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História da produção de mel História da produção de mel no Brasil Tecnologia de mel e derivados Foram os egípcios e os gregos que desenvolveram as técnicas mais rudimentares de manejo, para a produção de alimentos e cosméticos. Na Idade Média, ocorreu maior diversificação do uso do mel, cujos processos de extração levavam à destruição da colmeia. Portanto, alternativa foram criadas para facilitação da colheita do mel. • Recipientes horizontais: Os recipientes tinham seu comprimento maior que o braço do produtor. Assim, para realizar a colheita o apicultor jogava fumaça na entrada da caixa, movimentando as abelhas para o fundo, inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as abelhas. • Recipientes sobrepostos: permitiam ao apicultor remover a parte superior, deixando uma reserva para as abelhas na caixa inferior, porém, o produtor não tinha acesso à área de cria sem destruí-la. • Barras horizontais no topo dos recipientes: separadas por uma distância igual à distância dos favos construídos, as abelhas passaram a construir os favos nessas barras, facilitando a inspeção. Entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da colmeia. Antes do início da atividade apícola no Brasil, já havia abelhas nativas, as Melipônicas, cultivadas pelas civilizações indígenas. Essas abelhas possuem ferrão atrofiado e produzem mel de alta qualidade, mas sua produtividade é muito baixa. A apicultura no Brasil começou em 1938, com a importação de alguns enxames de abelhas Apis mellifera de Portugal. As subespécies de Apis mellifera de origem europeia introduzidas no Brasil, conhecidas no meio rural como “abelhas europa”, tiveram excelente adaptação ao clima brasileiro, principalmente na Região Sul, devido às temperaturas mais amenas. Além da fácil adaptação climática, elas apresentam comportamento não agressivo, de manejo fácil, resultando no rápido desenvolvimento da atividade apícola no território nacional. A produção era destinada, principalmente, para o consumo próprio. As principais subespécies de abelhas oriundas da Europa foram: • Apis mellifera mellifera: Conhecida como abelhas pretas e originadas dos Alpes europeus e parte da Rússia central. • Apis mellifera ligustica: Conhecidas como abelhas, de origem italiana. . • Apis mellifera carnica: Conhecidas como abelhas carnicas originadas dos Alpes austríacos e de parte da antiga lugoslávia. • Apis mellifera caucasica: Conhecidas como abelhas caucasianas, originadas do Cáucaso central da Rússia. As quatro subespécies introduzidas no Brasil não apresentavam a produtividade desejada pelos apicultores. Em 1956, foram introduzidas em Piracicaba, São Paulo, cerca de 50 abelhas das subespécies trazidas da África, entre as principais: Apis mellifera adansonii e Apis mellifera capensis. O objetivo era um trabalho confinado de hibridação com as raças de abelhas europeias, para oferecer aos apicultores brasileiros rainhas híbridas (euro-africanas), para produção de enxames mais produtivos. Entretanto, as abelhas fugiram e cruzaram com as europeias já existentes no Brasil, resultando nas abelhas africanizadas, agressivas e de comportamento migratório. Atualmente, no Brasil, estima-se que as abelhas africanas e africanizadas representem 90% da população. . Importância econômica da atividade apícola Tanto a apicultura como a meliponicultura são atividades que envolvem a criação de abelhas de forma racional. Enquanto a apicultura está relacionada à criação das abelhas do gênero Apis, as mais utilizadas comercialmente, a meliponicultura se ocupa da criação de abelhas do gênero Melipona. PANORAMA MUNDIAL: A pandemia do novo coronavírus não afetou o consumo de mel no mundo, mas gerou mudanças de comportamento de consumo. O fato de o consumidor passar mais tempo dentro de casa possibilitou a escolha e o consumo de produtos mais saudáveis, como o mel, por exemplo. A produção mundial de mel em 2019 foi de 1.852.598 toneladas (FAO, 2020). PANORAMA NACIONAL: O Brasil possui vegetação rica e variada, aliada a um clima muito diverso, que favorecem a exploração da apicultura em todos os estados da federação. A apicultura pode ser desenvolvida de duas formas: • Fixa: As colônias de abelhas melíferas permanecem no mesmo local. . • Migratória: As colônias são transportadas para locais que ofereçam uma flora apícola mais abundante, com o objetivo de aumentar a produtividade da colmeia. No Brasil, predomina a apicultura fixa, desenvolvida por pequenos produtores e caracterizada pela exploração de até 150 colmeias, trabalho realizado, principalmente, pela mão de obra familiar. A Região Sul do país lidera a produção nacional, com dois terços do mel destinado ao mercado externo, sendo exportado, principalmente, para os EUA e a Europa. O Paraná se destacou com o maior volume, responsável por 15,7%, seguido por Rio Grande do Sul (13,6%), Piauí (10,9%), São Paulo (9,8%) e Minas Gerais (9,2%). Importância ambiental da atividade apícola A produção apícola é uma atividade que contribui para o consumo racional dos recursos naturais. A apicultura cultura não requer desmatamento da área utilizada e pode ser exercida em áreas de preservação ou em conjunto com outros meios de cultivo vegetal e animal. Além da produção de mel e derivados, as abelhas possuem grande importância na polinização, processo em que o grão de pólen é transferido da estrutura masculina da flor para a região que conduz os gametas masculinos até os gametas femininos da planta. Essa transferência pode ocorrer: em uma mesma flor (autopolinização) ou entre flores diferentes (polinização cruzada). No Brasil, há três culturas que dependem do uso de polinizadores: a maçã na Região Sul, especialmente Santa Catarina; e o melão e a melancia na Região Nordeste, nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Características das abelhas melíferas Todas as abelhas passam por uma metamorfose completa, que se constitui de quatro estágios de desenvolvimento distintos: • Ovo: Fase normalmente curta, que termina com o nascimento da larva. • Larva: Fase em que o elevado consumo de alimento determina o seu crescimento. • Pupa: Fase em que a abelha se torna imóvel e sofre a metamorfose propriamente dita, com mudanças radicais nas suas estruturas interna e externa. • Adulto: Fase em que o inseto está completamente formado. São insetos sociais que se comunicam por feromônios (odores) e danças. Em uma colônia, convivem harmonicamente três castas de abelhas, que possuem funções específicas e perfeitamente delimitadas: milhares de operárias, algumas centenas de zangões e uma rainha. • Abelhas operárias: São fêmeas oriundas de ovos fecundados que, devido ao tipo de alimentação, não desenvolvem o aparelho reprodutor, logo, não se reproduzem. Elas alimentam as larvas; ventilam a colmeia batendo as asas e aquecem quando está frio; produzem cera; constroem favos; cuidam da rainha; defendem a colmeia dos agressores; coletam néctar, pólen e própolis; e produzem o mel. • Zangões: São oriundos de ovos não fecundados. Possuem o corpo maior e mais pesado que a operária, pois seu desenvolvimento ocorre em células maiores chamadas zanganeiras. • Abelha rainha: Cada colônia de abelhas possui uma única rainha, que é a mãe de todas as abelhas e responsável pela colônia, pois faz a postura de ovos que vão originar operárias, zangões ou novas rainhas; além de manter o enxame unido. A rainha, como as operárias, também é oriunda de um ovo fecundado. A diferença é que a rainha é alimentada com geleia real desde o início da fase larvar. As larvas que recebem essa alimentação ficam em alvéolos especiais, denominados realeira. MORFOLOGIA • Cabeça: - Está presente um par de antenas, com estruturas olfativas e auditivas. - Três ocelos (olhos simples) na região frontal permitem a visão de perto e no escuro. - dois olhos compostos na região lateral,formados por milhares de facetas, possibilitam enxergar em várias direções. - Peças bucais fortes cortam e manipulam diversos materiais, como cera e própolis, na construção do ninho - A língua pilosa permite a coleta do grão de pólen. - As operárias possuem glândulas hipofaringeanas e mandibulares na cabeça e duas glândulas salivares, uma na cabeça e outra no tórax. • Tórax - É dividido em três segmentos, apresentando um par de pernas (anteriores, intermediárias ou medianas e posteriores) em cada um. - As patas posteriores das operárias, além de possibilitarem a locomoção, possuem as corbículas, cavidades onde são transportados o pólen e a resina. O pólen também é transportado nos pelos do tórax. - No tórax, há dois pares de asas e órgãos respiratórios e digestório (esôfago). • Abdômen - Abriga órgãos importantes do sistema digestivo, como o papo ou vesícula melífera, onde o néctar é armazenado e transportado para a colmeia. - O ferrão, órgão de defesa de operárias e rainhas, fica na região posterior do abdome, associado à glândula ácida ou de veneno, que secreta apitoxina (veneno). - Internamente, encontra-se a glândula de cheiro ou Nasonov, que libera um feromônio que auxilia na orientação e no agrupamento das abelhas. - Quatro pares, as glândulas cerígenas, que secretam cera. O corpo é revestido por exoesqueleto de quitina, formando uma carapaça, e algumas regiões são cobertas por pelos. Essa estrutura rígida evita a perda de água e protege contra predadores. Comportamento higiênico das abelhas As abelhas higiênicas detectam, desoperculam e removem a cria doente da colônia antes de a doença alcançar o estágio infeccioso, evitando o manuseio e a transmissão do agente patogênico. Comportamento enxameatório ENXAMEAÇÃO: Ocorre, geralmente, quando as condições ambientais são extremamente favoráveis, o que desencadeia um aumento populacional que torna incompatível o espaço físico do ninho. Antes de ocorrer a enxameação, as operárias promovem o nascimento de outra rainha e, antes que nasça, a rainha velha e suas acompanhantes partem para outro local. ABANDONO: Este comportamento ocorre por diferentes motivos adversos, tais como: escassez de alimento e/ou água; e estresse térmico. É mais comum nas abelhas africanas, bem como nas africanizadas. Comportamento defensivo A agressividade das abelhas é importante para a defesa das colmeias, sendo realizada pelas operárias. Os estímulos que desencadeiam o comportamento agressivo são: Movimento, vibrações no solo, cores escuras, temperatura do corpo, consistência peluda. Durante a defesa, as operárias injetam a apitoxina, utilizando o ferrão, que fica preso à vítima, juntamente com as vísceras e a glândula de veneno, garantindo maior dosagem injetada. Entretanto, a perda do ferrão e partes anexas resulta na morte da operária. Transformação do néctar em mel O néctar é uma substância aquosa açucarada, secretada pelas plantas em seus nectários. É rico em açúcares, principalmente sacarose, frutose e glicose, além de: Aminoácidos, Proteínas, Lipídeos, Glicosídeos, Dextrinas e Substâncias inorgânicas. As abelhas operárias “campeiras” fazem a colheita do néctar floral e transportam até a colmeia na vesícula melífera. Ao chegar à colmeia, transferem a carga trazida para as operárias denominadas abelhas “receptoras”, que manipularão o néctar com suas peças bucais, expondo ao ar e diminuindo o teor de umidade em torno de 40-50%. Esse mel “imaturo” é regurgitado nos favos, onde continuará a perder umidade e, consequentemente, a concentrar os açúcares. Enquanto as abelhas receptoras manipulam o néctar, ocorre a ação das enzimas produzidas pelas glândulas hipofaringeanas, que continuam agindo quando ocorre a sua deposição nos favos. Quando o teor de umidade do mel atinge de 17% a 20% (mel “maduro”), as abelhas operculam os favos, fechando-os hermeticamente com uma camada de cera. A operculação dos favos evita a absorção de umidade. Localização dos aviários O mais importante de todos é a flora apícola, espécies vegetais que irão ofertar o néctar, o pólen e o material resinoso para as abelhas. O ideal é que a flora apícola seja bastante diversificada e composta por plantas que floresçam em diferentes estações do ano. Outros cuidados de extrema importância são: • Oferta natural de água limpa. • Proteção natural contra correntes de ar intensas. • Proteção contra incidência direta da luz solar, para manter a temperatura em torno de 35°C na área de cria. • A entrada da colmeia deve ficar voltada para o sol nascente, para que a temperatura do interior da colmeia aumente no início da manhã de forma mais acelerada. • As colmeias não devem ser instaladas em contato direto com o piso, mas sobre cavaletes, diminuindo o risco de contaminação e absorção de umidade pelo mel. Povoamento do aviário e estrutura das colmeias O povoamento do apiário pode ser realizado de diferentes formas: • Captura de enxames na natureza (forma mais barata) • Divisão de enxames populosos já existentes no apiário • Compra de enxames de outros apiários O modelo de colmeia mais utilizado é o de Langstroth. Estrutura das colmeias • Melgueiras: Local onde o mel fica armazenado. • Quadros: Também denominados de caixilhos, que são estruturas de madeira e arame, de formato retangular, onde vai ser depositada a cera alveolar. • Ninho: Local da colmeia em que a rainha se encontra, onde faz a postura dos ovos e ocorre sua incubação e a metamorfose. No interior do ninho, também são colocados os quadros onde as abelhas vão construir os favos de postura e de armazenamento do mel. • A entrada da colmeia fica na parte frontal e inferior da caixa. Essa “porta” é denominada alvado. Colheita do mel O mel apresenta características que o tornam um alimento bastante susceptível à contaminação: Microbiológica (ex.: Clostridium botulinum), Química (ex.: agrotóxicos), Física (ex.: fragmentos do corpo das abelhas) • Para reduzir ou evitar a contaminação, é necessário que, em todas as etapas do beneficiamento do mel, da colheita até a comercialização, sejam adotadas as normas higiênicas recomendadas pelas Boas Práticas Apícolas. Vestimenta do apicultor Macacão: Deve ter um tecido resistente, com manga comprida e punhos de elástico. Bota: Deve ser de borracha branca de cano alto ou médio. Meia: Deve estar por cima da calça. Luva: Deve ficar por baixo do punho de elástico da manga do macacão. Protetor de cabeça ou “véu”: Deve ser um tecido resistente, com visor confeccionado por uma tela fina de cor escura. Condição climática A colheita deve ser realizada durante um dia ensolarado, com baixa umidade, e num horário em que grande parte das abelhas estejam no campo fazendo a colheita do néctar e do pólen, idealmente entre 9h00 e 16h00. Uso da fumaça Para diminuir o risco de ataque pelas abelhas, é feita a aplicação da fumaça por meio de um fumigador. Alguns cuidados são necessários para a produção e a aplicação da fumaça: • Deve ser utilizada a maravalha (lascas de madeira) ou serragem não tratada (sem aplicação de produtos químicos), provenientes de madeiras brancas e de odor suave. • Nunca utilizar óleo, fumo, querosene, ou qualquer outro tipo de material tóxico. • A fumaça deve ser limpa e fria para que não provoque queimadura ou morte das abelhas. A temperatura fria também é responsável por produzir uma fumaça de maior densidade. • Deve ser aplicada diretamente sobre a entrada da colmeia, respeitando um distanciamento mínimo de 20cm para não impregnar os quadros com a fumaça. • Deve ser aplicada em pequena quantidade e de forma lenta. Seleção dos quadros Durante essa inspeção, são selecionados os quadros contendo 90% ou mais dos favos operculados, sem a presença de crias e/ou pólens. Os quadros selecionados devem ser colocados em uma melgueira vazia, fora do chão, e depois transportadospara o local do beneficiamento. Transporte dos quadros Deve-se evitar a exposição dos quadros ao sol, pois o aumento da temperatura do mel eleva o teor de hidroximetilfurfural (HMF), cuja presença acima do limite estabelecido pela legislação é indicativa de deterioração do mel. O ideal é fazer o transporte em veículos fechados, quando não for possível, deve-se cobrir as melgueiras com uma lona plástica limpa, utilizada somente para essa finalidade. Extração do mel O Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal – Riispoa (BRASIL, 2020) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, classifica o estabelecimento de produtos apícolas em: Unidade de Extração e Beneficiamento de Produtos de Abelhas, e o define como: “estabelecimento destinado à recepção, à classificação, ao beneficiamento, à industrialização, ao acondicionamento, à rotulagem, à armazenagem e à expedição de produtos e matérias-primas pré-beneficiadas, provenientes de outros estabelecimentos de produtos de abelhas e derivados, facultada a extração de matérias-primas recebidas de produtores rurais”. Localização dos estabelecimentos apícolas Devem estar afastados de locais com focos de insalubridade, odores indesejáveis e de criações de animais para evitar o risco de contaminação cruzada. O acesso deve ser fácil, para permitir a chegada e saída dos veículos transportadores das melgueiras e dos produtos apícolas. Higiene das instalações e equipamentos dos estabelecimentos apícolas Cor e superfície: O piso, as paredes, o teto, as portas e as janelas devem ser de cor clara, com superfície lisa, impermeável e lavável. Janelas: Devem ser teladas para evitar a entrada de insetos e providas de sistema com a forma de um funil, que permite a remoção das abelhas que entraram junto com as melgueiras. Iluminação natural e artificial: Deve ser de intensidade suficiente para permitir a realização das atividades. A luz artificial deve ser fria e devem ser utilizadas luminárias com proteção. Ventilação: Deve garantir conforto térmico e evitar acúmulo de umidade e condensações. O fluxo da ventilação deve ser no sentido da área limpa (expedição) para a área suja (recepção das melgueiras). Para garantir uma boa ventilação, o pé direito deve ser de 4m ou de 3m quando climatizado. Abastecimento de água: Deve ser promovido em quantidade e qualidade que atenda a legislação específica. O reservatório de água deve ser provido de tampa e sua higienização deve ser realizada a cada 6 meses. Equipamentos: Devem ser de aço inox, que é um material resistente à higienização e não transfere odores e sabores anormais aos produtos apícolas. Sanitários e vestiários: Não podem ter acesso direto à área de produção. Os lavatórios devem ter torneiras acionadas por pedal ou sensor; sabão próprio para higienização das mãos e antebraços; papel toalha para secagem e álcool 70% para desinfecção das mãos. Manipuladores: Devem apresentar uniforme limpo, na cor branca, composto por bota de borracha, calça, avental e touca protetora de cabelo. Não é permitido o uso de adornos nem atitudes que coloquem em risco a segurança dos produtos. A higienização das mãos deve ser realizada com frequência. Etapas do beneficiamento do mel Área de recepção: Os quadros são limpos para remoção de abelhas, pedaços de cera e sujidades. A limpeza deve ser realizada com os quadros dispostos sobre estrados. Área de processamento: Ocorre a desoperculação dos favos dos quadros, com remoção da fina camada de cera que recobre os favos contendo o mel maduro. A operação pode ser feita com garfo desoperculador ou faca desoperculadora. Para remoção da cera, o quadro deve ficar na posição vertical, apoiado em uma barra lateral, e o garfo ou a faca é passado abaixo da cobertura. O ideal é que esta operação ocorra sobre a mesa desoperculadora, que tem apoio para os quadros, o fundo inclinado para o escorrimento do mel e uma peneira para reter a cera removida. Após a desoperculação, os quadros seguem para a centrifugação e para remoção do mel do interior dos favos, sem serem danificados. A velocidade da centrífuga deve ser aumentada gradativamente, conforme ocorre a saída do mel dos favos. Os quadros, após o término da centrifugação, podem ter dois destinos: • Aqueles com os favos íntegros são acondicionados dentro das melgueiras utilizadas para o seu transporte e devolvidos para o apiário. • Os que apresentarem favos danificados ou com cera escurecida, terão os favos removidos, a cera derretida e, posteriormente, será realizada uma limpeza e manutenção do quadro com troca dos arames desgastados e/ou esticamento do arame frouxo; em seguida, receberão uma nova camada de cera alveolar e serão despachados para o apiário. O mel recolhido da centrífuga passa por peneiras, onde a filtração pode ser tanto Manual (por gravidade), quanto mecânica (por pressão). Após isso é despejado nos tanques decantadores onde as impurezas (pedaços de cera e partes do corpo das abelhas) que não foram retidas na filtração, serão separadas por diferença de gravidade. O tanque de decantação possui torneiras na sua base; após o término da decantação, o mel é escoado do tanque e encaminhado para a homogeneização, para padronizar o aroma e a cor. Após a homogeneização, o mel pode ser envasado. Área de armazenamento e expedição do mel O local de armazenamento do mel deve ser seco, sem incidência de luz solar direta. As embalagens primárias e secundárias (caixas onde as embalagens primárias individuais são acondicionadas) devem estar depositadas sobre estrados e afastadas da parede, para permitir a limpeza do local. O transporte do mel para os locais de comercialização deverá ser realizado em caminhões de carroceria fechada. Mel - Definição e composição O Riispoa define o mel como o “produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre as partes vivas de plantas que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam maturar nos favos da colmeia”. Composição: • Frutose: 38,38% • Glicose: 30,31% • Açúcares redutores: 76,65% • Frutose: 1,31% Mel - Características sensoriais Docilidade: Varia conforme a composição dos açúcares. Geralmente, a maioria apresenta maior quantidade de frutose do que de glicose. A frutose confere o sabor doce mais intenso do que a glicose. Cor, sabor e aroma e consistência: Sua cor pode variar de quase incolor a pardo-escura; que seu sabor e aroma devem ser característicos da sua origem e a sua consistência varia conforme o seu estado físico (líquido, semicristalizado ou cristalizado). Cristalização: É a glicose o principal açúcar responsável pela cristalização. Quando este açúcar perde água, se transforma em um monoidrato de glicose e em cristal. A relação frutose/glicose também é responsável pela cristalização. Quando o mel apresenta maior quantidade de frutose do que de glicose, raramente cristaliza, pois a glicose é menos solúvel que a frutose. Aquecimento: É o processo mais utilizado pelas indústrias e pelos consumidores para descristalizar o mel, porém o calor pode prejudicar a qualidade do mel, diminuindo a atividade diastásica e aumentando a concentração de HMF. Mel - Parâmetros de deterioração Atividade diastásica: A diastase é um conjunto de enzimas (α-amilase e β-amilase) responsáveis pela hidrólise do amido. Essas enzimas são termossensíveis, portanto, sua inativação indica aquecimento do mel ou armazenamento prolongado. Hidroximetilfurfural (HMF): O HMF é oriundo da desidratação da frutose em meio ácido, formado no mel quando é submetido ao aquecimento e/ou armazenamento prolongado. A presença de pequenas quantidades de HMF no mel é normal, devido à sua composição, rica em frutose e glicose;e a presença natural do ácido glucônico. Acidez e fermentação: O mel apresenta uma acidez natural devido à presença de ácidos orgânicos, mas o crescimento microbiano, principalmente das leveduras, determina o aumento da acidez, pois utilizam os açúcares como substrato para o seu desenvolvimento, causando a sua fermentação. Açúcares redutores e não redutores: A presença dos açúcares redutores (frutose e glicose) e não redutores (sacarose) é utilizada como parâmetro para avaliar a maturidade do mel. Altos teores de sacarose e baixos teores de açúcares redutores são um indicativo de colheita de mel imaturo ou fraude por adição de sacarose ao mel. Teoar de umidade: É comum no mel a presença de leveduras oriundas do solo, das plantas e da própria colmeia, que são resistentes a altas concentrações de açúcar. Um dos fatores que irá controlar o desenvolvimento desses microrganismos é o teor de umidade reduzido. Porém, quando o teor de umidade é superior a 20%, as leveduras podem começar a crescer e vão utilizar os açúcares como substrato para o seu crescimento, causando sua fermentação com consequente produção de ácido. Mel - Parâmetros de maturidade Mel - Parâmetros de pureza Sólidos insolúveis em água: Máximo 0,1g/100g. No mel prensado, tolera-se até 0,5g/100g. Minerais (cinzas): Máximo 0,6g/100g. No melato, ou mel de melato, e suas misturas com mel floral, até 1,2g/100g. Pólen: O mel deve, necessariamente, apresentar grãos de pólen. Pólen apícola - Definição De acordo com a Instrução Normativa nº 3 do Mapa (BRASIL, 2001), “entende-se por Pólen Apícola o resultado da aglutinação do pólen das flores, efetuada pelas abelhas operárias, mediante o néctar e suas substâncias salivares, o qual é recolhido no ingresso da colmeia”. Pólen apícola - Composição e benefícios O pólen apresenta, na sua composição: açúcares (glicose, frutose e sacarose), fibras, proteínas e lipídeos; além de outros componentes em menor quantidade como: minerais, vitaminas (principalmente do grupo B), carotenoides e compostos fenólicos. Devido à presença de proteína (22,7%) e aminoácidos essenciais (10,4%) na sua composição, o pólen é o principal alimento durante o desenvolvimento das abelhas, pois é utilizado na produção da geleia real, consumida pela rainha e pelas larvas das abelhas operárias. Embora o principal alimento das abelhas seja o mel, o pólen é um suplemento. Vários são os benefícios associados ao consumo do pólen pelo homem. A presença dos compostos fenólicos, principalmente os flavonoides, são responsáveis pela sua atividade antioxidante. A ingestão desses antioxidantes está associada com a prevenção e o tratamento de múltiplas doenças, além da sua atuação no fortalecimento do sistema circulatório. A presença de carotenoides também é um benefício, pois são precursores da vitamina A. Ainda, a presença de vitaminas do grupo B e de ferro contribui para a regulação do funcionamento intestinal e o aumento da taxa de glóbulos vermelhos do sangue. Elaboração do pólen apícola O pólen que é coletado pelas abelhas e transportado nas corbículas, é oriundo da sua aglutinação com o néctar e as substâncias presentes na saliva (enzimas e vitaminas) formando as “bolotas de pólen”. No interior da colmeia é estocado nos favos e transformado no “pão das abelhas”. É utilizado na alimentação de larvas, crias, abelhas jovens e adultas; e na produção da geleia real. Coletores do pólen apícola O coletor de pólen apícola, como mostrado na imagem a seguir, é utilizado para remoção das bolotas de pólen apícola das corbículas das abelhas quando elas regressam à colmeia. O equipamento funciona como uma grade, cujos orifícios devem ter tamanho suficiente para a passagem das abelhas, mas devem reter 70% das bolotas de pólen. Os outros 30% devem estar disponíveis para alimentação das abelhas no interior das colmeias. As bolotas de pólen retidas caem em um compartimento gradeado que impede o recolhimento do pólen pelas abelhas. A colheita do pólen deve ser diária. É realizada uma limpeza com pinça para remoção de abelhas mortas. Em seguida, o pólen éacondicionados em baldes plásticos e vedados. Geleia real - Definição O RTIQ da Geleia Real (BRASIL, 2001) a define como “o produto da secreção do sistema glandular cefálico (glândulas hipofaringeanas e mandibulares) das abelhas operárias, coletada até 72 horas”. Geleia real - Composição e benefícios A geleia real é composta por 60–70% de umidade; 7–18% de açúcares, 12–15% de proteínas e 3–8% de lipídeos, além de minerais e vitaminas. Vários são os benefícios da utilização da geleia real na alimentação humana, pois apresenta em sua composição: • Biopterina: É um coator na produção de vários neurotransmissores necessários no cérebro. A falta desse coator pode levar ao desenvolvimento de várias doenças graves no homem. • Ácido pantotênico: Importante par garantir o bom funcionamento do metabolismo humano. Geleia real - elaboração e extração A elaboração da geleia real é baseada na produção da abelha rainha, utilizando colmeias especiais. Primeiramente, faz-se a seleção de uma colmeia forte e populosa e, em seguida, a rainha é removida da colmeia, sendo um estímulo para as operárias produzirem a geleia real e alimentarem as larvas recém-eclodidas. Após 72 horas, as larvas são removidas e a geleia real é extraída por meio de uma espátula ou de bomba de sucção. Própolis - Definição e utilização pelas abelhas Segundo a Instrução Normativa nº 3 do Mapa (BRASIL, 2001), “entende-se por Própolis o produto oriundo de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas, colhidas pelas abelhas, de brotos, flores e exsudados de plantas, nas quais as abelhas acrescentam secreções salivares, cera e pólen para elaboração final do produto”. As abelhas utilizam a própolis para a higienização da colmeia e para a prevenção de doenças. Também é utilizada para a vedação de aberturas e fechamento de espaços internos na colmeia; e para a renovação da película que protege os favos. Própolis - Composição e benefícios do seu consumo Composição: Resinas, produtos balsâmicos, cera, óleos essenciais, pólen, microelementos De acordo com a sua origem botânica, sua composição irá conter uma variedade de compostos fenólicos que apresentam vários benefícios terapêuticos para o homem, como ação anestésica, anti-inflamatória, cicatrizante, antioxidante etc. Própolis - Elaboração As abelhas raspam com a mandíbula as substâncias resinosas encontradas nas plantas, para depois serem acondicionadas nas corbículas e transportadas. Na colmeia, é retirada das corbículas e misturada às secreções salivares, pólen e cera. Cera de abela - definição Segundo a Instrução Normativa nº3 do Mapa (BRASIL, 2001), “entende-se por cera de abelhas o produto de consistência plástica, cor amarelada, muito fusível, secretado pelas abelhas para a formação dos favos nas colmeias”. Cera de abela - elaboração A cera é produzida na forma líquida pelas glândulas cerígenas, mas o contato com ar promove sua solidificação na forma de lâminas de fina espessura. As abelhas mastigam essas lâminas, misturando-as com a saliva e promovendo a incorporação de própolis, proteínas e pólen, que, influenciados pela temperatura e pelo teor de umidade da colmeia, vão originar as diferentes cores e consistências da cera. Cera de abela - extração A cera extraída dos quadros deve ser transformada em um bloco de cera bruta. Para a obtenção desse bloco, podem ser utilizados o aquecimento em banho-maria; imersão em água quente; ou a utilização de caldeiras, onde o derretimento da cera ocorre por ação do vapor, sendo considerado o método mais eficiente. Apitoxina - Definição De acordo com a Instrução Normativa nº 3 do Mapa (BRASIL, 2001), “entende-se por Apitoxina o produto de secreção das glândulas abdominais (glândulas do veneno) das abelhas operárias e armazenadono interior da bolsa de veneno”. Apitoxina - Composição e benefícios do seu consumo Composição: Apamina, melitina, fosfolipase, hialuronidase, aminoácidos. A apitoxina apresenta também várias substâncias com atividades terapêuticas, como: ação analgésica, anti-inflamatória, antitumoral etc. Apitoxina - Elaboração e extração da apitoxina Existem várias técnicas para a coleta da apitoxina nas abelhas, contudo, a mais utilizada pelos apiários é por meio de coletores elétricos. Essa técnica apresenta como vantagens: • A coleta de maior volume. • Ausência de risco de contaminação do veneno com conteúdo gastrointestinal. • Não provocar a morte das abelhas. Acabou !
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