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Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito Caixa postal n° 191 - CEP: 89.130-000. lndaial-SC Fone: (0xx47) 3281-9000/3281-9090 Home-page: www.uniasselvi.com.br Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Centro Universitário Leonardo da Vinci Organização Grupo UNIASSELVI Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância Prof.ª Francieli Stano Torres Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação e Capa Paulo Herique do Nascimento Revisão: Harry Wiese José Roberto Rodrigues Todos os direitos reservados à Editora Grupo UNIASSELVI - Uma empresa do Grupo UNIASSELVI Fone/Fax: (47) 3281-9000/ 3281-9090 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Proibida a reprodução total ou parcial da obra de acordo com a Lei 9.610/98. 3 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA A PRESENTAÇÃO O cenário do século XXI é fruto de uma série de variáveis das quais se podem citar: a globalização, as inovações tecnológicas, o caos urbano, a falta de mão de obra qualifi cada, as exigências e os desafi os, as incertezas da modernidade, a destruição ambiental, a robótica, a inteligência artifi cial, dentre tantas outras. De certa forma, podemos dizer que se vive em um período de imprevisibilidade frente aos cenários futuros. Conforme Drucker (2002), a sociedade, em poucas décadas, tem se organizado e mudado sua visão de mundo, valores básicos fundamentais, a estrutura social e política, as artes, dentre outras. Diante deste cenário em que vivemos, muitas são as problemáticas que se fazem presentes para a sociedade, que e exigem cada vez mais, do ser humano, buscar soluções para os desafi os que se fazem presentes. Por isso, você irá estudar alguns assuntos que de certa forma estão na agenda das discussões na atualidade, a saber: desafi os e perspectivas da vida urbana; políticas públicas, sociodiversidade, sustentabilidade, geopolítica mundial e confl itos internacionais. 4 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades SOCIOLOGIA 1 GEOPOLÍTICA MUNDIAL O termo Geopolítica pode sugerir, à primeira vista, a união de Geografi a e Política. De fato, ambas as disciplinas são parte do contexto da Geopolítica. Atualmente, porém, muitas outras disciplinas, como a ecologia, o direito, a história, a economia, a sociologia, dentre outras, têm discutido assuntos desta ordem. Antigamente, discutia-se a arte da guerra e a estratégia para compreender a divisão política do mundo. Em tempos de globalização, a discussão passa pela compreensão do espaço em função de religiões, matrizes energéticas, confl itos regionais e fi nanceiros, entre outros. Além disso, as relações de poder entre as nações é tema primordial para essa disciplina. Para se ter uma ideia, a questão da Palestina, por exemplo, extrapola e muito as fronteiras de Israel e da Palestina, e praticamente divide o mundo com várias tendências de pensamento e ação. O bloqueio americano a Cuba divide opiniões no mundo ocidental. A crise fi nanceira nos países europeus está apenas começando e já causa refl exos no mundo todo. Isso tudo faz parte da ideia de globalização, que será vista adiante. O conceito de globalização certamente discute estas infl uências cada vez mais próximas entre os países. Isso demonstra o quanto a globalização e a geopolítica são termos próximos. A área de estudo da geopolítica mundial é, portanto, a organização dos países e 5 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA instituições em suas relações de poder, entre eles mesmos e o ambiente. 1.1 A ORGANIZAÇÃO DO MUNDO NO PÓS-GUERRA Logo após a Segunda Guerra Mundial, o planeta se dividiu entre capitalistas e socialistas. Isso foi fruto da divisão de dois ex-aliados, Rússia e Estados Unidos, que passaram a dominar diferentes regiões do globo. FIGURA 1 – MAPA-MÚNDI DOS TEMPOS DE GUERRA FRIA FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-ZRXVApCTCo4/ TaCJ8wXl jMI/AAAAAAAAABY/ul ih jCr4Fg8/s1600/ bipolaridade+mundial.gif>. Acesso em: 1 ago. 2011. 6 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades A divisão do pós-guerra levou o mundo a ter dois blocos politicamente distintos: o dos países capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e o dos socialistas, liderados pela extinta União Soviética. Vários confl itos, como a Guerra do Vietnã e a Revolução Cubana, fi zeram parte desse contexto, em que a balança do poder pendia ora para um lado, ora para outro. Com o fi m da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, foi abaixo também esse mundo dividido em dois, dando lugar a novos países e novas formas de se pensar o planeta do ponto de vista político. Também se abriu espaço para discussões mais focadas nos aspectos ambientais e econômicos. Hoje vemos o crescimento dos BRICs (grupo dos países formados por Brasil, Rússia, Índia e China), ameaçando a hegemonia da Europa e dos Estados Unidos. As economias dos BRICs crescem a passos largos, enquanto se percebe uma estagnação nas economias europeia e americana. Puxadas por esses países, Ásia e América Latina crescem e tendem a se afastar do que se chamou, durante a guerra fria, de “terceiro mundo”. 7 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA FIGURA 2 – PAÍSES DOS BRICS FONTE: Disponível em: <http://www.forte.jor.br/wp-content/ uploads/2010/01/BRIC.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011. As reservas energéticas e de biodiversidade são consideradas essenciais nessa nova confi guração do mapa- múndi. Nos tempos das grandes navegações, países com mais colônias eram os mais poderosos. Na atualidade, reservas biológicas e energéticas movem confl itos e relações entre países e organizações, como no caso do petróleo ou de fl orestas como a Amazônia. A própria água potável já é tema de amplas discussões e confl itos entre nações. Outro tema importante para a Geopolítica é a questão das migrações. Para Silva (2000), a migração dos trabalhadores não é um fato novo, mas atualmente, de certa forma, está estreitamente associada à globalização. E assim, podemos perceber que esta migração tem infl uenciado até mesmo na identidade dos países e que têm reações das mais diversas. 8 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades 1.2 AS IDENTIDADES As identidades nacionais e mesmo institucionais são tema de muita discussão nos tempos de globalização. Há tempos, parecia fácil distinguir os povos por seus costumes, tradições, enfim, sua cultura. Hoje, quando as grandes corporações conseguem chegar aos mais distantes pontos do planeta, as comidas regionais são substituídas por Big Macs e as roupas típicas são substituídas por jeans ou artigos da moda. Um operário chinês pode ter hábitos, no seu dia a dia, semelhantes aos de um operário brasileiro, africano ou europeu. Mesmo as facilidades em torno de transporte e comunicação colaboram para isso. É fácil entrar em contato com pessoas dos mais diferentes lugares através das mídias sociais. Também estão muito mais acessíveis as viagens, principalmente pela popularização e pelos preços cada vez mais competitivos do setor aéreo. Tudo isso infl uencia para que cada vez mais as identidades nacionais sejam fragmentadas, ou seja, as culturas se entrelaçam e relativizam as noções que cada país ou povo tem de si mesmo e dos outros. A Geopolítica não se afasta dessa discussão, já que, assim como se fragmentam as identidades, contraditoriamente, tendem a se fi rmar para sobreviver a esse movimento. É o caso dos terroristas, que podem ter suas bandeiras próprias, mas no fundo lutam por suas identidades. 9 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA 1.3 PERSPECTIVASPARA O “PÓS-11 DE SETEMBRO” Em um mundo de identidades fragmentadas, com Europa e Estados Unidos em crise, o que podemos esperar do futuro? Os ataques de 11 de setembro, que destruíram o World Trade Center e parte do Pentágono, podem dar uma dica de que a suposta segurança da política americana nada mais tem de segura. A guerra contra o terror, tão falada nos meios de comunicação, é uma guerra com alguns diferenciais: Um deles é que, diferente das guerras antigas, onde cada exército tinha seu uniforme, nesse o inimigo usa roupas civis e pode estar dentro do trem, do metrô ou do avião. Isso aumenta muito a paranoia e a obsessão por uma segurança que não existe de fato. A própria liberdade está em xeque, uma vez que as pessoas já não saem nas ruas com tanta segurança. Outra diferença desta guerra em relação às que foram feitas antes do 11 de setembro é que ela instiga uma espécie de Apartheid dirigido aos islâmicos. Muitos terroristas são fundamentalistas islâmicos, o que gera, em parte dos americanos e outros ocidentais, a ideia de que o problema é o Islã e seus pressupostos, o que não corresponde à realidade. Economicamente, já vimos que o mundo se encaminha para um predomínio de novas nações, especialmente a China. O gigante oriental cresce a taxas altíssimas e engole a economia mundial como um dragão, enquanto países europeus tradicionais, como a (PIGS) Grécia, Portugal, Espanha e Itália, patinam e pedem ajuda. 10 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades FIGURA 3 – 11 DE SETEMBRO FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:National_Park_Service_9-11_Statue_of_Liberty_ and_WTC_fi re.jpg>. Acesso em: 25 jul. 2011 A velocidade dos acontecimentos faz com que a cada dia novas perspectivas se abram para que possamos compreender o mundo atual. Nenhuma delas, no entanto, trará a certeza absoluta. A cada dia temos mais e mais certeza de que não há certezas em relação ao futuro do planeta. A guerra está cada vez mais em nós mesmos, em nosso dia a dia. Para Bauman (2007), “Os medos nos estimulam a assumir uma ação defensiva. Quando isso ocorre, a ação defensiva confere proximidade e tangibilidade ao medo”. É esse medo o grande perigo nas relações e no entendimento 11 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA dessas relações. Cabe a cada um de nós acompanhar e infl uenciar para um futuro pacífi co. O NOVO TERRORISMO Um outro entendimento trouxe à tona o termo “Novo Terrorismo”, que vem sendo utilizado por muitos teóricos a partir de meados dos anos 90, sendo o 11 de setembro visto como o marco desse, cuja organização, ações e objetivos são transnacionais, e não regionais como os do ETA (grupo separatista basco, caracterizado pela luta dos bascos por sua autonomia política) ou do IRA (Exército Republicano Irlandês, que buscava a autonomia da Irlanda em relação a Londres). Os novos terroristas têm táticas mais sofi sticadas, inclusive suicidas. (29) Ademais, o “Novo Terrorismo” não deve ser identifi cado com nenhuma nacionalidade, religião ou tradição cultural, assim como o eram anteriormente. Na época do velho terrorismo, ou terrorismo tradicional, havia grupos conhecidos, com propostas políticas bem determinadas e que, normalmente, assumiam seus atos. E os países que os patrocinavam não costumavam esconder o fato da comunidade global. Hoje, a situação é bastante diferente, tal como expressa o especialista norte-americano Ian O. Lesser, de que os ataques de 11 de setembro são exemplos típicos do novo terrorismo, por apresentarem as seguintes características: enorme número de vítimas fatais, alvos simbólicos, ataques suicidas e demora em assumir a autoria. (30) 12 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Grupos terroristas chamados de tradicionais apresentavam um certo limite às suas ações, de forma a expor as fraquezas de governos e grupos opositores e, não necessariamente buscavam causar danos maiores do que os que consideravam necessários para atingir seus objetivos. Mas o novo terrorismo busca conquistar suas metas através da publicação na mídia e não apresenta tantos limites quanto aos seus atentados, de forma que haja sempre uma repercussão, ainda que não seja necessário atingir o alvo determinado. (31) O chamado terrorismo tradicional ou velho terrorismo era cometido por um grupo de indivíduos pertencentes a uma organização identifi cável, que tinha um claro controle de seu aparato e objetivos econômicos, políticos ou sociais altamente defi nidos. (32) O fato é que, no passado, o terrorismo se vinculava a grandes e organizados grupos, por vezes intrinsecamente ligados a Estados – normalmente não democráticos. Já atualmente, as ações de maior vulto têm acontecido por parte de células de organizações que, com recursos tecnológicos, capacidade de planejamento, uma estrutura descentralizada, podem causar muitos e maiores estragos. (33) O denominado novo terrorismo tem se intensifi cado, sendo opção política de grupos extremistas, e que sabem ter na mídia o principal meio de divulgação de suas ideias. Dessa forma, ações espetaculares tendem a ganhar mais espaço nos jornais e revistas (34) e na televisão, ao vivo, como apresentado nos atentados de 11 de setembro. Uma característica marcante a que 13 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA se pode fazer alusão com relação ao chamado “Novo Terrorismo” seria a busca por publicidade. Quer dizer que os terroristas buscam atingir seus objetivos por meio da mídia, pois produz resultados imediatos, tendo assim, uma grande repercussão, como nos ataques acontecidos às Torres Gêmeas, em que foi proporcionado à grande parte da população assistir ao atentado à segunda torre ao vivo, no exato momento em que ocorria. NOTAS 29 O Império Vulnerável. Revista Veja. Editora Abril. Edição 1718. Ano 34 nº 37 Edição Especial. 19 de setembro de 2001 p. 14 30 O Império Vulnerável. Revista Veja. Editora Abril. Edição 1718. Ano 34 nº 37 Edição Especial. 19 de setembro de 2001 p. 14 31 Ibidem. 32 Adaptação de: LESSER, Ian O. et. al. Op. cit. p. 8 33 O Império Vulnerável. Revista Veja op. cit. 19 de setembro de 2001 p.11-15 34 UTTI, Paulo e RICARDO, Silvia. Op. cit. p. 113 FONTE: NOGUEIRA, Patrícia. O terrorismo transnacional e suas implicações no cenário internacional. Universitas - Relações Int., Brasília, v. 2, n. 2, p. 221-244, jul./dez. 2004. Em termos gerais, pode-se dizer que no cenário vigente, dentre os motivos que têm alimentado o terrorismo estão fatores ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, dentre outros. Mas, de certa forma, o terrorismo, ou ainda o bioterrorismo, pode deixar uma população de uma determinada cidade ou país em apreensão, pois nunca se sabe a hora, como, onde e por que motivos o ataque se efetivou. 14 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades 2 CONFLITOS INTERNACIONAIS O que domina o mundo hoje é o confronto entre grupos islâmicos prontos a tudo, inclusive ao suicídio, e o império americano, que possui as armas mais poderosas, mas não consegue controlar totalmente o Afeganistão, o Iraque e os outros países do Oriente Médio. (TOURAINE, 2006, p. 76). Boa parte dos confl itos armados em curso no mundo é resultado do processo histórico de invasão e ocupação de territórios e de questões envolvendo a delimitação de fronteiras. Muitas guerras também eclodem pela disputa do controle por recursos naturais estratégicos, principalmente o petróleo, ou pela escassez de recursos naturais e muita desigualdade social. Conforme Coelho e Terra (2005, p. 75), “a partir do século 16, com o início do processo de colonização da América, da África e da Ásia, as grandes potências dividirame redistribuíram essas áreas”. Como consequência dessa divisão, passaram a conviver num mesmo território, povos e nações diferentes, ao mesmo tempo em que se separaram grupos da mesma etnia em diversos territórios. Posteriormente, durante o processo de descolonização (fi nal do século XIX e início do século XX), novos Estados foram constituídos e desconstituídos. 15 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Atenção para os conceitos de povo e nação! Povo – “É o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado – é seu elemento humano”. (MORAES, 2007, p. 192). Nação – “Agrupamento humano, em geral numeroso, cujos membros fi xados num território são ligados por laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos”. (MORAES, 2007, p. 193). 2.1 PRINCIPAIS CONFLITOS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO Segundo o Instituto Internacional de Pesquisas sobre a Paz (SIPRI, 2011), organização com sede em Estocolmo, que divulga anualmente um minucioso estudo sobre as guerras no mundo, 15 grandes confl itos armados estavam ativos em 2010. 16 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades FIGURA 4 – DIVISÃO POLÍTICA FONTE: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/ mapas_pdf/mundo_planisferio_politico_a3.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2011. 2.1.1 África Com a independência das colônias africanas, especialmente a partir do ano de 1960, em vários Estados, prevaleceu o sistema de partido único, em que ditadores permaneciam no poder, favorecendo seu grupo étnico e negligenciando os demais. Dessa forma, “essa opressão estimulou a ação rebelde de segmentos marginalizados e o surgimento das guerras civis” (GUIA DO ESTUDANTE, 2010, p. 38-39). 17 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA 2.1.2 Ruanda Em 1994, 800 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2010), a maioria da etnia tutsi, foram mortas em uma ação desencadeada pela morte do presidente hutu de Ruanda, Juvenal Habyarimana. A origem dos confl itos entre as etnias remonta à ocupação belga de 1918 a 1962, quando a minoria étnica tutsi foi favorecida com privilégios, em detrimento da maioria de hutus. 2.1.3 Somália Vinte anos após a queda do governo central, a Somália permanece em ruínas após diversas guerras civis, confl itos religiosos e anarquia que causaram a morte de meio milhão de pessoas, forçaram um milhão de refugiados ao exílio e deslocaram internamente outros milhões, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU, 2010). 2.1.4 Sudão Entre 1956 e 2005, os rebeldes sulistas entraram em confl ito com a capital Cartum, reclamando maior autonomia. Os confl itos arrasaram a região e somente em 2005 um acordo de paz foi fi rmado, após milhares de mortes. Em janeiro deste ano foi realizado um referendo sobre a independência do sul, que foi aprovada pela maioria da população. Em 8 de julho de 2011, o 18 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Sudão do Sul se tornou ofi cialmente o mais novo país do mundo. Veja infográfico sobre os conflitos no Continente Africano acessando: <http://noticias.uol.com.br/ultimas- noticias/infografi co/afp/2010/02/02/conheca-os-principais- confl itos-na-africa.jhtm>. Acesso em: 18 jul. 2011. Para saber mais sobre este confl ito que já matou milhares de pessoas na América Latina, acesse: <http://veja.abril. com.br/130208/p_062.shtml>. Acesso em: 18 jul. 2011. 2.1.5 Colômbia Neste país, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) são a principal guerrilha do país, cujas especialidades são o sequestro e o narcotráfi co. Autoproclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista, luta pela implantação do socialismo na Colômbia. 2.1.6 Afeganistão Depois dos atentados com aviões nas torres gêmeas de Nova York, os americanos exigiram que o Talibã entregasse o chefe da rede al-Qaeda, que havia assumido a autoria dos ataques. Com a recusa do grupo, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão para derrubar o Talibã. Nestes dez anos de ocupação do país, os talibãs sofreram perdas, mas não estão derrotados. 19 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Saiba mais sobre esta importante guerra da atualidade acessando: <http://g1.globo.com/mundo/ noticia/2010/07/raio-x-da-guerra-afeganistao.html>. Acesso em: 18 jul. 2011. Para saber mais sobre o confl ito e sua localização, acesse: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Caxemira>. Acesso em: 18 jul. 2011a. Os Estados Unidos anunciaram em junho deste ano a retirada das tropas do país até 2014. 2.1.7 Índia e Paquistão O confl ito que envolve a Índia – de maioria hindu e – o Paquistão – de maioria muçulmana – preocupa toda comunidade internacional, uma vez que envolve duas potências nucleares. A discórdia gira em torno da região da Caxemira, localizada ao norte da Índia. 2.1.8 Filipinas A atividade de grupos terroristas islâmicos separatistas é o principal confl ito deste país asiático, majoritariamente cristão. Os grupos islâmicos Abu Sayyaf, Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI) e Frente Moro de Libertação Nacional (FMN) desafi am o governo fi lipino reclamando um Estado independente em Mindanao, 20 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades arquipélago situado no sul do país, de maioria muçulmana. Para saber mais sobre o movimento separatista nas Filipinas, acesse: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Insurg%C3%AAncia_nas_Filipinas>. Acesso em: 18 jul. 2011b. Saiba mais sobre este confl ito acessando: <http:// g1.globo.com/mundo/noticia/2010/08/raio-x-da-guerra- iraque.html>. Acesso em: 18 jul. 2011. 2.1.9 Iraque Sob o argumento de que o país possuía armas de destruição em massa e sem a aprovação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), forças americanas e britânicas invadiram o Iraque em 20 de março de 2003. O ex-ditador Saddam Hussein foi acusado por diversos crimes, entre os quais um massacre de xiitas em 1982, tendo sido condenado à forca por crimes contra a humanidade. Em 18 de agosto de 2010, o confl ito foi encerrado. 2.1.10 Israel O confl ito entre israelenses e palestinos envolve a disputa 21 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Saiba tudo sobre a disputa entre israelenses e palestinos acessando: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Confl ito_israelo-palestino>. Acesso em: 18 jul. 2011c. pelo direito à soberania e pela posse da terra ocupada pelos territórios palestinos e por Israel. O confl ito teve início no século 19, quando judeus sionistas expressaram o desejo de criar um Estado em sua terra ancestral e começaram a criar assentamentos na região então controlada pelo Império Otomano. Desde então, apesar de inúmeras negociações de paz, a região vive em confl ito. 2.1.11 Revoluções Árabes Os movimentos pró-democracia iniciados em dezembro de 2010 na Tunísia e que ganharam força na África do Norte e Oriente Médio já destituíram dois presidentes – da Tunísia e do Egito. Na Líbia, rebeldes lutam contra o regime do ditador Muammar Gaddafi , no poder há 42 anos. A Organização do Atlântico Norte (OTAN) assumiu o controle das manobras contra o regime, com apoio do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar das deserções em seu exército e da pressão internacional, o ditador ainda resiste. Protestos populares também chegaram a Bahrein, Marrocos, Iêmen, Jordânia, Irã e Arábia Saudita. 22 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Para saber mais sobre as manifestações populares nos países da África do Norte e Oriente Médio, acesse: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/celular/ noticias/2011/02/110221_mapas_oriente_medio.shtml>.Acesso em: 18 jul. 2011. 2.2 RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945 para que o mundo se libertasse do fl agelo da guerra. FIGURA 5 – ONU FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/geografia/ organizacao-das-nacoes-unidas-onu/>. Acesso em: 25 jul. 2011. 23 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Conheça a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento-marco na história dos direitos, acessando: <http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-os- direitos-humanos/>. Acesso em: 25 jul. 2011. Todavia, estamos muito distantes do mundo idealizado pelos arquitetos da Declaração Universal dos Direitos Humanos em dezembro de 1948, uma vez que confl itos espalhados em todos os cantos do planeta assolam a vida de milhões de pessoas. Nesse cenário, o desafi o de controlar os confl itos armados se impõe a todos. E nada como as primeiras linhas da Constituição da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para inspirar a luta pela paz: “Uma vez que as guerras se iniciam nas mentes dos homens, é nas mentes dos homens que devem ser construídas as defesas da paz” (UNESCO, 2011). 3 VIDA URBANA EM FOCO Na história da humanidade é possível observar que em certos momentos a vida esteve ora concentrada no campo, ora na cidade. Entretanto, atualmente tem predominado a vida nas cidades. É claro que em outros períodos da história da humanidade também houve o predomínio da vida na cidade. Ao investigar a cidade de Roma Antiga, encontraremos certos problemas como 24 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades os atuais, é claro, com outra roupagem, a exemplo: violência, roubos, lixo nas ruas, dentre outros. Entretanto, com nova roupagem, as cidades modernas não podem ser consideradas um “paraíso terrestre”, pois nelas existe uma série de problemas a serem sanados. Por exemplo: falta de saneamento básico, falta de segurança, alagamentos, homicídios, latrocínios, dentre outros problemas. E o desafi o que se tem feito presente é administrar tal situação e buscar soluções dentro dos recursos disponíveis para que a vida urbana seja qualifi cada. Segundo Guterres (2010), em 1950, menos de 30% da população global vivia em cidades. Esse percentual subiu para mais de 50% e deverá chegar a 60% por volta de 2030. Em termos numéricos, as estatísticas são igualmente impressionantes. Enquanto cerca de 730 milhões de pessoas viviam em zonas urbanas em 1950, agora são mais de 3,3 bilhões. Além disso, devido ao êxodo rural e, de certa consequência, aumento do tamanho das cidades, não há de se negar que muitas cidades cresceram sem o mínimo planejamento necessário ou infraestrutura adequada. Muitas cidades têm no seu interior imensas comunidades que são construídas sem a infraestrutura mínima, ou ruas que surgem sem sequer serem planejadas. 25 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA FIGURA 6 – FAVELA FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_AMa8BZ3IG5g/ S-wVCDvatVI/AAAAAAAAAXU/Fd8u-91hgSA/s1600/ favela.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011. Ao analisarmos em específi co, em muitas das grandes cidades brasileiras, é comum o crescimento desordenado. Repentinamente, casas aparecem, sem a devida autorização do poder público e, às vezes, em locais impróprios para construções de moradias. Frente a este cenário, é muito comum observarmos em jornais notícias que versem sobre cidades que ficaram alagadas ou casas que foram soterradas, e, por vezes, ceifando vidas humanas. Quanto às cidades, reforçam ainda Araujo, Bridi, Motim (2009, p. 191): 26 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades A cidade é um complexo, onde os problemas são ainda mais interdependentes e conectados. O esgoto não canalizado, exposto a céu aberto, vaza para o vizinho. O lixo produzido e arremessado nos rios da cidade interfere na vazão da água, resultando em enchentes. A falta de transporte público, ou em condições insufi cientes, afeta a qualidade de vida dos cidadãos, que dependem de locomoção para trabalhar. Além disso, transporte público ruim incentiva o uso individual do automóvel, agravando as condições ambientais e provocando congestionamentos, além de outros exemplos da inter-relação dos espaços da cidade. Observa-se que diversos são os problemas que existem nas cidades, e estes problemas podem ter as mais diversas causas. Também não podemos deixar de mencionar a violência, que acontece principalmente nas grandes cidades, e também tem surgido nas cidades de pequeno e médio porte. Outrossim, diversas são as causas da violência que tem atingido as cidades brasileiras. As causas da violência, portanto, têm raízes sociais e históricas. Nas cidades, por se constituírem centros mais dinâmicos do capitalismo, concentram-se no mesmo espaço as contradições e os contrastes sociais: casas luxuosas lado a lado com moradias precárias. A opulência do consumo versus a severidade da escassez faz-se visível na cidade. [...]. (ARAÚJO; BRIDI; MOTIM, 2009, p. 198). Além das causas da violência supramencionadas, podemos 27 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA encontrar outras, porém, para amenizar a violência em algumas cidades ou regiões, as autoridades públicas buscam em alguns casos tomar medidas mais enérgicas no sentido de inibir a sua difusão, já em outras cidades ou regiões isso pode não acontecer. É comum observar que a sociedade ou parte dela tem cobrado que as penalidades sejam mais severas ao que tenha conduta ilícita, ou ainda, que se construam prisões com o intuito de inibir a violência ou, até mesmo, penalizar os que descumprem as leis. A violência interfere no modo das pessoas agirem e pensarem no dia a dia! Existem pessoas interessadas no aumento da violência para expandir negócios e aumentar os lucros! Como apontado, nas cidades brasileiras são inúmeros os problemas enfrentados pelos habitantes, desde a segurança até o esgoto a céu aberto, falta de água potável, ou ainda, défi cit de habitação, ou seja, há um número considerável de brasileiros que buscam realizar o seu sonho, ter casa própria. Além das mudanças frequentes que acontecem nas cidades, os que as gerenciam devem estar atentos às discussões da sustentabilidade, principalmente em assegurar um crescimento racional da população. Conservação dos recursos para garantir vida futura das cidades e reestruturação das formas de consumo e redução da poluição deverão ser uma preocupação. (MORENO, 2002). 28 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades 4 POLÍTICAS PÚBLICAS FIGURA 7 – POLÍTICAS PÚBLICAS FONTE: Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/inc/ multimidia/verImagem.aspx?codImagem=149118>. Acesso em: 1 ago. 2011. Para buscarmos resposta a esta pergunta temos de indagar, primeiramente, o que é política. Da perspectiva clássica, política (politikós) é um adjetivo que tem origem na palavra grega pólis e refere-se a tudo o que diz respeito às coisas da cidade; ou seja, ao que é urbano, público, civil e social. Aristóteles, no século V a.C., foi o primeiro fi lósofo a desenvolver um tratado sobre o tema, intitulado “Política”. Na era moderna, esse conceito adquire nova roupagem e, aos poucos, a ideia de política como arte de governar a pólis passa a ser substituída por expressões como “Ciência do 29 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Estado” ou “Ciência Política”. Na conotação moderna, a política, em contraponto ao termo que tinha como referência a pólis, diz respeito à atividade ou ao conjunto de atividades que, de alguma maneira, faz referência aoEstado. No contexto das Políticas Públicas, a política é entendida como o conjunto de procedimentos que expressam relações de poder e que se orienta à resolução de confl itos no que se refere aos bens públicos. Em suma, a política implica a possibilidade de resolvermos confl itos de uma forma prática. Deste modo, Políticas Públicas é o processo pelo qual os diversos grupos que compõem a sociedade tomam decisões coletivas, que condicionam o conjunto dessa sociedade. Quando decisões coletivas são tomadas, elas se convertem em algo a ser compartilhado, isto é, em uma prática comum. Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-es tar da sociedade, os governos se utilizam das Políticas Públicas, que podem ser defi nidas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da so ciedade. Segundo Rua (1998), as demandas da sociedade são as aspirações e as necessidades, sejam estas expressas de maneira organizada ou não; e que estão em consonância ou não com amplos setores da sociedade ou a pequenos grupos. Entretanto, as demandas sociais da sociedade contemporânea se caracterizam por uma ampla diversidade tanto em termos de 30 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades idade, religião, etnia, língua, renda, profi ssão, ideias, valores, interesses e aspirações. As reivindicações podem ser por saúde, educação, segurança pública, transportes, estradas, saneamento, demandas por preservação ambiental, pelo desenvolvimento sustentável, por direitos políticos, direitos de greve, por renda e outros. Entende-se que estas áreas são prioritárias para o desenvolvimento de forma sadia e equilibrada de qualquer sociedade. Para que estas necessidades entrem na pauta dos governos, se faz necessário que tais demandas façam parte dos programas e metas do Executivo nos âmbitos municipal, estadual e federal. Para elucidar melhor a ideia de necessidade/reivindicações/ demandas, observe o exemplo do Progra ma do Artesanato Brasileiro (PAB), gerenciado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), cuja missão é “estabelecer ações conjuntas no sentido de enfrentar os desafi os e potencializar as muitas oportunidades existentes para o desenvolvimento do Setor Artesanal, gerando oportunidades de trabalho e renda, bem como estimular o aproveitamento das vocações regionais, levando à preservação das culturas locais e à formação de uma mentalidade empreendedora, por meio da preparação das organizações e de seus artesãos para o merca do competitivo”, conforme apresentado na página do MDIC. Tal programa é gerido pelo governo federal, mas busca a des centralização, pois pretende 31 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA desenvolver as potencialidades dos estados e municípios. De acordo com o livro Políticas Públicas: conceitos e práticas, do SEBRAE/MG (2008), tal política foi desenvolvida visando à geração de emprego e renda, bem como a preservação das culturas locais e a criação de uma mentalidade empreendedora. Para tanto, as ações adotadas são a capacitação de artesãos e multiplicadores, estruturação de núcleos produtivos do segmento artesanal, feiras e eventos para comercialização da produção artesanal e rotas de artesanato e turismo. Certamente, tais ações não são consideradas sufi cientes por todos os grupos envolvidos nesse tema, entretanto, certa mente ela surgiu como resultado da interação dos elementos que constituem esse segmento social. Quanto mais consistente um programa de governo, seja este no âmbito federal, estadual ou municipal, maior a possibilidade de a população ter uma melhor qualidade de vida. Entretanto, o que se apresenta em nosso país atualmente é uma gama de propostas e projetos que não são cumpridos, ou seja, políticas públicas que não se concretizam, não são implementadas ou não cumprem com a sua fi nalidade na íntegra. Para que a população tenha suas demandas e expectativas atendidas, precisamos urgentemente de uma maior conscientização quanto ao nosso dever de cidadão. 32 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades O QUE É CIDADANIA? Conforme Rodrigues (2010), cidadania se compõe de três tipos básicos de direitos, que, por sua vez, remetem-nos a um conjunto de instituições específi cas. Direitos Civis: O primeiro tipo de direitos refere-se àqueles que se compõem dos direitos à propriedade, de fi rmar contratos válidos, de liberdade de expressão, pensamento, crença e justiça. Da perspectiva institucional, os direitos civis estão relacionados aos Tribunais de Justiça, que servem para salvaguardar esses direitos e à proteção dos membros da comunidade nacional. Direitos Políticos: O segundo diz respeito ao direito de voto (votar e ser votado) e do acesso aos cargos públicos. As assembleias representativas (locais e nacionais) são exemplos de instituições que servem como vias de acesso à participação política (na legislatura) e ao processo de tomada de decisões públicas. Direitos Sociais: Os direitos civis se referem a um leque mais amplo dos direitos dos cidadãos, que vão do direito a um mínimo de segurança e bem-estar econômico, até o direito de participar plenamente da herança social e viver a vida de um ser civilizado, de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade. Nesse caso, as instituições públicas correspondentes são a escola pública (que possibilita a todos os membros da 33 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA comunidade receber, pelo menos, os elementos básicos de uma educação) e os serviços sociais ofertados pelo Estado, que visam garantir um mínimo de proteção contra a pobreza e a doença. Observe um caso bem-sucedido de uma Política Pública realizada na cidade de Batalha – Piauí e que foi lançada no livro “Pequenos Negócios e o Desenvolvimento Municipal” (SEBRAE, 2008). BATALHA – PIAUÍ Com a população de 25.751 habitantes, o município de Batalha foi o ganhador da Região Nordeste do 4º Prêmio na categoria Planejamento, Estruturação e Governança Local para o Desen volvimento, graças ao programa Mutirão Empreendedor das Po tencialidades de Batalha. O objetivo da política pública desenvolvida pelo município em questão é apoiar o estímulo ao empreendedorismo por meio de capacitação, focada nas potencialidades econômicas da região. O público-alvo das ações são as mulheres empreendedoras, pro dutores rurais, apicultores e comerciantes (segmentos econômicos já existentes no município, mas que não desenvolviam todo o seu potencial). O investimento foi de R$ 216 mil, e contou com a participação, além da prefeitura, do SEBRAE, BNB, Banco do Brasil, associações de criadores, sindicatos e órgãos estaduais e federais. 34 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Em outras palavras, o município reconheceu sua vocação na ovi nocaprinocultura, no gado leiteiro, na roça orgânica familiar, na mandioca, na apicultura e no artesanato, e transformou essas atividades no meio de gerar trabalho e, consequentemente, ren- da, dinamizando a economia local, criando condições para que a população da cidade não precise mais buscar emprego nas grandes cidades. 5 SOCIODIVERSIDADE FIGURA 8 – SOCIODIVERSIDADE FONTE: Disponível em: <http://mercadoetico.terra. com.br/website/wp-content/uploads/2009/05/ diversidade.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011. 35 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Por sociodiversidade podemos entender a compreensão de toda uma sociedade diversifi cada, com múltiplas formas de cultura, de entendimento, de oportunidades, de aceitação. Originalmente, no século XVIII, havia duas formas distintas de entendermoscultura – civilization (francesa – realizações materiais) e kultur (germânica – aspectos espirituais). Esta ideia perpassou, em sua origem, pela Antropologia. Já no século XIX, a ideia de cultura se assemelha à palavra Culture (inglesa) – único vocábulo que representava “todas as possibilidades de realização humana” e inclui conhecimentos, crenças, leis, arte, princípios, moral e costumes. A Antropologia é entendida como: O estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Antropos = homem e Logos = estudo. Surge como disciplina acadêmica no séc. XIX, juntamente com a Sociologia. Porém, com focos distintos, pois seu objeto de estudo é diferente. Deste modo, sendo a Antropologia a ciência do homem e de suas várias dimensões e manifestações, ela tem um campo de investigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões de anos; todas as populações socialmente organizadas e que se centram no desejo de conhecer a sua origem e a sua capacidade de se conhecer. Portanto, quanto mais diversifi cada uma sociedade, maior a sua riqueza cultural. Deste modo, precisamos aprender a aceitar o diferente, a não termos um padrão único em sociedade e a vivermos de forma equilibrada e harmônica com as nossas 36 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades diferenças sociais. MISTURA CORPORATIVA Cresce a preocupação das empresas em promover a inclusão e a ascensão das minorias em seus postos estratégicos. As mulheres são o principal alvo. Roberta Queiroz Em janeiro deste ano, a executiva americana Ellen Kullman assumiu o cargo de CEO global da DuPont, gigante da indústria química. Foi a primeira mulher na empresa a alcançar esse cargo. Mas não deverá ser a última. Fruto de um longo trabalho de diversidade, a ascensão de mulheres a posições de liderança vem crescendo na empresa. Em 2003, elas representavam apenas 1% dos postos estratégicos na fi lial brasileira. Hoje, 14% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres. “O nosso objetivo é manter o crescimento percentual da presença das mulheres em cargos de liderança de 2% ao ano, como vem acontecendo nos últimos três anos”, afi rma Ana Cristina Piovan, diretora de recursos humanos da DuPont Brasil. O movimento feito pela DuPont vem sendo, cada vez mais, acompanhado por outras companhias. Preocupadas em aumentar a diversidade de seus times, empresas de diferentes portes e setores estão empenhadas em criar estratégias de inclusão e ascensão não apenas de mulheres, mas das 37 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA chamadas minorias. Segundo um levantamento feito pelo Instituto Ethos e pelo Ibope Inteligência com o apoio institucional da Inter- American Foundation (IAF), em 2007, 79% das 500 maiores empresas do Brasil promoveram ações em favor da diversidade. Dois anos antes, apenas 52% delas se preocupavam com o tema. “Apesar desse tipo de discussão não ser brasileiro, acabou chegando também aqui”, diz a antropóloga carioca Lívia Barbosa, professora da Universidade Federal Fluminense. “O que era um assunto periférico passou a ser um tema importante.” [...] A IBM conta com anos de tradição na história da diversidade. Muito antes de o assunto entrar na pauta de discussão dos movimentos sociais, em 1935, a empresa já havia iniciado a política de equidade salarial entre homens e mulheres. No Brasil, as ações ganharam mais foco em 2002. Com 17 mil funcionários na subsidiária brasileira, a companhia convidou os profi ssionais que fazem parte dos grupos de minoria a liderar, junto com os executivos, as iniciativas de diversidade. Foram criadas equipes de trabalho para discutir difi culdades e construir ações. São comitês de mulheres, portadores de defi ciência, afrodescendentes e GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais). “Criamos esses grupos porque não são executivos tentando adivinhar as necessidades, mas as pessoas que vivem na pele as difi culdades encontradas no dia a dia”, afi rma Bonorino. [...] Desde 1996, a Fersol vem investindo em diversidade, passando a contratar pessoas que fazem parte de minorias. 38 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Na época, com 90% do quadro formado por homens brancos com idade entre 20 e 40 anos, a companhia começou a fazer parcerias com ONGs para selecionar mulheres, negros e portadores de defi ciência. “A qualifi cação é fundamental, mas, quando não conseguimos um profi ssional que tenha todos os requisitos necessários para o cargo, criamos uma posição com menor responsabilidade para treiná-lo”, diz Michael Haradom, presidente da Fersol. “Dessa forma, conseguimos mudar a formação da empresa.” Já em 2004, a Fersol contava com 64% de mulheres, 53% de afro-brasileiros, 26% de pessoas acima de 45 anos, 3% de portadores de defi ciência, 3% de homossexuais e 5% de pessoas em processo de liberdade assistida. No mesmo ano, a empresa bateu recorde em seu faturamento: 100 milhões de dólares. Os homossexuais também foram conquistando seu respeito no ambiente corporativo. Prova disso é o crescimento de empresas que passaram a estender os benefícios do plano de saúde para parceiros do mesmo sexo. Segundo a terceira edição da pesquisa sobre benefícios de assistência à saúde da consultoria Watson Wyatt, em 2008 houve aumento de 13% na concessão da assistência pelas companhias em relação ao ano anterior, quando esse índice era de 20%. Os especialistas fazem um alerta para esse tipo de ação. “Algumas empresas optaram por um caminho mais conservador, como oferecer benefícios”, afi rma Klecius Borges, terapeuta de homossexuais. “Isso é importante para mostrar que 39 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA elas se preocupam com essa questão, mas não vai eliminar a insegurança do profi ssional.” O mais importante, segundo ele, é tornar as políticas claras e educar os funcionários a praticar o respeito às diferenças. Tendo a diversidade como um dos pilares de seu negócio, a DuPont deixa claro, desde o início, que não tolera o trato desrespeitoso. Assim que o funcionário entra, passa por treinamentos que envolvem a questão da diversidade. O código de conduta da empresa também inclui essa questão e estabelece padrões de convivência. [...] Desenvolver os deficientes também foi a solução encontrada pela IBM para incluí-los em sua força de trabalho. Em 2008, a empresa realizou uma parceria com o Instituto Eldorado, em Campinas, interior de São Paulo, para formar 20 profi ssionais em tecnologia, programação de sistemas e inglês. Para acelerar a capacitação dos profi ssionais e ter massa crítica para contratar, especialmente as pessoas com defi ciência, a empresa está realizando um projeto em parceria com o Centro Paula Souza. “O perfi l da IBM é mais alto que o de muitas indústrias. A maioria possui curso superior”, diz Bonorino. “Nosso desafi o é investir na preparação de mais pessoas desde a base.” O desafi o dele e de muitas outras empresas que buscam efetivamente levar o discurso de diversidade para a prática. FONTE: Disponível em: <http://revistavocerh.abril.com.br/noticia/ conteudo_448482.shtml>. Acesso em: 12 maio 2011. 40 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Quando tratamos de aceitação, de livre oportunidade a todos e que as sociedades atuais são extremamente homogêneas, compostas por pessoas com culturas distintas, interesses diversos, classes sociais confl itantes, entendemos que faz-se imprescindível que os diferentes que compõem esta sociedade tão multifacetada convivam da melhor maneira possível. Para enfatizar, leia o texto a seguir, extraído do Jornal Folha de São Paulo, dia 21.11.10, de Navi Pillay,alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Todos temos a obrigação de combater a intolerância e o preconceito e de exigir que os agressores, motivados pelo ódio, respondam por seus atos. Seth Walsh tinha 13 anos quando foi até o jardim da casa onde morava com sua família, na Califórnia, e se enforcou. Seth é um dos seis adolescentes que sabemos que se suicidaram nos EUA, só em setembro, devido ao que sofreram nas mãos de perseguidores homofóbicos. Nas últimas semanas, vimos acontecer uma série de ataques contra gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais no mundo. Em Belgrado, no dia 10 de outubro, um grupo de manifestantes atirou coquetéis molotov e granadas paralisantes contra uma parada do orgulho gay, ferindo 150 pessoas. Em Nova York, em 3 de outubro, três jovens homossexuais 41 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA foram sequestrados, levados para um apartamento desabitado e torturados. Na África do Sul, realizou-se em Soweto uma manifestação para chamar a atenção para as violações contra as lésbicas nas “townships”, atos que os seus autores tentam justifi car como uma tentativa de “corrigir” a sexualidade das vítimas. A homofobia, como o racismo e a xenofobia, existe em diversos graus, em todas as sociedades. Todos os dias, em todos os países, indivíduos são perseguidos, violentamente atacados ou mesmo mortos devido à sua orientação sexual. Quer seja explícita, quer não, a violência homofóbica causa um enorme sofrimento, que é frequentemente dissimulado sob um véu de silêncio e vivido na solidão. Chegou o momento de fazermos ouvir a voz desses grupos minoritários. Embora a responsabilidade pelos crimes motivados pelo ódio recaia sobre os que os cometem, todos temos a obrigação de combater a intolerância e o preconceito e de exigir que os agressores respondam pelos seus atos. A prioridade inicial é descriminalizar a homossexualidade. Em mais de 70 países as pessoas podem sofrer sanções penais devido à sua orientação sexual. Essas leis expõem os indivíduos à detenção, à prisão, até à tortura ou mesmo à execução e perpetuam o estigma, além de contribuir para um clima de intolerância e violência. 42 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades Ainda que importante, a descriminalização é apenas o primeiro passo. A experiência mostra que são necessários maiores esforços para combater a discriminação e a homofobia. Infelizmente, acontece com demasiada frequência que aqueles que deveriam usar de moderação ou exercer a sua infl uência para promover a tolerância fazem exatamente o contrário, reforçando os preconceitos. Em Uganda, por exemplo, onde a violência contra as pessoas com base em sua orientação sexual é comum, um jornal, no dia 2/10, publicou uma matéria na primeira página identifi cando cem ugandenses como gays ou lésbicas, colocando ao lado de suas fotos a frase: “Enforquem-nos”. Temos que denunciar esse tipo de jornalismo como aquilo que é: incitamento ao ódio e à violência. No país, os ativistas de direitos humanos que defendem os direitos de gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais correm o risco de serem perseguidos ou detidos. No mês passado, em Genebra, falei sobre a descriminalização da homossexualidade em um painel promovido por um grupo de quatorze países. No evento, o arcebispo emérito Desmond Tutu manifestou seu apoio, falando apaixonadamente sobre as lições do apartheid e sobre o desafi o de assegurar a igualdade de direitos para todos: “Sempre que um grupo de seres humanos é tratado como inferior por outro, o ódio e a intolerância triunfam”. 43 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Não deveriam ser necessárias mais centenas de mortes e espancamentos para nos convencer disso. Compete a todos nós exigir a igualdade para nossos semelhantes, independentemente de orientação sexual e de identidade de gênero. FONTE: Disponível em: <http://www.gestospe.org.br/web/noticias/ conteudo1/?conteudo=492481871>. Acesso em: 1 ago. 2011. 6 EM BUSCA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Atualmente, o consumo tem aumentado consideravelmente e isso tem levado à busca por matéria-prima para atender à elaboração dos produtos e satisfazer as necessidades humanas que são básicas ou até mesmo incentivadas pelo mercado. Porém, muitas das matérias-primas não serão sufi cientes para atender às grandes demandas de consumo. Frente a este cenário, muitas das organizações que produzem podem não estar preocupadas com as consequências maléfi cas que podem trazer ao meio ambiente. Por exemplo, se olharmos mais atentamente, podemos visualizar vários descasos com a natureza, a exemplo: poluição, desmatamento, uso irracional dos bens renováveis ou não, mas, por outro lado, o tema sustentabilidade tem ganhado força nos círculos empresariais ou até mesmo na condução dos negócios. 44 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades FIGURA 9 – DEVASTAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.ecodebate.com.br/foto/ desmat6.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011. Entretanto, o sinal de alerta está lançado, pois a possibilidade iminente da ausência de matérias-primas renováveis ou não tem deixado muitas organizações com a preocupação da viabilidade dos negócios frente às formas de usufruir os recursos naturais. E além disso, a própria sociedade, de modo geral, tem se mostrado preocupado com tal questão e tendo face às exigências da sociedade, tratados ou leis, a ação tende a redirecionar as suas condutas perante as formas de conduzir os negócios. De acordo com Seiffert (2009, p. 268): A necessidade de conciliar o crescimento e a 45 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA preservação ambiental, duas questões antes tratadas separadamente, levou à criação e ao amadurecimento do conceito de desenvolvimento sustentável, que surge como alternativa inclusive de abrangência global. A consciência de que é necessário utilizar com parcimônia os recursos naturais, uma vez que estes podem se esgotar rapidamente, mobiliza a sociedade no sentido de organizar para que o crescimento econômico não seja predatório, mas sim sustentável.[...] A capacidade de carga do planeta Terra não poderá ser ultrapassada sem que ocorram grandes catástrofes ambientais. Entretanto, não se conhece qual é essa capacidade, e será muito difícil conhecê-la com precisão, sendo necessário adotar uma postura proativa. Neste sentido, é preciso criar condições socioeconômicas, institucionais e culturais que estimulem não apenas um rápido progresso tecnológico poupador de recursos naturais, como também uma mudança na direção a padrões de consumo que impliquem o crescimento contínuo e ilimitado do uso de recursos naturais per capita. De certa forma, a humanidade tem se preocupado com a necessidade de buscar um desenvolvimento sustentável. No entanto, podemos dizer que para que se otimize o desenvolvimento sustentável é necessário que neste processo se desenvolvam projetos ecologicamente compatíveis com as necessidades humanas e viáveis economicamente. Pois muitas das ações que têm impactos ao meio ambiente, de certa forma, podem contribuir para aniquilar ou não as aspirações de gerações futuras, no sentido destas não conseguirem atender às suas necessidades básicas, inclusive. Assim 46 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades de acordo com Andrade, Tachizawa, Carvalho (2002, p. 21): Um dos maiores desafi os que o mundo enfrentará no próximo milênio será fazer com que as forças de mercado protejam e melhorem a qualidade do ambiente, com a ajuda de padrões baseados no desempenho e no uso criterioso de instrumentos econômicos, em um contexto harmonioso de regulamentação.O novo contexto econômico caracteriza-se por rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente correta. E como mencionado anteriormente, as questões de cunho ambiental têm atingido as organizações, pois estas podem não ser responsabilizadas por continuar a destruir o meio ambiente e os anseios das próximas gerações. Por isso, conforme Donaire (2009, p. 28): Muitos países têm inserido em seus estudos de desenvolvimento modelos de avaliação de impacto e custos-benefícios ambientais nas análises de projetos econômicos, que têm resultado em novas diretrizes, regulamentações e leis na formulação de suas políticas e na execução de seus projetos de governo. Tal iniciativa acarreta nova visão na gestão de recursos naturais, a qual possibilita, ao mesmo tempo, efi cácia e efi ciência na atividade econômica e mantém a diversidade e a estabilidade do meio ambiente. 47 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA FIGURA 10 – RECICLAGEM E ENERGIAS ALTERNATIVAS FONTE: Disponível em: <http://vidasustentavel.perus.com/img/ fog%C3%A3o-solar-feito-em-casa.jpg>. Acesso em: 1 ago. 2011. Enfi m, vários setores da sociedade têm buscado colocar na agenda das suas discussões as questões relativas ao meio ambiente, ou ainda, já buscando implementar ações concretas para efetivar o desenvolvimento sustentável. 7 SUSTENTABILIDADE Caro(a) acadêmico(as)! Você já deve ter percebido que, com o processo de globalização, o mundo se torna um só mercado capitalista, e as práticas de exploração de recursos naturais, a 48 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades produção de bens e o consumo atingem escala insustentável. Num processo paralelo, mas não necessariamente complementar, há um crescimento da refl exão e da consciência ecológica. A evolução da refl exão sobre ecologia nos coloca um impasse: Como desenvolver a produção de bens e serviços para atender à demanda crescente e potencialmente infi nita, com a certeza da fi nitude dos recursos naturais? Na tentativa de responder a essa pergunta, surge a noção de desenvolvimento sustentável. 7.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Um importante marco da reflexão sobre o processo de mudanças que vivemos na sociedade contemporânea é o relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas (ONU), presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Brundtland. O documento, também conhecido como Relatório Brundtland, publicado em 1987, defi niu o conceito de desenvolvimento sustentável como: “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. (WWF, 2011). Aqui fi ca evidenciado o compromisso sincrônico, ou seja, o compromisso com a geração atual, e o compromisso diacrônico, com as gerações futuras. (MONTIBELLER FILHO, 2008). 49 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Sobre um histórico da evolução das refl exões sobre desenvolvimento sustentável, ver: <http://www. fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/pdf_reflexoes/ refl exoes_14.pdf>. Não devemos confundir crescimento econômico com desenvolvimento. Crescimento econômico é a multiplicação da riqueza material, o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo. Desenvolvimento sustentável exige crescimento econômico com ampliação do emprego, redução da desigualdade e da pobreza. É necessário compatibilizar a melhoria nos níveis e qualidade de vida com a preservação ambiental. Segundo Sachs (1993), existem cinco dimensões daquilo que ele denominou ecodesenvolvimento: 1 A sustentabilidade social: é o processo que visa à diminuição das diferenças sociais e atendendo às necessidades materiais e não materiais das classes menos favorecidas. 2 A sustentabilidade econômica: visa à gestão e aplicação de recursos fi nanceiros e investimentos tanto públicos e privados. 3 A sustentabilidade ecológica: visa à diminuição dos impactos negativos da exploração de recursos naturais e energéticos. 4 A sustentabilidade espacial: visa a uma melhor distribuição 50 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades da população, estabelecendo um equilíbrio entre o campo e a cidade. 5 A sustentabilidade cultural: visa ao respeito às confi gurações das culturas locais e a cada ecossistema. As lideranças das sociedades atuais devem estar atentas às problemáticas da sustentabilidade que envolvem suas várias dimensões. Além das mudanças frequentes que acontecem nas cidades, aqueles que as gerenciam devem estar atentos às discussões da sustentabilidade, principalmente em busca de assegurar um crescimento racional da população. Conservação dos recursos para garantir vida futura das cidades e reestruturação das formas de consumo e redução da poluição deverão ser uma preocupação. (MORENO, 2002 apud URBANESKI; SILVA, 2010, p. 181). Desenvolvimento econômico precisa ser acompanhado da evolução dos Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH). Com o crescimento populacional e a vigência de um paradigma de consumo insustentável, percebe-se uma verdade inconveniente: o planeta, com seus recursos fi nitos, está à beira da exaustão. O desenvolvimento sustentável torna-se um novo paradigma de desenvolvimento. Desenvolver para as gerações atuais sem comprometer a capacidade de desenvolvimento de 51 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA gerações futuras. É fundamental que estejamos atentos ao desenvolvimento de medidas mitigadoras de impactos socioambientais. Medidas do cotidiano das pessoas no seu fazer diário e também medidas de políticas públicas que envolvam amplos setores da sociedade. Mas você pode se perguntar: e a Ecologia, como ela está relacionada com tudo isso? Vamos ao sentido da palavra: Ecologia: do grego oîkos, que signifi ca casa. Podemos resumi-lo como o estudo da casa maior, a Terra. Todo organismo existe de forma não isolada. Todo ser natural ou cultural se relaciona com o meio físico, com os elementos químicos necessários ao seu crescimento, multiplicação e relacionamento com outros seres de outras espécies (naturais e culturais). A esse conjunto de elementos e fatores físicos, químicos e biológicos [e culturais] necessários à sobrevivência de cada espécie denominamos meio ambiente, ou simplesmente ambiente. Ao estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente damos o nome de ecologia. (BRANCO, 1997, p. 8). Nos primórdios, a discussão ecológica era antropocêntrica, centrada nos interesses do ser humano colocado fora da natureza. Para que o conceito de ecologia fi que completo é importante inserirmos a dimensão sociocultural, ou, como prefere Capra (2011): 52 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades A ecologia profunda não separa seres humanos - ou qualquer outra - coisa do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão fundamentalmente interconectados e são interdependentes. A ecologia profunda reconhece o valor intrínseco de seres vivos e concebe os seres humanos apenas como um fi o particular na teia da vida. Uma visão de ecologia profunda igualando homem e natureza, ou melhor, inserindo o ser humano no meio ambiente, nos alerta para as limitações do desenvolvimento. É necessária uma mudança profunda em nossos valores. Toda a questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda; é, de fato, sua característica defi nidora central. Enquanto o velho paradigma está baseado em valores antropocêntricos(centralizados no ser humano), a ecologia profunda está alicerçada em valores ecocêntricos (centralizados na Terra). É uma visão de mundo que reconhece o valor inerente da vida não humana. Todos os seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas às outras numa rede de interdependências. (CAPRA, 2011). 53 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA Um texto interessante sobre Ecologia é “A carta do Cacique Seattle”, de 1855. Veja-o em: <http://www. geomundo.com.br/sala-de-aula-10124.htm>. 7.2 DESENVOLVIMENTO E SOCIEDADE DE CONSUMO Os padrões de consumo da sociedade atual são desiguais, em função de fatores como concentrações de renda, e insustentáveis em função do previsível esgotamento de recursos não renováveis (o petróleo, por exemplo). “O consumismo é um processo eticamente condenável, pois faz com que as pessoas comprem mais do que realmente necessitam.” (BRANCO, 1997, p. 44). A Carta da Terra, outro texto de referência fundamental para o entendimento das questões relativas à sustentabilidade global, ao caracterizar a situação atual, afi rma que: Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os confl itos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da 54 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. (CARTA DA TERRA, 2011). Fica evidente a necessidade de modifi carmos nosso padrão de consumo. Devemos buscar um consumo sustentável, ou, como afi rma Mendes (2011): [...] um modo de consumir capaz de garantir não só a satisfação das necessidades das gerações atuais, como também das futuras gerações. Isso signifi ca optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o desperdício e o excesso e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões insustentáveis de consumo e minorar as desigualdades sociais. Uma produção sustentável deve buscar minorar os impactos negativos causados ao meio ambiente. Para tanto, uma das possibilidades é desenvolver processo de logística reversa, que [...] é o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e 55 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. SOCIOLOGIA a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação fi nal ambientalmente adequada. (POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS, 2011). Devemos nos preocupar, como consumidores, cidadãos, profi ssionais nas diversas áreas de atuação, como gestores públicos e privados, para adotar um padrão de consumo ambientalmente sustentável e socialmente ético. 56 Copyright © Editora GRUPO UNIASSELVI 2011. Todos os direitos reservados. Curso de Conhecimentos Gerais e Atualidades R EFERÊNCIAS ANDRADE, Rui O. B.; TACHIZAWA, Takesky; CARVALHO, Ana B. Gestão ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002. ARAUJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi. Sociologia: um olhar crítico. São Paulo: Editora Contexto, 2009. BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. BRANCO, Samuel Murgel. 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