social – Passivo........................... R$ 1.000 Pelo valor das quotas‑partes de capital registradas nesta data e qui‑ tadas em dinheiro. b) Registro de valor de depósito bancário no valor de R$ 200: Caixa Banco c/c Movimento (1) 1.000 200 (2) (2) 200 Saldo = 800 – 31 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos D – Banco c/c Movimento – Ativo C – Caixa – Ativo ....................................... R$ 200 Pelo valor de depósito em conta corrente movimento bancária, nesta data. c) Pagamento de despesas administrativas da empresa no valor de R$ 100: Caixa Desp. administrativas 800 100 (3) (3) 100 Saldo = 700 D – Despesas administrativas – Grupo de resultado despesa C – Caixa – Ativo Pelo valor pago em dinheiro de despesas administrativas nesta data. 2.2 Origens e aplicações de recursos O Balanço Patrimonial é um dos relatórios que demonstra as origens e aplicações de recursos de uma entidade. Você então poderia perguntar: “Qual lado representa a origem e qual a aplicação de recursos?”. Bem, vamos responder analisando o balanço a seguir. Balanço Patrimonial em 31/12/2004 Ativo PASSIVO Bens Obrigações Caixa 100 Contas a pagar 150 Móveis 200 Direitos Patrimônio Líquido Duplicatas a receber 600 Capital social 750 Total do Ativo 900 Total do Passivo 900 – 32 – Contabilidade Básica Analisando o balanço, podemos identificar o total de recursos (R$ 900) que a empresa obteve e que está à sua disposição. O lado do ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos (bens = R$ 300 e direitos = R$ 600); o lado do passivo, onde a empresa conseguiu esses recursos (obrigações = R$ 150 e patrimônio líquido = R$ 750). BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Aplicações de Recursos Em Bens Em Direitos Origens de Recursos De terceiros (passivo exigível) Próprio (patrimônio líquido) Total das Aplicações Total das Origens a) Ativo: aplicação de recursos Os recursos que a empresa tem a sua disposição podem ser aplica‑ dos em: 2 aplicações permanentes – correspondem às aplicações rea‑ lizadas em bens e direitos que serão utilizados pela empresa (imobilização técnica – veículos, móveis, marcas e patentes, despesas com a organização da empresa, etc.) e em bens e direitos que não serão utilizados pela empresa, mas que geram renda para a mesma (imobilizações financeiras – obras de arte, imóveis para alugar, ações de outras empresas, etc.); 2 aplicações circulantes – correspondem às aplicações em bens e direitos que serão convertidos em dinheiro e transformados ou consumidos dentro do exercício social, tais como: caixa, banco, mercadorias, duplicatas a receber, despesas antecipa‑ das, materiais de consumo, aplicações financeiras, etc. Aplicações de recursos Aplicação permanente Imobilização técnica Bens de uso Direitos de uso Imobilização financeira Bens de renda Direitos de renda – 33 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos Aplicações de recursos Aplicação circulante ou corrente Bens numerários Bens de consumo ou de transformação Bens de venda Direitos de funcionamento Direitos de financiamento Aplicações financeiras b) Passivo: origem dos recursos Os recursos totais que estão à disposição da empresa podem origi‑ nar‑se de duas fontes. 2 Recursos de terceiros – correspondem às obrigações exigí‑ veis, isto é, são recursos de terceiros que a empresa utiliza no seu giro normal. Esses recursos podem originar‑se em consequência de dívidas contraídas para a empresa funcio‑ nar (fornecedores, obrigações fiscais, obrigações trabalhistas, obrigações previdenciárias, etc) e de dívidas contraídas junto a instituições financeiras (empréstimos e financiamentos). 2 Recursos próprios – correspondem às obrigações não exigí‑ veis. Esses recursos podem originar‑se em consequência do capital inicial investido pelo titular (capital social), sócio ou acionista na empresa, bem como pelos resultados calculados em decorrência da gestão normal da empresa (lucros e reservas). Origem de recursos Capital próprio (não exigível) Titular, sócio, acionista Formação do capital Reserva de capital Das operações Reserva de lucro Lucro acumulado Capital de terceiros (exigível) Obrigações de funcionamento Obrigações de financiamento – 34 – Contabilidade Básica 2.3 Passivo: obrigações exigíveis e não exigíveis As obrigações estão divididas em dois grupos: as obrigações exigíveis (ou capital de terceiros) e as obrigações não exigíveis (ou capital próprio ou patrimônio líquido). 2 Exigíveis (capital de terceiros): são exigíveis por terem data certa de vencimento e, portanto, necessitam de liquidação presente e futura. Podemos citar como exemplos: duplicatas a pagar, financia‑ mentos, salários a pagar, ICMS a recolher, IR a pagar, obrigações previdenciárias, etc. 2 Não exigíveis (capital próprio): são não exigíveis por não existir data certa para sua liquidação. Estão demonstradas no patrimônio líquido. Podemos citar como exemplo as contas: capital social (valor aplicado na empresa pelos sócios ou acionistas), lucro ou prejuízo (resultados obtido em consequenciado funcionamento da empresa), reservas (valores retidos para destinações específicas). O capital social é definido como obrigação, porque a empresa está devendo esse valor para seus proprietários e, por lei, esses não podem exigir seus recursos de volta, enquanto a empresa estiver em funcionamento. 2.4 Termos técnicos envolvendo o balanço patrimonial Balanço Patrimonial do sr. Adão Ativo Passivo Bens Dinheiro no banco R$ 100 Poupança R$ 3.000 TV a cores R$ 900 Automóvel R$ 10.000 Apartamento R$ 35.000 R$ 49.000 Obrigações Prestações do apartamento R$ 20.000 Prestações do automóvel R$ 8.500 Prestações da TV R$ 500 R$ 29.000 – 35 – Método das partidas dobradas: origem e aplicações de recursos Balanço Patrimonial do sr. Adão Ativo Passivo Direitos Valor a receber de José R$ 1.000 Patrimônio Líquido (PL) Capital social R$ 20.000 Capital a realizar R$ 1.000 Reservas R$ 500 Lucro R$ 1.500 R$ 21.000 Total do Ativo R$ 50.000 Total do Passivo R$ 50.000 Capital total = Recurso total = R$ 50.000 Capital nominal = Capital social = Capital inicial = Capital subscrito = R$ 20.000 Capital a realizar = Capital a integralizar = R$ 1.000 Capital realizado = Capital integralizado = R$ 19.000 (20.000 ‑ 1.000) Capital de terceiros = Obrigações exigíveis = R$ 29.000 Capital próprio = Obrigação não exigível = Patrimônio líquido = Situação líquida = R$ 21.000 Patrimônio bruto = Total ativo = Total passivo = R$ 50.000 Total das origens = Total do passivo = R$ 50.000 Total das aplicações = Total do ativo = R$ 50.000 A técnica de origem e aplicações dos recursos se apresenta de forma a evidenciar o valor dos financiamentos das atividades da entidade da seguinte forma: origem de recursos (empréstimos, financiamentos ou capital próprio) grupo do passivo; aplicações dos recursos (conta contábil de destino do valor das aplicações), grupo do ativo. Conclusão Neste capítulo, conhecemos o Método das Partidas Dobradas e os con‑ ceitos de origem e aplicação de recursos. O Método das Partidas Dobradas – 36 – Contabilidade Básica é utilizado para o registro contábil dos atos e fatos contábeis. É conveniente que sempre identifiquemos primeiro a conta de débito, para depois identifi‑ carmos a conta de crédito. Contas de ativo são contas de natureza devedora e deverão ser debitadas, sempre que houver entrada de bens ou direitos, e creditadas, sempre que houver fatos que venham a registrar valor de saída ou baixa desses bens ou direitos. Contas de passivo são de natureza credora e deverão ser creditadas, sempre que houver valor que acrescente o valor das obrigações ou do patrimônio líquido, e debitadas, sempre que houver baixa do valor desses. Origem de recursos é representada pelo fato causador do evento (empréstimo bancário, por exemplo) e aplicação é representada pelo efeito de causa do mesmo (registro na conta banco). 3 Contas e plano de contas Conforme vimos anteriormente, todas as transações eco‑ nômicas realizadas pelas entidades podem ser classificadas em bens, direitos, obrigações, receitas e despesas. Das transações, represen‑ tadas por um documento, origina‑se um fato a ser registrado na Contabilidade. Cada fato envolve um ou mais elementos do patri‑ mônio. Cada elemento patrimonial deve receber uma denomina‑ ção que permita identificá‑lo com precisão. O nome utilizado para representar cada elemento do patrimônio envolvido nas transações realizadas é conhecido como conta. – 38 – Contabilidade Básica Contas Patrimoniais Contas de Resultado Ativo Passivo Despesas Receitas Bens + Direitos Obrigações + Patri- mônio Líquido 3.1 Conta: conceito Conta, em Contabilidade, é definida como nome que representa a natu‑ reza do fato contábil, ou seja, a denominação do bem, do direito, da obriga‑ ção, da receita e da despesa (FRANCO, 1997). Conta é uma palavra ou expressão que transmite a ideia dos elemen‑ tos patrimoniais que representa. Pode representar um elemento isolado ou vários componentes que tenham o mesmo fim. O dinheiro, por exemplo, que é um bem, portanto, um elemento patrimonial, é representado pela conta caixa. Valores a receber de outras pessoas, ou seja, direitos, que também são elementos patrimoniais, são representados pela conta duplicatas a receber ou clientes. As dívidas decorrentes de compra a prazo, que são uma obriga- ção, são representadas pelas contas fornecedores ou duplicatas a pagar juros recebidos de terceiros, que são uma receita, são representados pela conta juros ativos ou juros recebidos. Juros pagos a terceiros, que são uma despesa, são representados pela conta juros passivos ou juros. Assim como apresen‑ tamos as contas anteriores, temos também as contas de bancos; veículos, móveis, imóveis, instalações, empréstimos, impostos a recolher, capital, lucro ou prejuízo e muitas outras, de acordo com a natureza dos elementos que representam. 3.2 Classificação das contas As contas podem ser classificadas de várias maneiras, conforme a linha de pensamento defendida por seus doutrinadores. No Brasil, a Contabilidade fundamenta‑se na Escola Patrimonialista, apresentada e defendida pelo ita‑ – 39 – Contas e plano de contas liano Vincenzo Masi. Essa escola, que considera o patrimônio como o objeto de estudo da Contabilidade, classifica as contas em patrimoniais e de resultado. a) Contas de resultado: são contas que representam as despe‑ sas e receitas. Através do confronto entre as receitas e despesas, podemos calcular o resultado (lucro ou prejuízo) da entidade, aumentando ou diminuindo o patrimônio líquido. Essas contas estão discriminadas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). São abertas no início do exercício financeiro e extintas no final do exercício. b) Contas patrimoniais: são contas que representam bens, direitos, obrigações exigíveis e o patrimônio líquido. Estão subdivididas em ativo e passivo. Estão discriminadas na demonstração contábil, denominada Balanço Patrimonial. Elas demonstram a posição do patrimônio em determinado momento. Contas Patrimoniais Contas de Resultado Ativo Passivo Contas de bens Caixa Veículo Contas de direitos Duplicata a receber Clientes Contas de obrigações Duplicata a pagar Fornecedores Contas do patri- mônio líquido Capital social Reservas Lucro Contas de receita Venda de mercadorias Venda de serviços Contas de despesas Energia consumida Salário Juros passivos Receitas: são o ganho obtido pela venda de mercadorias ou prestação de um serviço. Essas contas aumentam o valor do patrimônio líquido. Exemplo: juros ativos, desconto obtido, vendas, etc. Despesas: são gastos realizados pelo consumo de bens ou pela utilização de serviços para produzir receitas. – 40 – Contabilidade Básica Essas contas diminuem o valor do patrimônio líquido. Exemplo: energia, água, telefone, salário, juros pas- sivos, desconto concedido, depreciação, etc. 3.3 Abertura e movimentação das contas As contas são abertas à medida que se tenha necessidade de registrar os fatos a elas relacionados; são movimentadas sempre que ocorrer outro fato da mesma natureza; são encerradas quando tiverem seu saldo nulo, porque a inexistência de saldo indica que não existe mais aquele elemen‑ to patrimonial. Ao registrar a constituição de uma empresa, duas contas são abertas: capital e caixa, para registrar o valor do seu capital inicial. Essas contas serão movimentadas quando aumentar ou diminuir seu valor. Esse processo será realizado com todas as contas abertas, para registrar o patrimônio das empre‑ sas, porque, uma vez criada a conta, todas as operações realizadas que tenham a mesma natureza deverão ser nela registradas. 3.4 Função das contas Além de ser um nome que permite identificar cada elemento patrimo‑ nial, a conta é também uma representação gráfica de bens, direitos, obriga‑ ções, receitas e despesas. A função de cada conta é identificar o fato registrado, facilitar o trabalho de planejamento e controle contábil, possibilitar oregistro das variações patrimoniais e informar o saldo de cada elemento patrimonial em um determinado momento. Sá (2000, p. 101) afirma que: a conta, sabemos, é um complexo que identifica o fato dimensionalmente em seu surgir, evoluir e concluir, preo‑ cupando‑se: por seu título, em evidenciar a Qualidade; pelo crédito, em evidenciar as causas; pelo débito, em evidenciar os efeitos; pelo valor, em denotar o aspecto quantitativo; pelas datas, o tempo de ocorrência ou percepção do fato; pela classificação do local ou da atividade, o espaço; ou seja, apresenta toda a dimensionalidade da essência do fenô‑ meno patrimonial. – 41 – Contas e plano de contas De forma gráfica, podemos dizer que a conta evidencia os seguin‑ tes aspectos. Identificada cada elemento patrimonial de forma clara e objetiva. Existem as contas sintéticas e as analíticas. Título Classificação Funcionamento Evidencia se a conta é patrimonial (bem, direito e obrigação) ou de resultado (receita e despesa). Apresenta o que devemos fazer para aumentar ou diminuir o valor de uma conta. Contacontábil 3.5 Representação gráfica das contas Cada conta é representada hoje por fichas ou folhas soltas, cujo conjunto forma o livro chamado Razão. Essas fichas ou folhas soltas podem ter estru‑ tura diferenciada. Veja um exemplo a seguir. Título da conta: banco conta corrente Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C 10/1/2005 11/1/2005 Depósito n. 12 Cheque n. 888 emitido em 10/1/2005 100 000 00 80 100 20 D D As contas do ativo (bens e direitos) e as de despesas têm saldo devedor. As contas do passivo (obrigações e patrimônio líquido) e as de receitas têm saldo credor. A partir do exemplo anterior, podemos perceber que a conta possui os seguintes elementos: título, data, histórico, coluna do débito, coluna do crédito, coluna que indica a natureza do saldo, coluna do saldo. Desse modo, cada conta é representada em fichas separadas. – 42 – Contabilidade Básica Existe outra representação gráfica das contas que passou a ser usada nas salas de aula e nos livros didáticos. Essa representação surgiu para facilitar o trabalho dos alunos na execução dos exercícios. Essa represen‑ tação gráfica tem a forma da letra “T” e é conhecida nos meios contábeis como razonete. O razonete é uma simplificação da ficha da conta, em que somente são usadas as colunas de débito e crédito. O saldo é apurado pela diferença entre as somas das duas colunas. Título da conta: banco conta corrente Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C Na forma da letra “T”, o razonete ficará assim: Nome Da Conta Estrutura e exemplo de um razonete Banco Conta Corrente DÉBITO R$ ... CRÉDITO R$ ... 200 300 soma 500 50 150 soma 200 Saldo devedor Saldo credor Saldo 300 Razonete Razonete é uma simplificação do Livro Razão, usado na didá- tica contábil pela facilidade de uso e efeito visual objetivo e claro, já que utiliza apenas as colunas de débito e crédito e o título da conta que representa. Observe que o razonete tem a forma de um “T”, devendo os lançamentos a débito (D) serem registrados no lado esquerdo e os a crédito (C), no lado direito. Ao final dos lançamentos, apura-se o resultado pela confrontação dos lançamentos. – 43 – Contas e plano de contas Saiba mais Plano de Contas é um elenco de todas as contas que se prevê que sejam necessárias para os registros dos fatos contábeis de uma entidade, com sua respectiva classifica- ção e codificação. 3.6 O planejamento do plano de contas Ao elaborar o Plano de Contas, devemos observar a legislação perti‑ nente, a saber: a) os Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGA) (Reso‑ lução n. 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade); b) as normas legais estabelecidas pela Lei 11.638/2007 (nova lei das S/As); Lei 11.941/2009; c) a legislação específica do ramo de atividade exercido pela empresa. 3.7 Composição do plano de contas O Plano de Contas é composto dos seguintes elementos. a) Elenco de contas: é o rol das contas que serão empregadas para os registros dos atos e fatos contábeis com seu nome (intitulação) e seu código representativo de registro. b) Manual de contas: é um conjunto de explicações do uso adequado de cada conta, componente do Plano de Contas. É um guia para os profissionais da Contabilidade, possibilitando os registros con‑ tábeis de maneira uniforme. No manual de contas, discrimina‑se a função, o funcionamento e a natureza do saldo de cada conta. Veja como essas explicações podem ser elaboradas. Conta Caixa Função: representa o valor dos bens numerários disponíveis, portanto de livre e imediata movimentação. Funcionamento: debitada pela entrada de dinheiro; creditada pelas saídas de dinheiro. Natureza do saldo: sempre haverá saldo devedor. – 44 – Contabilidade Básica c) Lançamentos explicativos: são modelos de lançamentos para o registro de fatos que raramente ocorrem na empresa. 3.8 Estrutura do plano de contas Atualmente, o Plano de Contas deve obedecer às disposições contidas na Lei 11.638/2007 (nova lei das S/As); Lei 11.941/2009. Essas leis regulamentam a disposição de grupos e as contas pertencentes a eles. Apresentamos a seguir a estrutura básica de um Plano de Contas, em que estão relacionados os princi‑ pais grupos de contas. A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.4 Ativo circulante 1.4.1 Disponível 1.4.2 Direitos 1.4.3 Estoques 1.5 Ativo não circulante 1.5.1 Ativo realizável a longo prazo 1.5.2 Investimentos 1.5.3 Imobilizado 1.5.4 Intangível 2.1 Passivo circulante 2.2 Passivo não circulante 2.3 Patrimônio líquido 2.3.1 Capital 2.3.2 Reservas 2.3.3 Ajustes de avaliação patrimonial 2.3.4 Ações em Tesouraria 2.3.5 Lucros/Prejuízo B – Contas de Resultado 3 – DESPESAS E CUSTOS 3.1 Despesas operacionais 3.1.1 Despesas com vendas 3.1.2 Despesas administrativas 3.1.3 Despesas financeiras 3.1.4 Outras despesas operacionais 3.2 Custos operacionais 3.2.1 Custo das compras 3.3 Outras Despesas – 45 – Contas e plano de contas B – Contas de Resultado 4 – RECEITAS 4.1 Receitas operacionais 4.1.1 Receita bruta com as vendas 4.1.2 Receitas financeiras 4.1.3 Outras receitas operacionais 4.2 Outras Receitas 5 – APURAÇÃO DO RESULTADO 5.1 Resultado bruto 5.2 Resultado não operacional 5.3 Resultado líquido Para que você não confunda as contas e seus grupos, convém que você utilize um código numérico para cada conta. O código numérico é composto por um ou mais algarismos utilizados para identificar cada conta que compõe o Plano de Contas. Ele serve para classificar as contas de resultado e as patrimo‑ niais; substituir o título da conta pelo seu código (registro pelo computador); facilitar a organização e a utilização das contas e dos registros contábeis. 3.9 Modelo de um plano de contas A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Disponível 1.1.1.1 Caixa 1.1.1.2 Banco 1.1.1.3 Aplicações 1.1.2 Direitos 1.1.2.1 Clientes 1.1.2.2 Duplicata a receber 1.1.2.3 (–) Dp Descontada 1.1.2.4 (–) PCLD (Provisão para crédito de liquidação duvidosa) 2.1 Passivo circulante 2.1.1 Obrigação a fornecedores 2.1.1.1 Duplicata a pagar 2.1.1.2 Fornecedor 2.1.2 Obrigações financeiras 2.1.2.1 Empréstimos 2.1.2.2 Financiamento a pagar 2.1.2.3 Promissória a pagar 2.1.3 Obrigações fiscais 2.1.3.1 COFINS a recolher 2.1.3.2 ICMS a recolher – 46 – Contabilidade Básica A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.1.2.5 Promissória a receber 1.1.2.6 Adiantamento a empregado 1.1.2.7 Dividendos a receber 1.1.3 Impostos a recuperar 1.1.3.1 ICMS a recuperar 1.1.3.2 IPI a recuperar 1.1.3.3 IRRF a recuperar 1.1.3.4 Outros impostos a recuperar 1.1.4 Estoques 1.1.4.1 Mercadorias 1.1.4.2 Material de embalagem 1.1.4.3 Material de expediente 1.1.4.4 (–) Provisão p/ perdas 1.1.4.5 (–) Redução ao valor de mercado 1.1.5 Despesas do exercício seguinte 1.1.5.1 Aluguéis a vencer 1.1.5.2 Juros a vencer 1.1.5.3 Prêmio de seguro a vencer 1.2ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Ativo realizável em longo prazo 1.2.1.1 Contas a receber 1.2.1.1.1 Clientes 1.2.1.1.2 Duplicata a receber 1.2.1.1.3 Promissórias a receber 1.2.1.1.4 (–) PCLD 1.2.1.2 Outros Direitos 1.2.1.2.1 Adiantamento a diretores 1.2.1.2.2 Empréstimo a coligada 1.3 Investimentos 1.3.1Participações coligadas 1.3.2 Participações controladas 1.3.3 Obras de arte 1.3.4 Investimento permanente 2.1.3.3 IPI a recolher 2.1.3.4 IRRF sobre LL (Lucro Líquido) a recolher 2.1.3.5 ISS a recolher 2.1.3.6 PIS a recolher 2.1.4 Obrigações trabalhistas 2.1.4.1 Previdência a recolher 2.1.4.2 13º a pagar 2.1.4.3 Férias a pagar 2.1.4.4 FGTS a recolher 2.1.4.5 Salários a pagar 2.1.5 Outras obrigações 2.1.5.1 Clube social a pagar 2.1.5.2 Sindicato a recolher 2.1.5.3 Dividendos a pagar 2.1.5.4 Imposto e taxa a recolher 2.1.5.5 Participações a pagar 2.1.6 Provisões 2.1.6.1 para contribuição social 2.1.6.2 para 13º 2.1.6.3 para encargos sociais 2.1.6.4 para férias 2.1.6.5 para imposto de renda 2.2 Passivo não Circulante 2.2.1 Obrigações a fornecedores 2.2.1.1 Duplicata a pagar 2.2.1.2 Fornecedores 2.2.2 Obrigações financeiras 2.2.2.2 Banco conta empréstimo 2.2.2.3 Debêntures 2.2.2.4 Financiamento a pagar 2.2.2.5 Promissória a pagar 2.2.3 Outras obrigações – 47 – Contas e plano de contas A – Contas Patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.3.5 (–) Perdas no investimento 1.3.6 Imóveis de renda 1.3.7 (–) Depreciação acumulada 2.3 Resultado de exercícios futuros 2.3.1 Aluguéis ativos a vencer 2.3.2 Receitas financeiras a vencer 1.3.2 Imobilizado Bens Materiais (Tangíveis) 1.3.2.2 Micro e periféricos 1.3.2.3 Imóveis 1.3.2.4 Instalações 1.3.2.5 Móveis e utensílios 1.3.2.6 Veículos 1.3.2.7 (–) Depreciação acumulada 1.3.2.8 Recursos naturais 1.3.2.9 (–)Exaustão acumulada Bens imateriais (Intangíveis) 1.3.2.10 Benfeitoria em bem de terceiro 1.3.2.11 Direitos de uso 1.3.2.12 Fundo de comércio 1.3.2.13 Marcas e patentes 1.3.2.14 (–) Amortização acumulada 2.3.3 (–) Custos operacionais a vencer 2.3.4 Receita não operacional a vencer 2.3.5 (–) Custo não operacional a vencer 2.4 Patrimônio líquido 2.4.1 Capital social 2.4.1.1 Capital subscrito 2.4.1.2 (–) Capital a realizar 2.4.2 Reservas de capital 2.4.2.1 Ágio de ações 2.4.2.2 Alienação de debêntures 2.4.2.3 Venda partes beneficiárias 2.4.2.4 Doações e subven- ções p/ investimentos 2.4.3 Ajustes de avaliação patrimonial 2.4.4 Reservas de lucros 2.4.4.1 Reserva legal 2.4.4.2 Reservas estatutárias 2.4.4.3 Reservas p/ contingências 2.4.4.4 Reservas p/ investimentos 2.4.4.5 Reservas de lucro a realizar 2.4.5 Lucros ou prejuízos acumulados 2.4.5.1 Lucros acumulados 2.4.5.2 (–) Prejuízos acumulados 2.4.5.3 (–) Ações em tesouraria B – Contas de Resultado 3 – Despesas e Custos 3.1 Despesas Operacionais 3.1.1 Despesas com vendas – 48 – Contabilidade Básica B – Contas de Resultado Pessoal 3.1.1.1 Assistência médica e social 3.1.1.2 Comissões sobre vendas 3 – Despesas e Custos 3.1.1.3 Condução e transporte 3.1.1.4 Contribuições para o FGTS 3.1.1.5 Contribuições de previdência 3.1.1.6 Décimo terceiro salário 3.1.1.7 Encargos sociais 3.1.1.8 Férias 3.1.1.9 Gratificações 3.1.1.10 Indenizações 3.1.1.11 Lanches e refeições 3.1.1.12 Salários 3.1.1.13 Seguros de acidente de trabalho 3.1.1.14 Viagens e estadias 3.1.1.15 Outras despesas com pessoal Outras 3.1.1.16 Brindes e presentes 3.1.1.17 Combustíveis 3.1.1.18 Despesa com PCLD 3.1.1.19 Fretes e carretos 3.1.1.20 Material de embalagem 3.1.1.21 Perdas com clientes 3.1.1.22 Propaganda e publicidade 3.1.1.23 Serviços de terceiros 3.1.1.24 Despesas eventuais – 49 – Contas e plano de contas B – Contas de Resultado 3.1.2 Despesas administrativas pessoal 3.1.2.1 Assistência médica e social 3.1.2.2 Condução e transporte 3.1.2.3 Contribuição para o FGTS 3.1.2.4 Contribuições de previdência 3 – Despesas e Custos 3.1.2.5 13º salário 3.1.2.6 Encargos sociais 3.1.2.7 Férias 3.1.2.8 Honorários da diretoria 3.1.2.9 Indenizações 3.1.2.10 Lanches e refeições 3.1.2.11 Pró-labore 3.1.2.12 Salários 3.1.1.13 Seguro de acidente de trabalho 3.1.1.14 Viagens e estadias 3.1.1.15 Outras despesas com pessoal Gerais 3.1.1.16 Água e esgoto 3.1.1.17 Aluguel passivo (pago) 3.1.1.18 Amortização 3.1.1.19 Combustíveis 3.1.1.20 Correios e telégrafos 3.1.1.21 Depreciação 3.1.1.22 Energia elétrica 3.1.1.23 Fretes e carretos 3.1.1.24 Jornais e revistas – 50 – Contabilidade Básica B – Contas de Resultado 3.1.1.25 Material de expediente 3.1.1.26 Prêmio de seguro 3.1.1.27 Telefone 3.1.1.28 Despesas eventuais 3.1.1.29 Material de limpeza Tributárias 3.1.1.30 Impostos e taxas Outras 3.1.1.31 Serviços de terceiros 3.1.1.32 Despesas eventuais 3.1.3 Despesas financeiras 3.1.3.1 Descontos concedidos 3.1.3.2 Juros passivos (pagos) 3.1.3.3 IOF 3.1.3.4 Despesas bancárias 3.1.4 Outras despesas operacionais 3.1.4.1 Multas fiscais 3.1.4.2 Perda na realização de investimentos 3.1.4.3 Variações monetárias passivas 3.1.4.4 Despesas de participações societárias 3.2 Custos Operacionais 3.2.1 Custo das compras 3.2.1.1 Compras de mercadorias 3.2.1.2 Fretes e seguros sobre as compras 3.2.1.3 (–) Compras anuladas 3.2.1.4 (–) Descontos incondicionais obtidos 3.3 Despesas não Operacionais – 51 – Contas e plano de contas B – Contas de Resultado 3.3.1 Perdas em transações do ativo permanente 4 – Receitas 4.1 Receitas Operacionais 4.1.1 Receita bruta com as vendas 4.1.1.1 Venda de mercadorias 4.1.1.2 Receitas de serviços prestados 4.1.1.3 (–) Vendas anuladas 4.1.1.4 (–) Descontos incondicionais concedidos 4.1.1.5 (–) ICMS sobre as compras 4 – Receitas 4.1.1.6 (–) Impostos sobre serviço (ISS) 4.1.1.7 (–) PIS sobre o faturamento (Programa de Integração Social) 4.1.1.8 (–) COFINS 4.1.2 Receitas financeiras 4.1.2.1 Descontos obtidos 4.1.2.2 Juros ativos (recebidos) 4.1.2.3 Rendimentos sobre aplicações financeiras 4.1.3 Outras receitas operacionais 4.1.3.1 Aluguéis ativos (recebidos) 4.1.3.2 Perdas recuperadas 4.1.3.3 Receitas de participações societárias 4.2 Receitas não Operacionais 4.2.1 Ganhos em transações do ativo permanente 4.2.2 Doações recebidas 4.2.3 Recebimento de indenizações 5 – Apuração do Resultado 5.1 Resultado bruto – 52 – Contabilidade Básica B – Contas de Resultado 5.1.1 Custo da mercadoria vendida (CMV) 5.1.2 Custo dos serviços prestados (CSP) 5.1.3 Resultado da conta de mercadorias (RCM) 5.1.4 Lucro sobre vendas (lucro bruto) 5.1.5 (–) Prejuízo sobre vendas 5.2 Resultado não operacional 5.2.1 Ganhos ou perdas de capital 5.3 Resultado líquido 5.3.1 Resultado do exercício Fonte: adaptado de Ribeiro (2002). Esse Plano de Contas é um simples exemplo. Ele não abrange operações de empresas industriais, do ramo financeiro, securitário, pecuário, agrícola, etc. Ele também não contempla todas as possíveis contas necessárias ao controle do patrimônio, somente as principais. Para um plano mais completo, você deve consultar o livro Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, da FIPECAFI (IUDÍCIBUS e outros, 2011). 3.10 Depreciação 2 Conceito: é a diminuição do valor dos bens materiais registrados no ativo permanente imobilizado, resultante do desgaste pelo uso, pela ação da natureza ou pela obsolescência normal. 2 Por que depreciar? Quando a empresa compra um bem, ela efetua um gasto. Esse gasto, por ser considerado como investimento, não pode ser classificado como despesa. Entretanto, quando esses bens são utilizados pela empresa, desgastam‑se e perdem o valor. Essa perda de valor é denominada depreciação. Através dela, a empresa pode con‑ siderar como despesas o valor gasto na compra dos seus bens de uso. 2 Motivos para depreciar: desgaste pelo uso, ação do tempo, expo‑ sição ao sol ou à chuva; obsolescência por defasagem em relação ao desenvolvimento tecnológico. – 53 – Contas e plano de contas 2 Métodos de depreciação: método linear, método da soma dos dígi‑ tos, método do saldo decrescente, etc. O mais usado éo método linear que consiste em aplicar taxas anuais constantes pelo tempo de vida útil estimado do bem. 2 Vida útil do bem: é o prazo (ano, mês ou dia) durante o qual o bem tem utilidade econômica para a empresa. 2 Lançamento da depreciação: debitar – despesa de depreciação; cre‑ ditar: depreciação acumulada. A conta despesa de depreciação vai para a apuração do resultado do exercício e a conta depreciação acumulada é uma conta retificadora do ativo permanente imobilizado. 2 Bens que não podem ser depreciados: bens que aumentam de valor com o tempo (obras de arte), terrenos, prédios ou construções não alugados e nem utilizados pela empresa. 2 Período para fazer a depreciação: pode ser feita mensalmente ou anualmente. 2 Tipos de depreciação: normal (quando o bem é utilizado em um único turno, a ele será aplicada a taxa normal); acelerada (quando o bem for utilizado durante dois turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 1,5; se for utilizado durante três turnos, será aplicada a taxa multiplicada pelo coeficiente 2,0). 2 Prazos usualmente admitidos: veja exemplo na tabela a seguir. Contas Prazos Admitidos Taxas Computador 5 anos 20% ao ano Imóveis, exceto terrenos 25 anos 4% ao ano Instalações 10 anos 10% ao ano Móveis e utensílios 10 anos 10% ao ano Veículos 5 anos 20% ao ano Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal. Por exemplo: Móveis 200 (–) Depreciação – 54 – Contabilidade Básica Acumulada (2) 198 2 Exemplo do cálculo da depreciação normal: uma máquina com‑ prada por R$ 50.000, com tempo de vida útil estimado em 10 anos, e uma quota de depreciação de 10% ao ano. O valor da depreciação será de R$ 5.000 (50.000 x 10%). 2 Exemplo do cálculo da depreciação acelerada: suponhamos que a máquina descrita anteriormente seja utilizada em dois turnos de 8 horas. Sabendo que a taxa normal é de 10% ao ano, devemos calcular a taxa acelerada assim: 10% x 1,5 = 15%. O valor da depre‑ ciação será de R$ 7.500 (50.000 x 15%). 3.11 Amortização 2 Conceito: é a diminuição do valor dos bens imateriais, cuja exis‑ tência ou exercício tenha duração limitada, em razão do tempo. 2 Lançamento da amortização: debitar: despesa de amortização; creditar: amortização acumulada. A conta despesa de amortização vai para a apuração do resultado do exercício e a conta amortização acumulada é uma conta retificadora do ativo permanente. 2 Bens que podem ser amortizados: bens cuja utilização pela empresa tenha prazo limitado por lei ou contrato e direitos cuja existência tenha duração limitada. Por exemplo: despesas pré‑ope‑ racionais, despesas de reorganização, benfeitorias em prédios de terceiros, marcas e patentes, etc. 2 Período para fazer a amortização: pode ser feita mensalmente ou anualmente. 2 Prazos usualmente admitidos: veja exemplo na tabela a seguir. Contas Prazos Admitidos Taxas Despesas pré-operacionais ou de reorganização. Mínimo em 5 anos 20% Máximo em 10 anos 10% – 55 – Contas e plano de contas Benfeitorias em prédio de terceiros ou marcas e patentes. De acordo com o tempo de validade dos mesmos (10 anos, 20 anos, etc.). Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal. Por exemplo: Marcas e Patentes 100 (–) Amortização Acumulada (2) 99 2 Exemplo do cálculo da amortização: supor que na conta benfei‑ torias em imóveis de terceiros tenha um saldo de R$ 40.000, o qual deve ser amortizado à taxa de 10% ao ano. O valor da amortização será de R$ 4.000 (40.000 x 10%). 3.12 Exaustão 2 Conceito: é a diminuição do valor de bens ou direitos do ativo, ao longo do tempo, decorrente de sua exploração (extração ou aproveitamento). Representa perda de valor, pela utilização de uma lavra, jazida ou reserva florestal. Dessa forma, a empresa registra a diminuição do valor de aquisição do bem, em função da quanti‑ dade extraída. 2 Lançamento da exaustão: debitar: despesa de exaustão; creditar: exaustão acumulada. A conta despesa de exaustão vai para a apura‑ ção do resultado do exercício e a conta exaustão acumulada é uma conta retificadora do ativo permanente. Conta retificadora é uma conta que vai diminuir o valor da conta principal. Por exemplo: Jazida 300 (–) Exaustão – 56 – Contabilidade Básica Acumulada (30) 270 Conclusão Estudamos a planificação das contas em forma de Plano de Contas contábeis. Plano de Contas contábeis é um instrumento fundamental de trabalho do contador. A qualidade da informação depende da estruturação do Plano de Contas. O Plano de Contas é estruturado pelos grupos na seguinte sequencia: ativo (composto pelos bens e direitos); passivo (obriga‑ ções mais o patrimônio líquido); receita (composta pela contas e grupo de contas que representam o ingresso de valores); despesas (compostas pelas contas e grupo de contas que representam os gastos despendidos para a pro‑ dução de receitas). Existem contas que são de natureza redutora dos grupos de contas como é o caso da depreciação, amortização e exaustão. Essas repre‑ sentam a perda no valor de aquisição de bens e direitos registrados no ativo permanente e são registradas com valores (saldos) a crédito, portanto são consideradas contas redutoras do grupo de ativo. PLANO DE CONTAS Visa: fixar os procedimentos a serem adotados na escrituração; determinar títulos, funções, classificações e funcionamento das contas. É um guia que orienta o contabilista sobre o funcionamento de cada conta, seus relaciona- mentos e as implicações diretas e indiretas de cada uma com o conjunto delas. Deve evidenciar: contas de escrituração geral; contas de escrituração financeira; contas de escrituração de custos. 4 Escrituração, lançamento e razonete Cumprida a etapa de identificação dos elementos patrimo‑ niais, da denominação das contas e de sua classificação no Plano de Contas, torna‑se necessário fazer os registros dos fatos contá‑ beis. A técnica contábil utilizada para registrar os fatos, segundo sua espécie e natureza, nos livros contábeis, é a escrituração. Evi‑ dentemente, não se registra tudo o que foi executado (atos e fatos administrativos), mas os fatos que tenham documentação que comprove a sua realização. – 58 – Contabilidade Básica Os registros tornam‑se mais acessíveis, práticos e funcionais quando as anotações são feitas em ordem cronológica e em livros próprios. A grande vantagem de se utilizar a técnica de escrituração para documentação dos fatos contábeis está na possibilidade de obter‑se a informação precisa, na hora exata em que se fizer necessária, sem precisar perder‑se em montanhas de papéis para localizar uma transação realizada. 4.1 Conceito de escrituração É a técnica contábil para o registro de todos os fatos contábeis ocorridos em uma entidade, obedecendo aos princípios de Contabilidade e às normas vigentes. É através dessa técnica que a Contabilidade atinge seu objetivo de estudar, controlar e fornecer informações sobre o patrimônio e suas variações. 4.2 Função da escrituração Ao executar o registro dos fatos contábeis, a escrituração atende a duas funções básicas: a) função histórica: ao registrar os fatos em ordem cronológica (dia, mês, ano), a escrituração acaba retratando a verdadeira história do patrimônio; b) função monetária: ao registrar os fatos em seus valores mone‑ tários, a escrituração possibilita a análise econômica, financeira e patrimonial. 4.3 Métodos de escrituração Método é a maneira de fazer certas coisas. Método de escrituração é a forma de registro dos fatos contábeis. Existem dois métodos fundamentais para o registro dos fatos. a) Método das Partidas Simples – esse método é utilizado para registro de um valor apenas de débito ou apenas de crédito. A entidade que controla suas transações registrando apenas o livro caixa está utilizando esse método, pois sua preocupação maior é – 59 – Escrituração, lançamento e razonete apenas o controle do dinheiro. Não há a preocupação em registraroutros elementos patrimoniais e nem mesmo o resultado das transações realizadas. O método é incompleto, pois não permite o controle total do patrimônio, e, como consequencia, imperfeito para ser usado no processo de tomada de decisões, por falta de insuficiência de dados. As entidades que utilizam apenas esse método só conseguem conhecer seu resultado econômico ao comparar o patrimônio existente no início com o existente no final do período. b) Método das Partidas Dobradas ou Digrafia – o método tem como princípio fundamental o fato de que, a cada lançamento a débito de uma ou mais contas, deverá corresponder um crédito equivalente ao mesmo valor em uma ou mais contas. Ou seja, não há débito sem crédito correspondente. Como consequencia do Método das Partidas Dobradas, o registro de um fato con‑ tábil exige a movimentação de, no mínimo, duas contas. Por essa razão é conhecido como partida dobrada. Assim, não há devedor sem credor. Como para cada débito há um crédito equivalente, a soma dos valores debitados será igual à soma dos valores creditados. Como a natureza dos sal‑ dos corresponde à diferença entre os valores debitados e creditados na mesma conta, a soma dos saldos devedores será igual aos valores da soma dos saldos credores. E, também, o total do ativo será igual ao total do passivo. Por meio desse método, os registros são realizados, inicialmente, no Livro Diário e, posteriormente, no Livro Razão. Esse método foi divulgado pela primeira vez, na cidade de Veneza (Itália), em 10 de novembro de 1494, pelo frade Luca Paccioli. É o método que foi empregado pelos comerciantes, desde o século XV, e, até hoje, é utilizado pelos contabilistas, ou seja, é um método de uso universal. Marion nos ensina que: o Método das Partidas Dobradas já fez 500 anos de idade após sua oficialização. Nos últimos 50 anos observamos as maiores descobertas e invenções do mundo, entretanto, nada ainda substituiu na Contabilidade este método. Na verdade, este método é tão perfeito que nunca sofreu qualquer ameaça de substituição (MARION, 2004, p. 152). – 60 – Contabilidade Básica Exemplo de Partida Dobrada Fato: compra à vista de móveis R$ 1.000 Lançamento: Débito (aplicação): Móveis 1.000; Crédito (origem): Caixa 1.000 Razonete da Conta Móveis Razonete da Conta Caixa Débito Débito 1.000 1.000 Crédito Crédito Lançamento duplo Débito = Crédito Observando o registro anterior, podemos perceber que teremos sem‑ pre uma Partida e uma Contrapartida. Se debitarmos uma conta, devemos automaticamente creditar o mesmo valor em outra conta e vice‑versa. 4.4 Sistema de escrituração A Contabilidade, como disciplina adulta, utilizou‑se de alguns processos de escrituração que foram evoluindo no transcorrer do tempo. Assim, temos os sistemas de escrituração manual, maquinizado, mecanizado e eletrônico. 4.5 Livros de escrituração A Contabilidade utiliza vários livros para registrar os fatos contábeis, controlar o patrimônio e atender às exigências legais e de fiscalização. A quan‑ tidade e a natureza dos livros alteram‑se em função do porte, da forma jurí‑ dica e do ramo de atividades da empresa. Para que tenham validade jurídica e fiscal, os livros de escrituração obri‑ gatórios devem conter certas formalidades legais extrínsecas e intrínsecas (Decreto Federal 64.567). – 61 – Escrituração, lançamento e razonete a) Formalidades extrínsecas (externas): são requisitos que os livros devem conter, antes de serem escriturados, tais como: numeração mecâni ca, termos de abertura e encerramento, registro na reparti‑ ção competente, encadernação. b) Formalidade intrínseca (interna): são requisitos que o contabi‑ lista deve observar ao preencher os livros, tais como: sem rasuras, borrões ou emendas, em ordem cronológica, clareza, exatidão, sem registros nas entrelinhas e nas margens. A escrituração das variações patrimoniais ocorridas numa empresa é feita nos livros contábeis, livros auxiliares, livros fiscais, livros trabalhistas e livros societários. Apresentamos, no quadro a seguir, uma relação de livros previstos pela legislação brasileira. Estudaremos, neste capítulo apenas os dois principais livros da Contabilidade, a fim de que você não se espante, quando estiver em plena atividade profissional no campo da Contabili‑ dade, pelo contraste entre os princípios aprendidos e o que o cotidiano exigir‑lhe‑á. Relação de livros usados na contabilidade Código Civil Diário Lei n. 10.406/02 Código Civil Registro de Duplicatas (em desuso) Lei n. 5.474/68 Legislação societária Lei n. 6.404/76 Regula as sociedades por ações; ver capítulo IX, Art. 100 Atas das assembleias gerais Presença de acionistas Atas das reuniões da diretoria Atas das reuniões do conselho de administração Atas de pareceres do conselho fiscal Registro de ações nominativas Registro de transferência de par- tes beneficiárias nominativas Registro de partes beneficiárias endossáveis Registro de debêntures endossáveis Registro de bônus de subscrição endossáveis Registro de transferência de ações nominativas – 62 – Contabilidade Básica RELAÇÃO DE LIVROS USADOS NA CONTABILIDADE Legislação tributária Apuração do imposto do lucro real (LALUR) Decreto-Lei n. 1.598/77 Apuração do IPI Apuração do ICMS Apuração do ISS Registro de entradas Registro de saídas Registro de controle de produção e de estoque Registro de selo especial de controle Registro de impressão de documentos fiscais e termos de ocorrência Registro de inventário Livro Razão (Lei n. 8.218/91) Livro Caixa (Lei n. 8.541/92) para pessoas jurídicas que optarem pela tributação com base no lucro presumido Legislação trabalhista – CLT Registro de empregados Registro de inspeção do trabalho Livros facultAtivos Livro conta corrente Livro controle de contas a receber Livro controle de contas a pagar Livro Caixa (exceto para as entidades que optarem pela tributação com base no lucro presumido) 4.5.1 Livro diário No Livro Diário, são registradas diariamente todas as transações que afe‑ tam a situação patrimonial. Ele é um livro obrigatório pelo Código Civil que regula o direito de empresas. Por ser obrigatório, está sujeito às formalidades intrínsecas e extrínsecas. Porém a adoção desse sistema não exclui a empresa da obediência às formalidades descritas anteriormente. Quadro 1 Modelo de Livro Diário Mecanizado. Data Histórico Debito Crédito Conta Nº Transporte 1 – 63 – Escrituração, lançamento e razonete 4.5.2 Livro razão O Livro Razão é um livro de valor inestimável, porque possibilita o conhecimento do volume das operações de cada elemento do patrimônio. No Livro Razão, abre‑se uma folha para cada conta, registrando nessa folha, a débito e a crédito, todas as operações que afetam a respectiva conta. A qual‑ quer momento, podemos apurar o seu saldo. Durante muito tempo, o Livro Razão era um livro facultativo. Sua escrituração passou a ser obrigatória a partir de 1991 (Art. 14, da Lei n. 8.218, de 29 de agosto de 1991). Quadro 2 Modelo de Livro Razão mecanizado. Data Histórico Débito Crédito Conta Nº Saldo D/C Transporte 4.6 Atos e fatos administrativos O patrimônio das empresas está em constante movimento em função dos acontecimentos que ocorrem diariamente. Esses acontecimentos podem ser divididos em dois grupos. a) Atos administrativos São ocorrências da entidade que não geram alterações no patrimô‑ nio. Por exemplo, cotação de preço, admissão de empregados, assi‑ naturas de contratos de compras, de vendas e de seguros diversos, aval de títulos, fiança em favor de terceiros, etc. b) Fatos administrativos ou fatos contábeis São eventos que geram alterações qualitativas e quantitativas no patri‑ mônio, podendo ou não alterar o patrimônio líquido da entidade. Por alterarem o patrimônio, precisam ser contabilizados por meio das con‑ tas patrimoniais e das contas de resultado. Para tanto, é fundamental que o fato seja representado por um documento que o comprove. Os fatos administrativos podem ser classificadosem três grupos. – 64 – Contabilidade Básica 2 Fatos permutativos: são aqueles que trocam os dados componentes do ativo e/ou do passivo, sem alterar o valor do patrimônio líquido. Pode haver troca entre os dados do ativo e do passivo e entre os dois ao mesmo tempo. Por exemplo: compra de veículo à vista, pagamento de duplicatas, recebimento de nota promissória, etc. 2 Fatos modificativos: são aqueles que causam modificações no patrimônio líquido da entidade. Abrangem somente uma conta patrimonial e uma ou mais contas de resultado. Por exemplo, pagamento de água, pagamento de telefone, etc. 2 Fatos mistos: são os que abrangem, ao mesmo momento, um fato permutativo e um fato modificativo, podendo originar alterações no ativo, no passivo e no patrimônio líquido, ao mesmo tempo. Abrangem duas ou mais contas patrimoniais e uma conta de resultado. Por exemplo, pagamento de guia de impostos com juros, recebimento de duplicata com juros, etc. 4.7 Princípios contábeis O registro dos fatos contábeis deve ser realizado de acordo com as nor‑ mas contábeis, pois o contabilista não deve fazer aquilo que ele acha que deve ser feito, mas sim o que determina a legislação. A desobediência acarretará em multas e até mesmo na suspensão do registro profissional (Resolução do CFC n. 750/93, Art. 11). Segundo a Resolução CFC 803, de 10/10/96, são regras, conceitos e procedimentos, fixados para orientar os contabilistas a exercerem com zelo a profissão contábil. De acordo com a Resolução 750 do CFC, art. 2, os princípios norteiam osprocedimentos do registro dos fatos contábeis. Eles são imutáveis. As convenções têm a finalidade de limitar ou mesmo restringir a aplicação de um princípio fundamental de contabilidade. Elas são mutáveis. Normas Contábeis Princípios Convenções – 65 – Escrituração, lançamento e razonete Essas regras são emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). CFC IBRACON CVM O IBRACON tem a função de desenvolver e aprimorar as questões éticas e técnicas dos contabilistas em geral e dos auditores em particular. Emite os seguintes documentos normativos. a) Normas e procedimentos de contabilidade. b) Normas e procedimentos de auditoria. c) Interpretações técnicas. d) Comunicados técnicos. e) Boletins eletrônicos. A CVM tem o objetivo de disciplinar, fiscalizar e auxiliar a desenvolver o mercado de valores mobiliários nacional. Emite os seguintes tipos de atos normativos. a) Deliberações. b) Instruções. c) Notas explicativas. d) Pareceres de orientação. Normas Contábeis O CFC emite dois tipos de normas. 1. Normas profissionais denominadas de NBCP. 2. Normas técnicas denominadas de NBCP. O CFC, através das normas brasileiras de contabilidade, estabelece as regras de conduta profissional e de procedimentos técnicos a serem observadas pelos contabilistas que atuam no Brasil. 4.8 Método da partida dobrada: noção de débito e crédito Débito e crédito são convenções contábeis. No dia‑a‑dia e na lingua‑ gem comum, débito significa dívidas e crédito significa valores a receber. Na Contabilidade, do ponto de vista dos elementos patrimoniais (bens, direitos e obrigações), débito significa aplicação de recursos e crédito, origem de recur‑ sos. Portanto procure, a partir de agora, não ligar os significados técnicos com o que eles representam na linguagem comum. Vamos ver agora como se faz a localização de débito e crédito. 2 Débito está no lado esquerdo da conta ou do razonete. 2 Crédito está no lado direito da conta ou do razonete. – 66 – Contabilidade Básica Veja a seguir as regras que devemos obedecer para realizarmos os lança‑ mentos. Contas Patrimoniais Contas do Ativo (Bens e Direitos) Contas d Passivo (Obrigações) Débito Crédito Débito Crédito • Quando seu valor aumenta • Quando é aplicação • Quando seu valor diminui • Quando é origem • Quando seu valor diminui • Quando é aplicação • Quando seu valor aumenta • Quando é origem Todas as contas do ativo devem ter saldo devedor, exceto as retificadoras. Todas as contas do passivo devem ter saldo credor, exceto as retificadoras. CONTAS DE RESULTADO Contas de receitas Contas de despesas Débito Crédito Débito Crédito • Quando seu valor é cancelado • Quando seu valor aumenta • Porque é origem de recurso • Quando seu valor aumenta • Porque é aplica- ção de recurso • Quando seu valor é cancelado Todas as contas de receita devem ter saldo credor. Todas as contas de despesa devem ter saldo devedor. Como você pôde observar, há regras específicas para registrar a movi‑ mentação de cada elemento patrimonial. Tenha sempre em mente essas regras, pois são elas que fundamentarão todo o processo contábil. 4.9 Lançamento: conceito e elementos É o elemento pelo qual se verifica a escrituração contábil. É o meio de se verificar o registro de cada fato no Livro Diário. Para fazer um lançamento, trabalhamos com três instrumentos: o fato contábil, o débito/crédito e a conta. Na vida prática, ao depararmo‑nos com um fato a ser contabilizado, no Livro Diário, precisamos registrá‑lo obedecendo ao Método das Partidas – 67 – Escrituração, lançamento e razonete Dobradas. Esse método exige o aparecimento do devedor e do credor, a descrição do fato e o valor movimentado. Isso significa dizer que todo registro a ser efetuado no Livro Diário, em forma de lançamento, deve conter os seguintes elementos: a) local e data da ocorrência do fato; b) conta a ser debitada; c) conta a ser creditada; d) histórico; e) valor. Veja como fica a estrutura de um lançamento, com todos os seus elementos: Palmas, 20 de março de 2005 Mercadorias a Caixa N/ pagamento da nota fiscal n. 254, de 18/3/2005, a Kara Ltda., ref. a compra de mercadorias. R$ 1.000 Local e data Conta devedora Conta credora Histórico valor 4.9.1 Elaboração do lançamento: registro dos fatos contábeis Para elaborar um lançamento, é necessário que se proceda da seguin‑ te maneira. 1º passo: identificar o local e a data da ocorrência do fato. O local é a cidade onde a empresa está estabelecida e a data é a que consta no documento que comprova a existência do fato contábil. Se não houver documento idôneo, o fato não poderá ser contabilizado. Exemplo de documentos: nota fiscal, duplicata, contrato, nota promissória, recibo, cheque, etc. 2º passo: identificar, no fato, os elementos patrimoniais envolvidos. Em cada fato contábil, poderá haver a movimentação de um bem, direito, obrigação, receita e despesa. Você deverá identificá‑lo. 3º passo: identificar as contas que serão utilizadas para registrar os elementos envolvidos. Significa procurar no plano de contas um nome (conta) que represente cada fato. Esse nome (conta) estará discriminado em cada razonete. – 68 – Contabilidade Básica 4º passo: identificar que conta será debitada e que conta será creditada. Após identificar as contas envolvidas no fato contábil, precisamos saber qual delas será debitada e qual será creditada. Você deve uti‑ lizar as regras que foram descritas na página anterior. Temos cinco opções para realizarmos a tarefa de identificar a conta devedora e a conta credora. a) 1ª opção: origem x aplicação Uma das contas envolvidas representa a origem dos recursos, isto é, de onde a empresa retirou o respectivo valor, e a outra conta representa a aplicação do recurso, ou seja, em que a empresa investiu esse valor. Dessa forma, teremos: DÉBITO: aplicação de recursos CRÉDITO: origem de recursos b) 2ª opção: aumento ou diminuição do saldo da conta Aqui a conta a ser debitada e a ser creditada será identifi‑ cada pela natureza de seu saldo. Saldo é a diferença entre os valores lançados a débito e os valores lançados a crédito na respectiva conta. Assim, toda vez que desejarmos aumentar o valor de uma conta do ativo e de uma despesa, devemos debitar a respectiva conta. Por outro lado, se desejarmosaumentar o valor das contas do passivo e de receitas, deve‑ mos creditá‑las. Mas, se desejamos diminuir o valor de uma conta do ativo, devemos creditá‑la e, se a conta for do pas‑ sivo, devemos debitá‑la. c) 3ª opção: preparar o histórico do lançamento Nesse momento, você deverá narrar o fato. Podemos usar a frase que desejarmos para representar a história da transação, evitando o uso de muitas palavras. Devemos ser claros e obje‑ tivos. No histórico, devemos mencionar: número e espécie do documento; nome da pessoa ou empresa com que se rela‑ ciona; identificação da “coisa” relacionada; tipo de transação: compra, venda, recebimento, pagamento, etc. – 69 – Escrituração, lançamento e razonete d) 4ª opção: elaborar o lançamento no Livro Diário Você deve verificar o sistema de escrituração (manual, mecani‑ zado, maquinizado, eletrônico) adotado pela empresa e, então, proceder ao lançamento do fato no Livro Diário. e) 5ª opção: transcrever os valores do Livro Diário para o Livro Razão Didaticamente, o Livro Razão é substituído pelo razonete. Razonete é um gráfico no formato da letra “T” utilizado para o controle individualizado de cada conta. A estrutura do razonete é: Nome da conta: duplicata a receber Lado do Débito Lado do Crédito R$ 1.000 R$ 2.000 R$ 900 R$ 1.300 Soma R$ 3.000 Soma R$ 2.200 Saldo R$ 800 4.9.2 Exemplos de lançamentos Apresentamos alguns fatos e seus respectivos lançamentos para que você desenvolva o raciocínio correto na aplicação da técnica de lançamento pelo método das partidas dobradas. a) Compra à vista de um computador por R$ 2.000 pela Empresa Soares. Com esse fato contábil, a empresa trocou um bem (dinheiro) por outro bem (computador). Houve uma aplicação de recursos na compra do computador. A origem dos recursos utilizados para o pagamento foi o dinheiro disponível. Assim, temos dois lados. Compra Pagamento O computador que a empresa compra e passa a fazer parte de seu patrimô- nio. Indica a aplicação de recursos de R$ 2.000. O bem aumentou de valor. O dinheiro que a empresa usa para pagar o computador. Indica a ori- gem de recursos de R$ 2.000. O bem diminuiu de valor. – 70 – Contabilidade Básica Fato contábil: compra de um computador à vista Débito: computador R$ 2.000 Crédito: dinheiro R$ 2.000 Débito Crédito Débito Crédito 2.000 2.000 Razonete da conta computador Razonete da conta dinheiro (caixa) b) Depósito em dinheiro no Banco Dindim S/A (R$ 1.000) pela Empresa Soares. Com esse fato contábil, a Empresa trocou um bem (dinheiro) por outro direito (banco). Houve uma aplicação de recursos no depósito bancário. A origem dos recursos utilizados para o depósito foi o dinheiro disponível. Depósito no banco Dinheiro O depósito que a empresa faz. Essa conta bancária passa a fazer parte de seu patrimônio. Indica a aplicação de recursos de R$ 1.000. O direito aumentou de valor. O dinheiro que a empresa usa para fazer o depósito. Indica a origem de recursos de R$ 1.000. O bem diminuiu de valor. Fato contábil: depósito bancário em dinheiro Débito: Banco Dindim R$ 2.000 Crédito: dinheiro R$ 2.000 Débito Crédito Débito Crédito 1.000 1.000 Razonete da conta computador Razonete da conta dinheiro (caixa) c) Venda a prazo de mercadorias para o cliente José por R$ 200 pela Empresa Soares. Com esse fato contábil, a empresa trocou um bem (mercadorias) por um direito (DP a receber cliente José). Houve uma aplicação de – 71 – Escrituração, lançamento e razonete recursos na DP a receber do cliente. A origem dos recursos utiliza‑ dos é a venda da mercadoria em estoque. Assim, temos dois lados. Cliente José Venda a prazo A duplicata a receber do cliente José que a empresa possui passa a fazer parte de seu patrimônio. Indica a aplicação de recursos de R$ 200. O direito aumentou de valor. A venda da mercadoria em estoque para o cliente. Indica a origem de recursos de R$ 200. A receita aumentou de valor. Fato contábil: venda de mercadoria a prazo para José Débito: DP a receber R$ 200 Crédito: venda de mercadoria R$ 200 Débito Crédito Débito Crédito 200 200 Razonete da conta DP a receber ou cliente José Razonete da conta venda mercadoria d) Em 28/5/2005, a Empresa Soares efetua o pagamento, em dinheiro, do telefone do mês de maio de 2005, R$ 400. Com esse fato contábil, a empresa trocou um bem (dinheiro) por uma despesa (telefone consumido). Houve uma aplicação de recur‑ sos no telefone. A origem dos recursos utilizados é o dinheiro dis‑ ponível. Assim, temos dois lados. Telefone Dinheiro O serviço com o telefone que a empresa consumiu. Indica a aplicação de recursos de R$ 400. A des- pesa aumentou de valor. O dinheiro que a empresa usa para pagar o telefone. Indica a origem de recursos de R$ 400. O bem diminuiu de valor. – 72 – Contabilidade Básica Fato contábil: pagamento de telefone Débito: despesa com telefone R$ 400 Crédito: dinheiro R$ 400 Débito Crédito Débito Crédito 400 400 Razonete da conta despesa telefone Razonete da conta dinheiro (caixa) O saldo das contas é a diferença entre os valores lançados a débito e os valores lançados a crédito na respectiva conta. Voltando aos exemplos anteriores, podemos perceber que a conta dinheiro (caixa) foi movimentada três vezes. Imaginando que o saldo inicial de dinheiro na Empresa Soares fosse de R$ 4.000, poderemos afirmar que seu saldo será de R$ 600 (4.000 – 3.400). Veja como ficaria o razonete da conta dinheiro. Razonete da conta dinheiro (Caixa) 4.000 2.000 1.000 400 4.000 (soma) 3.400 (soma) 600 (saldo devedor) OrigensAplicação Veja outros exemplos de lançamentos. a) Fato: compra de um veículo, à vista, no valor de R$ 8.000. Pagou com cheque. Débito: veículo 8.000 É um bem, está no ativo, aumen- tou de valor, debita. Crédito: banco 8.000 É um direito, está no ativo, dimi- nuiu de valor, credita. b) Fato: pagamento de uma dívida denominada impos- tos a recolher, no valor de R$ 200. – 73 – Escrituração, lançamento e razonete Débito: imposto a recolher 200 É uma obrigação, está no passivo, diminuiu de valor, debita. Crédito: caixa 200 É um bem, está no ativo, diminuiu de valor, credita. c) Fato: recebimento de um direito da cliente Ana, no valor de R$ 500. Débito: caixa 500 É um bem, está no ativo, aumentou de valor, debita. Crédito: cliente Ana 500 É um direito, está no ativo, diminuiu de valor, credita. d) Fato: obtenção de um empréstimo no Banco Dindin, no valor de R$ 1.000. Débito: banco 1.000 É um direito, está no ativo, aumentou de valor, debita. Crédito: empréstimo 1.000 É uma obrigação, está no passivo, aumentou de valor, credita 4.9.3 Fórmulas de lançamento Ao seguir os princípios do Método das Partidas Dobradas, o lançamento indica de maneira compulsória o devedor e o credor, representados pelas contas. O mesmo lançamento pode apresentar mais de um devedor ou credor. A pluralidade de devedores e credores fez surgir quatro fórmulas de lançamentos no diário, levando em consideração o número de contas debitadas e creditadas. Lembrar que o total do débito deverá ser igual ao total do crédito. a) Primeira fórmula: quando aparece uma conta debitada e uma conta creditada. Fato: compra de veículo à vista R$ 5.000 Débito: conta veículo 5.000 Crédito: conta caixa 5.000 – 74 – Contabilidade Básica b) Segunda fórmula: quando aparece uma conta debitada e várias contas creditadas. Fato: compra de veículo com entrada de R$ 2.000 e res- tante em 5 parcelas de R$ 600 cada Débito: conta veículo 5.000 Crédito: conta caixa 2.000 Crédito: conta duplicata a pagar 3.000 c) Terceira fórmula: quando aparecem várias contas debitadas e uma conta creditada. Fato: venda de veículo. Recebeu R$ 3.000 de entrada e restante em 4 parcelas de R$ 700 cada Débito: conta caixa 3.000 Débito: conta duplicata a receber 2.800 Crédito: veículo 5.800 d) Quarta fórmula: quando aparecem várias contas debitadas e várias contas creditadas. Fato: compra de geladeira e de um computador Forampagos no ato R$ 2.000 e restante em 3 parcelas de R$ 500 cada. Débito: conta móveis 1.000 Débito: conta computador 2.500 Crédito: conta caixa 2.000 Crédito: conta duplicata a pagar 1.500 4.9.4 Erros de lançamento e sua correção Na escrituração dos livros, há a possibilidade de ocorrerem erros, mesmo quando você tiver observado o Método das Partidas Dobradas, pois errar é humano. Com a informatização da escrituração, erros com borrões, rasuras, saltos de linha ou de páginas, escrito nas entrelinhas praticamente deixaram de existir. Apresentamos, na tabela a seguir, os erros mais comuns e a forma de corrigi‑los como fonte de informação. – 75 – Escrituração, lançamento e razonete Erros de escrituração Modos de corrigí‑los 1 – Erro de redação no histórico 1. Se for descoberto antes de finalizar o lançamento, usam-se as expres- sões: “digo”, “aliás”, “em tempo”, repetindo a redação certa. 2. Se for descoberto após finalizar o lança- mento, deve-se estornar o lançamento errado e fazer um novo correto. 2 – Borrões, rasuras Fazer ressalva por profissional habilitado. 3 – Saltos de linhas Preenchê-la por um traço. 4 – Salto de páginas Preenchê-las com traços diagonais. 5 – Erro de algarismo lançado a mais 1. Fazer lançamento retificativo excluindo a diferença lançada a mais. 2. Estornar o errado e fazer um novo correto. 6 – Erro de algarismo lançado a menos 1. Fazer lançamento complementar. 2. Estornar o errado e fazer um novo correto. 7 – Troca de uma conta por outra 1. Fazer lançamento retificativo excluindo ou invertendo as contas. 2. Estornar o errado e fazer um novo correto. 8 – Inversão de contas debitadas e creditadas 1. Fazer lançamento retifica- tivo invertendo as contas. 2. Estornar o errado e fazer um novo correto. 9 – Omissão de lançamentos Fazer, na data da descoberta, o lan- çamento omitido, reportando-se à data em que se realizou o fato. 10 – Repetição de lançamentos Estornar o lançamento repetido. – 76 – Contabilidade Básica Para concluir, destacamos que o contador só pode registrar as transações econômicas que possam ser comprovadas por documentos idôneos, e todos os registros devem ser realizados pelo Método das Partidas Dobradas. Conclusão Vimos que a escrituração determina os procedimentos que o contador deve realizar para controlar o patrimônio de uma entidade. O registro de cada fato de forma individualizada é denominado de lançamento. O lançamento é realizado nos livros contábeis em obediência às regras do Método das Partidas Dobradas. Para facilitar o controle de cada conta, devemos elaborar um razo‑ nete para cada conta movimentada e transcrever para ele os valores constantes nos lançamentos. 5 Prática: balancete de verificação Já sabemos como fazer os lançamentos usando o Método das Partidas Dobradas. Agora, é convidado a verificar se a escrituração realizada está correta. Neste momento, poderá estar se perguntando o porquê de tanto trabalho. Respondemos convidando você a ela‑ borar o primeiro relatório que lhe permitirá ter uma visão geral da entidade de forma imediata. De posse de um único papel, você identificará todos os elementos patrimoniais com suas alterações e respectivos saldos. Pense que, verificando o que foi lançado, estamos controlando nossas ações para que no futuro não sejamos surpre‑ endidos com alguma irregularidade. Todo trabalho executado tem uma razão de ser. Agora, vamos apresentar como se deve elaborar o Balancete de Verificação. – 78 – Contabilidade Básica 5.1 Conceito Em conformidade com a RESOLUÇÃO N.º 1.330/11 do Conselho Federal de Contabilidade, o Balancete de Verificação, ou simplesmente Balancete, é um demonstrativo que relaciona todas as contas do Livro Razão com seus respectivos saldos devedores ou credores, dispostos na mesma ordem do Plano de Contas elaborado. 5.2 Finalidades do balancete Toda conta que lançamos a débito faz surgir o mesmo valor, em outra conta, a crédito. Assim, o valor total dos saldos devedores deve ser exata‑ mente igual ao valor total dos saldos credores. Essa é a principal finalidade do Balancete, ou seja, verificar se a soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores. Ele serve também para: a) apurar o saldo total das contas do Razão, pela subtração do saldo devedor com o saldo credor; b) comprovar se o princípio das partidas dobradas foi observado (saldo devedor = saldo credor); c) servir de base para, no final do exercício, apurar o resultado opera‑ cional e elaborar as demonstrações contábeis; d) verificar as modificações de cada elemento patrimonial; e) identificar de imediato a existência de erros de lançamento que possam distorcer a natureza do saldo de uma conta. Exemplo: a Conta Caixa deve ter saldo sempre devedor. Se, no Balancete, seu saldo for credor, a conta deverá, ser analisada, e deverá ser locali‑ zado o erro de lançamento. Você poderia perguntar: todos os erros podem ser descobertos atra‑ vés do Balancete? A resposta é não. Por exemplo: se uma conta do ativo ou despesa aparecer, no Balancete, com saldo credor, e uma conta do passivo ou receita, com saldo devedor, sabendo que os saldos desses gru‑ pos deverão ser devedor (ativo e despesa) e credor (passivo e receita), esse demonstrativo somente indica que houve uma inversão de contas debitadas e creditadas. – 79 – Prática: balancete de verificação Veja também que, se você debitou e creditou em contas indevidas ou se você debitou e creditou as contas com valor diferente do contido no documento, isso o Balancete não poderá acusar. Nesse sentido, podemos afirmar que a igualdade dos saldos devedores e credores, no Balancete de Verificação, não significará, necessariamente, que os lançamentos estão completamente corretos. Então como podemos descobrir se há erros? Você deverá, após analisar o Balancete, fazer os inventários físicos e confrontá‑los com seus registros, a fim de sanar toda e qualquer irregularidade existente. Por exemplo: a) conta banco: confronte os saldos das contas bancárias, contidos nos extratos, com os saldos contábeis; b) conta estoque: conte fisicamente seu estoque e, depois, confronte esse valor com o saldo contábil da conta mercadorias. 5.3 Estrutura do balancete Os elementos mínimos que devem constar no Balancete são: a) iden‑ tificação da entidade; b) data de elaboração; c) período a que se refere; d) identificação das contas; e) saldos devedores e credores; f ) soma dos saldos devedores e credores. 5.3.1 Balancete de duas colunas de valores monetários É o modelo mais comum, em que você trabalhará apenas com o saldo de cada uma das contas. Esse formato é conhecido como Balancete sintético. Empresa Sapo Ltda. Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005 Referente ao período de janeiro de 2005 Contas Saldos Devedores Credores Caixa 1.000 Mercadorias 5.000 Fornecedores 2.000 Capital social 4.000 Totais 6.000 6.000 – 80 – Contabilidade Básica 5.3.2 Balancete de quatro colunas de valores monetários Neste modelo, você demonstrará o valor movimentado no período e o res‑ pectivo saldo de cada conta. Este formato é conhecido como Balancete analítico. Empresa Sapo Ltda. Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005 Referente ao período de janeiro de 2005 Contas Movimento Saldo Devedor Credor Devedor Credor Caixa 2.000 1.000 1.000 Mercadorias 5.000 5.000 Fornecedores 300 2.300 2.000 Capital 4.000 4.000 TOTAIS 7.300 7.300 6.000 6.000 5.3.3 Balancete de seis colunas de valores monetários Neste modelo, você apresentará o saldo do período anterior, o movi‑ mento do período atual e o respectivo saldo final de cada conta. É conhecido como Balancete complexo. Veja a seguir um modelo. Empresa Sapo Ltda. Balancete de verificação elaborado em 28/2/2005 Referente ao período de fevereiro de 2005 Contas Saldo anterior Movimento Saldo final Devedor Credor Devedor Credor Devedor Credor Caixa 1.000 2.000 1.200 1.800 Mercadorias 5.000 1.000 2.000 4.000 Fornecedores 2.000 200 1.800Capital 4.000 4.000 TOTAIS 6.000 6.000 3.200 3.200 5.800 5.800 Podemos observar, nos modelos anteriores, que as somas dos valores lançados na coluna do movimento devem ser iguais entre si; o mesmo se aplica às somas dos valores lançados na coluna do saldo e na coluna do saldo – 81 – Prática: balancete de verificação anterior. No entanto, os totais do saldo anterior, do movimento e do saldo podem ser diferentes. 5.4 Elaboração do balancete Para elaborar o balancete de qualquer empresa, você deve realizar os seguintes procedimentos: a) fazer o lançamento de cada fato no Livro Diário; b) em seguida, transcrever os lançamentos para o Livro Razão ou razonete; c) finalizados os lançamentos, calculamos o valor total do lado do débito e também do lado do crédito de cada razonete e apuramos o saldo de cada razonete; d) desenhamos a estrutura do Balancete de quatro colunas de valores; e) registramos no Balancete o nome de todas as contas movimentadas; f ) transferimos para a coluna movimento devedor do Balancete a soma do lado do débito de cada razonete; g) transferimos para a coluna movimento credor do Balancete a soma do lado do crédito de cada razonete; h) transferimos para a coluna saldo do Balancete o saldo de cada razo‑ nete. Esse valor é lançado a débito ou a crédito, conforme identifi‑ cado nos razonetes; i) somamos os valores das colunas movimento e das colunas saldos; j) verificamos se os totais das colunas movimento são iguais entre si; k) verificamos se os totais das colunas saldo são iguais entre si. Após elaborar o Balancete, você sempre deverá examiná‑lo: a) verificar se o princípio do Método das Partidas Dobradas foi obser‑ vado, pois o total dos saldos devedores deverá ser igual ao total dos saldos credores; b) verificar se todas as contas relacionadas apresentam saldos de acordo com sua natureza. – 82 – Contabilidade Básica Saldo de natureza devedora Contas do ativo (bens e direitos) Contas de despesas Saldo de natureza credora Contas do passivo (obrigações) Contas de receitas Você também poderá elaborar o Balancete a partir de uma relação de contas dispostas na vertical. Nessa situação, você deverá identificar a natureza do saldo de cada conta para, posteriormente, montar o Balancete de duas colunas de valores monetários. 5.5 Exemplo de elaboração do Balancete da empresa do Sr. João Para que possamos compreender bem o processo de elaboração do Balancete, vamos constituir uma empresa individual para o Sr. João, registrar as transações (fatos contábeis) que ele realizou no Livro Diário, transcrever os registros para o Livro Razão (razonetes) e, em seguida, elaborar seu Balancete de Verificação. a) Registro no Livro Diário: lançamentos 1. João montou uma empresa com capital em dinheiro de R$ 2.000. Débito – Caixa (aplicação): R$ 2.000. Crédito – Capital Social (origem): R$ 2.000. 2. João pagou o contador para legalizar a empresa (R$ 100) e registrou como despesa operacional. Débito – Despesa com legalização (aplicação): R$ 100. Crédito – Caixa (origem): R$ 100. 3. João comprou 40 mercadorias por R$ 5 cada uma. A compra foi à vista e totalizou R$ 200. O estoque está sendo controlado pelo inventário periódico. Débito – Compras de mercadoria (aplicação): R$ 200. Crédito – Caixa (origem): R$ 200. – 83 – Prática: balancete de verificação 4. João comprou 60 mercadorias por R$ 5 cada uma. A compra foi realizada a prazo (6 parcelas de R$ 50 cada) na loja Soares e totalizou R$ 300. Débito – Compras (aplicação): R$ 300. Crédito – DP a pagar ou fornecedor Soares (origem): R$ 300. 5. João vendeu 50 mercadorias à vista: R$ 200. Débito – caixa (aplicação): R$ 200. Crédito – Vendas de mercadoria (origem): R$ 200. 6. João vendeu 50 mercadorias a prazo para Maria num total de R$ 250 em 5 parcelas de R$ 50 cada. Débito – DP a receber ou cliente Maria (aplicação): R$ 250. Crédito – Vendas de mercadoria (origem): R$ 250. 7. João pagou energia: R$ 30. Débito – energia paga (aplicação): R$ 30. Crédito – caixa (origem): R$ 30. 8. João pagou a primeira prestação na Loja Soares R$ 50 (fato n. 4). Débito – DP a pagar ou Fornecedor Soares (aplicação): R$ 50. Crédito – Caixa (origem): R$ 50. 9. João recebeu a primeira prestação de Maria: R$ 50 (fato n. 6) Débito – caixa (aplicação): R$ 50. Crédito – DP a receber ou Cliente Maria (origem): R$ 50. 10. João pagou a segunda prestação na loja Soares com juros de R$ 5 (valor da prestação: R$ 50). Débito – Juros pagos (aplicação): R$ 5. Débito – DP a pagar ou fornecedor Soares (aplicação): R$ 50. Crédito – caixa (origem): R$ 55. 11. João recebeu de Maria a segunda prestação com juros de R$ 3 (valor da prestação: R$ 50). Débito – caixa (aplicação): R$ 53. Crédito – Juros recebidos (origem): R$ 3. Crédito – DP a receber ou cliente Maria (origem): R$ 50. – 84 – Contabilidade Básica 12. João pagou a terceira prestação na loja Soares com desconto de R$ 2 (valor da prestação: R$ 50). Débito – DP a pagar ou fornecedor Soares (aplicação): R$ 50. Crédito – Desconto obtido (origem): R$ 2. Crédito – Caixa (origem): R$ 48. 13. João recebeu de Maria a terceira prestação com desconto de R$ 1 (valor da prestação: R$ 50). Débito – Caixa (aplicação): R$ 49. Débito – Desconto concedido (aplicação): R$ 1. Crédito – DP a receber ou cliente Maria (origem): R$ 50. 14. Provisão do salário do mês de fevereiro, que será pago em março no valor de R$ 300. Débito – Com salário (aplicação): R$ 300. Crédito – Salário a pagar (origem): R$ 300. b) Transcrição dos registros para o Livro Razão: razonetes Após realizar os lançamentos, você deve abrir um razonete para cada conta que foi movimentada e transcrever os valores registra‑ dos em cada fato contábil. É conveniente que os razonetes estejam dispostos na sequência da estrutura legal do Plano de Contas apre‑ sentado anteriormente. Veja como ficarão os razonetes da empresa do Sr. João. 2 Contas do ativo Caixa Duplicata a receber 2.000 200 50 43 49 100 200 30 50 55 48 250 50 50 50 2.352 483 250 150 1.869 100 – 85 – Prática: balancete de verificação 2 Contas do passivo Duplicata a pagar Salário a pagar Capital social 50 50 50 300 300 2.000 150 300 150 2 Contas de receitas Vendas Juros recebidos Desconto obtido 200 250 3 2 450 2 Contas de despesas Compras Despesa com legalização Energia 200 300 100 30 500 Juros pagos Desconto concedido Salário 5 1 300 c) Elaboração do Balancete de Verificação Para elaborar o Balancete, você deve transferir as somas dos razo‑ netes para a coluna movimento e os saldos de cada razonete para a coluna saldos. Posteriormente, some cada coluna para verificar se o valor do débito é igual ao valor do crédito. Veja como ficará o Balancete da empresa do Sr. João. – 86 – Contabilidade Básica Empresa do sr. João Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005 Referente ao período de janeiro de 2005 Contas Movimento Saldo Devedor Credor Devedor Credor Caixa 2.352 483 1.869 Duplicata a receber 250 150 100 Duplicata a pagar 150 300 150 Salário a pagar 300 300 Capital 2.000 2.000 Vendas de mercadorias 450 450 Juro recebido 3 3 Desconto obtido 2 2 Compras de mercadorias 500 500 Despesa com legalização 100 100 Energia 30 30 Juros pagos 5 5 Desconto concedido 1 1 Salário 300 300 TOTAIS 3.688 3.688 2.905 2.905 Para concluir, é conveniente ressaltar que o Balancete de Verificação deve ser elaborado com regularidade, de preferência mensalmente. Se isso não for possível, poderá ser elaborado de acordo com as necessidades da administração, considerando‑se que quanto maior for um período entre um balancete e outro maior será a dificuldade de localizar os erros de escrituração. Conclusão Vimos, neste capítulo, que o Balancete de Verificação é um relatório contábil que possibilita aos contadores verificar se o Método das Partidas Dobradas foi atendido, as contas movimentadas com seus respectivos saldos e se a escrituração está correta. Sua estrutura vai dependerdo objetivo pelo qual está sendo elaborado. Contudo a estrutura mais utilizada é a que possui duas colunas de valores. 6 Apuração do resultado do exercício (ARE) Você já descobriu, nos temas anteriores, que escriturar é transcrever para os livros de Contabilidade os fatos contábeis. E verificar a escrituração significa comprovar se todas as contas foram lançadas corretamente. A partir dessa verificação, podemos dar iní‑ cio à avaliação do desempenho administrativo através da apuração do resultado. Apurar o resultado significa verificar, através das con‑ tas de resultado (receitas e despesas), se a movimentação do patri‑ mônio da empresa apresentou lucro ou prejuízo no período. Neste capítulo, vamos apresentar um roteiro para que possamos conhecer o resultado do exercício. – 88 – Contabilidade Básica 6.1 Período administrativo e exercício financeiro Uma entidade poderá ter seus gestores contratados ou eleitos por um período relativamente longo. A partir da posse, os gestores praticam diversas ações administrativas, classificadas na Contabilidade como atos e fatos administrativos, com o intuito de levar a empresa ou a entidade a atingir seus objetivos: de lucro ou sociais. Todas essas ações são consideradas atos de gestão. Ao conjunto dos atos de gestão verificados numa entidade denominamos de gestão. A gestão é contínua, porém é necessário que se estabeleçam períodos dentro dos quais possamos medir os resultados da administração, sob o aspecto econômico‑financeiro, isto é, conhecer o lucro, o prejuízo e a situação patrimonial da entidade em determinado momento. A esse período de tempo denominamos de período administrativo. À gestão econômica desenvolvida pela administração dentro do período administrativo dá‑se o nome de exercício social (ou exercício financeiro). A Legislação das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404, de 15 de dezem‑ bro de 1976), estendida a todas as demais formas societárias, estabelece em seu Art. 17: “O exercício social terá duração de um ano e a data do término será fixada no estatuto. Na constituição da companhia e nos casos de altera‑ ção estatutária, o exercício social poderá ter duração diversa”. O exercício social tem, portanto, pela Lei das S/A, a duração de um ano, mas não há necessidade de coincidir com o ano civil (1/1 a 31/12). A data de seu início e de seu término será fixada no contrato social. A legislação do imposto de renda, porém, estabelece que os balanços apresentados como base para pagamento do imposto devem compreender o período de doze meses e encerrar‑se em 31 de dezembro de cada ano, podendo esse período ser inferior a 12 meses, quando a empresa for constituída no meio do exercício. 6.2 Regimes contábeis Dividimos a gestão administrativa em períodos para apurar seus resul‑ tados dentro de um lapso de tempo. Para que possamos conhecer o resultado de um exercício, é preciso subtrair o total das despesas com o total das receitas do respectivo exercício. – 89 – Apuração do resultado do exercício (ARE) Em um exercício, podemos efetuar o pagamento de: a) despesas ocorridas no exercício anterior (exemplo: pagamento de salário); b) despesas ocorridas no próprio exercício (exemplo: compra à vista de material para consumo); c) despesas que irão ocorrer no exercício seguinte (exemplo: aquisição de seguro). O mesmo pode acontecer com as receitas, ou seja, em determinado exercício, podemos: a) receber dinheiro proveniente de receitas ocorridas no exercício anterior (exemplo: venda a prazo de mercadorias); b) receber dinheiro proveniente de receitas ocorridas no próprio exercício (exemplo: venda à vista de mercadoria); c) receber dinheiro proveniente de receitas que ocorrerão no exercício seguinte (exemplo: recebimento antecipado de uma mercadoria encomendada). Dependendo do regime contábil adotado pela entidade, haverá a defi‑ nição das despesas e receitas que devem ser consideradas no levantamento do resultado do respectivo exercício. Desse modo, o regime de caixa e o regime de competência disciplinam a apuração do resultado do exercício. a) Regime de caixa: é o procedimento contábil pelo qual as despe‑ sas e receitas são consideradas após a sua realização, ou seja, após o pagamento dos gastos e o recebimento das receitas. Em outras palavras, por esse regime somente entrarão na apuração do resul‑ tado as despesas pagas e todas as receitas recebidas no respectivo exercício, independentemente da data da ocorrência de seus fatos geradores. Nessa apuração não serão levadas em consideração as despesas ainda não pagas ou as receitas ainda não recebidas. b) Regime de competência: determina que o resultado seja apurado ao final do exercício, considerando‑se todas as receitas realizadas e as des‑ pesas incorridas, não importando se as despesas ou receitas passaram pelo caixa (pagas ou recebidas). O que vale é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Portanto, os registros contábeis das despesas são realizados na data da compra de bens ou serviços, e as receitas são reconhecidas no momento da entrega de bens ou serviços, independentemente de pagamento ou recebimento. A legislação do imposto de renda não admite o regime de caixa para as empresas com fins lucrativos e impõe a adoção do regime de competência, derivado do princípio da competência de exercícios. Esse regime está regula‑ mentado no Art. 9 da Resolução CFC n. 750/93. – 90 – Contabilidade Básica 6.3 Resultado Andando pela cidade, você poderá ver diversas entidades desenvolvendo determinada atividade com o objetivo de obter um resultado: a) o lucro, em se tratando de uma empresa; b) os fins sociais, em se tratando de entidade sem fins lucrativos. Para que isso seja possível, o dirigente de cada empresa deverá administrar o patrimônio à sua disposição. No desenvolvimento dessa atividade administrativa, o gestor realiza diversas transações que devem, portanto, apresentar uma despesa (custo), produzir um ingresso (receita) e apresentar um resultado, positivo ou negativo, através do confronto entre as despesas e as receitas. O resultado é a avaliação da atividade administrativa, realizada em perí‑ odos de tempo que não poderão ultrapassar os 12 meses, por meio da qual a Contabilidade identifica se a empresa apresentou lucro ou prejuízo. a) Despesa: é o gasto realizado para se obter um bem ou um serviço que foi consumido, quer os mesmos tenham sido pagos, quer permaneçam como obrigação a pagar. Existem despesas operacionais (despesas com vendas, despesas financeiras, despesas administrativas) e despesas não operacionais (o custo do bem do ativo permanente que foi baixado ou vendido). As despesas são registradas pelo preço de aquisição do bem ou serviço descrito na nota fiscal. Você poderia perguntar: todo gasto é despesa? Nem sempre. O gasto não será despesa quando provocar um aumento no valor de bens ou direitos do ativo. Quando a empresa compra um equipamento, por exemplo, realiza um gasto classificado como investimento e não como despesa, porque o equipamento comprado aumentou os valores dos bens do ativo. O gasto será despesa quando diminuir os valores do ativo ou aumentar os valores do passivo. Por exemplo: pagamento de energia, provisão do salário, etc. b) Receita: constitui a recuperação da despesa por parte da empresa, através de venda à vista ou a prazo. Existem receitas operacionais (receita bruta, receita líquida, receita financeira) e receitas não ope‑ racionais (venda de bens ou direitos que estavam registrados no ativo permanente). As receitas são registradas pelo valor de venda da mercadoria, produto ou serviço especificado na nota fiscal. Toda – 91 – Apuração do resultado do exercício (ARE) vez que entrar dinheiro na empresa é uma receita? Não. Por exem‑ plo, se uma empresa contrair um empréstimo bancário no valor de R$ 1.000, haverá uma entrada de dinheiro, mas também uma obri‑ gação a pagar, aumentando assim o passivo. Portanto, essa entrada de dinheiro não será receita.A entrada de dinheiro só será receita quando aumentar o valor do ativo, sem aumentar o valor do pas‑ sivo. Há receita também que, em vez de representar entrada de dinheiro, poderá representar a entrada de direitos a receber, como quando a empresa faz uma venda a prazo. c) Custos: são os valores gastos pela empresa na compra e/ou produção de mercadorias/produtos a serem comercializados por ela. O custo da mercadoria vendida é o valor gasto pela empresa na compra das mercadorias que já foram vendidas. É conhecido como CMV. d) Lucro ou prejuízo: quando o resultado for positivo, ou seja, o total da receita for maior que o total da despesa, a empresa estará obtendo lucro. Quando for negativo, ou seja, quando o total da receita for menor que o total da despesa, a empresa estará sofrendo um prejuízo. 6.4 Rotinas para calcular o resultado Vamos agora para a Apuração do Resultado do Exercício (ARE) da Empresa do Sr. João, constituída no capítulo anterior, seguindo o roteiro que você deverá cumprir toda vez que for apurar o resultado de uma empresa que controla e registra suas mercadorias pelo inventário periódico. 1º passo: elaborar o Balancete de Verificação com o saldo de todas as con‑ tas patrimoniais e de resultado. Você deve considerar o Balan‑ cete de Verificação da empresa do Sr. João. 2º passo: fazer o inventário de mercadorias para saber o valor das mer‑ cadorias que ainda estão na empresa para a venda futura. Esse valor será registrado na conta estoque (final) de mercadoria. Na empresa do Sr. João, o inventário de mercadorias identificou que, no final do exercício social, não havia estoque de mercado‑ ria para venda futura. Portanto o estoque final de mercadoria é igual a zero. – 92 – Contabilidade Básica 3º passo: criar um razonete denominado Custo da Mercadoria Vendida (CMV). Ele tem a seguinte estrutura e conteúdo. Custo da Mercadoria Vendida – CMV Estoque inicial de mercadorias R$ Compras de mercadorias R$ Frete sobre a compra R$ Seguro sobre a compra R$ Devolução de compras R$ Desconto incondicional obtido na compra R$ Impostos sobre a compra R$ Estoque final de mercadorias R$ Soma R$ Soma R$ Saldo Devedor R$ Saldo Credor R$ 4º passo: transferir para o CMV os saldos das contas referentes às transa‑ ções com as compras de mercadorias, conforme descrito ante‑ riormente. Após a transferência, os saldos dessas contas, exceto a do estoque final de mercadorias, serão iguais a zero. Você deverá fazer os seguintes lançamentos para poder transferir os saldos para o CMV. Para cada conta proceda assim. Debitar: CMV Creditar: estoque inicial de mercadorias Debitar: CMV Creditar: compras de mercadorias Debitar: CMV Creditar: frete sobre a compra Debitar: CMV Creditar: seguro sobre a compra Debitar: estoque final de mercadorias Creditar: CMV Debitar: devolução de compra Creditar: CMV Debitar: desconto incondicional obtido na compra Creditar: CMV Debitar: impostos sobre a compra Creditar: CMV – 93 – Apuração do resultado do exercício (ARE) Na empresa do Sr. João, só apareceu a conta compras de mercadorias. Portanto a transferência será realizada assim. Debitar Creditar CMV R$ 500 Compra de mercadorias R$ 500 Veja como ficou o CMV após as transferências. CMV Ei 00 Compras 500 Frete na compra 00 Seguro na compra 0 00 Devolução de compra 00 Desconto obtido na compra 00 Impostos sobre a compra 00 Estoque final de mercadoria Soma 500 00 Soma Saldo 500 5º passo: criar um razonete denominado Apuração do Resultado do Exercício (ARE). Ele tem a seguinte estrutura e conteúdo. Apuração do Resultado do Exercício – ARE Despesas R$ CMV R$ Receitas R$ Receitas R$ Soma das despesas e CMV R$ Soma das receitas R$ Saldo devedor R$ Saldo credor R$ 6º passo: transferir para o ARE os saldos das contas de despesas. Você deverá fazer os seguintes lançamentos para poder transferir o saldo das despesas para o ARE. Para cada despesa proceda assim. Debitar Creditar Conta ARE R$ Contas de despesas e o CMV R$ Após a transferência, os razonetes de despesas e o CMV ficarão com saldo igual a zero. Veja como fazer a transferência das despesas e do CMV da empresa do Sr. João. – 94 – Contabilidade Básica Debitar ARE 500 Creditar CMV 500 Debitar ARE 100 Creditar Desp. c/ legal. 100 Debitar ARE 30 Creditar Energia 30 Debitar ARE 5 Creditar Juro Pago 5 Debitar ARE 1 Creditar Desc. Concedido 1 Debitar ARE 300 Creditar Salário 300 7º passo: transferir para o ARE os saldos das contas de receitas. Você deverá fazer os seguintes lançamentos para poder transferir o saldo das receitas para o ARE. Para cada receita, proceda assim. Debitar Creditar Contas de receitas R$ Conta ARE R$ Após a transferência, os razonetes de receitas ficarão com saldo igual a zero. A empresa do Sr João tem três receitas. A transfe‑ rência será realizada assim. Debitar Vendas 450 Creditar A RE 450 Debitar Juro recebido 3 Creditar ARE 3 Debitar Desc. obtido 2 Creditar ARE 2 8º passo: apurar o saldo da conta ARE subtraindo o total das receitas com o total das despesas e do CMV. Veja como ficou a conta ARE após as transferências. Apuração do Resultado do Exercício – ARE 500 100 30 5 1 300 450 3 2 Soma das despesas 936 Soma das receitas 455 Saldo devedor 481 – 95 – Apuração do resultado do exercício (ARE) 9º passo: transferir o saldo do ARE para a conta lucros ou prejuízos acu‑ mulados. Se esse razonete ainda não existir, você deverá criá‑lo. O lançamento dessa transferência é o seguinte. Se o saldo do ARE for devedor, o lançamento será: Se o saldo do ARE for credor, o lançamento será: Debitar Conta preju‑ ízo acumulado R$ Creditar Conta ARE R$ Debitar Conta ARE R$ Creditar Conta lucro acumulado R$ Veja a transferência da empresa do Sr. João. O saldo do ARE foi devedor Debitar Conta prejuízo acumulado R$ 481 Creditar Conta ARE R$ 481 Após essa transferência, o razonete da conta ARE sempre ficará com saldo igual a zero. Veja esse processo na empresa do Sr. João. ARE Prejuízo acumulado 500 100 30 5 1 300 450 3 2 481 481 Soma 936 936 Saldo 000 10º passo: não é obrigatório, mas aconselhamos elaborar um segundo Balancete de Verificação, após a apuração do resultado. Nesse relatório as contas de receitas, despesas, custo e o ARE devem ter saldo igual a zero. Veja como ficará o Balancete da empresa do Sr. João. – 96 – Contabilidade Básica Vão para o balanço patrionial Vão para a DRE Empresa do sr. João Balancete de verificação elaborado em 31/1/2005 Referente ao período de janeiro de 2005 Contas Movimento Saldo Devedor Credor Devedor Credor Caixa 2.352 483 1.869 Duplicata a receber 250 150 100 Duplicata a pagar 150 300 150 Salário a pagar 300 300 Capital 2.000 2.000 Prejuízo acumulado 481 481 Vendas de mercadorias 460 450 Juro recebido 3 3 Desconto obtido 2 2 Compras de mercadorias 500 500 Despesa pré‑operacional 100 100 Energia 30 30 Juros pagos 5 5 Desconto concedido 1 1 Salário 300 300 ARE 936 936 CMV 500 500 Totais 6.070 6.070 2.450 2.450 Com os dados desse Balancete de Verificação podemos elaborar a Demons tração do Resultado do Exercício (DRE). 6.5 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) É uma demonstração contábil que contém todas as contas de resultado da empresa e seus respectivos saldos. Com efeito, a DRE apresenta, sintetica‑ – 97 – Apuração do resultado do exercício (ARE) mente, um quadro completo e ordenado das receitas e despesas e do custo de uma empresa em determinado momento, possibilitando às pessoas interessa‑ das conhecer a situação econômica, bem como identificar os elementos que contribuíram para o resultado apurado. A legislação sobre a estrutura da Demonstração do Resultado do Exer‑ cício é a Lei n. 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), Art. 187. A DRE é apresentada em uma coluna simples, iniciando com a receita bruta, demons‑ trando os custos e despesas incorridas e finalizando com o resultado do perío do.Veja sua estrutura no modelo a seguir. Demonstração do resultado do exercício Jose Carlos S/A 31/12/2004 + Receita operacional bruta (venda bruta) (–) Deduções com as vendas Desconto, devolução, ICMS, PIS, COFINS = Receita líquida (venda líquida) (–) CMV – custo mercadoria vendida =Lucro bruto (–) Despesas operacionais de vendas administrativas de depreciação financeiras + Receita operacional Receita financeira =Lucro operacional (–) Outras Despesasl + Outras receitas = Lucro antes do imposto (–) Provisão para contribuição social (–) Provisão para imposto de renda =Lucro depois do imposto (–) Participações participações de debenturistas participação de empregado e/ou administrador participação de partes beneficiárias participação de institutos de previdência = Lucro líquido do exercício Lucro líquido por ações 800 ... (10) 790 (650) 140 ... (30) (60) (10) (30) ... 10 20 (0) 00 20 (2) (6) 12 ... 00 (4) 00 00 8 – 98 – Contabilidade Básica Cálculo do lucro líquido por ações ou quotas Lucro Líquido n. de ações ou quotas Ações, se a empresa é uma sociedade anônima. Quotas, se a empresa é limitada. Na tabela a seguir, apresentamos o significado de cada termo que com ‑ põe a DRE. Grupos da demonstração do resultado do exercício Receita Operacional Bruta É a receita principal da empresa, incluindo todos os impos‑ tos e contribuições incidentes. Por exemplo: venda de mer‑ cadorias, venda de produtos, venda de serviços. Deduções das Vendas Devoluções de venda ou venda anulada. Valor das mercadorias devolvidas pelos clientes para a empresa. Descontos incondicio‑ nais concedidos. Descontos concedidos no ato da venda da mer‑ cadoria para os clientes. Impostos sobre a venda. Valor dos impostos incidentes sobre a venda de mercadorias/serviços aos clientes (ICMS, PIS, COFINS). Receita Operacional Líquida É a diferença entre a receita operacional bruta e as deduções de venda. É considerada como a receita real obtida pela empresa. Os impostos serão repassados às repartições públicas. As devoluções de venda deverão ser abatidas da receita bruta. Custo das Mercadorias Vendidas Representa quanto a empresa gastou na mercadoria que foi vendida, no serviço que foi prestado ou no produto fabricado e já vendido. É conhecido pelas siglas CMV, CPV ou CSP. A formula do CMV é estoque inicial + compra líquida – estoque final. – 99 – Apuração do resultado do exercício (ARE) Grupos da demonstração do resultado do exercício Lucro ou Prejuízo Bruto É a diferença entre a receita operacional líquida e o custo da mer‑ cadoria vendida. É o resultado da venda das mercadorias. Despesa Operacional Despesas com vendas São os gastos para comercializar e distribuir os produtos da empresa. Por exemplo: comissão sobre venda, viagens dos vendedores, propaganda, perdas estimadas com as vendas, salário do vendedor, etc. Despesas financeiras São os gastos oriundos da utilização de capitais de terceiros. Por exemplo: tarifas bancárias, desconto concedido ao cliente pelo pagamento antecipado, juros bancários. Despesas adminis‑ trativas São gastos inerentes à atividade da área administrativa da empresa, ou seja, sua gestão. Por exemplo: aluguel, energia, honorário da diretoria, despesas judiciais, salário da administração, etc. Outras Receitas Operacionais São ganhos obtidos pela realização de operações acessórias à atividade principal da empresa. Por exemplo: dividendos recebidos de um investi‑ mento em outra empresa, etc. Lucro ou Prejuízo Operacionais É a diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais acrescida de outras receitas operacionais. É o resultado das atividades principais e acessórias da empresa. Outras Despesas São gastos realizados com transações que não estão ligados à atividade principal da empresa. Por exemplo: custo do bem do ativo permanente que está sendo vendido, etc. Outras Receitas São ganhos com transações que não estão ligados à atividade principal da empresa. Por exemplo: recebimento de doações, venda do bem que está registrado no ativo permanente, etc. – 100 – Contabilidade Básica Grupos da demonstração do resultado do exercício Lucro Antes dos Tributos É a diferença entre o lucro operacional e as despesas não operacio‑ nais acrescidas das receitas não operacionais. É classificado como lucro contábil. Esse lucro será transferido para o livro de apuração do lucro real (LALUR), para a apuração do valor do imposto de renda de pessoa jurídica tributada com base no lucro real (lucro tri‑ butável). Para o imposto de renda, o lucro real e o lucro ou prejuízo contábil do período‑base ajustado pelas inclusões, exclusões ou compensações pres‑ critas ou autorizadas pela legislação fiscal. Provisões Imposto de renda É o valor que a empresa deverá pagar aos cofres públicos por ter obtido lucro no exercício. Sua alíquota está prevista na legislação do imposto de renda. Atualmente ela é de 15%. Contribuição social É o valor que a empresa deverá pagar aos cofres públicos por ter obtido lucro no exercício. Sua alíquota está prevista na legislação do imposto de renda. Atualmente ela é de 9%. Lucro Depois dos Tributos É a diferença entre o lucro antes dos tributos e as provisões. Se for lucro, será a base de cálculo para a empresa fazer a sua distribuição às pessoas que poderão participar desse resultado. Essas pessoas estão previstas no contrato ou estatuto social da empresa. Participações Debêntures São títulos de longo prazo emitidos pelas S/A. As pessoas que os possuem têm direito a juros, participação nos lucros, etc. Empregados Seu valor deve estar previsto em convenção coletiva ou de acordo com as decisões tomadas pela administração. Administradores Seu valor deve estar estabelecido no estatuto ou contrato social. – 101 – Apuração do resultado do exercício (ARE) Grupos da demonstração do resultado do exercício Participações Partes beneficiárias São títulos mobiliários que dão direito a pessoas que prestaram relevantes serviços à empresa a participarem do lucro da empresa. Participações Contribuição para os institutos de previ‑ dência ou assistência de empregados. São contribuições destinadas a entidades prees‑ tabelecidas que tratam da complementação de aposentadoria dos empregados da empresa. Lucro ou Prejuízo Líquido É a diferença entre o lucro depois dos tributos e as participações. Repre‑ senta a confrontação entre todas as despesas incorridas e todas as receitas realizadas em um determinado período. Esse resultado será transferido para o balanço patrimonial, no grupo do passivo, subgrupo patrimônio líquido, em conta denominada “lucros acumulados”. 6.6 Passos para elaborar a DRE Após apurar o resultado, você deverá elaborar as demonstrações contá‑ beis. Para elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), você deve seguir os seguintes passos. 1º passo: elaborar a estrutura da DRE, deixando espaço entre os gru‑ pos e subgrupos para podermos incluir as contas nos seus respectivos lugares. 2º passo: transcrever as contas do Balancete que representam receitas, custo e despesas, com seus respectivos saldos, para a estru‑ tura elaborada. Outra opção é transcrever todas as contas que estão no razonete ARE para a DRE. 3º passo: fazer as operações de adição e subtração de acordo com o sinal que está ao lado de cada grupo e subgrupo, apurando os resultados parciais e o resultado final. Veja como ficou a DRE da empresa do Sr. João. – 102 – Contabilidade Básica DRE Contas R$ Receita operacional bruta (venda bruta) (–) Deduções na venda Desconto incondicional concedido Devolução de venda = Receita operacional líquida (venda líquida) 450 (000) (000) 450 (–) CMV (custo da mercadoria vendida) = Lucro bruto (–) Despesas operacionais Vendas Administrativas (salário + ener‑ gia + desp. pré‑operacional) Financeira (juro pago + desconto concedido) + Receitas operacional Financeira (juros recebido + desconto obtido) = Prejuízodo exercício (500) (50) (430) (6) 5 (481) Este valor deve ser exatamente igual ou apurado no razonete ARE. Faça essa conferência. Para concluir, destacamos que é por meio do resultado apurado que podemos avaliar a situação econômica de uma empresa. Se o resultado for – 103 – Apuração do resultado do exercício (ARE) negativo, em diversos períodos sucessivos, medidas administrativas devem ser adotadas para sanar as deficiências na atividade operacional. Conclusão A cada doze meses, a empresa deve ser avaliada por meio da apuração do seu resultado. Essa apuração ocorre pelo confronto entre receitas, despesas e custo da mercadoria vendida. Após os cálculos, um relatório deve ser ela‑ borado para que os gestores possam analisar a sua situação econômica. Esse relatório é denominado de DRE. 7 Balanço patrimonial Os relatórios são informes padronizados que relatam a situação da empresa, seja no aspecto financeiro, patrimonial ou econômico. As informações contidas nesses relatórios são essenciais para a empresa avaliar o seu desempenho e estabelecer planos e negócios futuros. Daí a importância que se dá não só à sua elaboração, mas à sua correta leitura e análise. Dos inúmeros relatórios contábeis, destacamos aqueles que são obrigatórios de acordo com a Lei 6.404, de 15/12/76. Essa lei, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas (LSA), denomina os relatórios contábeis de demonstrações financeiras. – 106 – Contabilidade Básica As demonstrações financeiras estão regulamentadas por essa lei, no capí- tulo XV, Art. 175 a 205. O Novo Código Civil (NCC), Lei n. 10.406/02, que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, também regulamenta as demonstrações financeiras, em seus Arts. 1.183, 1.184, 1.188, 1.189 e Lei nº 11.638, de 2007 e outros. As demonstrações obrigatórias são: a) Balanço Patrimonial (BP); b) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que no NCC é denominada de demonstração dos resultados econômicos ou demonstração de lucros e perdas; c) Demonstração do Lucro ou Prejuízo Acumulado (DLPA); d) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). e) Demonstração dos fluxos de caixa (DFC); f ) Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado( DVA). 7.1 Balanço patrimonial: conceito e finalidade É um relatório contábil que contém todas as contas patrimoniais (bens, direitos e obrigações) de forma sintética, completa e organizada, em um determinado momento, para as pessoas físicas e jurídicas que estão inte- ressadas em conhecer as situações econômica, patrimonial e financeira. Situação econômica: fala da rentabilidade e lucratividade da empresa. Situação financeira: fala da capacidade de a empresa pagar suas dívidas, das fontes e das aplicações de recursos. Situação patrimonial: fala de bens, direitos e obrigações da empresa. 7.2 Apresentação do balanço patrimonial O Balanço, em geral, é apresentado em duas colunas. Na coluna da esquerda, as contas do ativo e, na coluna da direita, as contas do passivo e o patrimônio líquido. – 107 – Balanço patrimonial Balanço Patrimonial Ativo (aplicações) Passivo (origens) Bens Direitos Obrigações exigíveis Patrimônio líquido a) Ativo No ativo, representamos os bens e direitos de propriedade da empresa que são elementos positivos do patrimônio. Como exem- plo de bens e direitos, apresentamos: terrenos, veículos, máquinas, equipamentos, móveis, direitos de explorar jazidas minerais, edifí- cios, aplicações financeiras, ações de outras empresas, dinheiro no caixa e no banco, duplicatas a receber, estoque de mercadorias, etc. b) Passivo No passivo, representamos as obrigações da empresa para com terceiros. Como exemplo de obrigações, apresentamos: duplicata a pagar, salário a pagar, tributos a pagar, dividendos a pagar, emprés- timos, financiamentos, capital social, lucro ou prejuízo, reservas, etc. 7.3 Estrutura legal do balanço patrimonial Os grupos e subgrupos que o Balanço Patrimonial deve conter, são: Balanço Patrimonial 1 – Ativo 2 – Passivo 1.4 Ativo circulante 1.4.1 Disponível 1.4.2 Direitos 1.4.3 Estoques 1.5 Ativo Não Circulante 1.5.1 Ativo realizável a longo prazo 1.5.2 Investimentos 1.5.3 Imobilizado 1.5.4 Intangível 2.1 Passivo circulante 2.2 Passivo não circulante 2.3 Patrimônio líquido 2.3.1 Capital 2.3.2 Reservas 2.3.3 Ajustes da avaliação patrimonial 2.3.4 Ações em Tesouraria 2.3.5 Lucro/Prejuízo – 108 – Contabilidade Básica Veja a seguir o significado de cada grupo do Balanço Patrimonial. a) Grupos e subgrupos do ativo ATIVO CIRCULANTE – AC (curto prazo) Contém contas que representam bens e direitos que serão convertidos em dinheiro até o final do próximo exercício. O ativo circulante é conhecido como capital de giro. Disponível Valores convertidos em dinheiro e que a empresa pode usar a qualquer momento. Por exemplo: caixa, banco, aplicação financeira. Direitos Valores que a empresa tem a receber de terceiros. Por exemplo: duplicata a receber, clientes, títulos a receber. Estoques São os bens que a empresa tem para vender, ou para usar na produção ou no seu dia a dia. Por exemplo: estoque de mercadorias, estoque de produtos acabados, estoque de matéria‑prima, estoque de material para consumo. Despesas antecipadas São gastos com bens ou serviços, já pagos ou a pagar, e que ainda não foram consu‑ midos pela empresa. Por exemplo: seguro a vencer, juros pagos antecipadamente. ATIVO NÃO CIRCULANTE. Ativo Realizável de Longo Prazo – ARLP Contém contas que representam bens e direitos que serão convertidos em dinheiro após o final do próximo exercício. Bens ‑ Bens desativados, desimobilizados e colocados à venda. Direitos ‑ Valores que a empresa tem a receber de terceiros, decor‑ rentes de vendas ou de opera‑ ções financeiras. Por exemplo: duplicata a receber, adiantamento e empréstimos a coligadas, diretores, administradores. Investimento Contém bens e direitos que não são usados na atividade da empresa, mas que geram receitas. Por exem‑ plo: obras de arte, ações de outras empresas, terrenos para alugar. – 109 – Balanço patrimonial IMOBILIZADO Contém bens e direitos que são usados pela empresa. Por exemplo: veículos, móveis, instalações, marcas e patentes, concessões obtidas, terrenos, edifícios. INTANGÍVEL Os chamados “ativos intangíveis” (inapropriadamente denominados de “bens intangíveis”) são aqueles que não têm existência física. Como exemplos de intangíveis, os direitos de exploração de serviços públicos mediante concessão ou permissão do Poder Público, marcas e patentes, softwares e o fundo de comércio adquirido. b) Grupos e subgrupos do passivo PASSIVO CIRCULANTE – PC (curto prazo) Contém contas que representam dívidas que a empresa deve pagar a terceiros até o final do próximo exercício. Obrigações com forne‑ cedores Dívidas contraídas pela compra de mercadorias a prazo. Por exemplo: forne‑ cedores, duplicata a pagar. Obrigações sociais e trabalhistas Dívidas decorrentes da contratação de mão de obra ou serviços, com vínculo empregatício. Por exemplo: salário a pagar, INSS a pagar, FGTS a pagar. Obrigações tributárias Dívidas decorrentes de impostos e taxas diversas. Por exemplo: IR a pagar, ICMS a recolher. Outras obrigações Dívidas contraídas com instituições financeiras, gastos mensais. Por exemplo: empréstimo a pagar, energia a pagar. – 110 – Contabilidade Básica PASSIVO NÃO CIRCULANTE. Contém contas que representam bens e direitos que serão convertidos em dinheiro após o final do próximo exercício. PATRIMÔNIO LIQUIDO Capital Social Reservas Ajustes de Avaliaçao Patrimonial ( ‑ ) Ações em Tesouraria Lucros Ou Prejuízos 7.4 Modelo de balanço patrimonial Balanço Patrimonial Ativo Passivo 2004 2004 ATIVO CIRCULANTE Caixa Cliente Estoque de mercadorias .......... 13.900 2.000 6.000 21.900 PASSIVO CIRCULANTE Duplicata a pagar Imposto a pagar ........ 3.100 1.200 4.300 ATIVO NÃO CIRCULANTERealizável A Longo Prazo Duplicata a receber .......... 3.000 PASSIVO NÃO CIRCULANTE Títulos a pagar ........ 5.000 – 111 – Balanço patrimonial Balanço Patrimonial Ativo Passivo 2004 2004 IMOBILIZADO Móveis e utensílios (–)Depreciação ........ 7.000 (700) 6.300 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital social Reservas Lucro acumulado .......... 14.000 1.000 6.900 21.900 Total 31.200 Total 31.200 Veja que, no Balanço Patrimonial, podemos ter contas com sinal nega- tivo. Elas são denominadas de contas retificadoras. No ativo, podemos ter as contas de perda no valor do estoque, desconto de duplicatas, provisão para devedores duvidosos, depreciação acumulada, amortização acumulada, exaus- tão acumulada e perda na avaliação dos investimentos. No passivo, podemos ter a conta de prejuízo acumulado. 7.5 Passos para elaborar o balanço patrimonial Após apurar o resultado, você deverá elaborar as demonstrações contábeis. Para elaborar o Balanço Patrimonial, você deve seguir os seguintes passos. 1º passo: elaborar a estrutura do Balanço Patrimonial, deixando espaço entre os grupos e subgrupos para podermos incluir as contas nos seus respectivos lugares. 2º passo: transcrever as contas que representam bens e direitos, com seus respectivos saldos, para o lado do ativo. 3º passo: transcrever as contas que representam as obrigações e o patrimônio líquido, com seus respectivos saldos, para o lado do passivo. – 112 – Contabilidade Básica 4º passo: somar os valores do lado do ativo e também do passivo. Esses montantes deverão ser iguais. Veja como ficou o Balanço Patrimonial da empresa do Sr. João. Balanço Patrimonial Ativo Passivo 2004 2004 ATIVO CIRCULANTE Caixa Duplicata a receber ... 1.869 100 1.969 PASSIVO CIRUCLANTE Duplicata a pagar Salário a pagar ... 150 300 450 ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Prejuízo acumulado ... 2.000 (481) 1.519 Total 1.969 Total 1.969 Capital próprio: R$ 1.519, Capital de terceiros: R$ 450, Aplicações: R$ 1.969, Origens: R$ 1.969, Para concluir, destacamos que, se você analisar o Balanço Patrimonial, poderá identificar o nível de endividamento, a capacidade que a empresa tem de quitar suas dívidas (liquidez) e a imobilização dos seus recursos. Conclusão O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil que evidencia todas as contas patrimoniais e o resultado apurado no final do exercício social. Por meio dele, podemos gerar diversas informações que serão úteis no processo de tomada de decisão. Referências – 114 – Contabilidade Básica BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Princípios Fundamentais de Contabilidade – Resolução CFC n. 750. Publicada no DOU, em 18 de janeiro de 1995. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/>. Acesso em: 3 abr. 2006. ______. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações) – Dispõe Sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <http:// www.sef.rj.gov.br/legislacao/financeira/basica/leis_federais/lei_fed_6404. shtml>. Acesso em: 21 mar. 2006. ______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007 (Nova Lei das Sociedades por Ações) – Dispõe Sobre Alterações as Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 16 junho 2014. ______. Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009 – Dispõe Sobre Alterações a lei das Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37. Acesso em: 16 junho 2014. ______. Resolução n. 774, de 16 de dezembro de 1994. Apêndice à resolução sobre os princípios fundamentais de contabilidade. Disponível em: <http:// www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/resolucaocfc774.htm>. Acesso em: 9 out. 2007. EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006. FAVERO. H. L. et al. Contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1997. ______. Contabilidade geral. São Paulo: Atlas, 1997. IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Curso de contabilidade para não con- tadores. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações – FIPECAFI. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2000. ______.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. MANUAL DE CONTA- BILIDADE SOCIETÁRIA: Aplicável a todas as Sociedades de Acordo – 115 – Referências com as Normas Internacionais e do CPC – FIPECAFI.1ª. ed. São Paulo: Atlas,2010 ______. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997. MARION, J. C. Contabilidade básica. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. _______. Contabilidade geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. MARION, J. C. Contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. NEVES, S. das; VICECONTI, P. E. V. Contabilidade básica e estrutura das demonstrações financeiras. 12. ed. São Paulo: Frase, 2004. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica fácil. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. ______. Contabilidade geral fácil. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. SÁ, L. de. Plano de contas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998. TEIXEIRA, J. M. Contabilidade geral III. In: Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS); Empresa de Educação Continuada (EDUCON). Ciências Contábeis. Palmas-TO, 2006. (Apostila EAD) Curitiba 2018 Contabilidade Básica II Faculdade Educacional da Lapa (Organização) Doriane Braga Nunes Bilac Valtuir Soares Filho Sumário Contabilidade Básica II | 117 1 Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais | 121 2 Registro das operações de compra e venda de mercadorias | 137 3 Inventário periódico e permanente de mercadorias | 151 4 Operações com folha de pagamento | 165 5 Operações financeiras | 171 6 Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas | 183 7 Elaboração do balanço patrimonial | 195 Referências | 205 1 Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais Neste capítulo, veremos as noções básicas de contabilidade, com ênfase na escrituração, nas contas, nos lançamentos, utilizando o método das partidas dobradas e noções de débito e crédito. A compreensão da metodologia contábil nas entidades será uma constante no seu dia a dia como contador. A partir de agora, sua inserção nas práticas contábeis irá cada vez mais aprofundar‑se. Então, mãos à obra, e vamos iniciar a viagem prometida nos caminhos da contabilidade apresentada na introdução deste livro. – 122 – Contabilidade Básica II 1.1 O patrimônio das entidades comerciais Toda entidade possui um patrimônio que é registrado pela contabili‑ dade. O patrimônio é a essência da contabilidade, pois esta controla todas as riquezas e nos fornece subsídios para que tenhamos informações detalhadas do desempenho e da evolução do patrimônio, em um determinado período. Ao registrar esses fatos administrativos, a contabilidade terá condições de fornecer informações sobre a situação patrimonial, situação econômica e situação financeira da empresa, sempre que solicitada. Sendo assim, podemos definir patrimônio como sendo o conjunto de bens, direitos e obrigações das empresas (entidades ou aziendas). Mas vejamos o que significa cada um dos elementos do patrimônio. 2 Bens: são coisas capazes de satisfazerem as necessidades do ser humano e que são suscetíveis de avaliação econômica. Podem ser classificados em bens de uso (prateleiras, máquinas, calculadoras), bens de venda (mercadorias) e bens de consumo (papel, caneta, material de limpeza). 2 Direitos: são todos os valores que a empresa tem a receber de ter‑ ceiros. Ao serem registrados, recebem o nome do documento acres‑ cido da expressão a receber (duplicata a receber, nota promissória a receber). 2 Obrigações: são todos os valores que a empresa deve pagar a ter‑ ceiros. Ao serem registrados, recebem o nome do documento acres‑ cido da expressão a pagar(duplicata a pagar, nota promissória a pagar, impostos a pagar). 1.1.1 A composição do patrimônio O patrimônio das empresas é composto por ativo e passivo. 2 Ativo: é o lado esquerdo do gráfico patrimonial. Recebe esse nome porque é composto pelos bens e pelos direitos, que formam o con‑ junto dos elementos positivos da empresa. 2 Passivo: é o lado direito do gráfico patrimonial. Recebe esse nome porque é composto pelas obrigações, as quais formam o grupo dos elementos negativos da empresa. – 123 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais O patrimônio está representado pela situação gráfica a seguir: Tabela 1 Formação do patrimônio. Formação do patrimônio Ativo (A) Passivo (P) Bens (B) 100 Direitos (D) 80 Obrigações (O) 50 Patrimônio Líquido (PL) 130 Total Ativo 180 Total Passivo 180 Importante: a legislação entende que o patrimônio líquido é a dife‑ rença entre o total do ativo e o total das obrigações. Representa a riqueza que a empresa possui e será composto por apenas três elementos: capital, reservas e lucros ou prejuízos acumulados. A equação existente entre os elementos patrimoniais pode ser representada pelo seguinte diagrama: Ativo = obrigações + patrimônio líquido (Bens + Direitos) = Obrigações + (Capital + Reservas + Lucro) 1.2 A escrituração Para a Contabilidade alcançar a função de controle do patrimônio, há a necessidade de registrar todos os fatos que ocorrem na empresa. Este registro é feito pela da escrituração. A escrituração, uma das técnicas da contabilidade, consiste em registrar nos livros próprios (diário, razão, etc.), por meio do lançamento, todos os fatos que modificam o patrimônio da empresa. No processo de registro dos fatos que incidem sobre o Patrimônio da empresa, utiliza‑se uma conta. Para Ribeiro (1999) conta, em contabilidade, é o nome técnico dado aos componentes patrimoniais (bem, direito, obriga‑ ção) e aos elementos de resultado (receita e despesa). A conta pode representar um elemento isoladamente ou vários compo‑ nentes que tenham o mesmo fim. Se a conta está representando bem, direito ou obrigação, será classificada como conta patrimonial, mas, se estiver repre‑ sentando receita ou despesa, será classificada como conta de resultado. – 124 – Contabilidade Básica II Tabela 2 Estrutura de contas. Contas patrimoniais Contas de resultado Ativo Passivo Contas de Bens Caixa Veículo Conta de Direito Nota a receber Contas de Obrigações Fornecedores Nota a pagar Contas do PL Capital social Reservas Lucro ou prejuízo Receita Despesa Venda de mercadorias Receita de serviços Venda de ativos Gasto com água Gasto com mate‑ rial de limpeza Gasto com folha de pagamento Cada conta é representada hoje por fichas ou folhas soltas, cujo conjunto forma o livro chamado razão. Essas fichas ou folhas podem ter estruturas diferenciadas. O razão possui os seguintes elementos: título, data, histórico, coluna do débito, coluna do crédito, coluna que indica a natureza do saldo, coluna do saldo. Veja um exemplo a seguir: Tabela 3 Exemplo de extrato de livro razão. Título da Conta: Banco Itaú – conta corrente Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C 10/01/08 11/01/08 Depósito n. 123 Cheque n. 888 emi‑ tido em 10/01/08 100 80 100 20 D D 1.3 Noções de débito e crédito no lançamento contábil Os fatos realizados na empresa são registrados nos livros próprios, por meio da técnica denominada lançamento. Para efetuar o lançamento contábil, você precisa, antes de mais nada, identificar a conta devedora e a conta credora. – 125 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais No dia a dia, ou seja, na linguagem comum, débito significa dívidas e crédito significa valores a receber. Na contabilidade, do ponto de vista dos elementos patrimoniais (bens, direitos e obrigações), débito significa aplicação de recursos e crédito, origem de recursos. Portanto, evite, a partir de agora, ligar os significados técnicos com o que eles representam na sua linguagem comum. Vamos ver, agora, como se faz a localização de débito e crédito: 2 débito está no lado esquerdo da conta; 2 crédito está no lado direito da conta. Veja a seguir o esquema técnico para o registro das contas: Tabela 4 Regras para lançamento – contas patrimoniais. Contas patrimoniais Contas do ativo (Bens e Direitos) Contas do passivo (Obrigações) Débito Crédito Débito Crédito Quando seu valor aumenta Quando é aplicação Quando seu valor diminui Quando é origem Quando seu valor diminui Quando é aplicação Quando seu valor aumenta Quando é origem Todas as contas do ativo devem ter saldo devedor, exceto as retificadoras. Todas as contas do passivo devem ter saldo credor, exceto as retificadoras. Tabela 5 Regras para lançamento – contas de resultado. Contas de resultado Contas de receitas Contas de despesas Débito Crédito Débito Crédito Quando seu valor é cancelado Quando seu valor aumenta Porque é origem de recurso Quando seu valor aumenta Porque é aplicação de recurso Quando seu valor é cancelado Todas as contas de Receita devem ter saldo credor. Todas as contas de Despesa devem ter saldo devedor. – 126 – Contabilidade Básica II Como você pôde observar, há regras específicas para registrar a movi‑ mentação de cada elemento patrimonial. Tenha sempre em mente essas regras, pois são elas que fundamentarão todo o processo contábil. A contabilidade utiliza‑se das contas para efetuar os registros contábeis. Os registros realizados nas contas serão feito por meio do razonete, ou seja, por uma simplificação do livro Razão, em que são usadas somente as colunas de débito e crédito. Tabela 6 Exemplo de extrato de livro razão. Título da conta: Banco conta corrente‑ 620‑7 itaú Data Histórico Débito Crédito Saldo D/C A função de cada razonete é possibilitar o registro dos valores movimen‑ tados em cada elemento patrimonial e informar o seu respectivo saldo, em um determinado momento. Cada razonete possui os seguintes elementos: título da conta, coluna esquerda (débito), coluna direita (crédito) e saldo. Nome da conta Conta banco Lado do Débito R$ Lado do Crédito R$ ... 200 300 50 150 Saldo Devedor Saldo Credor Soma 500 Soma 200 Saldo 300 1.4 A base da contabilidade – o método das partidas dobradas Para registrar os valores nos razonetes, devemos utilizar o Método das Partidas Dobradas. Esse método tem como princípio fundamental o fato de que, para cada lançamento a débito de uma ou mais contas, deverá corres‑ ponder um crédito equivalente ao mesmo valor em uma ou mais contas, ou seja, não há débito sem crédito correspondente. Como para cada débito, há um crédito equivalente, então a soma dos valores debitados será igual à soma dos valores creditados. Como a natureza – 127 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais dos saldos corresponde à diferença entre os valores debitados e creditados na mesma conta, a soma dos saldos devedores será igual aos valores da soma dos saldos credores. E, também, o total do ativo será igual ao total do passivo. Como consequencia do método das partidas dobradas, o registro de um fato administrativo exige a movimentação de, no mínimo, duas contas. Por essa razão, é conhecido como partida dobrada. Assim, não há devedor sem credor. Este método foi divulgado pela primeira vez, na cidade de Veneza, Itália, em 10 de novembro de 1494, pelo frade Luca Paccioli. É o método que foi empregado pelos comerciantes desde o século XV, e até hoje é utilizado pelos contabilistas, ou seja, é um método de uso universal. Veja, a seguir, um exemplo de registro pelo Método das Partidas Dobradas: Tabela 7 Lançamento contábil. Fato Compra de um veículo, à vista, no valor de R$ 8.000. Débito Veículo 8.000 É um bem, está no ativo, aumentou de valor. Crédito Banco 8.000 É um bem, está no ativo diminuiu de valor. 1.5 O balancete de verificação Após o registrodos fatos, há a necessidade de verificar se todos os lança‑ mentos foram realizados, sem omissão de valores entre os débitos e os crédi‑ tos. A ferramenta contábil que permite fazer essa verificação é o balancete de verificação, ou simplesmente balancete. A forma mais comum de balancete é a de duas colunas, em que você tra‑ balhará com o saldo de cada uma das contas. Entretanto, há outros modelos mais completos, trazendo outras informações, como o balancete de quatro, seis ou oito colunas. Suponhamos que uma empresa realizou as seguintes transações: a) constituição da empresa com dinheiro, no valor de R$ 1.000; b) compra de mercadorias à vista, no valor de R$ 300,00; c) compra, à vista, de um móvel, no valor de R$ 200. – 128 – Contabilidade Básica II Tabela 8 Lançamento contábil. Registro no Livro Diário Fato 1 Fato 2 Fato 3 Debitar: caixa 1.000 Creditar: capital 1.000 Debitar: mercadorias 300 Creditar: caixa 300 Debitar: móvel 200 Credita: caixa 200 Registro nos Razonetes (Livro Razão) Caixa Mercadorias Móvel Capital 1.000 300 200 (3) 300 (4) 200 (5) 1.000 (1) 1.000 (2) 500 Tabela 9 Lançamento contábil. Balancete de verificação Contas Movimento Saldo Devedor Credor Devedor Credor 1 2 3 4 Caixa Mercadorias Móvel Capital (1) 1.000 (3) 300 (4) 200 ...... (2) 500 ..... ..... (5) 1.000 500 300 200 .... .... ... ... 1.000 Totais 1.500 1.500 1.000 1.000 1.6 A constituição de uma entidade comercial A constituição de uma entidade deverá ser feita por meio da elaboração do contrato social ou do estatuto social. A legalização se dá através do registro dos atos constitutivos nas repartições públicas (Junta Comercial, Secretaria da Receita Federal, Prefeitura Municipal da localidade, Secretaria da Fazenda do Estado, Previdência Social, Delegacia Regional do Trabalho). E, dependendo do ramo de atividade a ser desenvolvido, poderá ainda estar sujeita a registros em outros órgãos e à concessão de alvarás. – 129 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais 1.6.1 A definição do tipo da entidade Para definir o que seja uma empresa comercial, vamos analisar a con‑ versa entre Ana e o administrador Pedro: A função do contador, no processo de constituição de uma entidade, que chamamos de abertura de empresa, será orientar o futuro empresário na adoção do regime comercial a ser adotado na futura entidade. As formas jurídicas mais comuns são: – 130 – Contabilidade Básica II 2 empresário individual; 2 sociedade limitada – Ltda; 2 sociedade anônima – SA. Mas a escolha não fica por aí na abertura de uma entidade, há aquelas que funcionam com fins lucrativos e aquelas que funcionam sem fins lucrativos. Comece a familiarizar‑se com esses situações, visitando o site governamental <http://www.jucetins.to.gov.br>, para entender os passos e a documentação necessária para a abertura de uma empresa. 1.7 Entidade comercial: conceito de seus elementos Para a empresa iniciar suas atividades, necessitará de recursos. Esses recursos são fornecidos pelo titular (se empresa individual), acionistas (se for uma sociedade por ações) ou cotistas (se for empresa de responsabilidade limitada). O montante inicial, denominado de capital social, está discriminado no contrato social ou no estatuto social, sendo estes instrumentos a base para o registro do capital. Na fase de constituição da empresa, os sócios ou o proprietário efetuam uma série de gastos necessários à sua organização e instalação. Esses gastos, normalmente, envolvem as despesas de legalização (pagamento ao contador pelo serviço prestado, pagamentos de taxas nas repartições públicas, compras de impressos, compra de livros fiscais) e as despesas com reformas (pagamento a pedreiros, engenheiros, decoradores, pintores, treinamento de pessoal), assim como aquisições de bens (equipamentos, móveis, material de expediente), para que possa desenvolver sua atividade econômica. 1.7.1 Conceito de capital Capital é o total de recursos (dinheiro vivo, bens ou direitos) que são aplicados para o início de um determinado empreendimento. Esse capital pode aumentar ou diminuir. Essas alterações acontecem de acordo com a vontade dos sócios ou acionistas. Citamos, como exemplo de – 131 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais acréscimo a aplicação de novos recursos pelo proprietário da empresa e, como diminuição, a retirada de um sócio ou acionista da empresa. Mas você deve distinguir, no momento da constituição da empresa, o capital que foi simplesmente registrado, ou seja, que consta no Contrato Social e o que foi efetivamente realizado, isto é, aplicado na empresa. Digamos que Ana e Carlos estão combinando a constituição de uma empresa. Analise o diálogo dos dois: Na elaboração do contrato, constará um total de R$ 2.000, sendo que cada sócio está subscrevendo (prometendo) R$ 1.000. No caixa da empresa, estará registrado R$ 1.300, representando, neste momento, a realização ou integralização do capital. Mas a empresa ainda tem a receber R$ 700 do Sr. Carlos, este é denominado de capital a realizar. Analisando o texto acima, podemos concluir os seguintes conceitos: 2 capital subscrito: é o valor que está descrito no contrato social. Também é conhecido por capital nominal, capital inicial, capi‑ tal social; 2 capital integralizado: é o valor que os sócios ou acionistas depo‑ sitaram no caixa ou na conta banco da empresa. Também é conhe‑ cido como capital realizado; 2 capital a realizar: é o valor que o sócio ou acionista deve, ainda, entregar para a empresa. Também é conhecido como capital a integralizar. – 132 – Contabilidade Básica II Ao analisar um balanço patrimonial, você poderá identificar os três con‑ ceitos acima, assim como os dois termos descritos a seguir: 2 capital próprio: corresponde ao valor total do Patrimônio Líquido; 2 capital de terceiros: são os recursos que a empresa obteve com ter‑ ceiros, ou seja, são todas as obrigações, de curto e de longo prazo, assumidas pela empresa. Tabela 10 Balanço patrimonial simplificado. Balanço patrimonial Ativo Passivo Ativo Circulante 130 Ativo Não Circulante Realizável Longo Prazo 100 Imobilizado 300 Passivo Circulante 150 Passivo Não Circulante Outras contas a pagar 50 Patrimônio Líquido Capital 300 (‑) Capital a realizar (70) Lucro 100 330 Total do Ativo 530 Total do Passivo 530 1.7.2 O registro do capital da empresa de Ana e Carlos Sociedade é a reunião de duas ou mais pessoas para exercer uma atividade comum. Na sociedade limitada, os sócios têm responsabilidade limitada ao valor do capital social (Decreto‑Lei n. 3.708, de 10/01/1919). Veja como são realizados os lançamentos de constituição do capital. a) Subscrição do capital Debitar o capital a realizar Ana R$ 1.000 Debitar o capital a realizar Carlos R$ 1.000 Creditar o capital social R$ 2.000 – 133 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais b) Integralização do capital Debitar o caixa r$ 1.300 Creditar o capital a realizar Ana R$ 1.000 Creditar o capital a realizar Carlos R$ 300 1.7.3 Os primeiros passos da empresa, a compra do imóvel para se instalar Se o empresário comprar um imóvel para instalar sua empresa, você, como contador, deverá registrar o valor do terreno, do prédio e dos tributos incidentes sobre essa aquisição. O lançamento será realizado da seguinte maneira. Compra do imóvel e pagamento de despesas Debitar: imóveis e edificações R$ 800 Debitar: terrenos R$ 200 Creditar: caixa (avista) ou conta a pagar (a prazo) R$ 1.000 1.7.4 A compra dos móveis e utensílios Esses bens serão utilizados na empresa para o seu funcionamento. O registro da aquisição desses bens é feito da seguinte maneira: Debitar: móveis e utensílios R$ 200 Creditar: caixa (à vista) ou duplicata a pagar (a prazo) R$ 200 1.8 O planejamento das contas na empresa aberta Assim como o piloto de um avião não decola semo plano de voo, o contador não deve iniciar uma escrituração sem elaborar um programa e sem estabelecer um plano de ação detalhado. Nesse estudo preliminar, o contador deverá conhecer a empresa, as ativi‑ dades que ela desenvolve, os objetivos que deseja alcançar e os aspectos admi‑ – 134 – Contabilidade Básica II nistrativos que merecem um maior controle gerencial. Agindo dessa forma, o contador terá condições de elaborar um planejamento, de acordo com as necessidades específicas da entidade. O resultado desse planejamento é uma relação de contas que será utilizada como guia para o registro dos fatos contábeis. Não significa uma relação de contas das mais variadas possíveis e nem estranhas às atividades da entidade. São contas necessárias para demonstrar a verdadeira situação patrimonial da entidade em questão. Essa relação é conhecida como plano de contas. O plano de contas é um elenco de todas as contas, que se prevê sejam necessárias aos registros contábeis de uma determinada entidade. Ele se destina a orientar o registro das operações da empresa e é o principal instrumento de consulta e base para uniformizar o trabalho de escrituração contábil. a) Princípios de Contabilidade – PC ‑ (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10) b) As normas legais estabelecidas pelas Leis n. 6.404/76, Lei 11.638/2007 e 11.941/2011; c) A legislação específica do ramo de atividade exercido pela empresa. Lembre‑se de que cada empresa terá um plano de contas próprio. Entre‑ tanto, após a aprovação da Lei n. 6.404/76 (Lei das S/A), alterada pelas Leis n. Lei 11.638/2007 e 11.941/2011, a estrutura do Plano de Contas passou a ser uniforme, ou seja, comum para todas as formas societárias. No entanto, há algumas entidades que são obrigadas a seguir Planos de Contas já elabo‑ rados, tais como: a) entidades da administração pública: municípios, estado, União, autarquias devem obedecer a um plano de contas, estabelecido na Lei n. 4.320/64; b) empresas de energia elétrica: são obrigadas a usar o plano de con‑ tas do Serviço Público de Energia Elétrica, elaborado de acordo com a orientação do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica do Ministério das Minas e Energia – Decreto Lei n. 82.962 de 29 de dezembro de 1978; – 135 – Procedimentos contábeis básicos: escrituração, contas, registros iniciais c) entidades do sistema financeiro: O Banco Central do Brasil (Bacen), criado em 1964, determina normas e pareceres cabíveis a todas as instituições que trabalham com valores monetários e títulos de créditos. Editou o Plano de Contas dos Bancos, conforme circu‑ lar n. 387 de 20 de julho de 1978, de uso obrigatório, a partir de 31 de dezembro de 1978, pelas entidades do sistema financeiro. 1.8.1 Estrutura legal do plano de contas Quanto à disposição das contas, temos o seguinte: em primeiro lugar, aparecem as contas patrimoniais, com os grupos e subgrupos do ativo e do passivo, que fazem parte do Balanço Patrimonial e, em seguida, as contas de resultado que fazem parte da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE. Apresentamos, a seguir, a estrutura legal do Plano de Contas de acordo com a lei n. 6.404/76 e 11.638/7. Tabela 11 Estrutura do plano de contas. A – Contas patrimoniais 1 – Ativo 2 – Passivo 1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Disponível 1.1.2 Direitos 1.1.3 Estoques 1.1.4 Despesas Antecipadas 1.2 Ativo Não Circulante 1.2.1 Realizável a longo prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.3 Imobilizado 1.3.3 Intangível 2.1 Passivo Circulante 2.2 Passivo Não Circulante 2.3 Patrimônio Líquido 2.3.1 Capital Social 2.3.2 Reservas 2.3.3 Ajustes de Avaliação 2.3.4 Reserva de Lucros 2.3.5 Ações em Tesouraria 2.3.6 Prejuízos Acumulados – 136 – Contabilidade Básica II B – Contas de resultado 3 – Despesas e Custos 3.1 Despesas operacionais 3.2 Custos operacionais 3.3 Outras Despesas operacionais 4 – Receitas 4.1 Receitas operacionais 4.2 Outras Receitas operacionais 5 – Apuração do resultado 5.1 Resultado bruto 5.2 Resultado líquido Conclusão Os conceitos básicos de contabilidade são essenciais para o registro e controle do patrimônio. Cada elemento do patrimônio deve receber um nome (contas), que, ao ser registrado (lançamento), receberá um valor, e este poderá aumentar ou diminuir (débito e crédito). Para confirmarmos se os registros obedeceram ao método das partidas dobradas, devemos elaborar o balancete de verificação. O patrimônio é demonstrado por meio de uma tabela de duas colunas, conhecida como balanço patrimonial. O lado esquerdo é conhecido como ativo (bens e direitos) e o lado direito é conhecido como passivo (obrigações exigíveis e patrimônio líquido). Entidade é toda pessoa capaz de adquirir bens e direitos e contrair dívi‑ das. A constituição legal de uma entidade ocorre mediante a elaboração e registro nos órgãos competentes do contrato social ou estatuto social. Seguida a constituição de uma entidade, o contador irá registrar os fatos contábeis por ela praticados, utilizando um planejamento prévio das contas, denominado plano de contas, ou seja, um rol de todas as contas que sejam neces‑ sárias para o registro das operações realizadas por uma determinada entidade. A estrutura deste plano está normatizada na Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das Sociedades por Ações), 11. 638, de 27 de dezembro de 2007 e Lei 11.941/2011; 2 Registro das operações de compra e venda de mercadorias As mercadorias compreendem todos os bens que as empre- sas compram para revender. Entretanto, o que diferencia a compra de um bem classificado como mercadoria dos outros bens adquiri- dos é o fato de que aqueles são adquiridos para revenda e os outros são destinados ao uso ou consumo interno da empresa. Essas merca- dorias, adquiridas para revenda, recebem, também, a denominação de bens de venda. Mas, para que possamos apurar o resultado (lucro ou pre- juízo) que a empresa obtém ao revender as mercadorias, há a neces- sidade de calcularmos o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). – 138 – Contabilidade Básica II Bem, neste momento você pode estar pensando: como posso calcular o CMV? Como posso controlar as entradas e saídas de mercadorias do estoque? Como posso registrar as transações de compra e venda? O que pode modificar os valores das compras e vendas? Todas essas perguntas serão respondidas neste capítulo. 2.1 Compra de mercadorias Como vimos anteriormente, as empresas comerciais compram mercado- rias para revendê-las. Essas compras podem ser realizadas à vista ou a prazo. Quando compramos à vista, o pagamento é realizado no ato da compra. Quando compramos a prazo, criamos uma obrigação, junto ao fornecedor para pagamento futuro. 2.1.1 Valor das mercadorias compradas a) Valor da compra O valor a ser lançado é o valor efetivamente pago ou a ser pago pela mer- cadoria adquirida. Em outras palavras, o lançamento de registro das compras de mercadorias será realizado pelo valor total da nota fiscal, que compreende o valor da mercadoria, com ICMS já incluso e, se houver, o valor do IPI apre- sentado na nota fiscal. Compra de mercadoria à vista Debitar: conta Estoque de Mercadoria Creditar: conta Caixa R$ 3.300 R$ 3.300 Compra de mercadoria a prazo Debitar: conta Estoque de Mercadoria Creditar: conta Duplicata a Pagar R$ 3.300 R$ 3.300 É conveniente destacar que o valor de aquisição das mercadorias poderá sofrer alterações. Isso acontece devido a alguns elementos que constam na Nota Fiscal e que acabam alterando o valor de aquisição das mercadorias, – 139 – Registro das operações de compra e venda de mercadorias tais como: impostos sobre as compras, descontos incondicionais sobre as compras, devolução de compras, fretes e seguros sobre as compras. Veja, a seguir, como registrar os fatos que alteram (aumentando ou diminuindo) o valor das compras. b) Valor do frete e do seguro na compra Se a empresa que está comprando as mercadorias responder pelo valor do fretedo que foi adquirido até o seu estabelecimento comercial, bem como pelo seguro da mercadoria transportada, tais valores deverão ser somados ao seu custo de aquisição. O registro desse fato é: Se a transação for à vista Debitar: conta Estoque de Mercadoria Creditar: conta Caixa (valor da mercadoria + frete sobre compra + seguro sobre a compra) R$ 3.300 R$ 3.300 Se a transação for a prazo Debitar: conta Estoque de Mercadoria Creditar: conta Duplicata a pagar (valor da mercadoria) Creditar: conta Frete a pagar Creditar: conta Seguro a pagar R$ 3.300 R$ 2.500 R$ 500 R$ 300 c) Devolução de mercadorias compradas A devolução de compra ocorre devido ao produto não estar nas condi- ções que foram combinadas no ato da compra. Como a empresa não ficará com o produto, ela deve registrar o valor que está sendo devolvido. Seu regis- tro será: Debitar: conta Caixa ou a Duplicata a pagar Creditar: conta Estoque de Mercadorias R$ ... R$ ... É conveniente ressaltar que raramente a empresa que está devolvendo a mercadoria recebe imediatamente o dinheiro. O mais comum é criar uma conta denominada Créditos a receber, para devolução de mercadorias. – 140 – Contabilidade Básica II d) Desconto ou abatimento incondicional obtido Desconto Incondicional Obtido é o desconto que a empresa ganha, no ato da compra da mercadoria. É também conhecido como Desconto Comercial na Compra. Seu valor irá diminuir o custo da mercadoria comprada. O registro do desconto incondicional obtido é realizado da seguinte maneira: Debitar: conta Estoque de Mercadorias (valor total) Credito: Conta Caixa R$ ... R$ ... Debitar: conta Caixa Credito: Conta Estoque de Mercadoria (Valor do desconto) R$ ... R$ ... e) Tributos incidentes na compra Para fins de informação, citamos: 2 ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mer- cadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação; 2 IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados. 2.2 O valor da venda de mercadorias Como vimos anteriormente, as empresas comerciais vendem mer- cadorias para obter o lucro. Essas vendas podem ser realizadas à vista ou a prazo. Quando vedemos à vista, há o recebimento no ato da venda e, quando vendemos a prazo, criamos um Direito junto ao cliente para recebimento futuro. a) Valor da venda O valor a ser lançado é o valor efetivamente recebido ou a ser recebido pela mercadoria vendida. Em outras palavras, o lançamento de registro das vendas de mercadorias será realizado pelo valor total da nota fiscal de venda, que compreende o valor da mercadoria, com ICMS já incluso. – 141 – Registro das operações de compra e venda de mercadorias Venda de mercadoria à vista (registro da receita) Debitar: conta Caixa Creditar: conta Venda de Mercadorias R$ 3.300 R$ 3.300 Venda de mercadoria a prazo (registro da receita) Debitar: conta Duplicata a Receber Creditar: conta Venda de Mercadorias R$ 3.300 R$ 3.300 Venda de mercadoria (registro da baixa) Debitar: conta Custo da Mercadoria Vendida Creditar: conta Estoque de Mercadorias R$ 2.500 R$ 2.500 É conveniente destacar, também, que o valor de venda das mercadorias poderá sofrer alterações. Isso acontece devido a alguns elementos que cons- tam da Nota Fiscal, que acabam alterando o valor de venda das mercadorias, tais como: impostos sobre as vendas, descontos incondicionais sobre as ven- das e devolução de vendas. Veja, abaixo, como registrar os fatos que alteram (aumentando ou diminuindo) o valor das vendas. b) Devolução de mercadorias vendidas A devolução de venda ocorre devido ao produto não estar nas condições que foram exigidas no ato da venda. Como a empresa receberá o produto de volta, ela deve cancelar a venda registrada anteriormente. O registro é: Debitar: conta Estoque de Mercadorias Creditar: conta Caixa ou Duplicata Receber R$ ... R$ ... c) Desconto ou abatimento incondicional concedido Desconto Incondicional Concedido é o desconto que a empresa dá para o cliente, no ato da venda da mercadoria. É também conhecido como des- conto comercial na venda. A contabilização do desconto incondicional con- cedido é realizada da seguinte maneira: Debitar: conta Caixa ou Duplicata a Receber Debitar: desconto Incondicional Concedido Crédito: conta Venda de Mercadoria R$ ... R$ ... R$ ... – 142 – Contabilidade Básica II d) Tributos incidentes na venda Para fins de informação, os mais comuns são: 2 ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mer- cadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação; 2 IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados (para indústria); 2 ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (para presta- dora de serviço); 2 PIS – Programa de Integração Social; 2 COFINS – Contribuição Social sobre o Faturamento. 2.3 Apuração do Custo da Mercadoria Vendida (CMV) Custo é o gasto que está diretamente relacionado à obtenção de um produto que será vendido pela empresa. Normalmente, as empresas utilizam o sistema de Inventário Periódico para registrar os fatos referentes a compras e vendas. A empresa que adota esse sistema faz, no final do ano, um inventário físico, ou seja, uma contagem do estoque de mercadorias da empresa, determinando o estoque final. Conhecido o estoque final, aplica-se a seguinte fórmula para calcular o CMV: Fórmula para calcular o CMV CMV = Estoque Inicial + Compras líquidas – Estoque Final Fórmula para calcular as compras líquidas Compra Líquida = compras – devoluções de compra – desconto incondicional obtido na compra – ICMS sobre a compra + frete na compra + seguro na compra 2.4 Resultado da venda de mercadorias O resultado das transações realizadas com as mercadorias é conhe- cido como Resultado Bruto do Exercício ou simplesmente Lucro Bruto. – 143 – Registro das operações de compra e venda de mercadorias Esse resultado poderá ser lucro ou prejuízo. A fórmula para calcular esse resultado é: Fórmula para calcular o resultado da conta mercadorias Lucro Bruto = Vendas Líquidas – Deduções com as vendas – CMV Fórmula para calcular as vendas líquidas Venda Líquida = vendas – devoluções de venda ‑ desconto incondicional concedido na venda – ICMS sobre a venda – PIS sobre faturamento – COFINS sobre as vendas. 2.5 Métodos para o registro das operações com mercadorias Existem dois métodos para registrar e controlar a conta de mercadorias: 2 método da Conta Mista; 2 método da Conta Desdobrada. 2.5.1 Método da conta mista Esse método não é mais utilizado pelos contabilistas. Porém, como fonte de informação, apresentamos seu conceito. O método da Conta Mista usa uma única conta para registrar todas as transações realizadas com as mercadorias. Essa conta é denominada de mer- cadorias. Nessa conta, serão registradas as compras, vendas, devoluções de compra e de venda, estoque inicial e final de mercadorias, apresentando ainda seu resultado (Lucro ou Prejuízo). Podemos concluir então que esta conta é considerada mista por apre- sentar duas funções: 2 a função de Conta Patrimonial, por registrar o estoque inicial e final; 2 a função de Conta de Resultado, por registrar o movimento de compras e de vendas e do resultado (Lucro ou Prejuízo). – 144 – Contabilidade Básica II 2.5.2 Método da conta desdobrada Este é o mais usado pelos contabilistas, para registrar as operações com mercadorias. O Método da Conta Desdobrada consiste em desdobrar a conta Mercadorias em várias outras. Cada conta terá uma função específica. Veja alguns exemplos de contas: 2 mercadorias; 2 compras de mercadorias; 2 compras anuladas; 2 descontos incondicionais sobre a compra; 2 vendas de mercadorias; 2 devolução de vendas; 2 descontos incondicionais sobre a venda, etc. Dentro desse método, podemos usar dois sistemas para contro- lar monetariamente os estoques: Inventário Periódico e o Inventário Permanente. 2 Inventário periódico:consiste em controlar o valor do estoque a cada período contábil. Assim, o valor do estoque só é conhecido ao final do período, mediante levantamento físico (contagem física) das mercadorias ( expressão de fim de ano “Empresa Fechada para Balanço”). 2 Inventário permanente: consiste em controlar diaria‑ mente o valor do estoque de mercadorias. Assim, a cada compra realizada, seu valor (custo) é incluído no estoque; e a cada venda efetuada, seu valor (custo) é diminuído do estoque, possibilitando atualização constante e perma‑ nente do estoque de mercadorias. – 145 – Registro das operações de compra e venda de mercadorias 2.6 Método da conta desdobrada usando o inventário periódico Este sistema usa três contas para registrar todas as transações realizadas com as mercadorias. Essas contas são denominadas de: 2 estoque de mercadorias; 2 compras de mercadorias; 2 vendas de mercadorias. A conta Estoque de Mercadorias registrará o estoque inicial e o final de mercadorias. A conta Compras de Mercadorias registrará o valor das compras, das devoluções de compras, frete sobre as compras, seguro sobre as compras, descontos incondicionais sobre a compra. Já a conta Vendas de Mercado- rias registrará as vendas, as devoluções de venda, os descontos incondicionais sobre a venda. No final do exercício financeiro, os saldos dessas contas serão transfe- ridos para as Contas de Apuração do Resultado, a fim de identificar se a empresa obteve lucro ou prejuízo. Veja, agora, um exemplo prático do registro das transações com merca- dorias, usando a conta desdobrada e controlando o estoque pelo inventário periódico. Vamos supor que uma empresa que possuía no seu Caixa R$ 200 realizou as seguintes transações: 2 fato n. 1 – empresa comprou mercadorias do fornecedor Soares Ltda., conforme Nota Fiscal n. 10, no valor de R$ 80. A compra foi realizada à vista e em dinheiro; 2 fato n. 2 – a empresa devolve algumas mercadorias compradas do Fornecedor Soares Ltda., no valor de R$ 10, através da Nota Fiscal de Devolução n. 741 e recebe o dinheiro de volta, no ato; 2 fato n. 3 – a empresa vende mercadorias à vista, para sua cliente Carla, conforme Nota Fiscal n. 742, no valor de R$ 50; 2 fato n. 4 – a empresa recebe em devolução mercadorias que havia vendido para a cliente Carla, no valor de R$ 5. A empresa devolve o dinheiro correspondente no ato. Houve emissão da Nota Fiscal de Entrada n. 03. – 146 – Contabilidade Básica II Agora, veja como são realizados os lançamentos desses fatos: Fato n. 1 Debitar: Compras de Mercadorias R$ 80 Creditar: Caixa R$ 80 Fato n. 2 Debitar: Caixa R$ 10 Creditar: Compras de mercadorias (compra anulada) R$ 10 Fato n. 3 Debitar: Caixa R$ 50 Creditar: Venda de Mercadorias R$ 50 Fato n. 4 Debitar: Vendas de Mercadorias (venda anulada) R$ 5 Creditar: Caixa R$ 5 Veja, agora, a representação dos lançamentos acima nos razonetes. Lembramos que deve ser criado um razonete para cada conta, conforme exemplo abaixo. Caixa Compras Vendas SI 200 10 50 80 5 80 10 5 50 Soma 260 85 Saldo 175 70 45 Vamos supor que a empresa fechou sua loja e está fazendo o Inventário das Mercadorias que ainda possui, para revenda futura. No final dessa atividade, identificou que o Estoque Final de Mercadorias totalizava em valor monetário R$ 40,00. A empresa deseja saber qual foi o resultado de suas transações comerciais. Para calcular o resultado, você deverá aplicar as seguintes fórmulas: Fórmula para calcular as compras líquidas Compra Líquida = compras – devoluções de compra – desconto incondicional obtido na compra – ICMS sobre a compra + frete na compra + seguro na compra Compra líquida = 80 – 10 – 0 – 0 + 0 + 0 = 70 – 147 – Registro das operações de compra e venda de mercadorias Fórmula para calcular o CMV CMV = Estoque Inicial + Compras líquidas – Estoque Final CMV = 0 + 70 – 40 = 30 Fórmula para calcular as vendas líquidas Venda Líquida = Vendas brutas – devoluções de venda – desconto incon‑ dicional concedido na venda – ICMS sobre a venda – PIS – COFINS Venda Líquida = 50 – 5 – 0 – 0 – 0 – 0 = 45 Fórmula para lucro bruto Lucro Bruto = Vendas líquidas – CMV Lucro Bruto = 45 – 30 = 15 2.7 Método da conta desdobrada usando o inventário permanente Este sistema usa três contas para registrar todas as transações realizadas com as mercadorias. Essas contas são denominadas de: 2 estoque de mercadorias; 2 custo das mercadorias vendidas (CMV); 2 vendas de mercadorias. A conta Estoque de Mercadorias registrará o estoque inicial, o esto- que final, as compras, as devoluções de compras, os fretes sobre as com- pras, os seguros sobre as compras, os descontos incondicionais sobre a compra. Já a conta Vendas de Mercadorias registrará as vendas, as devolu- ções de venda, os descontos incondicionais sobre a venda. A conta CMV registrará o custo de aquisição das mercadorias que estão sendo baixadas do estoque. No final do exercício financeiro, os saldos dessas contas serão transfe- ridos para as Contas de Apuração do Resultado, a fim de identificar se a empresa obteve lucro ou prejuízo. – 148 – Contabilidade Básica II Veja agora um exemplo prático do registro das transações com merca- dorias, usando a conta desdobrada e controlando o estoque pelo inventário permanente. Vamos supor que uma empresa que possuía no seu Caixa R$ 500 realizou as seguintes transações: 2 fato n. 1 – empresa comprou mercadorias do fornecedor Nunes Ltda., conforme Nota Fiscal n. 11, no valor de R$ 100. A compra foi realizada à vista; 2 fato n. 2 – a empresa devolve algumas mercadorias compradas do Fornecedor Nunes Ltda., no valor de R$ 20, através da Nota Fiscal de Devolução n. 750; 2 fato n. 3 – a empresa vende mercadorias à vista, para sua cliente Paula, conforme Nota Fiscal n. 751, no valor de R$ 60 (custo dessa mercadoria R$ 40); 2 fato n. 4 – a empresa recebe em devolução mercadorias que havia vendido para a cliente Paula. A empresa devolve o dinheiro corres- pondente no ato, R$ 30. Houve emissão da Nota Fiscal de Entrada n. 02. (custo dessa mercadoria R$ 20). Agora, veja como são realizados os lançamentos desses fatos: Fato n. 1 Debitar: Estoque de Mercadorias ............................................R$ 100 Creditar: Caixa ........................................................................R$ 100 Fato n. 2 Debitar: Caixa ...........................................................................R$ 20 Creditar: Estoque de Mercadorias (compra anulada) ................R$ 20 Fato n. 3 Na venda devemos efetuar dois lançamen‑ tos: o da Receita e o da Baixa. Lançamento da receita: pelo valor total da venda Debitar: Caixa ...................................................................R$ 60 Creditar: Venda de Mercadorias .......................................R$ 60 Lançamento da baixa da mercadoria: pelo valor de custo Debitar: CMV ....................................................................R$ 40 Creditar: Estoque de Mercadorias .....................................R$ 40 – 149 – Registro das operações de compra e venda de mercadorias Fato n. 4 Na Devolução de Venda devemos efetuar dois lançamentos: o do Can‑ celamento da Receita e o do Cancelamento da Baixa de Mercadoria. Lançamento do cancelamento da receita: pelo valor proporcional da venda. Debitar: Venda de Mercadorias.........................................R$ 30 Creditar: Caixa ..................................................................R$ 30 Lançamento do cancelamento da baixa: pelo valor proporcional de custo. Debitar: Estoque de Mercadoria ........................................R$ 20 Creditar: CMV...................................................................R$ 20 Veja, agora, a representação dos lançamentos acima nos razonetes. Lem- bramos que deve ser criado um razonete para cada conta, conforme exemplo a seguir: Caixa Estoque mercadorias Vendas CMV SI 500 20 60 100 30 100 20 20 40 30 60 4020 Soma 580 130 120 60 Saldo 450 60 30 20 A empresa deseja saber qual foi o resultado de suas transações comerciais. Para calcular o resultado, você deverá aplicar as seguin- tes fórmulas: Fórmula para calcular as compras líquidas Compra Líquida = compras – devoluções de compra – desconto incondicional obtido na compra – ICMS sobre a compra + frete na compra + seguro na compra Compra líquida = 100 – 20 – 0 – 0 + 0 + 0 = 80 – 150 – Contabilidade Básica II Fórmula para calcular o CMV CMV = Estoque Inicial + Compras líquidas – Estoque Final CMV = 0 + 80 – 60 = 20 Fórmula para calcular as vendas líquidas Venda Líquida = Vendas brutas – devoluções de venda – desconto incon‑ dicional concedido na venda – ICMS sobre a venda – PIS – COFINS Venda Líquida = 60 – 30 – 0 – 0 – 0 – 0 = 305 Fórmula para lucro bruto Lucro Bruto = Vendas líquidas – CMV Lucro Bruto = 30 – 20 = 10 Conclusão Mercadorias são bens adquiridos para serem revendidos. O valor da compra de mercadorias pode aumentar, devido a gastos realizados pela empresa com o frete e o seguro, para trazer este bem até o seu estoque, mas há fatos que fazem o valor da compra diminuir, como as devoluções, os decontos obtidos e os impostos incidentes sobre a compra. O valor das vendas também pode alterar para menos, devido às devoluções, descontos concedidos e impostos incidentes sobre a venda. Para registrar as operações com mercadorias, a contabilidade desenvolveu dois métodos de registro: Método da Conta Mista e Método da Conta Desdobrada. O Método da Conta Mista utiliza apenas uma conta para registrar todas as transações de compra e venda de mercadorias. O Método da Conta Desdobrada utiliza diversas contas, para representar as operações de compra e venda com mercadorias. 3 Inventário periódico e permanente de mercadorias Constantemente, uma empresa compra mercadorias para revenda. No final do exercício financeiro, deve efetuar o levantamento das mercadorias compradas e ainda não vendidas (estoque final). Esse procedimento de levantar e de atribuir valores ao estoque de mercadorias é denominado de Inventário. As empresas utilizam duas formas para inventariar o estoque de mercadorias: o inventário periódico e inventário permanente. – 152 – Contabilidade Básica II Neste capítulo, apresentaremos como o Inventário Periódico de Mer‑ cadorias controla as entradas e saídas de mercadorias da entidade, calcula o Custo das Mercadorias Vendidas – CMV e apura o valor do estoque final de mercadorias no almoxarifado. Esse procedimento é necessário, para que a empresa possa apurar o resul‑ tado bruto (lucro/prejuízo bruto) e controlar o que possui em estoque. 3.1 Conceito de inventário e seus desdobramentos O inventário é o documento no qual se descrevem e se avaliam os componentes patrimoniais de uma entidade, no todo ou em parte. É um arrolamento de bens. Quando fazemos o inventário de mercadorias, esta‑ mos discriminando cada espécie de mercadoria e seu valor. Dessa forma, temos uma descrição analítica do elemento patrimonial denominado Mercadorias. O total apurado no inventário aparecerá de forma sintética no Balanço Patrimonial. É um dos meios utilizados pelos gestores para a fiscalização dos bens existentes em poder de uma entidade e, na sua essência, para o levantamento do Balanço Patrimonial e para a apuração do resultado do exercício. O controle do estoque de mercadorias inicia com a sua aquisição de estoques pelo departamento de compras. Em seguida, dá‑se a entrada da mer‑ cadoria no almoxarifado e, quando vendida, procedemos à sua baixa. No final do exercício, apura‑se o estoque final. Quando esse controle for realizado por meio de contagem física das mercadorias existentes no almoxarifado, no momento em que a empresa estiver elaborando seu balanço patrimonial, estará utilizando o método de Inventário Periódico. O Inventário Periódico também é conhecido como: inventário físico, inventário extracontábil ou inventário eventual. Por ser simples e barato, é utilizado pelas pequenas empresas. Quando esse controle for realizado diariamente, após cada compra e venda, a empresa estará utilizando o método de Inventário Permanente. – 153 – Inventário periódico e permanente de mercadorias Esse controle é realizado por meio de fichas, para cada mercadoria, onde esta‑ rão discriminadas as quantidades compradas e vendidas; os preços unitário e total, os estoques remanescentes e seus respectivos saldos. 3.1.1 Conhecendo o Inventário Periódico de mercadorias Para registrar as operações com mercadorias, por este método, serão necessárias as seguintes contas: 2 estoque de mercadorias (estoque inicial); 2 compras de mercadorias ou compras; 2 compras anuladas ou devolução de compras; 2 vendas de mercadorias ou vendas; 2 vendas anuladas ou devolução de vendas; 2 ICMS sobre vendas; 2 PIS; 2 COFINS. Além das contas, devemos realizar a contagem física dos estoques no final do exercício financeiro, para identificar o valor do estoque final de mercadorias, isto é, o valor total das mercadorias que não foram vendidas. Identificados os elementos que foram descritos acima, você deverá utili‑ zar as fórmulas descritas abaixo para calcular o valor do Custo das Mercado‑ rias Vendidas – CMV: Fórmula para calcular o CMV CMV = Estoque Inicial + Compras líquidas – Estoque Final Fórmula para calcular as compras líquidas Compra Líquida = compras – devoluções de compra – desconto incondicional obtido na compra – ICMS sobre a compra + frete na compra + seguro na compra – 154 – Contabilidade Básica II Em seguida, você poderá apurar o resultado da conta de mercadorias ou lucro bruto, ao aplicar a fórmula: Fórmula para lucro bruto Lucro Bruto = Vendas líquidas – CMV Fórmula para calcular as vendas líquidas Venda Líquida = Vendas brutas – devoluções de venda – desconto incon‑ dicional concedido na venda – ICMS sobre a venda – PIS – COFINS 3.1.2 Levantamento de estoque pelo Inventário Periódico Se você usa esse inventário, a única informação que você terá, para defi‑ nir o valor do estoque final de mercadorias, será a contagem física que você realizar no final do exercício. Para comprovar a validade do inventário, no aspecto de quantidade física e não pelo valor monetário, será necessário fazer a seguinte operação: + Quantidade demonstrada no Inventário do Exercício Anterior + Quantidade registrada no Livro de Registro de Entradas (‑) Quantidade registrada no Livro de Registro de Saídas = Quantidade inventariada do exercício encerrado Esses três livros fiscais serão a base de comprovação do inventá‑ rio realizado. Agora, vamos fazer uma demonstração prática, para que você tenha segurança quanto à apuração do CMV e ao lucro bruto, usando o inven‑ tário periódico. 3.1.3 Registro das operações com mercadorias pelo Inventário Periódico Suponhamos que você tenha em suas mãos os seguintes saldos: – 155 – Inventário periódico e permanente de mercadorias Relação de contas Valor em R$ Estoque de Mercadorias Compras de Mercadorias Devolução de Compras Vendas de Mercadorias Devolução de Vendas ICMS sobre as vendas ICMS sobre as compras PIS sobre o faturamento COFINS sobre o faturamento Frete e Seguro na Compra Desconto Incondicional Obtido Desconto Incondicional Concedido 50 170 5 320 10 48 28 9 4 12 4 3 Após a contagem física das mercadorias, foi identificado que a empresa possui R$ 90 de mercadorias em estoque, no final do exercício financeiro. a) Apuração extra‑contábil Fórmula para calcular as compras líquidas Compra Líquida = compras – devoluções de compra – desconto incondicional obtido na compra – ICMS sobre a compra + frete na compra + seguro na compra Compra Líquida = 170 – 5 – 4 – 28 + 12 = 145 Fórmula para calcular o CMV CMV = Estoque Inicial + Compras líquidas – Estoque Final CMV = 50 + 145 – 90 = 105 Fórmula para calcular as vendas líquidas Venda Líquida = Vendas brutas – devoluções de venda – desconto incon‑ dicionalconcedido na venda – ICMS sobre a venda – PIS – COFINS Venda Líquida = 320 – 10 – 3 – 48 – 9 – 4 = 246 – 156 – Contabilidade Básica II Fórmula para lucro bruto Lucro Bruto = Vendas líquidas – CMV Lucro Bruto = 246 – 105 = 141 (lucro) b) Apuração contábil Inicialmente, devemos elaborar os razonetes que são necessários ao registro das compras e vendas pelo inventário periódico. I. Razonetes do ativo Estoque de mercadorias 50 II. Razonetes de despesas Compras ICMS s/ compras 170 12 5 4 28 Soma 182 9 Saldo 173 III. Razontes de receitas Vendas ICMS s/ venda PIS COFINS 10 3 320 (g) 48 (f) 9 (h) 4 Soma 13 320 (e) saldo 307 Em seguida, fazem‑se os lançamentos para calcular o Custo da Mercadoria Vendida – CMV. Será criado um razonete denomi‑ nado CMV. Para ele serão transportados todos os valores das contas compras, devolução de compras, descontos incondicio‑ nais sobre as contas, frete sobre a compra, seguro sobre a compra, – 157 – Inventário periódico e permanente de mercadorias ICMS sobre as compras, estoque de mercadorias e o estoque final de mercadorias apurado por contagem física. Ao final dessa movimentação de valores, os saldos das contas de despesas citadas acima ficarão zerados. Veja como ficarão os razonetes, após essa transferência. Estoque de mercadorias Compras 50 EF© 90 (b) CMV 50 Saldo 173 (a) CMV 173 Soma 140 50 Saldo 000 Saldo 90 ICMS s/ compra CMV CMV (d) 28 28 (b) 50 (a) 173 (d) 28 (c) 90 Saldo 000 Soma 223 118 Saldo (i) 105 Identificado o valor do CMV, devemos fazer a Apuração do Resul‑ tado do Exercício (ARE). Você deverá criar um razonete denomi‑ nado ARE e para ele transportar todos os saldos dos razonetes de receita, do CMV e das demais despesas que ainda possuam saldo. Veja os lançamentos: Transferência dos valores para o ARE Debitar: Vendas de Mercadorias R$ 307 Debitar: ARE (g) R$ 48 Creditar: ARE (e) R$ 307 Creditar: ICMS s/ venda R$ 48 Debitar: ARE (f) R$ 9 Debitar: ARE (h) R$ 4 Creditar: PIS R$ 9 Creditar: COFINS R$ 4 – 158 – Contabilidade Básica II Veja como ficarão os razonetes após essa transferência. Vendas ICMS s/ venda PIS COFINS ARE 307 307 saldo Saldo 48 48 ARE Saldo 9 9 ARE Saldo 4 4 ARE Saldo 000 Saldo 00 Saldo 000 Saldo 000 CMV ARE Saldo 105 105 ARE (g) 48 (f) 9 (h) 4 (i) 105 (e) 307 Saldo 000 Soma 166 307 saldo (j) 141 Você, agora, deve transferir o saldo do ARE para o Razonete deno‑ minado Lucro ou Prejuízo Acumulado. ARE Lucro acumulado 141 141 saldo (j) 141 Saldo 0000 Olhando os razonetes acima, você deve ter percebido que os razo‑ netes de receitas, despesas, CMV e ARE ficaram zerados. Após todo esse processo, você deverá elaborar as Demonstrações Contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício – DRE). – 159 – Inventário periódico e permanente de mercadorias Balanço patrimonial DRE Ativo Passivo Contas R$ AC Caixa ..... Estoque 90 ANC PC PNC PL Capital ..... Lucro 141 Venda Bruta (‑) Deduções na venda desconto concedido devolução de venda ICMS s/ venda PIS COFINS = Venda Líquida (‑) CMV = Lucro Bruto 320 (3) (10) (48) (9) (4) 246 105 141 Total ............... Total ............... 3.2 Conhecendo o Inventário Permanente de mercadorias Como já adiantamos, no início deste capítulo, o Inventário Permanente é realizado diariamente, após cada compra e venda, daí sua denominação de permanente. O controle por ficha permite a apresentação dos saldos, na conta mercadorias, após cada operação de compra ou venda de produtos do estoque. É importante destacar que a valoração do estoque, por este inventário, poderá ser realizada pelos critérios: 2 PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai; 2 UEPS – Último que Entra, Primeiro que Sai; 2 Custo Médio – média aritmética. Desses critérios, o mais utilizado é o Custo Médio e, por isso, adotado como exemplo nesta unidade. – 160 – Contabilidade Básica II Tabela 1 Modelo de ficha de controle de estoque. Ficha de controle e avaliação de estoque Mercadoria Método de Controle de Estoque Data Entrada Saída Saldo Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Total compras Total CMV Estoque final 3.2.1 Registro das operações com mercadorias pelo Inventário Permanente Para registrar as operações com mercadorias, por este método, serão necessárias as seguintes contas: 2 estoque de mercadorias ou mercadorias; 2 Custo das Mercadorias Vendidas – CMV; 2 vendas de mercadorias ou vendas; 2 vendas anuladas ou devolução de vendas; 2 ICMS sobre vendas; 2 PIS; 2 COFINS. Informamos que a ficha de controle de estoque de mercadorias será movimentada toda vez que houver compras e vendas. Nela, serão registrados os valores das compras, devoluções de compras, os descontos incondicionais obtidos nas compras, o estoque inicial e o estoque final de mercadorias. Quando desejar apurar o resultado das operações de compra e venda, você deverá pegar o total do CMV descrito na Ficha de Controle de Estoque e aplicar a fórmula do Lucro Bruto, ou seja: – 161 – Inventário periódico e permanente de mercadorias Fórmula para calcular as vendas líquidas Venda Líquida = Vendas brutas – devoluções de venda – desconto incon‑ dicional concedido na venda – ICMS sobre a venda – PIS – COFINS Fórmula para lucro bruto Lucro Bruto = Vendas líquidas – CMV 3.2.2 Registro das operações com mercadorias pelo Inventário Permanente Vamos supor que uma empresa tenha realizado as seguintes transações: 2 1/1/2007 tem um Estoque Inicial de 30 panelas Tramontina, com‑ pradas por R$ 10 cada uma, em um total de R$ 300; 2 3/2/2007 comprou 10 unidades por R$ 20 cada uma; 2 10/2/2007 vendeu três unidades para a cliente Maria por R$ 25 cada uma; 2 15/2/2007 vendeu 28 unidades para José por R$ 24,50 cada uma. 2 20/2/2007 comprou cinco unidades por R$ 27 cada uma; 2 22/2/2007 vendeu 10 unidades para a cliente Ana por R$ 24 cada uma. Tabela 2 Modelo de controle de estoque. Ficha de controle e avaliação de estoque Mercadoria: Panelas tramontina Método de Controle de Estoque: custo médio Data Entrada Saída (baixa) Saldo Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total 01/1 30 10,00 300, – 162 – Contabilidade Básica II Ficha de controle e avaliação de estoque Mercadoria: Panelas tramontina Método de Controle de Estoque: custo médio Data Entrada Saída (baixa) Saldo Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total Quan‑ tidade Preço Uni‑ tário Total 03/2 10 20,00 200,00 40 12,50 500,00 10/2 3 12,50 37,50 37 12,50 462,50 15/2 28 12,50 350,00 09 12,50 112,50 20/2 5 27,00 135,00 14 176,78 247,50 22/2 10 176,78 176,80 04 176,78 70,70 Total Compras 335,00 Total CMV 564,30 Estoque Final 70,70 As vendas realizadas totalizaram: Total de vendas realizadas 10/2/2007 3 unidades x R$ 25,00 = R$ 75,00 15/2/2007 28 unidades x R$ 24,50 = R$ 686,00 22/2/2007 10 unidades x R$ 24,00 = R$ 240,00 Total de vendas (receita) R$ 1.001,00 Caixa Estoque de mercadorias EI 2.000,00 75,00 686,00 240,00 R$ 200,00 R$ 135,00 Ei R$ 300,00 R$ 200,00 R$ 135,00 R$ 37,50 R$ 350,00 R$ 176,80 Soma R$ 3.001,00 R$ 335,00 Soma R$ 635,00 R$ 564,30 Saldo R$ 2.666,00 Saldo R$ 70,70 – 163 – Inventário periódico e permanente de mercadorias Em seguida, realizamos os lançamentos, para fazer a Apuração do Resul‑ tado do Exercício (ARE). Você deverá criar um razonete denominado de ARE e para ele transportar todos os saldos dos razonetes de receita, do CMV e das demais despesas que ainda possuam saldo. Veja os lançamentos: Transferência dos valores para o ARE Debitar: Vendas de Mercadorias R$ 1.001,00 Creditar: ARE R$ 1.001,00 Debitar: ARE R$ 564,30 Creditar: CMV R$ 564,30 Veja como ficarão os razonetes, após essa transferência. Vendas CMV ARE ARE 1.001R$ 1.001,00 saldo Saldo R$ 564,30 R$ 564,30 ARE R$ 564,30 R$ 1.001,00 Saldo 000 Saldo R$ 00,00 saldo R$ 436,70 Você, agora, deve transferir o saldo do ARE para o razonete denominado lucro ou prejuízo acumulado. ARE Lucro acumulado R$ 436,70 saldo R$ 436,70 R$ 436,70 Saldo R$ 00,00 Após todo esse processo, você deverá elaborar as demonstrações contá‑ beis (balanço patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício – DRE). Balanço patrimonial DRE Ativo Passivo Contas R$ AC Caixa 2.666,00 Estoque 70,70 ANC PC PNC PL Capital.... Lucro 436,70 Venda Bruta (‑) Deduções na venda = Venda Líquida (‑) CMV = Lucro Bruto 1.001,00 (00) 1.001,00 564,30 436,70 Total ................... Total ................... – 164 – Contabilidade Básica II Conclusão O Inventário Periódico é o método que calcula o estoque final de merca‑ dorias pela contagem física do estoque ao final do exercício social. Nessa data, faz‑se um levantamento da quantidade, modelo e valor de cada mercadoria que a empresa ainda possui no estoque. Deduzindo o valor encontrado na contagem física do total de mercadorias que estava disponível para a venda naquele período, podemos encontrar o valor das mercadorias que já foram vendidas, ou seja, o CMV. O Inventário Permanante é o método que calcula o estoque final de mer‑ cadorias diariamente por meio das fichas de controle de estoque. O controle de estoque; esse inventário poderá ser realizado pelos métodos PEPS, UEPS ou Custo Médio. Diariamente, após cada transação de venda, a entidade sabe exatamente a quantidade e o valor de cada item de mercadoria que possui no seu estoque. Deduzindo o valor baixado diariamente do total de mercadorias que estava disponível para a venda naquele dia, podemos encontrar o valor do estoque final de mercadorias. 4 Operações com folha de pagamento Dentre as diversas operações realizadas nas entidades, des‑ tacam‑se as operações com folha de pagamento. As entidades, para atingir seus objetivos, necessitam de mão de obra para o desempe‑ nho das atividades inerentes aos mais variados ramos de ativida‑ des. É importante ressaltar que neste livro nos ateremos apenas ao método contábil do registro. – 166 – Contabilidade Básica II 4.1 Conceito elementares No conjunto de termos e expressões utilizadas na contabilização da folha de pagamento há aqueles que são de suma importância no momento da classificação dos entes envolvidos. Nesse sentido surge a necessidade de conceituar mos contrato de trabalho, empregado e empregador. 4.1.1 Contrato de trabalho, empregado e empregador O contrato de trabalho é caracterizado pela relação de emprego entre empregado e empregador. A atividade laboral deverá ser realizada por uma pessoa física, que prestará serviços de natureza não eventual ao empregador. O contratado deverá subordinar‑se ao empregador e receber remuneração por seus serviços prestados. Para ser considerado empregado, deverá observar cinco requisitos: o tra‑ balho deverá ser executado por pessoa física; ser contínuo; haver subordinação da pessoa ao seu superior; ter salário e ser pessoal (serviço deve ser executado pela pessoa contratada e não por outrem). Ainda de acordo com a CLT, para ser considerado empregador a empresa individual ou coletiva assumirá riscos da atividade econômica, admitir, assalariar e dirigir a prestação do serviço. 4.1.2 Remuneração e salário Nascimento (2001, p. 629) propõe, na ausência de um conceito legal para o termo salário, que salário seja a “totalidade das percepções econômicas dos trabalhadores, qualquer que seja a forma ou meio de pagamento, que retribua o trabalho efetivo, os períodos de interrupção do contrato e os des‑ cansos compatíveis na jornada de trabalho”. Em uma forma mais simplificada, podemos afirmar que salário, do latim salariu, será o valor econômico pago a um empregado por um serviço regu‑ lado geralmente por contratos de trabalho e remuneração, do latim, remune- ratione, o conjunto de pagamentos provenientes do empregador ou de tercei‑ ros, recebidos em decorrência da prestação de serviços subordinados. 4.1.3 Folha de pagamento A folha de pagamento é um documento de emissão obrigatória para efeito de fiscalização trabalhista e previdenciária. Para sua elaboração, não – 167 – Operações com folha de pagamento existe modelo oficial, podendo ser adotado critérios que melhor atendam aos interesses de cada empresa, observadas as informações que legalmente deve conter. A folha de pagamento deverá informar a remuneração paga ao empregado e discriminar todas as verbas que a compõem, ou seja, salário, horas‑extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, insalubridade, etc. Assim, ao elaborar a folha de pagamento, devem‑se destacar as verbas pagas, discrimi‑ nando‑as uma a uma. Na contabilização da folha de pagamento devem ser considerados, além da remuneração paga ao empregado, os tributos que incidem sobre a respectiva folha, a saber: FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, as contribuições relativas ao INSS e contribuições sindicais, quando for o caso. 4.2 Contabilizando uma folha de pagamento – caso prático Para o entendimento do tema, proporemos uma situação hipotética para, em seguida, realizar a contabilização dos fatos contábeis. A empresa Mercadinho Anjinho Dourado Ltda possui, na sua relação de empregados, os seguintes colaboradores: a) Homero Herói Grego na função de atendente com salário de R$ 350,00, totalizando uma remuneração de R$ 700,00; b) José da Silva Herói Brasileiro na função de gerente com salário de R$ 700,00 mais gratificação de 10% sobre o salário, totalizando uma remuneração de R$ 770,00; c) Joana Darque Guerreira na função de assistente de limpeza com salário de R$ 350,00, totalizando uma remuneração de R$350,00; d) João Cobra Criada na função de cobrador com salário de R$ 350,00, totalizando uma remuneração de R$ 350,00; De posse da relação de empregados e suas respectivas remunerações deveremos seguir os seguintes passos: – 168 – Contabilidade Básica II I. Calcular o valor das contribuições a serem pagas e recolhidas Sobre a remuneração dos empregados deverá incidir o FGTS e o INSS. O primeiro é uma contribuição na alíquota de 8% (alíquota base) a ser paga pelo empregador, e o segundo sendo 8 % no mínimo (ver tabela do INSS no final do tema) a ser recolhido do empregado e repassado ao Instituto de Previdência – INSS e ainda 25,8% a serem pagos pela empresa ao instituto de previdência. Para simplificar o registro dos cálculos da folha de pagamento, é recomendável construir um resumo de folha de pagamento como o modelo sugerido a seguir: Empregado Remuneração Total Desc. do INSS do empregado a recolher INSS a pagar parte patronal FGTS a pagar Homero... R$ 700,00 R$ 56,00 R$ 180,60 R$ 56,00 José... R$ 770,00 R$ 61,60 R$ 198,66 R$ 61,60 Joana... R$ 350,00 R$ 28,00 R$ 90,30 R$ 28,00 João... R$ 350,00 R$ 28,00 R$ 90,30 R$ 28,00 Total R$ 2.170,00 R$ 173,60 R$ 559,86 R$ 173,60 Nota‑se que da contribuição patronal de 25,8% a ser paga 20% é alíquota fixa e 5,8% é alíquota, variável em decorrência do ramo de atividade da empresa. O INSS publica periodicamente as tabelas de contribuições com a indicação da alíquota em decorrência do ramo de atividade. Neste exemplo não consideramos o RAT – Risco de Acidente de Trabalho. II. Realizar a provisão das despesas com salários e contribuições a serem recolhidas no final de cada mês Agora que você possui os valores a serem pagos aos empregados, a título de remuneração, e as contribuições necessárias, passaremos a realizar os lançamentos que o departamento da contabilidade deverá fazer para apropriar a respectiva despesa. Veja como ficará: – 169 – Operações com folha de pagamento Lançamento do salário dos empregados D – Despesa com salários .................R$ 2.004,00 (conta de resultado) C – Salários a pagar ..........................R$ 2.004,00 (conta patrimonial)Lançamento da contribuição descontada do empregado D – INSS parcela dos empregados ....R$ 173,60 (conta patrimonial) C – INSS a recolher ..........................R$ 173,60 (conta patrimonial) Lançamento do INSS a pagar – parte patronal D – Despesa com INSS Patronal ......R$ 559,86 (conta de resultado) C – INSS a pagar ..............................R$ 559,86 (conta patrimonial) Lançamento do FGTS a pagar D – Despesa com FGTS ...................R$ 173,60 (conta de resultado) C – FGTS a pagar ............................R$ 173,60 (conta patrimonial) III. Realizar pagamento das despesas com salários e contribuições a serem recolhidas Após a apropriação das despesas, chega o momento da realização do pagamento e, por consequencia, de efetuar o registro contábil do paga‑ mento. É importante ressaltar que cada despesa acima apropriada possui uma data específica para a realização do pagamento e registro contábil. Veja: lançamento do pagamento do salário D – Salários a pagar ..........................R$ 2.004,00 (conta patrimonial) C – Caixa/Banco ..............................R$ 2.004,00 (conta patrimonial) lançamento do pagamento da contribuição descontada do empregado D – INSS a recolher .........................R$ 173,60 (conta patrimonial) C – Caixa/Banco ..............................R$ 173,60 (conta patrimonial) lançamento do pagamento do INSS a pagar – parte patronal D – INSS a pagar .............................R$ 559,86 (conta patrimonial) – 170 – Contabilidade Básica II C – Caixa/Banco ..............................R$ 559,86 (conta patrimonial) Lançamento do pagamento do FGTS a pagar D – FGTS a pagar ............................R$ 173,60 (conta patrimonial) C – Caixa/Banco ..............................R$ 173,60 (conta patrimonial) Importante: O INSS a recolher deverá ser recolhido junto com o INSS até o dia 10 de cada mês, no documento de arrecadação chamado de GPS – Guia da Previdência Social. O FGTS deverá ser pago até o dia sete de cada mês na GFIP‑ Guia de Recolhimento do FGTS e Informa‑ ções a Previdência Social. E o salário dos empregados deverá ser pago até o quinto dia útil de cada mês. Conclusão Ao final deste capítulo, foi apresentado a você os procedimentos contábeis adotados para efetuar o registro contábil da folha de pagamento e os conceitos básicos da relação empregado‑empregador, bem como a definição de salário e remuneração. Neste capítulo, também, você identificou os tributos básicos que incidem sobre a folha de pagamento. A contabilização da folha de pagamento é uma rotina constante na contabilidade das entidades que possuem em seus quadros empregados contratados. Na contabilização da folha de pagamento, deverá ser levada em consideração a tributação necessária às legislações previdenciária e trabalhista. 5 Operações financeiras As operações financeiras são realizadas com o objetivo de obter ou emprestar dinheiro. São, normalmente, realizadas em esta‑ belecimentos bancários, como aplicações, empréstimos e operações com duplicatas. Os empréstimos, em curto prazo, são efetuados para atender às necessidades dentro do ciclo operacional. As parcelas que vencerem a partir do décimo terceiro mês, serão classificadas no longo prazo. Se existe a necessidade de ampliação das instalações físicas, por exemplo, o empréstimo mais indicado será o de longo prazo, por ter seu prazo de pagamento superior a um ano. – 172 – Contabilidade Básica II 5.1 Entendendo os tipos de aplicações Quando o assunto é poupar, o mercado financeiro disponibiliza inú‑ meras modalidades. As modalidades mais comuns são aquelas que possuem rendimentos com taxas pré e pós fixadas e as de liquidez imediata. A seguir vamos conhecer a contabilização de cada uma delas. 5.1.1 Aplicações de liquidez imediata Exemplo: em dois de setembro, a empresa Roda Viva aplicou a importância de R$ 10.000, com taxa de 2% ao mês, no Banco dos Ipês S/A, em que mantém conta corrente. Após 30 dias, resgatou a importância de R$ 10.200, correspondendo R$ 10.000 ao valor aplicado e R$ 200 aos rendimentos, sendo que, em obediência ao RIR – Regulamento do Imposto de Renda, o banco descontou a importância de R$ 55, referentes ao Imposto de Renda (27,5% sobre o rendimento). Contabilização da aplicação D – Aplicações de Liquidez Imediata ......................................... 10.000 C – Banco Conta Movimento (Banco dos Ipês) ......................... 10.000 Contabilização do Resgate D – Banco Conta Movimento ................................................... 10.145 D – IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte ............................... 55 C – Aplicações de Liquidez Imediata ........................................ 10.000 (Resgate do Valor Aplicado) C – Receitas Financeiras ................................................................. 200 (Crédito de Rendimentos) 5.1.2 Aplicações com rendimentos prefixados Chamam‑se operações prefixadas todas as operações em que as taxas são prefixadas, ou seja, aquelas que, no momento da aplicação, os contratantes sabem qual a taxa em que está sendo realizado o negócio. – 173 – Operações financeiras Exemplo: sabendo‑se que a Cia. ABC fez uma aplicação financeira no Banco dos Ipês S/A, no valor de R$ 100, em 01.12.2001, taxa de 2% ao mês, pelo período de 30 dias, será necessário fazer‑se o seguinte registro contábil: Registro da Aplicação: D – Aplicações Financeiras .......................................................... $ 100 C – Bancos .................................................................................. $ 100 Registro da receita financeira ganha até 31.12.2001 D – Aplicações financeiras ............................................................... $ 2 C – Receitas financeiras ................................................................... $ 2 Assim, o saldo da conta Aplicações Financeiras, no Balanço de 31.12.2001, será de $ 102. Se a empresa desejar resgatar o valor aplicado, deverá realizar o seguinte lançamento: D – Bancos .................................................................................. $ 102 C – Aplicações financeiras ............................................................ $ 102 5.1.3 Aplicações com rendimentos pós‑fixados Nas operações pós‑fixadas, é contratada a operação com uma taxa de juros determinada, mais um índice de preços, uma moeda estrangeira, etc. As aplicações com rendimentos pós‑fixados normalmente são de pra‑ zos longos. Exemplo: admita que a Cia. Boa Viagem fez uma aplicação de $ 100 no Banco dos Ipês S/A, no dia 01.12.2001, com taxa de 1% ao mês, mais a taxa de variação da inflação, que no mês de dezembro/2001 foi de 2%. Nesse caso, temos que registrar a receita financeira ganha, mas não recebida, como segue: Registro da Aplicação, em 01.12.2001 D – Aplicações Financeiras .......................................................... $ 100 C – Banco ................................................................................... $ 100 – 174 – Contabilidade Básica II Registro da Receita Financeira Ganha até 31.12.2001 D – Aplicações Financeiras ...................................................... $ 3,02 C – Receita de Variações (100 x 2%) ....................................... $ 2,00 C – Receita de Juros (102 x 1%) .............................................. $ 1,02 O saldo da conta Aplicações Financeiras, em 31.12.2001, será de $ 103,02. 5.2 Empréstimos e financiamentos a curto e longo prazo Em nosso dia a dia, a maioria das pessoas tem dificuldade em definir o que é empréstimo e o que é financiamento. Na contabilidade, costuma‑se diferenciar os empréstimos dos financiamentos através de uma caracterís‑ tica muito simples: o valor dos empréstimos é disponibilizado na conta da empresa, para que a mesma utilize o dinheiro da forma que achar necessário, enquanto que os financiamentos se caracterizam pelo repasse do dinheiro diretamente ao fabricante de um bem (a empresa que vender uma máquina ouequipamento), o qual está adquirindo, especificamente, com o dinheiro proveniente deste financiamento. Tanto os empréstimos quanto os financia‑ mentos podem ser realizados a curto ou longo prazo. Consideramos curto prazo um empréstimo ou financiamento realizado com prazo de pagamento até 360 dias (um ano). Caso o prazo seja superior a um ano, considera‑se como de longo prazo. 5.2.1 Operação prefixada Chamamos de Operação Prefixada um empréstimo no qual, desde o início, já estão definidos e prefixados os valores das taxas e despesas cobra‑ das pelo banco, assim como o montante total que a empresa irá pagar até o vencimento. Para facilitar o entendimento, suponhamos que uma empresa efetue um empréstimo no Banco dos Ipês, nas seguintes condições: 2 data da realização do empréstimo: 31.10.2001; 2 valor do empréstimo: $ 2.000; – 175 – Operações financeiras 2 data do vencimento do empréstimo: 29.01.2002 (três meses); 2 taxa de juros: 6% ao mês; 2 despesas cobradas pelo banco: comissão de 1% sobre o valor do empréstimo e mais taxa bancária no valor de $ 140. Você poderá identificar, desde o dia da assinatura do contrato de emprés‑ timo, quais os valores que deverão ser lançados. Os lançamentos são os seguintes (em 31.10.2001): D – Conta corrente Banco dos Ipês .......................................... $ 1.840 D – Despesa bancária com comissões ............................................ $ 20 D – Despesa bancária com taxas .................................................. $ 140 D – Juros a transcorrer ................................................................. $ 360 C – Empréstimos a pagar .......................................................... $ 2.360 A conta juros a transcorrer é uma conta redutora do passivo, para demonstrar que o valor do principal do empréstimo não é de $ 2.360,00, já que R$ 360,00 será de juros e apenas R$ 2.000,00 do principal. A conta juros a transcorrer não representa uma despesa paga antecipada, pois o valor dos juros somente serão liquidados no vencimento da dívida. Note que a opera‑ ção bancária custará à empresa R$ 160,00 (R$ 140,00 + R$ 20,00), que serão descontados pelo banco no ato do repasse do empréstimo a empresa. As despesas de comissões e taxa bancária são lançadas diretamente na despesa (resultado), pois seus valores não são recuperáveis. O lançamento da apropriação dos juros a transcorrer deverá ser feito a cada 30 dias, a contar da data da assinatura do contrato de financiamento, pois, pelo regime de competência, devemos considerar uma despesa após a utilização dos serviços; no caso dos juros de empréstimo a utilização do dinheiro irá ocorrer a cada 30 dias. Sendo assim, teremos que efetuar três lançamentos no valor de $ 120, para que possamos zerar a conta Juros a Transcorrer que é de R$ 360, respec‑ tivamente, nas datas de 30.11.2001, 31.12.2001 e 29.01.2002. Veja, a seguir, os lançamentos dos juros a apropriar. – 176 – Contabilidade Básica II Lançamento da Apropriação da Despesa de Juros – parcela 1 D – Despesas de juros (ou despesa financeira) .............................. $ 120 C – Juros a transcorrer ................................................................. $ 120 Lançamento da Apropriação da Despesa de Juros – parcela 2 D – Despesas de juros (ou despesa financeira) .............................. $ 120 C – Juros a transcorrer ................................................................. $ 120 Lançamento da Apropriação da Despesa de Juros – parcela 3 D – Despesas de juros (ou despesa financeira) .............................. $ 120 C – Juros a transcorrer ................................................................. $ 120 Quando a empresa realizar o pagamento do Empréstimo, no dia 29.01.2002, efetuamos os seguintes lançamentos. D – Empréstimos a pagar ......................................................... $ 2.360 C – Conta Corrente Banco dos Ipês ......................................... $ 2.360 5.2.2 Operação pós‑fixada Chamamos uma operação de Pós‑fixada, quando se torna conhecido o valor total dos encargos (taxas de juros, variações monetárias, etc.), durante o vencimento da operação. Uma operação financeira poderá ter, além de uma taxa de juros determinada, um outro fator, como, por exemplo, a variação do dólar, variação da TR (Taxa de Referência), variação do IGP‑M (Índice Geral de Preços do Mercado), etc. Suponhamos que uma operação com Variação Cambial (em dólar), mais 2% ao mês de juros, teria os seguintes lançamentos: (Comissão de 1% sobre o valor do Empréstimo: $ 2.000 x 1% = $ 20, Despesa Bancária: $ 140). Lançamento do Valor do Empréstimo (em 31.10.2001) D – Conta Corrente Banco dos Ipês ......................................... $ 1.840 D – Despesa Bancária com Comissões ........................................... $ 20 D – Despesa Bancária com Taxas. ................................................ $ 140 C – Empréstimos a pagar em moeda estrangeira ....................... $ 2.000 – 177 – Operações financeiras Percebemos que o valor debitado na conta corrente é o valor líquido, já descontadas as despesas com comissões e taxas bancárias. O Valor dos Juros e a Variação Cambial somente poderão ser apropriados como despesas. depois de ocorridos 30 dias, conforme lançamento a seguir, (em 30.11.2001, 31.12.2001 e 29.01.2002): D – Despesas com variação cambial ............................................... $ 10 C – Empréstimos a pagar em moeda estrangeira ............................ $ 10 Histórico: despesa da variação cambial de 0,5% referente ao período de 31.10 a 30.11.2001 sobre o empréstimo com o Banco dos Ipês de 30.11.01. Neste caso, o lançamento dos juros e a variação cambial ocorrem após decorridos 30 dias, data em que é possível saber o valor real da variação cam‑ bial. Os juros serão calculados sobre o valor do capital corrigido, ou seja, o valor do empréstimo mais a variação cambial. Sendo assim, o valor dos juros será de $ 40,20 (2.010 x 2%) e o lança‑ mento será: D – Despesa de juros ................................................................ $ 40,20 C – Juros a pagar (ou a própria conta do empréstimo) .............. $ 40,20 Histórico: Valor dos juros referente ao empréstimo feito junto ao Banco dos Ipês em 31.10.2001. 5.3 Operações com duplicatas No início deste capítulo tratamos da contabilização das aplicações finan‑ ceiras, a seguir vamos discutir acerca das modalidades de busca de recursos que na atual conjuntura econômica, tem sido uma das alternativas para a sobrevivência das empresas. 5.3.1 Desconto de duplicatas As duplicatas a receber, registradas no ativo de uma empresa, são fruto de suas vendas a prazo e podem ser negociadas com bancos. Vários motivos levam a empresa a descontar seus títulos, como a necessidade de reposição dos estoques ou levantar capital de giro. – 178 – Contabilidade Básica II As duplicatas descontadas são uma forma disfarçada de empréstimo, havendo, portanto, a cobrança de juros por parte dos bancos. Caso o devedor da duplicata não honre o compromisso até a data do vencimento, e a dupli‑ cata tenha sido descontada, a empresa deverá restituir ao banco a quantia correspondente ao valor da duplicata descontada. A conta Duplicatas Descontadas é uma conta retificadora (subtrativa) da conta Duplicatas a Receber e indica o quanto foi recebido, antecipada‑ mente, do saldo da conta Duplicatas a Receber. Após emitir uma duplicata, a empresa pode adotar uma das seguintes atitudes: a) ficar com o a duplicata em seu poder, até que a mesma seja paga pelo devedor; b) endossar e enviar a duplicata para um banco, para que este faça a cobrança em nome da empresa; c) endossar e enviar a duplicata para um banco, transferindo para o mesmo a propriedade dessa duplicata e recebendo em troca o valor do título, descontados os juros incidentes e demais despe‑ sas bancárias. Por esse motivo, a contabilidade criou uma conta, redutora do ativo, chamada de duplicatas descontadas, coma finalidade de registrar o valor de duplicatas a receber que foi endossado e enviado para o banco para desconto. Quando do desconto de duplicatas, realizamos o seguinte lançamento: D – Conta Corrente Banco dos Ipês S/A (valor líquido) C – Duplicatas Descontadas Histórico: Desconto de duplicatas no Banco dos Ipês. D – Juros a vencer (Conta do Ativo) Histórico: Valor dos juros ref. duplicatas descontadas. D – Despesas Bancárias Histórico: Valor das despesas de cobrança de duplicatas. Quando há a quitação das duplicatas o procedimento será o seguinte: suponhamos que, na data do vencimento, o banco receba as impor‑ tâncias correspondentes a todas as duplicatas e comunique este fato à empresa por meio de aviso bancário. – 179 – Operações financeiras Nesse caso, faremos os seguintes registros contábeis: D – Duplicatas descontadas C – Duplicatas a receber/clientes Nesse momento, devem ser lançadas as despesas financeiras provenien‑ tes de juros sobre essas duplicatas recebidas, caso ainda não tenha sido efetuado o lançamento. Quando não há a quitação das duplicatas o procedimento será o seguinte: se após o vencimento, o cliente não pagar o título, o banco fará a devo‑ lução para a empresa e o mesmo será reembolsado, mediante crédito na conta bancária da empresa e, assim, comunicará o fato à empresa. Exemplo: se no nosso desconto houvesse a falta de pagamento de R$ 2.000,00, a contabilização ficaria assim: D – Duplicatas descontadas ...................................................... $ 2.000 C – Banco conta movimento .................................................... $ 2.000 Devolução de DPL descontadas 5.4 Provisão para devedores duvidosos Esta provisão representa a estimativa de prejuízos prováveis oriundos de riscos assumidos com a concessão de créditos a clientes da empresa. Registra, portanto, as possíveis perdas pela expectativa da falta de pagamento das con‑ tas a receber. É uma conta retificadora (subtrativa) do ativo. 5.4.1 Cálculo da provisão Existem diversas formas de se prever os prejuízos futuros que devem ser contabilizados no exercício em que forem observados. A mais comum, adotada pela grande maioria de nossas empresas, é aquela em que se aplica um percen‑ tual sobre o saldo médio dos últimos três exercícios dos créditos a receber. Esta provisão será constituída ao término de cada exercício social, utili‑ zando‑se, como contrapartida, uma conta de despesa, intitulada despesa com devedores duvidosos. Veja como este percentual deve ser apurado: – 180 – Contabilidade Básica II Dados extraídos da escrita contábil de uma empresa comercial: Ano Saldos da conta duplicatas a receber em 31 de dezembro Perdas – valores X1 10.000 100 X2 20.000 1.000 X3 30.000 700 TOTAIS 60.000 1.800 Neste caso, em 31 de dezembro, o percentual para fins de cálculo da provisão será de 3%. Se deduzirmos da conta duplicatas a receber o valor das perdas por devedores duvidosos, encontraremos o saldo líquido a receber. Vamos considerar que o saldo de R$ 40.000 está registrado na conta duplicatas a receber. Ao aplicarmos o percentual encontrado teremos o valor da PDD, que será de $ 1.200. O lançamento deverá se feito da seguinte forma: D – Devedores duvidosos (despesa) ............................................. 1.200 C – Provisão para devedores duvidosos ........................................ 1.200 Estimativa das perdas com devedores duvidosos. 5.4.2 Baixa de duplicatas incobráveis Imaginemos que, durante o exercício social, tornou‑se incobrável uma duplicata do Sr. Anônimo Beltrano, no valor de R$ 100. Por se tratar de direito a um valor que a empresa não mais irá receber em seus cofres, a contabilidade deve efetuar a baixa da duplicata, com o seguinte lançamento: D – Provisão para devedores duvidosos ..................................... R$ 100 C – Duplicatas a receber ........................................................... R$ 100 Baixa de duplicata do Sr. Anônimo Beltrano, considerada incobrável. – 181 – Operações financeiras Desta maneira, debitamos na conta provisão para devedores duvidosos e não em uma conta de despesa, pois quando da constituição da provisão já incluí mos este valor como despesa. 5.4.3 Ajuste de saldo na conta provisão para devedores duvidosos Por ser uma estimativa, o valor provisionado pode ser maior ou menor que o valor real de perdas. Quando a perda com devedores for maior que o valor provisionado, devemos contabilizar o valor excedente: D – Devedores duvidosos (resultado) C – Provisão para devedores duvidosos (ativo circulante) Excesso de perdas com devedores duvidosos. Neste caso, o saldo da conta provisão para devedores duvidosos, no final do exercício, será igual a zero, pois, com a confirmação das perdas, a contabi‑ lidade deve proceder a baixa como duplicata ou título incobrável. Quando a perda com devedores for menor que o valor provisionado, haverá, no fim do exercício, saldo credor na conta provisão para devedores duvidosos, correspondente ao excesso provisionado. Esse saldo não utilizado deverá ser revertido para o resultado com o seguinte lançamento: D – Provisão para devedores duvidosos (ativo circulante) C – Receitas diversas (resultado) Reversão do saldo de provisão para devedores duvidosos não utilizado. 5.4.4 Recuperação de créditos anteriormente baixados Poderá ocorrer de um crédito ser baixado por ser considerado incobrável e, posteriormente, o cliente efetuar o pagamento da sua dívida. Nesse caso, quando houver recebimentos e a duplicata já tenha sido baixada como inco‑ brável, devemos fazer o seguinte lançamento: D – Caixa (ativo) C – Recuperação de créditos baixados (resultado). – 182 – Contabilidade Básica II Conclusão No dia a dia contábil, a entidade realiza diversas operações comerciais. Dentre elas, destacamos, neste tema, as operações de financiamentos, fonte em algumas entidades, imprescindíveis para a continuidade do empreendi‑ mento comercial. Os empréstimos a curto prazo são efetuados para atender as necessidades dentro do ciclo operacional, ou seja, com vencimento até 360 dias. Se existe a necessidade de ampliação das instalações físicas, por exemplo, o empréstimo mais indicado será o de longo prazo por ter seu prazo de pagamento superior a um ano. 6 Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas A contabilidade realiza o registro de suas operações, obede‑ cendo a dois tipos de regime, que podem ser adotados para definir quais as receitas e despesas irão fazer parte da apuração do resultado, levando‑se em consideração um espaço de tempo: o Regime de Caixa e o Regime de Competência. As receitas e despesas, apropriadas no resultado da empresa, poderão ser de natureza operacional, aquelas que resultam da atividade principal da empresa ou não operacionais, aquelas que resultam de atividades periféricas das empresas. – 184 – Contabilidade Básica II A prática da contabilidade realiza o confronto entre receitas e despesas, para encontrar o resultado da empresa com base no regime de competência, a fim de evidenciar lucro, quando receitas são superiores a despesas, ou preju‑ ízo, quando a equação matemática oferece resultado contrário. 6.1 Regimes contábeis Para a apuração do resultado das entidades, utilizamos o período de gestão da empresa, o qual chamamos de exercício contábil. Esse período de tempo, geralmente um ano, coincide com o ano civil. A Lei n. 6.404, de 1976, estabelece que os resultados das sociedades deverão ser apurados numa periodicidade anual, sem fixar a época em que devem iniciar ou terminar os períodos administrativos. A apuração em períodos deve ser considerada em regime de caixa, quando consideramos apenas os recebimentos e pagamentos efetuados. Esse regime é admissível em entidades sem fins lucrativos. Nas entidades com fins lucrativos, há a neces sidade de ir além da contabilização das receitas e despesas, passando pelo custo. Daí a apuração do resultado ser evidenciadapelo regime de competência. Nesse regime, os registros contábeis das despesas são realizados na data da compra de bens ou serviços, e as receitas são lançadas pelas entregas de bens ou serviços, independentemente de pagamento ou recebimento. Vamos explicar melhor. Receita pelo regime de competência, considera‑se a receita gerada em deter‑ minado exercício social, não importando o recebimento dela, o que importa é o período em que a Receita foi ganha (fato gerador) e não o seu recebimento. Exemplo: recebimento, em dezembro de 2007, de R$ 1.000,00, refe‑ rentes ao aluguel de imóvel de propriedade da sociedade e relativos ao mês de janeiro de 2008. A contabilização será da seguinte forma: pelo recebimento em dezembro de 2007 D – Caixa ou bancos ................................................................ $ 1.000 C – Aluguéis recebidos antecipadamente .................................. $ 1.000 pela apropriação ao resultado do período em janeiro de 2008 – 185 – Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas D – Aluguéis recebidos antecipadamente .................................. $ 1.000 C – Receita de aluguéis ............................................................. $ 1.000 Despesa no que se refere à despesa, o raciocínio é o mesmo: importa a despesa ocorrida em determinado período contábil, sem levar em consi‑ deração se ela foi paga ou não. Vamos aos exemplos. Exemplo 1: compra à vista de 500 folhas de papel ofício e seis canetas esferográficas, conforme NF Nr. 001, da Papelaria Aliança, no valor de $ 8. Contabilização: D – Despesa com material de expediente ......................................... $ 8 C – Caixa ........................................................................................ $ 8 Exemplo 2: a Cia. ABC pagou, em 1/3/X7, prêmio de seguro no valor de R$ 12.000, em dinheiro. A cobertura será de 2/3/X7 a 1/3/X8. A contabilização do pagamento do prêmio e da apropriação da despesa de seguro mensal é a seguinte: registro do pagamento do prêmio (1/3/X7) D ‑ Seguros a vencer (ativo circulante) ....................................... 12.000 C – Caixa .................................................................................. 12.000 registro da apuração da despesa mensal (31.3.X7) D – Despesas de seguros (despesa) ............................................... 1.000 C – Seguros a vencer .................................................................... 1.000 6.2 Elementos indispensáveis na apuração do resultado da empresa A finalidade da apuração do resultado do exercício é apresentar, de forma dedutiva, o confronto das receitas, custos e despesas, para que possa‑ mos visua lizar a procedência do lucro ou do prejuízo, sabendo quais as contas mais relevantes (de receitas e despesas) contribuíram para tal. Todas as receitas geradas e todas as despesas ocorridas deverão fazer parte da demonstração do resultado do exercício, o qual é apurado a cada final de – 186 – Contabilidade Básica II exercício para evidenciar o resultado líquido do período (lucro ou prejuízo), sendo que sua elaboração deverá obedecer ao regime de competência de exercícios. 6.2.1 Receita operacional bruta e suas deduções É o somatório das receitas geradas pela exploração das atividades opera‑ cionais, principais e acessórias, desenvolvidas pela empresa. Essas receitas representam o valor total de vendas ocorridas no exercício social (1/1 a 31/12). Indica o total bruto vendido no período, proveniente das operações normais de venda a prazo ou à vista, no mercado interno e externo, de mercadorias, produtos ou serviços. Na apuração do resultado, o somatório das receitas recebe deduções que são os valores deduzidos da Receita Bruta que representam as Devoluções de Vendas, os Abatimentos sobre Vendas, Descontos Comerciais e os Impostos incidentes sobre as vendas, tais como IPI (Imposto sobre Produtos Industria‑ lizados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), ISS (Imposto sobre Serviços). 6.2.2 Receita operacional líquida e os custos Constituída pela diferença entre a receita operacional bruta e as deduções da receita operacional bruta. A partir daí, diminuem‑se os custos que são incor‑ ridos na produção dos bens ou serviços vendidos ou ainda, os custos de aquisi‑ ção das mercadorias vendidas. Os custos representam o valor gasto para aqui‑ sição de mercadorias, o valor gasto para produzir um produto ou o valor gasto para prestar um serviço, representados pela atividade operacional da empresa. 6.2.3 Resultado operacional bruto É o resultado bruto das operações, depois de deduzidos os custos per‑ tinentes, ou seja, a diferença entre a receita operacional líquida e os custos operacionais da receita. Será lucro bruto quando a receita for maior que os custos; caso contrá‑ rio, resultará em resultado operacional líquido. – 187 – Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas 6.2.4 As despesas operacionais São as despesas que contribuem para a realização das operações do perío‑ do, representando os gastos incorridos, como nas áreas comercial, administra‑ tiva e financeira, para obtenção das receitas operacionais. As despesas operacionais são responsáveis para manter a empresa em funcionamento. São gastos executados com a finalidade de gerar receitas. As despesas podem diminuir o ativo ou aumentar o passivo, mas sempre pro‑ vocam diminuições no patrimônio líquido. As despesas reduzem a riqueza própria do patrimônio. As despesas operacionais subdividem‑se em despesas administrativas, despesas com vendas, despesas e receitas financeiras e outras receitas e despesas operacionais. 6.2.5 Resultado operacional líquido Representado pela diferença entre o lucro ou prejuízo operacional bruto e as despesas operacionais, obtendo‑se lucro operacional líquido, quando o lucro operacional bruto for superior ao total das despesas operacionais; caso contrário, haverá prejuízo operacional líquido. 6.2.6 Outras Receitas Operacionais As outras receitas operacionais são ganhos decorrentes de atividades não ordinárias da empresa. 6.2.7 Outras Despesas Operacionais As outras despesas operacionais são perdas decorrentes de atividades não ordinárias da empresa a) Provisão para contribuição social É uma contribuição destinada à seguridade social. É calculada através de uma alíquota (taxa), a qual é divulgada pelo Governo Federal, aplicada sobre o resultado antes do imposto de renda e contribuição social. b) Provisão para pagamento do imposto de renda Valor obtido extra‑contabilmente através do Livro de Apuração do Lucro Real ‑ LALUR, de escrituração obrigatória para todas as pessoas – 188 – Contabilidade Básica II jurídicas contribuintes do imposto de renda, com base no lucro real, apurado mensalmente. Esta provisão representa o valor a ser pago, a cada mês, a título de imposto de renda incidente sobre o lucro fiscal do período (lucro ou prejuízo con‑ tábil (+) inclusões e (–) exclusões). O RIR – Regulamento do Imposto de Renda determina que o imposto incide sobre o lucro real ou lucro fiscal e não sobre o lucro contábil, podendo ocorrer as seguintes situações: 2 poderá ocorrer lucro contábil e lucro fiscal, havendo imposto de renda a pagar; 2 o resultado do período é lucro contábil, porém, prejuízo fiscal, não havendo imposto de renda a pagar; 2 o resultado do período é prejuízo contábil, todavia, lucro fiscal, a empresa tem imposto de renda a pagar; 2 ou ainda, prejuízo contábil e prejuízo fiscal, sem pagamento de imposto. 6.2.8 Resultado líquido do exercício depois do imposto de renda Resultado líquido do exercício antes do imposto de renda e contribuição social Trata‑se do resultado da soma algébrica do lucro ou prejuízo opera‑ cional líquido e das “Outras Receitas Operacionais” , deduzido das “Outras Despesas Operacionais”, o qual servirá de base de cálculo da provisão para o Imposto de Renda e a Contribuição Social, depoisde deduzidos os prejuízos acumulados anteriormente, caso existam. 6.2.9 Participações São os valores devidos como participações no lucro, a serem pagos aos diretores, sócios e empregados da empresa, e contribuições a entidades de pre‑ vidência e de assistência social de seus funcionários, conforme contrato social ou estatuto da empresa. São participantes: a) administradores e funcionários: é uma complementação à remu‑ neração dos administradores e funcionários, de um percentual sobre o lucro da empresa; – 189 – Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas b) debêntures: são títulos de crédito emitidos por sociedades anôni‑ mas (S/A), que, com o passar do tempo, podem ser convertidos em ações. Esses títulos, normalmente, rendem juros, correção monetá‑ ria e participação nos lucros; c) partes beneficiárias: são títulos negociáveis, criados pelas socie‑ dades anônimas. Podem ser negociados ou cedidos pela empresa a empregados, clientes ou qualquer outra pessoa, de acordo com a vontade da empresa. A pessoa que possuir esse tipo de título terá participação (não superior a um décimo ou 10%) nos lucros da empresa; d) assistência e previdência: são doações para constituir fundações com, a finalidade de dar assistência aos funcionários, ou fundo de previdência particular para complementação de aposentadoria. 6.3 Lucro ou prejuízo do exercício É o resultado final do exercício, considerado lucro líquido do exercí‑ cio quando positivo, após a dedução das contribuições e participações, e prejuízo líquido do exercício, antes das participações, o qual será, obrigato‑ riamente, compensado com lucros acumulados, reservas de lucros e reserva legal, nessa ordem. O resultado deverá ser transferido para o balanço patrimonial, na conta lucros ou prejuízos acumulados. O lucro líquido poderá ser destinado para constituição de reservas de lucros ou constituição de dividendos. Reservas de Lucros são contas criadas para destinação do lucro, segundo a Lei das S.A: a) reserva legal: do lucro líquido, 5% serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não deve exce‑ der 20% do capital social. A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo desta reserva, acrescido do montante das reservas de capital, exceder 30% do capital social. Sua finalidade é assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar capital. – 190 – Contabilidade Básica II b) reservas estatutárias: o estatuto poderá criar reservas, desde que, para cada uma: 2 indique, de modo preciso e completo, sua finalidade; 2 fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos que não serão destinados à sua constituição; 2 estabeleça o limite máximo da reserva. c) reservas para contingências: a Assembleia Geral poderá, por propostas dos órgãos da administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva, com finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda jul‑ gado provável, cujo valor possa ser estimado. A proposta deverá indicar a causa da perda prevista e justificar a constituição da reserva. Esta será revertida no exercício em que deixarem de assistir as razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a perda. d) reservas de lucros para expansão (reservas orçamentárias): a Assem bleia Geral poderá, por propostas dos órgãos da administra‑ ção, reter parcela do lucro líquido do exercício em orçamento de capital por ela previamente aprovado. Esse orçamento deverá com‑ preender todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, e poderá ter a duração de até cinco exercícios. e) reservas de lucros a realizar ‑ RLR: a constituição desta reserva é facultativa. Busca evidenciar a parcela de lucro não realizado finan‑ ceiramente. O objetivo é evitar a distribuição de dividendos sobre esta parcela e até mesmo o IR. Para efeito da constituição, a RLR deve‑se obter este valor da seguinte forma: Reservas de Lucros a Realizar = Lucros a Realizar – (Reserva legal + Reserva Estatutário + Reserva para Contingência + Reserva Orça‑ mentária). Lucros a Realizar: lucros que se realizarão após o término do exercício seguinte. Dividendos são partes dos lucros que a Sociedade Anônima destina a seus acionistas. – 191 – Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas Assim como os acionistas, todo sócio titular da empresa individual ou qualquer outro tipo de sociedade, tem direito a receber ou retirar parte do lucro apurado no exercício social. No caso das sociedades por ações S/A, a Lei n. 6.404/76 garante aos acionistas um valor mínimo de retirada, a partir do lucro apurado. No caso de empresas individuais, o proprietário titular decidirá o quanto irá retirar. Para as demais empresas, deve ser obedecido o que constar no contrato social, ou no caso de não constar no contrato social, os próprios sócios deci‑ dem o valor a ser retirado. Agora que você compreendeu cada campo de uma apuração do resul‑ tado do exercício, veja como fica estruturada de acordo com a Lei n. 6.404 de 1976. Tabela 1 Modelo da estrutura da D.R.E. Demonstração do resultado do exercício (+) Receitas brutas de vendas/receita operacional bruta (–) Deduções e abatimentos ‑ Impostos sobre vendas ‑ Abatimentos sobre vendas ‑ Devoluções de vendas ‑ Cancelamento de vendas ‑ Descontos incondicionais sobre vendas (=) Receita operacional líquida/receita líquida das vendas (–) Custos operacionais CPV – Custo dos Produtos Vendidos CMV – Custo das Mercadorias Vendidas CSP – Custo dos Serviços Prestados – 192 – Contabilidade Básica II Demonstração do resultado do exercício (=) Lucro ou prejuízo operacional bruto/resultado operacional bruto (–) Despesas operacionais ‑ Despesas com vendas ‑ Despesas administrativas (+/–) Resultado financeiro + Receitas financeiras – Despesas financeiras + Receitas Operacionais ‑ Outras despesas operacionais (=) Resultado do Exercício antes das participações e dos impostos (–) Provisão para a Contribuição Social (–) Provisão para o Imposto de Renda (–) Participações ‑ Debêntures ‑ Funcionários ‑ Administradores ‑ Partes beneficiárias ‑ Assistência e Previdência (=) Lucro ou prejuízo do exercício Conclusão Vimos, neste capítulo, de que forma podemos apurar o resultado econô‑ mico da empresa, o qual é o primeiro indicador de desempenho de suas ativi‑ dades operacionais. As entidades realizam, no decorrer do ano civil, diversas atividade de natureza contábil. Essas operações são registradas, obedecendo à legislação pertinente. Para seguir as normas contábeis, o contador deve ade‑ – 193 – Regime de Competência e seus reflexos na apropriação das receitas e despesas quar o registro da entidade a regimes contábeis específicos. O regime de caixa (usado pela entidade sem fins lucrativos) e o regime de competência (adotado nas demais instituições) são os dois tipos de regimes adotados na contabi‑ lidade. Na apuração do resultado das empresas, evidenciamos as receitas e despesas, operacionais e não operacionais, bem como os custos incorridos ao longo do exercício que se tornaram necessários para a realização das atividades diárias da empresa. 7 Elaboração do balanço patrimonial Neste capítulo, iremos resolver um exercício completo de apuração do resultado, partindo com os saldos apresentados no balancete de verificação do dia 30.11.2004. Durante a resolução, vamos considerar as receitas e despe‑ sas com base no regime de competência, realizando os ajustes neces‑ sários, conforme orientação dada no exercício. – 196 – Contabilidade Básica II 7.1 Primeiro passo Para iniciar a resolução da atividade, analise o balancete de verificação a seguir, para ter certeza da sua real apresentação. Verifique o saldo das contas e confirme o valor total da coluna devedore credor. O balancete de verificação da Cia. Juá, em 30/11/04, apresentava os saldos das seguintes contas: Tabela 1 Balancete de verificações. Contas Devedor Credor Caixa 33.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Bancos 8.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Empréstimos a Pagar ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 5.000 Duplicatas a Receber 20.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Provisão Devedores Duvidosos ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 1.000 Mercadorias 200.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Equipamentos 60.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Terreno 30.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Despesas de Salários 45.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Depreciação Acumulada ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 5.000 Despesa de Aluguel 20.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Fornecedores ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 100.000 Capital ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 169.000 Títulos a Pagar ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 50.000 Seguros a Vencer 12.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Despesas Gerais 2.000 ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ Vendas ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ 100.000 Total 430.000 430.000 – 197 – Elaboração do balanço patrimonial 7.2 Segundo passo Antes de prosseguir com a apuração do resultado, realize os ajustes soli‑ citados. Dados para ajustes a) A taxa de depreciação dos equipamentos é de 10% ao ano e foram adquiridos em 1/1/04; b) O inventário inicial de dezembro representa 2.000 unidades a R$ 100 por unidade; c) Em dezembro comprou‑se R$ 200.000 a prazo; d) O inventário final representa 2.080 unidades valoradas em R$ 219.000; e) Apure o CMV; f ) As vendas de dezembro totalizaram R$ 233.400 à vista; g) As despesas com vendas somaram R$ 25.000; h) As despesas gerais totalizaram R$ 22.000; i) Haverá participação de 1% sobre o lucro distribuído; j) O lucro do exercício deve ser distribuído aos acionistas. 7.3 Razonetes Com a contabilização das operações de dezembro, teríamos os razonetes com os saldos iniciais e os lançamentos dos ajustes como a seguir: Tabela 2 Razonete das contas patrimonias (ajustes). Contas patrimoniais Ativo Passivo Caixa Emprestimos a pagar SI 33.000 SI 5.000 233.400 266.400 – 198 – Contabilidade Básica II Contas patrimoniais Ativo Passivo Bancos Capital social SI 8.000 SI 169.000 Equipamentos Títulos a pagar SI 60.000 SI 5.000 Duplicata a receber Fornecedores SI 20.000 SI 100.000 200.000 300.000 Terrenos SI 30.000 Contas a pagar 47.000 PPDV 1.000 Depreciação AC. SI 5.000 6.000 Seguros a vencer 11.000 SI 12.000 Mercadoria SI 200.000 200.000 EF 219.000 219.000 – 199 – Elaboração do balanço patrimonial Tabela 3 Razonetes das contas de resultado (ajustes). Contas de Resultado Despesas Receitas Despesa salários Vendas SI 45.000 SI 100.000 233.400 333.400 Despesa geral SI 2.000 22.000 24.000 Custo Despesa venda CMV 25.000 200.000 219.000 200.000 181.000 Despesa aluguel SI 20.000 Compras 200.000 200.000 0 Despesa depreciação 6.000 – 200 – Contabilidade Básica II 7.4 Terceiro passo: balancete de verificação Após a realização dos ajustes, chega a hora de montar o balancete de verificação, com os saldos de 31 de dezembro. Tabela 4 Balancete de verificação. Balancete em 31 de dezembro Saldo Saldo Contas Devedor Credor Caixa 266.400,00 ‑ Bancos 8.000,00 ‑ Equipamentos 60.000,00 ‑ DPL a receber 20.000,00 ‑ Terrenos 30.000,00 ‑ PDDV ‑ 1.000,00 Seguros a vencer 12.000,00 ‑ Depreciação acumulada 11.000,00 Mercadorias 219.000,00 ‑ Contas a pagar ‑ 47.000,00 Empréstimo a pagar ‑ 5.000,00 Capital social ‑ 169.000,00 Títulos a pagar ‑ 50.000,00 Fornecedores ‑ 300.000,00 Vendas ‑ 333.400,00 Despesa geral 24.000,00 ‑ Despesa venda 25.000,00 ‑ Despesa depreciação 6.000,00 ‑ Despesa salários 45.000,00 ‑ Despesa aluguel 20.000,00 ‑ CMV 181.000,00 ‑ Saldo 916.400,00 916.400,00 – 201 – Elaboração do balanço patrimonial 7.5 Quarto passo: demonstração do resultado da empresa Tabela 5 DRE. Demonstração do resultado R$ (+) Receita operacional bruta 333.400,00 (–) Deduções 0 (=) Receita líquida vendas 333.400,00 (–) CMV 181.000,00 (=) Resultado operacional bruto 152.400,00 (–) Despesas operacionais (–) Despesas com vendas 25.000,00 (–) Despesas gerais 24.000,00 (–) Despesa com depreciação 6.000,00 (–) Despesa com salários 45.000,00 (–) Despesa com aluguel 20.000,00 (=) Lucro antes da tributação 32.400,00 (–) Provisão CSLL (9%) 2.916,00 (–) Provisão IRPJ (15%) 4.860,00 (=) Lucro depois da tributação 24.624,00 (–) Participações (–) Empregados (1%) 246,00 (=) Lucro líquido do exercício 24.378,00 7.6 Quinto passo: destinações do lucro No final do gráfico da apuração do resultado, calculamos as reservas a serem constituídas em função lucro. Veja o que são e para que servem as reservas a seguir. O resultado da empresa deverá ser transferido para a conta lucros ou prejuí zos acumulados. – 202 – Contabilidade Básica II Do lucro acumulado, as empresas podem constituir reservas de lucros ou distribuir dividendos (lucros). As reservas de lucros são classificadas em: 2 reserva legal: conforme o Artigo 193, da Lei n. 6.404/76, 5% do lucro líquido do exercício são destinados, à constituição da reserva legal, cujo valor não poderá ser superior a 20% do capital social. 2 reservas estatutárias: são criadas em virtude das disposições con‑ tidas nos estatutos da empresa, os quais fixarão seus limites. 2 reserva para contingência: tem a finalidade de compensar, em exercícios futuros, a diminuição do lucro decorrente de perda jul‑ gada improvável, cujo valor possa ser estimado. Sendo assim, a Cia. Juá prevê um período de greve dos funcionários por não conceder os aumentos salariais de costume, na ocasião do dissídio coletivo. 2 reserva orçamentária (reserva de lucros para expansão): a empresa poderá constituir reserva para sua expansão. A expan‑ são deve estar aprovada pela Assembleia Geral e prevista no orça‑ mento de capital da empresa que justifique a retenção dos lucros. A duração da reserva para expansão poderá ser de até cinco anos ou superior, quando a execução do projeto requer um prazo maior. 2 reserva de lucros a realizar: segundo Marion (2007), a reserva de lucros a realizar é constituída quando houver parte do lucro líquido que ainda não foi realizado financeiramente. Por isso, a Reserva de Lucros a Realizar poderá ser (é optativa) deduzida do Lucro Líquido do exercício, sendo revertida (somada novamente ao lucro) em exercícios futuros, em que houver a realização financeira. Por ser optativa, não iremos calcular neste exercício social. Acompanhe, a seguir, o cálculo das reservas e dividendos a pagar: Tabela 6 Cálculo das reservas. Constituição das reservas (‑) Reserva legal (5%) 1.218,90 (‑) Reserva estatutária (10%) 2.437,80 – 203 – Elaboração do balanço patrimonial (‑) Reserva contingência (8%) 1.950,23 (‑) Reserva orçamentário (6%) 1.462,68 (=) Dividendos a pagar 17.308,39 7.7 O balanço patrimonial Balanço patrimonial em 31 de dezembro Ativo Saldo (R$) Passivo Saldo (R$) Ativo circulante Passivo circulante Disponível Contas a pagar 47.000,00 Caixa 266.400,00 Empréstimo a pagar 5.000,00 Bancos 8.000,00 Títulos a pagar 50.000,00 Estoque Fornecedores 300.000,00 Mercadorias 219.000,00 CSLL a pagar 2.916,00 Direitos IRPJ a pagar 4.860,00 DPL a receber 20.000,00 Participações empregados a pagar 246,24 (–) PDDV (1.000,00) Dividendos a pagar 17.308,39 Despesa antecipada Seguros a vencer 12.000,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE Ativo permanente - Investimento Patrimônio líquido Imobilizado Capital social 169.000,00 Terrenos 30.000,00 Reserva legal (5%) 1.218,90 Equipamentos 60.000,00 Reserva estatutária (10%) 2.437,80 (11.000,00) Reserva contingência (8%) 1.950,23 (–) Depreciação acumulada Reserva orçamentário (6%) 1.462,44 Intangível 0 Ajuste avaliação patrimonial – Diferido Ações em tesouraria – Total ativo 603.400,00 Total passivo 603.400,00 – 204 – Contabilidade Básica II Conclusão Vimos, neste capítulo, de que forma podemos apurar o resultado de uma empresa. Durante o processo de apuraçãodo resultado de uma enti‑ dade, ajustes deverão ser realizados como a apropriação de receitas e despesas compreendidas para o exercício contábil em apuração. Após a realização dos ajustes contábeis, chega o momento de se calcular o custo do período e con‑ frontar as receitas e as despesas para apurar o lucro, quando as receitas forem superiores às despesas e custos ou prejuízo se a operação matemática oferecer dados para o oposto. Enfim, é chegada o momento de reunir os dados apura‑ dos e apresentá‑los no balanço patrimonial. Referências – 206 – Contabilidade Básica BRASIL. Lei n. 11.638, de 27 de dezembro de 2007. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato20072010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 27 fev. 2007. COLLI, J. A. Contabilidade bancária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. EQUIPE de Professores da FEA/USP. Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas,1998. FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1997. IUDICIBUS, S. DE; MARTINS, E. Manual de Contabilidade das Socie- dades por ações. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010; MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEGISLAÇÃO básica para registro de empresas. Disponível em: <http:// www.to.gov.br//redirect.php?url=http://www.dnrc.gov.br/legislacao/legisla- cao.htm>. Acesso em: 27 fev. 2007. NASCIMENTO, E. D. Linguagem forense. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. NETO, A. A. Mercado financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007 PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. TABELA de Contribuição Mensal do INSS. Disponível em: <http://www. inss.gov.br/pg_secundarias/contribuicoes_02.asp>. Acesso em: 27 fev. 2008. Toda organização existe devido a inúmeras finalidades, mas a maior parte delas objetiva com sua existência a lucratividade. Para que atuem no mercado com eficiência, efetividade, desfrutando de clientes satisfeitos, os quais necessitam que os processos pertinentes a ela sejam executados, de maneira impecável; para que o serviço ou o produto final seja o esperado e estipulado no planejamento da organização. O estudo da Contabilidade Básica proporcionar-lhe-á um maior entendimento perante o controle dos processos burocráticos inerentes às rotinas organizacionais. 9 788553 370146 ISBN 978-85-53370-14-6