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15 anos de politica economica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
Resenha: 15 Anos de Política Econômica 
Referência: LESSA, Carlos. Quinze Anos de Política Econômica. Revista Brasiliense, 1983.
Taynara Cristina Alves da Cunha 
O livro alvo desta resenha, 15 anos de política econômica, foi escrito por Carlos Lessa e tinha como objetivo analisar o período brasileiro que consolidava o processo de industrialização do Plano de Metas do governo Juscelino Kubitscheck, época compreendida entre a segunda guerra mundial e as vésperas do golpe militar de 1964. Além disso, o livro enfatiza que buscou ser um relatório técnico sobre a economia brasileira, pedido feito pela CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina, e o ILPES, Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica e Social. 
O autor descreve o Plano de Metas criado no governo de Kubitscheck, no qual é composto por 30 metas distribuídas por setores com um objetivo central: o investimento. Dessa forma, a distribuição dos setores eram: cinco setores para energia, sete para os transportes, seis para a alimentação, onde setores para a indústria de base, um setor apenas para a educação. Além disso, buscavam também a construção da nova capital brasileira, que viria a se chamar Brasília mais tarde. 
O planejado Plano de Metas buscava fomentar o desenvolvimentismo do Brasil, podendo ser definido como um projeto do capitalismo nacional, de forma que o país passou a controlar o petróleo, retirando os meios Keynesianos de controle da economia. Tudo isso após duas administrações frustradas do governo Getúlio Vargas. 
A economia política determinada pela CEPAL possuía uma visão e uma interpretação do sistema brasileiro como sendo uma resposta a interação das condições internas e externas da economia. 
Dessa forma, essa dialética interna e externa era também uma proposta formulada a partir de uma reflexão que tinha como referência o Sul do Brasil, retirada pela CEPAL por estudos fundamentados no caso argentino e chileno de referência. 
	A busca pelo desenvolvimento fez com o que fosse criado o BNDES, banco que buscava alocar os recursos necessários para o país crescer e se desenvolver, implantou o complexo metal-mecânico, rompeu com o Fundo Monetário Internacional (FMI), além de conviver com uma inflação como mecanismo de financiamento eficiente. 
Dessa forma, o autor buscou demonstrar o desenvolvimento econômico como fruto de descontinuidades geradas pela ação demiúrgica do estado nacional, pois entendia que as deficiências do mercado não seriam corrigidas através do plano de governo no qual desenvolveu, mas na ação deliberada do estado. 
Foi no final do ano de 1956, o governo de JK desenvolveu o Plano de Metas priorizando a construção dos estágios superiores da pirâmide industrial verticalmente integrada, o capital social básico de apoio a esta estrutura. Deu continuidade também ao processo de substituição de importações que se vinha desenrolando aos dois decênios anteriores. 
O plano ferroviário não foi, entretanto, cumprido devido aos problemas de financiamentos, não obtendo recursos suficientes para a aquisição de vagões. No entanto, o setor rodoviário obteve um significativo crescimento, tanto em extensão como em qualidade, além de conseguir a pavimentação de rodovias federais em larga escala. 
O setor de bens intermediários, por sua vez, englobava metas que buscavam tanto a expansão desse tipo de atividades já existentes no país, com também visavam a instalação de novos e importantes segmentos para que fosse possível a integração do parque industrial com destaque do setor siderúrgico e a indústria de cimento. 
A indústria siderúrgica foi fomentada com a construção da Usina de Volta Redonda, o que aumentou a capacidade produtora desse setor. No ano de de 1955, essa capacidade era de 1.200.000 toneladas de aço bruto em lingotes, suprindo aproximadamente 80% do mercado nacional. O plano visava uma expansão para cerca de 2.300.000 toneladas, com iniciação de obras para alcançar cerca de 3.500.00 toneladas até 1965. Apesar do crescimento exorbitante, o objetivo não era a autossuficiência, mas a garantia de que o suprimento seria necessário para fazer frente ao crescimento da economia, sem onerar o balanço de pagamentos. 
A indústria de cimento era responsável por produzir, aproximadamente, 2,7 milhões de toneladas no ano de 1955. O Plano de Metas visava a expansão da capacidade produtiva para cerca de 5 milhões de toneladas até o ano de 1960, objetivando a independência total do suprimento externo, e não apenas a face ao crescimento da demanda. 
Em outro ponto, Lessa busca explicar as metas do setor de bens intermediários. Elas englobavam tanto a expansão das atividades que já eram desenvolvidas no Brasil, como também a instalação de novos e importantes segmentos para a integração do parque de indústrias como destaque para o setor siderúrgico e a indústria de cimento. 
Havia no plano o objetivo de alcançar melhores resultados em outros setores como os de metais não ferrosos, álcalis, celulose e papel de imprensa, borracha e fertilizantes. No entanto, havia o problema da falta de conhecimento sobre o subsolo brasileiro o que impedia a quantificação de metas a serem atingidas, sendo impossível prescindir-se do comércio externo. 
No livro 15 anos de Política Econômica, o autor não afirma que o baixo crescimento da demanda por produtos industriais resulte na tendência a estagnação. Mas ele afirma que nesta fase, descrita pelo livro, foi tarefa do Estado determinar o nível dos investimentos, atribuindo a desaceleração ao deslocamento da prioridade da política econômica para o controle da inflação. 
Lessa foi capaz de escrever e analisar um período clássico da história da economia brasileira, sobre um período que também foi um clássico. Foi a consolidação do processo desenvolvimentista brasileiro, com foco na industrialização do país. A partir do Plano de Metas, Juscelino conseguiu alcançar as metas antes sonhadas por Vargas. Foi capaz de integrar a economia brasileira de modo a movimentar a internacionalização do capitalismo no país. 
Desse modo, o Plano de Metas foi bem-sucedido, esgotando o modelo de substituição de importações no país. O padrão anterior de acumulação, que era dado pelo café, foi transferido definitivamente para a indústria nacional, o PIB cresceu a 7 por cento em média no período, e a renda per capita dobrou com relação à década anterior. Tudo isso em tempo recorde de 5 anos. 
Não obstante o crescimento econômico, o processo inflacionário incomodou bastante a população brasileira na gestão JK. O alto nível de preços corroeu grande parte dos ganhos salariais dos trabalhadores. De um lado é bastante compreensível. Quando um governo realiza investimentos, que somente se concretizam em longo prazo, coloca grande quantidade de dinheiro em circulação e provoca elevação dos preços acionados pela demanda. Ao construir uma usina hidrelétrica, por exemplo, antes da produção de kws, tem de pagar salários e matérias-primas por vários anos, fornecendo demasiada liquidez à economia. 
JK precaveu-se quanto à inflação de custos ao estabelecer taxa diferenciada de câmbio para os bens de capital importados, mas padeceu da inflação de demanda, em função da grande quantidade de dinheiro em circulação.
Os resultados do Programa de Metas foram impressionantes, sobretudo no setor industrial. Entre1955 e 1961, o valor da produção industrial, sem a inflação, cresceu cerca de 80%, com altas porcentagens nas indústrias de aço, mecânicas, de eletricidade e comunicações, além de material de transporte. 
O PIB cresceu a uma taxa de 7%, sendo uma taxa per capita, de 4%, sendo equivalente a três vezes mais ao PIB da América Latina. 
Os cincos anos do governo de Juscelino foi um período de otimismo associado a grandes realizações, cujo maior exemplo é a construção de Brasília. 
Nesse tempo, ocorreu uma estatização formal da economia, existindo um Estado que é importante produtor nos setores estratégicos da economia e controlador das faixas de decisão privadas.

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