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Aula 5 - PLANTAS MEDICINAIS E SEUS PRINCÍPIOS ATIVOS

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AS PLANTAS MEDICINAIS E SEUS PRINCÍPIOS ATIVOS
Eng. Agr. Dra. Maria Cláudia Silva Garcia Blanco
As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes, da água e da luz que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações no organismos, são os princípios ativos. 
As plantas medicinais são aquelas que vêm sendo usadas, no decorrer da história, para prevenir e curar dores e males que afetam a saúde e o bem-estar. Produzem substâncias químicas capazes de agir no nosso organismo proporcionando saúde, alívio de sintomas e cura de diversas doenças. Essas substâncias são denominadas princípios ativos ou substâncias bioativas. 
Algumas dessas substâncias podem ou não ser tóxicas, dependendo da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, “Planta Medicinal é aquele que contém um ou mais de um princípio ativo, conferindo-lhe atividade terapêutica”.
Na combinação de plantas medicinais para preparados fitoterápicos, deve-se observar a sua composição química, de modo que atuem sinergicamente. É ainda importante lembrar que a dose é fundamental em alguns casos, pois, conforme apresentado, muitas substâncias podem inverter o efeito ou mesmo serem tóxicos se a dose for aumentada. 
Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória, no entanto, deve-se atentar para que ela não possua efeitos tóxicos agudos ou crônicos já verificados pela pesquisa. Na fitoterapia, a planta é utilizada integralmente ou as suas preparações, isto é, com todos os seus constituintes químicos, conferindo atividade terapêutica um pouco diferente daquela apresentada pelos princípios ativos isolados, pois pode haver sinergismos que favoreçam a atividade farmacológica da planta. São os chamados fitocomplexos. 
Existem muitos princípios ativos conhecidos e classificados, mas, uma vez que a biodiversidade das plantas ainda tem muito a ser estudada, acredita-se que novos princípios ativos serão descobertos e descritos conforme o avanço da ciência. Comentamos, a seguir, sobre os principais grupos destas substâncias produzidas pelas plantas medicinais. 
ÁCIDOS URÔNICOS (GOMAS E MUCILAGENS)
As gomas são constituídas de polissacarídeos e ácido urônico. Formam soluções adesivas quando são colocadas em água quente. As soluções aquosas são neutras ou ligeiramente ácidas e possuem propriedades emulsionantes e estabilizantes. 
As mucilagens são semelhantes às gomas do ponto de vista químico, mas com água formam uma solução coloidal viscosa e não adesiva. Possuem ação anti-inflamatória da mucosa, pois formam uma camada protetora, diminuindo as irritações locais. Em contato com a água aumentam de volume, manifestando um efeito laxativo. As mucilagens não devem sofrer ebulição prolongada, pois o calor diminui a atividade biológica. Exemplos de plantas produtoras de ácidos urônicos: tanchagem (Plantago sp), babosa (Aloe sp), folha-da-fortuna (Bryophyllum pinnatum).
 A tanchagem é uma planta medicinal contemplada em várias farmacopeias, inclusive a brasileira, onde a Plantago major é indicada como auxiliar no tratamento sintomático de irritações orais e da faringite associada à tosse seca, sendo bastante recomendada pelos dentistas e conhecida como planta protetora das mucosas, devido às propriedades emoliente e anti-inflamatória de sua mucilagem. 
É considerada uma planta alimentícia não convencional (PANC), sendo cultivada e consumida como hortaliça em diversas regiões do Brasil no preparo de refogados, sopas e saladas. 
A folha-da-fortuna é usada na medicina popular como cicatrizante e contra acidez estomacal e gastrite. É considerada uma PANC. 
O suco verde feito com suas folhas batidas com sucos de frutas ou com legumes, verduras e/ou frutas é recomendado por ser nutritivo e funcional, por causa dos princípios ativos disponíveis. Também é uma planta bastante ornamental em virtude do formato de suas folhas e da beleza das inflorescências.
TANINOS
A espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) é uma planta nativa da Mata Atlântica do Brasil e uma das primeiras plantas estudadas pela Central de Medicamentos na década de 1990, obtendo-se, nos estudos clínicos, excelentes resultados contra gastrite e na cicatrização de úlcera gástrica. Faz parte da Farmacopeia Brasileira e é uma das principais plantas recomendadas pela Fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), pois é segura, eficaz e usada na forma de chá. 
GLICOSÍDEOS
São substâncias compostas por uma fração de açúcar e outra não açúcar, denominada genina. De acordo com a estrutura da genina, os glicosídeos são classificados em cardiotônicos, antraquinônicos, sulfurados, salicílicos, flavonoides, cianogenéticos e cumarínicos. Com amplo espectro de ação terapêutica e em alguns casos, podendo ser tóxicos para o organismo do homem, exigem maior cuidado ao serem utilizados. Exemplos de plantas produtoras: babosa (Aloe sp), guaco (Mikania glomerata, M. laevigata), calêndula (Calendula officinalis), soja (Glicine max) e uva. 
A calêndula possui flavonoides, carotenoides (substâncias bioativas antioxidantes que conferem a pigmentação do amarelo ao vermelho), óleo essencial, mucilagens, saponinas e resinas. Indicada contra vários males, na Farmacopeia Brasileira é recomendada como auxiliar no tratamento de inflamações da mucosa oral e orofaringe e nas inflamações leves da pele, como queimaduras de sol e assaduras.
Os flavonoides atuam como antioxidantes, anti-inflamatórios, antitumorais, entre outras ações terapêuticas e podem estar associados a pigmentos. As antocianinas são flavonoides que conferem a coloração azul, roxa ou violeta para frutas e flores, como a uva, amora e a berinjela e atuam principalmente como antioxidantes. A isoflavona da soja é um outro exemplo de flavonoide e possui ação hormonal. 
SAPONINAS
Substâncias que, quando agitadas com água, fazem espuma persistente e que não se desfaz rapidamente. Suas principais ações terapêuticas são: expectorante, diaforética, depurativa e especialmente aceleradora da absorção pelo organismo de outro princípio ativo associado a ela. Exemplos de plantas produtoras de alcaloides: salsaparrilha (Smilax sp); ginseng brasileiro ou fáfia (Pfaffia glomerata e P. paniculata). As raízes de salsaparrilha possuem propriedades depurativas do sangue e são usadas como remédio caseiro contra reumatismo, gota e artrite. Estudos indicam que a salsaparrilha atua evitando problemas de pele, como acne e psoríase. A fáfia é conhecida também como ginseng-brasileiro porque é planta nativa do Brasil e possui ações terapêuticas semelhantes ao ginseng oriental. Suas raízes são usadas na medicina popular como tônica do organismo atuando contra estresse, cansaço físico e mental e como afrodisíaca. Pessoas hipertensas devem usar com supervisão médica. 
ALCALOIDES
Geralmente, toda planta que contém alcaloide é amarga. Os alcaloides são compostos orgânicos nitrogenados que muitas vezes apresentam ação terapêutica pronunciada que pode estar associada a uma elevada toxicidade, sendo que vários alcaloides atuam no sistema nervoso central. Por isso, as plantas que contêm alcaloides com potencial tóxico devem ser usadas sob controle médico. Exemplos de plantas produtoras: jaborandi (Pilocarpus microphyllus); café (Coffea sp); trombeteira (Datura stramonium). O jaborandi é uma planta nativa do Brasil que produz a pilocarpina, alcaloide importante para a indústria farmacêutica na fabricação de colírio contra glaucoma. Quase foi extinta, pois sofreu um extrativismo desenfreado antes do estabelecimento de seu manejo sustentável ou cultivo. A pilocarpina ainda não é totalmente sintetizada em laboratório e, portanto, só é obtida sendo extraída diretamente da planta. 6. ÓLEOS ESSENCIAIS São misturas de substâncias orgânicas muito voláteis, de consistência semelhante ao óleo. São insolúveis em água e solúveis em álcool. As plantas que os produzem são denominadas aromáticas. São extraídos das plantas, principalmente pelo processo de destilação por arraste de vapor ou por hidrodestilação. A maioriados óleos essenciais (OE) possui aroma agradável, o que faz com que muitas plantas aromáticas sejam utilizadas como temperos, na aromatização de ambientes e na fabricação de perfumes. Suas propriedades terapêuticas são muito variadas e dentre elas temos as ações: antisséptica, antiparasitária, expectorante, diurética, depurativa, antiespasmódica, emenagoga, antiviral, carminativa, estomáquica, analgésica, antirreumática e anti-inflamatória. A aromaterapia é um tipo de terapêutica que utiliza estes óleos essenciais de várias formas como para inalação, massagem etc. Exemplos de plantas aromáticas: capim-cidreira – Cymbopogon citratus (citral), hortelã – Mentha piperita (mentol), erva-baleeira – Varronia curassavica (α-humuleno), alecrim – Salvia rosmarinus (cânfora, 1,8 cineol), tomilho – Thymus vulgare (timol), alfazema – Lavandula angustifolia (linalol e acetato de linalila). O alecrim é uma planta multifuncional, presente na cultura de diversas populações; é usado em rituais como benzimentos e purificações. Seu OE possui inúmeras propriedades importantes para as indústrias farmacêuticas, de alimentos e bebidas, de sanitizantes, higiene e limpeza, bem como para a perfumaria e cosmética. É usado na culinária, na fitoterapia e na aromaterapia. Dentre os benefícios medicinais, destacam-se as ações antioxidante, antimicrobiana, cardiotônica, estimulante da memória, estomáquica, antiespasmódica e contra males respiratórios. Na Farmacopeia Brasileira, é indicado contra problemas espasmódicos do trato gastrointestinal. 5 A erva-baleeira é planta nativa da Mata Atlântica e está na Farmacopeia Brasileira. A partir de seu OE foi desenvolvido o primeiro fitomedicamento totalmente brasileiro numa parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o laboratório nacional Aché. Seu OE é anti-inflamatório e formulações como chá das folhas, pomadas e unguentos são usadas externamente no tratamento de processos inflamatórios, em contusões e entorces. 7. COMPONENTES MINERAIS Os minerais são indispensáveis aos processos vitais do organismo humano, atuam na atividade enzimática, fazem parte de tecidos e outros componentes do corpo humano, como o cálcio, fundamental para a formação de ossos e dentes, o fósforo, essencial para o sistema nervoso, e o ferro, cuja ausência no sangue provoca anemia. Exemplos de plantas ricas em minerais: ora-pro- -nóbis (Pereskia aculeata), dente-de-leão (Taraxacum officinale), bertalha (Basella alba). O dente-de-leão é uma planta da medicina tradicional usada na fitoterapia de diversos povos. Também é uma PANC, consumida como remineralizante. Na fitoterapia, suas raízes e folhas são usadas contra distúrbios digestivos e como diurético, as raízes para afecções de pele e suas flores para inapetência. Na culinária, as folhas jovens são usadas em refogados, omeletes, sopas, pães etc. Na Farmacopeia Brasileira, é indicado como auxiliar no alívio de sintomas dispépticos, tais como sensação de plenitude, flatulência e digestão lenta e auxiliar no aumento do fluxo urinário. A bertalha também conhecida como espinafre tropical e espinafre-da-índia é planta alimentícia não convencional (PANC) muito apreciada pelo sabor suave e textura tenra das folhas. Por causa da sua riqueza mineral (Ca, Fe, Zn, P, K, Mg) e presença de vitaminas A e C, são nutritivas e funcionais, podendo ser consumidas em omeletes, refogados, bolinhos e outras receitas substituindo o espinafre. As folhas novas podem ser consumidas cruas compondo saladas. Seus frutos possuem o pigmento betalaína (antioxidante) e podem ser consumidos in natura ou batidos em sucos. 6 8. VITAMINAS São substâncias não produzidas pelo organismo humano, porém essenciais para o crescimento e a manutenção da saúde, sendo que sua ausência provoca várias enfermidades. São fornecidas por plantas e alimentos, de preferência frescos e crus; quando houver necessidade de cozimento, deve ser feito no vapor, com pouca água. Exemplos: capuchinha (Tropaeolum majus); tanchagem (Plantago sp); acerola (Malpighia punicifolia). Planta medicinal e alimentícia não convencional, a capuchinha é rica em vitamina C e flavonoides presentes especialmente na pigmentação de suas flores. As folhas e flores possuem sabor picante que lembra o do agrião e são consumidas em saladas, patês, bolinhos e refogados. O fruto verde pode ser usado em conservas, sendo chamado de falsa-alcaparra. Prefira consumi-la crua para aproveitar melhor a vitamina C e utilize suas flores enfeitando e enriquecendo as saladas. Na fitoterapia, é indicada contra afecções pulmonares, como diurética, desinfetante das vias urinárias e para prevenção de queda de cabelo e fortalecimento do couro cabeludo. Os frutos da acerola, também conhecida como cereja- -das-antilhas, possuem elevado teor de vitamina C, podendo chegar a até 5.000 miligramas por 100 gramas de polpa (1 a 5g/100mL de suco puro). Teores que podem vir a ser 100 vezes superiores ao da laranja ou 10 vezes maiores do que os da goiaba e do caju. Por isso, é uma das plantas do Projeto Farmácia Viva do Ceará, idealizado pelo Prof. Dr. Francisco José de Abreu Matos. A vitamina C aumenta a resistência contra infecções e sua ação antioxidante retarda o envelhecimento. Um copo de suco de acerola, recentemente preparado, fornece a quantidade diária de vitamina C para manter o nível normal desta vitamina para um indivíduo adulto; por isso, deve ser consumido regularmente. 
LITERATURA CONSULTADA CORREA Jr.; MING, L. C.; SCHEFFER, M. C. Cultivo de plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Curitiba: Emater-Paraná. 1991. 162 p. MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas Medicinais; guia de seleção e emprego de plantas usadas em fitoterapia e no nordeste do Brasil, Fortaleza, ÍCONE, 1988. VOL II PANIZZA, S. Plantas que curam - cheiro de mato. São Paulo: IBRASA, 1997.

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