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PORTUGUÊS JURÍDICO 
CARLOS ANDRÉ 
1 
 
CONJUNÇÕES 
 
 
 
Trata-se de palavra invariável que liga duas orações ou 
dois termos semelhantes, na mesma oração. Do ponto de 
vista da coesão textual, as conjunções são denominadas 
marcadores argumentativos. 
Em termos de classificação, as conjunções que têm mar-
cação argumentativa podem ser classificadas de duas 
maneiras: 
 
 Conjunções coordenativas: 
 
Aditivas 
Adversativas 
Alternativas 
Explicativas 
Conclusivas 
 
 Conjunções subordinativas adverbiais: 
 
Causais 
Concessivas 
Consecutivas 
Condicionais 
Comparativas 
Conformativas 
Temporais 
Proporcionais 
Finais 
 
 
Vejamos agora, de maneira detida, cada uma delas: 
 
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS 
 
Conjunção aditiva 
É aquela que liga meramente dois termos ou duas orações de 
função idêntica: e, nem. 
 
Conjunção adversativa 
É aquela que liga dois termos ou duas orações de função 
idêntica, estabelecendo, porém, uma ideia de contraste, de 
oposição: mas, porém, contudo, todavia, etc. 
 
Conjunção alternativa 
É aquela que liga dois termos ou duas orações de sentido 
diferente, e indica que, verificando-se o que se diz em uma 
delas, deixa de verificar-se o que se diz na outra: ou; ou .... 
ou; ora .... ora; já .... já; quer .... quer; etc.: 
 
 
Conjunção explicativa 
É aquela que liga duas orações na segunda das quais se 
explana a ideia contida na primeira: que, porque, porquan-
to, isto é, por exemplo. 
 
Conjunção conclusiva 
É aquela que liga à precedente uma oração que expressa 
conclusão ou consequência: logo, pois, portanto, por 
conseguinte, etc. 
 
 
CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS ADVERBIAIS 
 
Conjunção causal 
É aquela que inicia uma oração subordinada denotadora de 
causa: porque, pois, porquanto, pois que, já que, visto 
que, etc. 
 
Conjunção concessiva 
É aquela que inicia uma oração subordinada na qual se admi-
te um fato que, contrário à ação expressa na oração princi-
pal, é, contudo, incapaz de impedir que tal ação se realize: 
embora, conquanto, ainda que, posto que, mesmo que, 
etc. 
 
Conjunção consecutiva 
É aquela que inicia uma oração subordinada na qual se indica 
a consequência do que foi declarado na anterior: que (tal 
.... que, tanto .... que); de forma que, de sorte que, etc. 
 
Conjunção condicional 
É aquela que inicia uma oração subordinada em que se ex-
pressa uma hipótese ou condição necessária para que se 
realize ou não a ação principal: se, caso, contanto que, 
salvo se, etc. 
 
Conjunção comparativa 
É aquela que inicia uma oração subordinada que contém o 
segundo membro de uma comparação, de um confronto: 
que, do que, qual, quanto, assim como, etc. 
 
Conjunção conformativa 
É aquela que inicia uma oração subordinada na qual se ex-
pressa conformidade com um ato, fato, etc., a que se refere 
a oração principal: conforme, segundo, consoante, como, 
etc 
 
 
 
 
Conjunção temporal 
É aquela que inicia oração subordinada denotadora de cir-
cunstância de tempo: quando, enquanto, antes que, 
depois que, desde que, etc. 
 
Conjunção proporcional 
É aquela que inicia oração em que se indica um fato realizado 
ou por se realizar simultaneamente com o fato da oração 
principal: à medida que, à proporção que, ao passo que, 
quanto mais .... mais, etc. 
 
Conjunção final 
É aquela que inicia uma oração que indica a finalidade da 
oração principal: para que, a fim de que, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PORTUGUÊS JURÍDICO 
CARLOS ANDRÉ 
2 
EXERCÍCIOS 
 
Atenção: 
Para responder à questão de número 1, considere o texto 
abaixo: 
Era uma vez... 
 
As crianças de hoje parecem nascer já familiarizadas 
com todas as engenhocas eletrônicas que estarão no centro de 
suas vidas. Jogos, internet, e-mails, músicas, textos, fotos, tudo 
está à disposição à qualquer hora do dia e da noite, ao alcance 
dos dedos. Era de se esperar que um velho recurso para se en-
treter e ensinar crianças como adultos − contar histórias − esti-
vesse vencido, morto e enterrado. Ledo engano. Não é incomum 
que meninos abandonem subitamente sua conexão digital para 
ouvirem da viva voz de alguém uma história anunciada pela 
vetusta entrada do “Era uma vez...”. 
Nas narrativas orais − talvez o mais antigo e proveitoso 
deleite da nossa civilização – a presença do narrador faz toda a 
diferença. As inflexões da voz, os gestos, os trejeitos faciais, os 
silêncios estratégicos, o ritmo das palavras – tudo é vivo, sensível 
e vibrante. A conexão se estabelece diretamente entre pessoas 
de carne e osso, a situação é única e os momentos decorrem em 
tempo real e bem marcado. O ouvinte sente que o narrador se 
interessa por sua escuta, o narrador sabe-se valorizado pela 
atenção de quem o ouve, a narrativa os une como num caloroso 
laço de vozes e de palavras. 
 As histórias clássicas ganham novo sabor a cada modo 
de contar, na arte de cada intérprete. Não é isso, também, o que 
se busca num teatro? Nas narrações, as palavras suscitam ima-
gens íntimas em quem as ouve, e esse ouvinte pode, se quiser, 
interromper o narrador para esclarecer um detalhe, emitir um 
juízo ou simplesmente uma interjeição. Havendo vários ouvintes, 
forma-se uma roda viva, uma cadeia de atenções que dá ainda 
mais corpo à história narrada. Nesses momentos, é como se o 
fogo das nossas primitivas cavernas se acendesse, para que em 
volta dele todos comungássemos o encanto e a magia que está 
em contar e ouvir histórias. Na época da informática, a voz mile-
nar dos narradores parece se fazer atual e eterna. 
(Demócrito Serapião, inédito) 
 
1. Atente para esta sequência de frases que compõem um perío-
do do texto: 
 
I. O ouvinte sente que o narrador se interessa por sua escuta, 
II. o narrador sabe-se valorizado pela atenção de quem o ouve, 
III. a narrativa os une como num caloroso laço de vozes e de 
palavras. 
 
Não se altera o sentido do período acima introduzindo-se as 
frases II e III, respectivamente, com as seguintes expressões: 
 
(A) portanto − entretanto 
(B) uma vez que − ainda que 
(C) ao passo que − por conseguinte 
(D) desde que − mesmo que 
(E) conquanto – porquanto 
 
 
Atenção: 
Para responder à questão de número 2, considere o texto 
abaixo: 
 
 O processo impregnado de complexidade, ao qual se 
sobrepõem ideias de avanço ou expansão intensamente ideologi-
zadas, e que convencionamos chamar pelo nome de progresso, 
tem, dentre outros, um atributo característico: tornar a organiza-
ção da vida cada vez mais tortuosa, ao invés de simplificá-la. 
Progredir é, em certos casos, sinônimo de complicar. Os apare-
lhos, os sinais, as linguagens e os sons gradativamente incorpo-
rados à vida consomem a atenção, os gestos, a capacidade de 
entender. Além disso, do manual de instruções de um aparelho 
eletrônico à numeração das linhas de ônibus, passando pelo 
desenho das vias urbanas, pelos impostos escorchantes e pelas 
regras que somos obrigados a obedecer – inclusive nos atos mais 
simples, como o de andar a pé −, há uma evidente arbitrarieda-
de, às vezes melíflua, às vezes violenta, que se insinua no cotidi-
ano. 
 Não há espaço melhor para averiguarmos as informa-
ções acima do que os principais centros urbanos. Na opinião do 
geógrafo Milton Santos, um marxista romântico, “a cidade é o 
lugar em que o mundo se move mais; e os homens também. A 
co-presença ensina aos homens a diferença. Por isso, a cidade é 
o lugar da educação e da reeducação. Quanto maior a cidade, 
mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a 
co-presença e também maiores as lições de aprendizado”. 
Essa linha de pensamento, contudo, não é seguida por 
nós, os realistas, entre os quais se inclui o narrador de O silencei-
ro, escrito pelo argentino Antonio di Benedetto. Para nós, o pro-
gresso transformou as cidades em confusas aglomerações, nasquais a opressão viceja. O narrador-personagem do romance de 
Di Benedetto anseia desesperadamente pelo silêncio. Os baru-
lhos, elementos inextricáveis da cidade, intrometem-se no cotidi-
ano desse homem, ganhando existência própria. 
E a própria espera do barulho, sua antevisão, a certeza 
de que ele se repetirá, despedaça o narrador. À medida que o 
barulho deixa de ser exceção para se tornar a norma irrevogável, 
fracassam todas as soluções possíveis. 
A cidade conspira contra o homem. As derivações da 
tecnologia fugiram, há muito, do nosso controle. 
(Adaptado de: GURGEL, Rodrigo. Crítica, literatura e narratofobia. 
Campinas, Vide Editorial, 2015, p. 121-125) 
 
2. A cidade conspira contra o homem. As derivações da tecnolo-
gia fugiram, há muito, do nosso controle. (final do texto) 
 
Mantendo-se a coerência com o restante do texto, as duas frases 
acima podem ser articuladas em um único período, fazendo-se as 
devidas alterações na pontuação e entre maiúsculas e minúscu-
las, com o emprego de 
 
(A) porquanto. 
(B) no entanto. 
(C) contudo. 
(D) consoante. 
(E) conquanto. 
 
 
Atenção: 
Para responder à questão de número 3, considere o texto 
abaixo: 
 
 Há uma explicação para a escultura de Picasso não ter 
sido reunida com frequência. Picasso, o filho de pintor, treinado 
como pintor, não se levava a sério como escultor. Não considera-
va as esculturas vendáveis ou tema de exposição. Ele as guarda-
va em casa e no estúdio, misturadas aos objetos da decoração. 
Depois de sua morte, em 1973, a organização do espólio permitiu 
que obras fossem adquiridas por outras coleções. Embora as 
esculturas ficassem longe do público, elas foram vistas por artis-
tas que visitavam Picasso. 
 O diálogo do pintor com o escultor é constante. A 
escultura, diz a curadora Ann Temke, adaptava-se ao tempera-
mento irrequieto de Picasso, que se permitia improvisação no 
meio. Na década em que predomina o metal, ela se diverte com a 
ideia do artista mais rico da história frequentando ferros-velhos 
em busca de objetos. 
 A influência da arte africana sobre a pintura de Pablo 
Picasso é conhecida. É só admirar as sublimes Demoiselles 
D’Avignon, que moram no quinto andar do MoMA. Mas só quando 
apreciamos a obra em escultura a conexão fica mais evidente e 
compreensiva. Ann Temke lembra que a visita de Picasso ao 
Museu Etnográfico de Paris, em 1907, por sugestão do amigo e 
pintor André Derain, foi um divisor de águas. “A noção de fazer 
um espírito habitar uma figura vem daí”, diz ela. “Você não olha 
para a escultura europeia daquele tempo e pensa neste poder 
mágico.” 
 A curadora vê na representação erótica das formas 
femininas uma âncora do diálogo entre o pintor e o escultor. “Ele 
estava mapeando a renovação de sua linguagem em duas e três 
dimensões ao mesmo tempo.” 
(Adaptado de: GUIMARÃES, Lúcia. O Estado de S. Paulo.26 Setembro 2015) 
 
3. Embora as esculturas ficassem longe do público, elas foram 
vistas por artistas que visitavam Picasso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PORTUGUÊS JURÍDICO 
CARLOS ANDRÉ 
3 
Sem prejuízo da correção e do sentido, o elemento sublinhado 
acima pode ser substituído por: 
 
(A) Porquanto 
(B) Apesar de 
(C) Contudo 
(D) Conquanto 
(E) A despeito de 
 
Atenção: Para responder à questão de número 4, considere 
o texto abaixo. 
 
 Hoje, quando o mundo está em crise, parece mais 
importante que nunca aprender um pouco de economia. As notí-
cias econômicas agora são o assunto principal em jornais e pro-
gramas de TV. No entanto, será que realmente sabemos o que é 
economia? A palavra vem do grego oikonomia, que significa 
“administração da casa”, e passou a significar o estudo das ma-
neiras de gerir os recursos e, mais especificamente, a produção e 
a permuta de bens e serviços. A economia moderna surgiu como 
disciplina específica no século XVIII, sobretudo com a publicação 
em 1776 de A riqueza das nações, livro escrito pelo grande pen-
sador escocês Adam Smith. Contudo, o que motivou o interesse 
no assunto não foram os textos de economistas, mas as enormes 
mudanças na própria economia com o advento da Revolução 
Industrial. 
Os pensadores mais antigos haviam falado da gestão de bens e 
serviços nas sociedades, tratando de questões que surgiram 
como problemas da filosofia moral ou política. Mas, com o surgi-
mento das fábricas e da produção de bens em massa, veio uma 
nova era de organização econômica que dava atenção ao todo. Aí 
começou a chamada economia de mercado. 
 A análise de Smith do novo sistema definiu o padrão, 
com uma explicação abrangente do mercado competitivo. Ele 
afirmou que o mercado é guiado por uma “mão invisível”, de 
modo que as ações racionais de indivíduos interesseiros acabam 
dando à sociedade exatamente o que ela necessita. Smith era 
filósofo, e o tema de seu livro incluía política, história, filosofia e 
antropologia. Depois dele, surgiu uma nova geração de pensado-
res econômicos, que preferiu se concentrar totalmente na eco-
nomia. 
(Adaptado de: O livro da economia. Trad. Carlos S. Mendes Rosa. São Paulo, 
Globo, 2013, p. 12-14) 
 
4. O termo Contudo, em destaque no segundo parágrafo, tem 
valor 
 
(A) explicativo, e equivale a Pois. 
(B) conclusivo, e equivale a Então. 
(C) final, e equivale a Para tanto. 
(D) adversativo, e equivale a Porém. 
(E) conformativo, e equivale a Conforme. 
 
Atenção: Para responder à questão de número 5, considere 
o texto abaixo. 
 
“Você não está mais na idade 
de sofrer por essas coisas” 
Há então a idade de sofrer 
e a de não sofrer mais 
por essas, essas coisas? 
As coisas só deviam acontecer 
para fazer sofrer 
na idade própria de sofrer? 
Ou não se devia sofrer 
pelas coisas que causam sofrimento 
pois vieram fora de hora, e a hora é calma? 
E se não estou mais na idade de sofrer 
é porque estou morto, e morto 
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas? 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Essas coisas. As impurezas do branco. Rio 
de Janeiro: José Olympio, 3. ed., 1976, p.30) 
 
 
 
 
 
 
 
5. pois vieram fora de hora, e a hora é calma? 
 
Considerando-se o contexto, o elemento sublinhado acima pode 
ser substituído, sem prejuízo do sentido e da lógica, por: 
 
(A) visto que 
(B) portanto 
(C) porém 
(D) então 
(E) desse modo 
 
6. E, no entanto, o cinema chegou num ponto em que é capaz de 
expressar... 
 
Sem prejuízo da correção e do sentido, o elemento sublinhado 
acima pode ser substituído por: 
 
(A) porquanto 
(B) em detrimento disso 
(C) desse modo 
(D) embora 
(E) todavia 
 
Atenção: Para responder à questão de número 7, considere 
o texto abaixo. 
 
Medo da eternidade 
 
 Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato 
com a eternidade. 
 Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado 
chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia 
bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o 
dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo 
dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. 
 Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sair-
mos de casa para a escola me explicou: 
 − Tome cuidado para não perder, porque esta bala 
nunca se acaba. Dura a vida inteira. 
 − Como não acaba? 
 – Parei um instante na rua, perplexa. 
 − Não acaba nunca, e pronto. 
 Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para 
o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pasti-
lha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Exami-
nei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras 
crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para 
chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela 
coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o 
mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. 
 Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. 
− E agora que é que eu faço? 
 − pergunteipara não errar no ritual que certamente 
deveria haver. 
 − Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho 
dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E 
aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi 
vários. 
 Perder a eternidade? Nunca. 
 O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer 
que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a 
escola. 
 − Acabou-se o docinho. E agora? 
 − Agora mastigue para sempre. 
 Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a 
mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de 
borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. 
Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando 
do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma 
espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou 
de infinito. 
 Eu não quis confessar que não estava à altura da eter-
nidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava 
obedientemente, sem parar. 
 Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da 
escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. 
 − Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos 
espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala aca-
bou! 
 
 
 
 
 
 
 
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PORTUGUÊS JURÍDICO 
CARLOS ANDRÉ 
4 
 − Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ela não acaba 
nunca. 
 Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode 
ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o 
chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse 
você não perderá. 
 Eu estava envergonhada diante da bondade de minha 
irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle 
caíra da boca por acaso. 
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim. 
 
06 de junho de 1970 
 
(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo – crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, 
p.289-91) 
 
7. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já 
perdi vários. (10º parágrafo) 
 
No trecho acima, retirado de uma das falas da irmã da autora, o 
segmento grifado poderia ser substituído corretamente por: 
 
(A) A exceção que 
(B) Antes que 
(C) A não ser que 
(D) Assim que 
(E) Ainda que 
 
Atenção: Para responder à questão de número 8, considere 
o texto abaixo. 
 
A morte e a morte do poeta 
 
 Ao ler o seu necrológio no jornal outro dia, o pianista 
Marcos Resende primeiro tratou de verificar que estava vivo, bem 
vivo. Em seguida gravou uma mensagem na sua secretária ele-
trônica: “Hoje é 27 e eu não morri. Não posso atender porque 
estou na outra linha dando a mesma explicação”. Quando li esta 
nota, me lembrei de como tudo neste mundo caminha cada vez 
mais depressa. Em 1862, chegou aqui a notícia da morte de 
Gonçalves Dias. 
 O poeta estava a bordo do Grand Condé havia cinquen-
ta e cinco dias. O brigue chegou a Marselha com um morto a 
bordo. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação 
da quarentena. Gonçalves Dias tinha ido se tratar na Europa e 
logo se concluiu que era ele o morto. A notícia chegou ao Institu-
to Histórico durante uma sessão presidida por d. Pedro II. Sus-
pensa a sessão, começaram as homenagens ao que era tido e 
havido como o maior poeta do Brasil. 
 Suspeitar que podia ser mentira? Impossível. O impe-
rador, em pleno Instituto Histórico, só podia ser verdade. Ofícios 
fúnebres solenes foram celebrados na Corte e na província. Vinte 
e cinco nênias saíram publicadas de estalo. Joaquim Serra, Juve-
nal Galeno e Bernardo Guimarães debulharam lágrimas de esgui-
cho, quentes e sinceras. O grande poeta! O grande amigo! Que 
trágica perda! As comunicações se arrastavam a passo de cága-
do. Mal se começava a aliviar o luto fechado, dois meses depois 
chegou o desmentido: morreu, uma vírgula! Vivinho da silva. 
 A carta vinha escrita pela mão do próprio poeta: “É 
mentira! Não morri, nem morro, nem hei de morrer nunca mais!” 
Entre exclamações, citou Horácio: “Não morrerei de todo.” Toda-
via, morreu, claro. E morreu num naufrágio, vejam a coincidên-
cia. Em 1864, trancado na sua cabine do Ville de Boulogne, à 
vista da costa do Maranhão. Seu corpo não foi encontrado. Terá 
sido devorado pelos tubarões. Mas o poeta, este de fato não 
morreu. 
[...] 
(Adaptado de: RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. São Paulo: Cia 
das Letras, 2011, p.107-8) 
8. À falta de lazareto, o navio estava obrigado à caceteação da 
quarentena. (2o parágrafo) 
 
Mantendo-se o sentido e a coesão da frase, o segmento grifado 
acima pode ser corretamente substituído por: 
 
(A) De sorte que faltava o lazareto 
(B) Embora faltasse o lazareto 
(C) Uma vez que faltava o lazareto 
(D) À medida que faltasse o lazareto 
(E) Conquanto faltava o lazareto 
Atenção: Para responder à questão de número 9, considere 
o texto abaixo. 
 
[Do espírito das leis] 
 Falta muito para que o mundo inteligente seja tão bem 
governado quanto o mundo físico, pois ainda que o mundo inteli-
gente possua também leis que por sua natureza são invariáveis, 
não as segue constantemente como o mundo físico segue as 
suas. A razão disso reside no fato de estarem os seres particula-
res inteligentes limitados por sua natureza e, consequentemente, 
sujeitos a erro; e, por outro lado, é próprio de sua natureza 
agirem por si mesmos. (...) 
 O homem, como ser físico, tal como os outros corpos 
da natureza, é governado por leis invariáveis. Como ser inteligen-
te, viola incessantemente as leis que Deus estabeleceu e modifica 
as que ele próprio estabeleceu. Tal ser poderia, a todo instante, 
esquecer seu criador − Deus, pelas leis da religião, chamou-o a 
si; um tal ser poderia, a todo instante, esquecer-se de si mesmo 
− os filósofos advertiram-no pelas leis da moral. 
 (Montesquieu − Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 33 e 34) 
 
9. De acordo com a lógica do texto, as afirmações O homem 
esquece seu criador e Deus chama-o para si estão clara e corre-
tamente articuladas na seguinte frase: 
 
(A) Ainda quando se esqueça de seu criador, o homem busca seu 
chamado. 
(B) Embora Deus o chame para si, o homem esquece seu criador. 
(C) Não obstante o homem possa esquecer seu criador, este o 
chama para si. 
(D) Deus chama o homem para si, conquanto ele não deixe de 
esquecê-lo. 
(E) Mesmo que viesse a esquecê-lo, o chamado de Deus seria 
ouvido pelo homem. 
 
Atenção: Para responder à questão de número 10, consi-
dere o texto abaixo. 
 
 Por volta de 1968, impressionado com a quantidade de 
bois que Guimarães Rosa conduzia do pasto ao sonho, julguei 
que o bom mineiro não ficaria chateado comigo se usasse um 
deles num poema cabuloso que estava precisando de um boi, só 
um boi. 
 Mas por que diabos um poema panfletário de um cara 
de vinte anos de idade, que morava num bairro inteiramente 
urbanizado, iria precisar de um boi? Não podia então ter pensado 
naqueles bois que puxavam as grandes carroças de lixo que 
chegara a ver em sua infância? O fato é que na época eu estava 
lendo toda a obra publicada de Guimarães Rosa, e isso influiu 
direto na minha escolha. Tudo bem, mas onde o boi ia entrar no 
poema? Digo mal; um bom poeta é de fato capaz de colocar o 
que bem entenda dentro dos seus versos. Mas você disse que era 
um poema panfletário; o que é que um boi pode fazer num poe-
ma panfletário? 
 Vamos, confesse. Confesso. Eu queria um boi perdido 
no asfalto; sei que era exatamente isso o que eu queria; queria 
que a minha namorada visse que eu seria capaz de pegar um boi 
de Guimarães Rosa e desfilar sua solidão bovina num mundo 
completamente estranho para ele, sangrando a língua sem en-
contrar senão o chão duro e escaldante, perplexo diante dos 
homens de cabeça baixa, desviando-se dos bêbados e dos carros, 
sem saber muito bem onde ele entrava nessa história toda de 
opressores e oprimidos; no fundo, dentro do meu egoísmo liber-
tador, eu queria um boi poemaconcreto no asfalto, para que 
minha impotência diante dos donos do poder se configurasse no 
berro imenso desse boi de literatura, e o meu coração, ou minha 
índole, ficasse para sempre marcado por esse poderoso símbolo 
de resistência. 
 Fez muito sucesso, entre os colegas, o meu boi no 
asfalto; sei até onde está o velho caderno com o velho poema. 
Mas não vou pegá-lo − o poema já foi reescrito várias vezes em 
outros poemas; e o meu boi no asfalto ainda me enche de luz, 
transformado em minha própria estrela. 
(Adaptado de: GUERRA, Luiz, "Boi no Asfalto", Disponível em: 
www.recantodasletras.com.br. Acessado em: 29/10/2015) 
 
10. Alterando-se as orações justapostas no segmento Digo mal; 
um bom poeta é de fato capaz de colocar o que bem entenda... 
(2º parágrafo), de modo que se obtenha uma subordinação que 
 
 
 
 
 
 
 
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PORTUGUÊS JURÍDICO 
CARLOS ANDRÉ 
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mantenha, em linhas gerais, o sentido original, deve-se usar a 
conjunção 
 
(A) ainda que. 
(B) porque. 
(C) caso. 
(D) contanto que. 
(E) a fim de que. 
 
11. Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a 
história pessoal se impõe às percepções conjunturais e o relato 
na primeira pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito, 
sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. Fecha pa-
rêntese. 
 
Sem que haja prejuízo do sentido e correção originais, a conjun-
ção acima destacada pode ser substituída por: 
 
(A) contudo. 
(B) apesar de. 
(C) quando. 
(D) porque. 
(E) já que. 
 
 
12. Michelangelo fugiu de Roma ao ser comunicado que, antes de 
produzir as estátuas da futura tumba do papa Júlio II, deveria 
pintar o teto da Capela Sistina. Só a muito custo foi convencido a 
se aventurar na pintura, meio que julgava não dominar tão bem 
quanto a escultura. ...... , ao ser tirado da zona de conforto, o 
artista criaria sua obra máxima. 
Mantendo-se as relações de sentido e a correção gramatical, 
preenche corretamente a lacuna acima o que se encontra em: 
(A) Porquanto 
(B) Embora 
(C) Contudo 
(D) Uma vez que 
(E) Conquanto 
 
 
 
GABARITO 
 
01. C 
02. A 
03. D 
04. D 
05. A 
06. A 
07. C 
08. C 
09. C 
10. B 
11. B 
12. C

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